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Aula 21

Fibras Ópticas

Prof. Daniel Papoti


daniel.Papoti@ufabc.edu.br
Universidade Federal do ABC
BC 1519 - Circuitos elétricos e fotônica

Estudos Continuados Emergenciais


1o Quadrimestre - 2021

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Conteúdo da aula
➢ Aspectos Históricos

➢ Princípio Físico

➢ Tipos de Fibras Ópticas

➢ Parâmetro V

➢ Distorção e atenuação em fibras ópticas

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Histórico – Como guiar a Luz?
➢ John Tyndall (1854) : mostrou que a luz poderia ser
guiada num feixe de água fino (trajetória curva)

➢Alexander Graham Bell (1880)


desenvolveu o “fotofone”: modulação de
um feixe de luz pela voz
1820-1893

➢Narinder
Kapany (1952):
➢Fibroscópio (1950): invenção da
transmissão de imagens com fibra óptica
feixe de fibras puramente de (núcleo e casca)
vidro (altas perdas)
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https://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=F69tWoZa4ic#t=119
http://www.fiber-optics.info/history
Histórico – Como guiar a Luz?
➢Invenção do Laser (1960)

➢Conexão do laser com fibras ópticas (1966) :


comunicações ópticas: 100.000 x mais informação que
micro-ondas
➢1966: Charles Kao e George Hockham (STC) : fibras de
silício de alta pureza (prêmio Nobel de 2009)

➢Corning Glass Works (1970): produção de fibras ópticas


de quartzo de baixas perdas (atenuação=20dB/km)

➢1990: fibras com atenuação de 0,16dB/km

A luz não “escapa” da


fibra. A iluminação só
pode ser vista nas
extremidades.

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Guia de Onda - Waveguide
➢Componente óptico feito de um material dielétrico envolvido por outro material
dielétrico de menor índice de refração. A luz é guiada através do meio de maior
índice via reflexão interna total.

GEOMETRIAS:
(a) planar (“slab”)
(b) tipo fita (“strip”)
(c) fibra (“fiber”)

ÓPTICA INTEGRADA
➢ Guias de onda são utilizados para fabricação
de dispositivos, transmissão e recepção de
dados.
➢ Combinação de componentes ópticos e
eletrônicos sobre um mesmo substrato.
TRANSMISSOR E
RECEPTOR ÓPTICO

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Fibras Ópticas
➢Fibras Ópticas: guias de onda normalmente feitos de sílica fundida (SiO2) ou
plástico transparente.

➢Núcleo: índice de refração n1, diâmetro 2a.


➢Casca: índice de refração n2, diâmetro 2b.
➢ Para que a luz possa ser guiada, n2 < n1.(múltiplas reflexões internas)
➢Aplicações: comunicações, medicina, sensores óticos, iluminação, etc.

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Reflexão Total

Ângulo Crítico: ângulo sob o qual o raio incidente é refratado


com ângulo igual a 90o

n1senq1 = n2 senq2 Þ n1senqc = n2 sen90 o

n2
q c = arcsen
n1
FIBRAS ÓPTICAS Vs LINHAS DE TRANSMISSÃO CONVENCIONAIS (FIOS DE COBRE)

VANTAGENS
➢Desempenho

▪ Maior capacidade de transmissão de dados (“data rates”)


▪ Baixas perdas de sinal (Pequena atenuação)
▪Propagação através de longas distâncias sem necessidade de amplificação do sinal

➢Não irradia sinais // Imunidade à interferência eletromagnética (EMI)


▪Dificuldade de “espionagem” de informação; Maior segurança
➢Isolação elétrica (não tem componentes condutores/metálicos)
▪Não necessita aterramento / Livre de faíscas e descargas elétricas
➢Sistemas leves e de tamanhos reduzidos
➢Resistente à radiação e corrosão

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FIBRAS ÓPTICAS Vs LINHAS DE TRANSMISSÃO CONVENCIONAIS (FIOS DE COBRE)

DESVANTAGENS

➢Necessidade de Conversores: Sinais ópticos  Sinais elétricos


➢Núcleos das fibras apresentam dimensões reduzidas (particularmente fibras
monomodo, utilizadas para transmissão de sinais a longas distâncias)

▪ Necessidade de sistemas mecânicos de precisão (maior custo) para:


a) Inserir a luz na fibra;
b) Fazer a conexão entre duas fibras (necessidade de alinhamento
perfeito entre os núcleos)

AS VANTAGENS DAS FIBRAS ÓPTICAS SUPERAM DE LONGE AS DESVANTAGENS

 Sistemas de comunicação com fibras são cada vez mais comuns e estão
substituindo os sistemas convencionais para transmissão de voz, vídeo e dados.

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Estrutura típica de uma fibra óptica

➢Estrutura básica = Núcleo + Casca


▪ Frágil; pode ser quebrada
com relativa facilidade

➢Estrutura de reforço mecânico


▪ Composta de camadas de
silicone e diferentes resinas
plásticas

➢Camada externa de poliuretano

Injeção de luz dentro da fibra

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Estrutura típica de uma fibra óptica
➢Estrutura básica = Núcleo + Casca
▪ Frágil; pode ser quebrada com
relativa facilidade

➢Estrutura de reforço mecânico


▪ Composta de camadas de silicone e
diferentes resinas plásticas

➢Camada externa de poliuretano

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Tipos de fibras ópticas

(a) Fibra MULTIMODO com perfil de índice de refração tipo degrau (ID)
(b) Fibra MULTIMODO com perfil de índice de refração gradual (GRIN)
(c) Fibra MONOMODO com perfil de índice de refração tipo degrau (ID)

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Fibras Ópticas – Perfil Degrau

➢ No interior da fibra, apenas os raios de luz que incidem com ângulo maior (ou
igual) ao ângulo crítico (θc) sofrem reflexão total e podem ser guiados pela fibra.
➢Raios cujos ângulos de incidência são menores que θc serão perdidos na casca por
refração.

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Fibras Ópticas – Abertura Numérica (NA)

2 a
ar

➢Abertura numérica NA  sen( a ) = n12 − n22


NA  1  a = arcsin( NA) Ângulo de aceitação

NA pequeno

NA grande

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Fibras Ópticas – Abertura Numérica (NA)
➢NA varia de 0,1 (fibras monomodo) a 0,5 (fibras multimodo com
perfil gradual)

➢Variação correspondente dos ângulos de aceitação : de 6º a 30º

➢ Quanto maior NA : mais fácil é a penetração da luz na fibra, mas o


número de modos de propagação é maior, a banda de passagem é
menor e a atenuação é maior.

➢ Quanto menor NA , menor o número de modos de propagação, a


banda de passagem é mais larga, mas o acoplamento da luz na fibra
é mais difícil.

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Índices de refração n1 e n2
➢ As fibras usadas em comunicação óptica são feitas de vidros de sílica
fundida de altíssima pureza

➢Pequenas mudanças no índice de refração são feitas através da adição de


dopantes, como germânio, boro ou titânio, por exemplo.

➢As diferenças entre os índices ( n1 − n2) são usualmente pequenas.

➢Por exemplo: n1 = 1,46 e n2 = 1,45

Neste caso:

Abertura numérica: NA = n12 − n22 = 0,17 e a = 9,8 graus

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Conectores de Fibras Ópticas
➢Permitem rápido acoplamento entre os núcleos de duas fibras.
❖ Existe grande variedade de conectores. As principais diferenças entre eles são
suas dimensões e métodos de acoplamento mecânico.

SC
CONECTOR FC ST

❖ Quando as fibras são conectadas, seus núcleos são


pressionados um contra o outro, minimizando as
perdas de acoplamento.

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Junção de Fibras Ópticas
➢ “Mechanical Splice” - Junção (emenda) de duas (ou mais) fibras que são
precisamente alinhadas e mantidas unidas em um suporte mecânico apropriado
de modo a acoplar a luz entre as fibras.

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Análise de Fibras Ópticas

➢ Diâmetro da fibra é grande comparado ao


comprimento de onda  da energia radiante → pode
ser usada a Óptica Geométrica (raios)

➢Diâmetro da fibra é da ordem de grandeza de  →


natureza ondulatória da luz deve ser considerada –
Óptica Física ou Ondulatória

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Parâmetro V
➢V é o Parâmetro de Frequência Normalizado, que governa o número de
modos que se propaga em uma fibra, e suas respectivas constantes de
propagação.
➢Depende da geometria e dos parâmetros de fabricação da fibra e do
comprimento de onda da fonte de luz:
λ0: comprimento de onda no vácuo 2
V= a.NA
2a: diâmetro do núcleo
NA: abertura numérica
0
➢Quando V ≤ 2,405 apenas um modo pode ser guiado (fibra monomodo)

2,405 é o primeiro zero da função de Bessel J0(x) (primeiro tipo e ordem 0)

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Exemplo-1
Uma fibra ótica é usada para transmitir luz com comprimento de onda 1550 nm. Os
índices de refração do núcleo e da casca são, respectivamente, n1 = 1,49 e n2 = 1,47. O
diâmetro do núcleo é de 50 μm.

a) Calcule a abertura numérica da fibra.

b) Determine se a fibra é multimodo ou monomodo

𝑁𝐴 = 𝑛12 − 𝑛22 = 1,492 − 1,472 = 0,24

𝜃𝑎 = 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑖𝑛 𝑁𝐴 = 14𝑜

2𝜋 𝜋
𝑉= 𝑎. 𝑁𝐴 = −9
50. 10−6 . 0,24 = 24,31, 𝑉 > 2,405 → 𝑀𝑢𝑙𝑡𝑖𝑚𝑜𝑑𝑜
𝜆 1550. 10

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Exemplo-2
O número de modos em uma fibra com perfil de índice em degrau (ID), é dado por:
2
𝜋 𝑉2
𝑁𝑚 ≈ 2 𝑎 ∙ 𝑁𝐴 =
𝜆0 2
(expressão válida para V>10).
Determine o número de modos que se propagam numa fibra ID, cujo diâmetro do núcleo
é igual a 50m. São dados: n1=1,47;
n2= 1,45 e 0=0,82 m.

2
𝜋 2 𝜋 50. 10−6
𝑁𝑚 = 2 𝑎. 𝑁𝐴 =2 −6
. 1,472 − 1,452 = 1071 𝑚𝑜𝑑𝑜𝑠
𝜆 0,82. 10 2

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Parâmetro V
2 2
V= a.NA = a. n − n
2 2

0 0 1 2

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Fibras Ópticas - Distorções

Diminui a taxa de
transmissão de informação

Necessidade de estações
repetidoras para amplificar
o sinal
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Dispersão Intermodal
➢Ocorre em fibras Multimodo
➢Menor para fibras de índice gradual (raios de maior percurso
propagam com maior velocidade- menor n )

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Atenuação em Fibras
➢ Caracterizada pelo coeficiente de atenuação α [dB/km]
➢A potência ótica da luz decresce com a distância como resultado de
absorção e espalhamento.

POUT: Potência da luz na saída da fibra


PIN: Potência da luz na entrada da fibra
L: Comprimento da fibra em km

A relação entre α e T está ilustrada ao lado


para L = 1 km. Uma atenuação de 3 dB/km,
por exemplo, corresponde a T = 0,5, enquanto
10 dB/km é equivalente a T = 0,1 e 20 dB/km
corresponde a T = 0,01.

L

POUT = PIN 10 10

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Exemplo-3
Dois pedaços de fibras ópticas, cada um com 1km de comprimento e 5dB de perda total
são emendados. A emenda adiciona uma perda de 1dB ao conjunto. Sabendo-se que a
potência de entrada é de 2mW, calcule a potência de saída do conjunto.

𝐿1 = 𝐿2 = 1𝑘𝑚

𝛼1 = 𝛼2 = 5 𝑑𝐵 ; 𝛼𝑒 = 1 𝑑𝐵

➢ As perdas em dB podem ser somadas, portanto a perda total é: 5 + 5 + 1 = 11dB


1 𝑃𝑂𝑈𝑇
𝛼 = − 10𝑙𝑜𝑔10
𝐿 𝑃𝐼𝑁
𝑃𝑂𝑈𝑇
11= −10𝑙𝑜𝑔10 ⇒ 𝑃𝑂𝑈𝑇 = 0,16𝑚𝑊
2×10−3

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Causas de atenuação em fibras de vidro
➢ Absorção: energia luminosa absorvida pelo núcleo (absorção
intrínseca na faixa de ultra-violeta e infra-vermelho: devido a impurezas
como íons metálicos e íons OH-)

➢Espalhamento: parte da energia luminosa é convertida em modos


e/ou comprimentos de onda que não se propagam bem pela fibra
(Rayleigh, Mie, Brillouin, Raman)

➢Curvaturas ou Efeitos geométricos: causam incidência dos raios com


ângulo menor que o ângulo crítico → a reflexão total deixa de ocorrer e
parte da energia luminosa é irradiada.

➢Guia de onda: projeto da fibra deve garantir que a maior parte da


potência luminosa esteja confinada no núcleo, e que a casca tenha
espessura adequada e composta por material de baixas perdas.

29
Obrigado pela
Atenção

30

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