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BLOCOS DE COROAMENTO

Definição
Conforme a NBR 6118, item 22.7: “Blocos são estruturas de volume usadas para
transmitir às estacas e aos tubulões as cargas de fundação, podendo ser considerados
rígidos ou flexíveis por critério análogo ao definido para sapatas.

Os blocos sobre estacas podem ser para 1, 2, 3... e teoricamente para n estacas,
dependendo principalmente da capacidade da estaca e das características do solo.

Blocos sobre uma ou duas estacas são mais comuns em construções de pequeno
porte, como residências térreas e de dois pavimentos (sobrado), galpões, etc., onde a
carga vertical proveniente do pilar é geralmente de baixa intensidade.

Nos edifícios de vários pavimentos, como as cargas podem ser altas (ou muito altas), a
quantidade de estacas é geralmente superior a duas. Há também o caso de bloco
assente sobre um tubulão, quando o bloco atua como elemento de transição de carga
entre o pilar e o fuste do tubulão.

Mesmo a principio sendo dispensável, recomenda-se executar blocos de fundação


quando o pilar transmite carga a uma única fundação.

Os principais métodos de dimensionamento de blocos aplicados no Brasil são:

1) Método das Bielas (adotado)


2) Método do CEB-70

É possível também a utilização de blocos flexíveis, porém estes demandam uma


avaliação detalhada, inclusive dos esforços resultantes nas estacas.

Momentos fletores e esforços cortantes são mais corretamente obtidos através da


aplicação MEF (Método dos Elementos Finitos).

Algumas recomendações:

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Sempre que possível, é indicada a utilização de vigas baldrame, travando os blocos
nas duas direções, de modo a absorver cargas excêntricas e esforços horizontais,
mesmo que a concepção do projeto possa vir a dispensá-las, desta forma as estacas
receberão a mesma carga (sempre que possível).

O bloco deve ter altura suficiente para acomodas as ferragens de ancoragem (arranque
ou espera) da estaca (tração ou compressão) e do pilar. Atenção especial deve ser
dada a ancoragem da armadura principal.

Mesmo que não se considere a contribuição do bloco de coroamento na capacidade de


carga total do conjunto de estacas, recomenda-se compactar o fundo da cava dos
blocos, assim teremos um acréscimo de capacidade de carga, a ser contada somente
como uma segurança adicional, bem como retardar a velocidade para o caso de
desabamento da estrutura.

Recomenda-se não utilizar forma lateral sempre que o solo apresentar coesão
necessária para cortes estáveis (nem nos blocos, nem nas vigas baldrame). Esse
procedimento mobiliza de forma melhor o empuxo passivo da mesoestrutura no
combate de eventuais excentricidades.

Por esta razão é prudente que as vigas baldrame sejam dimensionadas de forma a
absorver momentos da ordem de:

M = P x e = P x (0,1 x F)

Em que:

M = Momento fletor gerado por uma excentricidade de 10% do diâmetro do fuste


F = Diâmetro do fuste
P = Carga do pilar

Método das Bielas

Pressupõe-se que no instante que procede a ruptura do bloco formam-se bielas de


compressão e tração, introduzindo o bloco a comportar-se como se fosse uma treliça
espacial.

As bielas de compressão (ver imagem abaixo) serão resistidas pelo concreto, e as


bielas de tração, serão resistidas pelo aço.

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Para que se forme uma treliça espacial, como veremos mais a frente, é preciso que a
altura do bloco seja no mínimo:

h = (e / 2) + 10cm

Veremos adiante com mais detalhes

Bloco sobre uma estaca

A priori neste caso não é necessário nenhuma armação, na verdade nem o bloco seria
necessário, porém, existem alguns aspectos que precisam ser avaliados:

1) Quase sempre ocorrem excentricidades por erros de locação por exemplo.

2) Uma carga concentrada axial, simétrica em relação ao eixo da peça, tem as tensões
distribuídas em uma zona de transição, de comprimento 1 a 1,1A, onde a partir desta
seção as tensões se distribuem de maneira uniforme (ver Leonhard e Monnig, 1982:
vol.3 – cap. 15, vol.2 – cap. 3)

Obs: Quando o pilar é maior do que a fundação, ocorrem tensões de tração na base do
pilar, daí a necessidade de armadura na face superior do bloco.

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Na prática para combater esses esforços utiliza-se uma gaiola de estribos horizontais e
verticais.

Quanto as dimensões do bloco:

A = F + 2 x 15 cm
d = h = 0,75 x (A - a)
d= h = 0,75 x (B - b)
A altura útil deve ainda garantir a ancoragem das barras longitudinais do pilar
H= h + 10cm
Em que:

A = maior dimensão do bloco A


B = menor dimensão do bloco B
F = diâmetro ou dimensão da estaca
d = h = altura útil
A = lado maior do bloco (cm)
a= maior dimensão do pilar
b = menor dimensão do pilar

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O cálculo da seção de aço (estribos horizontal) para combater o esforço de tração, é
calculado pelas seguintes equações:

Já o cálculo os estribos verticais é dado pela seguinte fórmula:

No caso de fundações em tubulão, face ao diâmetro dos fustes, pode-se suprimir os


blocos de coroamento, armando a cabeça dos tubulões como se fossem blocos,
melhorando (vibrando inclusive) concreto neste trecho.

A aplicação de tensões concentradas sobre um maciço de concreto gera tensões de


tração indireta, que precisa ser combatida com armadura transversal de tração
(estribos).

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Apesar disto, como em toda obra pode ocorrer excentricidades por erro de locação ou
mudança no centro de gravidade das cargas aplicadas, a experiência tem mostrado
que mesmo podendo suprimir os blocos sobre uma estaca ou tubulão, deve-se mantê-
los.

Aprendendo na prática

Dimensione e detalhe a armadura de um bloco sobre estaca tipo hélice contínua


monitorada com diâmetro de 50cm que deve suportar a carga vertical de 100tf de um
P12(50x20) que possuirá fck=25MPa e armadura longitudinal de 12,5mm. A estaca
será armada com barras de 16mm e o bloco utilizará aço CA-50.

Passo 01: Dimensões do bloco

A = B = 50 + 15 + 15 = 80cm

h = 0,75 (A - a) = 0,75 x (80 - 50) = 22,5cm


h = 0,75 (B - b) = 0,75 x (80 - 20) = 45cm
Ancoragem
Lb = (38 x 1,6) + 5 = 65,8cm = 70cm

Definindo h = 70cm

H = 70 + 10 = 80cm

Passo 02: Cálculo da armadura principal (estribos horizontais)

T = (100.000 / (4 x 70)) x (80 - 20)


T = 21.428,57 kgf

As = (1,61 x 21.428,57) / 5000


As = 6,90cm²

Como estribo de 2 ramos:

As= 6,90 / 2 = 3,45cm²

Adotando 10mm (0,785cm²)

n= 3,45 / 0,785 = 4,39 = 5

5 Ø 10mm

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Passo 05: Cálculo dos estribos verticais

Considerando um pilar armado teríamos:

A = (1,4 x 1,05 x 100.000) / ((0,85 x (250/1,4) + (0,008 x 4347,83))


A = 787,91cm²

Af = 0,008 x 787,91= 6,3cm²

Af por estribo = 6,3 / 2 = 3,15cm²


Af (2 ramos) = 3,15 / 2 = 1,575cm²

Adotando 8mm (0,5cm²)

n= 1,575 / 0,5 = 3,15 = 4

4 Ø 8mm

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Resolvendo o problema na prática

Para os projetos convencionais utilizando estacas com espaçamentos normais, o


projeto dos blocos de coroamento foi padronizado, evitando a repetição do cálculo e
detalhamento estrutural por parte do projetista que venha a utilizar essas estacas.

Apresenta-se a seguir, o detalhamento para bloco de 1 estaca.

Para o dimensionamento destes blocos foi utilizado o método das bielas,


complementando com as armaduras mínimas transversais, laterais e superiores
recomendadas pela NBR 6118.

O dimensionamento a seguir pode ser utilizado, quando pilares e blocos solicitados


apenas a esforço normal de compressão para as seguintes estacas:

1) Pré-moldadas
2) Franki
3) Strauss
4) Raiz

Salienta-se o seguinte:

1) Fck = 20MPa
2) Aço CA-50
3) Mínima dimensão do pilar: 20cm
4) Projeção da base do pilar contida nos limites do bloco
5) C.G no centro do bloco
6) Cobrimento das armaduras: 5cm

Catálogo retirado de SCAC (2018).

Verificar detalhamento na página seguinte.

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Bloco sobre duas estacas

O dimensionamento pelo método das bielas preconiza a formação de uma treliça


espacial de concreto que garante a distribuição de cargas nas estacas de forma
praticamente igual.

Opcionalmente pode-se optar por calcular os blocos mais flexíveis como vigas, cujas
alturas são menores do que aquelas dos blocos/bielas.

Para que o bloco funcione como uma treliça, é preciso que:

h≥e/2

ou então segundo Blèvot:

45º ≤ α ≤ 60º

ou ainda segundo Montoya (1973):

α = 53º

Em que:

Sendo:

α (º) = Ângulo formado entre a biela e a horizontal


a (cm) = Lado do pilar paralelo ao espaçamento (e) entre as estacas
e (cm) = Distância de eixo a eixo das estacas. Para estacas cravadas (Pré-moldada,
Franki, etc.) 2,5 x F, para estacas escavadas 3 x F, em que F é o diâmetro da estaca.

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Portanto, inicialmente define-se (h) com o valor tradicional de:

h≥e/2

E então verifica-se se este valor de (h) causa ou não o esmagamento da biela


comprimida. Caso sim, deve-se aumentar a altura (h) do bloco.

Isso sempre que for possível executar blocos altos.

Cálculo da armadura:

T =(P / (8 x h)) / ((2 x e) - a)

As = (1,61 x T) / fyk

Geometria do bloco:

Por questões construtivas é recomendável que o bloco seja 15cm maior do que o
perímetro do estaqueamento. As estacas devem ser embutidas pelo menos 10cm
dentro do bloco.

H = h + 10cm
A = e + F + (2 x 15)cm
B = F + (2 x 15)cm

Verificação da biela comprimida nos pontos críticos I e II:

Ponto crítico:
I = Interface com o pilar
II = Interface com a estaca

Para evitar o esmagamento das bielas comprimidas é necessário que a tensão máxima
a compressão reinante nas bielas C/Abp, na interface com o pilar e C/Abe com a
estaca, sejam menores do que a resistência do concreto.

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Aprendendo na prática

Projetar pelo método das bielas o bloco sobre duas estacas escavadas do tipo Strauss
42cm, suportando 70t, através de um pilar de 40cm de lado.

Dados:

P = 70t
Fck = 200 kgf/cm³
Fyk = 5.000 kgf/cm²
F = 42cm
e = 3 x F = 126cm
a = b = 40cm

Passo 01: Geometria do bloco

A = 126 + 42 + 30 = 198 = 200 cm


B = 42 +30 = 72 = 75cm
e = 3 x 42 = 126cm
h = e / 2 = 63 = 65 cm

PS: Deve-se sempre levar em conta na definição da altura do bloco a ancoragem das
barras do pilar, assim como é feito nas sapatas.

Passo 02: Verificação da biela de compressão

tangα = 65 / ((126 / 2) - (40 / 4)) = 50,81º

Abp = 40 x 40 = 1.600cm²

Abe = (3,14 x (42^2)) / 4 = 1.384,74cm²

fbp = (1,4 x 70.000) / (1.600 x (sen (50,81º)^2)) = 101,96 kgf/cm²

fbe = (1,4 x 70.000) / ((2 x 1384,74) x (sen(50,81º)^2)) = 58,91 kgf/cm²

< 0,85 x fck (OK!)

Passo 03: Cálculo da armação principal

T = ((1,05 x P) / (8 x h)) x ((2 x e) - a)

T = ((1,05 x 70.000) / (8 x 65)) x ((2 x 126) - 40) = 29.965,39kgf

F1 = As = (1,61 x 29.965,39) / 5000 = 9,65cm²

5 ϕ 16mm

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Passo 04: Cálculo das armaduras secundárias

Armação horizontal superior:

F2= 1/5 x F1 = 0,2 x 9,65 = 1,93 cm³

4 ϕ 8mm

Estribos horizontais:

F3 = 1/8 x As = 9,65 / 8 = 1,21 cm²


4 ϕ 6,3mm

Estribos verticais:
F4 = 8mm (adotado)

Espaçamento, se:
P≤ 80t, 12cm
P>80t, 10cm

Portanto:
ϕ 8mm c/ 12cm

Passo 05: Detalhamento


Conforme vídeo-aula

Bloco sobre duas estacas c/ momento fletor

No caso de bloco sobre duas estacas com momento fletor rotacionando em torno do
eixo perpendicular ao alinhamento das estacas, este será absorvido por um binário de
forças.

No caso de existir um momento fletor rotacionando ao redor do eixo paralelo ao


alinhamento das estacas, esse deve ser vencido por uma viga baldrame, em condições
normais de temperatura e pressão, como pode ser visto abaixo.

Caso contrário deve-se realizar o dimensionamento das estacas com base nessa carga
de momento atuante.

Aprendendo na prática
Verificar o esforço atuante na estaca mais carregada de um bloco com duas estacas,
sabendo que:
Nk, máx = 71,68tf
Nk, mín = 42,10tf
Mx = 45tf.cm (rotacionando em torno do eixo perpendicular ao alinhamento das
estacas)
My = 44ft.cm
e = 80cm (distância eixo a eixo entre estacas)

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Mx

Desta forma:

Re, máx = (1,02 x (Nk, máx / 2)) + Mx / e = (1,05 x (71,68/2)) + 44 / 80 = 38,18tf


Re, mín = (0,90 x (Nk, mín / 2)) - Mx / e = (0,90 x (42,10/2)) - 44 / 80 = 18,39tf

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Notas:

1) Realizado os cálculos percebe-se que não há esforço de tração nas estacas.

2) Percebe-se também um acréscimo de carga devido ao momento aplicado.

3) Deve-se dimensionar o bloco como feito anteriormente para um esforço de 38,18 x 2


= 76,36tf ao invés de 71,68tf, carga anterior a consideração do momento.

4) Um cuidado especial deve-se ter para o aumento de carga na estaca que agora
estará sujeita a uma compressão de 38,18tf e não mais 35,84tf.

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Bloco sobre 3 estacas

Segundo o método das bielas:

Altura do bloco:

Novamente define-se (h) com o valor tradicional de:

h≥e/2

E então verifica-se se este valor de (h) causa ou não o esmagamento da biela


comprimida. Caso sim, deve-se aumentar a altura (h) do bloco.

Verificação da biela comprimida:

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Aprendendo na prática

Projetar pelo método das bielas o bloco sobre três fustes de tubulão 70cm, suportando
435,29t, através de um pilar de 65cm de lado.

Dados:

P = 435,29t
Fck = 250 kgf/cm³
Fyk = 5.000 kgf/cm²
F = 70cm
e = 3 x F = 210cm
a = b = 65cm
Armadura pilar = 25mm
Na prática também deve-se considerar peso próprio do bloco e peso próprio do solo
acima do mesmo.

Passo 01: Geometria do bloco

e = 3 x 70= 210cm
h = e / 2 = 105 cm
Lb = 38 x 2,5 = 95cm (OK!)

Passo 02: Verificação da biela de compressão

tangα = h / ((0,577 x e) - (0,3 x a))


tangα = 105 / ((0,577 x 210) - (0,3 x 65)
tangα = 1,03
α = 45,92º

Abp = 65 x 65 = 4.225cm²
Abe = (3,14 x (70^2)) / 4 = 3.846,5cm²

fbp = (1,4 x 435.290) / (4.225 x (sen (45,92º)^2)) = 279,50 kgf/cm² (NÃO OK)
Realizando um colarinho no pilar de (70x70cm)
Abp = 70 x 70 = 4.900cm²
fbp = (1,4 x 435.290) / (4.900 x (sen (45,92º)^2)) = 241 kgf/cm² (OK!)

fbe = (1,4 x 435.290) / ((3 x 3.846,5) x (sen(45,92º)^2)) = 102,34 kgf/cm²


< (1,75 x fck) / 1,65 = 265,15 kgf/cm² (OK!)

Passo 03: Cálculo das armaduras

A armadura principal, paralela aos lados do bloco e sobre o fuste, será dada:

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Armadura principal:

As, princ = ((1,73 x 1,4 x 435.290) / 27 x 105 x (5000/1,15)) x ((1,73 x 210) - (0,9 x 70))
As = 25,75 cm²
9 ϕ 20mm

Armadura em malha (inferior nas direções x e y):

As, malha = 1/5 x As = 5,15cm³

Armadura de suspensão total:

As, sup, total = (1,4 x 435.290) / (4,5 x (5000 / 1,15)) = 31,15cm³


As, sup, por face = 31,15 / 3 = 10,38cm²

Verificação:

5,21 ≥ 10,38 (NÃO OK!)


Portanto:
As, malha = 10,38cm²
21 ϕ 8mm c/ lado

Armadura superior negativa:

As, sup, tot = 0,2 x (3 x 25,75) = 15,45cm²


Para cada lado da malha:
15,45 / 2 = 7,72cm²
16 ϕ 8mm c/ lado

Armadura pele:

As, pele = (1/8) x (3 x 25,75) = 9,66cm² / lado

13 ϕ 10mm c/ lado

Detalhamento:

Conforme vídeo-aula.

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Bloco sobre 4 estacas

Ângulo de Inclinação da biela: (θ entre 45º e 60º)

Obs: (am) é a menor dimensão do pilar

Resultante de compressão na biela e força de tração na armadura principal

Verificação das tensões de compressão atuantes na biela

Junto ao pilar:

Junto a estaca:

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Onde as tensões de tração devem estar limitadas a:

Cálculo das armaduras:

A área da armadura principal de tração, segundo as direções das bielas (ou diagonais
do quadrado formado pelas estacas) é calculada por:

Entretanto, as armaduras podem estar dispostas na direção dos lados do quadrado


definido pelas estacas e segundo uma malha, conforme pode se verificado na imagem
abaixo.

Apesar de possível, não recomenda-se a utilização de armadura em malha.


Comprovações experimentais indicam que a eficiência do arranjo em malha é de cerca
de 80% de eficiência dos outros dois arranjos. Em outras palavras, deve-se majorar as
armaduras calculadas em 1 / 0,8 =1,25, desta forma, não se recomenda.

Para as armaduras dispostas segundo os lados dos quadrados formados pelas estacas
deve-se decompor a resultante T, conforme abaixo.

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Bloco sobre 5 estacas

A princípio, nos blocos sobre 5 estacas, é possível as estacas estarem dispostas em


planta de forma que seus eixos formassem um pentágono (cinco lados).

Entretanto, existem outras disposições de estaqueamento mais econômicas, com


menor área ocupada.

A forma mais prática e econômica é dispor 4 estacas na periferia - formando um


quadrado ou um retângulo - e mais uma estaca no centro.

Desta maneira, o dimensionamento é muito similar ao bloco de 4 estacas.

É importante ressaltar que este formato acima só é possível para blocos rígidos, de
forma que o carregamento as estacas seja distribuído de forma igual. Caso o bloco seja
flexível, e mantendo a geometria acima, a estaca central estaria muito mais carregada
do que as demais, prejudicando o dimensionamento como um todo.

Nota-se que a estaca posicionada no centro do bloco (sob o pilar) não modifica a
maneira de dimensionar as armaduras, sendo computada apenas no cálculo da reação
vertical em cada estaca e na respectiva biela.

O detalhamento das armaduras principais de tração é semelhante ao caso dos blocos


de 4 estacas, podendo-se dispor as armaduras segundo as diagonais, segundo os
lados e em malha.

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Aprendendo na prática

Calcular e detalhar o bloco sobre estacas para um pilar de seção retangular 25x40cm.

Dados de projeto:

Armadura longitudinal do pilar: 10 Ⲫ 12,5mm


Estacas moldadas no local de 32cm de diâmetro, com carga admissível de 250kN
Materiais: Concreto C20 e Aço CA-50
Armaduras principais de tração segundo os lados
Cobrimento: 5,0cm
Distância do eixo da armadura a face inferior do bloco: 7,0cm
Utilizar dimensões múltiplas de 10cm para as dimensões em planta (critério adotado)
Projetar o bloco como rígido (critério adotado)

Carregamento atuante no bloco conforme tabela abaixo:

Passo 01: Geometria do bloco

Inicialmente somaremos as cargas atuantes e iremos majorar a carga vertical em 5%


devido ao peso próprio do solo e peso próprio do bloco.

Nk = 1,05 x (700 + 175) = 918,75 = 91,875tf

A partir da carga calculada iremos estimar o número de estacas, sem levar em conta o
momento fletor.

Nº estacas = 91,875 / 25,0 = 3,675 = 4 estacas

Deve-se definir também a distância entre estacas:


Como estamos trabalhando com estacas escavadas.

e = L = 3 x 32 = 96cm

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Como ainda não vimos os esforços de momento, vamos adotar L= 120cm

Desta forma as dimensões do bloco serão:

A = B = 120 + 32 + 30 = 182cm = 190cm

Passo 02: Cálculo da reação nas estacas mais solicitadas

Analisando a tabela de esforços nominais do pilar junto a fundação, pode-se perceber


que a situação mais crítica é para vento â 0º, com o momento My produzindo um
acréscimo de reação nas estacas 2 e 4. Tal acréscimo pode ser calculado, diretamente
a partir de:

Acrescimo = My / L = 40 / 1,2 = 33,33 kN = 3,33tf

Portanto para cada estaca = 3,33 / 2 = 1,665tf

Logo a reação nominal na estaca mais carregada é igual:

Rest = (91,88 / 4) + 1,665 = 24,635 tf < 25tf (carga admissível na estaca)

Verifica-se neste caso, a inexistência de esforço de tração nas estacas devido as


magnitudes das cargas de esforço axial e momento fletor. Em caso de dúvida deve-se
realizar a prova e se necessário dimensionar a estaca, tanto referente a parcela
geotécnica, quanto a estrutural.

Passo 03: Determinação da altura do bloco

Recomenda-se um ângulo de θ=55º quando na presença de momentos fletores.

Desta forma:

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tg 55º = h / (((120 x raiz(2))/2) - (25 x (raiz(2)/4)))

h= 108,55 = 110cm

O comprimento de ancoragem para barras longitudinais do pilar de 12,5mm é de:

Lb = 44 x 1,25 = 55cm (OK!)

Passo 04: Verificação das tensões de compressão nas bielas

Para realizar as próximas verificações deve-se realizar a majoração na carga da estaca


mais carregada.

Rest, d= 1,4 x 24,635 = 34,49tf

Tensão interface pilar-bloco:

σcpilar = 4 x 34.490 / ((25x40) x ((sen(55º))^2)) = 205,60 kgf/cm²

σcpilar, lim = 2,1 x (200 / 1,4) = 300 kgf/cm²

205,60 kgf/cm² < 285,71 kgf/cm² (OK!)

Tensão interface bloco-estaca:

σcest = 34.490 / ((3,14 x 32^2) / 4) x ((sen(55º))^2)) = 63,94 kgf/cm²

σcpilar, lim = 0,85 x (200 / 1,4) = 121,43 kgf/cm²

63,94 kgf/cm² < 121,43 kgf/cm² (OK!)

Passo 05: Cálculo da armadura principal

T = 34.940 / tg (55º) = 24.465,25 kgf

T' = 0,707 x 24.465,25 = 17.299,54 kgf

As = 17.299,54 / (5000 / 1,15) = 3,97 cm² (4 Ⲫ 12,5mm = 4,91cm²)

N1: 4 Ⲫ 12,5mm

Passo 06: Cálculo das armaduras secundárias

Armadura de pele:

As, lat = 0,10% x b x h

Em que:

b = Ⲫest + (2 x t)

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h = 110cm

Sendo:

Ⲫest = diâmetro da estaca (cm)


t = balanço livre = (190 - 120 -32) / 2 = 19cm

Asl = 0,001 x (32 + (2 x 19) x 110 = 7,7 cm² (7 Ⲫ 12,5mm = 8,59cm²)

Armadura de suspensão:

Asup = (Nk x 1,05 x 1,4) / ((1,5 x n) x fyd)


Asup = ((70.000 + 17.500) x 1,05 x 1,4) / ((1,5 x 4) x (5.000 / 1,15)
Asup = 4,93cm² (4 Ⲫ 12,5mm = 4,91cm²)

Armadura superior negativa (a critério do projetista):

As, sup, tot = 0,2 x (4 x 3,97) = 3,17cm²

Para cada lado da malha:


3,17 / 2 = 1,588cm²

Passo 07: Detalhamento

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Faça você mesmo

Refaça o dimensionamento dos blocos sobre 1, 2, 3, 4 e n estacas sem acompanhar a


resolução. Posteriormente confira os resultados com o Arsenal.

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