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Universidade Federal Fluminense

Avaliação Individual 1
TROCADORES DE CALO BITUBULARES

TEQ00137 – OPERAÇÕES UNITÁRIAS III

Aluno: Tito Weber Carnavalli

UFF 2021.2
06/12/2021
Sumário:
1. Introdução.............................................................................................................3
2. Estrutura básica de um Trocador de Calor Bitubular............................................3
3. Componentes.........................................................................................................5
4. Cálculos Associados..............................................................................................6
5. Aplicações.............................................................................................................11
6. Vantagens e Desvantagens....................................................................................12
7. Referências Bibliográficas.....................................................................................13
1. Introdução

O processo de remoção ou adição de calor a um sistema líquido ou


gasoso é indispensável em qualquer processo industrial, se fazendo presente
desde indústrias de base até as do ramo alimentício. Por se tratar de algo tão
fundamental, os conhecimentos acerca do funcionamento dos trocadores de
calor, principalmente ao que se refere ao seu projeto, são imprescindíveis para
se promover quaisquer atividades operacionais oriundos de processos
industriais.

Neste presente trabalho, serão abordados os Trocadores de Calor do


tipo Bitubular que, apesar de se constituírem de uma tecnologia mais simples
se comparada às demais já existentes para equipamentos de troca térmica,
ainda são bastante utilizados e são importantíssimos para a compreensão dos
princípios físicos que regem a troca de calor entre dois fluidos.

2. Estrutura Básica de um Trocador de Calor do tipo Bitubular

A unidade básica que constitui este tipo de trocador de calor é formada


por duas estruturas tubulares concêntricas, onde a tubulação externa envolve a
interna e, no interior de cada uma delas escoará um dos fluidos de troca
térmica. Isto ocorre sem permitir que estes fluidos entrem contato diretamente,
proporcionando, assim, apenas a troca de calor entre as duas correntes de
liquido ou gás que adentrarão o equipamento. A unidade possui um formato de
ferradura e é denominada grampo.

Figura 1: Diagrama simplificado que demonstra o funcionamento de um


trocador de calor bitubular, com ambos os fluxos correndo no sentido
contracorrente.(5)
Figura 2: Unidade básica, também denominada grampo, de um trocador de
calor bitubular. Os fluxos também estão no sentido contracorrente nesta
representação. (6)

Estes tipos de trocadores são constituídos, majoritariamente, por um


conjunto de grampos que formam uma serpentina por onde um dos fluidos
escoará no interior do tubo interno e o outro fluido escoará no interior do tubo
externo e sobre a face exterior do tubo interno, consequentemente. Através
deste contato, ocorrerá o processo de transferência de calor por convecção,
tendo em vista que os dois fluidos em temperaturas diferentes estarão em
movimento. A transferência de calor por condução que se dá através da parede
do tubo interno não é contabilizada devido ao pequeno valor de espessura
desta tubulação. (3) A troca de calor entre o fluido de escoamento externo ao
tubo interno e a parede do tubo externo também é desconsiderada nos cálculos
de projeto.

3. Componentes

Figura 3: Exemplo de um trocador de calor simples utilizado em processos de


pequena escala. (7)
A tubulação mais interna do equipamento possui formato longitudinal na
porção envolvida pelo tubo externo, podendo ou não ser aletada. Nesta seção,
a transferência de calor ocorre principalmente no sentido axial. A presença de
aletas aumenta a área de troca térmica entre os fluidos, possibilitando um
aumento da quantidade de calor trocada entre eles.
No entanto, este componente pode também ser prejudicial ao projeto,
pois aumenta a perda de carga dos fluidos à medida que este cria obstáculos
físicos dentro das tubulações, o que pode aumentar o custo de funcionamento
do equipamento, pois demandará maior gasto energético para bombeamento
dos fluidos.

Figura 4: Tubulações aletadas que podem ser usadas em trocadores


bitubulares.(9)
A tubulação interna do equipamento também possui uma porção que
não é envolvida pelo tubo externo e é responsável pela conexão entre cada
parte da estrutura. Este trecho da tubulação interna possui formato de ferradura
e é denominado curva de retorno. Para cada grampo do equipamento existe
uma curva de retorno.
Além dos tubos cilíndricos concêntricos por onde os fluidos de troca
térmica escoarão, o equipamento possui estruturas auxiliares que são
encarregadas de guiar o os fluidos para o interior do trocador e, também, de
uma seção para outra. Essas estruturas são acoplamentos hidráulicos, ou
flanges, próprios para trocadores de calor.

A tubulação externa envolve a porção longitudinal dos tubos internos em


cada porção da estrutura. Cada grampo contém duas tubulações externas e
todas elas são interligadas através de tubulações auxiliares do tipo “Te”,
permitindo, assim, que o fluido de escoamento mais externo percorra todo o
caminho dento do equipamento. A transferência de calor nessa seção ocorre
principalmente de forma radial.
Figura 5: A união das tubulações e do equipamento com a entrada e saída dos
fluxos é feita pelos flanges. Já a curva de retorno conecta as duas seções de
tubos concêntricos que compõem cada grampo. Já as tubulações do tipo “Te”
conectam os tubos externos. (10)

Figura 6: Flanges de Aço Inoxidável, comumente utilizados em trocadores de


calor bitubulares. (8)

4. Cálculos associados
Para as avaliações quantitativas necessárias para o projeto de
trocadores de calor do tipo bitubular, existem duas propriedades fundamentais
que devem ser avaliadas: a transmissão de calor e a perda de carga dentro de
cada tubulação. Elas regem o sistema de cálculos e estabelecem diversos
fatores importantes para o projeto, como o consumo de energia que será
exigido para impulsionar os fluidos por dentro do equipamento, a variação de
temperatura que cada fluido obterá após o processo, além de avaliar fatores de
incrustação que podem ser gerados com a passagem dos fluidos pelas seções
tubulares.
Figura 7: Corte transversal da seção de tubos coaxiais que compõem um
trocador bitubular.(3)

o Análise Térmica:
Inicialmente, para a modelagem dos cálculos, consideraremos que as
trocas térmicas ocorrem por convecção (Lei de Resfriamento de Newton) e
condução (Lei de Fourier), desprezando-se as trocas de calor pela parede
do tubo externo:
dT
 Condução: q=−KA
dx
 Convecção: q=h A dT

Onde h é o coeficiente de película ou de transmissão de calor por


convecção, [ BTU
2 ][
h ft ° F
;
Kcal
2
h m °C ][ ]
W
; 2 . A é a área de troca térmica do
m K
sistema, K é o coeficiente de transmissão de calor por condução através
da parede do tubo e dT é a variação de temperatura ocasionada pela
transferência de calor (gradiente de temperatura).

A Taxa de calor total do sistema é dada por:

(T w 1−T w 2)
q=hi Ai ( T w2−T 2 ) +2 πLK +ho Ao ( T 1−T w 1 )
ln ( )
d
D

∴ ( T 1−T 2 ) =q ( 1
ln
+
( Dd ) +
hi Ai 2 πLK
1
ho Ao
)= q Rt=q
1
UA
Onde U é o coeficiente global de troca térmica, [ BTU
2 ][,
Kcal
2
h ft ° F h m °C];

[ ]
W
2
m K
, que também pode ser definido como: U =
A
1
Rt
, onde A é a área
total de troca térmica e Rt é a resistência total oferecida pelo sistema.

1
=
1
+
ln ( Dd ) + 1
U A hi Ai 2 πLK ho Ao

Desprezando-se o termo de condução (K→∞), temos:

1 1 1
= +
U A hi Ai ho Ao

1 1 Ai
o Caso A → Ai : = +
Ui hi h o Ao
1 Ao 1
o Caso A → Ao : = +
Uo h i Ai h o

Sabendo que o coeficiente de película interno referido à área externa


Ai
é dado por hio=hi , pode-se reescrever Uo da seguinte forma:
Ao

1 1 1 hio +ho
= + =
U o hi o h o hio h o

hio h o
∴ U o= =U c
hio +ho

Uc é o coeficiente global limpo, que é aplicado somente quando o


sistema não apresenta formação de incrustações ou presença de aletas na
tubulação interna.
No entanto, para sistemas reais, sempre existirá formação de
incrustações causadas pelos fluidos de escoamento. Portanto, calcula-se
um fator de Incrustação Rd que serve para corrigir o valor do coeficiente
global de troca térmica, contabilizando-se a perda da eficiência do sistema
ocasionada pelas incrustações formadas nas superfícies externa (R Do) e
interna (RDi) da tubulação.

1 1 1
= + R D= + R Do + R Di
UD U c Uc

Pode-se definir, portanto, um coeficiente global de troca térmica para a


transferência de calor no trocador como U D, que é o Coeficiente Global do
Projeto. Desse modo, a equação que descreve a Transmissão de Calor
adaptada para o projeto é dada por:
q=U D A ∆ T

Como a troca térmica no sistema é realizada por dois fluidos de


diferentes naturezas e durante um determinado intervalo de tempo, muitas
vezes, ao final do processo, estes terão diferentes valores de variação de
temperatura (∆ T 2 ≠ ∆T 1, sendo ∆ T 1a variação de temperatura no terminal
frio e ∆ T 2a variação de temperatura no terminal quente). Quando isto
acontece, precisa-se calcular a diferença de temperatura média logarítmica
(LMTD), que é dada por:
∆T 2−∆ T 1
LMTD=
∆ T2
ln
∆ T1

Este cálculo pode ser aplicado para os seguintes quatro casos:

(I) Fluidos escoando paralelamente sem mudança de (II) Fluidos escoando contracorrente sem mudança de estado
estado físico. (10) físico. (10)

(III) Fluido frio sofrendo mudança de (III) Fluido quente sofrendo mudança de
estado físico durante a troca térmica. (11)
estado físico durante a troca térmica. (3)

Obs.: Para casos onde pelo menos um dos fluidos apresenta


viscosidade µ>1cP no terminal frio, ao invés do LMTD, deverá ser calculada as
temperaturas calóricas para o fluido quente (T c) e para o fluido frio (t c), dadas
por:

T c=T 2 + F c(T 1−T 2) t c=t 2 + F c(t 1−t 2)

A fração calorífica Fc é obtida no gráfico “AVERAGE FLUID


TEMPERATURE” presente na pág.827 do Kern (Internetional Student Edition).
Importante lembrar que o coeficiente convectivo (h) é uma função do
número de Nusselt (Nu), que é um parâmetro adimensional que relaciona o
fluxo de calor convectivo com o fluxo de calor por condução:
hL
Nu=
K

Para cada caso de escoamento, levando-se em consideração fatores como


temperatura, velocidade de escoamento e área de troca térmica, existem
valores de Nu tabelados na literatura.
o Análise do escoamento:

Através desta análise, é possível calcular as perdas de carga que cada


fluido sofre dentro do equipamento. Os projetos para implementação de
trocadores de calor costumam especificar um valor limite de perda de carga
total que o sistema pode atingir, geralmente determinada pela capacidade de
bombeamento de fluidos que a planta industrial possui. Normalmente, a faixa
de perda de carga recomendada é entre 5 e 10 psi.
A Perda de Carga total do sistema pode ser calculada através da
seguinte expressão:
∆ Ft ρ
∆ Pt = [ psi ] onde : ∆ F t=∆ F p + ∆ F a + ∆ F l
144
∆Fp é a perda de carga no tubo interno, dada por:
2
4fG L
∆ F p= 2
[ft ]
2g ρ D
Onde:
 f: fator de atrito (=16/Re para regime laminar e
=0,0035+(0,264/Re0,42) para regime turbulento);
 G : Fluxo mássico;
 L: Comprimento do tubo interno;
 g: aceleração da gravidade;
 ρ: massa específica do fluido;
 D: Diâmetro do tubo interno.
Neste caso, as perdas de cargas localizadas são desconsideradas.
O escoamento no tubo externo ocorre na direção radial da tubulação, e,
portanto a perda de carga é avaliada no anel e é dada por:
2
4 f Ga L
∆ F a= 2
[ft ]
2 g ρ De '

Onde:
 f: fator de atrito (=16/Re’ para regime laminar e
=0,0035+(0,264/Re’0,42) para regime turbulento);
 Ga : Fluxo mássico do fluido que escoa no anel;
 L: Comprimento do tubo interno;
 g: aceleração da gravidade;
 ρ: massa específica do fluido;
 De’: Diâmetro equivalente para a perda de carga (De’=D-d).

O Re’ é um novo número de Reynolds calculado para esse caso, dado


De’ G.
por: ℜ’=
µ
As Perdas de Carga Localizadas no anel não podem ser desprezadas,
sendo calculadas por:
2
nv
∆ F l= [ft ]
2g
Onde:
 n: número de grampos;
 v : velocidade de escoamento do fluido no anel (v= G/3600ρ);
 g: aceleração da gravidade.

5. Aplicações

Além do baixo custo (comparado aos demais equipamentos de troca


térmica disponíveis no mercado), este equipamento apresenta outras
vantagens, devido a sua capacidade de acomodar bem a expansão térmica de
suas tubulações, sem necessitar de juntas de dilatação. Consequentemente,
este tipo trocador consegue suportar altos valores de pressão gerados por
grandes vazões de fluido, bem como também suportar altas temperaturas e
escoamento de líquidos viscosos em seu interior. (6) Portanto, apesar de
fornecer menor área de troca térmica em comparação a outros tipos de
trocadores, este tipo de equipamento ainda possui muitas aplicações dentro da
indústria.

Nas indústrias do ramo alimentício, por exemplo, os trocadores de calor


bitubulares são os equipamentos mais utilizados para processos de troca
contínua de calor, perdendo apenas para os trocadores de calor do tipo casco
e tubo. (1) Um exemplo disso, é o processo de pasteurização de bebidas não
alcoólicas, como é o caso do suco de pomelo, que necessita de um tratamento
térmico capaz de, simultaneamente, esterilizar o líquido e manter suas
propriedades nutricionais e organolépticas.(1) Esta técnica realizada com
trocadores bitubulares permite prolongar prazo de validade de alimentos sem a
necessidade de conservantes, que em sua maioria são artificiais, podendo ser
prejudiciais a saúde humana. (2)

Figura 8: Trocador bitubular utilizado em indústrias do ramo alimentício para


esterilização e pasteurização de líquidos.(14)

Uma outra aplicação dos trocadores de calor do tipo bitubular é na indústria


petrolífera, no processo de desemulsificação do petróleo cru com o objetivo de
reduzir sua salinidade, e também para reduzir a temperatura do óleo ou do gás
natural após estes terem sido submetidos a processo de compressão,
condensação ou de aquecimento dentro de uma torre de destilação.(13)

6. Vantagens e Desvantagens

a) Vantagens:
• Custo baixo para adquirir e manter um bom funcionamento.
• Livre de manutenções ou reparos constantes.
• Área em que os fluidos entram em contato é maior quando se utiliza
um trocador de calor.
• Uma vez que os dois fluidos se encontram mais próximos, o processo
se torna mais eficaz.
• Fáceis de fabricar e com padronização de peças, por simples design.
Facilitando reparação, manutenção e modificação do equipamento.
• Estrutura física destes trocadores viabiliza a acomodação de mais de
um trocador.

b) Desvantagens:
• Utilização limitada a tarefas térmicas de projetos menores que
possuem baixas vazões e carga térmica.
• Restrição em relação a algumas aplicações já que é comumente
utilizado em regimes de fluídos em contracorrente.
• Menor eficiência na transferência de calor que um trocador de casco.
7. Referências Bibliográficas:

1. KECHICHIAN, VIVIANE (Catálogo USP): Tese de Doutorado: Modelagem


do processo térmico contínuo de fluidos alimentícios não-newtonianos em
trocador de calor bitubular. Páginas (9-10):
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3137/tde-12122011-150453/
publico/Tese_Viviane_Kechichian.pdf

2. PEGORARO, PAULA ROSSATO (Catálogo USP): Distribuição do tempo


de residência e letalidade no processamento térmico contínuo de líquidos
com escoamento laminar não ideal em trocadores bitubulares. Páginas (18-
22): https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3137/tde-10052012-
122241/publico/Dissertacao_Paula_R_Pegoraro.pdf

3. ADRIANO ERIQUE OLIVEIRA LIMA* FREDERICO RIBEIRO DO


CARMO**. Criação De Uma Ferramenta Computacional Para Facilitar O
Estudo De Trocadores De Calor Bitubulares. Págs. (19–23):
http://conexoes.ifce.edu.br/index.php/conexoes/article/view/407/326

4. https://www.youtube.com/watch?v=Lk1dR4MO-mo

5. Website Thomas ® - “All About Double Pipe Heat Exchangers - What You
Need To Know”:
https://www.thomasnet.com/articles/process-equipment/double-pipe-heat-
exchangers/

6. Website EnggCyclopedia - Heat Exchanger Types


https://www.enggcyclopedia.com/2011/05/heat-exchanger-types/

7. Website JC Equipments Pvt. Ltda.: https://jcequipments.com/double-pipe-


heat-exchanger.html

8. Website Sandvik Materials Technology: https://www.materials.sandvik/pt-


br/produtos/tube-pipe-fittings-and-flanges/tubular-products/flanges/

9. Website Fin Tube Manufacturer: http://www.lordfintube.com/longitudinal-


finned-tubes_663.html

10. Autor Desconhecido - Trocadores de Calor:


https://adm.online.unip.br/img_ead_dp/38460.PDF

11. Website The Engineering ToolBox:


https://www.engineeringtoolbox.com/arithmetic-logarithmic-mean-
temperature-d_436.html
12. Website PetroSkills - Article: Impact of Temperature Approach of the Heat
Exchangers on the CAPEX and OPEX of a Mechanical Refrigeration Plant
with MEG Injection:
http://www.jmcampbell.com/tip-of-the-month/2019/06/impact-of-
temperature-approach-of-the-heat-exchangers-on-the-capex-and-opex-of-a-
mechanical-refrigeration-plant-with-meg-injection/

13. TROCADORES DE CALOR Discentes: Andréa Pires Bianca Fernandes


Gabriela Vilela Janayna Silva Juliana Borges Maria Emília Raquel Faleiros
Docente: Fernanda Diamantino Disciplina: Operações Unitárias III:
https://pt.slideshare.net/janaynasilva52/trocadores-de-calor-68818208

14. Website Direct Industry:


https://www.directindustry.com/prod/inox-fer/product-119291-1493695.html

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