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Avelino& Inácio& Silva Filho

DIMENSIONAMENODE UMA
LONGARINA RETA EM CONCRETO 1

PROTENDIDO COM PÓS-TRAÇÃO


Enga Civil Jeyce Nielle Câmara AVELINO
Enga Civil Nayara Talassa Damasceno INÁCIO Engo

Civil José Neres da SILVA FILHO

DIMENSIONAMENTO DE UMA LONGARINA


RETA EM CONCRETO PROTENDIDO COM
PÓS-TRAÇÃO

Prefácio

2
Esse documento faz referência ao desenvolvimento de um dimensionamento de uma
longarina reta em concreto protendido com pós-tração pelas engenheiras Jeyce Nielle
Câmara e Nayara Talassa Damasceno, sob orientação do Professor Dr. José Neres da
Silva Filho, como parte das atividades da disciplina “Concreto Protendido”, do Curso
de Engenharia Civil da UFRN. Não se pretende aqui esgotar o assunto, mas sim dar
uma visão geral das tratativas normativas atuais e vigentes no sentido de incentivar aos
interessados buscar mais materiais complementares a fim de aperfeiçoar ainda mais os
conhecimentos melhorando o senso crítico sobre o tema.

Dr. José Neres da Silva Filho;

Natal, 20 de agosto de 2020.

NATAL/RN

2020

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................
3
2. OBJETIVOS....................................................................................................................

3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PONTE.................................................................

4. DADOS DE PROJETO...................................................................................................

5. LEVANTAMENTO DAS CARGAS E ESFORÇOS SOLICITANTES........................11

6. DIMENSIONAMENTO DA LONGARINA À FLEXÃO............................................13

6.1 Esforços solicitantes de cálculo...........................................................................13

6.2 Dimensionamento no ELU...................................................................................13

6.3 Traçado do cabo...................................................................................................21

6.4 Cálculo das perdas................................................................................................31

6.4.1 Perdas por atrito........................................................................................31

6.4.2 Perdas por acomodação da ancoragem.....................................................35

6.4.3 Perdas por retração do concreto................................................................39

6.4.4 Perdas por fluência do concreto................................................................41

6.4.5 Efeito conjunto da retração e fluência......................................................42

6.4.6 Perdas por relaxação do aço......................................................................43

6.4.7 Valor da força de protensão no tempo infinito..........................................44

6.5 Fuso-limite...........................................................................................................45

6.6 Verificação do pré-alongamento da armadura ativa.............................................52

7. VERIFICAÇÃO DO ELU NO ATO DA PROTENSÃO...............................................55

8. VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO........................................58

8.1 Verificação do ELS-F (CF)..................................................................................58

8.2 Verificação no ELS-D..........................................................................................61

9. DIMENSIONAMENTO À FORÇA CORTANTE........................................................63

9.1 Sem a consideração da contribuição da protensão...............................................64

9.2 Com a consideração da contribuição da protensão..............................................65


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9.3 Armadura de pele.................................................................................................68

10. VERIFICAÇÃO À FADIGA.......................................................................................69

11. CÁLCULO DA FLECHA............................................................................................76

12. ARMADURA DE FRETAGEM..................................................................................78

13. REFERÊNCIAS...........................................................................................................83

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1. INTRODUÇÃO

De modo simplificado, os elementos de concreto protendido são aqueles em que


se têm armaduras ativas (pré-alongadas por equipamentos especiais de protensão e
constituídas de aços de alta resistência) que submetidas a uma força de protensão fazem
surgir tensões de compressão no concreto, de modo que tensões de tração geradas pelo
carregamento só serão mobilizadas após a descompressão da seção.

Dessa maneira, é possível utilizar o aço com maior aproveitamento da


capacidade resistente do material, e maximizar a utilização da resistência à compressão
do concreto. O resultado é uma seção resistindo a cargas mais elevadas com menos
fissuras.

O desenvolvimento da protensão no que se refere aos estudos e práticas da


construção desse tipo de estrutura, cada vez mais comum em obras de médio e grande
porte, foi impulsionado pelas diversas vantagens que o efeito da aplicação de uma força
de protensão traz à peça quanto ao desempenho em serviço e segurança.

Dentre essas vantagens pode-se citar:

• o aumento da durabilidade das estruturas devido à ausência ou redução da


fissuração e consequentemente maior proteção das armaduras quanto a corrosão;
• a redução da tensão principal de tração devido à introdução da protensão;

• a redução dos deslocamentos (flechas), proporcionado pelo equilíbrio da força de


protensão com uma parcela do carregamento da estrutura; a possibilidade da
execução de estruturas mais leves e esbeltas, com vãos maiores;

• o melhor aproveitamento da resistência dos materiais concreto e aços de alta


resistência, disponíveis no mercado;

• e, a redução do valor da força cortante, dentre outras vantagens.

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2. OBJETIVOS

O presente documento trata-se de um memorial descritivo e de cálculo de parte


do dimensionamento de uma longarinas retas protendida, que tem como objetivos
específicos:

• Mostrar os critérios adotados para o dimensionamento de uma longarina


de uma ponte em viga reta protendida;
• Apresentar a metodologia de cálculo através de um passo a passo de
dimensionamento;
• Aplicar os preceitos das normas brasileiras NBR 6118, NBR 6123, NBR
7187, NBR 7188 e NBR 7480 no projeto de pontes protendidas.

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3. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PONTE

A estrutura proposta para elaboração deste projeto é um dos elementos estruturais


que compõe uma ponte reta sobre o rio São Pedro, que deve ser projetada com
longarinas protendidas num sistema de pós-tração aderente.

O traçado da ponte é em tangente e em nível. A ponte tem 11,6 m de largura, onde o


tabuleiro comporta duas faixas de tráfego de 3,6 m com dois acostamentos de 1,8 m
além de dois guarda-rodas com largura de 0,4 m. A laje possui a mesma largura de 11,6
m da ponte com espessura constante de 0,2 m, sendo constituída por 3 pré-lajes de 0,08
m de espessura e 2,6m de comprimento, apoiadas nas vigas com 10 cm de apoio em
cada viga.

As quatro longarinas são do tipo I pré-moldadas protendidas, onde os cabos têm a


sua geometria em forma de parábola e foram protendidos com pós-tração aderente. Foi
considerado um recobrimento asfáltico sobre o tabuleiro com espessura média de 0,08 m
e inclinação de 2%.

Para os cálculos presentes nesse trabalho, foram desconsideradas as cargas das alas,
transversinas extremas e lajes de transição.

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4. DADOS DE PROJETO

A figura 1 apresenta a seção transversal da ponte e os dados geométricos.

Figura 1 – Representação da seção transversal da ponte

Fonte: Autores (2021)

As características gerais do projeto estão listadas abaixo:

• Protensão Nível 2 (Protensão Limitada)



• Aço empregado CP-190.
• O dimensionamento será feito para as longarinas externas por serem, neste caso,
as mais carregadas.
• Para a análise do carregamento permanente, foi considerado que cada viga
recebe um percentual do carregamento total da superestrutura obtido por área de
influência.
• Foi considerado o carregamento formado pelo guarda rodas, laje e pelo
pavimento. O peso específico para os elementos de concreto foi de 25 kN/m³ e
para o pavimento de 24 kN/m³.
• A longarina da ponte de 25 metros, para efeitos de determinação dos esforços
solicitantes, foi dividida em 10 seções sendo mostrado apenas as 5 primeiras.

• A solicitação devido ao carregamento móvel longitudinal para o veículo TB-450


já foi calculada e tem seus valores característicos para as 5 primeiras seções
dados por:
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Figura 2- Solicitações do carregamento móvel (valores característicos)

Fonte: Autores (2021)

• Dados da seção da longarina:

Figura 3 - Seção transversal da longarina e dados geométricos

Fonte: Autores (2021)

5. LEVANTAMENTO DAS CARGAS E ESFORÇOS SOLICITANTES

O levantamento das cargas verticais permanentes foi realizado a partir da área de


influência da longarina externa, em que foram considerados os carregamentos devidos
ao tabuleiro, a pavimentação e a barreira Ney Jersey contidos numa área que vai da

10
extremidade da ponte ao ponto médio entre a longarina externa e a longarina
intermediária adjacente. A Tabela 1 apresenta estes carregamentos distribuídos
linearmente ao longo da viga. As áreas foram obtidas a partir do desenho da seção
transversal da ponte com auxílio do softawe AutoCAD.

Tabela 1 - Levantamento das cargas verticais permanentes


LONGARINA

Peso Próprio

Cargas uniformemente distribuídas na seção (kN/m)

Peso
Tipo Área (m²) específico Peso(kN/m)
(kN/m³)
Longarina 0,845 25 21,13
Permanentes

Tabuleiro 0,546 25 13,65


Barreira Ney Jersey 0,2211 25 5,53
Pavimentação 0,1199 24 + 2kN/m² 7,68
TOTAL 47,98
Fonte: Autores (2021)

Os esforços solicitantes, que atuam nas seções da longarina devido ao


carregamento permanente, foram obtidos utilizando o software Ftool. O modelo
estrutural foi uma viga biapoiada com carregamento distribuído linearmente e o
resultado dos diagramas de esforço cortante e momento fletor estão representados nas
Figuras 2 e 3 abaixo:

Figura 4 - Diagrama de Esforço Cortante devido a carga permanente (kN)

Fonte: Autores (2021)

Figura 5 - Diagrama de Momento Fletor devido a carga permanente (kN.m)

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Fonte: Autores (2021)

Quanto ao carregamento móvel, já foram fornecidos os esforços solicitantes em


toda viga, expostos no item 4 deste memorial. Devido à simetria, foram indicadas
apenas as seções 0 a 5 (seção de meio vão) e a Tabela 2 apresenta um resumo dos
esforços solicitantes na peça:

Tabela 2 - Esforços solicitantes característicos


ESFORÇOS SOLICITANTES CARACTERÍSTICOS

Seção Vq (kN) Mq (kN.m) Permanente Vg Mg (kN.m)


Móveis

0 733,1 0 599,7 0
1 633,9 1641,9 479,8 1349,4
2 539,8 2902 359,8 2399
3 450,7 3780,2 239,9 3148,7
4 366,7 4327,5 119,9 3598,5
5 287,8 4518,4 0 3748,4
Fonte: Autores (2021)

6. DIMENSIONAMENTO DA LONGARINA À FLEXÃO

O procedimento descrito a seguir é do dimensionamento da longarina no Estado


Limite Último (ELU). Foi utilizado o processo prático K6, válido para seções com

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armaduras ativa, passiva ou ambas, encontrado, por exemplo, em (CHOLFE E
BONILHA, 2018).

6.1 Esforços solicitantes de cálculo

A NBR 8681:2003 na Tabela 2 apresenta que para combinação normal de ações os


coeficientes para majoração da carga das ações permanentes é de 1,30 e para o caso das
ações variáveis é de 1,5. Para a seção de meio vão, que é a mais solicitada da estrutura,
tem-se as seguintes solicitações:

Para combinação última normal, tem-se:

6.2 Dimensionamento no ELU

O dimensionamento da longarina é iterativo, e poderia passar por mais de uma


iteração, dependendo do cálculo das perdas e das verificações nos estados limites de
serviço e fadiga. O cálculo da armadura longitudinal é feito no tempo infinito, e
inicialmente foi estimada uma perda de protensão de 30%. Após o cálculo das perdas
(que será apresentado no item 6.4.7) obteve-se que a diferença entre a tensão aqui
estimada e a tensão final calculada foi de 1,13%, não sendo necessário refazer os
cálculos. Portanto, o cálculo realizado abaixo já se configura o dimensionamento final
da peça.

a) Estimativa da tensão de protensão no tempo infinito

A NBR 6118 (ABNT, 2014) recomenda, no item 9.6.1.2.1, que a tensão da armadura
de protensão na saída do aparelho tensor (macaco) não ultrapasse os seguintes valores
no caso de pós-tração aderente:

13
(Aços RB)

Como será utilizado aço CP190 RB, tem-se:

Adota-se, portanto, o menor dentre os valores e a tensão inicial de protensão na


armadura ativa é .

b) Cálculo da deformação de pré-alongamento

Para o cálculo da deformação de pré-alongamento é necessário conhecer a tensão


de protensão que atua num tempo infinito, ou seja, após decorridas todas as perdas de
protensão. Como já foi explicado, estimou-se uma perda de 30% e verificouse este
mesmo percentual após realizados os cálculos, de modo que o desenvolvimento aqui
apresentado ja é o do dimensionamento final. A tensão num tempo infinito é calculada
de forma:

O pré-alongamento ( ) será definido pela Lei de Hooke:

Com módulo de elasticidade de fios e cordoalhas


. Dessa forma:

c) Hipótese 1: e

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Foi considerado que o centro da armadura passiva está a 5cm da borda inferior e
o da armadura passiva está a 10cm da borda inferior na seção de meio vão, ou seja:

Como a seção é do tipo I, é necessário saber se a linha neutra está na mesa ou na


alma da seção.

 Primeiro caso: LN na flange (mesa)

Com e em metro e em MN.m

Do livro de (CHOLFE e BONILHA, 2018), no item 3.6.1, a partir do equilíbrio


de seções foi apresentada esta segunda expressão para o K6:

Isolando tem-se:

para concretos do Grupo I e para concretos do Grupo II.


Neste projeto, e assim: .

representa a resistência do concreto, em que:

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Admitindo que a peça trabalhe em parte do domínio 2 onde ou no
domínio 3ou 4 de deformações, tem-se e consequentemente:

Calculando então tem-se:

A posição da linha neutra (x), será:

Não satisfaz a condição e a linha neutra está na alma.

 Segundo caso: LN na alma

Neste caso, é preciso conhecer o momento de cálculo resistido pela flange (


e pela alma da seção , de modo que:

Este momento resistido pela flange é dado por:

16
O momento resistido pela alma será então:

Assim:

Com e em metro e em MN.m

A posição da linha neutra (x), será:

Como a peça trabalha no domínio 3 e .

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Através das equações de compatibilidade entre as deformações, relaciona-se os
valores e de modo:

A deformação total da armadura ativa é dada por:

A equação da tensão final no aço de armadura ativa é dada pela expressão


abaixo, obtida a partir do diagrama tensão-deformação:

Em que, para o aço CP190 RB:

Portanto,

Em seguida, foi calculado as áreas de aço necessárias para resistir ao momento


solicitante na flange, na alma, e a área de aço total ( :

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d) Hipótese 2: e

Nesta segunda hipótese, é admitido que o momento solicitante seja resistido por
armaduras ativa e passiva. Para isso é preciso conhecer a deformação na armadura
passiva e como já foi dito anteriormente, , assim:

A tensão de início de escoamento do aço CA-50 é:

*Ressalta-se que pequenas diferenças nos resultados dos cálculos se deve ao fato do
cálculo ter sido realizado considerando todas as casas decimais, e aqui foram escritos
apenas valores arredondados.

A equação final que relaciona a quantidade de aço passivo e ativo é:

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Foi adotado 4 cabos com 9 cordoalhas de 15,2mm, em que cada cordoalha possui uma
área norminal de 1,4cm² de acordo com o catálogo da Rudloff. A área efetiva de aço
ativo é então . A área de aço passivo necessária é
então:

A armadura mínima exigida por norma é:

(Tabela 17.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014)).

Foi adotado

e) Cálculo da força inicial de protensão

A força de protensão total aplicada no macaco será igual a tensão limite de norma (
pela área de aço ativo, assim:

Sendo o número total de cabos igual a 4, a força de protensão inicial por cabo é:

E, sendo o número de cordoalhas igual a 9 cordoalhas por cabo, ou seja, 36 cordoalhas,


a força de protensão aplicada em cada cordoalha é:

6.3 Traçado do cabo

Segundo Cholfe e Bonilha (2018), para o desenvolvimento do Traçado dos


Cabos é necessário que já se tenha concluído as seguintes etapas de projeto:

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• Determinação do número de cordoalhas (cabos) na seção de
dimensionamento;
• Disposição dos cabos na(s) seção(ões) de dimensionamento, respeitando
os cobrimentos, espaçamentos mínimos e disposições construtivas;
• Disposição das ancoragens nas extremidades, respeitando as dimensões
dos nichos e placas de ancoragem, espaçamentos mínimos e disposições
construtivas.

O processo do traçado geométrico constitui-se em achar as curvas (lugares


geométricos) que passam por pontos previamente estabelecidos no dimensionamento
das seções. Para o caso deste projeto as seções estabelecidas foram a seção central e a
seção de ancoragem.

A seguir serão mostradas as recomendações, o desenvolvimento das equações e


um roteiro para o cálculo do traçado retirados de Cholfe e Bonilha (2018).

Figura 6 - Figura esquemática da cablagem.

Fonte: Cholfe e Bonilha (2018)

1. Recomendações:
• variáveis de 0° a 20°, de preferência múltiplos de 2° ou 5°;
• variáveis de 20° a 30°, de preferência iguais;
• Ancorar na extremidade a maioria dos cabos, recorrendo a ancoragem no flange
superior apenas se necessário.
2. Medidas dos trechos retos horizontais:

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Figura 7 - Traçado geométrico em elevação.

Fonte: Cholfe e Bonilha (2018)

• = ordenada do cabo na seção de ancoragem;


• = ordenada do cabo na seção do meio do vão;
• 0’ = ponto de levantamento do cabo;
• 0’0’’ = trecho curvo da equação η= αξ²;
• = projeção da parábola na horizontal;
• = projeção da parábola na vertical;

a. a. (válida para qualquer ξ, η)


Quando a
Daí, a a. 2

Procedimento de Cálculo:

1. Valores conhecidos de e (detalhamento das seções e de ancoragem).

2. Adota-se o ponto 0’ (levantamento do cabo) de acordo com as orientações acima


descritas, e assim, adota-se

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3. Conhecendo-se a projeção horizontal da parábola ou, isto é, fixadas as origens
0’’ e 0’, determina-se a inclinação do cabo no apoio, isolando

4. O valor de será arredondado para maior (inteiro e múltiplo de 2° ou de 5°) e


recalcula-se , aumentando-se o trecho reto central.

5.

Assim, o valor da constante a = permite o estudo completo da curva a.

Detalhamento dos cabos

Características geométricas da longarina:


• Vão: 25m;
• Distância horizontal adotada entre as ancoragens e o apoio: 0,15 m
• Distância adotada da borda até o apoio: 0,30 m
• Distância do trecho reto da ancoragem até o início da parábola (b): 1,0 m

Figura 8 - Características geométricas da longarina.

Fonte: Autores (2021)

Detalhamento do cabo 4

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O primeiro detalhamento é feito para o cabo situado na camada mais superior.

1. =1,13m e m

2. Admitiu-se, inicialmente, que a curva começa no centro da viga, assim:

3.

4. Arredondando para múltiplo de 5° e recalculando :

5.
A abcissa do ponto de elevação 0’ em relação ao eixo inicial ξ' é dado por:

Dessa forma, é possível descrever o traçado em termos de ordenadas das diversas


seções adotadas. No presente trabalho, optou-se por descrever o traçado por seções a
cada 1,0 m com exceção do trecho de concordância entre a parábola e o trecho reto da
ancoragem. A seguir as Tabelas mostram o processo de cálculo do traçado do cabo 4.

Tabela 3 - Cálculo do traçado geométrico para o cabo 4


CABO 4
η= aξ²

(m) 11,65
yi 1,13
y0i 0,1
b 1
α'i (º) 8,58
αi (º) 10

(m) 9,68

(m) 0,85

24
a 0,00911

- 1,97
(m)
Fonte: Autores (2021)

Tabela 4 - Cálculo das ordenadas das seções do cabo 4.


ξ (m) η (m) Y4 (cm) TRECHO
0 0 10,0

RETO
0 0 10,0
0,03 0,00000819 10,0
1,03 0,00965963 11,0

PARÁBOLA
2,03 0,03752132 13,8
3,03 0,08359326 18,4
4,03 0,14787545 24,8
5,03 0,2303679 33,0
6,03 0,3310706 43,1
7,03 0,44998356 55,0
8,03 0,58710677 68,7
9,03 0,74244023 84,2
9,68 0,85317223 95,3
10,53 - 110,3
RETO

10,68 - 113,0
Fonte: Autores (2021)

A seguir a Figura 9 ilustra o processo de detalhamento para o cabo 4:

25
Figura 9 - Detalhamento do Cabo 4.

Fonte: Autores (2021)

Detalhamento do cabo 3
Em seguida, determina-se o traçado do cabo imediatamente abaixo do cabo 4,
isto é, o cabo 3, tomando-se, inicialmente, como ponto de levantamento (ponto 0’) o
mesmo ponto 0’ do cabo 4. O cálculo se procede da mesma forma que para o cabo 4.
Dessa forma, serão apenas apresentadas as tabelas de cálculo.

Tabela 5 - Cálculo do traçado geométrico para o cabo 3.


CABO 3
η=aξ²

(m) 9,68
yi 0,86
y0i 0,1
b 1
α'i (º) 7,41
αi (º) 8

(m) 8,82

(m) 0,62

a 0,00797

- 0,87
(m)
Fonte: Autores (2021)

26
Tabela 6 - Cálculo das ordenadas das seções do cabo 3.
ξ (m) η (m) Y3 (cm) TRECHO
0 0 10,0
RETO
0 0 10,0
0,16 0,000204 10,0
1,16 0,010726 11,1
PARÁBOLA

2,16 0,037191 13,7


3,16 0,079599 18,0
4,16 0,137949 23,8
5,16 0,212242 31,2
6,16 0,302478 40,2
7,16 0,408657 50,9
8,16 0,530778 63,1
8,81 0,618706 71,9
9,66 - 83,9
RETO

9,81 - 86
Fonte: Autores (2021)

Detalhamento do cabo 2

Em seguida, determina-se o traçado do cabo imediatamente abaixo do cabo 3,


isto é, o cabo 2, tomando-se, inicialmente, como ponto de levantamento (ponto 0’) o

27
mesmo ponto 0’ do cabo 3. O cálculo se procede da mesma forma que para o cabo 4.
Dessa forma, serão apenas apresentadas as tabelas de cálculo.

Tabela 7 - Cálculo do traçado geométrico para o cabo 2.


CABO 2
η=aξ²

(m) 8,82
yi 0,59
y0i 0,1
b 1
α'i (º) 5,18
αi (º) 6

(m) 7,32

(m) 0,38

a 0,00718

- (m) 1,49

Fonte: Autores (2021)

Tabela 8 - Cálculo das ordenadas das seções do cabo 2.


ξ (m) η (m) Y2 (cm) TRECHO
0 0 10,0
RETO

0 0 10,0
0,67 0,003220972 10,3
PARÁBOLA

1,67 0,020011067 12,0


2,67 0,051151672 15,1
3,67 0,096642785 19,7
4,67 0,156484408 25,6
5,67 0,230676539 33,1
6,67 0,31921918 41,9

28
7,32 0,384467357 48,4
8,17 - 57,4

RETO
8,32 - 59,0
Fonte: Autores (2021)

Detalhamento do cabo 1

Por fim, determina-se o traçado do cabo 1, tomando-se, inicialmente, como


ponto de levantamento (ponto 0’) o mesmo ponto 0’ do cabo 2. O cálculo se procede da
mesma forma que para o cabo 4. Dessa forma, serão apenas apresentadas as tabelas de
cálculo.

Tabela 9 - Cálculo do traçado geométrico para o cabo 1.


CABO 1
η= aξ²

(m) 7,32
yi 0,32
y0i 0,1
b 1
α'i (º)
αi (º)

(m) 4,29

(m) 0,15

a 0,00815

- (m) 3,03

Fonte: Autores (2021)

Tabela 10 - Cálculo das ordenadas das seções do cabo 1.


ξ (m) η (m) Y1 (cm) TRECHO
0 0 10,0
RETO

0 0 10,0
0,64 0,003336 10,3
1,64 0,021908 12,2
2,64 0,056772 15,7

29
3,64 0,107926 20,8

PARÁBOLA
4,29 0,149913 25,0

5,14 - 30,9

RETO
5,29 - 32,0
Fonte: Autores (2021)

A seguir a Figura 10 ilustra o processo de detalhamento para todos os cabos:

Figura 10 - Processo de detalhamento dos cabos.

Fonte: Autores (2021)

6.4 Cálculo das perdas

6.4.1 Perdas por atrito

Após a definição do traçado geométrico é possível calcular as perdas por atritos


que depende das curvas presente no traçado, do material empregado e do comprimento
do cabo.

A NBR 6118/2014 traz a seguinte expressão de cálculo para essa perda:

Onde:

30
• Pi é o valor definido no item 9.6.1.2.1 da referida norma;
• x é a abscissa do ponto onde se calcula a perda, medida a partir da ancoragem,
expressa em metros (m);
• é a soma dos ângulos de desvio entre a ancoragem e o ponto de abscissa x,
expressa em radianos (rad);
• é o coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha.
• k é o coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não intencionais
do cabo. Na falta de dados experimentais, pode ser adotado o valor 0,01 μ (1/m).

A seguir serão apresentados os cálculos em forma de tabelas, os quais foram


determinados para algumas seções transversais de tal forma que se pudesse plotar o
gráfico inteiro das perdas.

Tabela 11 - Dados de entrada.


DADOS

Pi (kN/cabo) 1766,772
σpi (MPa) 1402,2
nº cordoalhas 9
Sistema fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica
μ 0,2
k(rad/m) 0,002
Fonte: Autores (2021)

Tabela 12 - Perdas por atrito - Cabo 1.


Seção x y P (x) Perda Trecho
CABO 1

α (rad) ∆P0 (x) percentual


(%)
Ancoragem 0 0,32 0 1766,77 0,00 0,00% reto
1 0,15 0,309 0 1766,24 0,53 0,03% reto
2 1 0,25 0 1763,24 3,53 0,20% reto
3 1,65 0,208 * * * * Parábola
4 2,65 0,157 * * * * Parábola
5 3,65 0,122 * * * * Parábola
6 4,65 0,103 * * * * Parábola
7 5,65 0,1 0,06981 1722,70 44,07 2,49% Parábola

31
8 6,65 0,1 0,06981 1719,26 47,52 2,69% reto
9 7,65 0,1 0,06981 1715,82 50,95 2,88% reto
10 8,65 0,1 0,06981 1712,39 54,38 3,08% reto
11 9,65 0,1 0,06981 1708,97 57,80 3,27% reto
12 10,65 0,1 0,06981 1705,56 61,22 3,46% reto
13 11,65 0,1 0,06981 1702,15 64,62 3,66% reto
14 12,65 0,1 0,06981 1698,75 68,02 3,85% reto
Fonte: Autores (2021)

32
Tabela - Perdas por atrito -
13 Cabo 2.
Seção x y P (x) Perda Trecho
CABO 2
α (rad) ∆P0 (x) percentual
(%)
Ancoragem 0 0,59 0 1766,77 0 0,00% reto
1 0,15 0,57 0 1766,24 0,530 0,03% reto
2 1 0,48 0 1763,24 3,530 0,20% reto
3 1,65 0,42 * * * * Parábola
4 2,65 0,33 * * * * Parábola
5 3,65 0,26 * * * * Parábola
6 4,65 0,20 * * * * Parábola
7 5,65 0,15 * * * * Parábola
8 6,65 0,12 * * * * Parábola
9 7,65 0,10 * * * * Parábola
10 8,65 0,1 0,10472 1700,48 66,293 3,75% Parábola
11 9,65 0,1 0,10472 1697,08 69,690 3,94% reto
12 10,65 0,1 0,10472 1693,69 73,081 4,14% reto
13 11,65 0,1 0,10472 1690,31 76,465 4,33% reto
14 12,65 0,1 0,10472 1686,93 79,842 4,52% reto
Fonte: Autores (2021)

14 Cabo 3.

33
Tabela - Perdas por atrito -
Seção x y P (x) Perda Trecho

CABO 3 α (rad) ∆P0 (x) percentual


(%)
Ancoragem 0 0,86 0 1766,77 0,00 0,00% reto
1 0,15 0,84 0 1766,24 0,53 0,03% reto
2 1 0,72 0 1763,24 3,53 0,20% reto
3 1,65 0,63 * * * * Parábola
4 2,65 0,51 * * * * Parábola
5 3,65 0,40 * * * * Parábola
6 4,65 0,31 * * * * Parábola
7 5,65 0,24 * * * * Parábola
8 6,65 0,18 * * * * Parábola
9 7,65 0,14 * * * * Parábola
10 8,65 0,11 * * * * Parábola
11 9,65 0,10 0,13963 1685,28 81,50 4,61% Parábola
12 10,65 0,1 0,13963 1681,91 84,86 4,80% reto
13 11,65 0,1 0,13963 1678,55 88,22 4,99% reto
14 12,65 0,1 0,13963 1675,19 91,58 5,18% reto
Fonte: Autores (2021)

15 Cabo 4.

34
Tabela - Perdas por atrito -
Seção x y P (x) Perda Trecho

CABO 4 α (rad) ∆P0 (x) percentual


(%)
Ancoragem 0 1,13 0 1766,77 0,00 0,00% reto
1 0,15 1,10 0 1766,24 0,53 0,03% reto
2 1 0,95 0 1763,24 3,53 0,20% reto
3 1,65 0,84 * * * * Parábola
4 2,65 0,69 * * * * Parábola
5 3,65 0,55 * * * * Parábola
6 4,65 0,43 * * * * Parábola
7 5,65 0,33 * * * * Parábola
8 6,65 0,25 * * * * Parábola
9 7,65 0,18 * * * * Parábola
10 8,65 0,14 * * * * Parábola
11 9,65 0,11 * * * * Parábola
12 10,65 0,10 0,17453 1670,21 96,57 5,47% Parábola
13 11,65 0,10 0,17453 1666,87 99,90 5,65% reto
14 12,65 0,10 0,17453 1663,54 103,23 5,84% reto
Fonte: Autores (2021)

6.4.2 Perdas por acomodação da ancoragem

Para o cálculo dessas perdas, seguiu-se o procedimento de cálculo apresentado em


Cholfe e Bonilha (2018), supondo-se um comportamento elástico e linear dos gráficos
das perdas. Assim sendo, o gráfico das perdas por acomodação da ancoragem é suposto
simétrico ao gráfico das perdas por atrito em relação a horizontal que passa pelo ponto
de equilíbrio w (ponto no qual a perda por acomodação da ancoragem passa a ser nula).

Dessa forma, o cálculo resume-se a supor o ponto de equilíbrio w em algum


ponto do gráfico através de hipóteses e confirmar a sua veracidade de acordo com os
coeficientes angulares das retas presentes no gráfico das perdas por atrito e equações de
compatibilidade. A seguir serão apresentadas as Tabelas de cálculo.

35
Tabela 16 - Perdas por acomodação da ancoragem - Hipótese 1.
HIPÓTESE 1

w<b

CABO 1 CABO 2 CABO 3 CABO 4


b 1 b 1 b 1 b 1
∆w (mm) 6 ∆w (mm) 6 ∆w (mm) 6 ∆w (mm) 6
Ep (GPa) 200 Ep (GPa) 200 Ep (GPa) 200 Ep (GPa) 200
Ap (cm²/cord) 1,4 Ap (cm²/cord) 1,4 Ap (cm²/cord) 1,4 Ap (cm²/cord) 1,4
Pi (kN/cabo) 1766,8 Pi (kN/cabo) 1766,8 Pi (kN/cabo) 1766,8 Pi (kN/cabo) 1766,8
∆P1 (kN/m) 3,530 ∆P1 (kN/m) 3,530 ∆P1 (kN/m) 3,530 ∆P1 (kN/m) 3,530
w 20,696 w 20,696 w 20,696 w 20,696
HIPÓTESE NÃO HIPÓTESE NÃO HIPÓTESE NÃO HIPÓTESE NÃO
ATENDIDA ATENDIDA ATENDIDA ATENDIDA
Fonte: Autores (2021)

Tabela 17- Perdas por acomodação da ancoragem - Hipótese 2.


HIPÓTESE 2

b< w <
o'

CABO 1 CABO 2 CABO 3 CABO 4


o' 5,65 o' 8,65 o' 9,65 o' 10,65
∆P2 (kN/m) 8,72 ∆P2 (kN/m) 8,20 ∆P2 (kN/m) 9,01 ∆P2 (kN/m) 9,64
w' 12,19 w' 12,60 w' 11,98 w' 11,55
w' -14,19 w' -14,60 w' -13,98 w' -13,55
w' 12,19 w' 12,60 w' 11,98 w' 11,55
w 13,19 w 13,60 w 12,98 w 12,55
HIPÓTESE NÃO HIPÓTESE NÃO HIPÓTESE NÃO HIPÓTESE NÃO
ATENDIDA ATENDIDA ATENDIDA ATENDIDA
Fonte: Autores (2021)

Tabela 18- Perdas por acomodação da ancoragem - Hipótese 3.

36
Tabela 19 - Perdas por acomodação da ancoragem - Hipótese 4.
HIPÓTESE 4
w > l/2
CABO 1 CABO 2 CABO 3 CABO 4

l/2 12,65 l/2 12,65 l/2 12,65 l/2 12,65


∆P 63,29 ∆P 48,58 ∆P 35,85 ∆P 21,29
P(0) 1567,44 P(0) 1558,54 P(0) 1547,78 P(0) 1539,02
P(b=1,0) 1573,97 P(b=1,0) 1562,07 P(b=1,0) 1551,31 P(b=1,0) 1542,55
P(o'=5,65) 1611,51 P(o'=9,65) 1624,83 P(o'=9,65) 1629,28 P(o'=10,65) 1635,59
P(l/2=12,65) 1635,46 P(l/2=12,65) 1638,35 P(l/2=12,65) 1639,34 P(l/2=12,65) 1642,25
Fonte: Autores (2021)

A seguir são apresentados os gráficos após todas as perdas imediatas (atrito e


acomodação da ancoragem). Os gráficos foram plotados até o meio do vão, uma vez que
são simétricos em relação a seção central.

Figura 11 - Perdas imediatas - Cabo 1.

37
CABO 1
1800,00

1750,00

1700,00

1650,00

1600,00

1550,00
0 2 4 6 8 10 12 14
Perdas por atrito Perdas por acomodação da ancoragem

Fonte: Autores (2021)

Figura 12 - Perdas imediatas - Cabo 2.

CABO 2
1800,00
1750,00
1700,00
1650,00
1600,00
1550,00
1500,00
0 2 4 6 8 10 12 14

Perdas por atrito Pedas acobodação da ancoragem

Fonte: Autores (2021)


Figura 13 - Perdas imediatas - Cabo 3.

CABO 3
1800,00
1750,00
1700,00
1650,00
1600,00
1550,00
1500,00
0 2 4 6 8 10 12 14

Perdas por atrito Perdas por acomodação da ancoragem

Fonte: Autores (2021)

38
Figura 14 - Perdas imediatas - Cabo 4.

CABO 4
1800,00
1750,00
1700,00
1650,00
1600,00
1550,00
1500,00
0 2 4 6 8 10 12 14

Perdas por atrito Perdas por acomodação da ancoragem

Fonte: Autores (2021)

6.4.3 Perdas por retração do concreto

O concreto sofre variações dimensionais ao ser exposto a diferentes umidades


relativas. Isso ocorre devido principalmente, a perda de água que ocorre a medida que a
umidade relativa do ambiente é reduzida, provocando a contração do compósito
concreto. Vão influenciar na retração por secagem o tipo de cimento e agregado, a
dosagem empregada, o uso de aditivos, a geometria da peça, o tipo de cura, a umidade
relativa do ambiente e o tempo de exposição ao meio ambiente.

O cálculo das perdas por retração do concreto também seguiu o procedimento de


cálculo apresentado em Cholfe e Bonilha (2018), que se utiliza das prescrições do
Anexo A da NBR 6118.

Os cálculos foram realizados em planilha Excel e os dados e resultados obtidos estão


apresentados na Tabela 20 abaixo:

Tabela 20 - Perdas devido à retração do concreto


RETRAÇÃO DO CONCRETO

Ac (m²) 0,845

Opcional: Umidade local (%) 78

Ambiente

39
Umidade (%) 78

γ 2,00

μar (m) 4,576

Abatimento do concreto

Temp média diária do ambiente 30


(°C)

∆tef,i (dias) 7

hfic (cm) 73,86

t0 ou tfic (dias) 9,33

ε1s -0,00042362

ε2s 0,7456

βs(t0) 0,0151

εcs(∞,t0) -0,0003

Perda ∆σps (MPa) -62,22

Fonte: Autores (2021)


6.4.4 Perdas por fluência do concreto

Quando o concreto é submetido a um estado de tensão , ele sofre uma deformação


imediata, representada pela expressão:

Se essa tensão for mantida, o concreto vai continuar se deformando, lentamente,


ao longo do tempo. Esse aumento de deformação é denominado deformação de fluência
( ).

Devido a aderência do concreto a armadura, essas deformações ocasionam perdas de


tensão na armadura ativa.

40
Assim como na retração, foram aplicados os procedimentos de Cholfe e Bonilha
(2018), orientados pelo Anexo A da NBR 6118. Os resultados obtidos estão apresentados na
Tabela 21:

Tabela 21 - Perdas por fluência do concreto


FLUÊNCIA DO CONCRETO

Idade (dias) 7 28 56 60

fck (MPa) 40

σ (MPa) no GC de Ap -16,59731395 3,070992037 1,243583039 1,727314906

hfic (cm) 73,86

Cimento Portand

α (fluência) 1

tfic (dias) 9,33 37,33 74,67 80,00

41
ϕ1c 1,72

ϕ2c 1,23

ϕf∞ (Grupo I) 2,12

βf(t) 0,21 0,33 0,39 0,40

ϕa 0,42 0,24 0,18 0,17

ϕd 0,4

ϕ(∞,tfic) 2,506 2,060 1,864 1,845

εcc(∞,tfic0) -0,000840153

Perda ∆σpc (MPa) -168,03

Fonte: Autores (2021)

6.4.5 Efeito conjunto da retração e fluência

O fenômeno da retração e da fluência ocorremsimultaneamente e interagem


entre si e de acordo com as recomendações do CEB FIP 78 - Anexo E, as perdas
decorrentes destes fenômenos físicos podem ser avaliadas em conjunto por um
procedimento aproximado denominado “Fórmula derivada do método da tensão média”.

A perda de tensão da armadura protendida provocada pela retração e fluência do concreto foi
calculada através desse procedimento está resumida na Tabela 22 a seguir:

Tabela 22 - Perdas por efeito conjunto de retração e fluência


EFEITO CONJUNTO DA RETRAÇÃO E FLUÊNCIA

σcp0 (MPa) -5,34

∆σcg1 -16,60 3,07 1,24 1,73

Ap (cm²) 50,40

σp0 (MPa) 1300,68

42
αp 5,65

ϕ(∞,tfic) 2,506 2,060 1,864 1,845

∆σp,c+s (t,t0) -218,83

∆P (kN/cabo) -275,72

Fonte: Autores (2021)

6.4.6 Perdas por relaxação do aço

Os aços ativos, quando ancorados com deformações constantes sob tensões


elevadas (acima de sofrem perdas de tensões por um fenômeno chamado de
relaxação.As perdas por relaxação do aço aqui apresentadas foram calculadas segundo o
procedimento aplicado por Cholfe e Bonilha (2018):

Tabela 23 - Perdas por relaxação do aço


PERDAS POR RELAXAÇÃO DO AÇO

│∆σp,c+s (t,t0)│ 218,83

Mg,tot (kN.m) 3748,40

σM,tot (MPa) 10,79

σpi (MPa) 1361,63

Aço RB

fptk (MPa) 1900

σpi/fptk 0,72

43
ψ∞ 6,67

∆σr (t,t0) (MPa) 90,77

Perda ∆σr (∞,t0),rel (MPa) -61,59

Número de cabos 4

Perda por cabo (MPa/cabo) -15,40

Perda por cabo (kN/cabo) -19,40

Fonte: Autores (2021)

6.4.7 Valor da força de protensão no tempo infinito

O valor da tensão de protensão inicial foi determinado de acordo com os limites


estabelecidos por norma para aplicação de força pelo macaco e conforme apresentado
no capítulo 6 deste memorial, resultou: a e a área de aço ativo
adotada foi de 50,40cm². Dessa forma, a força inicial de protensão é:

Como são 4 cabos:

O total de perdas imediatas, obtido pela soma da perda por atrito e por
acomodação da ancoragem para seção de meio vão, foi de 511,688 kN, que resultou
num percentual aproximadamente de 12%.

As perdas progressivas, obtidas pela soma da perda pelo efeito conjunto da retração e
fluência e relaxação do aço, resultou em 295,12 kN/cabo, ou seja 1180,48 kN. Desse
modo,

Resulta numa tensão no tempo infinito de:

44
No dimensionamento no ELU, havia sido admitido uma perda de 30%, onde a tensão
no tempo infinito utilizada para os cálculos foi de:

A diferença percentual entre o valor calculado e o estimado inicialmente é:

Como essa diferença é muito pequena, não foi necessário realizar um novo
cálculo.

6.5 Fuso-limite

Neste projeto, optou-se pelo processo do fuso limite, uma vez que não ocorre
grande variação da intensidade da força de protensão (não há interrupção de cabos ao
longo do vão e todos são ancorados nas extremidades da peça).

“O fuso limite é uma faixa ou região dentro da altura da peça onde os cabos de
protensão devem estar situados, o que proporciona que as tensões admissíveis sejam
atendidas ao longo de todo o comprimento da peça.” (BASTOS, 2019, p. 165)

Dessa forma, a região do fuso é determinada pelos limites de excentricidades dados


pelas equações a seguir:

45
Onde:

• tensão admissível do concreto à tração na transferência da protensão;


• tensão admissível do concreto à compressão na transferência da protensão
(valor negativo);
• tensão admissível do concreto à compressão, após ocorridas as perdas
progressivas (valor negativo);
• tensão admissível do concreto à tração, após ocorridas as perdas
progressivas;
• momento fletor solicitante atuante no instante da transferência da
protensão para a peça;
• momento fletor solicitante atuante após ocorridas as perdas de protensão
progressivas;
• força de protensão atuante na peça antes das perdas de protensão
progressivas dependentes do tempo (logo após a transferência da protensão);

• coeficiente relativo às perdas de protensão progressivas dependentes do


tempo, onde a força de protensão final é .

O cálculo das excentricidades limites dependem do nível de protensão adotado e


dos valores das tensões admissíveis estabelecidas pelo projetista para a tensão máxima
de compressão no concreto ficando, em geral, entre 0,5fck e 0,7fck e máxima de tração
dado por 1,2.0,7.fct,m para seções I. Para este projeto, com nível 2 de protensão, tem-se
os seguintes valores de tensões admissíveis adotados para a determinação do fuso:

Tabela 24 - Valores das tensões admissíveis adotadas para o concreto.

46
Fonte: Adaptado de Bastos (2019)

Dessa forma, foi realizado o cálculo das excentricidades limites por meio de
planilha do Excel com os valores dos esforços solicitantes para as condições de estado
em vazio, combinação quase permanente e combinação frequente. As curvas mais
desfavoráveis foram plotadas em gráfico, gerando, assim, a região do fuso limite. A
seguir serão apresentadas as tabelas de cálculo e o gráfico plotado:

Tabela 25 - Dados de entrada para o cálculo.


Dados

Ac (cm²) 8450

fckj (MPa) 34,19

fck (MPa) 50

σtr,o (kN/cm²) 0,265

σc,o (kN/cm²) -2,394

σc,tot (kN/cm²) -2,500

0,0
σtr,tot (kN/cm²)

σtr,tot (kN/cm²) 0,342

47
Wt (cm³) 320539,74

Wb (cm³) 304903,66

αt (1/cm) 0,026

αb (1/cm) 0,028

M0 (kN.cm) Variável

Mtot (kN.cm) Variável

R 0,80

P0 (kN) 6555,41

Fonte: Autores (2021)

Tabela 26 - Cálculo das excentricidades limites para o estado em vazio no bordo superior e
inferior.
Estado em vazio (ELU)
Bordo superior Bordo inferior

ep (cm) M0 x (m) ep (cm) M0 x (m)


(kN.cm) (kN.cm)

50,91 0 0 75,24 0 0
59,98 59430 2,5 84,31 59430 2,5
67,03 105650 5 91,36 105650 5
72,07 138670 7,5 96,40 138670 7,5
75,09 158470 10 99,42 158470 10
76,10 165080 12,5 100,43 165080 12,5
75,09 158470 15 99,42 158470 15
72,07 138670 17,5 96,40 138670 17,5
67,03 105650 20 91,36 105650 20
59,98 59430 22,5 84,31 59430 22,5

48
50,91 0 25 75,24 0 25
Fonte: Autores (2021)

Tabela 27 - Cálculo das excentricidades limites para as combinações quase permanente e


frequente no bordo superior.
Estados limites de serviço (ELS)

Bordo Superior

Mg1+g2 x (m) Mkq Mtot (CQP) ep (cm) Mtot (CF) ep (cm)


(kN.cm) (kN.cm) (kN.cm) (kN.cm)
0 0 0 0 -114,87 0 -114,87
134940 2,5 164190 184197 -79,75 217035 -73,48
239900 5 290200 326960 -52,52 385000 -41,46
314870 7,5 378020 428276 -33,20 503880 -18,79
359850 10 432750 489675 -21,50 576225 -4,99
374840 12,5 451840 510392 -17,55 600760 -0,32
359850 15 432750 489675 -21,50 576225 -4,99
314870 17,5 378020 428276 -33,20 503880 -18,79
239900 20 290200 326960 -52,52 385000 -41,46
134940 22,5 164190 184197 -79,75 217035 -73,48

49
0 25 0 0 -114,87 0 -114,87
Fonte: Autores (2021)

Tabela 28 - Cálculo das excentricidades limites para as combinações quase permanente e


frequente no bordo inferior.
Estados limites de serviço (ELS)

Bordo Inferior

x (m) Mkq Mtot (CQP) ep (cm) Mtot (CF) ep (cm)


(kN.cm) (kN.cm) (kN.cm)
0 0 0 -36,08 0 -51,52
2,5 164190 184197 -0,96 217035 -10,13
5 290200 326960 26,26 385000 21,89
7,5 378020 428276 45,58 503880 44,56
10 432750 489675 57,29 576225 58,36
12,5 451840 510392 61,24 600760 63,04
15 432750 489675 57,29 576225 58,36
17,5 378020 428276 45,58 503880 44,56
20 290200 326960 26,26 385000 21,89
22,5 164190 184197 -0,96 217035 -10,13
25 0 0 -36,08 0 -51,52
Fonte: Autores (2021)

50
Figura 15 - Fuso limite da longarina.

-100,00
Fuso limite
-80,00
-60,00
-40,00
-20,00 0 5 10 15 20 25
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00

Fonte: Autores (2021)

6.6 Verificação do pré-alongamento da armadura ativa

Nesta etapa, calcula-se a deformação de pré-alongamento considerando a parcela


de descompressão. Essa parcela decorre da hipótese do estado de neutralização da seção
protendida, representado pela tensão normal nula na seção de concreto na posição
correspondente ao centro de gravidade da armadura ativa.

Figura 16 - Efeito da protensão/obtenção da neutralização

Fonte: (Cholf e e Bonilha, 2018)

51
A partir da Figura 6 são obtidas as expressões:

= força externa que anula a tensão no CG de

em que é a força de protensão e é a parcela de que


recupera a deformação .

é o valor da força de protensão de cálculo no tempo infinito

é a tensão no concreto produzida pela protensão, na posição do CG de

O valor da deformação de pré-alongamento é dado por:

Dito isso, será aplicado esta teoria a longarina dimensionada:

52
O valor da deformação de pré-alongamento é:

O pré-alongamento adotado para os cálculos iniciais foi de 5,39%. A diferença


percentual entre os dois valores é:

Essa pequena diferença não provoca mudanças significativas no cálculo, e foi,


inclusive, testada nas planilhas de cálculo elaboradas, em que não se observou mudança
no detalhamento já previsto. Portanto, esta é mais uma verificação que valida o
dimensionamento e detalhamento realizado.

53
7. VERIFICAÇÃO DO ELU NO ATO DA PROTENSÃO

O efeito da protensão é da mesma ordem de grandeza das solicitações externas, e na


maioria das vezes no ato da aplicação da protensão, estas solicitações ainda não estão
presentes na peça, atuando nela apenas o seu peso próprio. Torna-se então obrigatória a
verificação da segurança da peça na idade correspondente do concreto, tendo como
carregamento a protensão e as ações por ela mobilizada. Essa verificação indica se é
possível realizar a protensão e será feita em uma ou mais etapas.

O valor da força de protensão para esta verificação é aquele em que já se descontou as perdas
imediatas ( ). Neste caso, .

Foi feita uma verificação simplificada no Estádio I (NBR 6118:2014 item 17.2.4.3),
onde o concreto não está fissurado e é admitido o comportamento elástico linear. Nesta
verificação deve-se satisfazer as condições:

a) Tensão máxima de compressão

A tensão máxima de compressão na seção de concreto, obtida através das


solicitações ponderadas de e não deve ultrapassar 70% da resistência
característica prevista para a idade de aplicação da protensão.

Foi considerado que a protensão seria realizada em uma única etapa aos 7 dias
após a concretagem da peça e que o cimento utilizado foi o CPIV (s = 0,38). A
resistência nessa idade é calculada conforme:

54
 Fibra inferior (convenção para cálculo: sinal da compressão positivo, e sinal da tração
negativo)

A tensão no concreto na fibra inferior devido à protensão é igual a:

Como apresentado no levantamento de cargas, a carga de peso próprio da


longarina é de 21,125 kN.m. Que resulta em um momento fletor característico no meio
do vão (máximo) de:

A tensão na fibra inferior devido ao peso próprio é igual a:

A tensão total na fibra inferior é então:

A tensão de compressão limite é

Não haverá ruptura por esmagamento do concreto.

A tensão na fibra superior resulta de tração, e será apresentada na verificação abaixo:

b) Tensão máxima de tração

A tração máxima de tração no concreto não deve ultrapassar 1,2 vez a resistência à
tração correspondente ao valor especificado.

55
 Fibra superior (convenção para cálculo: sinal da
compressão positivo, e sinal da tração
negativo)

A tensão na fibra superior devido à protensão é igual a:

A tensão na fibra superior devido ao peso próprio é igual a:

A tensão total no concreto na fibra superior é então:

A tensão de tração limite é ou seja .A


tensão de tração limite é maior que a tensão de tração que atua na peça devido a
protensão e ao peso próprio, portanto:

Não haverá tração superior ao permitido.

Conclui-se que a protensão pode ser realizada em uma única etapa aos 7 dias com
segurança quando ao esmagamento do concreto ou tensões de tração acima dos limites
normativos.

56
8. VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO

Para protensão limitada, caso deste projeto, a verificação é feita para os seguintes
estados-limites de serviço e combinações: ELS-F, sob combinação frequente de serviço
(CF) e ELS-D, sob combinação quase-permanente de serviço (CQP). As condições a
serem atendidas são:

ELS-F:

ELS-D:

Isso quer dizer que sob combinação quase permanente de serviço não são
permitidas tensões de tração e sob combinação frequente de serviço essa tensão de
tração não pode ultrapassar a resistência do concreto a tração na flexão ( ). É
importante ressaltar a força de protensão que atua na estrutura em serviço é àquela em
que já foram descontadas todas as perdas de protensão (imediatas e progressivas).

8.1 Verificação do ELS-F (CF)

A condição que deve ser atendida tanto na borda inferior quanto na borda superior é:

Em que é a resistência do concreto a tração na flexão, aqui adotada como a


inferior, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) ser calculada de modo:

Onde é um coeficiente de forma, que para seções T tem valor 1,2. (NBR 6118
(ABNT,2014) item 17.3.1). Assim:

Também, impõe-se a condição que a tensão de compressão não deve ser superior a
, ou seja, .

a) Borda inferior

57
A expressão para o cálculo da tensão sob combinação frequente de ações na borda
inferior é:

Pode-se analisar ainda duas situações, uma momento máximo, em que atuam na
estrutura, além da carga de protensão, os carregamentos característicos permanentes e
variáveis, e uma situação de momento mínimo, onde estes carregamentos variáveis são
tidos como nulos.

A força de protensão total na peça após decorrida todas as perdas é igual a


.

 Situação de momento máximo (compressão + / tração -):

A tensão de tração de 0,65 MPa é menor que a tensão de tração limite para essa
verificação , portanto, a condição está satisfeita.

Situação de momento mínimo:

Não houve tensão de tração e a tensão de compressão é inferior a tensão de compressão


limite , portanto, condição satisfeita.

b) Borda superior
58
A expressão para o cálculo da tensão sob combinação frequente de ações na borda
superior é:

O mesmo procedimento de cálculo é repetido para a borda superior:

 Situação de momento máximo (compressão + / tração -):

Não houve tensão de tração e a tensão de compressão é inferior a tensão de compressão


limite , portanto, condição satisfeita.

 Situação de momento mínimo:

Não houve tensão de tração e a tensão de compressão é inferior a tensão de compressão


limite , portanto, condição satisfeita.

8.2 Verificação no ELS-D

Neste caso, a condição que deve ser atendida tanto na borda inferior quanto na borda
superior é:

59
Da mesma forma impõe-se também a condição que a tensão de compressão não deve
ser superior a , ou seja, .

a) Borda inferior

A expressão para o cálculo da tensão sob combinação quase permanente de ações


na borda inferior é:

De modo semelhante ao item anterior, analisa-se a situação de momento máximo e


mínimo e a força de protensão total na peça após decorrida todas as perdas é igual a
.

 Situação de momento máximo (compressão + / tração -):

Não há tensão de tração e a tensão de compressão de 2,314 MPa é menor que a tensão
de compressão limite . Portanto, condição satisfeita.

 Situação de momento mínimo:

Não houve tensão de tração e a tensão de compressão é inferior a tensão de compressão


limite , portanto, condição satisfeita.

60
b) Borda superior

A expressão para o cálculo da tensão sob combinação quase permanente de ações


na borda superior é:

O mesmo procedimento de cálculo é repetido para a borda superior:

 Situação de momento máximo (compressão + / tração -):

Não houve tensão de tração e a tensão de compressão é inferior a tensão de compressão


limite , portanto, condição satisfeita.

 Situação de momento mínimo:

Não houve tensão de tração e a tensão de compressão é inferior a tensão de compressão


limite , portanto, condição satisfeita.

Foi concluído que a peça atende aos Estados Limite de Serviço exigidos para protensão nível
II.

61
9. DIMENSIONAMENTO À FORÇA CORTANTE

9.1 Sem a consideração da contribuição da protensão

Para o dimensionamento a força cortante foi utilizado o Modelo de Cálculo I


para concretos do grupo 1. Foi utilizada a tabela abaixo, disponível nas apostilas do
Professor Libânio (Pinheiro, 1994), que já apresenta de forma simplificada, as equações
para cálculo de , a partir da classe de concreto, que neste caso é C50.

Figura 17 - Equações simplificadas para concretos do grupo I

62
Sendo , , , ,
, tem-se:

a) Detalhamento dos estribos

Foi adotado estribos com 3 ramos, com 10 a cada 10cm. O espaçamento


adotado obedece as orientações do item 18.3.3.2 da NBR 6118 (ABNT,2014) que diz
que o espaçamento mínimo deve ser o suficiente para permitir a passagem do vibrador e
garantir o bom adensamento da massa e o espaçamento máximo deve atender as
condições:

- se , então

63
- se , então

- se , então - se , então

Desse modo:

Como , então

Como , então

Será calculado agora com a consideração da contribuição da protensão

9.2 Com a consideração da contribuição da protensão

Também será utilizado o Modelo I de cálculo, conforme o item 17.4.2.2 da NBR 6118
(ABNT, 2014).

a) Verificação da compressão nas bielas de concreto

Deve ser atendida a condição:

Com , sendo em MPa.

Este cálculo ja foi realizado no item 9.1 anterior. Porém será refeito sem o uso das
tabelas e considerando todas as casas decimais no cálculo. Assim:

64
Verifica-se que a condição inicial foi atendida:

OK! Não há perigo de esmagamento do concreto das bielas.

b) Cálculo da armadura transversal

Para o cálculo da armadura transversal, a parcela da força cortante a ser absorvida


pela armadura pode ser calculada por:

No caso da flexo-compressão a parcela é calculada de modo:

O momento fletor é aquele que anula a tensão normal de compressão máxima


atuante na borda da seção transversal (tracionada por ), provocada pelas forças
normais de diversas origens concomitantes com , sendo essa tensão calculada com
valores de e iguais a 1,0 e 0,9, respectivamente; os momentos correspondentes a
essas forças normais não podem ser considerados no cálculo dessa tensão, pois são
considerados em ; devem ser considerados apenas os momentos isostáticos de
protensão.

O valor do momento de descompressão pode ser obtido então através da equação:

65
Já é o momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise, que
pode ser tomado como o de maior valor no semitramo considerado (para esse cálculo
não se consideram os momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).

Utilizando as expressões acima, tem-se:

A armadura será então calculada de modo:

Essa área de aço é maior que a mínima apresentada no item anterior.

Adotando estribo de 3 ramos, pode-se utilizar o seguinte detalhamento:


66
Essa área de aço necessária, porém, será alterada quando da verificação da
fadiga nas armaduras transversais. Na letra c do item 10 é que será apresentado o
cálculo que levou ao detalhamento final da armadura transversal, que resultou:

9.3 Armadura de pele

A NBR 6118 (ABNT, 2014) no item 17.3.5.2.3 recomenda que seja disposta uma
armadura lateral mínima de em cada face da alma da viga e composta por
barras de CA-50 ou CA-60, com espaçamento não maior que 20cm e devidamente
ancorada nos apoios, respeitando o disposto em 17.3.3.2, não sendo necessária uma
armadura superior a 5cm²/m por face. Esse tipo de armadura não pode ser desprezada
em vigas com altura maior que 60cm.

Na primeira verificação, tem-se:

Como e não é necessário mais que


5,0cm²/m, adota-se este valor para armadura de pele. Portanto, foi adotado:

8c/ 10cm

67
10. VERIFICAÇÃO À FADIGA

O item 23.5 da NBR 6118 (ABNT, 2014) trata do Estado limite último de fadiga, e
caracteriza a fadiga como “um fenômeno associado a ações dinâmicas repetidas, que pode ser
entendido como um processo de modificações progressivas e permanentes da estrutura interna
de um material submetido a oscilação de tensões decorrentes dessas ações.

No aço, a fadiga é o fenômeno no qual a armadura no interior do concreto


submetida a uma certa amplitude de variação de tensões, após um grande número de
ciclos, se rompe com uma tensão inferior a sua tensão de escoamento.

Também o concreto quando sujeito a ações repetidas pode apresentar fissuração


excessiva e, eventualmente, romper após um grande número de ciclos, mesmo se o nível
de solicitação for menor que a correspondente solicitação estática. A microfissuração
que o fenômeno produz reduz a rigidez da estrutura amplificando suas deformações. O
tipo de ruptura é dúctil (embora as fissuras por fadiga tenham natureza frágil, por
apresentar pouca, ou nenhuma, deformação plástica associada à fissuração (Baroni,
2010)), caracterizada por deformações e microfissuração bem maiores que as
correspondentes à ruptura sob solicitações estáticas.

a) Armadura de flexão

68
Para verificação da fadiga nas longarinas se fez uso da seguinte combinação frequente
de ações:

Que aplicado para o momento resulta:

Com , de acordo com o item 23.5.2 da NBR 6118/2014.

Portanto, os carregamentos são:

Foi verificado no ELS-F, utilizando também combinação frequente de ações, que


a peça protendida não sofre tensões de tração superiores a tensão de tração de formação
de fissuras e, portanto, não trabalha fissurada. Nesse caso, pode-se adotar a inércia da
peça corresponde ao estádio I, ou seja, a inércia da seção bruta de concreto.

= 0,250021

A variação da tensão a armadura longitudinal é:

Onde:

69
ξ = 0,4 para cordoalhas na pós-tração (obtido do item 23.5.3, pág 195, da NBR
6118/2014)

= menor diâmetro do aço de armadura passiva adotada, neste caso 25mm.

= diâmetro do aço de protensão (para feixes, , onde é a área


da seção transversal do feixe)

Portanto,

A partir tabela 23.2 da NBR 6118/2014, tem-se que o limites de variação de tensão para
armaduras ativas com pós-tração e cabos curvos é de
. Já para armadura passiva esse limite de variação de tensões para aço passivo com
diâmetro de 25mm é de = 175Mpa.

Para armadura ativa, tem-se o fator de fadiga:

Para armadura passiva, tem-se fator de fadiga igual a:

70
b) Verificação da fadiga no concreto comprimido

De acordo com o item 23.5.4.1 da NBR 6118 (ABNT,2014) a verificação da fadiga no


concreto comprimido é satisfeita se:

Onde:

é um fator que considera o gradiente de tensões de compressão no concreto; é

o menor valor, em módulo, da tensão de compressão a uma distância não maior

que 300 mm da face sob a combinação relevante de cargas; é o maior valor, em

módulo, da tensão de compressão a uma distância não maior que 300 mm da face sob

a mesma combinação de carga usada para cálculo de σc1;

Figura 18 - Definição das tensões e

Fonte: NBR 6118 (2014)

Essa verificação é feita para a seção central do vão, onde tem-se os maiores
momentos fletores. A LN (posição x) se encontra na seção da peça, já que a peça está
trabalhando no estádio I e não apresenta fissurações. Com isso, pode-se determinar a
tensão corresponde a tensão máxima na borda superior, conforme:

71
Como a posição da linha neutra (x) é maior que 30 cm, pode ser calculado a partir
de uma relação de triângulos, de modo:

Calculando então , tem-se:

Por fim, realiza-se a verificação:

OK! Condição satisfeita.

c) Verificação da fadiga nas armaduras transversais

72
Nessa verificação, também utiliza-se do fator de fadiga para avaliar a
necessidade de mais armadura transversal na seção. No caso das armaduras transversais,
o fator de fadiga (f.f) é dado por:

Em que:

(estribos - tabela 23.2 da NBR 6118/2014)

Segundo o item 23.5.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014), o cálculo das tensões
decorrentes da força cortante em vigas deve ser feito deve ter o valor de multiplicado
pelo fator de redução 0,5 (redução da contribuição do concreto) para o caso do modelo
I, utilizado neste projeto. Desse modo:

Será realizado apenas para a situação dos apoios, visto que são nesses pontos em
que há os maiores esforços cortantes e que foi adotada uma armadura transversal
constante ao longo de toda longarina.

A taxa de armadura transversal calculada com a contribuição da protensão


é:

Para os trechos extremos da longarina, a combinação frequente de ações para os


esforços cortante máximo e mínimo são:

73
Desse modo:

O fator de fadiga será:

Será necessário aumentar a armadura transversal! A

nova armadura transversal é então:

Foi adotado estribos de três ramos com diâmetro 10mm , espaçados a cada 8cm, que
obedece os critérios de detalhamento apresentados no item de dimensionamento à força
cortante. Ou seja, foi adotado para armaduras transversais , constante ao
longo de toda peça. Esse detalhamento resulta em uma área efetiva de 30cm²/m.

11. CÁLCULO DA FLECHA

74
No caso de uma viga biapoiada submetida a um carregamento uniformemente
distribuído, pode-se calcular a flecha segundo as equações da RESMAT:

No caso de vigas pretendidas a carga considerada no cálculo da flecha ( deve


contemplar a carga de protensão. Isso é feito a partir da consideração de que a força de
protensão pode ser entendida como um carregamento uniformemente distribuído de
baixo pra cima ( , calculado de modo:

A carga é então a soma do carregamento permanente e variável externo sob


combinação de serviço com a parcela da protensão ( .

Desse modo, na seção de meio vão, tem-se:

Como a peça é do tipo com protensão limitada, não há fissuração, e pode ser calculada
no Estádio I.

75
Essa flecha dá uma relação de flecha limite L/x de:

Essa relação é mais que o suficiente para atender aos requisitos bom comportamento da
estrutura.

12. ARMADURA DE FRETAGEM

Segundo Leonhardt (1973), uma carga concentrada gera um campo de tensões na


peça dado pela figura a seguir:

Figura 19 - Trajetórias das tensões principais.

76
Fonte: Leonhardt (1973),

O esforço de fendilhamento para esse caso é dado por:

Daí, armadura necessária é:

Para o caso de várias cargas concentradas e inclinadas atuantes, como é o caso das
ancoragens de peças protendidas, os esforços são mais complexos e requerem uma
análise mais profunda. A seguir a Figura 16 mostra as tensões de fendilhamento e as
tensões na região de bordo para um modelo com 3 forças de protensão atuantes proposto
por Leonhardt (1973).

Figura 20 - Tensões de fendilhamento e tensões nas regiões de bordo para um modelo com 3
forças de protensão atuantes.

77
Fonte: Leonhardt (1973),

Neste projeto, optou-se por trabalhar com o sistema de ancoragem da empresa Protende
Sistemas e Métodos. O seu catálogo fornece valores para as armaduras de fretagem. A
seguir as Figuras 17 e 18 apresentam o modelo AA 15,2 MTAI 09 e valores utilizados:

Figura 21 - Sistema de Ancoragem MTAI utilizado.

Fonte: Protende (2013)

Figura 22 - Valores para o sistema MTAI.

78
Fonte: Protende (2013)

Dessa forma, o catálogo sugere o uso de 7 espiras de 12,5mm CA-25 a cada 6 cm para
a armadura de fretagem. A seguir será feita uma verificação simplificada para o número
de espiras.

 Força máxima aplicada ao aço

Segundo a NBR 6118/14, para o aço CP190RB, tem-se:

Assim, um cabo com 9 cordoalhas de 15,2mm (área=1,4 cm²) será protendido com a
força de:

Caso haja problemas durante a protensão, pode-se aumentar em 10 % essa força.


Daí, tem-se:

Logo, pode-se protender um cabo, no máximo, até uma força de 194,35 ton.

79
Assim, o número de espiras na armadura de fretagem será aumentado para 8.

13. REFERÊNCIAS

NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

80
NBR 7187: Carga móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e
outras estruturas. Rio de Janeiro, 2013 .

NBR 7188: Projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido -


procedimento. Rio de Janeiro, 2003

NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas - procedimento. Rio de Janeiro, 2014

BASTOS, Paulo Sérgio. Fundamentos do concreto protendido. [S. l.: s. n.], 2019.

CARVALHO, Roberto Chust; PINHEIRO, Libânio Miranda. Cálculo e Detalhamento de


Estruturas Usuais de Concreto Armado: Volume 2. São Paulo: Pini, 2009.

CHOLFE, Luiz; BONILHA, Luciana. Concreto protendido: Teoria e prática. 2. ed.


São Paulo: PINI, 2018.

SILVA FILHO, J.N. Notas de aula da Disciplina de Concreto Protendido. UFRN,


Departamento de Engenharia Civil. 2021

LEONHARDT, F; MÖNNING, E. Construções de concreto, volume 2: casos especiais


de dimensionamento de estruturas de concreto armado. Editora
Interciência Ltda, Rio de Janeiro, 1973.

Protende Engenharia. Catálogo 2013. Disponível em: <


http://protende.engenharia.ws/CAT%C3%81LOGO%20PROTENDE.pdf>. Acesso em abril
de 2021.

81

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