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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
ENG029 – LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

RELATÓRIO DE ATIVIDADES DE AULA PRÁTICA

Prática P7 – Tanque de aquecimento contínuo

Alunos: Edson José Data de realização da 16/05/2012


atividade:
João Ricardo Ferreira
José Filipe Michel Gagliano Data de recebimento
do relatório:
Rodrigo Lima Meira
Vinícius Souza de Carvalho

1. INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta as atividades desenvolvidas pelo grupo G3 durante a
aula prática do experimento tanque de aquecimento contínuo. As atividades foram
realizadas no laboratório de engenharia química no 3º andar da Escola Politécnica, sob
supervisão do professor Miguel Iglesias.

2 OBJETIVOS
• Determinar a variação da energia interna de um sistema com aquecimento por
resistência elétrica.
• Verificar a aplicação da primeira lei da termodinâmica em sistemas transientes
para um tanque de aquecimento contínuo.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A resistência elétrica é composta por metais de baixo ponto de fusão, como
níquel, cromo ou uma liga, que apresenta uma resistência à corrente elétrica e dissipa
calor sob a forma de energia térmica, aquecendo também a água em sua volta. A
dissipação de calor ocorre de acordo com a primeira lei da termodinâmica, que é
expressa por:

∆𝑈 = 𝑄 + 𝑊 Equação 1
Onde ΔU é a variação da energia interna, Q o calor e W o trabalho. A figura
abaixo esquematiza o volume de controle sobre a qual a primeira lei e os balanços de
massa serão aplicados.
VOLUME DE
CONTROLE

Figura 1: Esquema simplificado do volume de controle estudado.

Para sistemas em regime estacionário, colocam-se em adição os fatores de


energia potencial e de energia cinética:

∆𝑈 + ∆𝐸𝑘 + ∆𝐸𝑃 = 𝑄 + 𝑊 Equação 2


Sendo as definições de energia potencial e energia cinéticas determinadas pelas
equações abaixo:
𝜗22 −𝜗12
∆𝐸𝑘 = Equação 3
2

∆𝐸𝑃 = 𝑔𝑧2 − 𝑔𝑧1 = 𝑔∆𝑧 Equação 4


Substituindo na primeira lei da termodinâmica:
𝜗22 −𝜗12
∆𝑈 + + 𝑔∆𝑧 = 𝑄 + 𝑊 Equação 5
2

O termo trabalho não expressa somente o trabalho de eixo, como também o


trabalho realizado sobre o volume e a pressão no sistema. Sendo assim, podemos
expandir o termo de trabalho:

𝑊 = 𝑊𝑠 + 𝑃1 𝑉1 − 𝑃2 𝑉2 = 𝑊𝑠 − ∆(𝑃𝑉) Equação 6
Substituindo na equação (), obtem-se a expressão:
𝜗22 −𝜗12
∆𝑈 + + 𝑔∆𝑧 = 𝑄 + 𝑊𝑠 − ∆(𝑃𝑉) Equação 7
2

Pela definição de entalpia, tem-se que:

∆𝐻 = ∆𝑈 + ∆(𝑃𝑉) Equação 8
Substituindo na equação 7:
𝜗22 −𝜗12
∆𝐻 + + 𝑔∆𝑧 = 𝑄 + 𝑊𝑠 Equação 9
2
Para simplificar o entendimento, a taxa de acúmulo de energia no interior do
𝑑(𝑈)
volume de controle ( 𝑑𝑡 ) será acrescentada agora (poderia vir desde a Equação 5),
juntamente com a divisão de todos os termos pelo tempo. Além disso, se o volume de
controle do tanque está no estado estacionário, as variações de energia potencial e
cinética são desprezíveis. O trabalho de eixo é considerado nulo. A Equação 9 fica:
𝑑(𝑈)
+ ∆𝐻̇ = 𝑄̇ Equação 10
𝑑𝑡

Percebe-se que as energias estão dadas em taxa. Tem-se que:

𝑑(𝑈) = 𝑚𝐶𝑣 𝑑𝑇 Equação 11

∆𝐻̇ = 𝑚̇𝐶𝑝 (𝑇(𝑡) − 𝑇0 ) Equação 12

Para fuidos incompressíveis 𝐶𝑣 = 𝐶𝑝 . Logo, a Equação 10 fica:


𝑚𝐶𝑝 𝑑𝑇
+ 𝑚̇𝐶𝑝 (𝑇(𝑡) − 𝑇0 ) = 𝑄̇ Equação 13
𝑑𝑡

Sendo m a massa dentro do tanque que é dada por ρ𝑎𝑔𝑢𝑎 . 𝑉𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 , 𝑚̇ a vazão
mássica na entrada (que é a mesma da saída) e 𝑇0 a temperatura inicial do tanque.
𝑚
Dividindo todos os termos por 𝑚̇𝐶𝑝 , chamando 𝜏 = 𝑚̇ e rearrumando:

𝑑𝑇 𝑄̇
τ 𝑑𝑡 = (𝑇(𝑡) − 𝑇0 ) + 𝑚̇𝐶 Equação 14
𝑝

A integração da Equação 14 da temperatura 𝑇0 até T(t) e do tempo 0 até t, e após


um pouco de álgebra, será originada a equação que será utilizada no presente relatório
para calculo das temperaturas teóricas:
𝑡
𝑄̇
𝑇(𝑡) = 𝑇0 + 𝑚̇𝐶 (1 − 𝑒 −τ ) Equação 15
𝑝

4. MATERIAIS E MÉTODOS
Para descrição do aparato experimental e do procedimento utilizado na prática,
incluindo uma análise das condições de operação e da precisão de equipamentos de
medição e demais componentes do aparato experimental, vide roteiro.

5. RESULTADOS
A prática teve início na medição de alguns parâmetros importantes para a
realização dos cálculos apresentados neste relatório. Esses dados foram plotados na
tabela 1 que segue abaixo:
Tabela 1 - Dados iniciais.
Variável medida Símbolo Valor
Temperatura da água de alimentação (/°C) TA 27,4
Temperatura inicial do sistema (/°C) To 23,9
Temperatura após agitação (/°C) T1 27,6
Volume do tanque (/L) V 27
Intensidade de corrente (/A) I 6,9
Tensão (/V) U 70,4

Foram encontrados os valores de calor específico da água (C) e massa específica


(𝜌) no Smith [1] para a temperatura média de 25°C ao qual experimento foi submetido.
Estes valores estão representados na Tabela 2:
Tabela 2 – Propriedades do fluido.
Variável Valores
Calor específico (J/ Kg . K) 4188,53
Massa específica (kg/dm ) 3 0,9975

A partir dos valores dos experimentais, foi obtido um gráfico da variação da


temperatura (°C) em função do tempo (s).

40,0

35,0

30,0
Temperatura (°C)

25,0

20,0

15,0 T experimental…
10,0

5,0

0,0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (s)

Figura 2 - Temperatura Experimental.


Pela equação 15, podemos perceber que a curva Temperatura X Tempo teria que
apresentar um comportamento exponencial e que quando o tempo tendesse ao infinito a
𝑄̇
temperatura se estabilizaria em: 𝑇(∞) = 𝑇0 + 𝑚̇ 𝐶 . Isto pode ser verificado aplicando-se
𝑝

o limite na equação 15 quando o tempo tende ao infinito.


𝑡
𝑄̇ 𝑄̇
lim 𝑇(𝑡) = lim [ 𝑇0 + 𝑚̇ 𝐶 − 𝑚̇ 𝐶 𝑒−τ )] Equação 16
𝑡→ ∞ 𝑡→ ∞ 𝑝 𝑝

O terceiro termo do lado direito da equação, o termo exponencial, tende a zero


quanto t → ∞, portanto teremos:
𝑄̇
lim 𝑇(𝑡) = 𝑇0 + 𝑚̇ 𝐶 Equação 17
𝑡→ ∞ 𝑝

𝑄̇ 485,76
𝑇(∞) = 𝑇0 + 𝑚̇ 𝐶 = 297,05 + 6,151782.10−3 ×4188,53
= 315,902 K
𝑝

𝑇(∞) = 315,902 − 273,15 = 42,752 °C


Entretanto, como pode ser observado o gráfico não representou muito bem ao da
literatura. Porém, o experimento sofreu fortes influências externas (a abertura e o
fechamento de outra válvula) que afetaram na vazão do experimento e isso contribui
bastante na não idealidade do experimento. Além de que, não tivemos um tempo
suficientemente grande para observar o comportamento exponencial e a estabilização da
curva.

• Cálculo da vazão mássica


A partir disso, podemos calcular a vazão mássica multiplicando pela massa
específica.
𝑚̇ = 0,9975 × 6,1672. 10−3 = 6,151782. 10−3 𝐾𝑔/𝑠

• Taxa de calor cedido ao sistema


A quantidade de calor dissipada para a água no tanque pode ser determinada
usando a Lei de Joule:

Q̇ = I2 Equação 18
Pela lei de OHM:
U
R= Equação 19
I

Substituindo na equação 18 encontramos:

Q̇ = U. I Equação 20
Pelos valores que se encontram na tabela 1, calculamos o valor da taxa de calor
cedido ao sistema pelas resistências:

Q̇ = U. I = 70,4 × 6,9 = 485,76 VA = 485,76 W

• Cálculo da temperatura teórica no estado estacionário

O cálculo da temperatura teórica no estado estacionário foi realizado acima, a


partir da equação 15, resultando em um valor de 42,752 ºC

• Cálculo das temperaturas teóricas


Pela equação 15, obtida a partir de um balanço de massa e energia, calculamos o
valor da temperatura teórica. Para o mesmo intervalo de tempo que o utilizado no
experimento, foi construído o gráfico da Figura 3.

45,000
40,000
35,000
Tepreratura /°C

30,000
25,000
T teórico (°C)
20,000
15,000
10,000
5,000
0,000
0 20 40 60 80
Tempo /s
Figura 3 - Temperatura teórica.
Comparando os dados experimentais com os teóricos, Figura 4, é possível obter
o desvio relativo, tomando a temperatura teórica como a correta.
37,0

35,0

33,0
Temperatura /°C

31,0

29,0
Experimental
27,0 Teórico

25,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo /s
Figura 4 - Dados da temperatura teórica e experimental.
A figura 5 é um gráfico do desvio relativo para cada medida em função do
tempo.
7,000

6,000

5,000
Desvio Relativo /%
4,000

3,000 Desvio relativo (%)

2,000

1,000

0,000
0 10 20 30 40 50
Tempo /s

Figura 5 - Desvio relativo da temperatura experimental em relação à teórica ao longo do tempo.

Analisando a Figura 4, pode-se notar que o desvio relativo aumenta com o


passar do tempo, o que indica que o erro desse experimento também esta associado à
variável tempo. Contudo os devios encontrados não tão altos, por volta de 7%, o que
remete que os dados experimentais estão relativamente próximos dos teóricos. Esses
mesmos erros podem ser explicados pelas fortes aproximações realizadas na dedução da
equação do perfil de temperatura e do balanço de energia, pois nessas equações são
considerados que a água é um fluido incompressível e suas propriedades físicas não
variam com a temperatura. Esse último argumento também explica o porquê da variação
do erro com o tempo, pois, como a temperatura varia com tempo, as propriedades do
fluido também variam, impactando no desvio relativo. Outra fonte de erro nas equações
é o fato de que a perda de energia para o ambiente não é levada em consideração. E por
fim, a diferença entre os valores experimentais e teóricos podem ser atribuidas também
por erros experimentais ou calibração intrumental, e principalmente pelo fato de que a
vazão da água do tanque variava com a abertura das demais saídas de água do
laboratório.
6. CONCLUSÃO
O comportamento do tanque de aquecimento com o estudo da variação de
temperatura pôde ser verificado a partir deste experimento, fazendo um estudo também
da primeira lei da termodinâmica. Com um desvio relativo máximo de 7%, podemos
dizer que as características não ideais da modelagem do experimento não são muito
significativas, estando também presentes erros experimentais como a variação da vazão
por um defeito na construção do sistema de alimentação do tanque, que diminuía e até
cessava com a abertura de outra válvula.

7. REFERÊNCIAS
SMITH, J. M.; VAN NESS, Hendrick C.; ABBOTT, Michael M. Introdução à
termodinâmica da engenharia química. 7ª ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2007.

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