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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA 1 – 2023.1

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE
TRANSFERÊNCIA DE CALOR
CONVECTIVO PELO MÉTODO DA
CAPACITÂNCIA GLOBAL

Professor responsável: José Marcos Francisco da Silva


Aluno: José Matheus Silva Rodrigues
Turma: QA

Recife, 22 de junho de 2023


1. INTRODUÇÃO

A transferência de calor é, de forma resumida, a energia em trânsito entre dois corpos por
conta de diferenças de temperatura. Assim como outros fenômenos da natureza, os sistemas buscam
sempre entrar em equilíbrio. Quando dois corpos passam a sofrer influência deste fenômeno, a
tendência é que ele ocorra até que ambos os corpos estejam na mesma temperatura, isto é, em
equilíbrio térmico. Dos diversos mecanismos de transferência de calor existentes, podem ser
destacados os de condução, convecção e radiação. A transferência de calor por convecção se dá
quando uma superfície e um fluido em movimento interagem de forma a trocar energia por conta de
suas diferenças de temperatura (JÚNIOR & GONÇALVES, 2016).
A transferência de calor por convecção pode ser forçada ou natural, a depender de como o
processo está sendo influenciado (se há algum fator de agentes externos ou não). Para que se possa
estudar esse fenômeno quantitativamente, é necessário que se conheça o coeficiente de transferência
de calor convectivo, ou coeficiente de película, representado pela letra h na notação da Lei de
Resfriamento de Newton. Esse coeficiente é um parâmetro complexo que depende de vários fatores,
como o tipo de escoamento do fluido no sistema, viscosidade dinâmica do fluido, diferenças de
temperatura e a geometria da superfície (JÚNIOR & GONÇALVES, 2016).
O presente experimento busca determinar o coeficiente de transferência de calor convectivo
de dois cilindros metálicos por meio do método da capacitância global, entendendo a influência da
velocidade de escoamento do fluido utilizando caixas que permitam ou não a passagem do ar com
maior liberdade. Ademais, espera-se utilizar o número de Biot para verificar a validade do método,
além de comparar o seu valor obtido experimentalmente com o valor teórico por meio de correlações.

2. METODOLOGIA
2.1. Materiais e reagentes

Materiais:
Foram utilizados: um cilindro de cobre, um cilindro de alumínio, uma estufa, dois
termopares e duas caixas de papelão.

2.2. Procedimento experimental

A estufa deve ser aquecida a 100 °C antes de o experimento iniciar. Os cilindros de alumínio
e cobre devem ser colocados dentro da estufa até que a sua temperatura atinja 100 °C (ou algo próximo

2
disso). Com os termopares livres, a temperatura da sala (ambiente) deve ser verificada e registrada.
Após a sua temperatura chegar a 100 °C, os cilindros podem ser retirados da estufa.
Com os termopares ligados aos cilindros, a cada 30 segundos a temperatura deve ser registrada
durante os 10 primeiros minutos de experimento. A partir disto, a temperatura deve ser medida de 5
em 5 minutos até que se atinja o equilíbrio.
Após isso, todo o experimento deve ser repetido. Mas desta vez, os cilindros com os
termopares ligados deverão ser mantidos dentro de caixas de papelão, com todo o esquema de
medição de tempos sendo repetido e registrado.

2.3. Métodos
Na introdução deste texto, foram citadas algumas formas de calcular o coeficiente de
transferência de calor convectivo, h, como a utilização do método de capacitância global ou a
utilização de correlações empíricas. Uma das formas de conferir o quanto a transferência de calor por
convecção tem influência no sistema é utilizando o número de Biot, que também serve para avaliar a
validade de aplicação do método de capacitância global. O número de Biot é um parâmetro
adimensional utilizado na transferência de calor e massa em sistemas que envolvem convecção. Ele
é definido como a razão entre o coeficiente de película e o coeficiente de condutividade térmica de
um objeto ou sistema (INCROPERA, 2008). O número de Biot pode ser calculado através da Equação
1.
ℎ∙𝐿𝑐
𝐵𝑖 ≡ (1)
𝑘
Em que:
- h: coeficiente de transferência de calor convectivo (J.m-2.K-1);
- Lc: comprimento característico da superfície (m), que para cilindros é dado por R/2;
- K: condutividade térmica do material (W.m-1.K-1).
Para que seja possível calcular o valor de h, porém, é necessário que se faça um balanço de
energia utilizando o cilindro como um volume de controle. O balanço de massa tem o seguinte
formato:
𝐸𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝐸𝑠𝑎𝑖 = 𝐸𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎
Como o sistema está fora da estufa, não tem energia entrando, apenas sendo perdida para o
ambiente em forma de calor. Sendo assim:
𝐸𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 = −𝐸𝑠𝑎𝑖

3
Aplicando as definições, tem-se a Equação 2:
𝑑𝑇
𝜌 ∙ 𝑉 ∙ 𝐶𝑃 ∙ = −ℎ ∙ 𝐴 ∙ (𝑇 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ) (2)
𝑑𝑡
Em que:
- 𝜌: densidade do cilindro (kg/m³);
- 𝑉: volume do cilindro (m³);
- 𝐶𝑃 : capacidade calorífica do material (J/kg.K);
- t: tempo (s);
- A: área de superfície do cilindro (m²);
- T: temperatura do cilindro no instante t (K);
- Tamb: temperatura ambiente (K);
Pode-se definir as seguintes temperaturas adimensionais:
𝜃 = (𝑇 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ) 𝑒 𝜃𝑖 = (𝑇𝑖 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 )
Então, utilizando as expressões acima na Equação 2, tem-se:
𝜃 (𝑇 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ) ℎ∙𝐴
= = 𝐸𝑋𝑃 [− ( ) ∙ 𝑡]
𝜃𝑖 (𝑇𝑖 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 ) 𝜌 ∙ 𝑉 ∙ 𝐶𝑃
Com a linearização da equação, obtém-se a Equação 3:
𝜃 ℎ∙𝐴
− ln ( ) = ( )∙𝑡 (3)
𝜃 𝜌∙𝑉∙𝐶
𝑖 𝑃

A partir da Equação 3 e dos dados obtidos e tratados devidamente, é possível calcular o valor
de h. Para isso, é necessário fazer uma regressão linear, que possui o seguinte formato:
𝑌 =𝑓∙𝑡
Fazendo uma comparação direta entre os termos presentes na equação:
𝜃 ℎ∙𝐴
𝑌 = − ln ( ) 𝑒 𝑓 = ( )
𝜃𝑖 𝜌 ∙ 𝑉 ∙ 𝐶𝑃
Então, para encontrar h, basta isolá-lo, como na Equação 4.
𝑓∙𝜌∙𝑉∙𝐶𝑃
ℎ= (4)
𝐴
Por fim, a outra forma para calcular o coeficiente de película é através de correlações
empíricas. A correlação utilizada neste caso é a de convecção natural em escoamento externo sobre
cilindros longos (INCROPERA, 2008), demonstrada no conjunto de Equações 5, 6 e 7.
ℎ∙𝐷
𝑁𝑢𝐷 = = 𝐶 ∙ 𝑅𝑎𝐷𝑛 (5)
𝑘

4
2
1⁄6
0,387∙𝑅𝑎𝐷
𝑁𝑢𝐷 = {0,60 + 8⁄27 } (6)
9⁄16
[1+(0,559⁄𝑃𝑟 ) ]

𝑔∙𝛽∙(𝑇𝑠𝑢𝑝 −𝑇𝑎𝑚𝑏 )∙𝐷3


𝑅𝑎 = 𝐺𝑟 ∙ 𝑃𝑟 = (7)
𝜐∙𝛼
Em que:
- Nu: número de Nusselt;
- C e n: constantes;
- Ra: número de Rayleigh;
- Pr: número de Prandtl
- Gr: número de Grashof;
- g: aceleração da gravidade (m/s²);
- Tsup: temperatura na superfície do cilindro (K).
- 𝜐: viscosidade cinemática (m²/s);
- 𝛼: coeficiente de difusividade térmica (m²/s);
- 𝛽: coeficiente de expansão térmica (K-1);

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Determinação do coeficiente de transferência de calor global pelo método da capacitância


global
Os dados obtidos experimentalmente e que representam a variação de temperatura em função
do tempo decorrido no experimento estão disponíveis nas Tabelas 1, 2, 3 e 4, presentes no Apêndice
A. Como explicitado na metodologia, o experimento consiste no registro de variação de temperatura
de dois cilindros livres no ambiente e cercados por uma caixa de papelão e por isso existem 4
conjuntos de dados. A temperatura ambiente medida contava com imprecisões por conta dos
termopares utilizados no experimento. O valor utilizado como temperatura ambiente foi de 31,8 °C.
A partir dos dados supracitados, foi possível construir as curvas que relacionam os dados de
tempo e a razão entre os termos ϴ e ϴi. A partir dessa relação, é possível construir linhas de tendência
que são dadas por uma função do primeiro grau. A Figura 1 representa a curva para o experimento
que diz respeito ao alumínio exposto ao o ambiente sem a interferência da caixa de papelão.

5
Figura 1 – Gráfico da linearização do experimento de alumínio sem isolamento

2,5

−ln(𝜃/𝜃𝑖 )
1,5

1
Y = 0,0009t + 0,3609
0,5 R² = 0,8889
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (s)

Fonte: elaborado pelo autor

A Figura 2 determina a curva do experimento envolvendo o alumínio recoberto pela caixa.


Figura 2 – Gráfico da linearização do experimento de alumínio com isolamento

2,5

2
−ln(𝜃/𝜃𝑖 )

1,5

1
Y = 0,0007t + 0,2819
0,5
R² = 0,8989
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (s)

Fonte: elaborado pelo autor


A Figura 3 mostra a curva para os dados do cobre exposto ao ambiente, sem a caixa.
Figura 3 – Gráfico da linearização do experimento de cobre sem isolamento

5
4,5
4
3,5
−ln(𝜃/𝜃𝑖 )

3
2,5
2
1,5 y = 0,0016x + 0,2874
1 R² = 0,9592
0,5
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (s)

Fonte: elaborado pelo autor

6
Já a Figura 4 representa o experimento do cobre rodeado pela caixa.

Figura 4 – Gráfico da linearização do experimento de cobre com isolamento

4,5
4
3,5
3
−ln(𝜃/𝜃𝑖 )

2,5
2
1,5 y = 0,0014x + 0,2815
1 R² = 0,9615
0,5
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (s)

Fonte: elaborado pelo autor

Para calcular os valores dos coeficientes nos diferentes experimentos, foram utilizados os
dados da Tabela 5. Esses dados, que são constantes, podem ser alocados na Equação 4 para determinar
o coeficiente.

Tabela 5 – Propriedades físicas dos cilindros metálicos

Material
Propriedade
Cobre Alumínio
D (m) 0,0095 0,013
L (m) 0,059 0,0602
ρ (kg/m³) 8933 2702
Cp (J.kg-1.K-1) 385 903
k (W.m-1.K-1) 401 237

Fonte: elaborado pelo autor

A partir dos dados da Tabela 5 e utilizando as equações de regressão das Figuras 1, 2, 3 e 4,


tornou-se possível calcular os valores de coeficientes de transferência de massa convectiva. Os dados
estão disponíveis para visualização na Tabela 6.

7
Tabela 6 – Inclinação da reta e valores dos coeficientes de transferência de massa por convecção

Material Caso f h (J/m².K)


Sem isolamento 0,0009 6,441
Alumínio
Com isolamento 0,0007 5,01
Sem isolamento 0,0016 12,095
Cobre
Com isolamento 0,0014 10,583

Fonte: elaborado pelo autor

A partir dos dados dispostos na Tabela 6, pode-se chegar a algumas conclusões.


Primeiramente, é observado que os valores do coeficiente de película são maiores para o cobre do
que para o alumínio. Isso se deve por conta da maior condutividade térmica do cobre, que o permite
trocar calor mais facilmente. Além disso, o alumínio possui um valor de calor específico maior que
o do cobre, o que influencia diretamente na capacidade térmica dos cilindros e faz com que o cilindro
deste material leve mais tempo para aquecer ou resfriar. Outro fator observado é que os valores do
coeficiente de película sempre são maiores quando não há isolamento. Como comentado
anteriormente, diversos fatores podem influenciar a transferência de calor por convecção, sendo um
deles a velocidade de escoamento do fluido ao redor da superfície. A presença da caixa de papelão
faz com que haja menos movimentação do ar nas proximidades da superfície do cilindro, o que tem
um impacto direto na quantidade de calor que é transferida.
3.2. Determinação do número de Biot
Com os dados obtidos, é possível calcular valores para o número de Biot, buscando conferir
a validade do método da capacitância global. Caso os valores de Biot < 0,1, considera-se que os erros
associados à utilização do método são pequenos, podendo ser desprezados. Aplicando os valores do
coeficiente de película e da condutividade térmica para cada um dos casos, obtém-se os resultados de
Biot disponíveis na Tabela 7.
Tabela 7 – Valores para os números de Biot de cada experimento

Material Caso Bi
Sem isolamento 8,83 x 10-5
Alumínio
Com isolamento 6,87 x 10-5
Sem isolamento 7,16 x 10-5
Cobre
Com isolamento 6,27 x 10-5

Fonte: elaborado pelo autor


8
Como para todos os casos, o número de Biot é menor do que 0,1, o método da capacitância
global é considerado válido.
3.3. Determinação do coeficiente de transferência de calor por convecção por correlações
empíricas
Utilizando os dados da Tabela A.4 disponível no Apêndice A do livro Fundamentos de
Transferência de Calor e de Massa, alguns dados foram coletados e uma interpolação foi feita para
determinar alguns parâmetros físicos. Os dados utilizados nos cálculos utilizando as Equações 4, 5 e
7 estão disponíveis na Tabela 8.

Tabela 8 – Propriedades físicas do ar, interpoladas com base em dados do Apêndice A.4

Cp μ x 107 ν x 106 k x 103 α x 106


T (K) ρ (kg/m³) Pr
(kJ/kg.K) (N.s/m²) (m²/s) (W/m.K) (m²/s)

304,95 1,1752 1,0079 186,1975 16,6624 26,5681 23,6585 0,7081

Fonte: elaborado pelo autor

Com os dados da Tabela 8, foi possível calcular os números adimensionais que levam ao
cálculo do coeficiente de película. Os dados calculados estão disponíveis na Tabela 9.

Tabela 9 – Valores do número de Rayleigh, Nusselt e coeficiente de película obtidos por meio de correlações

Material Caso Ra Nu h (J/m².K)


Sem isolamento 167,2902 1,3540 11,0687
Alumínio
Com isolamento 158,1175 1,3469 11,0110
Sem isolamento 58,0826 1,2321 13,7832
Cobre
Com isolamento 61,7050 1,2385 13,8549

Fonte: elaborado pelo autor

Observando os dados da Tabela 9, a primeira conclusão que se pode ter é a de que a utilização
dos cálculos teóricos não representa grandes mudanças quando o isolamento é aplicado, fazendo com
que os valores dentro e fora da caixa de papelão sejam muito parecidos, o que não é observado
experimentalmente.
Comparando os valores de coeficientes obtidos por meio das correlações e os valores obtidos
por meio da prática, é notável uma discrepância entre os conjuntos de dados. O valor mais próximo
obtido foi o do cobre sem isolamento, mas que ainda detém um erro considerável. A Tabela 10
demonstra uma comparação entre os métodos.
9
Tabela 10 – Comparação entre os métodos e erros relativos

h (J/m².K) h (J/m².K) Erro


Material Caso
[experimental] [correlações] estatístico
Sem isolamento 6,441 11,0687 0,7185
Alumínio
Com isolamento 5,01 11,0110 1,1978
Sem isolamento 12,095 13,7832 0,1396
Cobre
Com isolamento 10,583 13,8549 0,3092

Fonte: elaborado pelo autor

Como constatado, o menor erro está presente no experimento do cobre sem isolamento, com
aproximadamente 13,96%. Já o experimento de alumínio com isolamento apresenta um valor de erro
maior do que 100%. Algumas causas podem ser responsáveis por esses erros são, como o fato de o
termopar utilizado para os experimentos com o alumínio não possuir nenhuma casa decimal, o que
gera imprecisões na construção das equações que determinam os valores do coeficiente
experimentalmente. Outro fator é a aproximação de que a temperatura é constante em todo o cilindro
considerada pelas correlações empíricas, o que não é verdade naturalmente. Ainda há o fato de a
equação da correlação não levar em consideração o tempo decorrido, apenas as variações de
temperatura como uma função de estado. Ainda que de forma difícil por conta da simplicidade do
experimento, alguns erros experimentais podem ter sido cometidos, influenciado a precisão dos
resultados obtidos.

4. CONCLUSÃO
Portanto, a partir das atividades realizadas nessa prática foi possível determinar o coeficiente
de transferência de calor por convecção através do método de capacitância global, explicitando a
validade do método através do cálculo do número de Biot. A obtenção de um valor para o coeficiente
foi possível através de um balanço de energia no volume de controle dos dois cilindros utilizados no
experimento e da linearização da equação obtida. Foi possível, ainda, estudar como a presença de um
corpo que serve como “isolante” pode afetar a velocidade com que a energia é transferida entre a
superfície e o fluido (ar).
Entretanto, ao comparar os valores obtidos experimentalmente com os valores esperados na
teoria (através de correlações empíricas), os resultados não estiveram próximos. Além disso, não
houve grandes diferenciações entre os experimentos com e sem a caixa de papelão, o que explicita
que o método não é tão preciso quanto o esperado. Alguns dos erros que foram relatados podem ter

10
suas origens na idealidade presente nas correlações empíricas, que não são observadas na realidade
ou até mesmo em erros experimentais.

5. QUESTÕES
5.1. Explique o motivo pelo qual esse método falha quando o número de Biot é maior que
a unidade.
Especificamente, quando o número de Biot (Bi) é menor que 1, significa que a resistência à
condução térmica dentro do material (condução) é significativamente menor do que a resistência à
transferência de calor por convecção através da camada limite no fluido adjacente. Portanto, nesses
casos, é razoável assumir que a distribuição de temperaturas no interior do sólido é uniforme, desde
que o número de Biot seja baixo. Isso faz com que seja possível considerar a temperatura uniforme
em toda a superfície trabalhada.
Quando o número de Biot é maior do que 1, o contrário acontece e a resistência interna da
condução passa a ser maior do que a resistência à transferência por convecção, o que automaticamente
torna o método da capacitância inválido. Basicamente, quando esta razão é superior a 1, há uma maior
resistência interna, o que resulta em um perfil irregular de temperatura no interior do sólido
trabalhado, ou seja, um gradiente de temperatura.

5.2. Quando o gradiente de temperatura dentro de um sólido pode ser desprezado?


Justamente quando o número de Biot é menor do que 1. Mais especificamente, quando se
deseja utilizar o método da capacitância global e garantir que os erros obtidos serão pequenos, utiliza-
se o valor de 0,1 como sendo o determinante para isso. O significado desse valor é de que os efeitos
convectivos existentes na superfície do sólido são mais significativos do que aqueles que ocorrem no
interior do sólido (condução). Dessa forma, o gradiente de temperatura dentro do sólido pode ser
desprezado (pois o denominador será maior que o numerador).

5.3. Qual o significado físico do número de Biot, e o que você faria num sistema para reduzir o
número de Biot do mesmo?
Como demonstrado pela Equação 1, o número de Biot é uma razão entre o coeficiente de
película e a condutividade térmica do material em questão. Fisicamente, ele relaciona a resistência
térmica externa (convecção) com a resistência térmica interna (condução).
Algumas formas de reduzir o valor do número de Biot são:

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 Aumentar o valor da condutividade térmica (substituição do material presente no sistema por
um com uma maior condutividade térmica);
 Aumentar o valor do coeficiente de película (aumentando a velocidade do fluido que está
interagindo com a superfície, a significância da transferência de calor por convecção será
ainda maior, o que fará com que o número de Biot seja reduzido);
 Redução do comprimento característico (diminuir o comprimento característico do sistema
resultará em uma menor resistência à convecção e, portanto, em um número de Biot menor).

6. REFERÊNCIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. CINÉTICA QUÍMICA HOMOGÊNEA.


Laboratório de Engenharia Química 1. Recife, 2020.

INCROPERA, Frank P. et al. Fundamentos de Transferência de Calor e Massa. 6ª edição. Rio de


Janeiro: LTC, 2008.

JÚNIOR, E. J. P. M.; GONÇALVES, R. S. DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DO


COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO. Educação, Tecnologia
e Cultura - E.T.C., n. 14, 5 jul. 2016.

12
ANEXO

Cp µ x 107 ν x 106 k x 10³ a x 106


T (K) ρ (kg/m³) Pr
(kJ/kg.K) (N.s/m²) (m²/s) (W/m.K) (m²/s)

250 1,3947 1,006 159,6 11,44 22,3 15,9 0,72

300 1,1614 1,007 184,6 15,89 26,3 22,5 0,707

350 0,995 1,009 208,2 20,92 30 29,9 0,7

400 0,8711 1,014 230,1 26,41 33,8 38,3 0,69

304,95 1,17521172 1,0079574 186,19749 16,662406 26,56818 23,65854 0,7081397

13
APÊNDICE A

Tabela 1 – Valores experimentais para o alumínio sem isolamento

Tempo (s) Temperatura (°C) Ө (T - Tamb) Ө/Өi -ln(Ө/Өi)

0 98 66,2 1 0

30 93 61,2 0,924471299 0,078533273

60 89 57,2 0,864048338 0,146126565

90 85 53,2 0,803625378 0,218622067

120 82 50,2 0,758308157 0,276665436

150 79 47,2 0,712990937 0,33828657

180 77 45,2 0,682779456 0,381583376

210 74 42,2 0,637462236 0,450260242

240 71 39,2 0,592145015 0,524003716

270 69 37,2 0,561933535 0,576371702

300 67 35,2 0,531722054 0,63163438

330 65 33,2 0,501510574 0,690130587

360 64 32,2 0,486404834 0,72071401

390 62 30,2 0,456193353 0,784838539

420 61 29,2 0,441087613 0,818511754

450 59 27,2 0,410876133 0,88946349

480 58 26,2 0,395770393 0,926921052

510 57 25,2 0,380664653 0,965836468

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540 56 24,2 0,365558912 1,00632783

570 55 23,2 0,350453172 1,048528184

600 54 22,2 0,335347432 1,092588174

900 47 15,2 0,229607251 1,471385035

1200 43 11,2 0,16918429 1,776766685

1500 41 9,2 0,13897281 1,973476979

1800 40 8,2 0,123867069 2,088546309

2100 40 8,2 0,123867069 2,088546309

2400 40 8,2 0,123867069 2,088546309

2700 39 7,2 0,108761329 2,218599437

Fonte: elaborado pelo autor

Tabela 2 – Valores experimentais para o alumínio com isolamento

Tempo (s) Temperatura (°C) Ө (T - Tamb) Ө/Өi -ln(Ө/Өi)

0 94 62,2 1 0

30 91 59,2 0,951768 0,049433458

60 88 56,2 0,903537 0,101438243

90 85 53,2 0,855305 0,156296603

120 82 50,2 0,807074 0,214339973

150 80 48,2 0,77492 0,254995979

180 77 45,2 0,726688 0,319257913

210 75 43,2 0,694534 0,364514504

15
240 73 41,2 0,662379 0,411916743

270 71 39,2 0,630225 0,461678253

300 69 37,2 0,598071 0,514046238

330 68 36,2 0,581994 0,541295881

360 66 34,2 0,549839 0,598129356

390 65 33,2 0,533762 0,627805124

420 63 31,2 0,501608 0,689936905

450 62 30,2 0,485531 0,722513075

480 61 29,2 0,469453 0,75618629

510 60 28,2 0,453376 0,791033022

540 59 27,2 0,437299 0,827138026

570 58 26,2 0,421222 0,864595589

600 57 25,2 0,405145 0,903511005

900 50 18,2 0,292605 1,228933406

1200 47 15,2 0,244373 1,409059572

1500 45 13,2 0,212219 1,55013817

1800 43 11,2 0,180064 1,714441221

2100 42 10,2 0,163987 1,807967279

2400 42 10,2 0,163987 1,807967279

2700 42 10,2 0,163987 1,807967279

Fonte: elaborado pelo autor

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Tabela 3 – Valores experimentais para o cobre sem isolamento

Tempo (s) Temperatura (°C) Ө (T - Tamb) Ө/Өi -ln(Ө/Өi)

0 90 58,2 1 0

30 85,5 53,7 0,922680412 0,080472353

60 81,6 49,8 0,855670103 0,155870371

90 77,7 45,9 0,788659794 0,237420238

120 73,4 41,6 0,714776632 0,335785187

150 71,4 39,6 0,680412371 0,385056236

180 68,7 36,9 0,634020619 0,455673804

210 65,9 34,1 0,585910653 0,53458797

240 63,4 31,6 0,542955326 0,610728234

270 61,4 29,6 0,508591065 0,676110993

300 59,5 27,7 0,475945017 0,742452942

330 57,5 25,7 0,441580756 0,817394363

360 55,8 24 0,412371134 0,885831524

390 53,2 21,4 0,367697595 1,000494433

420 52,5 20,7 0,355670103 1,033751654

450 50,9 19,1 0,328178694 1,11419702

480 49,9 18,1 0,310996564 1,167973416

510 48,7 16,9 0,290378007 1,236571733

540 47,6 15,8 0,271477663 1,303875415

17
570 46,7 14,9 0,256013746 1,362524142

600 45,8 14 0,240549828 1,424828025

900 39,2 7,4 0,127147766 2,062405355

1200 35,8 4 0,068728522 2,677590994

1500 34,1 2,3 0,0395189 3,230976232

1800 33,5 1,7 0,029209622 3,533257104

2100 33,3 1,5 0,025773196 3,658420247

2400 33 1,2 0,020618557 3,881563798

2700 32,9 1,1 0,018900344 3,968575175

Fonte: elaborado pelo autor

Tabela 4 – Valores experimentais para o cobre com isolamento

Tempo (s) Temperatura (°C) Ө (T - Tamb) Ө/Өi -ln(Ө/Өi)

0 94 62,2 1 0

30 89,4 57,6 0,926045016 0,076832432

60 85,4 53,6 0,861736334 0,148805932

90 81,5 49,7 0,79903537 0,224350067

120 78,3 46,5 0,747588424 0,290902687

150 75,2 43,4 0,697749196 0,359895559

180 72,2 40,4 0,649517685 0,431525215

210 69,8 38 0,610932476 0,49276884

240 67,3 35,5 0,57073955 0,560822303

18
270 65,3 33,5 0,538585209 0,618809561

300 63,2 31,4 0,504823151 0,683547107

330 61,4 29,6 0,475884244 0,742580638

360 59,6 27,8 0,446945338 0,805318979

390 57,8 26 0,418006431 0,872258462

420 56,3 24,5 0,393890675 0,931681882

450 55,1 23,3 0,374598071 0,981901639

480 53,7 21,9 0,352090032 1,043868363

510 52,5 20,7 0,332797428 1,100221299

540 51,3 19,5 0,313504823 1,159940534

570 50,2 18,4 0,295819936 1,218004335

600 49,3 17,5 0,281350482 1,268154119

900 42,2 10,4 0,167202572 1,788549194

1200 38,3 6,5 0,104501608 2,258552823

1500 36,2 4,4 0,07073955 2,648750459

1800 35,1 3,3 0,053054662 2,936432531

2100 34,5 2,7 0,04340836 3,137103227

2400 34 2,2 0,035369775 3,341897639

2700 33,9 2,1 0,033762058 3,388417655

Fonte: elaborado pelo autor

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