Você está na página 1de 8

PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

MÉTODOS GRÁFICOS PARA AVALIAÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

A especificação (calibração) de um determinado trocador é feita mediante o uso de todas as


equações pertinentes para se calcular a adaptação de um trocador existente para dadas
condições de processo, ou seja, para um trocador já existente avalia-se a sua aplicação em um
processo. Existem três pontos significativos para a determinação da adaptação de um dado
trocador para um novo serviço:
1) - Qual o coeficiente de polimento UC, que pode ser “atingido” pelos dois fluidos em virtude
dos seus escoamentos e dos coeficientes peliculares individuais hio e ho?
2) - Pelo balanço de calor Q = WC(T1 - T2) = wc(t2 - t1), conhecendo-se a área A e a verdadeira
diferença de temperatura para as temperaturas de processo, obtém-se o valor de UD para o
coeficiente de incrustação. O valor de UC deve ser suficientemente maior do que o de UD de
modo que o fator de incrustação, que é uma medida do excesso de superfície, possibilitará a
operação do trocador durante um período razoável de serviço.
3) - As quedas de pressão permitidas para as duas correntes não devem ser superadas.
Quando estas condições são preenchidas, um trocador existente pode ser adaptado para as
condições do processo para as quais o trocador foi calibrado.
Para se iniciar um cálculo, o primeiro ponto que surge é determinar se será o fluido quente ou o
fluido frio que deverá ser colocado na carcaça. Uma corrente pode ser grande e a outra
pequena, e o espaçamento entre as chicanas pode ser tal que a área do lado da carcaça as
seja superior. Felizmente, qualquer escolha pode ser testada ligando-se as duas correntes e
observando qual é o arranjo que fornece o maior valor de UC sem superar a queda de pressão
permissível.

1 - MÉTODO KERN (MLDT).


Para se calcular um trocador deve-se conhecer:
As condições exigidas no processo:
Fluido quente: T1, T2, W, C, s, , k, Rd, P.
Fluido frio: t1, t2, w, c, s, , k, Rd, P.
Para o trocador, os seguintes dados devem ser conhecidos:
Lado do Casco Lado do Tubo
DI (Quadro 9). No e Comprimento (Quadro 9).
Espaçamento entre chicanas. OD (DE), BWG, Passo (pitch).
Passagens. Passagens.

(1) Balanço Térmico: (as perdas por radiação são insignificantes).


T  T1 t  t2
Tmédia = 2 e tmédia = 1
2 2
C e c (na Tmédia ou tmédia) (Hidrocarbonetos (Fig. 4 - Kern)).
“ “ (Hidroc. gasosos (Fig. 5 - Kern)).
“ “ (Líquidos (Fig. 2 – Kern)).
“ “ (Gases (Fig. 3 - Kern)).

Q = WC (T1 - T2) = wc (t2 – t1)

34
Prof. Pedro Melo
PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

(2) Verdadeira diferença de temperatura (t):


T  T2 t  t1
LMDT, R = 1 P= 2
t 2  t1 T1  t 1
R e P  F (Fig.T-3.2A); fator de correção da média logarítmica (Norma TEMA).
F (Fig. T-3.2B, T-3.2C,.... ) outros tipos de trocadores.

t = F.MLDT

Considerações:
a) - Nos permutadores multipasse (casco e tubo), o escoamento, no seu aspecto global, é parte
paralelo e parte contracorrente. Por isso, não se pode aplicar diretamente a LMDT como foi
deduzido para o escoamento contracorrente ou paralelo.
b) - Não é prático usar-se permutadores 1:2 quando FT < 0,75. Neste caso, deve-se procurar
um arranjo com mais passes no casco.
c) - O permutador 2:4 recuperar melhor o calor que o permutador 1:2 e pode ser montado como
dois permutadores 1:2 em série. Entretanto não é prático seu uso para FT < 0,85.
d) - O valor de FT é 1 se o permutador for um condensador (total) ou refervedor de uma
substância pura.
Observações:
1. Verificar a maior vazão e colocá-la na área de fluxo maior, para obter menor perda de carga.
2. Se um dos fluidos for sujo e o outro limpo, colocar o sujo nos tubos.
3. Verificar qual o fluxo que nos interessa resfriar ou aquecer. No caso de resfriamento coloca-
se o fluido quente no casco.

(3) Coeficiente Global de Transmissão de Calor de Polimento (Limpo) UC:


h .h DI
UC = io o , sendo hio = hi .
h io  h o DE

(4) Coeficiente Global Sujo (ou de Projeto) UD:


Q  item (1).
t  item (2).UD = Q
A. Δ.

(5) Fator de Incrustação (ou de Sujeira) Rd:


U  UD
Rd = C
UCUD

Observação:

Quando Rd (depositado) > Rd (disponível), depois de um determinado período em operação, o


trocador não fornecerá a quantidade de calor necessária no processo e deverá ser limpo.

Para trocadores bitubulares:

35
Prof. Pedro Melo
PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

Q = Ud.A.MLDT  A = ?
2 – MÉTODO DA EFETIVIDADE Ɛ – NUT

Os métodos de cálculo e/ou avaliação de trocadores de calor geralmente se baseiam na


diferença de temperatura média logarítmica (Tml) das temperaturas de entrada e saída dos
fluidos, conhecidas ou determinadas por balanço de energia.

Porém quando as temperaturas de saída são desconhecidas e as temperaturas de entrada dos


fluidos são conhecidas, ou podem ser determinadas, o método que pode ser usado é o Ɛ -
NUT, que permite determinar a taxa de transferência de calor e as temperaturas de saída
(quente e/ou fria)

Efetividade do Trocador de Calor

A razão entre taxa real de transferência de calor, que é a taxa de troca em uma determinada
condição e pode ser determinada através de balanço de energia, e a máxima taxa de
transferência de calor que é definido com a efetividade do equipamento de troca térmica.

(1)

A taxa real de transferência de calor é definida para uma dada condição de operação e pode
ser determinada pelo balanço de energia

(2)

(3)

é a máxima taxa de transferência de calor que se pode obter, quando é satisfeita as


seguintes condições:

(a) a temperatura de saída do fluido frio for igual à temperatura de entrada no fluido quente
(Ch > Cc)

(b) a temperatura de saída do fluido quente for igual a temperatura de entrada do fluido frio
(Ch < Cc).

36
Prof. Pedro Melo
PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

Onde

Ch = W.C é a capacidade calorífica do fluido quente

Cc = w.c é a capacidade calorífica do fluido frio

Quando Ch  Cc, que é o caso mais comum, o fluido de menor capacidade calorífica (Cmin)
estará sujeito a uma maior variação de temperatura (Tmáx) e irá atingir máxima temperatura,
como na equação (3).

A capacidade calorífica (Cmin) é o menor valor entre as capacidades do fluido quente (Ch =
W.C) e a do fluido frio (Cc = w.c).

Portanto pode ser determinada a máxima transferência (Qmáx) quando se conhece as


temperaturas de entrada dos dois fluidos e o valor das correntes (taxa de massa).

Como a efetividade (Ɛ) do trocador de calor foi definida pela equação (1), a taxa de
transferência de calor real (Qreal) pode ser determinada por

(4)

Número de Unidades de transferência - NUT

A grandeza adimensional NUT é diretamente proporcional ao produto do coeficiente global de


transferência de calor (U) pela área de troca térmica (A) do trocador de calor e inversamente
proporcional a capacidade mínima (Cmin), portanto quanto maior o NUT maior será o trocador.

37
Prof. Pedro Melo
PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

(5)

Observações:

a) NUT representa o “tamanho” da transferência de calor e pode ser usado como um


parâmetro de projeto para trocadores de calor, embora não represente o tamanho físico
do equipamento.

b) Serve para comparar trocadores de calor desempenhando uma mesma função, quando
U/Cmin pode ser considerado constante e, portanto, maior NUT significa maior área A.

Para a avaliação de trocadores de calor é necessário definir outra grandeza adimensional (c)
chamada de razão ou relação entre as capacidades caloríficas, dada por

(6)

A efetividade de um trocador é uma função do número de unidades de transferência NUT e da


relação das capacidades caloríficas c (ou R).

Ɛ = f (NUT, c) = f (7)

Alguns valores típicos de NUT e Ɛ


 Air cooler (aleta externa): NUT = 0,5 e Ɛ = 0,40
 Condensador de vapor d´água: NUT = 1 e Ɛ = 0,63

38
Prof. Pedro Melo
PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

39
Prof. Pedro Melo
PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

40
Prof. Pedro Melo
PROCESSOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

Referências Bibliográficas

1. Kern, D. Q. - Processos de Transmissão de Calor- Ed. Guanabara Dois, RJ - 1980

2. INCROPERA, F. P. - Fundamentals of Heat and Mass Transfer. Seventh Edition. JOHN


WILEY & SONS

41
Prof. Pedro Melo

Você também pode gostar