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Unidade II
5 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA APLICADA AOS PROCESSOS
Observação
O processo mencionado anteriormente representa todo o caminho definido pelo progresso dos estados
pelo qual o sistema passa. Durante o processo, é comum manter uma variável fixa (temperatura, pressão ou
volume) e estudar o progresso dos estados no sistema. Dentre os processos, haverá os que ocorrem a pressão
constante, outros a volume ou temperatura constantes e, por fim, os que não trocam calor com o meio.
Nos estudos subsequentes, não haverá adição ou remoção de massa, mas tanto o volume quanto a
forma poderão variar.
∆U = Q - W
∆U = Q
90
TERMODINÂMICA BÁSICA
No processo isocórico, como toda energia é adicionada na forma de calor no interior do sistema, a
energia interna aumenta. O valor da energia interna específica pode ser obtido com o auxílio de tabelas
termodinâmicas. Mas o que fazer se não for possível consultar tais tabelas? Considerando um gás, a
variação da energia interna poderá ser obtida pela transferência de calor:
T2
Q = m∫ c v dT
T1
Q = mcv(T2 - T1)
Nos enunciados dos exercícios, um processo a volume constante é identificado pelo uso de termos
como recipiente rígido ou volume fixo.
Lembrete
Exemplo de aplicação
Um cubo apresenta um volume fixo com 10 kg de hidrogênio a –15 °C e uma pressão de 350 kPa.
Determine a pressão final e a transferência de calor necessária para aquecer o hidrogênio até 50 °C.
Solução
A primeira etapa do exercício é assumir a hipótese de que o hidrogênio seja um gás ideal. Com tal
hipótese, é possível utilizar a Lei do Gás Ideal e obter as propriedades necessárias. Através da Tabela 12,
é possível obter o valor da constante do gás (R) do hidrogênio:
R ρ cp cv
Gás Peso molecular (kJ/kg K) (kg/m³) k
(kJ/kg K) (kJ/kg K)
Hidrogênio 2,016 4,1243 0,0813 14,209 10,085 1,409
m = 10 kg
91
Unidade II
p1 = 350 kPa
Aplicando a Lei do Gás Ideal, o volume específico para este estado será definido:
p1 . ∀1 = m . R . T1
∀1
p1 . = R . T1
m
R . T1
ϑ1 =
p1
ϑ1 = 3,04 m3 / kg
Como o enunciado indicou um recipiente com volume fixo, para o estado 2, o volume específico é
igual ao determinado anteriormente. Entretanto, a temperatura para este estado será de T2 = 50 + 273
= 323 K. Aplicando a Lei do Gás Ideal, a pressão para o estado 2 pode ser determinada:
p2 . ∀2 = m . R . T2
∀2
p2 . = R . T2
m
R . T2
p2 =
ϑ2
p2 = 438 kPa
Para definir a transferência de calor, é necessário determinar o calor específico a volume constante.
Utilizando a Tabela 12, tal valor pode ser calculado.
92
TERMODINÂMICA BÁSICA
R ρ cp cv
Gás Peso molecular (kJ/kg K) k
(kJ/kg K) (kg/m³) (kJ/kg K)
Hidrogênio 2,016 4,1243 0,0813 14,209 10,085 1,409
Q = m c v ( T2 − T1)
Q = 6555 kJ
Quando não existe transferência de calor para dentro ou para fora do sistema, um processo adiabático
(Q = 0) é estudado. Para impedir a transferência de calor, diversas camadas de materiais isolantes são
utilizadas em máquinas térmicas.
Uma outra forma de estudar ou realizar um processo adiabático é definida pelo rápido tempo em
que ocorre (processo ultrarrápido), de modo que não seja possível verificar o fluxo de calor. Um exemplo
mais comum da aplicação de um processo adiabático está vinculado com a compressão e a expansão
que ocorrem no cilindro de um motor. Ao se aplicar a Primeira Lei da Termodinâmica em processos
adiabáticos, obtém‑se:
∆U = Q - W
∆U = - W
Não, há momentos no qual o trabalho para um processo adiabático será positivo, e por isso existe a
necessidade de revisar os conceitos sobre o sinal do trabalho. Para o processo adiabático, a convenção
de sinal para o trabalho será:
• o trabalho sempre será positivo quando o sistema se expandir sem trocar calor, ou seja, quando
houver uma expansão adiabática;
• o trabalho sempre será negativo quando o sistema se contrair sem trocar calor, ou seja, quando
houver uma contração adiabática.
93
Unidade II
Se ocorrer uma expansão adiabática no sistema, a energia interna diminuirá (afinal, existe um sinal
negativo), resultando, para muitos sistemas, na diminuição da temperatura. Quando um sistema se contrai
adiabaticamente, a energia interna aumenta, resultando, em muitos sistemas, no aumento da temperatura.
Note que o aumento da energia interna na contração adiabática ocorre pois o trabalho será negativo,
e ao se aplicar a Primeira Lei da Termodinâmica, a energia interna ficará positiva (∆U = –(–W) = + W).
du = – δw
O trabalho para um processo de quase equilíbrio pode ser definido por δw = p dv. Nenhum trabalho
de não equilíbrio deve estar presente no sistema. Assim, a primeira lei na forma diferencial será:
du = - p dϑ
du + p dϑ = 0
Lembrete
Para um gás ideal, a equação do gás ideal (p∀ = m RT) deve ser considerada. Conforme estudado
anteriormente, a variação da energia interna pode ser definida em função do calor específico e da
du
variação da temperatura c ϑ = . Logo, a primeira lei será:
dT
RT
c ϑ dT + dϑ = 0
ϑ
RT
c ϑ dT = − dϑ
ϑ
c ϑ dT dϑ
=−
R T ϑ
94
TERMODINÂMICA BÁSICA
Em muitos processos, assume‑se o calor específico constante. Quando isso ocorre, basta integrar a
equação anterior do estado 1 para o estado 2:
cϑ T2 dT ϑ 2 dϑ
R ∫T1 T
= −∫
ϑ1 ϑ
c ϑ T2 ϑ
ln = − ln 2
R T1 ϑ1
Quando a equação para o gás foi apresentada anteriormente, a relação da constante do gás com a
razão dos calores específicos (k) resultou na seguinte relação:
R
cϑ =
k −1
cϑ 1 R
= ou = k −1
R k −1 cϑ
Empregando tal conceito na equação da primeira lei aplicada aos estados 1 e 2, e depois eliminando
o logaritmo natural através da exponencial:
c ϑ T2 ϑ
ln = − ln 2
R T1 ϑ1
T2 ϑ R
ln = − ln 2 ⋅
T1 ϑ1 c ϑ
T2 ϑ
ln = ln 1 ⋅ (k − 1)
T1 ϑ2
T ϑ
ln 2 ln 1 ⋅(k −1)
ϑ2
e T1 =e
(k −1)
T2 ϑ1
=
T1 ϑ2
Uma forma alternativa de apresentar a relação anterior é Tϑ(K–1) = constante. Mas note que o
resultado da relação alternativa deve ser constante. Isso sempre ocorre quando há uma variação finita
95
Unidade II
do volume e da temperatura. Para o estado inicial (T1, ϑ1) e o estado final (T2, ϑ2), o processo adiabático
de um gás ideal se reduz a:
T1ϑ1( ) = T2ϑ(2 )
k −1 k −1
Lembrete
Partindo da relação anterior, Tϑ(K–1) = constante, e retornando à equação do gás ideal, mas agora
isolando a temperatura:
p∀ = m R T
p∀
=T
mR
pϑ
=T
R
A substituição da temperatura na relação mencionada levará a uma nova equação que considera
apenas a pressão e o volume específico:
pϑ (k −1)
ϑ = constante
R
p . ϑk = constante
96
TERMODINÂMICA BÁSICA
Para o estado inicial (p1, T1) e o estado final (p2, T2), o processo adiabático de um gás ideal se reduz a:
p1 . ϑ1k = p2 . ϑk2
Ainda com a Lei do Gás Ideal, podem‑se expressar as relações anteriores em função da temperatura
e da pressão:
(k −1)
T2 p2 k
=
T1 p1
Observação
∀1
r=
∀2
Para tal processo, não há troca de calor, ou seja, o trabalho depende exclusivamente da variação da
energia interna do sistema. Para o gás ideal, a variação da energia interna pode ser expressa por:
∆U = mcv∆T
W = mcv(T2 - T1)
p∀
W= cv
R
cv
W=
R
(p2∀2 − p1∀2 )
97
Unidade II
1
W=
k −1
(p2∀2 − p1∀2 )
Exemplo de aplicação
Um cilindro isolado de 500 cm3 contém ar a 25 °C e 200 kPa, o qual será comprimido a uma taxa de 8
para 1. Assumindo‑se um processo de quase equilíbrio e calores específicos constantes, qual é o trabalho
necessário para a compressão ocorrer?
Solução
O ar será tratado como um gás ideal e, portanto, a sua constante do gás será de R = 287 J/kgK,
conforme a Tabela 12.
R ρ Cp Cv k
Gás Peso molecular (kJ/kg K) (kJ/kg K)
(kg/m³) (kJ/kg K)
Ar 28,97 0,287 1,169 1,004 0,717 1,4
T1 = 25 °C
p1 = 200 kPa
∀1 = 500 cm3
No estado 2, existe apenas uma relação de compressão, ou seja, o volume nesse estado ficará oito
vezes menor que o volume no estado 1. Lembre‑se de que a primeira lei para um processo adiabático
(afinal, o cilindro está isolado) é definida por:
−W = ∆U
−W = m (u2 − u1)
−W = mc v ( T2 − T1)
p1∀1 = mR T1
98
TERMODINÂMICA BÁSICA
p1∀1
m=
R T1
m = 1,17 ⋅10 −3 kg
(k −1)
T2 ϑ1
=
T1 ϑ2
(k −1)
ϑ
T2 = T1 ⋅ 1
ϑ 2
T2 = 684,6 K
−W = mc v ( T2 − T1)
W = −324,3 J
Lembrete
99
Unidade II
W = p ( ∀2 −∀1)
Aplicando‑se a primeira lei no processo isobárico e desprezando as possíveis variações das energias
cinética e potencial:
∆U = Q − W
∆U = Q − p ( ∀2 −∀1)
U2 − U1 = Q − p ( ∀2 −∀1)
Q = U2 − U1 + p ( ∀2 −∀1)
Q = U2 − U1 + p∀2 − p∀1
Q = H2 − H1
Para aproveitar os valores encontrados nas tabelas termodinâmicas, é interessante trabalhar com
grandezas específicas, ou seja, q = h2 – h1.
Se um gás ideal for estudado, a quantidade de calor poderá ser obtida como uma função do calor
específico a pressão constante e a variação de temperatura:
q = h2 − h1 = ∆h
100
TERMODINÂMICA BÁSICA
T2
q = ∫ CpdT
T1
q = cp ( T2 − T1)
Exemplo de aplicação
Solução
m = 15 kg
p1 = 175 kPa
Como a água encontra‑se saturada, o título é igual a zero, ou seja, não existe nenhuma fração de
vapor, e a temperatura utilizada será a de saturação, observada na Tabela 14 (T1 = 116,06 °C). Ainda
nessa tabela, é possível obter o volume específico para tal estado .
Dessa forma, como a massa do sistema é conhecida, o volume para o estado 1 (volume inicial) será:
∀1
ϑ1 =
m
∀1 = m ⋅ ϑ1
∀1 = 15 ⋅ 0,001057
101
Unidade II
∀1 = 0,0159 m3
Para o estado 2, lembre‑se de que a massa e a pressão permanecerão constantes. Porém, observe que
há uma mistura e o título é 0,3. Para definir o volume neste estado, será preciso encontrar os volumes
específicos da fração líquida e da fração gasosa, observadas no fragmento da tabela apresentada
anteriormente. Assim, o volume específico para o estado 2 será:
ϑ 2 = ϑl + x ( ϑ v − ϑl )
ϑ2 = 0,30183 m3 / kg
∀2
ϑ2 =
m
∀2 = m ⋅ ϑ 2
∀2 = 15 ⋅ 0,30183
∀2 = 4,527 m3
Agora é possível determinar o trabalho realizado durante o processo. Para tal, lembre‑se de que a
potência é definida como a energia dividida pelo tempo; caso haja interesse na energia, basta multiplicar
a potência pelo tempo. O tempo deve ser utilizado em segundos. Assim, o trabalho realizado será:
W1−2 = p1 ( ∀2 − ∀1) − P ⋅ ∆t
W1−2 = 371,8 kJ
Note que foi calculado o trabalho líquido do sistema na vizinhança. Perceba que o trabalho de não
equilíbrio elétrico foi considerado para a realização do processo. Sempre que existirem mais trabalhos
realizados no processo, todos deverão ser considerados. Como o trabalho é positivo, a mistura em
ebulição está empurrando o pistão para cima.
102
TERMODINÂMICA BÁSICA
∆U = Q − Wtérmico
Q = ∆U + Wtérmico
Q = m(h2 − h1) + P ⋅ ∆t
As entalpias serão determinadas com o auxílio da tabela. Para o estado 1, h1 = 485,97 kJ/kg, e o
estado da mistura será hIv = 2213,57 kJ/kg. Como o estado 2 é uma mistura, a entalpia deste estado
deverá ser calculada.
h2 = hl + xhv
h2 = 1151,04 kJ / kg
Q = m(h2 − h1) + P ⋅ ∆t
( )
Q = 15 ⋅ 1151,04 ⋅103 − 486,97 ⋅103 + 24 ⋅ 290 ⋅ 60
Q = 10378,7 kJ = 10,38 MJ
Em dois momentos do cálculo, fatores de conversão foram utilizados. Para transformar o tempo de
minutos para segundos, utilizou‑se a multiplicação por 60. Já para transformar kJ em J, utilizou‑se a
multiplicação 103.
103
Unidade II
104
TERMODINÂMICA BÁSICA
105
Unidade II
106
TERMODINÂMICA BÁSICA
107
Unidade II
Um processo isotérmico é caracterizado pela temperatura constante. Para se obter uma temperatura
constante no sistema, é preciso que a transferência de calor ocorra de forma lenta, assim todo o processo
permanece em equilíbrio térmico. Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica ao processo isotérmico e
desprezando as variações das energias cinética e potencial:
∆U = Q − W
m (u2 −u1) = Q − W
Quando a substância é aproximada de um gás ideal, a primeira lei pode ser simplificada, pois não
haverá variação da energia interna e todo o calor será transformado em trabalho (Q = W).
Para definir qual será o trabalho para o gás ideal, deve‑se considerar a equação do gás ideal,
p∀ = mRT. Assim, o trabalho será:
∀2
W=∫ pd∀
∀1
∀2 d∀
W = mRT ∫
∀1 ∀
∀2
W = mRTln
∀1
p1
W = mRTln
p2
Mais uma vez, é considerado apenas o trabalho de quase equilíbrio. Toda vez que um trabalho de não
equilíbrio for observado, o seu valor deverá ser inserido na fórmula do trabalho.
Exemplo de aplicação
Em um processo isotérmico, 2,5 m3 de propano a 150 °C e 100 kPa são comprimidos até que sua
pressão atinja 500 kPa. Estime o trabalho realizado durante o processo e o calor necessário para isso.
108
TERMODINÂMICA BÁSICA
Solução
A primeira etapa é definir a constante do gás propano. Utilizando‑se a Tabela 12, verifica‑se:
kJ J
R = 0,1886 = 188,6
kgK kgK
∀1 = 2,5 m3
T1 = 150 °C = 423 K
p1 = 100 kPa
p∀ = mRT
p1∀1
m=
RT1
m = 3,13 kg
Como o exercício apresenta uma alteração de pressão, torna‑se mais interessante utilizar a equação
do trabalho em função da pressão. Para o estado 2, a pressão será de 500 kPa.
p1
W = mRTln
p2
100
W = 3,13 ⋅188,6 ⋅ 423 ⋅ ln
500
109
Unidade II
W = −401,88 kJ
Como o trabalho é negativo, isso indica que o trabalho foi realizado no propano.
A transferência de calor pode ser obtida com o auxílio da Primeira Lei da Termodinâmica, em que
para o gás ideal não existe variação da energia interna e, portanto, o calor será igual ao trabalho.
Q = W = –401,88 kJ
Neste caso, o sinal negativo indica que o sistema está perdendo calor.
Se a variação ocorre de acordo com a relação pϑn = C, um processo politrópico está definido, em
que as variáveis n e C são constantes. Tal processo é consequência do processo adiabático para um gás
ideal com os calores específicos constantes. Assim, a relação anterior pode ser expressa em termos de k:
pϑk = C
Para obter as relações entre temperatura e volume específico, basta substituir, nas relações
apresentadas anteriormente, a variável k por n:
(n−1)
T2 ϑ1
=
T1 ϑ2
n
p2 ϑ1
=
p1 ϑ2
(n−1)
T2 p2 n
=
T1 p1
ϑ2
w=∫ pdϑ
ϑ1
110
TERMODINÂMICA BÁSICA
ϑ2 C
w=∫ dϑ
ϑ1 ϑn
ϑ2
w = C∫ ϑ −ndϑ
ϑ1
ϑ2
ϑ −n+1
w=C
−n + 1
ϑ1
ϑ12−n − ϑ11−n
w = C
1 − n
ϑ1−n − ϑ11−n
(
w = p2ϑn2 − p1ϑ1n 2
)
1 − n
p2ϑn2ϑ12−n − p1ϑ1nϑ11−n
w=
1− n
p2ϑn2+1−n − p1ϑ1n+1−n
w=
1− n
p2ϑ2 − p1ϑ1
w=
1− n
R(T2 − T1)
w=
1− n
Alterações de pressão ou volume são suficientes para avaliar o processo politrópico; ou, no caso de
um gás ideal, bastam as alterações de temperatura. Se o fluido de trabalho for o gás ideal, o processo
politrópico de quase equilíbrio será definido quando a variável n for diferente dos seguintes valores:
111
Unidade II
• n = 1 ⇒ processo isotérmico;
• n = k ⇒ processo adiabático.
Exemplo de aplicação
Durante uma expansão, 1,5 m3 de ar a 300 kPa deve ocupar um volume de 5 m3, através de um
processo politrópico. Determine o trabalho realizado e a transferência de calor durante o processo se
pϑ1,5 = C.
Solução
p1 = 300 kPa
∀1 = 1,5 m3
p1∀11,5 = p2∀1,5
2
300 ⋅1,51,5
p2 =
51,5
p2 = 49,30 kPa
p2∀2 − p1∀1
W=
1− n
W = 407 kJ
112
TERMODINÂMICA BÁSICA
Lembre‑se de que trabalho positivo representa que o trabalho foi realizado pelo gás na vizinhança.
Conforme a primeira lei, a transferência de calor será:
∆U = Q − W
Q = ∆U + W
cv
Q=
R
(p2∀2 − p1∀1) + W
0,717
Q= ⋅ (49,30 ⋅ 5 − 300 ⋅1,5) + 407
0,287
Q = −101,4 kJ
Saiba mais
Para iniciar o estudo da primeira lei aplicada ao volume de controle, faz‑se necessário defini‑lo
novamente. Um volume de controle (VC) caracteriza‑se por um dispositivo com forma e volume
predefinidos, que apresentam um fluxo de fluido para dentro ou para fora, conforme a figura que segue.
113
Unidade II
Saída do fluxo de
fluido
Energia
Entrada
VC
Energia
SC
Saída
Entrada do fluxo de
fluido
A superfície que limita o volume de controle é denominada superfície de controle (SC). Assemelha‑se,
por exemplo, a uma pequena janela de amostragem em escoamentos de fluido; embora a sua forma
e o seu volume estejam fixos, sempre haverá uma quantidade de fluido entrando na janela e uma
quantidade de fluido saindo. Sempre que houver circulação de fluido no dispositivo, além de apresentar
a Primeira Lei da Termodinâmica, torna‑se necessário definir conservação da massa; afinal, deve‑se
ponderar, nos cálculos, tanto a energia como a massa.
Na Engenharia, muitos dispositivos são representados pelos volumes de controle, como bombas,
turbinas, caldeiras, condensadores e evaporadores. Qualquer máquina térmica apresentará ao menos um
desses dispositivos, tornando‑se importante a compreensão do volume de controle. Além das máquinas
térmicas, muitos ciclos termodinâmicos considerarão o volume de controle.
Sempre que houver mais fluido entrando do que saindo, um regime transiente será esperado, afinal
sempre haverá uma quantidade de massa no volume de controle, com significativo aumento do volume
de fluido. Em muitos problemas desenvolvidos, é conveniente trabalhar com o regime permanente, pois
as propriedades físicas do fluido não se alteram no tempo. Se o regime permanente for considerado,
a massa de fluxo de fluido que entra será igual à massa de fluxo de fluido que sai.
114
TERMODINÂMICA BÁSICA
Mas como definir a quantidade de massa que flui para dentro ou para fora do volume de controle?
Caso a quantidade de massa que entra ou sai do dispositivo seja observada em função do tempo,
define‑se a vazão mássica (m), ou simplesmente um fluxo de massa que atravessa o volume de controle.
m
=
m
t
m
=
m
t
ρ∀
=
m
t
ρhA
=
m
t
= ρvA
m
. .
m Regime permanente msai
. .
mentra = msai
Figura 16 – Representação esquemática do fluido que entra e sai do volume de controle nos regimes transiente e permanente,
respectivamente
115
Unidade II
Para o regime transiente, a quantidade de massa dentro do volume de controle pode variar. Assim, a
taxa de variação da massa para o volume de controle será definida por:
dmVC
= ρe v e A e − ρs v s A s
dt
dmVC
= ρ1v1A1 − ρ2v2A2
dt
dmVC
1 −m
=m 2
dt
dmVC
= ρe v e A e − ρs v s A s
dt
0 = ρe v e A e − ρs v s A s
ρe v e A e = ρs v s A s
1 + m
m 2 +m
3 =m
4 +m
5
Exemplo de aplicação
Em um automóvel com quatro portas, a janela da porta do motorista está aberta e recebe um fluxo
de ar de 0,5 kg/s, enquanto a janela do passageiro recebe ar a uma velocidade de 0,7 m/s em uma
abertura (fresta) com 0,12 m2 de área. Levando em conta que uma das janelas do banco traseiro está
aberta, com uma fresta com 0,18 m2 de área, estime a velocidade de saída do ar. Considere a massa
específica do ar igual a 0,392 kg/m3 e um regime de escoamento permanente.
116
TERMODINÂMICA BÁSICA
Solução
Observe que o enunciado apresenta mais de uma entrada e apenas uma saída. Partindo da equação
da continuidade, para o regime permanente, será possível obter a velocidade desejada. Como variáveis,
o enunciado apresentou uma vazão mássica (m1 = 0,5 kg/s), uma velocidade v2 = 0,7 m/s e duas áreas
(A2 = 0,12 m2 e A3 = 0,18 m2). Assim:
ρe v e A e = ρs v s A s
1 + ρ2v2A2 = ρ3v 3A 3
m
1 + ρ2v2A2
m
v3 =
ρ3A 3
v3 = 7,55 m/s
No regime transiente também pode haver múltiplas entradas/saídas. Para este caso, a equação
geral deve ser:
dmVC
= ρe v e A e − ρs v s A s
dt
Observe que a massa específica é a propriedade que indica o tipo de fluido de trabalho utilizado. Cada
fluido apresentará a sua massa específica, a qual também pode variar com temperatura. Geralmente, a
maioria dos fluidos de trabalho (líquidos ou gases a baixa velocidade) é tratada como incompressível, ou
seja, um fluido que apresenta a mesma massa específica ao longo do escoamento.
ρe v e A e = ρs v s A s
ρv e A e = ρv s A s
117
Unidade II
veAe = v s As
Lembrete
Exemplo de aplicação
Um dispositivo retangular apresenta um tubo com 3 cm de diâmetro que transporta água a 7 m/s
para dentro do volume de controle, enquanto um tubo que transporta a água para fora do volume
de controle apresenta um diâmetro 60% maior que o de entrada. Se o escoamento for considerado
incompressível, qual será a velocidade de saída?
Solução
Água foi considerada um fluido incompressível, assim a sua massa específica será constante. Dessa
forma, na equação da continuidade, a massa específica pode ser removida, e apenas a vazão volumétrica
será considerada. Lembre‑se de que o diâmetro de saída será 60% maior que o de entrada, ou seja,
ds = 1,6 . de = 1,6 . 3 = 4,8 cm.
veAe = v s As
v e ⋅ π ⋅ re2 = v s ⋅ π ⋅ rs2
v e ⋅ re2 = v s ⋅ rs2
re2
vs = ve ⋅
rs2
118
TERMODINÂMICA BÁSICA
1,52
vs = 7 ⋅
2,42
vs = 2,73 m/s
Observe que na razão dos raios não houve a transformação das unidades para o sistema internacional.
Isso só é possível porque, ao dividir o raio de entrada pelo raio de saída, a resposta torna‑se apenas
re2 1,52 cm2
um número (grandeza adimensional): = = 0,39 . Outra importante observação relaciona
rs2 2,42 cm2
velocidade e área; partindo da equação da vazão volumétrica, percebe‑se que a velocidade é inversamente
proporcional à área. Assim, quando maior for a área, menor será o diâmetro.
Observação
= v ⋅ π ⋅ r2
∀
2
= v ⋅ π ⋅ d
∀
2
4⋅∀
v=
π ⋅ d2
Sempre que houver variação de estado, deverão ser consideradas as mudanças nas massas específicas,
utilizando‑se as propriedades termodinâmicas tabeladas. Lembre‑se de que o volume específico e a
massa específica se correlacionam por ρ= 1ϑ .
119
Unidade II
Exemplo de aplicação
Em um dispositivo que opera em regime permanente, água entra em um tubo de 0,1 m de diâmetro
a uma velocidade de 5 m/s. Como há variação de temperatura e pressão para os estados inicial e final, a
água não pode ser tratada como incompressível. Considere:
Estado 1 Estado 2
p1 = 2,0 MPa P2 = 2,0 MPa
T1 = 20 °C T2 = 200 °C
Solução
Considerando os estados mencionados, com base na Tabela 16, os valores dos volumes específicos
da água saturada serão determinados. Através da equação da continuidade:
ρ1v1A1 = ρ2v2A2
1 d12 1 d22
⋅ v1 ⋅ π = ⋅ v2 ⋅ π
ϑ1 4 ϑ2 4
ϑ2 d2
v2 = ⋅ v1 ⋅ 12
ϑ1 d2
0,001002 0,12
v2 = ⋅5⋅ 2
0,001156 0,3
v2 = 0,48 m/s
120
TERMODINÂMICA BÁSICA
121
Unidade II
Quando a Primeira Lei da Termodinâmica é aplicada ao volume de controle, embora ainda exista
a conservação da energia, a equação final é uma equação das taxas, ou seja, mede‑se a energia em
função do tempo. Por ser a primeira lei, mas para o volume de controle, a equação irá considerar a taxa
de transferência de calor e a taxa de trabalho que atravessa suas fronteiras, ou a superfície de controle.
A unidade no sistema internacional será o watt (W).
Considere a figura seguinte, em que existe uma taxa de transferência de calor para dentro do volume
de controle, uma taxa de trabalho para fora deste volume, além da variação da taxa das energias cinética,
interna e potencial.
. .
Qs Ws
Figura 17 – Volume de controle utilizado para definir a equação da Primeira Lei da Termodinâmica para o volume de controle
Como existe uma taxa de trabalho para escoar o fluido para dentro e fora do volume de controle
devido às forças de pressão e uma taxa de trabalho que atravessa a superfície devido a um eixo, a
primeira lei pode ser definida como:
122
TERMODINÂMICA BÁSICA
1 v12 + u1 + gz1 = m
2 v22 + u2 + gz2
1 1
Q − W
+m
2 2
Aplicando a definição de vazão mássica e trabalho (força vezes velocidade, mais trabalho de eixo
rotativo), a equação anterior será:
( + ρ v A 1 v2 + u + gz = ρ v A 1 v2 + u + gz
Q − p2∀2 − p1∀1 + W )
s 1 1 1 1 2 2 2 2
2 1 1 2 2 2
.
Lembre‑se de que o regime é permanente, ou seja, a vazão mássica é constante: m = p1v1A1 = p2v2A2.
Reorganizando a equação e considerando o conceito da entalpia, h = u + p/ρ.
v22 − v12 p2 p1
Q − W
=m
+ u − u + g(z − z ) + −
s 2 2 1 2 1
ρ2 ρ1
v22 − v12
Q − W
=m
s 2 + h2 − h1 + g(z 2 − z )
1
A equação anterior representa a equação da energia ou a Primeira Lei da Termodinâmica. São estas
as hipóteses utilizadas para tal equação: escoamento em regime permanente, uma entrada e uma saída,
escoamento uniforme (velocidade, pressão e entalpia uniforme em todas as áreas) na entrada e na saída,
calor entrando e trabalhando saindo do volume de controle positivos.
Q − W (h2 − h1)
=m
s
Quando o dispositivo é um bocal ou difusor, o termo da energia cinética da equação da energia deve
ser mantido.
p −p
Q − W
=m
s 2 1
ρ
123
Unidade II
.
A convenção de sinal para a potência (W ) será:
• positiva = turbina;
• negativa = compressor.
Sempre que um gás ideal for considerado como um fluido de trabalho desses dispositivos, serão
assumidos um processo adiabático de quase equilíbrio e os calores específicos constantes, devendo‑se
utilizar uma relação entre a temperatura e a pressão. Tal relação tem direta aplicação no processo de
compressão e expansão do gás.
(k −1)/k
T2 p2
=
T1 p1
Exemplo de aplicação
Em um compressor, ar a 25 °C é comprimido de 100 kPa para 600 kPa. Sabendo que o processo é
adiabático de quase‑equilíbrio, determine a potência do compressor para que um fluxo de massa de ar
fique em 0,65 kg/s.
25º C, 100 kPa
.
Wc
Compressor
600 kPa
124
TERMODINÂMICA BÁSICA
Solução
Observe que o estado 1 apresenta uma temperatura de 25 °C e uma pressão de 100 kPA, enquanto
o estado 2 apresenta apenas uma pressão de 600 kPa. Na primeira etapa, define‑se a temperatura do
estado 2. Conforme apresentado na tabela 12, kar = 1,4.
(k −1)/k
T2 p2
=
T1 p1
(k −1)/k
p
T2 = T1 2
p
1
(1,4 −1)/1,4
600
T2 = (25 + 273) ⋅
100
T2 = 298 ⋅ 60,4/1,4
T2 = 497 K
Mais uma vez, observe que ao trabalhar com equações que se relacionam com o gás ideal, a escala
de temperatura deve ser a absoluta (no sistema internacional, equivale ao kelvin). Para o compressor, a
potência será negativa. Assim:
= −W
Wc s (h2 − h1)
=m
Wc (h2 − h1)
=m
Através da Tabela 12, é possível obter o calor específico a pressão constante. Neste momento, como
as duas temperaturas são conhecidas, torna‑se mais interessante trabalhar com calor específico e
variação de temperatura, ao invés de considerar a variação da entalpia.
Wc p ( T2 − T1)
= mc
125
Unidade II
= 129867 W = 129,9 kW
Wc
Neste exemplo, a potência encontrada indica o mínimo valor requerido pelo compressor para o seu
funcionamento. Como o caso ideal foi considerado, o valor mínimo foi determinado.
Em líquidos incompressíveis, como a água, é comum utilizar dispositivos como a bomba para o seu
escoamento. Dessa forma, caso a transferência e possíveis perdas de calor sejam desprezadas, a potência
da bomba WB = – WS é definida como:
= −W
=m p −p
WB s 2 1
ρ
Exemplo de aplicação
Durante um escoamento adiabático de água, uma bomba de 7 hp tem a função de inserir energia
através do aumento da pressão. Pelos dados indicados na figura a seguir e desprezando qualquer
variação da energia potencial, determine o aumento máximo da pressão.
d1 = 5 cm d1 = 12 cm
Bomba v2
v1 = 9 m/s
.
WB
Solução
Como existe uma variação de velocidade, afinal os diâmetros de entrada e saída são diferentes e o
enunciado pede o aumento de pressão, a equação mais indicada para tal cenário será:
v22 − v12 p2 p1
Q − W
=m
+ u − u + g(z − z ) + −
s 2 2 1 2 1
ρ2 ρ1
126
TERMODINÂMICA BÁSICA
Em um adiabático não haverá troca de calor, logo Q = 0. A energia potencial deve ser desprezada,
conforme solicitado no enunciado. Como a potência máxima é requerida, assume‑se como desprezível
o aumento da energia interna, ou seja, considera‑se 100% da eficiência. Portanto, a equação da
energia será reduzida a:
v22 − v12 p2 − p1
−Ws = m +
2 ρ
Para saber o próximo passo, devem‑se observar todas as variáveis apresentadas no enunciado e
quais variáveis ainda necessitam ser determinadas para indicar o aumento de pressão máxima requerida.
Assim, pelo enunciado
. e pela figura, as seguintes informações são obtidas: d1 = 5 cm, d2 = 12 cm,
v1 = 9 m/s e W b = –7 hp (lembre‑se de que o trabalho da bomba será negativo). Para resolver a equação
da energia, falta conhecer v2 e m. Partindo da equação da continuidade, a velocidade 2 será:
v1 ⋅ A1 = v2 ⋅ A2
d12 d22
v1 ⋅ π ⋅ = v2 ⋅ π ⋅
4 4
v1 ⋅ d12 = v2 ⋅ d22
d12
v2 = v1 ⋅
d22
52
v2 = 9 ⋅
122
v2 = 2,78 m / s
Para determinar a vazão mássica, assume‑se um valor‑padrão para a massa específica (ρ = 1.000 kg/m3).
= ρ⋅ A1 ⋅ v1
m
0,052
= 1000 ⋅ π ⋅
m ⋅9
4
= 17,67 kg / s
m
127
Unidade II
Para o cálculo da vazão mássica, os dados da entrada (ρ . A1 . v1) ou da saída (ρ . A2 . v2) poderiam ser
utilizados para determinar o seu valor numérico. Entretanto, como sugestão, sempre que possível, utilize
nos cálculos as variáveis apresentadas no enunciado.
v22 − v12 ∆p
−Ws = m +
2 ρ
− ( −7 ⋅ 746 ) 92 − 2,782
∆p = 1000 ⋅ +
17,67 2
Quando fluido incompressível interage com dispositivos como uma turbina, as mesmas considerações
utilizadas para uma bomba podem ser aplicadas. Uma diferença que deve ser considerada é que a
potência para a turbina é positiva, WT = WS. Matematicamente, a equação para a bomba e para a turbina
serão muito similares.
=m p −p
WT 2 1
ρ
Exemplo de aplicação
Em uma indústria, uma turbina é utilizada para reaproveitar o calor excedente do vapor liberado por
uma caldeira, para gerar eletricidade. O vapor entra na turbina a 5.000 kPa e 350 °C, em uma tubulação
com 7 cm de diâmetro, e sai na forma de vapor saturado a 100 kPa. Se a velocidade de entrada é de 220
m/s, calcule a potência de saída da turbina. Qualquer variação de energia cinética ou transferência de
calor pode ser desprezada.
Solução
Nem sempre que um gás for utilizado o modelo ideal pode ser aplicado. Neste exemplo o vapor
não pode ser tratado como um gás ideal, o que exige a determinação das entalpias para os estados
128
TERMODINÂMICA BÁSICA
especificados. Observe que no estado 1, a pressão é de 5.000 kPa e a temperatura de 350 °C, enquanto
no estado 2, há vapor saturado, ou seja, título igual a 1, com uma pressão de 100 kPa. Através da Tabela
7, os valores das entalpias para os estados mencionados são obtidos.
Para uma turbina com fluido compressível, variação de energia cinética e transferência de calor
desprezíveis, a equação da energia se resume em:
Q − W (h2 − h1)
=m
s
= ρ⋅ A1 ⋅ v1
m
1
=
m ⋅ π ⋅ r12 ⋅ v1
ϑ
1
=
m ⋅ π ⋅ 0,0352 ⋅ 220
0,05194
= 16,3 kg / s
m
WT (h2 − h1)
= −m
= 6404,8 kW
WT
129
Unidade II
Dispositivos como válvulas ou placas de orifício acarretam uma grande queda de pressão, sem que
haja transferência de calor (adiabático) ou trabalho e sem variações expressivas das energias cinética
e potencial. São os denominados dispositivos de estrangulamento ou de expansão. Durante o processo
desenvolvido nestes dispositivos, as entalpias são iguais (h1 = h2). Para sistemas de refrigeração, uma
grande queda de pressão resultará na mudança de fase do fluido de trabalho utilizado (refrigerante),
ocasionando também uma queda de temperatura.
Exemplo de aplicação
Solução
Um novo termo foi inserido na forma de variável, hI@30°C. A tradução desta variável é: a entalpia do
líquido saturado em trinta graus Celsius.
Note que a entalpia de saída para um dispositivo de expansão será igual à entalpia de entrada,
hsaída = hI@30°C = 241,79 kJ/kg. Para a pressão de 165 kPa, é possível verificar as entalpias da fração líquida e vapor.
Com o auxílio da Tabela 18 e considerando apenas a pressão de 165 kPa, a temperatura de saída será
de –15 °C.
Observe que a entalpia determinada para o estado 1 está entre as frações apresentadas após a
redução de pressão. Assim, o título será:
h = hl + x (hv − hl )
(
hsaida = hl@165 kPa + x saída hv@165 kPa − hl@165 kPa )
130
TERMODINÂMICA BÁSICA
241,79 − 180,19
x saída =
389,2 − 180,19
x saída = 0,295
Dispositivos que apresentam a mesma entalpia são denominados dispositivos isoentálpicos, por
exemplo, as válvulas de estrangulamento. Todo o modelo matemático foi criado para um sistema
adiabático, mas caso o dispositivo de estrangulamento apresente uma grande área de superfície exposta,
a transferência de calor torna‑se significativa, ou seja, não é possível considerá‑lo adiabático. Caso seja
necessário avaliar como as propriedades do fluido são afetadas pelo estrangulamento, é conveniente
reescrever a igualdade da entalpia como:
u1 + p1ϑ1 = u2 + p2ϑ2
131
Unidade II
132
TERMODINÂMICA BÁSICA
133
Unidade II
134
TERMODINÂMICA BÁSICA
Existe um dispositivo muito utilizado em ciclos termodinâmicos que contém uma câmara com duas
entradas e uma saída. Nesse dispositivo, denominado câmara de misturas, pelo menos dois fluxos de
entrada se tornam, após uma mistura que não realiza trabalho e com transferência de calor desprezível,
um único fluxo de saída.
135
Unidade II
Em um regime de escoamento permanente, deve existir a conservação da massa, assim todo o fluxo
de massa na entrada deve ser igual ao fluxo de massa na saída. Como a única energia presente na
câmara deve‑se à mistura dos fluidos que ocorre na entrada em razão do fluxo, na equação da energia,
podem‑se desprezar o trabalho, a transferência de calor e as variações das energias cinética e potencial,
ou seja, a entalpia da entrada deve ser igual à da saída. Assim, a equação da energia para uma câmara
de mistura será:
. . .
m 1h1 + m 2h2 = m 3h3
Exemplo de aplicação
Um fluxo a 20 °C de refrigerante 134a é misturado com outro fluxo de água a 1 MPa e 60 °C. Sabendo
que o fluxo de massa frio é duas vezes maior que o fluxo quente, determine a entalpia e o título na saída.
Solução
1 + m
m 2 =m
3
2 +m
2m 2 =m
3
3 = 3m
m 2
Para determinar a entalpia da saída, torna‑se necessário definir, através das Tabelas 18 e 19, as
entalpias das entradas. Dessa forma:
h1 = hI@20ºC = 227,49 kJ / kg
h2 = h@1MPA,60ºC = 441,89 kJ / kg
1h1 + m
m 2h2 = m
3h3
1h1 + m
m 2h2
h3 =
m3
136
TERMODINÂMICA BÁSICA
2h1 + m
2m 2h2
h3 =
3m2
2 (2h1 + h2 )
m
h3 =
3m2
2 ⋅ 227,49 + 441,89
h3 =
3
h3 = 298,96 kJ / kg
Considerando a pressão de 1 MPa, pode ser verificado na segunda coluna da Tabela 19 um valor de
1071 kPa, ou seja, um valor próximo de 1 MPa. Para evitar a interpolação da tabela e facilitar o cálculo,
assume‑se tal valor e consideram‑se as seguintes frações da entalpia: hI = 256,54 kJ/kg e hI = 419,82 kJ/
kg. Assim, o título na saída será:
h3 = hl + x 3 ⋅ (hv − hl )
h3 − hl
x3 =
(hv − hl )
298,96 − 256,54
x3 =
419,82 − 256,54
x 3 = 0,26
Até o momento foram estudados dispositivos com transferência de calor e variação de energia
cinética desprezíveis. Mas existe algum dispositivo que considera tais variações? A resposta para
esta pergunta está nos próximos dois tópicos que serão estudados, sobre trocadores de calor e
bocais/difusores.
Quando a energia térmica precisa ser trocada entre dois fluxos de fluido, sem que ocorra uma mistura, o
trocador de calor é o dispositivo mais indicado. Em um trocador de calor, a energia térmica ainda se transfere do
fluido mais quente para o fluido mais frio, ou para uma vizinhança com menor energia térmica. Um exemplo
137
Unidade II
prático de trocador de calor é o radiador de automóveis, em que um fluido refrigerante carrega todo o calor
do motor e o transfere para o ambiente. Para analisar um trocador de calor, considera‑se a pressão constante e
despreza‑se qualquer possível variação de pressão decorrente do atrito do fluido durante o escoamento.
Existem diversos tipos de trocadores de calor, e cada aplicação industrial irá indicar o melhor modelo
a ser utilizado. Porém, o modelo mais simples consiste em dois tubos concêntricos, conforme a figura
que segue, e é denominado trocador casco e tubo. Em um dispositivo como este, um fluido escoa dentro
do casco, enquanto o outro escoa dentro do tubo. Não há contato entre os fluidos e, portanto, não há
uma mistura. Quando os fluidos entram pelo mesmo lado e escoam na mesma direção, o trocador de
calor casco e tubo apresenta um escoamento paralelo. Quando os fluidos entram em lados opostos e
escoam em direções contrárias, o trocador de calor casco e tubo apresenta um escoamento contrário,
ou de contracorrente, sendo o modelo mais eficaz do trocador de calor casco e tubo.
Fluido B
Fluido A
Quanto maior for o gradiente (diferença) de temperatura entre os fluidos, maior será a quantidade
de calor trocado por unidade de área.
Existe uma outra classe de trocadores de calor que permite o escoamento cruzado do fluido, ou seja,
os fluidos escoam em movimento perpendicular, um em relação ao outro. Tais trocadores são compactos
e devem ser aplicados quando um fluido é líquido e o outro é gasoso.
Pela Primeira Lei da Termodinâmica, é possível observar que a taxa de fluxo de calor do fluido mais
quente será igual à taxa de calor para o fluido mais frio. Tal definição é aplicável porque, para trocadores
de calor, a queda de pressão resultante do movimento do fluido é desprezível, e por serem compactos,
é comum desprezar as variações da energia potencial. Para qualquer um dos fluidos, a primeira lei será:
. .
Q = m (h2 – h1)
Ao resolver problemas envolvendo trocadores de calor, inicie a sua resolução pelo fluido que lhe
dará a maior quantidade de informação; após aplicar as equações específicas, haverá informações para
determinar as propriedades para o segundo fluido.
Exemplo de aplicação
Em um condensador, refrigerante 134a deve ser resfriado em um trocador de calor casco e tubo de
contracorrente. O refrigerante entra no condensador com uma vazão mássica de 1 kg/s a 1 MPa e 70 °C
e sai a 35 °C. Á água de resfriamento entra a 300 kPa e 15 °C e sai a 25 °C. Determine o fluxo de água
para o resfriamento e a taxa de transferência de calor do refrigerante para a água.
Solução
Água
4 3
R - 134a
Como existe conservação da energia, toda a energia que entra deve ser igual a toda a energia
que sai:
. . . .
m 1h1 + m 3h3 = m 2h2 + m 4h4
Na equação anterior, os termos devem ser reagrupados em função do fluido de trabalho utilizado. Assim:
1h1 + m
m 3h3 = m
2h2 + m
4h4
1h1 − m
m 2h2 = m
4h4 − m
3h3
139
Unidade II
Ref (h4 − h3 )
água (h1 − h2 ) = m
m
Ref (h4 − h3 )
m
água =
m
(h1 − h2 )
. . . . . .
Note que m 1 = m 2 = m água e m 4 = m 3 = m Ref. Para definir as entalpias necessárias, é preciso verificar
o estado da água, se está saturada ou comprimida. Como as temperaturas do exercício estão bem abaixo
da temperatura de saturação (Tabela 6) da água para a pressão indicada, a água deve existir como
líquido comprimido na entrada e na saída do trocador.
Porém, para facilitar o cálculo na obtenção das entalpias, a água comprimida será aproximada da
água saturada (Tabela 6), resultando nos seguintes valores de entalpia: h1 = hI@15°C = 62,98 kJ/kg e
h2 = hI@25°C = 104,87 kJ/kg.
140
TERMODINÂMICA BÁSICA
Ref (h4 − h3 )
m
água =
m
(h1 − h2 )
1⋅ (249,1 − 452,34 )
água =
m
(62,98 − 104,87)
água = 4,85 kg / s
m
Para o próximo cálculo, a hipótese da transferência de calor ser nula não se aplica mais. Assim, para
determinar a taxa de transferência de calor para a água, deve‑se analisar o seu estado na entrada e na saída.
Q água, entra + m
águah1 = m
águah2
Q água, entra = m
águah2 − m
águah1
Difusor Bocal
v22 − v12
0= + h2 − h1
2
Um cuidado especial deve ser tomado com as unidades da equação anterior. No sistema internacional,
a unidade da entalpia específica é kJ/kg, como indicado nas tabelas termodinâmicas. A unidade da
energia cinética específica para a equação está em m2/s2; observe que a unidade pode ser escrita em
J/kg. Mas faz sentido escrever a unidade de velocidade ao quadrado em termos de unidade de energia
e massa? Ao trabalhar tal unidade, encontra‑se a unidade esperada para a energia cinética específica.
m
kg ⋅ 2 ⋅ m
J N⋅m s kg ⋅ m2 m2
= = = = 2
kg kg kg kg ⋅ s2 s
Porém, como há uma soma dos termos na equação de bocais/difusores, todos os termos devem
apresentar a mesma dimensão (ou unidade). Assim, para que seja possível realizar o cálculo, existe
a necessidade de dividir a energia cinética específica por 1.000 J/kJ, tornando assim consistentes
todas as unidades.
Exemplo de aplicação
Considere um bocal com área de entrada de 500 cm2. Calor é adicionado ao bocal através de um
fluxo de 35 kJ/kg de vapor que entra com uma pressão de 3 MPa e 500 °C, a uma velocidade de 5 m/s.
Ao sair do bocal, o vapor apresenta uma temperatura de 200 °C e uma pressão de 1 MPa. Determine a
vazão mássica, a velocidade e a área de saída do bocal.
Solução
Utilizando a Tabela 7, podem‑se obter os valores das propriedades do vapor para os estados
especificados. No estado 1, as seguintes informações são consideradas:
p1 = 3 MPa
T1 = 500 °C
v1 = 5 m/s
ϑ1 = 0,11619 m3/kg
h1 = 3456,48 kJ/kg
142
TERMODINÂMICA BÁSICA
p2 = 1 MPa
T2 = 200 °C
ϑ2 = 0,2608 m3/kg
h2 = 2839,25 kJ/kg
1
=
m ⋅ v1 ⋅ A1
ϑ
1
=
m ⋅ 5 ⋅ 500 ⋅10 −4
0,11619
= 2,15 kg / s
m
A partir da primeira lei, pode‑se obter a velocidade de saída. Lembre‑se de que não há trabalho e as
variações da energia potencial são desprezíveis para um bocal:
v2 − v2
Q = m
2 1 + h2 − h1
2
Q v22 − v12
= +h −h
m 2 ⋅1000 2 1
143
Unidade II
Q v2 v2
+ h1 − h2 = 2 − 1
m 2000 2000
Q v12 v22
+ h1 − h2 + =
m 2000 2000
Q v2
v22 = 2000 + h1 − h2 + 1
m 2000
Q v2
v2 = 2000 + h1 − h2 + 1
m 2000
52
v2 = 2000 35 + 3456,48 − 2839,25 +
2000
v2 = 1142 m / s
= ρ2 ⋅ v2 ⋅ A2
m
1
=
m ⋅ v2 ⋅ A2
ϑ2
⋅ϑ
m
A2 =
v2
2,15 ⋅ 0,2608
A2 =
1142
A2 = 0,000491m2 = 4,91m2
144
TERMODINÂMICA BÁSICA
As aplicações termodinâmicas desses dispositivos são encontradas nas mais diversas máquinas, desde
refrigeradores até grandes motores. É comum trabalhar com um ou vários dispositivos que, operando
em conjunto, formam um ciclo. Neste momento, três ciclos básicos serão apresentados: o Ciclo Rankine,
o Ciclo de Refrigeração e o Ciclo Brayton.
A combinação dos vários dispositivos em um ciclo tem o objetivo de produzir energia. No Ciclo
Rankine, quatro dispositivos ideais são utilizados, e a aplicação está em usinas térmicas (nuclear, de
carvão). A figura seguinte é uma representação esquemática do Ciclo Rankine.
.
QB
3
Caldeira
2
.
Turbina Wr
. Bomba
WB
4
Condensador
1 x4
.
QC
• Caldeira: adiciona energia térmica, na forma de calor, na água com alta pressão, transformando‑a
em vapor superaquecido.
• Turbina: produz energia com o auxílio do vapor a alta pressão e temperatura que está escoando
no ciclo.
• Condensador: após sair da turbina, o vapor inicia o seu processo de condensação para retornar ao
estado inicial de água líquida saturada, entrando novamente na bomba e reiniciando o ciclo.
Toda vez que uma máquina é utilizada ou energia é produzida, faz‑se necessário determinar o
rendimento ou a eficiência do processo. Assim, como o ciclo de Rankine tem o objetivo de produzir
energia, a eficiência (η) do ciclo pode ser definida por:
145
Unidade II
Potência líquida
η=
Potência de entrada
−W
W
T B
η= Q
B
A eficiência de um Ciclo Rankine aproxima‑se de 30%, ou seja, apenas 30% da energia térmica são
convertidos em energia útil na turbina.
Exemplo de aplicação
x=0
Condensador
1 x4
.
QC
Uma vazão mássica de água (ρ = 1.000 kg/m3) de 10 kg/s tem a sua pressão elevada de 20 kPa para
3 MPa. A temperatura da água é aumentada na caldeira para 350 °C, e ao passar pela turbina, o vapor
sai como vapor saturado. Determine a energia requerida pela bomba, a entrada de energia na caldeira,
a energia produzida pela turbina e a eficiência do ciclo.
Solução
Como apresentado anteriormente, a energia necessária para a bomba operar é definida por:
=m p −p
WB ⋅ 2 1
ρ
= 10 ⋅ 3000 − 20
WB
1000
146
TERMODINÂMICA BÁSICA
= 29,8 kW
WB
Para determinar a energia na caldeira, é necessário encontrar o valor da entalpia h2. Com o auxílio da
energia requerida pela bomba e considerando a entalpia da água saturada a 20 kPa, o valor da entalpia,
para o estado 1, será definido com o auxílio da Tabela 15.
Assim:
WB ⋅ (h2 − h1)
=m
W B
h2 = + h1
m
29,8
h2 = + 251,38
10
h2 = 254,36 kJ / kg
Para definir a energia da caldeira, o processo 2‑3 deve ser analisado. A entalpia para o estado 3 foi
determinada com o auxílio da Tabela 7.
⋅ (h3 − h2 )
Q B = m
Q B = 10 ⋅ (3115,25 − 254,36 )
Q B = 28608,9 kW
147
Unidade II
WT ⋅ (h4 − h3 )
= −m
= 3111kW
WT
saída
η=
entrada
−W
W
T B
η= Q
B
3111 − 29,8
η=
28608,9
η = 0,108 = 10,8%
Naturalmente o fluxo de calor vai da fonte de maior energia para a fonte de menor energia, ou,
como mencionado no dia a dia, o calor migra do objeto com maior temperatura para o objeto com
menor temperatura. Mas seria possível inverter tal processo, de modo que o calor escoasse do objeto de
menor temperatura para o objeto de maior temperatura?
Sem o auxílio de nenhum dispositivo, isso seria impossível. Mas, combinando diversos dispositivos
para em conjunto criar um ciclo que visa obter baixas temperaturas, como ocorre em refrigeradores e
condicionadores de ar, um ciclo de refrigeração é definido, conforme a figura que segue.
148
TERMODINÂMICA BÁSICA
. .
Q sai = Q cond
x=0 2
Condensador
3
.
WC
Dispositivo Compressor
de expansão
Evaporador
4 x=1
. .
Q entra = Q Evap
Note que o Ciclo de Refrigeração também é composto por quatro dispositivos; a função de cada um
deles é:
• Evaporador: funciona como um trocador de calor, recebendo calor do ambiente; o refrigerante sai
na forma de vapor saturado.
O Ciclo de Refrigeração tem uma característica peculiar. Perceba que, nas geladeiras, a função de seu
interior é refrigerar alimentos; porém, no seu exterior, as paredes laterais e a parte traseira estão quase
constantemente quentes, ou seja, calor sempre está sendo abandonado para o ambiente.
Quando o dispositivo operar. como um refrigerador, o objetivo será resfriar um espaço predeterminado,
com a transferência de calor (QEvap) deste espaço para o refrigerante.
Refrigerador define uma classe de equipamentos com a função de resfriar, como congelador,
refrigerador (geladeira) e ar‑condicionado. Para definir a qualidade do ciclo, utiliza‑se um conceito
149
Unidade II
denominado coeficiente de performance (COP), o qual mede o efeito desejado em razão da energia
utilizada. Para um refrigerador, o coeficiente de performance será:
Q Evap
COPR =
WComp
Lembrete
A potência do compressor pode ser definida como as transferências do calor que entra no evaporador
e sai do condensador. Assim:
. . .
W Comp = QCond – QEvap
Retornando à equação do coeficiente de performance, uma nova expressão pode ser escrita
relacionando apenas os calores apresentados no Ciclo de Refrigeração.
Q Evap
COPR =
W Comp
Q Evap
COPR =
Q Cond − Q Evap
Q
COPBC = Cond
WComp
Mais uma vez, uma nova expressão pode ser escrita apenas com os calores:
Q
COPBC = Cond
WComp
150
TERMODINÂMICA BÁSICA
Q Cond
COPBC =
Q Cond − Q Evap
Exemplo de aplicação
Um espaço deve ser resfriado com a compressão do refrigerante 134a de 294 kPa para 1.000 kPa.
Nesse ciclo de refrigeração, o fluxo de massa do refrigerante é de 0,25 kg/s. Determine a potência
requerida pelo compressor adiabático, a capacidade de refrigeração e o coeficiente de performance.
Utilize os dados adicionais apresentados na figura e despreze qualquer tipo de perda.
. .
Q sai = Q cond
1 MPa, 50 ºC
x=0 2
Condensador
3
.
WC
Dispositivo Compressor
de expansão
294 kPa 1
Evaporador
4 x=1
. .
Q entra = Q Evap
Solução
Para o estado 1 foram considerados o refrigerante 134a saturado e p1 = 294 kPa. Com o auxílio da
Tabela 18, h1 = 398,36 kJ/kg.
Entalpia (kJ/kg)
Para o estado 2, p2 = 1.000 kPa e T2 = 50 °C, utilizou‑se a tabela do refrigerante 134a vapor
superaquecido. Com o auxílio da Tabela 19, h2 = 431,24 kJ/kg.
151
Unidade II
W (h2 − h1)
Comp = m
W Comp = 8,22 kW
Uma prática comum em máquinas é definir a potência em hp. Como fator de conversão, considere:
1,34 hp = 1 kW. Assim, o compressor deste exercício apresentará uma potência aproximada de 11 hp.
Não existe variação de entalpia no evaporador. Dessa forma, como a pressão não mudará no
condensador, a entalpia para 1 MPa com x = 0 (líquido saturado) será determinada pela interpolação
da Tabela 18, afinal não existe tal pressão, apenas um valor abaixo e outro um pouco acima. Através da
interpolação do intervalo onde estaria a pressão desejada, o valor da entalpia será: h3 = h4 = 255,56 kJ/kg.
Portanto, a energia que flui pelo evaporador será:
(h1 − h4 )
Q Evap = m
Q Evap = 35,7 kW
Q Evap
COPR =
W Comp
35,7
COPR =
8,22
COPR = 4,34
152
TERMODINÂMICA BÁSICA
O coeficiente de performance indica quanto de refrigeração ocorreu para cada entrada de energia.
Neste exercício, a energia térmica de resfriamento é 4,34 vezes a entrada de energia. Qualquer perda
associada ao ciclo irá diminuir o COP.
Saiba mais
O Ciclo Brayton é muito utilizado em sistemas que operam com turbinas a gás, em que a adição da
energia térmica (calor) ocorre a uma pressão constante. Idêntico aos demais ciclos apresentados, no
Ciclo Brayton (figura a seguir) há quatro dispositivos, com as seguintes funções:
• Compressor: comprime o ar para uma pressão de saída aproximadamente trinta vezes a pressão de
entrada em um motor a jato, por exemplo. Assume‑se para tal dispositivo um processo adiabático
de quase equilíbrio.
• Câmara de combustão: opera a uma pressão constante e tem como objetivo calor.
• Turbina: utiliza o ar a alta pressão e temperatura para gerar energia. Neste dispositivo também se
assume um processo adiabático de quase equilíbrio.
• Trocador de calor: tem a função de resfriar o ar que sai da turbina para que o processo se reinicie.
.
Q entra
Câmara de 3
combustão
2
.
WT
Compressor Turbina
Trocador de calor
1
.
Q sai
153
Unidade II
A eficiência do Ciclo Brayton quando energia é produzida pode ser definida por:
W
η = sai
Q entra
=W
W −W
sai T C
Exemplo de aplicação
Ar a 3 kg/s entra em um compressor que opera no Ciclo Brayton a 100 kPa e 20 °C e o deixa a 700
kPa. O ar abandona a câmara de combustão a 1.000 °C. Calcule o calor da câmara de combustão, a
temperatura de saída da turbina, a potência de saída e a eficiência do ciclo.
.
Q entra
700 kPa 3
Câmara de
combustão
2
.
WT
Compressor Turbina
100 kPa 4
20 ºC
Trocador de calor
1
.
Q sai
Solução
(k −1)/k
T2 p2
=
T1 p1
154
TERMODINÂMICA BÁSICA
(k −1)/k
p
T2 = T1 2
p
1
(1,4 −1)/1,4
700
T2 = (20 + 273) ⋅
100
T2 = 510,9 K
Q = mcp ( T3 − T2 )
Q = 2286,3 kW
Na câmara de combustão, a pressão é constante. Para a turbina, observe pela figura anterior que a
pressão que entra é de 700 kPa e a pressão que sai é de 100 kPa. Como não se considera as perdas de
calor na turbina (processo adiabático de quase equilíbrio), a temperatura de saída será:
(k −1)/k
T4 p4
=
T3 p3
(k −1)/k
p
T4 = T3 4
p
3
(1,4 −1)/1,4
100
T4 = 1273 ⋅
700
T4 = 703,1K
WC p ( T2 − T1)
= mc
155
Unidade II
= 653,7 kW
WC
WT p ( T3 − T4 )
= mc
= 3 ⋅1,0 ⋅ (1273 − 703,1)
WT
= 1709,7 kW
WT
=W
W −W
sai T C
= 1709,7 − 653,7
Wsai
= 1056 kW
Wsai
W
η = sai
QEntra
1056
η=
2286,3
η = 0,462 = 46,2%
A Primeira Lei da Termodinâmica enuncia o Princípio de Conservação da Energia, mas será que
conhecê‑la garante a realização do processo?
Considere o seguinte experimento: você acaba de pegar um copo de café muito quente e o deixa
em cima de uma mesa; como haverá conservação da energia, o calor do café será transferido para o
ambiente, ou seja, o fluxo de calor respeitará a Física, indo do sistema de maior temperatura para o
156
TERMODINÂMICA BÁSICA
sistema de menor temperatura, como informado e validado pela Primeira Lei da Termodinâmica. Mas e
o inverso, é possível ocorrer?
Sem violar os princípios físicos, é impossível que um objeto com menor temperatura transfira calor
para um objeto com maior temperatura, ou seja, um ambiente frio não aquecerá, ainda mais, um objeto
já quente. Entretanto, se a primeira lei for aplicada, não haverá nenhuma violação, uma vez que a
quantidade de energia transferida seria determinada.
Observação
Existe apenas uma direção possível para o fluxo de calor, sempre do objeto
mais quente para o mais frio. Dessa forma, a Primeira Lei da Termodinâmica está
limitada a tratar as variações das energias presentes nos sistemas, processos ou
volumes de controle e determinar as suas transformações entre calor e trabalho.
Mas existe uma forma de validar a direção da energia ao mesmo tempo que se determina a
sua quantidade?
Sim, através da Segunda Lei da Termodinâmica, isso se torna possível. Com ela, além da quantidade
de energia envolvida no processo, é possível definir a sua qualidade e direção.
A maioria dos dispositivos utilizados em Termodinâmica necessita de alguma fonte de energia a qual
é denominada reservatório. Um reservatório deve ser um sistema grande para fornecer ou absorver
calor, sem que ocorra alteração de sua temperatura. Uma fonte de energia térmica é denominada fonte
de calor, e o local em que essa energia se deposita é denominado dissipador de calor.
Muito se falou dos processos termodinâmicos. Agora, saiba que um processo ocorre entre uma fonte
e o dissipador de calor. Quando passa por diversos estados diferentes e no final do ciclo retorna às suas
condições originais, o processo é conhecido como reversível. Lembre‑se, por exemplo, de uma mola:
sempre que é esticada ou comprimida, assim que cessa a força aplicada, a mola retorna à sua posição
de equilíbrio, definindo‑se como um processo reversível.
• Atrito: ao esfregar as suas mãos, por exemplo, parte da energia será dissipada na forma de
calor, afinal houve o aquecimento da sua mão. Note que o atrito gerou o calor, ou seja, parte
da energia do movimento se perdeu na forma de calor, e este não retornará à condição original,
caracterizando um processo irreversível.
157
Unidade II
• Mistura: quando duas substâncias miscíveis se juntam, é difícil realizar a completa separação, o
que as impede de retornar à condição inicial, caracterizando um processo irreversível.
• Transferência de calor: se houver uma diferença finita de temperatura, o processo será irreversível, com
o calor fluindo naturalmente da região de maior temperatura para a região de menor temperatura.
Em resoluções de problemas termodinâmicos, muitos processos, embora não reversíveis, são quase
reversíveis. Mas como saber que um processo pode ser aproximado para um quase reversível? A
maioria dos processos quase reversíveis não envolve reservatórios de calor. Mas, na prática, todos os
processos são irreversíveis, em especial os que envolvem transferência de calor através de grandes
gradientes de temperatura.
Uma conclusão direta que será expressa pela Segunda Lei da Termodinâmica é que nenhuma máquina
apresentará 100% de eficiência, ou seja, a reversibilidade não ocorre no mundo real, e por melhor que
seja concebida a máquina, sempre haverá perdas.
Existem dois enunciados para a Segunda Lei da Termodinâmica: um destinado às máquinas térmicas
(Kelvin‑Planck) e o outro destinado ao ciclo de refrigeração (Clausius), ambos indicando a direção na
qual o processo irá ocorrer.
Reservatório quente
QQ QQ
W = QQ - QF
W=0
QF QF
Reservatório frio
Qualquer dispositivo que receba calor de um reservatório para realizar trabalho durante um ciclo
é denominado máquina térmica (figura anterior). Uma máquina térmica deve rejeitar calor para o
ambiente (ou vizinhança) durante o seu funcionamento. Note que o calor deve ser transferido de um
reservatório térmico para um outro reservatório. A principal característica de um reservatório térmico
158
TERMODINÂMICA BÁSICA
é que manterá a sua temperatura constante, mesmo que a energia seja adicionada ou removida pela
transferência de calor.
Considere uma máquina térmica na qual o calor quente (QQ) seja transferido do reservatório que
apresenta a maior temperatura, ou uma temperatura quente (TQ), produzindo trabalho (W), e rejeitando
calor frio (QF), para o dissipador de calor, mantido a uma temperatura fria (TF). Como há irreversibilidades
no processo, este enunciado afirma que alguma quantidade de calor (QF) deve ser transferida para o
dissipador. Aplicando‑se a Primeira Lei da Termodinâmica:
W = QQ – QF
Uma interpretação mais objetiva do enunciado de Kelvin‑Planck expressa que nenhuma máquina
térmica pode operar com eficiência térmica de 100%.
Observação
Saída
Parâmetro de desempenho =
Entrada de energia
As máquinas térmicas são utilizadas quando o calor deve ser convertido em trabalho. Lembre‑se
de que, naturalmente, é possível converter trabalho em calor, por exemplo, esfregando as mãos
para aquecer. Dessa forma, toda máquina térmica se caracteriza por receber calor da fonte quente
(alta temperatura), converter frações do calor em trabalho, rejeitar o calor não convertido para um
reservatório frio e operar em ciclo.
Saída
η=
Entrada exigida
159
Unidade II
W
η=
QQ
Para que a máquina térmica realize trabalho, a entrada necessária (exigida ou requerida) é a
transferência de calor do reservatório quente (QQ). Lembre‑se de que, pelo enunciado de Kelvin‑Planck
da Segunda Lei da Termodinâmica, o calor rejeitado para o reservatório frio não pode ser nulo. Assim, o
trabalho pode ser definido como a diferença entre os calores quente e frio, e a eficiência do ciclo será
expressa apenas pelos calores quente ou frio.
W
η=
QQ
Q Q − QF
η=
QQ
QF
η = 1−
QQ
Exemplo de aplicação
Uma máquina térmica recebe 750 kJ de calor de um reservatório quente e rejeita 500 kJ de calor
para o ambiente. Determine o trabalho realizado pela máquina térmica e a sua eficiência.
Solução
W = Q Q − QF
W = 750 − 500
W = 250 kJ
W
η=
QQ
160
TERMODINÂMICA BÁSICA
250
η=
750
η = 0,33 = 33%
QF
η = 1−
QQ
500
η = 1−
750
η = 33%
Naturalmente, o calor não flui de uma região mais fria para uma região mais quente. Para que
isso ocorra, existe a necessidade de forçar o calor a fluir no sentido contrário ao natural, através do
fornecimento de trabalho. O ciclo que opera com o calor fluindo da fonte fria para a fonte quente
é denominado Ciclo de Refrigeração, utilizado em geladeiras, bombas de calor, ar‑condicionado,
equipamentos que, genericamente, são chamados de refrigeradores.
Reservatório quente
Refrigerador W
QF
Reservatório frio
Figura 30 – Refrigerador necessita de trabalho para remover o calor do reservatório frio para o reservatório quente
Em um refrigerador (figura anterior), o calor frio (QF) é removido de um reservatório frio (TF) e
rejeitado para um reservatório quente (TQ). Lembre‑se que naturalmente, o calor quente deve sempre
fluir na direção do calor frio. Porém, por se tratar de uma máquina térmica que recebe trabalho da
161
Unidade II
vizinhança, o ciclo de refrigeração (ou o refrigerador) pode operar com o calor fluindo do reservatório
frio para o reservatório quente.
Segundo Clausius, sem a adição de trabalho, não é possível fazer o calor fluir do reservatório frio
para o reservatório quente. Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica para o ciclo de refrigeração:
W = QQ – QF
Saída
β = COPR =
Entrada exigida
QF
β = COPR =
W
Para operar, o refrigerador necessita de uma entrada de trabalho (requerida pelo compressor). Na
saída, considera‑se o calor removido (QF) da região fria. Assim, o trabalho pode ser definido como a
diferença entre os calores quente e frio, e o coeficiente de performance do refrigerador será expresso
apenas pelos calores quente ou frio.
QF
β = COPR =
W
QF
β=
Q Q − QF
1
β=
QQ
−1
QF
Observação
162
TERMODINÂMICA BÁSICA
Exemplo de aplicação
Solução
= Q − Q
W Q F
Q F = Q Q − W
Q F = 12 − 7 ⋅ 0,746
Q F = 6,78 kW
Observe que um fator de conversão foi utilizado para transformar hp no sistema internacional
(1 hp = 0,756 kW).
QF
β=
W
Q
β = F
W
6,78
β=
7 ⋅ 0,746
β = 1,29
Portanto, para cada unidade de trabalho aplicado, 1,29 vezes de energia térmica é criada.
Se o objetivo do ciclo de refrigeração for adicionar calor ao ambiente, um dispositivo denominado bomba
de calor será instituído. Em uma bomba de calor, o refrigerante quente do compressor é desviado para o
trocador de calor, e a troca de calor acontece entre o refrigerante quente e o ar do ambiente. O parâmetro de
desempenho da bomba de calor é denominado coeficiente de performance da bomba de calor:
163
Unidade II
QQ
γ = COPBC =
W
QQ
γ=
Q Q − QF
1
γ=
Q
1− F
QQ
Exemplo de aplicação
Um refrigerador opera como uma bomba de calor e as características do compressor são iguais às do
exemplo anterior, exigindo 7 hp para o seu funcionamento e transferindo 10 kW de calor. Determine a
taxa de calor absorvida do ambiente e o desempenho da bomba de calor.
Solução
= Q − Q
W Q F
Q F = Q Q − W
Q F = 12 − 7 ⋅ 0,746
Q F = 6,78 kW
Observe que um fator de conversão foi utilizado para converter hp na unidade do sistema
internacional (1 hp = 0,756 kW).
QQ
γ = COPBC =
W
Q
γ = Q
W
164
TERMODINÂMICA BÁSICA
10
γ=
7 ⋅ 0,746
γ = 1,91
Portanto, para cada unidade de trabalho aplicado, 1,91 vezes de energia térmica é transferida para
o ambiente.
Existe uma máquina térmica que opera em um processo de quase equilíbrio, ou seja, na condição
ideal. Embora na prática tal máquina não exista, por não conter irreversibilidades, a eficiência máxima
pode ser obtida. Assim, máquinas que operam com eficiência máxima, pois desprezam toda e qualquer
irreversibilidade, são denominadas máquinas de Carnot.
A máquina de Carnot (figura anterior) consiste em dois processos adiabáticos alternados com dois
processos isotérmicos. Note que ela opera com ciclos ideais e sem atrito, caracterizando‑se como uma
máquina de máxima eficiência.
2
TQ = constante
3
Q=0
Q=0
1
4
TF = constante
• Processo 1‑2: compressão adiabática reversível. Existe um aumento de temperatura, da mais baixa
para a mais alta, durante o processo de compressão.
165
Unidade II
• Processo 2‑3: expansão isotérmica reversível. Calor se transfere do reservatório quente para o gás.
O processo ocorre de forma lenta para que a transferência de calor seja constante.
• Processo 3‑4: expansão adiabática reversível. O sistema deve estar completamente isolado, e o
calor é transferido da temperatura quente para a temperatura fria, de modo que trabalho seja
realizado, com consequente diminuição de temperatura do fluido.
• Processo 4‑1: compressão isotérmica reversível. O calor é transferido do gás para o reservatório frio,
de forma lenta, para que o máximo valor de temperatura seja removido, mantendo‑se constante.
Q1−2 = Q 3−4 = 0
Para o processo isotérmico do estado 2 para o estado 3, o calor quente é fornecido ao gás ideal:
∀3
Q Q = mRTQln
∀2
QF = −Q 4 −1
∀4
Q Q = mRTFln
∀1
QF
η = 1−
QQ
∀4
mRTFln
∀1
η = 1−
∀
mRTQln 3
∀2
166
TERMODINÂMICA BÁSICA
∀4
ln
T ∀1
η = 1− F ⋅
TQ ln ∀3
∀2
Como o processo é de quase equilíbrio, a relação entre temperatura e volume pode ser aplicada:
(k −1)
T2 TQ ∀1
= =
T1 TF ∀2
(k −1)
T3 TQ ∀4
= =
T4 TF ∀3
Como conclusão:
∀1 ∀4
=
∀2 ∀ 3
Com essa nova informação, na expressão para a eficiência do Ciclo de Carnot, pode‑se eliminar a
razão dos volumes.
TF
ηmáx = 1 −
TQ
Exemplo de aplicação
Solução
TF
ηmáx = 1 −
TQ
167
Unidade II
20 + 273
ηmáx = 1 −
350 + 273
Logo, como o motor apresentado pelo estudante apresenta uma eficiência menor que a máxima, os
dados estão corretos.
Comparando os resultados com as equações anteriores, torna‑se possível relacionar a razão dos
calores quente e frio com a razão das temperaturas quente e fria.
TQ Q Q
=
TF QF
Portanto, note que a eficiência máxima do Ciclo de Carnot depende apenas das temperaturas
absolutas dos reservatórios de calor.
TF
βmax =
TQ − TF
Exemplo de aplicação
Solução
Com a Primeira Lei da Termodinâmica, é possível determinar a quantidade de calor rejeitada para o
reservatório quente.
= Q − Q
W Q F
Q Q = W
+ Q
F
168
TERMODINÂMICA BÁSICA
Q Q = 4 ⋅ 0,746 + 9
Q Q = 11,98 kW
Q
β = F
WF
9
β=
4 ⋅ 0,746
β = 3,02
TF
βmáx =
TQ − TF
19 + 273
βmáx =
(32 + 273) − (19 + 273)
βmáx = 22,46
O coeficiente de performance máximo sempre deve ser maior que o coeficiente real.
Quando o objetivo for aquecer, o coeficiente de performance da bomba de calor expresso em função
das temperaturas absolutas será:
TQ
γ max =
TQ − TF
169
Unidade II
Resumo
170
TERMODINÂMICA BÁSICA
Vazão
. volumétrica: o produto da área pela velocidade média para a
área, ∀ = v A.
v22 − v12
Equação da energia: Q − W
=m
s 2 + h2 − h1 + g(z 2 − z1 .
)
171
Unidade II
172
TERMODINÂMICA BÁSICA
173
Unidade II
Exercícios
Instalações de potência com turbinas a gás tendem a ser mais leves e compactas se comparadas a
instalações de potência a vapor. Adicionalmente, apresentam uma relação favorável entre potência de
saída e peso nas turbinas a gás, o que as torna atrativas para aplicações em transporte, podendo‑se citar,
como exemplo, a propulsão de aeronaves e embarcações.
Fonte: MORAN, M. J., SHAPIRO, H. N. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
Considere uma turbina a gás, que opera em modo fechado, analisada por meio do ciclo de ar‑padrão
Brayton, conforme figura a seguir, acompanhada do diagrama T × s (temperatura versus entropia
específica) correspondente.
.
Q entra
p2
= 10 T 3
p1 T3 = 1400 K T3 = 1400 K
Trocador de calor
2 3 a
. kP
W ciclo 00
Compressor Turbina 10
p=
2 4
kPa
00
p =1
T1 = 300 K
Trocador de calor 1
1 4 S
.
p1 = 100 kPa Q sai
T1 = 300 K
I – De acordo com as hipóteses de uma análise de ar‑padrão, o aumento de temperatura que seria
obtido no processo de combustão é alcançado por transferência de calor de uma fonte externa para o
fluido de trabalho. Esse fluido de trabalho considera o ar como gás ideal.
II – O ar, ao passar pela turbina, sairia para a atmosfera em uma condição de temperatura mais alta
do que quando foi admitido ao compressor. No ciclo de ar‑padrão Brayton, idealiza‑se um trocador de
calor entre a turbina e o compressor, para rejeição de calor, a fim de reduzir a temperatura na saída da
turbina aos níveis da entrada no compressor.
174
TERMODINÂMICA BÁSICA
III – Um ciclo de ar‑padrão Brayton é composto por quatro equipamentos: um compressor que
eleva a pressão do ar para sua entrada na turbina, um trocador de calor, responsável pelo aumento
da temperatura para a entrada do ar na turbina, uma turbina e outro trocador de calor, que reduz a
temperatura do ar na saída da turbina aos mesmos níveis de sua entrada no compressor.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
I – Afirmativa correta.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: o ar, ao passar pela turbina, sairia para a atmosfera em uma condição de temperatura
mais alta do que quando foi admitido ao compressor. No ciclo de ar‑padrão Brayton, idealiza‑se um
trocador de calor entre a turbina e o compressor, para rejeição de calor, a fim de reduzir a temperatura
na saída da turbina aos níveis da entrada no compressor.
Quando se observa o diagrama T‑s, da figura, para o ciclo Brayton, verifica‑se que a pressão
na descarga da turbina é a mesma que a da entrada do compressor. Observa‑se, também, que o
processo de expansão na turbina é isentrópico. Como a entropia na entrada da turbina é maior
do que na entrada do compressor e ela é a mesma na saída da turbina, é possível concluir que, na
saída da turbina, o fluido de trabalho apresenta a mesma pressão e a entropia é maior do que na
entrada do compressor. Para que isso ocorra, a temperatura na descarga da turbina deve ser maior
do que na entrada do compressor.
aumento da temperatura para a entrada do ar na turbina, uma turbina e outro trocador de calor, que
reduz a temperatura do ar na saída da turbina aos mesmos níveis de sua entrada no compressor.
Questão 2. (Enade 2011) A figura que segue representa um sistema de refrigeração por compressão
de vapor com seus principais componentes e seu respectivo ciclo teórico, construído sobre um diagrama
de Mollier (P‑h).
Uc
3 2
Condensador
3 TC 2
PC s2 = s1
PO 1
4 TO
h3 = h4 h1 h2 h
Fonte. DOSSAT, R. Princípios de Refrigeración. México: Compañía Editorial Continental S/A, 1980 (com adaptações).
A) I, apenas.
B) II, apenas.
176
TERMODINÂMICA BÁSICA
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
177
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 2
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 184. Adaptada.
Figura 4
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 194. Adaptada.
Figura 5
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 50. Adaptada.
Figura 6
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 49. Adaptada.
Figura 7
ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. São Paulo: McGraw‑Hill, 2013. p. 138.
Figura 8
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 253. Adaptada.
Figura 9
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 199. Adaptada.
Figura 10
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 199. Adaptada.
178
Figura 11
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 254. Adaptada.
Figura 12
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 256. Adaptada.
Figura 13
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 84. Adaptada.
Figura 15
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 116. Adaptada.
Figura 16
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 119. Adaptada.
Figura 17
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 125. Adaptada.
Figura 20
ÇENGEL, Y. A. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. 4 ed. São Paulo: McGraw‑Hill,
2012. p. 195. Adaptada.
Figura 21
ÇENGEL, Y. A. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. 4 ed. São Paulo: McGraw‑Hill,
2012. p. 195. Adaptada.
Figura 22
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 139. Adaptada.
179
Figura 23
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 145. Adaptada.
Figura 24
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 145. Adaptada.
Figura 25
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 147. Adaptada.
Figura 26
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 147. Adaptada.
Figura 27
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 149. Adaptada.
Figura 28
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015. p. 149.
Figura 29
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 280. Adaptada.
Figura 30
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley,
2008. p. 284. Adaptada.
Figura 31
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
p. 175. Adaptada.
180
REFERÊNCIAS
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aprendizagem – Parte I. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, v. 32, n. 2, p. 407‑441, 2015.
___. A história da evolução do conceito físico de energia como subsídio para o seu ensino e aprendizagem –
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HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK, R. Fundamentos de Física 2: Gravitação, Ondas, Termodinâmica.
9 ed. São Paulo: LTC, 2012.
KROSS, K. A.; POTTER, M. C. Termodinâmica para engenheiros. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
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YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008.
Exercícios
182
183
184
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000