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Material Específico – Engenharia Civil – Tomo VII – CQA/UNIP

ENGENHARIA CIVIL

MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO

Tomo VII

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Material Específico – Engenharia Civil – Tomo VII – CQA/UNIP

Questão 1
Questão 1.4
Um ambiente termicamente confortável é uma das condições que devem ser consideradas
em projetos de edificações. A fim de projetar um ambiente interno com temperatura de
20ºC para temperatura externa de 35ºC, um engenheiro considerou, no dimensionamento,
fluxo de calor através de uma parede externa de 105W/m2, conforme ilustra a figura abaixo.

A tabela a seguir apresenta os valores da condutividade térmica para alguns materiais de


construção.

Condutividade térmica
 W  m1  K 1 
Material

Concreto 1,40
Pedra natural 1,00
Placa de aglomerado de fibras de madeira 0,20
Placa de madeira prensada 0,10
Placa com espuma rígida de poliuretano 0,03
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA TÉCNICAS. NBR 15220-1: Desempenho térmico de edificações – Parte 1: Definições,
símbolos e unidades. Rio de Janeiro, 2005 (com adaptações)

A fim de obter a temperatura interna desejada, qual deve ser o material selecionado, entre
os apresentados na tabela acima, para composição da parede externa?
A. Concreto. B. Pedra natural.
C. Placa de madeira prensada. D. Placa com espuma rígida de poliuretano.
E. Placa de aglomerado de fibras de madeira.

4Questão 12 – Enade 2014.

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1. Introdução teórica

1.1. Mecanismos de transferência de calor

A transferência de calor é a transferência de energia de uma região para outra em


virtude da diferença de temperatura entre elas. Os mecanismos de transferência de calor
são a condução, a radiação e a convecção.
A condução e a radiação dependem somente da diferença de temperatura entre dois
pontos e de um meio de propagação. A convecção depende da diferença de temperaturas e
do transporte de massa (KREITH e BOHN, 2003).

1.2. Condução

O fluxo de calor ( q ) que atravessa uma parede plana, em regime permanente, é


diretamente proporcional à área A da superfície normal ao gradiente de temperaturas (lei de
Fourier).
A figura 1 mostra uma parede de espessura L sendo atravessada por fluxo de calor
q , com perfil de temperaturas linear. A diferença de temperatura T é dada por T2-T1. O

coeficiente de condutividade térmica do material da parede é indicado por .

A T

q -( T/ x)
T1
T( x)

T2

L
Figura 1. Fluxo de calor atravessando uma parede.
Fonte. KREITH e BOHN, 2003 (com adaptações).

Para a parede da figura 1, temos:

 .A
q   T
L

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Assim, o fluxo por unidade de área ( q , ) fica:

q 
q,       T
A L

Pela expressão anterior, observamos que o fluxo varia inversamente com a espessura
L da parede.
Podemos observar, também, que materiais com condutividade térmica maior
permitem fluxo de calor maior. Isto é, para uma mesma diferença de temperaturas, o fluxo
de calor é proporcional à condutividade térmica do material da parede.
Observando por outro ângulo, podemos dizer que, para um mesmo fluxo de calor, a
diferença entre as temperaturas das faces da parede será tanto menor quanto maior for a
condutividade térmica do material.
Na figura 1, a condutividade térmica é responsável pelo declive T / x da reta, ou

seja, quanto maior a condutividade térmica do material, menos inclinada é a reta.


Quando as temperaturas T2 e T1 permanecem constantes ao longo do tempo,
dizemos que o regime é permanente. Quando a maior das temperaturas, indicada por T1,
diminui com o tempo t, a quantidade de calor transferida é cada vez menor. Logo, a
temperatura em cada ponto da parede varia com o tempo. Nesse caso, dizemos que
estamos no regime transiente (BRAGA FILHO, 2004).
Na figura 2, a parte (a) representa o perfil de temperaturas em um regime
permanente e a parte (b) representa o perfil de temperaturas em um regime transiente.

Figura 2. Perfil de temperaturas em uma parede plana.


Fonte. BRAGA FILHO, 2004.

No regime permanente, a distribuição de temperaturas ao longo da espessura da


parede é linear. Isso não ocorre no regime transiente.

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Segundo Rodrigues (2011), em um regime permanente, o fluxo de calor ( q ) é


constante. Nesse regime, o calor total transferido (E) em um intervalo de tempo (t) é o
produto entre o fluxo de calor e o tempo. Ou seja:

E  q t

2. Resolução da questão

Usando a expressão que fornece o fluxo de calor por unidade de área, temos:


q ,   .T
L

Visto que L  0 ,2m e T  294  309 K , ficamos com:

W 
105   294  309 K
2
m 0 ,2m

W
105 0 ,2m
  m2
15 K

W
  1,4
mK

3. Análise das alternativas

A - Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. De acordo com o resultado obtido na resolução da questão, o material
selecionado é o concreto.

B - Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Para que a pedra natural fosse a resposta correta, seria necessário que o
fluxo fosse igual a 75W/m2.

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C - Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Para que a placa de madeira prensada fosse a resposta correta, seria
necessário que o fluxo fosse igual a 7,5W/m2.

D - Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Para que a placa com espuma rígida de poliuretano fosse a resposta
correta, seria necessário que o fluxo fosse igual a 2,25W/m2.

E - Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Para que a placa de aglomerado de fibras de madeira fosse a resposta
correta, seria necessário que o fluxo fosse igual a 15W/m2.

3. Indicações bibliográficas

 BRAGA FILHO, W. Transmissão de calor. São Paulo: Thomson Learning, 2004.


 KREITH, F.; BOHN, M. S. Princípios da transmissão de calor. São Paulo: Cengage, 2003.
 RODRIGUES, E. Conforto térmico das construções. Disponível em
<http://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/c/c6/Transmissao_de_Calor_em_Edificacoes.pdf>.
Acesso em 23 nov. 2011.

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Questão 2
Questão 2.6
Engenheiros de uma empresa holandesa encontraram uma maneira de fazer com que os elevadores
terrestres subam até o topo de edifícios com 1000 metros de altura, pois os cabos de aço, usados
nos elevadores atuais, só conseguem alçá-los à altura de aproximadamente 500 metros. Isso será
possível com a criação de um novo cabo super leve e super forte, ou seja, uma espécie de cinta,
tecida com fibras de carbono. Em vez dos fios de aço entrelaçados usados nos cabos de aço comuns,
a cinta é formada por quatro fitas de fibra de carbono seladas em plástico transparente. O plástico é
necessário para proteger do atrito as fibras de carbono e aumentar a vida útil do conjunto. Cada fita
tem 4 centímetros de largura por 4 milímetros de espessura. Elas são parecidas com uma régua
escolar flexível. Esse novo material supera ligeiramente a resistência à tensão do aço, mas pesa sete
vezes menos do que o atualmente usado. Assim, a força gasta para sustentar o peso do próprio cabo
passa a ser aplicada para sustentar apenas o elevador e o consumo de energia dos elevadores é
cerca de 15% menor do que os anteriores.
Disponível em <http://www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em 27 jul. 2014 (com adaptações).

Tendo em vista a situação descrita, avalie as afirmações a seguir.


I. O cabo de fibra de carbono suporta elevadas cargas devido à sua elevada resistência à
tração.
II. A fibra de carbono torna o cabo bem mais flexível, o que, aliado a sua resistência à
tração, proporciona a esse material uma vantagem em relação aos cabos de aço
convencionais.
III. A relação resistência/peso do cabo de fibra de carbono assegura vantagem desse
material em relação aos cabos de aço, pois a economia do peso próprio do cabo pode ser
usada para sustentar o elevador e reduzir o consumo de energia.
IV. Apesar da resistência à tensão ser apenas ligeiramente maior no cabo de fibra de
carbono, a vantagem principal de seu uso é a alta relação resistência/peso.
É correto apenas o que se afirma em
A. I.
B. II.
C. I e III.
D. II e IV.
E. III e IV.

6Questão 13 – Enade 2014.

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1. Introdução teórica

1.1. Cabos de aço

Os cabos de aço, também conhecidos como cabos metálicos, são muito utilizados em
trabalhos de ancoragem e de movimentação de cargas (DE PAOLI, 2009). Uma de suas
grandes áreas de aplicação é a de construção de máquinas de elevação e de transporte,
como elevadores, talhas, guindastes etc.
Os cabos de aço são obtidos a partir do entrelaçamento de cordões de aço (pernas),
cada um deles constituídos de fios de aço entrelaçados, tendo um núcleo central (alma), que
pode ser metálico, feito de fibras naturais ou feito de fibras artificiais (DE PAOLI, 2009). A
figura 1 apresenta um cabo de aço e seus componentes.

Figura 1. Cabo de aço.


Fonte. FRAGOSO, 2015 (com adaptações).

A escolha do tamanho, do tipo de material dos cordões e do tipo da alma está


relacionada à flexibilidade e à carga que o cabo pode suportar. Núcleos de fibra propiciam
cabos mais flexíveis e mais leves do que os que têm núcleo de metal. Cabos de núcleo
metálico apresentam capacidade de carga maior do que os de núcleo de fibra. Esse fato
pode ser observado quando se comparam dois cabos de mesmo diâmetro.
O quadro 1, retirado da norma NBR 6327/2006, apresenta dados de cabos com alma
de fibra e alma de aço.

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Quadro 1. Características de cabos de aço.

Fonte. NBR 6327/2006 (com adaptações).

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No quadro 1, estão destacados dois cabos de 8 milímetros de diâmetro. O cabo de


núcleo de fibra apresenta massa de 20,1kg a cada cem metros de comprimento e o cabo de
núcleo de aço apresenta massa de 24,6kg a cada cem metros de comprimento. O cabo de
alma de fibra tem limite de resistência igual a 28,7kN e o cabo de alma de aço tem limite de
resistência igual a 40,7kN.

1.2. Cintas de fibra de carbono

As cintas de fibra de carbono são compostas por fios de carbono, feitos de filamentos
de carbono, entrelaçados de maneira a formar uma cinta altamente resistente e leve.
Quando comparamos as propriedades da fibra de carbono às do aço, notamos que a
resistência à tração da fibra de carbono é aproximadamente três vezes o valor da resistência
à tração do aço e sua densidade é cerca de 22% a densidade do aço (BOLUFER, 2015).
Com relação ao módulo de elasticidade, em função da fabricação, é possível
encontrarmos fibras de carbono de 240GPa até 400GPa.

2. Análise das afirmativas

I - Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, a resistência à tração da cinta de fibra de carbono é
ligeiramente superior à resistência à tração do aço.

II - Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A fibra de carbono não é mais flexível do que o aço. Seu módulo de
elasticidade pode chegar ao dobro do módulo de elasticidade do aço.

III e IV – Afirmativas corretas.


JUSTIFICATIVA. O texto afirma que “esse novo material supera ligeiramente a resistência à
tensão do aço, mas pesa sete vezes menos do que o atualmente usado”. Logo, “a força
gasta para sustentar o peso do próprio cabo passa a ser aplicada para sustentar apenas o
elevador e o consumo de energia dos elevadores é cerca de 15% menor do que os
anteriores”.

Alternativa correta: E.

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2. Indicações bibliográficas

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6327/2006 – Cabos de


aço para uso geral – requisitos mínimos. Rio de Janeiro: 2006.
 BOLUFER, P. La fibra del carbono, un material para el siglo 21. Disponível em <http:
//www.interempresas.net/Plastico/Articulos/16574-La-fibra-de-carbono-un-material-para-
el-siglo-21.html>. Acesso em 21 out. 2015.
 DE PAOLI, P. C. Manual do pontoneiro. Brasília: QEMA, 2009.
 JC FRAGOSO REPAROS ME. Cabos de aço. Disponível em
<http://jcfragoso.com.br/cab.aspx>. Acesso em 21 out. 2015.

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