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PRÁTICA 7 – BALANÇO DE ENERGIA EM UM TUBO

VENTURI
Bernardo Davoglio, Eduardo Matheus Colatusso e Juliana da Fonte de Paulo

Prof.ª Alessandra Cristina Pedro


Fenômenos de Transporte Experimental – TQ083
Universidade Federal do Paraná
Discentes do curso de Engenharia Química da UFPR
31/05/2023

Resumo

O experimento realizado tem como principal objetivo avaliar o gráfico da


variação do comportamento da energia em função dos pontos preestabelecidos no
tubo venturi. A partir disso foi possível observar duas curvas praticamente simétricas,
uma curva positiva que indica o ganho de energia cinética e uma curva negativa que
indica a perda da energia de pressão.

Introdução

O tubo de venturi é um instrumento utilizado para medir a velocidade de


escoamento e a vazão de um fluido através da variação da pressão durante a
passagem do mesmo por um tubo de seção mais larga que vai se tornando estreita.
Isso pode ser explicado pelo balanço de energia e pelo princípio da continuidade da
massa. Se a área de escoamento de um fluido diminui, necessariamente sua
velocidade aumenta, fazendo com que a energia cinética aumente e a energia devido
a diferença de pressão diminua.

Objetivos

O presente relatório tem como intuito avaliar a curva de variação da energia


nos diferentes pontos do tubo de venturi por meio de um balanço de energia, realizado
a partir das medidas experimentais das variações de altura manométrica em cada
ponto do tubo.
Metodologia

Nessa prática foi utilizado um soprador de ar com um tubo do tipo venturi


acoplado em sua extremidade superior, a fim de diminuir a pressão em determinados
pontos e, consequentemente, aumentar a velocidade do fluído de trabalho (ar). Antes
de tudo, foram medidas as constantes pressão e temperatura ambientes. Em oito
pontos foram determinadas as pressões a partir de mangueiras ligadas a oito tubos
em forma de 𝑈 (cada um para seu respectivo ponto) com a outra extremidade aberta
para a atmosfera. Dessa forma, foi possível a notar as medidas da diferença da coluna
de água formada (Δℎ) nos tubos em 𝑈 e, assim, calcular a pressão manométrica em
cada ponto. Esse processo foi feito com 3 vazões iniciais diferentes. A figura a seguir
explicita melhor quais foram os pontos escolhidos no tubo de Venturi para o processo:

Figura 2: tubo de Venturi e pontos encolhidos para medida da pressão.

Pode-se notar que no ponto 1 é a entrada da vazão de ar no tubo e, no 8, o fim


dele. Desse modo, é possível fazer um balanço de energia entre um ponto x qualquer
e o ponto de entrada 1 segundo a equação:

Δ𝑣 2 𝑃𝑥 𝑑𝑃
+ ∫𝑃1 + 𝑔Δz + ℎ𝐿𝑇 = 0 (1)
2 𝜌
𝑚
Sendo Δ𝑉 a diferença de velocidade entre os pontos ( ), 𝜌 a densidade do
𝑠²
𝐾𝑔
fluído (𝑚³), 𝑔Δ𝑧 a variação da energia potencial (J) e ℎ𝐿𝑇 a perda de carga (𝑚). Para
esse caso, não se pode desprezar a dependência da densidade com a pressão
(escoamento compressível), ou seja, a densidade varia de acordo com as pressões
em determinados pontos. Entretanto, é possível desprezar a perda de carga e a
variação da energia potencial, levando a seguinte equação:

Δ𝑣² 𝑃𝑥 𝑑𝑃
+ ∫𝑃1 =0 (2)
2 𝜌
Considerando que o escoamento ocorre de forma isentrópica, a densidade no
ponto x pode ser avaliada da seguinte forma:

1
𝑃1
𝜌𝑥 = 𝜌1 ( ) 𝛾 (3)
𝑃𝑥

𝐶𝑝
Onde 𝛾 = = 1,4 para gases ideais. 𝑃𝑥 é pressão absoluta (Pa) no ponto x
𝐶𝑣
calculada a partir das alturas medidas no início do experimento Δh nos tubos em 𝑈
pela equação:

𝑃𝑥 = 𝑃𝑎𝑚𝑏 + 𝜌á𝑔𝑢𝑎 . 𝑔. Δh𝑚𝑎𝑛 (4)

𝜌1 a equação (3) é a densidade inicial do ar (no ponto 1), medida pela equação
dos gases ideais:

𝑃1 .𝑀𝑀
𝜌1 = (5)
𝑅.𝑇1

𝑔
Levando em conta que 𝑀𝑀 é massa molar média do ar (𝑚𝑜𝑙), 𝑅 é a constante
𝐽
universal dos gases ideias ( 𝐾.𝑚𝑜𝑙 ) e 𝑇 a temperatura medida antes do início do
experimento (𝐾) somada a mais 10𝐾 (devido a uma pequena diferença de
temperatura entre o ambiente fora e dentro do tubo de venturi). Assim então temos
os valores de𝜌𝑥 , 𝑃𝑥, 𝑃1 e 𝛾. Usando a expressão (5) na integral, obtém-se:
𝛾
𝑃1 𝛾 𝑃
ΔE𝑃𝑥 = ( ) {( 𝑥 )𝛾−1 − 1} (6)
𝑃𝑥 𝛾−1 𝑃1

Tendo os valores das variáveis acima já pré-definidos é possível, então,


calcular a variação da energia de pressão entre o ponto 1 e x desejado, obtendo assim
os pontos das curvas de energia de pressão. Partindo agora para o cálculo da
variação na energia cinética, temos que:

𝑣²1
ΔE𝐾𝑥 = 𝑣²𝑥 − (7)
2
A velocidade em qualquer ponto do sistema é uma função da vazão mássica,
da densidade e da área transversal naquele ponto:
𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎
𝑣𝑥 = (8)
𝜌𝑥 .𝐴𝑥

Sendo a pressão em cada ponto 1 já medida anteriormente pela equação (4)


e tendo a densidade no ponto 1 calculada considerando ar um gás ideal, pode-se
encontrar a partir da equação (3) o 𝜌𝑥 para cada ponto. A área no ponto x (𝐴𝑥 ) é
𝜋.𝐷²
encontrada pela área de um círculo ( ). O diâmetro da tubulação é dado pela tabela
4
anexa ao material do experimento:

Resultados e discussões

Para a realização de todos os dados, os seguintes dados foram utilizados como


constantes, tanto para situar os dados em relação a unidades, quanto para unificar
os resultados.

TABELA 1 - Tabela de Constantes

CONSTANTES

Patm (mmHg) 695.00

Tamb (ºC) 17.50

Tamb (K) 290.65

MMar (g/mol) 28.96

R (J.(K.mol)-1) 8.31

g (m/s) 9.81

ρágua (kg/m3) 1000.00


MMHg (kg/m3) 13545.00

TABELA 2 – Tabela dos pontos do experimento

Ponto 1 2 3 4 5 6 7 8

L (mm) 0 36 57 78 100 132 150 193

D (mm) 53 49 39 31 25 33 36 40

Area (m2) 2.2E-03 1.9E-03 1.2E-03 7.5E-04 4.9E-04 8.6E-04 1.0E-03 1.3E-03

Posteriormente aos dados constantes serem explícitos de forma correta, pode


ser demonstrada os dados obtidos pela coleta experimental.

TABELA 3 – Dados obtidos experimentalmente

Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3

Ponto h (cm) Ponto h (cm) Ponto h (cm)

1 8.50 1 8.10 1 3.40

2 8.20 2 7.60 2 3.10

3 2.80 3 3.10 3 1.10

4 -8.70 4 -8.40 4 -4.70

5 -33.20 5 -31.20 5 -16.80

6 -8.80 6 -8.60 6 -4.60

7 -5.90 7 -5.70 7 -3.40

8 -4.00 8 -3.50 8 -2.10

Com os dados da tabela 3, é possível obter os dados base para os calculos


necessários especificados na parte de metodologia.

TABELA 4 – Tabela dos dados primários

P1 (mmHg) ρ1 (kg/m3) ṁ
Vazão 1 780.00 1207.27 1.41561E-08

Vazão 2 776.00 1203.74 0.034226434

Vazão 3 705.00 1140.22 0.167478743

Com os dados de Pressão no ponto 1 (P1), ρ no ponto 1 (ρ1) e vazão mássica


(ṁ), é possível obter os dados de Pressão em cada ponto (Px), ρ em cada ponto (ρx)
e velocidade em cada ponto (vx)

TABELA 5 – Resultados finais da Vazão 1

Vazão 1

Ponto Px (kPa) ρx (kg/m3) vx

1 100.69 21211.39337 1.47236E-15

2 100.39 21298.49715 1.25336E-15

3 95.10 22977.83259 7.35958E-16

4 83.81 27421.38879 3.89643E-16

5 59.78 44010.69122 1.5789E-16

6 83.72 27466.38522 4.40818E-16

7 86.56 26210.96284 5.49737E-16

8 88.43 25440.74189 6.99235E-16

TABELA 6 – Resultados finais da Vazão 2

Vazão 2

Ponto Px (kPa) ρx (kg/m3) vx

1 100.30 21112.81203 3.57649E-09

2 99.80 21258.22001 3.03611E-09

3 95.39 22648.16478 1.80529E-09

4 84.11 27012.26256 9.56344E-10

5 61.74 41641.48219 4.03465E-10


6 83.91 27100.72606 1.08019E-09

7 86.76 25864.79965 1.34694E-09

8 88.92 24990.16451 1.72109E-09

TABELA 7 – Resultados finais da Vazão 3

Vazão 3

Ponto Px (kPa) ρx (kg/m3) vx

1 92.68 19527.91804 1.89211E-08

2 92.65 19536.60247 1.61656E-08

3 92.46 19594.66825 1.02104E-08

4 91.89 19764.74334 6.39561E-09

5 90.70 20127.81601 4.08444E-09

6 91.90 19761.78959 7.24855E-09

7 92.02 19726.40355 8.64185E-09

8 92.14 19688.19108 1.06897E-08

Conclusões

Os valores obtidos apresentam-se coerentes para o balanço de energia, uma


vez que podemos perceber a variação da velocidade, e, portanto, da energia cinética,
como o inverso da variação de energia de pressão. Entretanto, devemos levar em
conta alguns possíveis erros experimentais que fazem com que os dados obtidos
destoem do valor real, como imprecisões de medida.
Também foi possível notar as variações de pressão, a qual reduz no interior da
região de estrangulamento e, no ponto final, é menor em relação à pressão no ponto
1, provavelmente devido a ocorrência de perda de carga no interior da tubulação.

Referências
IBARS, R. A. F. Desenvolvimento e avaliação de tubos Venturi para medição de
vazão. 2004. Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem) - Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.
WELTY, J.R., Wicks, C.E.andWilson, R.E., Fundamentals of Momentum, Heat, and
Mass Transfer. Third Edition, John Wiley and Sons, 803 p., 2017.
FOX, R.W.; MCDONALD, A.T.; PRITCHARD, P.J. IntroduçãoàMecânicados Fluidos.
LTC: Rio de Janeiro, 2014.

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