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Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - FEIS

Departamento de Engenharia Mecânica

Tensões Principais

Discentes: Letícia Soares Alves RA: 202052516


Tiago Santana Silva RA: 211054232

MEC-634 P4 – Laboratório de Mecânica dos Sólidos

Prof. Dr. Aparecido Carlos Gonçalves

Ilha Solteira, SP
Junho de 2023

Ilha Solteira, 6 de junho de 2023.


Sumário

1. Objetivo 2
2. Introdução Teórica 3
3.1 Materiais utilizados 4
3.2 Execução do experimento 6
4. Resultados e Discussão 9
4.1 Tensões e deformações principais teóricas 10
4.2 Tensões e deformações principais teóricas nos extensômetros 11
5. Conclusão 14
6. Referências bibliográficas 15

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1. Objetivo
Determinar as tensões e deformações principais em uma viga carregada
transversalmente, por meio de extensometria elétrica, sendo a utilizada uma roseta,
e comparar os valores obtidos com os valores teóricos.

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2. Introdução Teórica
Um medidor de deformação do extensômetro elétrico consegue obter
medidas efetivas em apenas uma direção, portanto para a determinação de tensão
em mais de uma direção são necessários extensômetros distintos, ou seja se a
intenção for medir valores de deformação em 3 direções diferentes são necessários
3 extensômetros linearmente independentes, sendo estes posicionados em uma
roseta (Figura 1).

Figura 1 - Esquema de ângulos e deformação da roseta

Fonte: Apostila de Mecânica dos Sólidos II

Considerando a roseta disponibilizada na Figura 1, uma roseta de


deformação colada na superfície com um ângulo α em relação ao eixo X, temos três
medidores de deformação com ângulos internos β e γ. Suponhamos que a
deformação medida nesses três extensômetros seja εa, εb e εc, respectivamente.
A equação de transformação de coordenadas (1) é utilizada para converter a
deformação longitudinal de cada sensor em deformação expressa nas coordenadas
X-Y.
ε𝑥 + ε𝑦 ε𝑥−ε𝑦
ε𝑥' = 2
+ 2
𝑐𝑜𝑠2θ + ε𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛2θ (1)
Empregando esta equação para cada um dos três resultados medidos da
deformação:
ε𝑥 + ε𝑦 ε𝑥−ε𝑦
ε𝑎 = 2
+ 2
𝑐𝑜𝑠2α + ε𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛2α (2)
ε𝑥 + ε𝑦 ε𝑥−ε𝑦
ε𝑏 = 2
+ 2
𝑐𝑜𝑠2(α + β) + ε𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛2(α + β) (3)
ε𝑥 + ε𝑦 ε𝑥−ε𝑦
ε𝑐 = 2
+ 2
𝑐𝑜𝑠2(α + β + γ) + ε𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛2(α + β + γ) (4)

Estas três equações são utilizadas para calcular as três variáveis.

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3. Procedimento Experimental

3.1 Materiais utilizados

Para a realização deste experimento, foram utilizados os seguintes materiais:


um aparelho analógico de indicador de deformação, conforme ilustrado na Figura 1.
Esse aparelho será responsável por medir as deformações na viga de aço durante o
experimento. Ele possui uma escala analógica que permite a leitura das
deformações ocorridas. Além disso, serão utilizados pesos para aplicação de cargas
na viga. Serão necessários três pesos de 250g e dois pesos de 500g, como
ilustrado na Figura 2. Esses pesos serão utilizados para gerar as cargas conhecidas
que serão aplicadas à viga, induzindo deformações para posterior medição. Outro
material essencial é a viga de aço tipo L, que possui como L1 = 108mm o
comprimento da extremidade da viga até o local onde os extensômetros foram
fixados, L2 = o comprimento da extremidade engastada até a outra extremidade e L3
= 52mm que se trata do comprimento do braço da viga e com r = 9,5mm.
representada na Figura 3, essa viga será o corpo de prova utilizado no experimento.
É importante que a viga esteja fixada de forma estável e horizontal, para garantir
resultados precisos e evitar interferências externas durante o experimento. Por fim,
serão utilizados três extensômetros uniaxiais, como mostrado na Figura 4. Esses
extensômetros serão conectados à viga de aço para medir as deformações
ocorridas durante a aplicação das cargas, que se tratam de dispositivos sensíveis
que registram as variações dimensionais da viga, permitindo a obtenção das
deformações. Além disso, foi utilizado uma gaiola para comportar os pesos
utilizados, mostrado na figura 5.

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Figura 1 - Aparelho analógico de indicador de deformação

Fonte: Professor de laboratório de Mecânica dos Sólidos II

Figura 2 - Pesos de 250g e 500g

Fonte: Autoria própria.

Figura 3 - Viga de aço em L

Fonte: Autoria própria.

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Figura 4 - Representação das rosetas em 45º

Fonte: Apostila de Laboratório de Mecânica dos Sólidos II.

Figura 5 - Gaiola utilizada para comportar os pesos

Fonte: Autoria própria.

3.2 Execução do experimento

Para a execução do experimento foram utilizados os materiais descritos


anteriormente. A viga de aço tipo L, indicada na Figura 3, será o corpo de prova
utilizado no experimento, com as devidas dimensões coletadas, e é importante que
a mesma esteja fixa em uma superfície estável e horizontal para garantir a precisão
dos resultados.
Após isso, ocorre a instalação dos extensômetros uniaxiais, indicados na
Figura 4, na viga de aço. Os extensômetros devem ser posicionados de acordo com
a configuração desejada para a roseta de deformação, levando em consideração os
ângulos α e β, neste caso, iremos utilizar em 45º.

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Em seguida, foi realizado o ajuste do dispositivo antes da aplicação da carga,
certificando que o ponteiro estivesse posicionado corretamente no ponto de
equilíbrio, indicando o valor zero. O circuito utilizado no experimento foi o da
meia-ponte de Wheatstone, como mostrado na figura 6.

Figura 6 - Representação da meia ponte de Wheatstone

Fonte: PONTE de Wheatstone com strain gauges (Extensômetro). [S. l.], 200?.

Após isso, como ilustrado na figura 6, uma roseta foi fixada na parte superior
com um ângulo de 45º em relação ao eixo da viga e a outra na parte inferior.
Assim, é realizada uma análise das deformações sem a aplicação de
qualquer carga, seguida pela análise com uma massa de 5kg suspensa no gancho.
Além da variação das cargas, também é realizada a variação do extensômetro, ou
seja, mudamos a angulação na qual a leitura da deformação é realizada. Logo, para
cada extensômetro, há uma medida de deformação diferente, uma vez que o plano
de análise é alterado.
Para que seja possível obter os dados, é feito por meio do aparelho analógico
que indica a deformação. Para cada força aplicada, a tensão varia devido ao
extensômetro. A fim de encontrar o valor da deformação, expressa em µS
(microstrain), é preciso que se ajuste a resistência para equilibrar a ponte e
visualizar o valor real da deformação no visor do medidor. Este equilíbrio é
observado nos medidores de tensão elétrica presentes no dispositivo, onde há dois
ajustes: um ajuste mais grosso, que varia em grandes incrementos, e um ajuste
mais fino, que varia em pequenos incrementos.
Com base nas leituras de deformação obtidas, é possível calcular tensões
principais utilizando a seguinte equação:
𝐽
𝐼 = 2
(2)

7
Ao utilizar a força peso na extremidade da barra, conforme mostrado na
figura 7, e considerando que o extensômetro esteja posicionado em L1, é possível
calcular o tensor de tensões para o ponto P, e com a tensão normal gerada por Mx e
também a tensão de cisalhamento gerada pelo torque τy temos as seguintes
equações, respectivamente:
𝑀𝑥𝑐
σ𝑦 = 𝐼
(3)
𝑇𝑦𝑐
𝑇𝑦 = 𝐽
(4)
Para que seja possível encontrar as tensões principais, é necessário utilizar o
Círculo de Mohr:
σ𝑥+σ𝑦 σ𝑥−σ𝑦 2 2
σ 1,2
= 2
± ( 2
) + τ𝑥𝑦 (5)
E, utilizando as seguintes equações, é possível encontrar as deformações
principais:
1
ε𝑚𝑎𝑥 = 𝐸
[σ𝑚𝑎𝑥 − νσ𝑚𝑖𝑛] (6)
1
ε𝑚𝑖𝑛 = 𝐸
[σ𝑚𝑖𝑛 − νσ𝑚𝑎𝑥] (7)

Figura 7 - Viga em L com a força aplicada.

Fonte: Professor de laboratório de Mecânica dos Sólidos II

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4. Resultados e Discussão
Primeiramente realizou-se o carregamento do corpo de prova para obtenção
do deslocamento longitudinal. Na primeira etapa obteve-se as medidas sem nenhum
peso e em seguida acrescentou-se um peso de 5000 gramas para uma segunda
medição.

Quadro 1- Deformação experimental.

Deformação (µ𝑆)
Massa (g)
ε𝑎 ε𝑏 ε𝑐

0 48045 48198 49457

5000 48125 48303 49444


Fonte: Autoria Própria.

Deste modo, a medida de deformação será a diferença entre as leituras


obtidas com e sem o peso .

Quadro 2- Deformação extensômetro.

Deformação(µ𝑚)

ε𝑎 ε𝑏 ε𝑐

80 105 -13
Fonte: Autoria Própria.

Sendo a medida negativa obtida devido ao fato de o extensômetro estar


comprimindo no sentido medido. Em seguida, como é recomendado pelo fabricante,
multiplicou-se as medidas experimentais por um fator de correção de 0,952
obtendo-se:
Quadro 3- Deformação experimental corrigida.

Deformação (µ𝑆)
Massa (g)
ε𝑎 ε𝑏 ε𝑐

0 45738,84 45884,496 47083,064

5000 45815 45984,456 47070,688


Fonte: Autoria Própria.

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Quadro 4- Deformação extensômetro corrigida.

Deformação(µ𝑚)

ε𝑎 ε𝑏 ε𝑐

76,16 99,96 -12,376


Fonte: Autoria Própria.

4.1 Tensões e deformações principais teóricas


Primeiramente, calculou-se o momento de inércia a partir da equação (2),
utilizando o diâmetro da barra como 𝑑 = 19, 5 𝑚𝑚:

−9 4
𝐼 = 7, 1 × 10 𝑚

Sabendo que a força P está sendo aplicada na extremidade da barra


conforme ilustra a figura x, sabendo que o extensômetro está posicionado na
distância 𝐿1, calcula-se o tensor das tensões para o ponto P, ilustrado na figura x.
Considera-se as dimensões da viga 𝐿1 = 155𝑚𝑚; 𝐿2 = 190 𝑚𝑚; 𝐿3 = 105 𝑚𝑚 e o
diâmetro 𝑑 = 19, 5 𝑚𝑚, obtém-se:

Para a tensão normal gerada por Mx, utiliza-se a equação (3) obtendo:

σ𝑦 = 10, 44 𝑀𝑝𝑎

Para a tensão de cisalhamento gerada pelo torque Ty, utiliza-se a equação


(4) obtendo:

τ𝑥𝑦 = 3, 53 𝑀𝑝𝑎

Encontrando o tensor das tensões, e utilizando o círculo de mohr para


encontrar as tensões principais, representado pela equação (5), obtém-se:

σ𝑚𝑎𝑥 = 11, 52 𝑀𝑝𝑎


σ𝑚í𝑛 =− 1, 14 𝑀𝑝𝑎

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Em seguida utilizando as equações (6) e (7) e considerando o coeficiente de
Poisson 𝑣 = 0, 33 e o módulo de elasticidade 𝐸 = 207 𝐺𝑝𝑎, obtém as deformações
principais:

ε𝑚𝑎𝑥 = 57, 47µ𝑆


ε𝑚í𝑛 =− 23, 87µ𝑆

4.2 Tensões e deformações principais teóricas nos


extensômetros

No experimento utilizou-se os extensômetros para medir em três direções a,


b e c, por meio de um um sistema e utilizando das equações (2), (3) e (4), e
considerando α = 45º, β = 45º e γ =− 45º, obteve-se as seguintes deformações
em x e y:

ε𝑥 = 98, 134
ε𝑦 =− 31, 416
ε𝑥𝑦 =− 41, 226

Assim pelo círculo de Mohr é possível calcular o raio médio, a partir da


equação (8), utilizando os valores de ε𝑥, ε𝑦 e ε𝑥𝑦, obtendo assim:

ε𝑥−ε𝑦 2 ε𝑥𝑦 2
𝑅 = ( 2
) + ( 2
) (8)

𝑅 = 67, 98

Substituindo nas equações (3), e utilizando o raio médio calculado


encontram-se as deformações máximas e mínimas, obtém-se assim:

ε1 = 102, 634
ε2 =− 32, 628

Calcula-se as tensões pela lei de Hooke, através das equações (6) e (7),
obtendo-se assim:

σ1 = 28, 032𝑀𝑝𝑎
σ2 =− 0, 726𝑀𝑝𝑎

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Por fim calcula-se o erro percentual dos valores obtidos por meio da
equação(), obtém-se:

𝐸𝑟ε1 = 44, 005%


𝐸𝑟ε2 = 26, 832%
𝐸𝑟σ1 = 58, 984%
𝐸𝑟σ2 = 57, 025%

Observando os erros obtidos, percebe-se um desvio grande entre a medida


real e a teórica, que pode se dar por vários fatores como a idealização dos
parâmetros utilizados para os cálculos, uso inadequado da máquina e ou a idade do
aparelho utilizado, deste modo observa-se que os valores obtidos estão fora do
esperado o que é comprovado pelo resultado dos erros.

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5. Conclusão
Desse modo, através do experimento realizado foi possível realizar as
medições e calcular o deslocamento causado pela aplicação do peso na viga. Além
do mais, foi empregado o círculo de Mohr para que fosse capaz de estabelecer uma
correlação entre o deslocamento e a tensão aplicada na viga. Durante o processo
dos resultados, foi possível calcular os valores de deslocamentos e tensões nas
principais direções. Contudo, ao comparar os valores teóricos com os valores
experimentais obtidos, notamos uma variação significativa. Essa diferença pode ter
diversos fatores como porquês, como possíveis medidas imprecisas, imperfeições
no material da viga ou limitações características ao método experimental utilizado,
essas limitações podem incluir possíveis erros de leitura durante o experimento e
também a influência de fatores externos não controlados, como temperatura e
umidade. Essas limitações podem afetar os resultados obtidos, provocando uma
certa margem de incerteza nos valores medidos.
Mesmo que a variação obtida entre os valores teóricos e experimentais, o
experimento proporcionou uma oportunidade para que fosse possível explorar as
relações entre deslocamento e tensão, ajudando para uma melhor compreensão
dos princípios da Mecânica dos Sólidos.

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6. Referências bibliográficas
PONTE de Wheatstone com strain gauges (Extensômetro). [S. l.], 200?. Disponível
em:https://learnchannel-tv.com/pt/tecnologia-de-sensor/ponte-de-wheatstone/ponte-
de-wheatstone-com-strain-gauges-extensometros/. Acesso em: 5 jun. 2023.

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