Você está na página 1de 54

CAPÍTULO I

GEOMETRIA DAS MASSAS

I. ASPECTOS GERAIS

Apesar de não estar incluida dentro dos nossos objetivos principais, vamos
estudar algumas grandezas características da geometria das massas com a
finalidade de conhecermos alguns valores necessários ao estudo das solicitações
que provoquem a rotação, como o Momento Fletor e o Momento Torsor.
Vamos nos ater ao cálculo das propriedades das seções planas.

II. MOMENTOS ESTÁTICOS E BARICENTROS DE SUPERFÍCIES PLANAS

A. CONCEITO

Admitimos uma superfície plana qualquer de área "A", referida à um sistema


de eixos ortogonais x,y.
Sejam:
dA - elemento de área componente da superfície
x e y - coordenadas deste elemento em relação ao sistema de eixos

Define-se:
Momento estático de um elemento de área dA em relação a um eixo é o
produto da área do elemento por sua orddenada em relação ao eixo
considerado.

Notação : s
Expressão analítica :

sx = y. dA sy = x. dA
Define-se:
Momento estático de uma superfície é a soma dos momentos estáticos
em relação a um mesmo eixo dos elementos que a constituem.

Notação : S
Expressão analítica:

Sx = y. dA Sy = x. dA
A A

OBSERVAÇÕES:

1. unidade: cm3, m3, ...

2. sinal : O momento estático pode admitir sinais positivos ou negativos,


dependendo do sinal da ordenada envolvida.

3. O momento estático de uma superfície é nulo em relação à qualquer eixo que


passe pelo centro de gravidade desta superfície.

B. DETERMINAÇÃO DO BARICENTRO DE SUPERFÍCIE

A utilização dos conceitos de momento estático se dá no cálculo da posição


do centro de gravidade de figuras planas.

Seja:
G - baricentro da superfície com coordenadas à determinar (xG; yG)

por definição:

Sx = y. dA
A
se o baricentro da superfície fosse conhecido
poderíamos calcular o momento estático desta
superfície pela definição:

Sx
Sx = yG . A ∴ yG = ou
A

como A (área total) pode ser calculado pela soma dos elementos de área que a
constituem:

A = dA então :
A
y. dA
yG = A

dA
A

análogamente:

x. dA
xG = A

dA
A

Estas expressões nos permitem determinar as coordenadas do centro de


gravidade de qualquer seção desde que se conheça um elemento dA representativo
da superfície toda.
São chamadas genéricamente de "teorema dos momentos estáticos".
Nos casos mais comuns, quando a superfície em estudo for a seção
transversal de um elemento estrutural, normalmente seções constituidas por
elementos de área conhecidos (perfilados), podemos substituir nas equações a
integral por seu similar que é o somatório, e as expressões ficam:
n n
Ai . yi Ai . xi
yG = 1
n ou xG = 1
n
Ai Ai
1 1

OBS: Quando a figura em estudo apresentar eixo de simetria, o seu centro de


gravidade estará obrigatóriamente neste eixo.

III. MOMENTOS E PRODUTOS DE INÉRCIA

Podemos definir momentos e produtos de inércia de uma superfície , usando


como referencia a mesma superfície de área A referida à um sistema de eixos x,y:

A. MOMENTO DE INÉRCIA AXIAL


Define-se:
"Momento de inércia de um elemento de área em relação a um eixo é o
produto da área deste elemento pelo quadrado de sua distância ao eixo
considerado."

Notação : j (índice com o nome do eixo)


Expressão analítica:

jx = y2 . dA jy = x2 . dA

Unidade : cm4 , m4, ...


Sinal : sempre positivo

Define-se :
"Momento de inércia de uma superfície em relação a um eixo é a soma dos
momentos de inércia em relação ao mesmo eixo dos elementos de área que a
constituem."

2
y . dA
2
Jx = ou Jy = x . dA
A A

OBS: Sendo o momento de inércia axial de uma superfície o somatório de valores


sempre positivos, ele só admite valores positivos também.

B. MOMENTO DE INÉRCIA POLAR

Define-se:
"Momento de inércia de um elemento de área em relação a um ponto é o
produto da área deste elemento pelo quadrado de sua distância ao ponto
considerado."

Notação: j (índice com o nome do ponto)


Expressão analítica:

jo= r2 . dA

Unidade : cm4 , m4 , ....


Sinal: sempre positivo

Define-se:
"Momento de inércia de uma superfície em relação a um ponto é a soma dos
momentos de inércia, em relação ao mesmo ponto dos elementos qua a
constituem."

2
Jo = r . dA
A
OBS: Se levarmos em conta o teorema de Pitágoras:

r2 = x2 + y2 então:

2 2 2
(x y ). dA y
2
Jo = + = x . dA + . dA
A A A

Jo = Jx + Jy
Conclusão:
O momento de inércia de uma superfície em relação a um ponto é a soma
dos momentos de inércia em relação a dois eixos ortogonais que passem pelo ponto
considerado.

C. PRODUTO DE INÉRCIA

Define-se:
"O produto de inércia de um elemento de área em relação a um par de eixos
é o produto da área deste elemento por suas coordenadas em relação aos eixos
considerados."

Notação : j (índice o par de eixos)


Expressão analítica :

jx,y = x.y.dA

Sinal: admite sinais positivos e negativos, de acôrdo com o sinal do produto das
coordenadas.
Unidade : cm4,m4 , ...

Define-se:
"O produto de inércia de uma superfície é a soma dos produtos de inércia, em
relação ao mesmo par de eixos, dos elementos que a constituem."

Jx , y = x. y. dA
A

OBS : O produto de inércia de uma superfície por ser o somatório do produto dos
elementos que a constituem pode resultar em um valor negativo,positivo ou nulo.

Exemplo:
Determine o momento de inércia de um retangulo b x h , em relação ao eixo
horizontal coincidente com a base.
x
IV. TRANSLAÇÃO DE EIXOS (TEOREMA DE STEINER)

Este teorema nos permite relacionar momentos e produtos de inércia em


relação a eixos quaisquer com momentos e produtos de inércia relativos a eixos
baricêntricos, desde que eles sejam paralelos.

FORMULÁRIO:

Jx = JxG + A.dy2

Jy = JyG + A.dx2

Jo = JG + A . r2

Jx,y = JxG,yG + A.dx.dy


OBS: PARA A UTILIZAÇÃO DO TEOREMA DE STEINER, OS EIXOS
BARICENTRICOS DEVEM NECESSÁRIAMENTE ESTAR ENVOLVIDOS NA
TRANSLAÇÃO.

V. ROTAÇÃO DE EIXOS
A. SEGUNDO UMA INCLINAÇÃO QUALQUER (α)

O teorema à seguir nos permite calcular momentos e produtos de inércia em


relação a eixos deslocados da referência de um angulo α , conforme mostra a figura
:

FORMULÁRIO:

Jx' = Jx. cos2 α + Jy. sen2α - Jx,y. sen 2α


α

Jy' = Jy. cos2 α + Jx .sen2α + Jx,y. sen 2α


α

1
α + (Jx - Jy).sen 2α
Jx',y' = Jx,y . cos 2α α
2

OBS: A convenção adotada para se medir o angulo α segue a convenção


adotada no círculo trigonométrico

mede-se o angulo α de x à x' no sentido anti horário.

B. EIXOS E MOMENTOS PRINCIPAIS DE INÉRCIA


Podemos notar que ao efetuarmos a rotação dos eixos que passam por um
ponto 'o', os momentos e produtos variam em função do angulo de rotação α.
Em problemas práticos, normalmente nos interessa a inclinação 'α', em
relação à qual os valores do momento de inércia é máximo, para então
aproveitarmos integralmente as características geométricas da seção transversal
que deve ser adotada.
Para a determinação do máximo de uma função , por exemplo Jx', podemos
utilizar os conceitos de cálculo diferencial, onde sabemos que uma função é máxima
ou mínima no ponto em que sua primeira derivada for nula.
dJx'
Então: = 0

Efetuando as derivações e com algumas simplificações algébricas chegamos
à expressão:

2. Jxy
tg 2α =
Jy - Jx
Esta expressão nos permite calcular dois valores para o angulo α, que
caracterizam a posição dos eixos em relação aos quais o momento de inércia
assume valores extremos (máximo e mínimo).
Vamos observar que estes eixos são:
1. Ortogonais entre si.
2. O produto de inércia em relação a este par de eixos é nulo.
3. Na rotação dos eixos a soma dos momentos de inércia é constante.
Jx + Jy = Jx' + Jy'

Os dois eixos determinados chamam-se de eixos principais de inércia e os


momentos correspondentes momentos principais de inércia.

Observações:

1. Se o ponto "o" em tôrno do qual se fez a rotação coincidir com o centro de


gravidade da seção, os eixos passarão a ser chamados de principais centrais de
inércia e a eles corresponderão os momentos principais centrais de inércia.

2. Se a seção tiver eixo de simetria, este será, necessáriamente , um eixo


principal central de inércia.
EXERCÍCIOS:
1. Determinar a altura do centro de gravidade do semi-círculo de raio R da figura

R :
4. R
yG =
3.π

2. Determinar a posição do centro de gravidade das figuras achuriadas abaixo


(medidas em cm):
a. b.

R: XG = 5,00 R: XG = 6,00
YG = 9,66 YG = 9,17
c. d.
R: YG = 2,60 R: YG = 27
XG = 6,57 XG = 25

3. Determinar o momento de inércia das figuras em relação aos eixos baricentricos


horizontail e vertical.
(medidas em cm)

a. b.

R: Jx = 3.541,33 cm4 R: Jx = 553 cm4


Jy= 1.691,33 cm4 Jy = 279,08 cm4

c. d.
R: Jx = 687,65 cm4 R: Jx = 1.372,29 cm4
Jy= 207,33 cm4 Jy= 1.050,27 cm4

4. Para as figuras abaixo, determine os seus eixos principais centrais de inércia,


bem como os momentos correspondentes (momentos principais centrais de
inércia) ( medidas em cm).
a. b.

R: Jmáx = 1.316 cm 4 R: Jmáx = 2.707 cm4


Jmín = 325,5 cm4 Jmín = 105 cm4

5. Para a figura abaixo determine:


a. Momentos principais centrais de inércia
b. Momentos principais de inércia em relação ao ponto O.
R: a. Jmáx = 105,33 cm4 Jmín = 87,05
cm4
b. Jmáx = 142,33 cm4 Jmín = 91,70
cm4

TABELAS:

b. h 3 h. b 3
Jx = Jy =
3 3

b. h 3 h. b 3
J xG = JyG =
12 12

b. h 3 h. b 3
Jx = Jy =
12 12

b. h 3 h. b 3
J xG = JyG =
36 36
b. h 3
Jx =
12

b. h 3 h. b 3
J xG = JyG =
36 48

π. R 4
Jx = Jy =
4
CAPÍTULO III

TORÇÃO SIMPLES

I.INTRODUÇÂO

Uma peça estará sujeita ao esforço de torção simples quando a mesma


estiver submetida somente a um momento de torção. Observe-se que trata-se
de uma simplificação, pois no caso mais simples sempre teremos o peso
próprio da estrutura atuando.
Neste capítulo, estudaremos somente peças com seção transversal
circular ou tubular. Na prática, os elementos que transmitem torção, como, por
exemplo, eixos de motores, tubos de torção de equipamentos de potência, etc.,
são predominantemente de seção circular ou tubular
Dada uma peça submetida somente a um momento de torção e em
equilíbrio pode-se observar que os efeitos da torção são:

1- Produzir um deslocamento angular de uma seção transversal


em relação à outra;
2- Dar origem à tensões de cisalhamento nas seções
transversais da barra.

II. HIPÓTESES

a)As seções transversais permanecem planas e perpendiculares ao eixo após


à deformação. Este princípio é válido para peças que apresentam simetria
polar.

b)Se em uma face da peça existir uma tensão tangencial, então, na face
perpendicular à ela, também existirá uma tensão de mesmo módulo e sentido
oposto a primeira.

c)Validade da Lei de Hooke:

σ
= E (mod . de elasticidade longitudinal)
ε
τ
= G (mod .de elasticidade transversal)
γ

d)O eixo da peça permanece retilíneo durante a deformação.

III. TENSÕES E DEFORMAÇÕES

Seja uma peça de seção transversal circular ou tubular, em equilíbrio,


submetida somente a um momento de torção e válidas as hipóteses
estabelecidas anteriormente, conforme figura:

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


A geratriz O1A, passa, depois da deformação para O1B.
A distorção específica ( ) é:

=tag.

Como é muito pequeno:

= = AB / L = r / L

Para a distância genérica, , a distorção específica pode ser escrita:

= /L

Assim, observa-se que as distorções variam linearmente em função do raio,


admitindo a validade da Lei de Hooke, as tensões tangenciais também variam
linearmente com o raio, anulando-se no centro da seção transversal ( =0).

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


A soma dos momentos internos que atuam na seção deve ser igual ao
momento Mt , assim:

r r
Mt = τ .ρ. dS = ρ.ρ.dS
0 0

Observe que a é a constante de proporcionalidade entre a tensão tangencial e


:

τ = a.ρ

Mas:
r
Jt = ρ 2 .dS
0

Assim:

Mt
a=
Jt

Mt
τ= .ρ
Jt
Para uma peça de seção circular teremos:

Mt
τ= .r
Jt

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


como r é uma distância genérica que varia 0 ≤ r ≤ R podemos calcular os
valores limites para a tensão na seção circular:

r = 0 (centro da circunferência) τ =0

Mt
τmáx = .R Jt =
π
R4
r = R(contorno da seção Jt 2

Para seções tubulares teremos:

Mt
τmáx = . Re
Jt

π
Jt =
2
(R e
4
- Ri 4 )

O deslocamento angular ( ) , de um eixo circular, em função do momento de


torção pode ser obtido lembrando que:

r.θ M t. .r τ M t r / Jt M t l
γ = τ= G= = . = ..
l Jt γ r.θ / l Jt θ

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


Donde:

M t. l
θ= .
G Jt

EXERCÌCIOS:

1. Determinar o momento de torção em função da potência transmitida por um


eixo e de sua velocidade angular, suposta constante e igual a n revoluções por
minuto.

R:
N - potência do motor em CV
n - frequência do motor em r.p.m

A relação entre estas grandezas e o momento de torção transmitido é:

N
Mt = 716, 2
n

2.Calcular a máxima tensão tangencial em uma barra de seção circular com 20


cm de diâmetro, quando submetida a um par de torção de 40 kN.m. Determine
também o ângulo total de torção, sendo o comprimento da peça 3 m e o
módulo de elasticidade transversal do material igual a 8.104 MPa.

R: τmáx = 2,55 kN/cm2


H = 96 . 10-4 rad

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


3.Qual a máxima potência que se pode desenvolver em um eixo de 8 cm de
diâmetro que gira à 400 rpm. O eixo é construido com material que apresenta
tensão de cisalhamento admissível de 15 kN/cm2 .

R: 842,2 CV

4.Um par de torção de 30 kN.m é aplicado em uma seção tubular de 20 cm de


diametro externo. Determine o maior diametro interno possível a fim de que a
tensão de cisalhamento não ultrapasse 6 kN/cm2 .
R: ≅ 18 cm
5.Deseja-se substituir um eixo de seção circular de raio 10 cm por outro de
seção coroa circular, do mesmo material, com Re = 2.Ri , capaz de suportar o
mesmo torsor, com a mesma segurança. Quais seriam as dimensões do eixo
oco? Qual a economia de material que se obtém ao realizar a substituição?

R: De = 20,4 cm Di = 10,2 cm economia ≅ 22%


6.A junta representada na figura é frequentemente usada para unir as
extremidades de dois eixos. As duas partes são solidárias por meio de 6 rebites
de diâmetro 3/4". Se o eixo transmite 65 CV com 250 rpm, qual a tensão de
cisalhamento nos rebites?

R: 2,14 kN/cm2

7.O eixo de seção variável, como se indica na figura, é de aço com módulo de
elasticidade transversal 0,84 . 104 kN/cm2 . Na extremidade inferior do eixo é
aplicado um torsor de 6 kN.m e na seção B um torsor de 9 kN.m, com os
sentidos indicados. Determine a tensão de cisalhamento máxima nos dois
trechos de seção constante e o deslocamento angular de B e C.

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


R: τAB = 1,46 kN/cm2
τBC = 6,91 kN/cm2
HB = 0,0034 rad
HC = 0,0117 rad

4.
8. Considere dois eixos maciços ligados por duas engrenagens de 10" e 2", tal
como se indica. Os eixos são apoiados por mancais de forma que não sofrem
flexão. Determine o deslocamento angular de D em relação a A, produzido pelo
torsor de 30 Kgf.m aplicado em D. O eixo da esquerda é de aço (G = 0,84 . 104
kN/cm2) e o da direita de latão (G = 0,35 . 104 kN/cm2 ).

R : 0,1584 rad

9.O eixo da figura compõe-se de um trecho de latão e outro de alumínio, com


60 cm de comprimento cada. O diâmetro do eixo é constante de 6 cm; o limite
ao cisalhamento do latão é de 10 kN/cm2 e o do alumínio 15,5 kN/cm2.
Adotando um coeficiente de segurança 2 e limitando o ângulo de torção na
extremidade livre em 1º, qual o torsor máximo que se pode aplicar a este eixo.
Dados;
Glatão = 0,35 . 104 kN/cm2 G Alumínio = 0,28 . 104 kN/cm2
1º = 0,01745 rad

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


R: 57,57 kN.cm

10.Considere um eixo formado por um núcleo cilíndrico de alumínio com 5 cm de


diametro envolto por uma coroa de aço com 6 cm de diâmetro externo. Sendo
rígida a ligação entre os dois metais e estando o eixo solicitado por um torsor de
15 tf.cm, pedem-se as tensões de cisalhamento máximas nos dois metais.
Dados: GAl = 0,28 . 104 kN/cm2 Gaço = 0,84 . 104 kN/cm2

R: τmáx Al = 1,46 kN/cm2


τmáx aço = 5,21 kN/cm2

11. Um eixo maciço de aço com seção circular é envolvido por um tubo de cobre,
rigidamente ligado ao aço. O conjunto está solicitado a torção. Sabendo-se que
o cobre absorve 1,5 vezes o torsor do aço, pede-se determinar a relação entre
os diâmetros interno e externo do tubo de cobre. Dados:
Gaço = 0,84 . 104 kN/cm2 GCu = 0,42 . 104 kN/cm2

R: De = 2 . Di

12. .Admite-se no problema anterior que a barra de aço tem diâmetro de 6 cm e


que as tensões de cisalhamento admissíveis no cobre e no aço sejam
respectivamente 6 e 8 kN/cm2 . Qual o momento de torção máximo que se
pode aplicar ao eixo.
R: 8,48 kN.m

13. Um momento de torção de 3 kN.m é aplicado ao cilindro maciço de bronze


indicado. Determinar:
a. Máxima tensão de cisalhamento
Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil
b. A tensão de cisalhamento no ponto B com 15 mm de raio.
c. A parcela do momento resistida pelo cilindro interior aos 15 mm de raio

R: a. 70,7 MPa
b. 35,4 MPa
c. 6,25 %

14. Os momentos de torção indicados atuam nas polias A B C e D. Sabendo-se


que os eixos são maciços determinar a tensão máxima de cisalhamento:
a. do eixo BC
b. do eixo CD

R: a. 8,34
kN/cm2
b. 8,15 kN/cm2

15. Dois eixos maciços são ligados por engrenagens como mostra a figura. Sabe-
se que o material de cada eixo tem G = 0,8.104 kN/cm2 e tensão de
cisalhamento admissível de 55 MPa. Determine:
a. Maior torque To que se pode aplicar a extremidade A do eixo.
b. Ângulo de rotação da extremidade A correspondente a To..
c. Ângulo de rotação da extremidade B.

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


R: a.
53,3 N.m
b.
10,86º
c.
8,26º

16. O sistema de engrenagens da figura utiliza eixos de aço com o mesmo


diâmetro para AB e CD. A tensão admisível ao cisalhamento do aço
especificado é de 60 MPa e o ângulo de torção do ponto D não deve exceder
1,5º. Considerando apenas tensões provenientes dos efeitos da torção,
determine o mínimo diâmetro que pode ser usado para os eixos
(G = 0,8.104 kN/cm2 ).

R: 62,3 mm

17. A barra circular maciça BC de aço é presa à haste rígida AB e engastada ao


suporte rígido C. Sabendo-se que G = 0,75.104 kN/cm2 , determinar o diâmetro
da barra de modo que para um P de 450 N a deflexão do ponto A não
ultrapasse 2 mm e que a máxima tensão de cisalhamento não exceda 100
MPa.

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


R: 40,5 mm

Resistência dos Materiais II – Profa Silvia Kalil


CAPÍTULO III

TORÇÃO – PROBLEMAS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS


TORÇÃO - PEÇAS DE SEÇÃO VAZADA DE PAREDES FINAS

A- TORÇÃO – PROBLEMAS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS

Vimos até aqui que para calcularmos as tensões em um eixo, era necessário
primeiro , calcularmos os momentos de torção internos nas várias partes do eixo.Os
momentos eram calculdos partindo-se a estrutura, em equilibrio, na seção onde
queriamos conhecer o esforço, aplicando-se a seguir a condição de equilíbrio a
rotação, isto é, somatório dos momentos ao redor do eixo longitudinal da estrutura
igual a zero.
Existem situações em que não se consegue determinar os esforços internos de
torção apenas com o uso da estática. Nestes casos, mesmo os esforços externos
de torção provenientes dos apoios se tornam impossíveis de calcular somente com
as equações da estática. As equações de equilíbrio devem ser complementadas
por outras relações, que levam em conta as deformações do eixo e as restrições da
geometria do problema.Os exercícios propostos a seguir abordam este tipo de
problema.

Exercícios:

1. O eixo AB tem 250mm decomprimentoe 20mm de diâmetro, tendo seção


transversal circular. O eixo tem seção vazada, com diâmetro interno de 16mm, no
trecho de 125mm a partir da extremidade B. O eixo é de aço, sendo engastado nas
extremidades.Determinar os momentos torçores reativos, quando é aplicado um
tirque de 120N.mno ponto médio de AB.

120Nm

125mm 125mm
2. Um eixo circular de aço e um tubo de alumínio estão ligados a um ponto fixo e a
um disco rígido, como mostra a seção longitudinal da figura. Sabendo-se que as
tensões iniciais são nulas, determinar o máximo torçor Mo, que pode ser aplicado
ao disco, sendo a tensão admissível ao cisalhamento de 70MPa npara o alumínio e
120MPa para o aço. Adotar G=70Mpa para o aço e G=27Mpa para o alumínio

8mm

5mm

50mm

5mm
8mm

500mm

B- TORÇÃO - PEÇAS DE SEÇÃO VAZADA DE PAREDES FINAS

B1. HIPÓTESE DE BREDT

Para o estudo da torção em peças de paredes delgadas,itas, consideramos:

1. Eixo retilíneo

2. A seção transversal é qualquer , mas constante ao longo do eixo.


3. A espessura da parede é pequena em relação às dimensões da seção
transversal:
dm
t≤
10
4. Admitimos que só existe momento DE TORÇÃO em qualquer seção.

5. HIPÓTESE DE BREDT
A distribuição das tensões tangenciais ao longo da espessura de um tubo de
parede delgada, segue o modelo abaixo, crescendo do centro para as
extremidades:

Pelo fato da espessura ser muito pequena, Bredt considerou as tensões


tangenciais constantes em uma mesma espessura:

HIPÓTESE DE BREDT:
Em uma peça de paredes delgadas, e submetida à torção, as tensões
tangenciais, nos pontos de uma mesma espessura, são paralelas e de valor
constante. Esta hipótese conduz a uma distribuição uniforme de tensões
tangenciais ao longo de uma espessura.
B. TENSÕES

Imaginemos um tubo de paredes delgadas sujeito à


um momento torsor, conforme a figura.

Cortamos este tubo por planos P1 e P2 distantes de


um elemento de comprimento L

Após, o trecho isolado pelos cortes é cortado novamente , agora por um


plano longitudinal P3.

As tensões tangenciais τ1 e τ2 nas espessuras t1 e t2


estão representadas de acôrdo com a hipótese de
Bredt, levando-se também em conta a reciprocidade
das tensões tangenciais.

Como nas seções cortadas devem aparecer tensões que equilibrem o sistema,
podemos verificar as equações de equilíbrio estático.

Σ Fy = 0 τ1.t1.L - τ2.t2.L = 0
τ1.t1 = τ2.t2

Como estávamos tratando com espessuras genéricas, podemos generalizar


a conclusão:

τ1.t1 = τ2.t2 = τ3.t3 = ......... = τn.tn = f

f - fluxo das rensões tangenciais


"Em uma peça de paredes delgadas, submetida à um momento DE
TORÇÃO, o fluxo das tensões tangenciais é constante."

Passemos à considerar agora uma seçã genérica "S":


Seja:
C - contôrno médio da seção

dω - elemento de área compeendido pelo


contôrno
médio (área oAB)
dS - arco elementar componente do
contôrno médio
r. dS
ω=

2

Consideremos um elemento de área ao longo do contôrno:

dA = t.dS

A tensão desenvolvida neste elemento de


área dA, dá origem à uma força dF:
dF = τ . t . dS

O momento desta força em relação ao


centro de torção o é:
mt = dF . r = ( τ . t . dS) . r = τ . t . r . dS

O momento de torção total da seção será:

Mt = τ . t . r . dS = τ . t r . dS observe que τ . t = f = cte


C C

observe também que r.dS = 2.dω daí tiramos que:


Mt = τ . t . 2. dω = 2. τ . t . dω
C C
dω = Ω
C

onde Ω representa a área da superfície englobada pelo contôrno médio C.

Substituimos a integral por seu significado, representado por Ω :.

Mt = 2. τ . t . Ω ou

Mt
τ =
2. t. Ω

Obs:
1. Esta expressão possibilita calcular as tensões tangenciais em qualquer
espessura da parede do tubo.
2. A tensão máxima ocorre nos pontos de menor espessura.

Mt
τmáx =
2. Ω . tmín

C. DEFORMAÇÕES

Mt
Sabemos que τ = e que : τ = G. θ .r
2. Ω . t

Mt
então: G. θ .r =
2. Ω . t

Integrando esta igualdade ao longo do contôrno médio da seção, obtemos:


Mt Mt dS
G. θ . r = ou = G. θ r.dS
C C
2. Ω . t 2. Ω C t C

Já vimos que: r . dS = 2. Ω
C

Mt dS
então: 2. G. θ . Ω =
2. Ω C t
Mt dS
ou θ =
4. G. Ω 2 C
t

Esta expressão nos possibilita calcular o angulo unitário de torção em uma


peça tubular de paredes delgadas submetida à torção.
A deformação total pode ser obtida por H = θ. L

dS
Observação : Avaliação de
C
t
1. Casos de peças de espesura constante:

dS 1 C
= dS = onde C = comprimento do contôrno médio
C
t tC t

2. Seção transversal constituida por trechos de espessura constante:

n
dS Ci
=
C
t i=1 ti

n
Mt Ci
θ =
4.G. Ω 2 i = 1 ti

3. Seção transversal com lei matemática para variação da espessura ao longo do


contôrno médio:
Neste caso basta substituirmos t pela sua lei matemática e resolvermos
matemáticamente a integral.

4. Se a seção transversal não se enquadrar nos casos anteriores a integral deve


ser avaliada por um processo aproximado.
5. As seções da figura abaixo são construidas com o mesmo material e estão
submetidas ao mesmo torsor. Calcular a relação R/e à fim de que trabalhem
com a mesma segurança.
R: 7,4

6. Uma peça tubular cuja seção reta e indicada na figura, é construida com
material que apresenta tensão de cisalhamento admissível de 20 MPa. O
comprimento da peça é de 4 metros, seu módulo de elasticidade longitudinal 2 .
105 MPa e seu coeficiente de Poisson 0,3. Determine:
a. Maior torsor que a seção admite.
b. Ângulo total de torção.

R: a. 10,08 kN. m
b. 0,1032 rad

7. A figura abaixo mostra a seção de uma peça tubular de paredes delgadas com
material que apresenta tensão de cisalhamento admissível de 4 kN/cm2 . Pede-
se a dimensão 't' da seção sabendo-se que ela esta submetida a um torsor de 1
kN.m.
R: 0,32 cm

8. Aplica-se uma torção de 90 N.m ao eixo de seção vasada da figura. Determine


as tensões de cisalhamento nos pontos A e B.

R: ponto A = 4,73 MPa


ponto B = 9,46 MPa

9. Uma barra vasada, tendo seção transversal indicada é feita com uma lamina
metálica de 1,6 mm de espessura. Sabe-se que um torque de 339 N.m será
aplicado a barra. Determinar a menor dimensão 'd' de modo que a tensão de
cisalhamento não ultrapasse 3,45 MPa.

R: d ≥ 184,4 mm
CAPÍTULO I V

FLEXÃO PURA

I INTRODUÇÂO

Seja um elemento linear que apresenta a característica de possuir uma das


dimensões (comprimento) muito maior do que as outras duas (dimensões da seção
transversal). A linha que une o centro de gravidade de todas as seções transversais
constitui-se no eixo longitudinal da peça, e o mesmo está submetido a cargas
perpendiculares ao seu eixo. Este elemento desenvolve em suas seções
transversais solicitações de Momento Fletor (M) e Esforço Cortante (Q) , sendo o
Fletor responsável pela flexão e o Esforço Cortante responsável pelo cisalhamento
da viga.

O estudo da flexão é dividido da seguinte maneira:

FLEXÃO PURA - Desprezado o efeito do Esforço Cortante


FLEXÃO SIMPLES - Momento Fletor e Esforço Cortante considerados.

Convencionando por x e y os eixos principais centrais de inércia da seção


transversal da viga (temos condições de determinar estes eixos e também os
momentos de inércia que à eles correspondem).
Vamos chamar de Plano de Solicitações (PS) ao plano onde se desenvolvem
as solicitações, que corresponde ao plano do carregamento.
A posição deste plano pode ser a mais diversa possível, e devemos comparar
esta posição com a posição dos eixos principais centrais de inércia da seção
transversal.
Podemos obter as seguintes situações:

PS contém eixo y PS contém eixo x

PS não contém nenhum eixo principal central de inércia da seção

De acordo com estas observações podemos classificar a flexão em:

RETA - Ocorre quando o Plano de Solicitações contém um dos eixos principais


centrais de inércia da seção (x ou y), que está representada nos dois
primeiros exemplos.

OBLÍQUA - Ocorre quando o Plano de Solicitações é desviado em relação aos eixos


principais centrais de inércia da seção, representada no terceiro
exemplo.
A classificação definitiva para a flexão ficaria:

II. FLEXÃO PURA RETA

É o caso mais simples e o mais comum de flexão. Podemos ainda dizer que
na flexão o natural é o Plano de Solicitações vertical pois é o plano que contém as
cargas peso.
Vamos iniciar o nosso estudo por um caso simples de uma peça de seção
transversal retangular, e sujeita a cargas peso, conf. abaixo:

x,y - eixos principais centrais de inércia


da seção retangular
z - eixo longitudinal da peça.

Isolando o trecho compreendido entre


as seções S1 e S2 podemos com a
observação tirar diversas conclusões
que nos levam a conhecer o
funcionamento de uma peça sujeita à
flexão.

Conclusões:

1. No exemplo citado as fibras de baixo se


alongaram, e isso nos diz que deve haver uma
tensão normal de tração capaz de provocar este
alongamento.

2. As fibras de cima se encurtaram e o fizeram


porque houve uma tensão normal de compressão
que as encurtou.

3. Existe uma linha na seção transversal na altura do eixo longitudinal constituída


por fibras que não alongaram e nem encurtaram, nos fazendo concluir que nesta
linha não existe tensão normal. Chamamos esta linha de LINHA NEUTRA (LN) e
neste exemplo ela coincide com o eixo x , que é principal central de inércia da seção
transversal retangular.
Numa flexão reta a LN é sempre um dos eixos principais centrais de inércia
da seção:

PS contendo eixo y → LN coincide com o eixo x


PS contendo eixo x → LN coincide com o eixo y

Numa flexão reta LN e PS são sempre perpendiculares entre si.

OBS: A Linha Neutra (LN) representa fisicamente o eixo em torno do qual a


seção gira.

4. Quanto mais afastada for a fibra da LN maior será a sua deformação e


conseqüentemente maior será a tensão que lhe corresponde (lei de Hooke).

A. TENSÕES NORMAIS DESENVOLVIDAS

Vamos adotar para a formação da expressão que nos permite calcular as


tensões normais desenvolvidas em uma seção transversal, o seguinte exemplo:
- Viga de seção retangular (bxh) , onde os eixos principais centrais de inércia são
os eixos
de simetria (x,y).
- Plano de Solicitações verticais (cargas peso).

notações e convenções:
σ - Tensões Normais : (+) tração (-) compressão

Jx - Momento de inércia da seção em relação ao eixo x, principal central de inércia


(pci).

Mx - Momento Fletor atuante na seção transversal devido à ação das cargas


(+) traciona as fibras da parte de baixo da seção transversal
(-) traciona as fibras de cima

Eixos Principais Centrais de Inércia:


O sentido convencionado para estes eixos será contrário ao
dos eixos coordenados:

y - ordenada genérica da fibra considerada, ou seja, da fibra para a


qual se quer calcular as tensões normais.
sinal: (+) ou (-) , de acordo com a orientação convencionada para o eixo y.

Conhecido o funcionamento da peça e as grandezas que influem em seu


funcionamento à flexão podemos simplesmente montar uma equação que nos
permita calcular a tensão normal desenvolvida nos diversos pontos que constituem a
seção em estudo:

Mx
σy = .y
Jx
Observando esta expressão, podemos notar que a tensão desenvolvida
depende diretamente do momento fletor que atua na seção (responsável pela
tendência de giro), e é inversamente proporcional ao momento de inércia da seção,
o que se explica, pois o momento de inércia representa fisicamente resistência ao
giro.
A tensão também é diretamente proporcional a ordenada y, que representa a
distância da fibra em que se deseja calcular a tensão até a linha neutra, ficando de
acordo com a lei de Hooke (proporcionalidade entre tensão e deformação), pois as
deformações crescem com a distancia à Linha Neutra .

OBS:
1. Esta expressão nos permite calcular a tensão normal desenvolvida devido ao
momento fletor em qualquer ponto de qualquer seção da viga considerada.

2. Se tivéssemos exemplificado com o Plano de Solicitações horizontal, as seções


girariam em tôrno do eixo y e a expressão ficaria:
My
σx = .x
Jy
B. TENSÕES NORMAIS EXTREMAS (MÁX. E MÍN)

As máximas tensões de tração e de compressão ocorrem nos pontos mais


afastados da Linha Neutra, porque são nestes pontos que a deformações são
máximas(lei de Hooke).
Para facilitarmos o cálculo das tensões normais máximas, vamos dividir a
nossa peça em duas categorias:

1. Peças Simétricas em relação ao eixo x:

Ex: Seção Retangular

Observe que em peças


simétricas a distancia da fibra
mais tracionada e da fibra mais
comprimida até a Linha Neutra é
igual à metade da altura total da
peça (h/2)

Mx Mx
σmáxT = . ymáxT σmáxC = . ymáxC
Jx Jx

ymáxT = |ymáxC | = h/2 então:

σmáxT = |σmáxC|

2. Seções não simétricas em relação ao eixo x:

Ex: Seção "T"

Nestes casos

|ymáxc | ≠ ymáxt

então:

σmáxT ≠ |σmáxC|
OBS: Nas seções não simétricas as convenções devem ser observadas com
cuidado pois a simples inversão de qualquer sentido ou sinal torna os
resultados diferentes dos observados na prática.

C. MÓDULO DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO (W)

Por definição, módulo de resistência à flexão é a relação entre o momento de


inércia da seção em relação à um eixo e a distância do ponto mais afastado da
seção àquele eixo.
Como estamos exemplificando o caso de cargas verticais em que o eixo de
rotação (LN) é x, teríamos:

Jx
Wx =
ymáx

Podemos substituir este conceito na expressão que nos dá a tensão máxima


e teríamos:
Mx
σ máx = . ymáx ou
Jx

Mx
σmáx =
Wx

Note-se que não se faz distinção entre ymáxt e ymáxc , portanto a utilização
prática desta constante se dá no cálculo da tensão máxima em peças simétricas,
onde eles são iguais.
Muitas vezes, em peças comerciais , o valor do módulo de resistência à flexão
é tabelado.
Se estivéssemos tratando do caso de Momento Fletor em torno do eixo y
(rotação em torno de y), a expressão ficaria:
Jy My
Wy = σmáx = ]
xmáx Wy

D. SEÇÕES E POSIÇÕES MAIS CONVENIENTES

A melhor forma para a seção transversal de uma viga sujeita à flexão é


aquela que tem grande parte de sua área em regiões o mais afastadas possíveis de
sua LN.
Ex:
Para uma mesma seção, ou seja, para um mesmo material
empregado, nós podemos aproveita-lo da melhor forma possível,
ou na melhor posição possível, fazendo uma simples análise do
seu módulo de resistência à flexão.

Ex 1: Qual a forma mais conveniente para ser utilizada em uma viga sujeita à flexão,
optando-se entre uma seção quadrada e outra circular, ambas de mesma área?

Ex 2: Qual a posição mais conveniente de uma seção retangular b x B , para servir


como seção transversal de uma viga, sujeita à flexão (PS vertical)

III. FLEXÃO PURA OBLÍQUA

A. CONCEITO

Uma flexão é classificada como pura quando o efeito do esforço cortante (Q)
é desprezado e é oblíqua quando o Plano de Solicitações (PS) não contém nenhum
eixo principal central de inércia da seção(epci).
Ex:
Numa flexão oblíqua existem algumas grandezas que devem ser
consideradas

α - ângulo que o PS faz com o eixo y, considerado positivo


quando o PS se desloca de y no sentido horário

αo - ângulo que a Linha Neutra faz com o eixo x, considerado


positivo quando se desloca de x no sentido horário

Vimos na flexão reta que a LN era o eixo em torno do qual a seção girava. Na
flexão oblíqua ela representa fisicamente a mesma coisa, porém nem o PS e nem a
LN são epci.
Numa flexão Oblíqua LN e PS não precisam ser perpendiculares, e somente o
serão quando α for igual à αo.
Normalmente α é uma grandeza conhecida e αo é uma grandeza que deve
ser calculada, o que veremos posteriormente.

B. TENSÕES NORMAIS DESENVOLVIDAS

Sabemos que o momento fletor é um vetor e que como tal pode ser
representado por uma seta contida pela seção transversal (regra da mão direita).

Como qualquer vetor em um


plano pode ser decomposto segundo
duas direções que nos interesse,
podemos decompor o vetor M segundo
as direções x e y, obtendo,
trigonométricamente:

Mx = M . cosα
My = M . senα
My
= tg α
Mx
Podemos então fazer com que a flexão oblíqua recaia no caso da soma de
duas flexões retas, já conhecidas:

Mx My
σy = .y σx = .x
Jx Jy

CONVENÇÕES:

Mx - positivo quando traciona as fibras de baixo

My - positivo quando traciona as fibras da esquerda

OBS: A Convenção adotada para o momento fletor não tem nada à ver com a
convenção adotada para os eixos principais centrais de inércia da seção.

Adotando-se o princípio da Superposição de efeitos podemos então calcular a


tensão da resultante M somando-se algébricamente os efeitos de Mx e My.

Mx My
σx,y = .y + .x Equação Geral das Tensões
Jx Jy

Esta equação nos permite calcular a tensão no ponto que quisermos da seção
em estudo, bastando para isto substituirmos os valores de x e y pelas coordenadas
do ponto (não esquecer que estas coordenadas devem ter um sinal, de acordo com
a orientação convencionada para os epci).

C. ESTUDO DA LINHA NEUTRA

Normalmente o nosso objetivo ao projetar ou verificar uma peça está nas


tensões máximas.
As tensões máximas devem estar nos pontos mais afastados do eixo em
torno do qual a seção gira (LN) e portanto para conhecermos estes pontos
precisamos estudar a LN.
Por definição a LN é a linha de tensões nulas e portanto podemos descreve-la
sob a forma de uma equação, igualando a equação das tensões à zero. Então:

Mx My
σx,y = 0 ou .y + .x=0
Jx Jy
mudando a maneira de escrever esta equação ficamos:

Jx
y = - tg α. x
Jy

Podemos concluir por esta equação que:

- A LN é uma reta
- A LN passa pelo centro de gravidade da seção(G) que é o ponto de coordenadas
(0;0)
- A LN não é perpendicular ao PS

Conhecidas algumas particularidades da LN podemos definir a sua posição


determinando o ângulo αo .

Jx
tg αο = tg α POSIÇÃO DA LN
Jy

Jx
OBS: A LN é perpendicular ao PS quando α = αo , ou seja quando = 1.
Jy
Isto acontece nos casos particulares de seção onde Jx = Jy
Ex: seção quadrada, circular e coroa circular.
D. TENSÕES MÁXIMAS

Ocorrem nos pontos mais afastados da LN. Então determinada a LN podemos


determinar a posição destes pontos e calcular nestes pontos as tensões máximas.

1. SEÇÕES QUAISQUER(método gráfico)

1. Determinamos a posição da LN (αo)

2. Desenhamos a seção em escala e


posicionamos a LN

3. Traçamos paralelas à LN e tangentes à


seção e determinamos os pontos A e
B(pontos mais afastados da LN)
4. Determinamos as coordenadas destes pontos com a escala adotada no traçado
da seção.

5. Calculamos as tensões nestes pontos, que deverão ser as máximas.

OBS: No desenho acima foi arbitrado ser o ponto B tracionado e o ponto A


comprimido, devendo isto ser determinado pelo cálculo. O importante é que, se em
um destes pontos, o resultado para a tensão for positivo (σmáxt ) no outro
obrigatoriamente a tensão será negativa(σmáxc ) pois a linha neutra divide a zona
tracionada da zona comprimida.

Mx My Mx My
σA = ( yA ) + ( xA ) σB = ( yB ) + ( xB )
Jx Jy Jx Jy

2. SEÇÕES SIMÉTRICAS

Para o cálculo das tensões máximas nas peças com simetria em relação à x e
em relação à y, qualquer método pode ser utilizado, pois em uma seção simétrica as
tensões máximas ocorrem sempre nos vértices, e em dois vértices opostos são
sempre de mesmo módulo e sinal contrário. Devemos lembrar portanto que:
σmáx t = | σmáx c |

EXERCÍCIO:

1. Uma viga de seção retangular 20 x 30 cm suporta um momento fletor positivo de


20 kN.m. A peça é construida com material que apresenta σT = 18 MPa e σC
= 32 MPa. Determine o coeficiente de segurança desta viga.

R: 2,7
CAPÍTULO V

SOLICITAÇÕES COMPOSTAS

Lista de Exercícios

1- Calcular o coeficiente de segurança para o pilar da figura. O pilar está


submetido a uma carga de compressão de 30tf aplicada no ponto A. O material
é frágil e apresenta tensão de ruptura a tração de 800 kgf/cm2 e tensão de
ruptura a compressão 1000 kgf/cm2.

2cm 4cm

2cm
Resposta:
4cm
0,58
2- Calcular o coeficiente de segurança para o pilar da figura que é executado com
material dúctil com tensão de escoamento de 20kN/cm2.

1000kN

20cm

20cm

Resposta:12,8
20cm 10cm 10cm

3- Dado o pilar abaixo:


a) Calcular o coeficiente de segurança sabendo que o mesmo será construído com
material frágil que apresenta tensão de ruptura a tração de 1kN/cm2 e tensão de
ruptura a compressão de 4 kN/cm2.
b) Determinar a posição da linha neutra.

200kN
200kN

5cm
5cm
10cm
Resposta:
a) 2
b) 3z+6y-40=0

20cm 10cm 10cm

4 – Calcular o coeficiente de segurança para a peça da figura abaixo. Desprezar o efeito do


esforço cortante. A peça é cilíndrica de raio 10cm e construída com um material de peso
específico 1000/∏ kgf/m3. O material é frágil com tensão de ruptura a tração e compressão
respectivamente 280kgf/cm2 20kgf/cm2.

4m

Resposta:
12,8
5 – Calcular o coeficiente de segurança para o pilar carregado, conforme figura abaixo. O
material é dúctil com tensão de escoamento 1000kgf/cm2. O diâmetro da peça é 20cm.

20tf

10tf
50cm

Resposta:
10tf 9
20tf
CAPÍTULO VI

Flexão Elástica de Vigas

Seja uma viga de eixo reto, submetida a um carregamento perpendicular ao


seu eixo e em equilíbrio. Este carregamento produz momentos fletores nas
diferentes seções da viga que deformam a mesma. Denomina-se flecha, num
ponto do eixo da viga, à componente do deslocamento linear deste ponto que é
perpendicular ao eixo originalmente reto da viga. A outra componente deste
deslocamento, paralela ao eixo inicial da viga, é, geralmente desprezível em
relação a flecha. A curva, na qual se transforma o eixo da viga, inicialmente reto,
recebe o nome de LINHA ELÁTICA. Na figura abaixo, representa a viga antes de
deformar-se e após a deformação.Observa-se que o deslocamento y é a flecha da
viga, correspondente à seção que dista x do apoio a esquerda. A equação y=f(x) é
uma linha elástica da viga correspondente ao carregamento indicado.
No dimensionamento de estruturas é necessário impor-se limites às
tensões para garantir a estabilidade da mesma e limitações das deformações
objetivando aa condições de utilização da peça.

P P
x

Existem diversos processos para a determinação da linha elástica, os mais


empregados são os seguintes:
- Integração direta
- Funções singulares
- Energia elástica de deformação

Determinação da linha elástica por integração direta

Seja cortarmos a viga abaixo em duas seções muito próximas S e S”. Tal
como se mostra nos desenhos que seguem.

S S”
r
M
M

d
c y
e f

Imagine-se que a viga seja formada por infinitas fibras longitudinais e que
estas fibras não exerçam influências umas sobre as outras. Assim, cada uma das
fibras estará submetida a uma força axial de compressão ou tração.Admitindo-se
também que as seções tranversais permaneçam planas após a deformação e que
o material seja elástico linear pode-se realizar o seguinte raciocínio.
A linha cd é o traço da superficie correspondente as fibras que não sofrem
variação de comprimento (linha neuta) durante à flexão. O alongamento da fibra
que dista y da superfície neutra, pode ser obtido traçando-se uma paralela a linha
que passa por c. Sendo r o raio de curvatura da viga deformada, tem-se, por
semelhança de triângulos:

ε = ef/cd = de/cO = y/r 1

como ε = σ/E e σ = M. y/J 2

vem ε E= M. y/J 3

assim ε = M. y/J. E 4

ligualando as expressões 1 e 4 vem y/r = M. y/J. E

ou r=EI/M 5

A equação 5 pode ser reescrita da forma:

1/r=M/EI 6
onde 1/r é a curvatura da superfície neutra da viga.
Em coordenadas cartesianas, a expressão da curvatura é:

1/r=(d2y/dx2 )/ [1+(dy/dx)2 ]3/2 7


Observe-se que dy/dx representa a inclinação da curva no ponto
considerado, e para vigas que se deformam pouco, esta grandeza e em particular
o seu quadrado são pequenos em relação a unidade. Assim na hipótese de que
as deformações sejam pequenas pode-se adotar:

1/r=(d2y/dx2 )/ 8

substituindo a expressão 6 na 8 vem:

d2y/dx2 )= M/EI 9

A expressão 9 é a equação diferencial da linha elástica de barras retas fletidas.


Em cada problema deve-se integrá-la para obter a equação da linha elástica, sob
a forma y=f(x). Na solução do problema aparecem as constantes de integração, as
quais devem ser determinadas pelas condições de contorno da estrutura.
Observe-se que conhecida a curva y pode-se calcular o deslocamento angular do
baricentro da seção em torno da respectiva linha neutra, isto é:

Tangente θ(x) = dy/dx


P
θ(x)

Exercícios:
1- Determinar a linha elástica da viga abaixo

2- Determinar o deslocamento angular da extremidade livre da viga do exercício 1


3- Determinar a flecha máxima para uma viga bi-apoiada submetida a uma carga
uniformemente distribuída

4 – Verificar a viga abaixo, que possui seção transversal retangular 20x40 cm

a) Pelo critério da deformação, admitindo que a flecha máxima admissível seja


2cm.
b) Pelo critério das tensões máximas sabendo que a peça é construída com
material que apresenta σe = 20MPa

10kN/m

6m

Você também pode gostar