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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Resistência dos Materiais – Engenharia de Processos Industriais


Resumo da Aula do Tema: 4.7

4. Estado de tensão e deformação.

4.7 Características geométricas das figuras planas.

O dimensionamento e a verificação da capacidade resistente das barras, como de qualquer elemento


estrutural, submetidas a cargas externas, dependem de grandezas chamadas tensões, as quais se distribuem
ao longo das seções transversais de um corpo. Daí vem a necessidade de se conhecer claramente as
características ou propriedades das figuras geométricas que formam essas seções transversais.

Um exemplo, é ilustrado na barra recta de seção transversal constante, chamada barra prismática. (Fig.
4.7.1). O lado da barra que contém o comprimento (L) e a altura (h) é chamado de seção longitudinal e o que
contém a largura (b) e a altura (h) é chamado de seção transversal.

Figura 4.7.1 – Barra prismática

As principais propriedades geométricas de figuras planas são:


• Área (A)
• Momento estático (M)
• Centro de gravidade (CG)
• Momento de Inércia (I)
• Módulo de resistência (W)
• Raio de giração (i)

Área
A área de uma figura plana é a superfície limitada pelo seu contorno. Para contornos complexos, a área
pode ser obtida aproximando-se a forma real pela justaposição de formas geométricas de área conhecida
(rectângulos, triângulos, etc.). A unidade de área é [L]2 (unidade de comprimento ao quadrado). A área é
utilizada para a determinação das tensões normais (tracção e compressão) e das tensões de transversais ou de
corte.

4.7.1 Momento estático das figuras planas.


Define-se Momento Estático (M) de um elemento de superfície como o produto da área do elemento
pela distância que o separa de um eixo de referência.

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Momento Estático de uma superfície plana é definido como a somatória de todos os momentos
estáticos dos elementos de superfície que formam a superfície total.

O Momento Estático de uma superfície composta por várias figuras conhecidas é o somatório dos
Momentos Estáticos de cada figura.
A unidade do Momento Estático é área é [L]× [L2] = [L3].
O Momento Estático é utilizado para a determinação das tensões transversais que ocorrem em uma peça
submetida à flexão.
Exemplo: Determinar o Momento Estático das figuras abaixo.

4.7.1.2 Centro de Gravidade


Portanto, atração exercida pelaTerra sobre um corpo rígido pode ser
representada por uma única força P. Esta força, chamada peso do corpo, é aplicada no seu baricentro, ou
cento de gravidade (CG). O centro de gravidade pode localizar-se dentro ou fora da superfície.
O centro de gravidade de uma superfície plana é, por definição, o ponto de coordenadas:

onde:
xCG = distância do CG da figura até o eixo y escolhido arbitrariamente;
yCG = distância do CG da figura até o eixo x escolhido arbitrariamente;

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Mx = momento estático da figura em relação ao eixo x;
My = momento estático da figura em relação ao eixo y;
A = área da Figura.

4.7.1.2 Centro de gravidade de áreas compostas por várias figuras


O centro de gravidade de uma superfície composta por várias figuras, é expresso por:

Centro de gravidade de algumas figuras planas

Exemplos
1. Determinar o centro de gravidade CG do retângulo
em relação ao eixo x que passa pela sua base.

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Resolução
Área do rectângulo:
O Momento Estático do retângulo em relação ao eixo
x é somatória do produto de cada elemento de área dA pela sua distância em relação ao eixo x.

Momento Estático

Centro de Gravidade

2. Determinar o CG da Figura.
(medidas em centímetros)

Resolução

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4.7.2 Momento de inércia das figuras planas.
O momento de inércia de uma superfície plana em relação a um eixo de referência é definido como
sendo a integral de área dos produtos dos elementos de área que compõem a superfície pelas suas
respectivas distâncias ao eixo de referência, elevadas ao quadrado.

Os momentos de inércia ora definidos, corresponde aos momentos axiais de inercia.


O momento polar de inercia é determinado pela fórmula:

Onde 𝝆 - distância de dA ao ponto (pólos) em relação ao qual é calculado o momento polar de


inércia.
O Momento inércia polar está associada a momentos axiais de inércia:

Isto é, para qualquer par de eixos perpendiculares


passando pelo pólo 0, teremos:

O momento de inércia centrífuga é determinado pela integral dos produtos das áreas elementares, a
distâncias a dois eixos perpendiculares entre si.

A unidade do momento de inércia é [L2]×[L2]=[L4].


O momento axial e polar de inércia são sempre positivos, o momento de inércia centrífuga pode
assumir os valores "+", "-" e zero.
Se a figura tiver um eixo de simetria, então o momento de inércia da centrífuga é zero em relação a esse
eixo.
O momento de inércia é uma característica geométrica importantíssima no
dimensionamento dos elementos estruturais, pois fornece, em valores numéricos, a
resistência da peça. Quanto maior for o momento de inércia da seção transversal de uma peça, maior a sua
resistência.

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Propriedade:
O momento de inércia total de uma superfície é a somatória dos momentos de inércia das figuras que
a compõe.

4.7.3 Translação de eixos


O momento de inércia de uma superfície em relação a um eixo qualquer é igual ao momento de
inércia em relação ao eixo que passa pelo seu centro de gravidade, acrescido do produto da área (A) pelo
quadrado da distância que separa os dois eixos.

Ix = momento de inércia da figura em relação ao eixo x .


Iy= momento de inércia da figura em relação ao eixo y.
IxCG = momento de inércia da figura em relação ao eixo xCG que passa pelo CG da figura.
IyCG = momento de inércia da figura em relação ao eixo yCG que passa pelo CG da figura.
XCG = distância do eixo y até o eixo CG
YCG = distância do eixo x até o eixo

O momento de inércia é utilizado para a determinação das tensões normais a que


estão sujeitas as peças submetidas à flexão.
As formulações acima podem ser expressas em função do momento estático:

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4.7.3.1 Mudança de momentos de inércia em função da rotação dos eixos
Associamos as novas coordenadas z1, y1 da área elementar dA às
coordenadas do sistema original z, y:

O comprimento dos segmentos no sistema de coordenadas original:

De tal maneira:

O momento de inercia no novo sistema de coordenadas será:

Executando acções semelhantes no outro eixo, obtemos:

4.7.4 Eixos principais e momentos principais das figuras planas.


Quando o ângulo α muda, os valores de Iz1, Iy1, I z1y1 mudam (ver na figura anterior), e para algum
valor do ângulo α0 eles tomam valores extremos. Tomando a primeira derivada em relação ao ângulo α das
três últimas fórmulas e igualando-a a zero, obtemos:

Esta fórmula determina a posição de dois eixos, em relação a um dos quais o momento axial é
máximo e relativo ao outro - mínimo. Tais eixos são chamados principais. Os momentos de inércia sobre
os eixos principais são chamados os momentos principais de inércia. Eles são calculados da seguinte
forma:

Os eixos principais possuem as seguintes propriedades:

• O momento de inércia centrífugo em relação a eles é zero;


• Momentos de inércia sobre os eixos principais são extremos;
• Para seções simétricas, os eixos de simetria são os principais.

Os eixos principais que passam pelo centro de gravidade da figura são chamados eixos principais centrais
da inércia.

4.7.5 Momento principal de inércia das figuras complexas dotados de eixos de simetria.

O momento de inércia de figuras com secções complexas em relação alguns eixos, é igual à soma dos
momentos de inercia das secções que compões a secção da figura em relação a esse eixo.
Ix=∫𝑨 𝒚𝟐 𝒅𝑨 = ∫𝑨 𝒚𝟐 𝒅𝑨 + ∫𝑨 𝒚𝟐 𝒅𝑨 + ⋯ + ∫𝑨 𝒚𝟐 𝒅𝑨
𝟏 𝟐 𝒏

4.7.5.1 Raio de Giração


Define-se raio de giração como sendo a raiz quadrada da relação entre o momento de inércia e a área
da superfície. A unidade do raio de giração é o comprimento. O raio de giração é utilizado para o estudo da
flambagem.

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4.7.5.2 Módulo Resistente
Define-se módulo resistente de uma superfície plana em relação aos eixos que contém o CG como
sendo a razão entre o momento de inércia relativo ao eixo que passa pelo CG da figura e a distância
máxima entre o eixo e a extremidade da seção estudada.

onde:
ICG = momento de inércia da peça em relação ao CG da figura;
x, y = distância entre o eixo do CG da figura e a extremidade da peça.
[𝐿]4
A unidade do módulo resistente é [𝐿]
= [𝐿]2 .
O módulo resistente é utilizado para o dimensionamento de peças submetidas à flexão.

Características Geométricas de algumas figuras conhecidas

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Exercícios
1. A figura representa a seção transversal de uma viga “T”. Para a figura, determinar:
a) o centro de gravidade;
b) o momento de inércia em relação ao eixo x;
c) os módulos Resistentes superior e inferior;
d) o raio de giração. (medidas em centímetros).

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