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MANUAL OPERATIVO (Parte 2)

01. BARRAS DE ESTABILIZAÇÃO


Após a marcação no radier das linhas das paredes, procede-se à marcação dos furos para fixação
das barras que devem ser de aço CA-50 de 8mm de diâmetro e 50cm de comprimento.
Para a furação, utilizar broca de 8mm com uma profundidade
máxima que não ultrapasse a espessura da fundação (Fig 01). Os
furos deverão ser preenchidos com adesivo do tipo “Compound”
para garantir a melhor fixação das barras (Fig 02).
De uma forma geral devem observar-se as seguintes orientações:
- Para um painel inteiro, utilizar 3 barras posicionadas em
ziguezague (ora de um lado, ora do outro lado do painel) a 15cm
de cada extremidade e outro no centro;
- Nas paredes externas da edificação colocar as barras apenas do
lado interno do painel, para não prejudicar a borda do radier (se Fig 01 - Furação
houver calçada proceder normalmente) (Fig 03);
- Nos painéis mais pequenos utilizar o número de barras suficientes para equilibrar o painel,
separadas por uma distância adequada (por exemplo junto de aberturas de portas colocar 1
barra bem no início do painel (Fig 03);
- Amarrar as barras nos painéis com arame recozido nº18 torcido, com 3 pontos por barra no
mínimo (antes de amarrar, garantir que o painel está nivelado e aprumado) (Fig 04);
Achamos que facilita muito a execução dos furos à medida que se vão erguendo os painéis, em
vez de executar de uma só vez todos os furos do projeto. Isto torna mais fácil de fazer coincidir
os furos com algum fio longitudinal do painel, coisa que do outro jeito fica mais difícil por conta
da folga que vai sendo gerada na junção de painéis.

Fig 02 - Compound Fig 03 – Ziguezague Fig 04 – Amarração


02. MONTAGEM DOS PAINEIS
Com as barras de estabilização inferiores posicionadas, inicia-se a montagem dos painéis pelos
cantos das paredes, encaixando os painéis às barras, de modo que as mesmas fiquem entre o
EPS e a tela e, a cada vez que se encontrar uma parede perpendicular, coloca-se o primeiro painel
para ajudar na sustentação (Fig 05).

Fig 05 – Montagem com sustentação

Após o nivelamento dos painéis os mesmos serão amarrados


às barras de estabilização, e depois da conferência de prumos
e alinhamento, os painéis devem ser escorados em ambos os
lados (Fig 06).
Nesta fase de amarração percebe-se a vantagem em ter os
painéis alinhados pelos seus fios longitudinais (medidas
arquitetônicas com múltiplos de 5cm), pois os fios dos reforços
sempre coincidirão com os fios dos painéis, facilitando assim o
Fig 06 – Escoramento dos painéis
grampeamento de todas as malhas de reforço.

03. REFORÇOS DOS PAINEIS


Todos os encontros de canto externo ou interno entre painéis devem ser amarrados com os
reforços tipo “L” externo e interno respetivamente (Fig 07 e 08).

Fig 07 – Reforço tipo “L” externo Fig 08 – Reforço tipo “L” interno

A união entre painéis retos deve ser amarrada com reforços tipo liso
em ambas as faces com um mínimo de sobreposição de 10cm
(aproximadamente 50 vezes o diâmetro da seção do fio).
Todas as aberturas terão no seu perímetro reforços tipo “U” e nos
cantos de ambas as faces de deve-se aplicar reforços lisos em diagonal
a 45º e com um comprimento não inferior a 30cm com a finalidade de
evitar fissuras nesses pontos (Fig 09).
Fig 09 – Reforços a 45º
Também não esquecer, que todas as aberturas deverão ser reforçadas com ferragem nas vergas
e contravergas. Em ambos os lados (compatibilizar com projeto estrutural).
Nas aberturas para execução das portas, deve-se considerar uma folga que permita a instalação
dos batentes. Para isso, uma boa dica é convencionar uma folga de 10cm de cada lado para
esquadrias de madeira, e de 5cm para esquadrias metálicas. Esta preocupação facilita muito o
trabalho na hora de chumbar os batentes ou contra-marcos (Fig 10).

Fig 10 – Folgas das esquadrias

Quando houver aplicação de painéis em pisos superiores, os painéis das paredes externas
devem transpassar a laje, para que não haja fissura entre os concretos do revestimento e o
da laje propriamente dita.
Assim, a parede pelo lado de fora ficará contínua e os trilhos da laje ficarão engastados no
painel pelo lado de dentro (Fig 11 e 12).

Fig 11 – Transpasse da laje Fig 12 – Engaste dos trilhos

No entanto se existir uma viga ou qualquer


outra estrutura convencional, o transpasse
deverá ser garantido por uma tela presa no
painel inferior passando pela estrutura e
presa no painel superior, ficando assim
garantida a continuidade da parede evitando
assim qualquer tipo de fissura decorrente da
diferença de concretos (Fig 13).

Fig 13 – Transpasse de viga


04. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS
Após a instalação dos reforços, inicia-se a instalação hidráulica e elétrica, pluviais, drenos de ar
condicionado e outras tubulações que sejam embutidas nas paredes.
O traçado das redes é marcado sobre o painel com marcador grosso ou com tinta em spray, de
acordo com os projetos específicos. Em seguida, com o auxílio de um soprador térmico, são
abertos sulcos sobre os painéis de acordo com o traçado desenhado (Fig 14 e 15).

Fig 14 – Uso do soprador térmico Fig 15 – Sulcos para a tubulação

A tubulação é toda montada e devidamente fixada sob a tela de aço.


As saídas de hidráulica e as caixas para instalação elétrica são
fixadas na malha de aço, observando-se a regulagem para que
fiquem no mesmo plano da face concluída do revestimento
(Fig 16 e 17).

Fig 16 – Tubulação elétrica Fig 17 – Tubulação hidráulica

Caso seja necessário cortar a tela do painel para facilitar a


passagem das tubulações, esses cortes deverão ser
recobertos com reforços de malha lisos, respeitando a
sobreposição mínima.
Os quadros de alimentação elétrica por exemplo, exigem
também que a tela de aço seja retirada para que seja possível
embutir no painel (Fig 18).
Fig 18 – Corte da tela
O encaminhamento das tubulações entre pavimentos (tubos de queda e prumadas) serão
executadas através de shafts ou bonecas, já definidos em projeto (Fig 19).
Também facilita o trabalho da passagem de tubulações hidráulicas entre pisos a previsão no
projeto arquitetônico de substituição de lajes rebocadas por forros de gesso (Fig 20).

Fig 19 – Execução de shafts Fig 20 – Previsão de forros

Algumas considerações que facilitam a execução das tubulações e posteriormente adequam de


forma mais flexível os acabamentos na etapa do revestimento. A saber:
- trocar nas extremidades da tubulação de água, os joelhos azuis de 90º ou tês, por joelhos
simples de 90º ou tês simples e luvas azuis, para que o posicionamento final dessas
extremidades possa ser ajustado com a face acabada do revestimento;
- obter a definição antecipada da infra-estrutura dos ares condicionados, para a correta
execução das tubulações referente aos drenos, à tubulação de cobre e conduite elétrico,
bem como das caixas de espera;
- evitar que as tubulações fiquem em contato com as malhas do painel de forma a não
prejudicar o cobrimento do aço.

05. ALINHAMENTO E APRUMO


Na preparação dos painéis para o reboco, torna-se imprescindível conferir todos os reforços e
uniões, verificando as amarrações e as sobreposições, e ainda a verificação cuidadosa dos
cobrimentos de todas as ferragens existentes.
Finalmente, muita atenção a todas as zonas de junção de painel, onde as placas de isopor ficam
descontínuas, e como tal naturalmente desalinhadas, necessitando por isso dar uma derretida
de forma a que esse alinhamento fique o melhor possível. Da nossa experiência, esse é um dos
motivos causadores do aparecimento de fissuras (não estruturais) nas paredes finalizadas.
Segue-se um resumo das principais verificações a efetuar antes de iniciar o revestimento:
- conferir todos os reforços e uniões, verificando se nenhuma ficou faltando, e se foram feitas
todas as amarrações e sobreposições;
- garantir os cobrimentos de todas as ferragens existentes, nomeadamente nas barras de
estabilização, malhas de reforço lisas, em “L” e em “U”, e aço adicional que tenha sido
utilizado em reforços estruturais;
- garantir que nas zonas de junção de painel, o isopor fica alinhado, tornando essa zona de
junção o mais homogênea possível;
- alinhar os painéis de forma precisa para garantir espessuras de revestimento o mais
homogêneas possível;
- conferir todas as tubulações que vão ficar embutidas nas paredes e verificar se as
extremidades se encontram tapadas para evitar possíveis entupimentos por conta da
argamassa de revestimento;

06. REVESTIMENTO COM MICRO-CONCRETO


Após a verificação e preparação das superfícies a serem projetadas, pode-se proceder à
aplicação do micro-concreto no traço de 1:3 (cimento/areia), fck não inferior a 25Mpa, cimento
CPII 32 (consumo de 503Kg/m3), fator a/c não superior a 0,51, com adição de fibra de
polipropileno e aditivo tipo Kalfix M-07 Evolution, nas quantidades recomendadas pelos
fabricantes.
Este traço corresponde a 1 saco de cimento para 6 latas de areia grossa na 1ª demão e 1 saco de
cimento para 3 latas de areia grossa e 3 latas de areia lavada, na segunda mão.
Antes da 2ª demão de micro-concreto, devem ser executadas as mestras ou taliscamento que
servirão para demarcar as áreas de projeção, delimitando a espessura final do micro-concreto e
como apoio para a régua utilizada no sarrafeamento. Por isso devem estar bem alinhadas e
aprumadas para garantir um perfeito acabamento do revestimento e espessura de projeto.
O micro-concreto deve ser preferencialmente projetado, utilizando compressor com capacidade
mínima de 120 libras e pressão de saída na boca na faixa das 105 libras. Também pode ser feito
pelo processo manual tradicional ou com auxílio da caneca, ou com bomba.
Para esta segunda camada de micro-concreto admite-se sistema de ligação úmida e cura da
camada anterior não superior a 72 horas.
Logo após a projeção, deve ser feito o sarrafeamento a fresco, com o objetivo principal de retirar
o excesso de material projetado na parede e também de promover uma regularização inicial. Se
for verificada a existência de falhas na aplicação do micro-concreto, deve-se refazer
imediatamente a projeção, corrigindo tais irregularidades.
Assim que a argamassa “puxar”, inicia-se o processo de sarrafeamento e desempeno para dar o
acabamento final desejado.
Deve-se promover uma cura úmida por no mínimo 3 dias, utilizando uma mangueira com
projeção da água em forma de chuveiro.

Reboco manual Reboco com caneca Reboco com bomba

_______________________________________________
JESUS MANUEL COELHO
Engenheiro Civil – CREA: 5069516588/SP
ANEXO 1 - TRAÇOS DO MICRO-CONCRETO e DICAS

a. Primeira mão:
- 1saco de cimento;
- 6 latas de areia grossa;
- até 25 litros de água(fator a/c não superior a 0.51);
- 200ml de Kalfix M-07 Evolution;
- 100gr de micro-fibra de polipropileno.
b. Segunda mão:
- 1saco de cimento;
- 3 latas de areia grossa;
- 3 latas de areia média ou fina;
- até 25 litros de água(fator a/c não superior a 0.51);
- 200ml de Kalfix M-07 Evolution;
- 100gr de micro-fibra de polipropileno.

c. Micro-Concreto preparado manualmente:

(1) (2) (3) (4)

(1) Coloque a areia formando uma camada de cerca de 15cm de altura;


(2) Sobre essa camada coloque o cimento, o kalfix e a fibra de polipropileno;
(3) Mexa até formar uma mistura uniforme. Faça um monte com um buraco no meio (coroa);
(4) Adicione e misture a água aos poucos evitando que escorra para fora da coroa.

d. Micro-Concreto preparado na betoneira:

(1) (2) (3) (4)

(1) Coloque a areia na betoneira;


(2) Adicione metade da água;
(3) Ponha o cimento, o kalfix e a fibra de polipropileno;
(4) Por fim, adicione o resto da água.
ANEXO 2 - CHECK-LIST PARA VERFICAÇÃO DAS PAREDES ANTES DO REVESTIMENTO

VERFIFICAÇÃO Aval 01 Aval 02 Aval 03


Barras de estabilização fixadas no solo e amarradas em pelo menos três
pontos
Reforços em L, externos e internos em todos os encontros entre painéis na
perpendicular, amarrados e grampeados
Reforços LISOS em todas as junções entre painéis com sobreposição de
pelo menos 10cm para cada lado, amarrados e grampeados
Reforços em diagonal (45º) em todas as esquadrias e de ambos os lados do
painel, amarrados e grampeados
Reforços em U em todo o perímetro das aberturas, amarrados e
grampeados
Existência de ferragens nas vergas e contra-vergas em todas as esquadrias,
amarrados com arame de 20 em 20cm
Reforços de malha LISA em todas as paredes externas presas nos 10cm do
final do painel e trespassando para cima a espessura da laje + 10cm para o
painel do piso superior, amarrados e grampeados (quando aplicável).
Tubulação embutida (elétrica, hidráulica, pluviais, drenos de AC, outras).
Verificar se nada está faltando e se as mesmas não encostam nas malhas
Tapar todas as bocas das tubulações para não correr o risco de entupir
com o concreto (pode tapar com um pedaço de plástico amarrado com um
elástico daqueles que usa para o dinheiro).
Recolocação de malha LISA nos locais onde foi retirada por conta das
passagens de tubulação, devidamente amarrada e grampeada
Todas as esquadrias que ficaram de ser cortadas diretamente no painel
(dar uma conferida para ver se não ficou alguma por cortar).
Garantia do cobrimento de todo o aço existente nos painéis (barras de
estabilização, vergas e contra-vergas, reforços LISOS, reforços em L,
reforços em U, etc.) (1)
Zonas de junção entre painéis verificar se o isopor está alinhado entre um
painel e o outro. Se não estiver, derreter um pouco do lado mais saliente.
Verificação do alinhamento e aprumo das paredes antes de iniciar o
reboco.

(1)
– Em caso de dúvida, é preferível derreter a mais do que a menos.

Ass. do Aval 01: ______________________________________________________

Ass. do Aval 02: ______________________________________________________

Ass. do Aval 03: ______________________________________________________

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