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Campus Joinville
Relatório de atividade de
Projeto Integrado I, do curso de
Engenharia Mecânica, como
requisito parcial para
aprovação na disciplina.
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1.Introdução
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Ao menos essa é a atribuição dada às vigas pelo renomado e conhecido
astrônomo italiano Galileu Galilei, reconhecido por muitos como um dos
pioneiros no estudo da resistência dos sólidos. Até mesmo em uma de suas
publicações “Duas Novas Ciências” (1638), discutiu um problema de viga
engastada sendo o carregamento o próprio peso da viga, sendo esta
problemática conhecida como "Problema de Galileu", onde o resultado final da
análise obteve resultados incorretos devido à falta de recursos para a resolução
do problema. Com isso, muitos cientistas desenvolveram ou otimizaram
resoluções aplicadas às análises estruturais, entre elas os estudos de viga.
(Santade et al., 2013)
Podemos definir como deflexão de viga quando a mesma com um eixo
longitudinal reto é carregada por forças transversais, neste caso o eixo é formado
em uma curva, que chamamos de curva deflexão da viga. De forma geral, o
procedimento para encontrar a deflexão de vigas, se baseia em equações
diferenciais da linha elástica, e nas relações associadas a ela (Gere et al., 2012).
Determinar a máxima deflexão sofrida por uma viga quando está sob um
carregamento é de grande interesse nas áreas de engenharia, uma vez que as
especificações de projeto que envolvam uma viga, irão incluir um valor máximo
permitido para a sua deflexão. (Beer et al., 2012)
Sabendo que as excessivas deformações podem acabar causando uma
alteração na eficiência da estrutura e também na aparência, faz com que os
usuários desta estrutura, tenham receio de utilizá-la, tornando crucial o estudo
das consequências do uso de carga excessiva em uma estrutura (Lima et al.,
2003)
Portanto, o estudo de deflexão de vigas, permite que o engenheiro, ao
desenvolver um projeto, estabeleça as solicitações e forças que atuaram no
sistema, com segurança, não colocando carga em excesso ou
subdimensionando uma estrutura de viga. (Martha et al., 2010)
O Método de Elementos Finitos (MEF), além de outras aplicações, é uma
ferramenta comumente utilizada para determinar o comportamento estrutural de
componentes sob carregamentos, sejam eles estáticos e/ou dinâmicos. Isso
porque, componentes reais, por apresentarem em sua maioria complexidades
geométricas, de materiais e de carregamentos, acabam muitas vezes por
inviabilizar soluções analíticas ou experimentais.
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O funcionamento é relativamente simples, o MEF divide a estrutura a ser
analisada em pequenas sub estruturas elásticas, transformando assim o corpo
em estudo em uma malha, onde serão aplicadas as cargas, sejam elas
dinâmicas, térmicas, etc. Essas aplicações podem ser feitas tanto na superfície
do elemento quanto em seus nós. Estes nós são o que fazem a ligação de um
elemento com o outro, portanto é onde as propriedades do elemento serão
estabelecidas e onde as forças podem ser aplicadas, ou ainda, onde as
condições de contorno são atribuídas (graus de liberdade).
Para análises estruturais os graus de liberdade, podem ser definidos
como os movimentos, sejam de rotação ou translação, independentes que
existem em um nó. Como existem três eixos de trabalho (x,y,z) os graus de
liberdade de cada elemento são três graus translacionais e três rotacionais. Por
fim, quando cada elemento no interior de uma estrutura estiver totalmente
definido localmente, em sua forma matricial e os elementos montados
globalmente por seus nós, as cargas podem então ser aplicadas e as condições
de contorno definidas. Após isso, os valores de todos os graus de liberdade de
deslocamento desconhecidos são determinados através de operações matriciais
e desta forma usamos esses deslocamentos para determinar as resistências e
tensões utilizando as equações elásticas. (Shigley et al., 2016)
2. Metodologia
Foi realizado neste estudo, uma análise analítica de uma viga, definindo
os valores para os esforços e os pontos de aplicação. Para mais, em laboratório
foram executados uma série de testes em uma viga de aço ABNT 1020, para
obtenção de valores de deformação de forma experimental. Os testes foram
executados para posteriormente serem comparados com a resolução analítica,
através da dedução da equação de linha elástica, e também com uma simulação
computadorizada, por Método de Elementos Finitos, com auxílio do software
SolidWorks, para desta forma, validar a análise de tensão e deflexão do
guindaste em estudo.
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2.1 Resolução Analítica
𝛴𝐹𝑦 = 0 (1)
𝑅𝑦 − 𝑃 = 0
𝑅𝑦 = 𝑃
𝛴𝑀𝑜 = 0
𝑀𝑜 − (𝑃 ∗ 𝑎) = 0
𝑀𝑜 = 𝑃 ∗ 𝑎 (2)
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Agora é possível achar o momento fletor, fazendo o somatório dos
momentos em torno do ponto no qual a viga foi seccionada e considerando o
sentido horário positivo.
seção o-a:
𝛴𝑀(𝑜 − 𝑎) = 0 (3)
𝑀𝑜 − (𝑅𝑦 ∗ 𝑥) + 𝑀 = 0
𝑀 = (𝑅𝑦 ∗ 𝑥) − 𝑀𝑜
𝑀(𝑥) = (𝑅𝑦 ∗ 𝑥) − (𝑃 ∗ 𝑎)
𝑀(𝑥) = (𝑃 ∗ 𝑥) − (𝑃 ∗ 𝑎)
𝑀(𝑥) = 𝑃(𝑥 − 𝑎) (4)
Seção a-b:
𝛴𝑀(𝑎 − 𝑏) = 0 (5)
𝑀𝑜 − 𝑅𝑦 ∗ 𝑥 + 𝑃 ∗ (𝑥 − 𝑎) + 𝑀 = 0
𝑃 ∗ 𝑎 − 𝑃 ∗ 𝑥 + 𝑃 ∗ (𝑥 − 𝑎) + 𝑀 = 0
𝑃 ∗ (−𝑥 + 𝑎 + 𝑥 − 𝑎) + 𝑀 = 0
𝑀(𝑥) = 0 (6)
Para encontrar-se a linha elástica foi utilizada a seguinte equação:
𝑑²𝑣 𝑀
= (7)
𝑑𝑥² 𝐸. 𝐼
7
𝑑𝑣 1
= .∫ 𝑀(𝑥)𝑑𝑥
𝑑𝑥 𝐸. 𝐼
𝑑𝑣 1 𝑑𝑣 𝑃
= .∫ 𝑃. (𝑥 − 𝑎)𝑑𝑥 ⇔ = . (∫ 𝑥𝑑𝑥 − ∫ 𝑎𝑑𝑥)
𝑑𝑥 𝐸. 𝐼 𝑑𝑥 𝐸. 𝐼
Seção a-b
𝑑𝑣 1 𝑑𝑣 1
= .∫ 0𝑑𝑥 ⇔ = . 𝐶3 (10)
𝑑𝑥 𝐸. 𝐼 𝑑𝑥 𝐸. 𝐼
𝐶3 1 1
𝑣=∫ 𝑑𝑥 ⇔ 𝑣 = .∫ 𝐶3𝑑𝑥 ⟺ 𝑣 = .∫ 𝐶3𝑑𝑥
𝐸. 𝐼 𝐸. 𝐼 𝐸. 𝐼
1
𝑣= . (𝐶3𝑥 + 𝐶4) (11)
𝐸. 𝐼
8
𝑑𝑣 𝑃
0= =𝜃= . (0 − 0 + 𝐶1) ⟺ 𝐶1 = 0
𝑑𝑥 𝐸. 𝐼
Da (9 tem-se:
𝑃 𝑥 3 𝑎𝑥 2
𝑣= .( − + 𝐶1𝑥 + 𝐶2)
𝐸. 𝐼 6 2
Para 𝑥 = 0, 𝑣 = 0
𝑃
0= . (0 − 0 + 0 + 𝐶2) ⟺ 𝐶2 = 0
𝐸. 𝐼
Com os valores de 𝐶1 e 𝐶2 encontrados, a equação da deflexão para a
seção o-a fica:
Seção o-a
𝑃 𝑥 3 𝑎𝑥 2
𝑣= .( + )
𝐸. 𝐼 6 2
𝑃.𝑥²
𝑣 = 6.𝐸.𝐼 . (𝑥 − 3𝑎) 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 < 𝑥 < 𝑎 (12)
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𝑃. 2𝑎²
− = 𝐶3𝑎 + 𝐶4
6
𝑃. 𝑎²
−𝑎. ( + 𝐶3) = 𝐶4
3
Substituindo na (8 da flexão na seção a-b é obtida seguinte equação:
1 𝑃. 𝑎2 𝑃. 𝑎² 𝑃. 𝑎2
𝑣= . [(− . 𝑥) − 𝑎. ( − )]
𝐸. 𝐼 2 3 2
𝑃.𝑎2
𝑣 = 6.𝐸.𝐼 . (−3𝑥 + 𝑎) 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 < 𝑥 < 𝑙 (13)
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Para simular o engaste foi utilizado um grampo C mostrado na Figura 6,
para fixar uma das extremidades da viga em uma plataforma plana, não
permitindo nenhum grau de liberdade em seu movimento. Todas as distâncias
utilizadas para o estudo foram obtidas através de um paquímetro calibrado pelo
técnico de laboratório presente.
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2.3 Simulação Numérica
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Para definir esses pontos dentro do software, é realizado um esboço na
superfície da peça com as distâncias observadas no modelo experimental, onde
com um recurso do software é aplicada a carga. Na sequência é realizado uma
restrição de movimentos em uma das faces onde a viga ficará engastada,
limitando desta forma os seus graus de liberdade. Por fim é gerada um refino de
malha, na qual para que se obtenha um resultado mais aproximado são
necessários alguns loops de processamento até que se tenha valores concisos,
gerando a Tabela 1:
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Figura 10 - Viga com malha aplicada
Fonte: Autores
3. Resultados
Agora com todas as equações e com os valores utilizados na resolução
experimental, foram montadas tabelas de comparação entre os resultados
calculados, medidos em laboratório e obtidos através da simulação numérica.
Alguns números foram arredondados para melhor visualização.
2 0,3 31 0,532
3 0,3 51 0,502
4 0,3 71 0,465
5 0,3 91 0,425
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3.2. Resultados da simulação numérica
Com a malha gerada foi realizada uma simulação com os diversos pontos
de aplicação da carga, gerando representações de deformação, mostrados na
Figura 11, na imagem está apresentado os respectivos pontos de aplicação da
carga enumerados no canto inferior direito.
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3.3 Resultados do Analítico
Tabela 4 - Dados da viga
Módulo
Largura Espessura Momento
Massa de Força P Comprimento
da viga da viga h de Inércia
(kg) Elasticida (N) da viga l (m)
b (mm) (mm) 𝐼𝑥 (𝑚4 )
de (GPa)
Fonte: Autores
Sendo o momento de inércia calculado pela equação (14).
𝑏. ℎ3
𝐼𝑥 = (14)
12
0,55 11 0,449
0,54 31 0,429
0,5 51 0,409
0,427 91 0,369
16
-0,069 -0,000498 -0,498 6,66%
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Tabela 8 - Comparação entre as três análises realizadas
Desvio
Desvio
Distância da Flexão Flexão o-a Flexão simulação
simulação
Base da Viga Experimental Analítico Simulação relativo ao
relativo ao
(m) (mm) (mm) (mm) experimental
analítico (%)
(%)
0,449 -0,55 -0,599 -0,5928 7,22% 1,08%
0,429 -0,54 -0,566 -0,5595 3,49% 1,08%
0,409 -0,5 -0,532 -0,5261 4,96% 1,10%
0,389 -0,465 -0,498 -0,4928 5,64% 1,10%
0,369 -0,427 -0,465 -0,4594 7,05% 1,12%
0,349 -0,399 -0,431 -0,426 6,34% 1,15%
0,329 -0,37 -0,397 -0,3927 5,78% 1,15%
Fonte: Autores
Pode-se notar que o desvio resultante da simulação em relação ao
método experimental é muito maior que o desvio apresentado entre a simulação
e o método analítico, o que muito provavelmente se deve ao fato de as
propriedades da barra utilizada no experimento, não serem exatamente as
mesmas que foram utilizadas no método analítico e numérico.
4. Conclusão
A partir dos resultados obtidos nos procedimentos experimental, analítico
e numérico, foi possível analisar a deflexão de uma barra retangular de aço, e
desta forma constatar que problemas desta natureza, podem ser resolvidas
pelos três tipos de análise demonstrados neste estudo. Como observado no
tópico anterior, por não termos as propriedades reais do material utilizado na
análise experimental, e sim uma estimativa, somente os resultados do
procedimento analítico e numérico convergiram, tendo um erro ínfimo que pode
até mesmo ser desconsiderado, diferente do procedimento experimental que não
teve resultados com a mesma precisão, porém, ainda próximos tanto do analítico
como numérico, o que nos mostra que muito provavelmente, em ensaios onde
se tenha as propriedades reais do material analisado, e não somente uma
estimativa, os três resultados venham a convergir. Por fim, para fins
demonstrativos em casos considerados simples, os três processos podem ser
utilizados, sendo que para geometrias não uniformes, ou que sejam mais
complexos, podemos obter as equações de deflexão com auxílio de um software.
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5. Referência
Beer, Ferdinand P. et al. Mecânica dos materiais. Amgh. Porto Alegre. 2011
Gere, J. M.; Mecânica dos Materiais. 6. Ed. São Paulo. Editora Thomson
Learning, 2003.
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