Você está na página 1de 62

ENGENHARIA MECÂNICA

Refrigeração

REFRIGERAÇÃO
FUNDAMENTOS
Conceitos Fundamentais
Refrigeração por compressão mecânica do vapor

Os sistemas de refrigeração por compressão mecânica


de vapor predominam, em função de suas inegáveis
qualidades, entre os demais métodos.
O resfriamento é acompanhado pela ebulição de um
refrigerante líquido sob pressões e temperaturas
reduzidas. A temperatura de saturação do vapor é
então elevada, através da compressão, permitindo que
este vapor seja condensado através da rejeição de
calor ao ambiente. O líquido a uma pressão
relativamente alta é então expandido outra vez até o
trocador de calor onde a ebulição ocorre. Desta
maneira o sistema de refrigeração mecânica realiza um
ciclo termodinâmico fechado.
O Ciclo de Carnot

Em 1824, um engenheiro francês, chamado Sadi


Carnot, publicou um tratado denominado “Réflexions
sur la puissance motrice du feu et sur les machines
propres a développper cette puissance”, ou em
tradução livre “Reflexões sobre a potência motriz do
fogo e sobre as máquinas adequadas para desenvolver
esta potência”. “Reflections of the Motive Power of
Heat”.
Nesse tratado, Carnot analisa a operação de máquinas
térmicas, operando entre dois reservatórios térmicos a
diferentes temperaturas para produção de potência,
introduzindo o conceito do calórico. Define que sempre
que houver uma diferença de temperatura entre dois
reservatórios térmicos, poderá haver produção de
trabalho. Similarmente, fornecendo trabalho, seria
possível criar uma diferença de temperatura entre eles.
No entanto, não define a forma ou o ciclo que operaria
nessa situação.
Sir William Thomson, ou Lord Kelvin (1824-1907),
engenheiro e físico escocês, foi um dos responsáveis
pela fundamentação das bases da termodinâmica
moderna. Uma de suas afirmações, publicada em 1852,
foi a de que:

“Não existe processo onde o único efeito é receber


calor de um único reservatório térmico e transformá-lo
integralmente em trabalho”

Que é uma das definições chaves da 2ª. Lei da


Termodinâmica.
Mais ou menos simultaneamente, Rudolf Clausius
(1822- 1888), físico alemão, desenvolveu a afirmação
que:

“Não existe nenhum processo onde o único efeito é


aceitar calor de um reservatório frio e transformá-lo em
um reservatório quente”
Embora Carnot tenha postulado que a
quantidade de trabalho que pode ser obtida de
uma dada quantidade de calor, é uma função
da diferença de temperatura das fontes de
calor envolvidas, ele não especificou a
quantidade de trabalho que poderia ser obtida
e nem especificou o ciclo de operação que
pudesse obter a quantidade máxima de
trabalho.
Todos os processos deste ciclo são ideais
(reversíveis):

• não existe atrito;

• não existe troca de calor com diferença


finita de temperatura;

• as trocas de calor envolvidas são


somente as indicadas no ciclo.
Todos os processos do ciclo de Carnot são
reversíveis. Conseqüentemente os processos
1-2 e 3-4 são isoentrópicos. O ciclo de
refrigeração de Carnot está representado no
diagrama, T-s conforme ilustra a figura.
Representação esquemática dos processos de um
ciclo de refrigeração de Carnot.
A extração de calor da fonte de baixa
temperatura no processo 4-1 é a finalidade do
ciclo. Todos os outros processos do ciclo
ocorrem para transferir a energia retirada da
fonte de baixa temperatura para um
reservatório conveniente de alta temperatura.
Assim, o ciclo de Carnot serve como
referência e pode ser usado na estimativa das
temperaturas que produzem eficiências
máximas.
1-2 - compressão adiabática,
2-3 - liberação isotérmica de calor
3-4 - expansão adiabática
4-1 - admissão isotérmica de calor
A extração de calor da fonte de baixa
temperatura no processo 4-1 é a finalidade do
ciclo. Todos os outros processos do ciclo
ocorrem para transferir a energia retirada da
fonte de baixa temperatura para um
reservatório conveniente de alta temperatura.
Assim, o ciclo de Carnot serve como
referência e pode ser usado na estimativa das
temperaturas que produzem eficiências
máximas.
TEOREMA I:
Não existe ciclo de refrigeração com
coeficiente de performance, COP mais alto do
que um ciclo reversível, desde que opere
entre as mesmas temperaturas.

TEOREMA II:
Todos os ciclos reversíveis que trabalham
entre as mesmas temperaturas apresentam o
mesmo COP.
Coeficiente de performance de Carnot

O coeficiente de performance, COP do ciclo


reversível de Carnot é uma função das
temperaturas absolutas do espaço refrigerado
(evaporação), Te e a atmosfera (condensação),
Tc.
A eficiência do ciclo é normalmente definida
como a relação entre a energia útil
(refrigeração), que é o objetivo do ciclo, e a
energia que deve ser gasta para a obtenção
do efeito desejado, conforme a equação
abaixo:

refrigeração útil
COP 
trabalho líquido
Para processos reversíveis: dQ  T .S

onde:
Q e Q e Te S
COP   
W (Q c  Q e ) (Tc S  Te S )

Te
COP 
(Tc  Te )
Conclui-se que para otimizar o COP, deve-se
optar por:

 uma temperatura de evaporação, Te tão


alta quanto possível;

 uma temperatura de condensação, Tc tão


baixa quanto possível.
Uma bomba de calor usa os mesmos
equipamentos que um sistema de
refrigeração, entretanto a finalidade é aquecer
e não resfriar, neste caso o COP da bomba de
calor seria dado por:
c arg a de aquecimento
COPBC 
trabalho líquido
Q c Q c Tc S
COPBC    
W (Qc  Q e ) (Tc S  Te S )
Tc Te
COPBC   1
(Tc  Te ) (Tc  Te )
Convém ressaltar que o ciclo esquematizado,
na figura, (ΔT=0) não é um ciclo de Carnot e
sim um ciclo quadrangular no diagrama T-s.

Caso o controle sobre Tc e Te fosse completo,


Tc = Te e COP = ∞ , tal fato, na prática não é
verdadeiro o que será demonstrado a seguir:
Os limites de variação das temperaturas, Tc e
Te são impostas pelo sistema de refrigeração
(condições de funcionamento).

Para que ocorra liberação de calor no


condensador Tc > temperatura do meio, Tq.

Para que ocorra absorção de calor no


evaporador Te < temperatura do meio, Tf.
Para que o COP seja máximo deve-se fazer o
ΔT tão pequeno quanto possível, e isto
consegue-se aumentando ou a área do
trocador de calor ou o coeficiente global de
transferência de calor ou ambos, pois:

Q = A U ΔT
EXIGÊNCIAS DE TEMPERATURA IMPOSTAS SOBRE
UM CICLO DE REFRIGERAÇÃO

Na prática o ΔT será sempre diferente de zero,


pois para que ΔT=0, U ou A deverão tender a
infinito o que faz com que os custos tendam a
infinito.
Propriedades termodinâmicas:
São características macroscópicas de um sistema,
como: massa, volume, temperatura, pressão, etc.

Estado termodinâmico:
Pode ser entendido como sendo a condição em que se
encontra a substância. É caracterizado por suas
Propriedades.

Processo:
É a mudança de estado de uma substância.
Ciclo:

É um processo, ou série de processos,


onde o estado inicial e o estado final
coincidem.
Substância pura:

É qualquer substância que tenha


composição química invariável e
homogênea. Ela pode existir em mais de
uma fase (sólida, líquida e gasosa), mas a
sua composição química é a mesma em
qualquer das fases.
Temperatura de saturação:

É a temperatura na qual se dá a vaporização


\ condensação de uma substância pura a
uma dada pressão.

Líquido saturado:

Se uma substância se encontra como líquido


á temperatura e a pressão de saturação,
diz-se que ela está no estado líquido
saturado.
Líquido sub-resfriado:

Se a temperatura do líquido é menor que a


temperatura de saturação, para a pressão
existente, o líquido é chamado de líquido
sub-resfriado, ou líquido comprimido.
Título (x):

Quando uma substância se encontra parte


líquida e parte vapor, na temperatura de
saturação, a relação entre a massa de vapor
e a massa total, isto é, massa de líquido
mais a massa de vapor , é chamada de
título.

mv mv
x 
ml  mv mt
Vapor saturado:

Se uma substância se encontra


completamente como vapor na temperatura
de saturação, é chamada de “vapor
saturado”, neste caso o título é igual a 1 ou
100%. A massa total (mt) é igual à massa de
vapor (mv).
Vapor superaquecido:

Quando o vapor está a uma temperatura


maior que a temperatura de saturação é
chamado de “vapor superaquecido”. A
pressão e a temperatura do vapor
superaquecido são independentes e, neste
caso a temperatura pode ser aumentada
para uma
Propriedade termodinâmica de uma
substância

Uma propriedade de uma substância é


qualquer característica observável dessa
substância. Um número suficiente de
propriedades termodinâmicas independentes,
constitui uma definição completa do estado
da substância.
Temperatura (T)
As propriedades Pressão (P)
termodinâmicas Volume específico
Massa específica (ρ)
Temperatura (T)

É uma grandeza que indica o estado térmico


da substância, que por sua vez caracteriza a
capacidade que a substância tem para trocar
energia com outra em que esteja em
contacto.
Pressão (P)

É uma força normal (perpendicular a uma


superfície) exercida por um fluido por
unidade de área, existe também a pressão
absoluta quando a pressão da substância é
medida juntamente com a pressão
atmosférica.
Densidade (ρ)

Específica a massa que ocupa uma unidade


de volume, volume específico (v), é o que
caracteriza o volume de uma unidade de
massa da substância. A densidade e volume
específico são recíprocos um relativamente
ao outro.
Calor Específico (c)

É a quantidade de energia requerida para


elevar a temperatura 1ºC em cada grama de
substância. Como a amplitude desta
quantidade é influenciada pelo processo
realizado, o método como o calor é
adicionado ou retirado é também
caracterizado pelo calor específico a
volume constante (Cv) e calor específico a
pressão constante (CP).
Entalpia (h):

Na análise térmica de alguns processos


específicos, freqüentemente são
encontradas certas combinações de
propriedades termodinâmicas. Uma delas
ocorre quando se tem um processo a
pressão constante, resultando na
combinação u + pv. Assim, é conveniente
definir uma nova propriedade termodinâmica,
chamada “entalpia”, representada pela letra
h.
A entalpia descreve a energia interna total
de uma substância, que em determinados
processos a sua variação será igual ao calor
transferido nesse processo
Entropia (s):

Esta propriedade termodinâmica


representa, segundo alguns autores, uma
medida da desordem molecular da
substância ou, segundo outros, a medida
da probabilidade de ocorrência de um dado
estado da substância.
Energia interna (u):

É a energia que a matéria possui devido ao


movimento e/ou forças intermoleculares. Esta
forma de energia pode ser decomposta em
duas partes:

Energia cinética interna relacionada à velocidade


das moléculas;

Energia potencial interna relacionada à força de


atração entre as
moléculas
As mudanças na velocidade das moléculas
são identificadas, macroscopicamente, pela
alteração da temperatura da substância
(sistema).

Enquanto que as variações na posição são


identificadas pela mudança de fase da
substância (sólido, líquido ou vapor).
Volume específico:

Esta propriedade termodinâmica


representa, segundo alguns autores, uma
medida da desordem molecular da
substância ou, segundo outros, a medida
da probabilidade de ocorrência de um dado
estado da substância.
Equações de Estado

É uma relação matemática que correlaciona


pressão, temperatura e volume específico,
para um sistema em equilíbrio
termodinâmico.

f ( P , v, T )  0

P pressão absoluta (manométrica + barométrica)


v volume específico;
R constante particular do gás;
T temperatura absoluta.
Existem outras propriedades
termodinâmicas mensuráveis diretamente,
que são:

 energia interna (u),

 entalpia (h),

 entropia (s).
Uma das equações de estado mais
conhecidas e mais simples é aquela que
relaciona as propriedades termodinâmicas
pressão, volume específico e temperatura
absoluta para o gás ideal, a qual é expressa
por:
Pv  RT
RT 5
 Ai  BiT  Ci Exp(kT / Tc ) A6  B6T  C6 Exp(kT / Tc ) 
P  
v  b i 2  (v  b ) i
(1  cExp(v) Exp(v) 
Fluidos Frigoríficos

Existem tabelas de propriedades


termodinâmicas para todos os refrigerantes
utilizados na refrigeração comercial e
industrial.

Essas tabelas são obtidas através das


equações de estado do tipo mostrado
anteriormente.
As tabelas de propriedades termodinâmicas estão
divididas em três categorias:

1- Relaciona as propriedades do líquido


comprimido (ou líquido sub-resfriado)

2- Relaciona as propriedades de saturação


(líquido saturado e vapor saturado)

3-Apresenta as propriedades do vapor


superaquecido.
Na região de Líquido + Vapor pode-se
determinar as propriedades dos fluidos
conhecendo-se o título (x), através das
seguintes equações:

u = ul + x(uv − ul) h = hl + x(hv − hl)

v = vl + x(vv − vl) s = sl + s(sv − sl)


Diagramas de MOLLIER

As propriedades termodinâmicas de uma


substância são freqüentemente
apresentadas, além das tabelas, em
diagramas que podem ter por ordenada e
abscissa:

• temperatura x entropia,
• entalpia x entropia,
• pressão absoluta x volume específico
• pressão absoluta x entropia.
Os diagramas Pxh são bastante utilizados
para apresentar as propriedades dos fluidos
frigoríficos
Diagrama Pxh

Condensador

Válvula de expansão
Compressor

Evaporador

Líquido Mudança de fase Vapor

H
Esquema de um diagrama Pxh
Diagrama Pxh – Refrigerante R-22
Diagrama Pxh – Refrigerante 134-A
Diagrama Pxh – Refrigerante R-717

Você também pode gostar