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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

EMMANUEL BASANA KRUGER


MARYNA BORNEMANN

BALANÇO DE ENERGIA EM UM TUBO DE VENTURI

CURITIBA
2023
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EMMANUEL BASANA KRUGER


MARYNA BORNEMANN

BALANÇO DE ENERGIA EM UM TUBO DE VENTURI

Dissertação apresentada ao curso de Graduação


em Engenharia Química, Setor de TECNOLOGIA,
Universidade Federal do Paraná, como requisito à
Fenômenos de Transporte Experimental 1.

CURITIBA
2023
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RESUMO

O experimento de balanço de energia em um tubo de Venturi é realizado para


estudar a relação entre a energia cinética e a energia de pressão ao longo do tubo. O
tubo de Venturi consiste em uma seção estreita (constrição) conectada a duas seções
mais amplas (entrada e saída). Durante o experimento, a diferença de pressão
utilizando manômetros. Observa-se que, à medida que o fluido passa pela constrição,
a pressão diminui, seguindo o princípio de Bernoulli.

INTRODUÇÃO

O Tubo de Venturi é um dispositivo amplamente utilizado na engenharia


fluidodinâmica para medição de fluxo de fluidos, bem como para a geração de vácuo
e controle de pressão. Inventado por Giovanni Battista Venturi, um físico italiano, no
final do século XVIII, o tubo de Venturi apresenta uma estrutura simples e eficiente
que permite a análise precisa do fluxo de fluidos em diversas aplicações industriais e
científicas.
O princípio de funcionamento do tubo de Venturi baseia-se na variação da
pressão estática ao longo de uma seção convergente-divergente. Esse dispositivo
consiste em uma seção estreitada no meio, chamada garganta, que conecta duas
seções de tubo mais largas, conhecidas como seções convergente e divergente.
Quando um fluido passa pelo tubo de Venturi, a velocidade aumenta na seção
estreitada, resultando em uma diminuição da pressão estática. Esse fenômeno é
explicado pelo princípio da conservação da energia, onde a energia cinética é
convertida em energia de pressão.
A precisão e a versatilidade do tubo de Venturi tornaram-no amplamente
utilizado em diferentes setores da indústria, como petroquímica, alimentícia,
automotiva e de energia. Ele é empregado em sistemas de ar condicionado, medição
de vazão em tubulações, sistemas de abastecimento de água, entre outros. Além
disso, é uma ferramenta fundamental na pesquisa científica, permitindo a investigação
do comportamento de fluidos e o desenvolvimento de modelos matemáticos para
descrever esses fenômenos.
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OBJETIVOS

Nosso principal objetivo nesta prática é determinar graficamente como ocorrem


as transformações de energia no interior de um tubo Venturi, depois disso determinar
se as curvas resultantes para a variação de energia cinética e de pressão são
exatamente simétricas.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Nessa prática foi utilizado um soprador de ar com um tubo do tipo venturi


acoplado em sua extremidade superior. Antes do experimento ter início, foram
medidas as constantes pressão e temperatura ambientes. Em oito pontos foram
determinadas as pressões a partir de mangueiras ligadas a oito tubos em forma de 𝑈
(cada um para seu respectivo ponto) com a outra extremidade aberta para a
atmosfera. Dessa forma, foi possível a notar as medidas da diferença da coluna de
água formada (Δℎ) nos tubos em 𝑈 e, assim, calcular a pressão manométrica em cada
ponto. Esse processo foi feito com 3 vazões iniciais diferentes.
Tendo em mente a existência infitnitos pontos, foram considerados apenas 8.
A partir disso é possível realizar um balanço de energia entre um ponto x qualquer e
o ponto de entrada 1 segundo a equação:


+ ∫ + 𝑔∆𝑧 + ℎ =0 Eq. 1

Sabendo que Δ𝑉 representa a diferença de velocidade entre os pontos ( ), 𝜌

a densidade do fluído ( ) , 𝑔Δ𝑧 a variação da energia potencial (𝐽) e ℎ𝐿𝑇 a perda de

carga (𝑚). É importante salientar que, para esse caso em especifico, não se pode
desprezar a dependência da densidade com a pressão (escoamento compressível).
Contudo podemos desprezar a perda de carga e a variação da energia potencial,
levando a seguinte equação:


+ ∫ =0 Eq. 2
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Considerando que o escoamento ocorre de forma isentrópica, a densidade no


ponto x pode ser avaliada da seguinte forma:

𝜌𝑥 = 𝜌 Eq. 3

Onde 𝛾 = 𝐶𝑝 𝐶𝑣 = 1,4 para gases ideais. 𝑃𝑥 é pressão absoluta (Pa) no ponto


x calculada a partir das alturas medidas no início do experimento Δh nos tubos em 𝑈
pela equação:
𝑃𝑥 = 𝑃𝑎𝑚𝑏 + 𝜌𝑔∆ℎ𝑚𝑎𝑛 Eq. 4

A variação de energia de pressão pode ser descrita pela seguinte equação:

∫ = ∆𝐸𝑃𝑥 = −1 Eq. 5

A avaliação da energia cinética entre o ponto 1 e ponto x se dá pela seguinte


equação:

∆𝐸𝐾𝑥 = Eq. 6

A velocidade em qualquer ponto do sistema será uma função da vazão


mássica, da densidade e da área transversal em cada ponto:

𝑉𝑥 = Eq. 7

Levando em conta que 𝑀𝑀 é massa molar média do ar ( ), 𝑅 é a constante

universal dos gases ideias ( ) e 𝑇 a temperatura medida antes do início do

experimento (𝐾) somada a mais 10𝐾 (devido a uma pequena diferença de temperatura
entre o ambiente fora e dentro do tubo de venturi).

𝜌1 = Eq. 7

A vazão mássica no ponto x é dada por:


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𝑚 = 𝐶𝑑𝜌1𝐴1 Eq. 8

A Distancia entre cada um dos pontos e os diâmetros equivalentes são os


seguintes:

Tabela 1- Distância dos pontos

Ponto 1 2 3 4 5 6 7 8
L(mm) 0 36 57 78 100 132 150 193
D(mm) 53 49 39 31 25 33 36 40

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os valores obtidos das alturas dos manômetros no prolongar da prática em


uma temperatura ambiente de 27,6°C e com uma pressão de 695 mmHg ou 92659,1
Pa estão representados na tabela abaixo.

Tabela 2 - Pressão manométrica nos pontos

Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3


Ponto H man (m) Ponto H man (m) Ponto H man (m)
1 0,075 1 0,07 1 0,022
2 0,07 2 0,06 2 0,017
3 0,0275 3 0,025 3 0,008
4 -0,085 4 -0,075 4 -0,025
5 -0,32 5 -0,285 5 -0,1
6 -0,0875 6 -0,075 6 -0,03
7 -0,055 7 -0,05 7 -0,012
8 -0,035 8 -0,03 8 -0,005

A partir dos valores de pressão manométrica para cada um dos pontos, calculamos o
valor de pressão absoluta para os respectivos pontos:
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Tabela 3 - Pressão absoluta nos pontos

Pressão
Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3
ponto P(Pa) ponto P(Pa) ponto P(Pa)
1 93393,14 1 93344,21 1 92874,42
2 93344,21 2 93246,34 2 92825,48
3 92928,25 3 92903,78 3 92737,40
4 91827,18 4 91925,06 4 92414,42
5 89527,18 5 89869,73 5 91680,37
6 91802,71 6 91925,06 6 92365,48
7 92120,80 7 92169,74 7 92541,65
8 92316,55 8 92365,48 8 92610,16

Como para esse experimento utilizamos um fluído compressível, para


calcularmos a velocidade de escoamento e a vazão mássica em cada um dos pontos,
devemos encontrar o valor de densidade para os mesmos. Para isso empregamos a
equação apresentada anteriormente e chegamos aos seguintes resultados:

Tabela 4 - Densidade nos pontos

Densidade
Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3
ponto ρ(kg/m³) ponto ρ(kg/m³) ponto ρ(kg/m³)
1 1,1198 1 1,1193 1 1,1136
2 1,1194 2 1,1184 2 1,1132
3 1,1159 3 1,1155 3 1,1125
4 1,1064 4 1,1071 4 1,1097
5 1,0865 5 1,0893 5 1,1034
6 1,1062 6 1,1071 6 1,1093
7 1,1089 7 1,1092 7 1,1108
8 1,1106 8 1,1109 8 1,1114

Logo, utilizamos a densidade e a pressão calculadas anteriormente para avaliarmos


a velocidade e a vazão mássica em cada um dos pontos:
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Tabela 5 - Velocidade e Vazão Mássica

Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3


ponto v(m/s) m(kg/s) ponto v(m/s) m(kg/s) ponto v(m/s) m(kg/s)
1 15,4553 0,0382 1 14,6246 0,0361 1 8,5263 0,0209
2 18,0884 0,0382 2 21,4180 0,0361 2 9,9789 0,0209
3 28,6450 0,0382 3 33,7210 0,0361 3 15,7631 0,0209
4 45,7249 0,0382 4 52,9689 0,0361 4 25,0109 0,0209
5 71,5920 0,0382 5 80,1400 0,0361 5 38,6765 0,0209
6 40,3581 0,0382 6 46,7430 0,0361 6 22,0795 0,0209
7 33,8283 0,0382 7 39,3517 0,0361 7 18,5277 0,0209
8 27,3594 0,0382 8 31,9232 0,0361 8 14,9995 0,0209

E por fim, chegamos nos valores de Energia Cinética e Energia de pressão


para os oito pontos avaliados.

Tabela 6 - Energia Cinética e Energia de pressão

Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3


ponto ∆𝐸P𝑥 ∆𝐸𝐾𝑥 ponto ∆𝐸P𝑥 ∆𝐸𝐾𝑥 ponto ∆𝐸P𝑥 ∆𝐸𝐾𝑥
1 0,000 0,000 1 0,000 0,000 1 0,000 0,000
2 -43,707 44,162 2 -87,477 122,425 2 -43,952 13,441
3 -415,883 290,835 3 -394,164 461,612 3 -123,106 87,889
4 -1406,830 925,948 4 -1274,887 1295,910 4 -413,800 276,424
5 -3504,518 2443,276 5 -3146,439 3104,272 5 -1077,176 711,586
6 -1428,948 694,954 6 -1274,887 985,512 6 -457,907 207,403
7 -1141,751 452,744 7 -1054,081 667,339 7 -299,198 135,289
8 -965,367 254,836 8 -877,737 402,606 8 -237,535 76,143

Para compararmos com a equação teórica geramos o gráfico para cada uma das
vazões.
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Energia Cinética X Energia de Pressão


Vazão 1
3000,000

2000,000

1000,000

0,000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
-1000,000

-2000,000

-3000,000

-4000,000

Energia de Pressão Energia Cinética

Energia Cinética X Energia de Pressão


Vazão 2
4000,000
3000,000

2000,000
1000,000

0,000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
-1000,000
-2000,000
-3000,000

-4000,000

Energia de Pressão Energia Cinética

Energia Cinética X Energia de Pressão


Vazão 3
1000,000
800,000
600,000
400,000
200,000
0,000
-200,000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
-400,000
-600,000
-800,000
-1000,000
-1200,000

Energia de Pressão Energia Cinética


25

CONCLUSÔES
O experimento de balanço de energia em um tubo Venturi fornece uma visão
abrangente dos princípios básicos da conservação de energia em um fluxo de fluido.
aplicando as leis de conservação de massa e energia, pudemos observar a relação
entre a velocidade do líquido e a diferença de pressão no Venturi.
Um manômetro foi usado para medir a diferença de pressão durante o
experimento. E quando calculamos descobrimos que, à medida que a velocidade do
fluido aumenta em um espaço estreito, A pressão é diminuída de acordo com o
princípio de Bernoulli.
Além disso, considerando a perda de energia por atrito e turbulência podemos
verificar que a energia mecânica total do fluido é conservada segundo Venturi. Isso
significa que a soma da energia cinética, energia potencial e energia de pressão
permanece constante.
Essas observações e análises permitem compreender a importância da
conservação de energia em sistemas de escoamento de fluidos, bem como sua
aplicação em diversas áreas como engenharia de fluidos, hidrodinâmica e
aerodinâmica.
Em resumo, o experimento de balanço de energia no Venturi reforça os
princípios de conservação de energia e provê uma base sólida para a compreensão
do comportamento de fluidos em movimento, bem como a oportunidade de aplicar
esses conceitos na prática em diversas áreas da engenharia. e física.

REFERÊNCIAS

BENNET, C.O; MYERS, J.E. Fenômenos de Transporte. São Paulo: McGraw-Hill do


Brasil, 1978.
ÇENCEL, Y.A.; CIMBALADA, J.M. Mecânica dos Fluídos. São Paulo: McGraw-Hill,
2007.
FOX, R.W.; MCDONALD, A.T. Introdução à Mecânica dos Fluídos. São Paulo:
McGrawHill, 2007

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