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Resistência dos Materiais II

Aula 2 - Propriedades Geométricas de Áreas Planas


(parte 2)
INTRODUÇÃO

Esta aula é continuação da anterior e encerra o tema Propriedades Geométricas das Áreas no contexto da Resistência dos
Materiais.

Como já foi dito, essas propriedades serão importantes no desenvolvimento da disciplina, pois o estudo do comportamento
estrutural dos elementos de barra sujeitos a diversas solicitações, principal objeto deste curso, tem forte dependência da forma e
das dimensões da seção transversal adotada para cada elemento.

Nos cálculos relativos ao modelo matemático, que representa o comportamento das barras, a seção transversal é representada
pelas suas propriedades geométricas.

OBJETIVOS
Compreender o processo de determinação do Produto de Inércia de uma área plana;

Reconhecer o processo de determinação dos momentos de inércia principais de uma área plana;

Identificar o processo de determinação do raio de giração de uma área plana.


PRODUTO DE INÉRCIA
De uma forma geral, como já foi visto na aula anterior, o momento de inércia de uma área pode assumir valores diferentes para cada
sistema de eixos de referência que venha a ser adotado no cálculo.

Será visto mais tarde que, em algumas situações de projeto estrutural ou mecânico, torna-se necessário reconhecer os valores
máximos e mínimos do momento de inércia das áreas das seções transversais das barras analisadas.

Veremos ainda, nesta aula, que o procedimento para a determinação dos máximos e mínimos passa pela determinação dos
momentos de inércia, em relação aos eixos x e y, estudada na aula anterior, e por outra propriedade da área denominada Produto de
Inércia.

Fica claro que o produto de inércia possui a mesma dimensão do momento de inércia, ou seja, comprimento elevado à quarta
potência (m⁴, cm⁴, mm⁴ etc.).

Vale observar que, dependendo do quadrante em que o elemento diferencial de área estiver posicionado, o sinal do produto de
inércia poderá se alternar. No 1º e no 3º quadrantes, o produto de inércia é positivo, pois as duas distâncias possuem o mesmo
sinal.

Já n o 2º e no 4º quadrantes, o produto de inércia assume valores negativos dado que as distâncias possuem sinais diferentes.

TEOREMA DOS EIXOS PARALELOS


Vamos considerar agora um sistema de eixos que denominaremos X’Y’, paralelo a XY, mas estrategicamente posicionado no
centroide da área.

Chamaremos de dx e dy as distâncias entre os dois sistemas de eixos X’Y’ e XY, como mostra a figura.
Considerando os dois referenciais pode-se montar a expressão do cálculo do produto de inércia como sendo:

onde (𝑥′ +𝑑𝑥) representa o valor de x e (𝑦′+𝑑𝑦) representa o valor de y. Desenvolvendo a integral...

A 1ª integral é o produto de inércia em relação ao centroide, a 2ª e a 3ª são nulas, como visto na aula anterior, e a última representa
a área.

Resumindo...

Ou...

MOMENTO DE INÉRCIA DE UMA ÁREA EM RELAÇÃO A UM SISTEMA DE


REFERÊNCIA INCLINADO
A figura mostra os eixos girados e as transformações que fazem com que o momento de inércia seja calculado, em relação ao
sistema x’ y’, girado de θ em relação ao sistema xy.

Com isso, as coordenadas x’ e y’, referenciadas ao sistema xy, podem ser obtidas com as seguintes relações evidenciadas na figura:

Para desenvolver as propriedades da área A, em relação aos eixos inclinados, basta substituir essas relações como será feito a
seguir:

O desenvolvimento algébrico de cada uma das equações anteriores nos leva às seguintes equações:

Atenção:

Observe que, se somarmos as duas primeiras equações, o resultado é


lx'+𝐼 y'= 𝐼 x+𝐼 y= 𝐽 0, denominado Momento Polar de Inércia.

MOMENTOS PRINCIPAIS DE INÉRCIA


Conforme pode ser visto no quadro resumo apresentado, as expressões para a determinação dos momentos de inércia e do produto
de inércia para eixos inclinados, como não poderia deixar de ser, depende da inclinação representada nas expressões pelo ângulo θ.

Obviamente, para cada valor de θ, teremos um valor diferente para as propriedades da seção, passando por um ponto de máximo e
por um ponto de mínimo, que são os momentos principais de inércia. Os eixos dessas direções também são denominados de eixos
principais.

Como você estudou em Cálculo Diferencial e Integral, para conhecermos os máximos e os mínimos de uma função, devemos
derivar e igualar a zero.

Igualando a zero para θ = θp e usando a definição da tangente (sen/cos), chegamos à seguinte relação:

Esta relação pode ser representada graficamente por meio de um triângulo retângulo:

As hipotenusas dos triângulos, que são iguais, podem ser obtidas pelo Teorema de Pitágoras. Com isso, são iguais a:

Construindo as relações para sen2θ e para cos2θ, e substituindo nas equações do quadro resumo, obtemos:
Esta equação nos leva a uma relação já conhecida de Resistência dos Materiais I, o círculo de Mohr.

CÍRCULO DE MOHR PARA MOMENTOS DE INÉRCIA


Uma vez calculados Ix, Iy e Ixy, podemos construir o círculo para obtermos os valores graficamente.

O eixo horizontal é o eixo dos momentos de inércia;


O eixo vertical é o eixo dos produtos de inércia;
O centro do círculo é o valor médio entre Ix e Iy, (Ix+Iy)/2;
O raio do círculo é √(Ix−Iy/2)2+Ixy2);
O ponto A possui coordenadas (Ix, Ixy).

A marcação dos pontos (Ix, Ixy) e (Iy, -Ixy) é importante, pois nos dá a origem da marcação dos ângulos e a inclinação em relação
aos eixos principais.

Note que, para Imax e para Imin, o valor de Ixy é nulo.

Só para reforçar, a inclinação para os eixos principais é dada por:

RAIO DE GIRAÇÃO
O raio de giração é uma medida de comprimento baseada nas propriedades da seção, que será muito importante no estudo do
fenômeno da flambagem, podendo ocorrer em barras sob efeito de compressão. Desta forma, ele pode ser calculado em função da
área e do momento de inércia.

Como já vimos, o momento de inércia pode ser calculado em relação a qualquer eixo, o que também vale para o raio de giração.

O momento de inércia, como visto na 1ª aula, pode ser calculado através da integral

onde y é a distância do elemento infinitesimal dA até o eixo considerado, no caso, x.

Uma vez calculado o momento de inércia e a área, podemos dizer que:

Onde ix é o raio de giração da figura.

Portanto, podemos entender que o raio de giração é a distância medida do eixo considerado até um determinado ponto, de tal forma
que, se concentrarmos a área nesse ponto, o momento de inércia da figura, em relação ao referido eixo, será preservado.

As figuras a seguir ilustram essa ideia.

ATENÇÃO:
O módulo de resistência (W) ocorre entre o momento de inércia, em relação a um eixo e a maior distância entre o centroide da área,
até a superfície da figura medida, na direção transversal ao eixo, conforme a figura:
O módulo de resistência será muito importante no estudo da flexão.

3
Dimensão: [L]

3 3 3
Unidades: m , cm , mm ...

Prática:

Pra a área detalhada da figura, determine o raio de giração e o módulo de resistência em relação aos eixos x e y.

MÓDULO DE RESISTÊNCIA
Em relação ao eixo x, as distâncias extremas são 1,61 até a borda inferior e 3,39 cm até a superior.

Em relação ao eixo y, as distâncias extremas são iguais (direita e esquerda) a 2,50 cm.

Com isso, temos:

1 - Considere o perfil metálico L 150 x 150 x 25 (mm). Determine o produto de inércia do perfil:

4659000 mm⁴

-4659000 mm⁴

-4486030,9 mm⁴
27,7 x 10⁶ mm⁴

-27,7 x 10⁶ mm⁴

Justificativa

2 - Considere a composição de 2 perfis metálicos, o U 6” x 2” e a cantoneira 4” x 4”. Determine o momento de inércia do conjunto em
relação ao eixo horizontal que passa pelo centroide.

348,07 cm⁴

696,59 cm⁴

360,58 cm⁴

915,07 cm⁴⁴

452,89 cm⁴

Justificativa

3 - Considere a composição de 2 perfis metálicos, o U 6” x 2” e a cantoneira 4” x 4”. Determine o produto de inércia do conjunto em
relação ao eixo vertical, que passa pelo centroide, sabendo que os momentos de inércia do conjunto são Ix=915,07cm4 e
Iy=360,58cm4.

398,07 cm⁴

915,07 cm⁴

432,89 cm⁴

694,59 cm⁴⁴

360,58 cm⁴
Justificativa

Glossário

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