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Propriedades
geométricas das
seções
Neste capítulo serão revisadas, de forma bastante sucinta, a definição e a
metodologia de cálculo das principais propriedades geométricas de figuras
planas que sejam pertinentes ao cálculo estrutural.
A ênfase na apresentação dos conteúdos será dada na aplicação dos
mesmos e não na parte conceitual.
1. INTRODUÇÃO
Do estudo da resistências dos materiais, pode-se constatar que o dimen-
sionamento e verificação da capacidade resistente de estruturas de barras
dependem de grandezas chamadas tensões, as quais se distribuem ao
longo das diversas seções transversais de um corpo segundo equações
formais do tipo:
Solicitaç ão. x
Tensão ( x) =
Propriedade Geomé trica da seç ão
sendo que cada solicitação vai produzir um tipo de tensão diferente, com
uma distribuição diferente ao longo da seção transversal, distribuição esta
dependente da característica ou propriedade geométrica associada.
Portanto, é importante o estudo das propriedades geométricas das seções
a fim de, posteriormente, ser possível determinar corretamente a distribui-
ção de tensões em uma peça.
100 Capítulo 3 - Propriedades geométricas das seções
2. ÁREA
A área de uma seção transversal qualquer (ou de uma figura plana) é a su-
perfície limitada pelo contorno da seção ou figura.
Para um contorno complexo, a área pode ser obtida aproximando-se a
forma real pela justaposição de formas geométricas de área conhecida
(retângulos, triângulos, partes de circunferências), com maior ou menor
precisão, dependendo do número de figuras utilizadas para aproximar a
geometria.
SX =
∑
i =1
A iyi
Mecânica Estrutural 101
SX =
∫
A
ydA
Ai
yi
x x x
yG =
SX
=
∫ A
ydA
∫
x A
dA
A
Logo, para calcular o Momento Estático de uma figura qualquer, basta di-
vidi-la (ou aproximá-la) em (por) formas geométricas simples, cujas posi-
ções do baricentro sejam conhecidas, e avaliar a soma dos Momentos
Estáticos de cada forma componente.
Da mesma forma, para calcular a posição do centro de gravidade de uma
seção em relação a um eixo, basta dividir o Momento Estático obtido da
forma acima pela área total da seção. Fazendo-se isto em relação a dois
eixos quaisquer não paralelos (preferencialmente ortogonais) determina-se
com exatidão no plano cartesiano a posição do baricentro.
A1. x G1 + A 2 . x G2 + A 3 . x G3 + A 4 . x G4 + A 5 . x G5
xG =
A1 + A 2 + A 3 + A 4 + A 5
Mecânica Estrutural 103
A1. y G1 + A 2 . y G2 + A 3 . y G3 + A 4 . y G4 + A 5 . y G5
yG =
A1 + A 2 + A 3 + A 4 + A 5
A2
A1
G1 G2
= -
yG2
x x yG1 x
r.sen α
C
C
α
2r
π
2α C
2r
π
r
Fonte: Mecânica Vetorial para Engenheiros - Vol.1. F.P. Beer e E.R.Johnston Jr. McGraw-Hill
104 Capítulo 3 - Propriedades geométricas das seções
Semicírculo y
r 4r π. r 2
x
3π 2
x
C
Setor Circular 2α 2r sen α 0 α. r 2
3α
h h b. h
Triângulo
C y 3 2
b/2 b/2
1/4 de Elipse
C
4a 4b π ab
3π 3π
C
b 4
Semi-Elipse y
4b π ab
3π
x a
2
1/2 parábola a
3a 3h 2 ah
C
C 8 5 3
Parábola h
y 3h 4 ah
x a 5 3
Limitada por
2 segmentos
de reta per- 3a 3h ah
pendiculares y=k.x 2 h
e parábola do 4 10 3
y
2o grau
x
a
Limitada por
2 segmentos
de reta per- n+1 h ( n + 1) ah
pendiculares y=k.x n h a 4n + 2
n+2 n+1
e parábola do y
grau n
x
a
Fonte: Mecânica Vetorial para Engenheiros - Vol.1. F.P. Beer e E.R.Johnston Jr. McGraw-Hill
Mecânica Estrutural 105
5. PRODUTO DE INÉRCIA
Considere-se uma seção transversal ou figura plana qualquer e um par de
eixos ortogonais com origem e inclinação quaisquer. Imagine-se que a
forma e área da seção é aproximada por uma série de retângulos. O Pro-
duto de Inércia desta seção em relação ao par de eixos é definido como
sendo o somatório do produto da área de
y cada retângulo pela distância de seu cen-
tro em relação a um dos eixos
Ai multiplicado pela distância de seu centro
xi em relação ao outro eixo, distâncias estas
medidas perpendicularmente aos eixos,
quando o número de retângulos utilizados
na aproximação da geometria se torna
muito grande (tende ao infinito) e,
conseqüentemente, a área de cada
retângulo componente se torna muito
yi pequena (tendendo a zero).
n
x PXY =
∑
i =1
A ixiyi PXY =
∫
A
xydA
IX =
∑
i =1
Aiyi2 IX =
∫A
y 2 dA
I0 =
∑
i =1
Airi2 I0 =
∫
A
r 2 dA
I0 =
∑
i =1
A i ri2 ri2 = xi2 + yi2
n n n
I0 =
∑
i =1
(
A i xi2 + yi2 )=∑
i =1
Ai . xi2 +
∑
i =1
Ai . yi2
I0 = Iy + Ix
k 2 = k 2 + d2
Um teorema semelhante pode ser utilizado para relacionar o momento de
inércia polar Io de uma superfície em relação a um ponto O e o momento
de inércia polar Ic da mesma superfície em relação a seu baricentro C.
Sendo d a distância entre O e C, pode-se escrever
I0 = IC + A. d2 ou k 02 = k C2 + d2
h/2
h
G x G x
h/2
b x b x
4
Ix = bh 3/3 Ix = bh 3/12 Ix = 5 π r /4 Ix = π r 4/4
2h/3
G x
h
h/3 G x
b b x
x
4
Ix = 5π r /8 Ix = π r 4/8
Ix = bh 3/12 Ix = bh 3/36
O
G
x
x x
4 4 4
Ix = π r /8 Ix = π r /16 I x= 0,0349 π r Io= π r 4/2
Fonte: Mecânica Vetorial para Engenheiros - Vol.1. F.P. Beer e E.R.Johnston Jr. McGraw-Hill
110 Capítulo 3 - Propriedades geométricas das seções
EXEMPLO 1
Encontrar os momentos principais centrais de inércia da seção abaixo:
40 50 50
y
115
50 G1
20 115 245
G2
90
23,02
80 G4 G3
220
100
G5
120
180 180 90
126,67 G6
40
26,67
100 40
x
A TOTAL = A1 − A 2 + A 3 + A 4 + A 5 + A 6 = 16556,63mm2
24,27
G1 Ix1 = 504 / 12 = 520833,33
Iy1 = 504 / 12 = 520833,33
G2
Ix 2 = π .204 / 4 = 125663.7
87,37
67,71 Iy 2 = π .204 / 4 = 125663.7
G3 62,37
G4
22,37 0,73 Ix 3 = 100.803 / 12 = 4266666,7
G xG Iy 3 = 80.1003 / 12 = 6666666,7
67,63
Ix 4 = π .404 / 8 = 1005309,7
Iy 4 = 0,0349. π .404 = 280682,5
G5
Ix 5 = 40.1003 / 12 = 3333333,3
29,27
Iy 5 = 100.403 / 12 = 533333,3
130,96
Ix 6 = 404 / 36 = 711111
,
35,94 G6 Iy 6 = 404 / 36 = 711111
,
−2. (−9933106,87)
tan(2θ m ) = = 0,80
46752219,76 − 24666353,93
θ max = 19,328o θ min = 109,328o
Iu = 49850366,84mm4
46752219,76 + 24666353,93 46752219,76 − 24666353,93
Iv = − cos 2.19,3280
2 2
+ (−8833106,87) sen 2.19,3280
Iv = 21568206,85mm4
46752219,76 − 24666353,93
Puv = sen 2.19,3280 + (−8833106,87) cos 2.19,3280
2
Puv = 0