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Universidade Estadual de Maringá - UEM

Centro de Ciências Exatas - CCE


Departamento de Físico-Química - DQI

RELAÇÃO ENTRE CAPACIDADES CALORÍFICAS PARA GASES PELO


MÉTODO DE CLEMENT DESORMES

Aluna: Geovana Romanelli Boso RA: 109382


Curso: Química - Bacharelado
Disciplina: Físico-Química Experimental I 3226 - Turma 02

Docente: Dr. Wilker Caetano

Maringá/ 2023
1. INTRODUÇÃO
A transformação adiabática é um processo termodinâmico que não permite que
ocorram trocas de calor (energia térmica) e de matéria entre um recipiente térmico isolado
composto por um gás com o meio externo, devido à compressão ou expansão rápida sofrida
pelo gás. Por isso, deu-se a nomenclatura adiabático(a), que advém do grego adiabatos, que
significa intransponível, impenetrável.
Além disso, ela também pode ocorrer quando o recipiente e o ambiente externo
apresentam a mesma temperatura, estando em equilíbrio térmico, não ocorrendo a
transferência de calor entre eles.
Quando aumentamos a temperatura de uma determinada substância, aumentamos
também sua energia interna de acordo com as condições em que o aquecimento é realizado.
Em um volume constante a capacidade calorífica Cv, de modo que a energia interna
varia em função da temperatura e com o volume da amostra, é definida como sendo:
∂𝑈
𝐶𝑣 = ( ∂𝑇 )𝑣

Equação 01.
A entalpia de uma substância aumenta proporcionalmente ao aumento da temperatura.
Quando a pressão é constante, temos que o coeficiente angular da tangente à curva da
entalpia contra a temperatura chamada capacidade calorífica Cp descrita pela equação abaixo.
∂𝐻
𝐶𝑝 =( ∂𝑇 )𝑝

Equação 02.
Transformações adiabáticas são processos termodinâmicos nos quais não ocorrem
transferências de calor entre um sistema e suas vizinhanças. Neste caso a energia interna é
convertida em trabalho, trabalho esse que poderá ser negativo quando o sistema perde energia
interna e consequentemente temperatura tratando-se então de uma expansão do tipo
adiabática. Em contrapartida, o trabalho poderá ser positivo quando o sistema ganha energia e
temperatura sendo assim considerada uma compressão adiabática. De acordo com a primeira
lei da termodinâmica para um processo adiabático temos que:
∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊
∆𝑈 = 0 − 𝑊
∆𝑈 =− 𝑊
Equação 03.
Em processos determinados como sendo isotérmicos, a temperatura do sistema
fechado é mantida constante não permitindo que haja troca de matéria, mas apenas de
energia. Desta forma, aplicando a primeira lei da termodinâmica para processos isotérmicos
temos que:
∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊
0=𝑄 −𝑊
𝑄= 𝑊
Equação 04.
A equação acima nos diz que a energia perdida por um sistema sai em forma de
trabalho e o processo inverso, quando o sistema ganha energia é em forma de calor de forma
que a energia interna permanece constante.
Ambos os processos, adiabáticos e isotérmicos, possuem como fator em comum a
temperatura, portanto, podemos fazer uso do conceito de calor específico que nos diz a
quantidade de calor necessária para que a temperatura de um sistema seja elevada (em graus
Celsius ou kelvin) descrito abaixo:
𝑄
𝐶= ∆𝑇

Equação 05.
Para relacionar outras formar de energia com energia térmica utilizamos o conceito de
Cv e Cp mencionados acima e estabelecemos a seguinte relação:
𝐶𝑝 − 𝐶𝑣 = 𝑅
Equação 06.
𝐶𝑝
γ= 𝐶𝑣

Equação 07.

Onde R é a constante dos gases e γ é a taxa de calor específico. Ao se tratar de gases


reais, Cp e Cv podem ser descritos tanto para gases monoatômicos (Eq. 8) como para gases
diatômicos (Eq. 9) como demonstrado abaixo.

5 3
𝐶𝑝 = ( 2 )𝑅 ; 𝐶𝑣 = ( 2 )𝑅

Equação 08.

7 5
𝐶𝑝 = ( 2 )𝑅 ; 𝐶𝑣 = ( 2 )𝑅

Equação 09.

Experimentalmente, é possível calcular Cp e Cv por meio do método de


Clement-Desormes onde, utilizando um gás real, dois processos são realizados. O primeiro
trata-se de uma expansão adiabática do estado 1 para o estado 2 e o segundo um aquecimento
isocórico do estado 2 para o 3 como descrito na figura 1.

No estado inicial (1) uma determinada quantidade de mol de gás está em alta pressão
P1 é maior que a pressão atmosférica de 1 atm, e também está condicionado a um volume V1
e temperatura ambiente T1. No estado (2) o gás está condicionado a uma expansão adiabática
com pressão P2 que é a pressão atmosférica, um volume V2 e temperatura T2 que é menor
que a temperatura ambiente. Rapidamente é realizado um aquecimento isocórico até o estado
(3) à temperatura ambiente e pressão P3.
Podemos então, se calcular a taxa de calor específico γ da seguinte forma:

γ γ
𝑃1𝑉1 = 𝑃2𝑉2 Equação 10.

𝑃2
𝑙𝑛( 𝑃1 )
γ= 𝑉1
Equação 11.
𝑙𝑛( 𝑉2 )

O valor de Cp de um gás ideal é maior que Cv, pois, no experimento à pressão


constante, o calor entregue ao material provoca também expansão do gás, o que significa que
parte dessa energia foi convertida em trabalho e não em aumento da energia térmica do
corpo.

2. OBJETIVO

Determinar a razão entre Cp e Cv para gases (o ar) pelo método de Clement e


Desormes.
3. PROCEDIMENTO
● Colocar óleo no manômetro.
● Montar a aparelhagem abaixo:

● Fixar a rolha no garrafão.


● Adaptar o tubo com CaCl2 para secar o ar proveniente de um compressor.
● Conectar o manômetro com a saída “c” do garrafão.
● Com as pinças “a” e “b” abertas e “c” fechada (apenas por segurança) deixar circular
ar seco pelo garrafão durante 10 a 15 min..
● Abrir “c” e fechar lentamente “b” até que haja um desnível razoável no óleo do
manômetro. Desligar a fonte de ar simultaneamente ao fechamento de “a” e “b”.
Deixar a pressão estabilizar e a temperatura atingir a mesma do ambiente. Efetuar a
leitura da pressão (h1).
● Abrir e fechar rapidamente a rolha do garrafão (3s) para que ocorra a expansão
adiabática e reversível do ar.
● Deixar o sistema alcançar novamente o equilíbrio térmico (aproximadamente 15 min.)
e ler a pressão final (h3).
● Repetir o procedimento pelo menos 3 vezes.
● Determinar a pressão barométrica e a temperatura do ambiente.
● Paralelamente ao experimento propriamente dito, determine a densidade do óleo
utilizado no manômetro.
4. PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS

3.1.Cloreto de cálcio
• Nomenclatura: Cloreto de cálcio;

• Fórmula química: CaCl2;

• Massa Molecular: 110,99 g/mol;

• Estado físico sob condições ambientes: Cristalino branco;

• Propriedades físicas: Ponto de Fusão (772 °C); Ponto de Ebulição (1935 °C);
Densidade (2,150 g/cm3); Solubilidade (solúvel em água 78,6 g/100 Ml a 25 °C e pH 6);
Pressão de vapor (0,01 hPa a 20 °C);
• Informações sobre contágio e toxicidade: Pode causar uma irritação do aparelho
respiratório. Nocivo por ingestão. Pode causar irritação da pele. Causa queimaduras nos
olhos. Caso entre em contato com o corpo, lavar a região abundantemente com água e sabão.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A determinação da razão entre as capacidades caloríficas Cp e Cv do ar ou coeficiente
de Poisson γ do ar foi realizada por meio do método de Clement e Desormes. O método se
baseia nas relações entre as variações de pressão após uma expansão adiabática e uma
expansão isotérmica. Para isso, registrou-se a pressão do ar P1 mantido sob alta pressão, em
um volume V1 e temperatura T1, sendo o sistema rapidamente aberto e fechado em seguida e
a pressão P2 anotada após a expansão adiabática. Nesse processo, a pressão diminui, levando
ao aumento do volume V2 e à redução da temperatura do ar T2. Manteve-se então o sistema
em volume constante até atingir a temperatura ambiente (T3>T2), quando então a pressão P3
foi registrada em um volume V3, representando a pressão e volumes do ar após uma
expansão isotérmica. Estes dados foram utilizados na determinação de γ conforme cálculos a
seguir.
Dessa
forma, obteve-se uma razão de Cp e Cv média de 1,091. Considerando que a razão Cp/Cv
teórico para o gás produzido é de 1,400 é possível mensurar o erro experimental.

1,091−1,400
𝐸𝑟𝑟𝑜% = 1,400
𝑥100 = 22, 7%

Tal erro experimental pode ter ocorrido devido às medidas imprecisas da coluna de
óleo.
6. CONCLUSÃO

A partir do método de Clement-Desormes e de acordo com os cálculos realizados foi

possível determinar um coeficiente de Poisson igual a 1,091 com um erro experimental de

22,7%.

7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5.1.ATKINS, P. W. PAULA, J. de. Fundamentos de Físico-Química. Vol 1. 5 ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2003.
5.2. “Transformação adiabática” - disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/fisica/estudo-transformacao-adiabatica.htm#:~:text=A%20tra
nsforma%C3%A7%C3%A3o%20adiab%C3%A1tica%20%C3%A9%20um,expans%C3%A3
o%20r%C3%A1pida%20sofrida%20pelo%20g%C3%A1s.> Acessado em 30/01/2023.

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