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Sumário
Nota Introdutória ................................................................................................................... 2
Tema 1 - Recta, semi-recta, segmento de recta e ângulos ......................... 3
Exercícios – Tema 1 ........................................................................................................... 13
Tema 2 - Triângulos ........................................................................................................... 16
Exercícios – Tema 2 ........................................................................................................... 24
Tema 3 - Quadriláteros e outros polígonos............................................................ 29
Exercícios – Tema 3 ........................................................................................................... 37
Tema 4 – Circunferência e Círculo .............................................................................. 39
Exercícios – Tema 4 ........................................................................................................... 44
Tema 5 – Perímetros e áreas ......................................................................................... 47
Exercícios – Tema 5 ........................................................................................................... 53
Tema 6 – Vectores .............................................................................................................. 57
Exercícios – Tema 6 ........................................................................................................... 60
Tema 7 – Transformações no plano............................................................................ 62
Exercícios - Tema 7 ........................................................................................................... 69
Tema 8 - Semelhança de figuras. Teorema de Tales ......................................... 72
Exercícios – Tema 8 ........................................................................................................... 76
Tema 9 – Lugares Geométricos Básicos .................................................................. 81
Exercícios – Tema 9 ........................................................................................................... 82
Tema 10 - Trigonometria ................................................................................................. 84
Exercícios – Tema 10 ........................................................................................................ 86
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Nota Introdutória

Este Manual está orientado especificamente para as aulas da disciplina de Fundamentos


de Geometria, do 1º ano curricular do curso de Licenciatura em Matemática ministrado no
Departamento de Matemática e Informática da Faculdade de Ciências da UEM. A escolha
e sequência dos temas de estudo está de acordo com o Programa Temático desta
disciplina aprovado no currículo dos referidos cursos.

O Manual contém uma razoável lista de exercícios para cada tema de estudo. Nas
referidas aulas práticas serão resolvidos alguns destes exercícios; os restantes servirão
para trabalho independente do estudante. Obviamente, esta lista não impede (antes pelo
contrário!) que o estudante procure, para além destes, estudar e resolver outros
exercícios, de modo a aprofundar os seus conhecimentos.

No início de cada tema de estudo, foi incluído um pequeno “Resumo Teórico” que não
substitui de modo algum, as Aulas Teóricas. Ele contém somente as definições dos
principais conceitos, os enunciados de alguns teoremas fundamentais, explicações
pontuais e algumas fórmulas. Em geral, este “resumo” não contém a dedução das
fórmulas e nem a demonstração da maior parte dos Teoremas que são feitas nas
aulas teóricas e que é indispensável que sejam estudadas com cuidado.

Alguns dos exercícios e figuras seleccionados para esta compilação foram extraídos de
diferentes publicações ou trabalhos de vários autores, cuja lista se indica em
“Referências”, na última página deste manual.

Já foram produzidas 14 edições (uma por cada ano lectivo) da presente brochura.
Anualmente têm sido feitas algumas alterações à edição do ano anterior, com base na
revisão sistemática a que é sujeita. A partir de 2015, as novas edições têm contado com
valiosas contribuições do colega Doutor Yury Nepomnyashchikh (que tem vindo a usar
este Manual na leccionação da mesma disciplina ao Curso de Licenciatura em
Informática), a quem expresso os meus sinceros agradecimentos.

A autora,

Ida Alvarinho

Fundamentos de Geometria. DMI.UEM.2021 – Ida Alvarinho


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Tema 1 - Recta, semi-recta, segmento de recta e


ângulos

Introdução
A Geometria Euclidiana foi desenvolvida por Euclides (c. 365 - c. 300 a.C, viveu em
Alexandria, no Egito), cuja obra principal é um conjunto de livros a que deu o nome de
“Elementos”. Tal como outras ciências, a Geometria Euclidiana foi construida a partir de
“conceitos primitivos” e “axiomas” ou “postulados”.

Em qualquer ciência, “conceitos primitivos” são conceitos que não se definem, que são
entendidos intuitivamente. Todos os outros conceitos dessa ciência já necessitam de
definição.

Axiomas e Postulados são proposições (afirmações) assumidas sem demonstração, ou


seja, são aceites intuitivamente. Em geral, estes termos são aplicados com o mesmo
significado, mas também podem ser entendidos com uma pequena diferença entre eles:
os axiomas são comuns a várias ciências, enquanto que os postulados são diferentes
para cada ciência particular. Todas as outras afirmações – propriedades, teoremas,
princípios - têm que ser demonstradas para serem tomadas como verdadeiras e poderem
ser utilizadas.

Conceitos primitivos
Os conceitos primitivos da Geometria Euclidiana são:
- Ponto
- Recta
- Plano

Axiomas:
 Axioma nº1: Dois pontos definem uma recta.

 Axioma nº2: Três pontos não colineares definem um plano.

 Axioma nº3: Se uma recta tem dois pontos num plano então está contida nesse
plano.

 Axioma nº4: A intersecção de dois planos concorrentes é uma recta.

 Axioma nº5: Por um ponto exterior a uma recta passa uma, e só uma, recta
paralela à dada.
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IV. Ponto, Recta e Plano


Como se disse, estes conceitos são assumidos intuitivamente e não têm uma
definição. Para se introduzir estes conceitos aos alunos da escola pode-se dizer
para pensarem:
- por exemplo, na figura que se forma quando se coloca o
bico do lápis ou da caneta sobre uma folha de papel. A
figura assim obtida é um ponto. Este não tem medida e
pode considerar-se uma medida mínima do campo
visual.

- por exemplo, num fio elástico que se estica infinitamente nos dois sentidos,
mantendo sempre a mesma direcção; esta representação dá-nos a ideia
intuitiva do conceito de “recta”:

- por exemplo, no tampo duma mesa que se prolonga infinitamente em todas


as direcções e sentidos; esta representação dá-nos a ideia intuitiva do
conceito de “plano”:

Observação: Por um ponto, passam infinitas rectas

Notação:
 Para representar graficamente um ponto, usa-se o sinal de “ponto
final” da escrita comum, ou uma “cruzinha”, acompanhado de uma
letra maiúscula do alfabeto. Indiquemos, por exemplo, os pontos A

e P: . A

X P
 Para representar uma recta usa-se uma linha “direita”
acompanhada de uma letra minúscula do alfabeto, ou por duas
letras maiúsculas, indicando cada uma delas, um ponto dessa
recta. Representemos, por exemplo, a recta r e a recta que passa
pelos pontos A e B:

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 Para representar um plano usa-se um paralelogramo (quadrilátero
com dois pares de lados paralelos) acompanhado duma letra
maiúscula do nosso alfabeto ou uma letra minúscula do alfabeto
grego. Representemos, por exemplo, o plano Q e o plano β:

(Q (β

Postulados de Euclides:
1. Dados dois pontos, há um segmento de recta que os une.
2. Um segmento de recta pode ser prolongado indefinidamente para
construir uma recta.
3. Dados um ponto qualquer e uma distância qualquer pode-se construir
um círculo de centro naquele ponto e com raio igual à distância dada.
4. Todos os ângulos rectos são iguais.
5. Se uma linha recta cortar duas outras rectas de modo que a soma dos
dois ângulos internos de um mesmo lado seja menor do que dois rectos,
então essas duas rectas, quando suficientemente prolongadas, cruzam-
se do mesmo lado em que estão esses dois ângulos.

Se a soma das medidas dos ângulos α e β for inferior a 180º, então as


rectas s e t cruzam-se do mesmo lado em que se encontram este dois
ângulos.

Definição 1.1.: Uma figura geométrica é um conjunto de pontos no plano.

Definição 1.2.: Uma semi-recta é cada uma das


porções em que fica dividida uma
recta quando fixamos nela um ponto.
A este ponto chama-se origem
dessa semi-recta.

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Na figura, o ponto O dividiu a recta em duas semi-rectas: AO e OB:

Observação: Qualquer ponto duma recta, divide-a em duas semi-rectas.

Definição 1.3.: Um segmento de recta é a figura geométrica formada por


dois pontos duma recta e por todos os outros situados entre
aqueles dois. O segmento de recta é representado por
aqueles dois pontos que se chamam extremos do segmento.
B
A

Notação: Para representar este segmento usamos a notação

AB . Para indicar a sua medida, ou seja, o seu comprimento,


usamos a notação AB .

Definição 1.4.: Dois segmentos de recta dizem-se congruentes quando têm


a mesma medida.

Mediatriz dum segmento


Definição 1.5.: Mediatriz dum segmento é a recta perpendicular ao
segmento, que passa pelo seu ponto médio.

A
A M B
M B

Teorema 1.1.: Propriedade da Mediatriz dum segmento:


Os pontos da mediatriz dum segmento são equidistantes dos
extremos desse segmento.

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Teorema 1.2.: Recíproco do Teorema anterior:
Se um ponto do plano for equidistante dos extremos dum
segmento, então esse ponto pertence à mediatriz desse
segmento.

Posição horizontal: Diz-se que uma recta se encontra na posição horizontal


quando ela se alinha pelo horizonte, ou seja, a sua posição é
idêntica à da água em repouso.
s

Duma forma “mais ampla”, também se diz que uma recta está na
posição horizontal quando ela está desenhada de tal modo que
assume a mesma posição da recta que passa pelos nossos olhos:

A recta s encontra-se na
posição horizontal.
s

Esta ideia estende-se a outros objectos que têm uma forma que, de
certo modo, permite que sejam entendidos como aproximações de
uma recta: pessoas, postes de iluminação, barrotes, etc. Assim, se
um poste está deitado no chão, diz-se que está na posição
horizontal.

Posição Vertical: Diz-se que uma recta se encontra na


posição vertical quando a sua posição é a mesma
que a do “fio-de-prumo”:

r
Duma forma “mais ampla”, também se diz que uma
recta está na posição vertical quando ela está
desenhada de tal modo que cruza a direito (sem
inclinação) a recta que passa pelos nossos olhos:

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r A recta r encontra-se
na posição vertical

Do mesmo modo, esta ideia também se estende a outros objectos que têm
uma forma que, de certo modo, permite que sejam entendidos como
aproximações de uma recta, como se disse acima. Assim, se um poste está
“de pé”, colocado direito em relação ao solo, diz-se que está na posição
vertical.

Posição relativa de rectas

Se considerarmos mais do que uma recta, podemos falar da posição que elas
assumem umas em relação às outras, indicando por exemplo, se elas têm ou não
algum ponto comum.

Rectas Paralelas:
Definição 1.6.: Duas rectas dizem-se paralelas se elas não têm nenhum ponto
comum.

r s
As rectas r, s e t são paralelas entre
si.

t
Notação: Para indicar que as rectas r e s são paralelas usa-se a notação: r // s.

Rectas Concorrentes:
Definição 1.7.: Duas rectas dizem-se concorrentes se elas têm um ponto comum.

A rectas m e n são concorrentes A rectas p e q são concorrentes


pois têm um ponto comum A pois têm um ponto comum B

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As rectas concorrentes podem ser oblíquas ou perpendiculares entre si. As rectas m e n
são oblíquas entre si, enquanto que as rectas p e q são perpendiculares entre si.

Ângulos
Definição 1.8.: Um ângulo é a figura geométrica constituída pelos pontos do plano
que se situam entre duas semi-rectas com origem comum.
A
As semi-rectas OA e OB têm
origem comum O e
O determinam dois ângulos.
B

O ponto O chama-se vértice do ângulo e as semi-rectas OA e OB


chamam-se lados do ângulo.

Observação: Duas semi-rectas com origem comum determinam sempre dois ângulos.
Para indicarmos a que ângulo nos estamos a referir coloca-se no ângulo
que se deseja um pequeno arco com centro no vértice do ângulo:
A A

O ou O
B B

Notação: Podem ser usadas três letras maiúsculas, por exemplo AOB para
representar um ângulo, sendo que a letra do meio, neste caso O,
representa sempre o vértice, a primeira letra A representa um ponto dum
lado e a terceira letra B representa um ponto do segundo lado do ângulo.
A

O B

Usamos a notação < para um ângulo, como por exemplo: <AOB e lemos
“ângulo AOB”.

Também se representa um ângulo usando uma letra minúscula do alfabeto


grego, que é colocada no interior do ângulo, junto ao vértice.

α Neste caso usamos a notação < α


e lemos “ângulo α”.

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Classificação de ângulos:

Os ângulos são classificados de acordo com suas medidas:


Agudo: ângulo com medida menor que 90º.
Recto: ângulo com medida igual a 90º.
Obtuso: ângulo com medida maior que 90º.
Raso: ângulo com medida igual a 180º.
Giro: ângulo com medida igual a 360º.
agudo recto obtuso raso

Bissectriz dum ângulo B

Definição 1.9.: Bissectriz dum ângulo é a


semi-recta com origem no b

vértice do ângulo e que o


divide em dois ângulos da A O

mesma medida.

Teorema 1.3.: Os pontos da bissectriz dum


ângulo são equidistantes dos
lados desse ângulo.

Hipótese: AD é a bissectriz do
ângulo EAF. D é um ponto desta
bissectriz.
Tese: DF  DE

Teorema 1.4.: Recíproco do Teorema anterior:


Se um ponto do plano for equidistante dos lados dum ângulo,
então esse ponto pertence à bissectriz desse ângulo.

Ângulos definidos em duas rectas intersectadas por uma terceira

Dadas duas rectas r e s, intersectadas por uma transversal t,


ficam determinados oito ângulos, como indicado na figura:
A, B, C , D, E, F ,  G e H .

A cada par destes ângulos são atribuídos nomes particulares:


A e E : ângulos correspondentes;
B e F : ângulos correspondentes;
 C e  G : ângulos correspondentes;

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D e H : ângulos correspondentes;
D e E : ângulos internos do mesmo lado da secante;
 C e F : ângulos internos do mesmo lado da secante;
A e H : ângulos externos do mesmo lado da secante;
B e  G : ângulos externos do mesmo lado da secante;
D e F : ângulos alternos-internos;
 C e E : ângulos alternos-internos

Teorema 1.5: Se duas rectas forem paralelas e intersectadas por uma recta
transversal, verifica-se que:
- os ângulos correspondentes são congruentes;
- os ângulos alternos-internos são congruentes;
- os ângulos internos do mesmo lado da
secante são suplementares;
- os ângulos externos do mesmo lado da
secante são suplementares.

Hipótese: r // s ; a recta t intersecta as rectas r


es

Tese: A  E ; B  F ;  C   G ; D  H .
D  F ;  C  E .
^ ^ ^ ^
D E  180º ; C  F  180º .
^ ^ ^ ^
A H  180º ; B  G  180º .

Observação: Reciprocamente, se se verificar pelo menos uma das condições indicadas


na Tese, podemos concluir imediatamente, que as rectas em causa são paralelas, ou seja:

Teorema 1.6: Se duas rectas r e s forem ambas intersectadas por


uma recta transversal t e se houver:
- um par de ângulos correspondentes congruentes;
ou
- um par de ângulos alternos-internos congruentes;
ou
- um par de ângulos internos do mesmo lado da
secante suplementares;
ou
- um par de ângulos externos do mesmo lado da secante suplementares,
então as rectas r e s são paralelas.

Hipótese: a recta t intersecta as rectas r e s e verifica-se pelo


menos uma das seguintes condições: A  E , ou
B  F , ou  C   G , ou D  H , ou D  F , ou
^ ^ ^ ^
 C  E , ou D E  180º , ou C  F  180º ou
^ ^ ^ ^
A H  180º ou B  G  180º .

Tese: r // s

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Em rectas paralelas:
 os ângulos alternos-internos também se costumam designar “ângulos em Z” (Fig 1)
 e os ângulos correspondentes “ângulos em F” (Fig 2)

Fig. 1 Fig 2

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Exercícios – Tema 1

1. Das seguintes linhas, identifique as linhas rectas e as curvas:


a) b) c) d) e)

2. Nas figuras seguintes, indique os segmentos de recta e as linhas curvas que as compõem,
usando uma cor para os segmentos e outra cor para as curvas:
a) b) c) d) e)

3. Desenhe, na mesma folha de papel, uma recta vertical e outra horizontal. Construa,
com rigor, 5 rectas paralelas a cada uma daquelas, com a distância de 0,5 cm entre
cada recta construída.

4. Desenhe uma recta r e marque nela 5 pontos A, B, C, D e E. Construa, com rigor,


rectas perpendiculares a r, que passem por estes pontos.

5. Diga qual a posição relativa das rectas construídas no exercício anterior.

6. Diga qual a posição relativa das seguinte rectas:


a) b) c) d)
b
r m c p
n q
s d r
t

7. Classifique os ângulos internos das seguintes figuras:


a) b) c) d) e)

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8. Recolha 3 logotipos de empresas, marcas comerciais ou figuras
afins (como, por exemplo, a figura ao lado) que tenham figuras
geométricas, meça e classifique cada um dos ângulos internos
existentes nesses logotipos.

9. Classifique cada um dos seguintes ângulos, quanto à sua amplitude.


a) 50º b) 99 º c) 180º d) 360º e) 165º

10. Classifique cada um dos seguintes ângulos quanto à sua amplitude:


a) b) c)

11. Observe a figura. O ângulo CAE é recto


e os pontos G, A e B estão situados na
mesma recta.. Determine:
a) A medida do ângulo DAE
b) A medida do ângulo FAG

12. Trace um segmento de recta de extremos A e B e de comprimento 5,5 cm.


a) Construa, com compasso e régua, a mediatriz deste segmento.
b) Seja C um ponto desta mediatriz. Se a distância de C até A for igual a 7 cm, diga,
sem medir, qual será a distância de C até B. Ilustre a situação e justifique a sua
resposta.

13. Desenhe um ângulo AOB e de amplitude igual a 37º.


a) Construa, com compasso e régua, a bissectriz deste ângulo.
b) Seja C um ponto desta bissectriz. Se a distância de C até ao lado OA for igual a 3
cm, diga, sem medir, qual será a distância de C até ao lado OB. Ilustra a situação e
justifique a sua resposta.

14. As rectas f e g são paralelas (f // g). Determine a medida do ângulo â:


a) b) c)

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15. As rectas a e b são paralelas. Quanto mede o ângulo î?

16. Determine, se possível, a medida dos ângulos  ,  e  indicados nas figuras:


a) b) c)

d) e)

17. Sendo m // n, determine o valor de a, em graus, na figura seguinte:

Respostas:
14. a) 55º; b) 74º; c) 33º.
15. 130º.
16. a)   115º ; b)   45º ;   135º ; c)   30º ,   20º ;   10º ;
d)     42 º ,   138 º ; e) Não tem solução.
17. a  140º .
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Tema 2 - Triângulos

Triângulos:
Definição 2.1.: Chama-se triângulo a todo o polígono de três lados.

Também se define triângulo como a figura


geométrica formada por uma linha poligonal fechada
de três segmentos e por todos os pontos do plano
situados no interior desta linha.

Observação: Estamos a usar o conceitos de “polígono” e de “linha poligonal fechada”,


cujas definições não foram aqui incluídas para não sobrecarregar este
capítulo que trata da figura sobejamente conhecida - o triângulo. As
referidas definições podem ser vistas na página 28.

Elementos do triângulo:
Um triângulo tem os seguintes elementos:
- 3 vértices: pontos A, B e C;
- 3 lados: segmentos AB, AC e BC;
- 3 ângulos: <ABC, <ACB e < BAC.
Notação: Representa-se um triângulo indicando-se os seus 3 vértices e coloca-se,
antes das letras, o símbolo que representa um pequeno triângulo: Δ ABC.

Classificação dos triângulos:


Os triângulos classificam-se quanto à medida dos seus lados e quanto à
medida de seus ângulos.

Classificação de um triângulo quanto à medida de seus lados:


Triângulo equilátero: possui os três lados com medidas iguais.
Triângulo isósceles: possui dois lados com medidas iguais.
Triângulo escaleno: possui os três lados com medidas diferentes.

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Classificação de um triângulo quanto à medida de seus ângulos:


Triângulo acutângulo: possui todos os ângulos com medidas menores que
90º, ou seja, todos os seus ângulos são agudos.
Triângulo retângulo: possui um ângulo com medida igual a 90º.
Triângulo obtusângulo: possui um ângulo obtuso, ou seja, com medida
maior que 90º.

Linhas notáveis em triângulos.

1) Altura num triângulo

Definição 2.2.: Altura dum triângulo é todo o segmento de recta que une
um vértice do triângulo ao lado oposto a ele (ou seu
prolongamento) e é perpendicular à recta que contém este
lado.
C
C

Ha

Hc
Hb
Ha
Hc

A B
A B

Hb

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2) Mediana num triângulo:


B
Definição 2.3.: Mediana dum triângulo é todo
o segmento que une um vértice
do triângulo ao ponto médio do MB
lado oposto a este vértice. T S

G
MC
MA
A C
3) Bissectriz num triângulo R

Definição 2.4.: Cada uma das bissectrizes dos ângulos internos dum
triângulo diz-se bissectriz do triângulo.

Observação: Em geral, por comodidade de linguagem, quando falamos de


bissectrizes de triângulos (ou de outros polígonos que iremos tratar mais tarde),
não consideramos as semi-rectas, mas sim os segmentos de recta, situados nas
bissectrizes, com extremos na origem do respectivo ângulo e no ponto de
intersecção da bissectriz com o lado oposto ao ângulo, como se vê a seguir:

De acordo com a definição, as


bissectrizes do triângulo ABC são as
semi-rectas AE, BF e CD.

Na prática, porém, muitas vezes


consideramos como bissectrizes do
triângulo, os respectivos segmentos de
recta AE, BF e CD.

4) Linha Média num triângulo


Definição 2.5.: Linha média dum triângulo é cada um dos segmentos de
recta que une os pontos médios de dois lados desse
triângulo. A

L
M
B

N
C

L, M e N são os pontos médios dos respectivos lados. Os

segmentos LM , LN e MN são as linhas médias do


triângulo.

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Alguns Teoremas sobre Triângulos:


Teorema 2.1.: A soma dos comprimentos de dois lados dum triângulo é
sempre maior que o comprimento do terceiro lado.

Teorema 2.2.: Num triângulo o ângulo de maior medida opõe-se ao lado de


maior medida e vice-versa.

Teorema 2.3.: A soma das medidas dos ângulos internos dum triângulo é
igual a 180º.

Teorema 2.4.: A medida de cada ângulo externo dum triângulo é igual à


soma das medidas dos ângulos internos não adjacentes a
ele.

Teorema 2.5.: A soma das medidas dos ângulos externos dum triângulo é
igual a 360º.

Teorema 2.6.: Se dois lados dum triângulo forem congruentes então os


ângulos opostos a eles também são congruentes e vice-
versa.

Teorema 2.7.: As mediatrizes dum triângulo


intersectam-se num ponto.

B
Teorema 2.8.: O ponto de intersecção das
mediatrizes dum triângulo é o
O
centro da circunferência
circunscrita ao triângulo. A
A C
este ponto chama-se
circuncentro.

Teorema 2.9.: As bissectrizes dum triângulo intersectam-se num ponto,


chamado incentro.

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Teorema 2.10.: O incentro é o centro da
B
circunferência inscrita no
triângulo.
Este ponto está à mesma
I
distância (equidistante) dos
lados do triângulo.

A C

Teorema 2.11.: As alturas (ou seus prolongamentos) dum triângulo


intersectam-se num ponto. A este ponto chama-se
ortocentro. B

MB
Ha, Hb e Hc são as alturas
T S
do triângulo e intersectam-
G
se no ponto H, que é o MC
MA
ortocentro. A
R
C

Teorema 2.12.: As medianas dum triângulo intersectam-se num ponto. A


este ponto chama-se baricentro ou centro de gravidade do
triângulo.

Teorema 2.13.: O baricentro dista dois terços do vértice da mediana


correspondente (Teorema de Ceva).

AT  TB C

BS  SC
Ha
AR  RC
M A  M B  M C  G
H
2
BG  BR
3 Hc

1
GR  BR Hb
3 B
A
BG  2. GR

Teorema 2.14: Num triângulo rectângulo, a


mediana que parte do vértice
do ângulo recto mede metade
da medida da hipotenusa:
AD  BD  CD

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Resumo sobre Pontos Notáveis dum Triângulo:

Os Teoremas 2.7 a 2.14 tratam dos Pontos Notáveis dum Triângulo. Resumindo:

1. Todo o triângulo tem 4 pontos notáveis:


 O Circuncentro (centro da circunferência circunscrita ao triângulo) que é o
ponto de intersecção das mediatrizes do triângulo
 O Incentro (centro da circunferência inscrita no triângulo) que é o ponto de
intersecção das bissectrizes do triângulo
 O Ortocentro que é o ponto de intersecção das alturas do triângulo
 O Baricentro (centro de gravidade do triângulo) que é o ponto de interesacção
das medianas do triângulo

2. O Incentro e o baricentro de qualquer triângulo situam-se sempre no interior desse


triângulo

3. O circuncentro e o ortocentro de todo o triângulo acutângulo situam-se também


no interior do triângulo

4. O circuncentro e o ortocentro de todo o triângulo obtusângulo situam-se no


exterior do triângulo.

5. No triângulo rectângulo, o circuncentro (Teorema 2.14) coincide com o ponto


médio da hipotenusa e o ortocentro coincide com o vértice do ângulo recto.

Fundamentos de Geometria. DMI.UEM.2021 – Ida Alvarinho


-22-

T eorema 2.15: Num triângulo isósceles a mediatriz, a altura, a mediana


em relação à base e a bissectriz do ângulo oposto à base
pertencem à mesma recta.

Teorema 2.16: Num triângulo equilátero, a mediatriz, a altura, a mediana


em relação a cada lado e a bissectriz do ângulo oposto a ele
pertencem à mesma recta.

Teorema 2.17: Num triângulo, qualquer linha média é paralela a um lado e


o seu comprimento é igual a metade do comprimento desse
lado.
Hipótese:
 D é ponto médio de AC , i.e., AD  DC
A
 E é ponto médio de AB , i.e., AE  EB

E  F é ponto médio de BC , i.e., BF  FC

D
Tese:
B
1
 DE//BC e DE  BC
2
F
1
C  EF//AC e EF  AC
2
1
 FD//AB e FD  AB
2

Teorema 2.18: (Teorema de Pitágoras) Num triângulo rectângulo,


o quadrado da medida da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados das medidas dos catetos:

a 2  b2  c2

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-23-

Critérios de Congruência de Triângulos

Critério 1: Dois triângulos são congruentes se tiverem os três lados


congruentes, cada um a cada um. (Abreviatura: l. l. l.)
(Observe que, nas figuras, os elementos congruentes têm a mesma
marca.)

C T

A B R S

Critério 2: Dois triângulos são congruentes se tiverem um lado e os dois


ângulos adjacentes a ele, respectivamente congruentes.
(Abreviatura: a. l. a. )

C T

A B R S

Critério 3: Dois triângulos são congruentes se tiverem dois lados e o


ângulo formado por eles, respectivamente congruentes.
(Abreviatura: l. a. l.)

C T

A B R S

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-24-

Exercícios – Tema 2

1. É possível construir um triângulo cujos lados meçam: a) 3 cm, 1cm e 8 cm?; b) 1 cm, 1cm
e 0,5 cm?; c) 45 cm, 45 cm e 1cm?; d) 1cm, 5 cm e 5 cm?

2. Se dois dos lados dum triângulo medirem 4 cm e 7 cm, que medida pode ter o outro lado,
sabendo que deve ser um número inteiro?

3. Em que axiomas e teoremas se baseia a demonstração do teorema sobre a soma das


medidas dos ângulos dum triângulo?

4. Um ângulo externo dum triângulo pode ser menor que um ângulo do triângulo?

5. Demonstre que se dois ângulos dum triângulo forem, respectivamente, congruentes a dois
ângulos dum outro triângulo, então os “terceiros” ângulos também são congruentes.

6. Num triângulo ABC, Aˆ  25º e Bˆ  68º . Pelos seus vértices traçam-se rectas paralelas
aos lados opostos. Ache as medidas dos ângulos do novo triângulo formado por estas
rectas.

7. As medidas de dois ângulos dum triângulo são iguais a 60 o e 72o . Quanto medem os
ângulos formados pelas alturas do triângulo baixadas dos vértices dos dois ângulos
dados?

8. Classifique os triângulos, de acordo com os ângulos sabendo que a medida de um dos


seus ângulos é: a) igual à soma das medidas dos outros dois; b) maior que a soma das
medidas dos outros dois; c) menor que a soma das medidas dos outros dois.

9. Classifique um triângulo, quanto aos ângulos, sabendo que a soma das medidas de dois
quaisquer dos seus ângulos é maior que 90 o.

10. O ângulo externo suplementar ao ângulo oposto à base dum triângulo isósceles, mede
100o. Ache as medidas dos ângulos deste triângulo.

11. a) De que tipo é um triângulo se um dos seus ângulos externos for agudo?
b) Quantos ângulos externos agudos pode ter um triângulo?

12. Na figura ao lado, sabe-se que MN // KL. M A N

Demonstre que ∡ A B C = ∡NAB + ∡BCL B


K L
C
13. Num triângulo ABC, o lado AB é o maior.
a) Que ângulos deste triângulo são agudos? b) Que tipo de ângulo pode ser o ângulo C?

14. Demonstre que num triângulo rectângulo, o cateto oposto ao ângulo cuja medida é igual a
30o, é metade da hipotenusa.

15. O comprimento da hipotenusa dum triângulo rectângulo isósceles é igual a K cm. Ache o
comprimento da altura deste triângulo, baixada do vértice do ângulo recto.

16. Construa, usando somente a régua e o compasso, o triângulo isósceles sendo dados: a) a
medida da base e da altura baixada dum ângulo adjacente à base; b) a medida da base e
do ângulo não adjacente à base.
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-25-

17. No triângulo isósceles, não equilátero, são traçadas todas as suas alturas, bissectrizes e
medianas. Quantos segmentos diferentes é possível encontrar?

18. Num triângulo isósceles ABC, de base AC, traçou-se a bissectriz AD. Sabendo que o
ângulo oposto à base mede 36º, demonstre que os triângulos ACD e ABD são isósceles.

19. Num triângulo isósceles ABC, de base BC, as bissectrizes dos ângulos ABC e ACB
intersectam-se num ponto O. Demonstre que o ângulo BOC é igual ao ângulo externo do
triângulo, adjacente ao vértice B.

20. Num triângulo ABC, é marcado o ponto D sobre o lado AB, de tal modo que CD  BD .
Demonstre que a recta BC é paralela à bissectriz do ângulo ADC.

21. Que figura forma o conjunto dos vértices de todos os triângulos rectângulos que têm como
cateto um certo segmento dado?

22. Na figura ao lado, AB  BC e AD  CD


Demonstre que: a) ∡BAD = ∡BCD
b) BD divide os ângulos ABC e
ADC em dois ângulos congruentes

23. Na figura ao lado, AB  AD e BC  CD

Demonstre que: AC  BD

24. Na figura ao lado sabe-se que:


AB  BC e ∡1  ∡2
Demonstre que: AD  EC

25. Na recta que intersecta os lados dum ângulo dado, ache o ponto que está no interior do
ângulo e é equidistante dos seus lados.

26. Num lado dum triângulo, construa o ponto equidistante dos outros dois lados.

27. Um pátio tem a forma triangular. Onde se deve colocar um poste de luz, neste pátio, de tal
modo que recebam a mesma iluminação: a) os vértices do pátio; b) os pontos dos lados,
mais próximos do poste?

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-26-
28. Demonstre que as alturas traçadas dos vértices da base dum triângulo isósceles são
congruentes. Será válida a mesma propriedade para bissectrizes e medianas?

29. Sendo r e s rectas paralelas, calcule a medida do ângulo x:


a) b)

30. Na figura , calcule o valor de x:

a) b) c)

d) e)

31. Baseando-se na figura seguinte, calcule o valor de S  aˆ  bˆ  cˆ  dˆ  eˆ  fˆ , sabendo


que EF//AD; EB//CD; AB//CF

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-27-
B
32. Sabendo que BM e CM são bissectrizes
dos ângulos B e C, respectivamente,
calcule a medida do ângulo BMC

M x

40
A C

33. Sabendo que ABCD é um quadrado e que o triângulo BCE é equilátero, calcule a medida
x do ângulo AFC.
A B

F
x

D C

34. Num triângulo ABC, o ângulo A mede 57º. A bissectriz do ângulo B intersecta o lado AC
num ponto D, tal que BD  CD . Calcule a medida do ângulo B.

A
35. Determine a medida x do ângulo A
x
do triângulo ABC, sabendo que :

AD  BD  BC
AB  AC
D

B C

36. Num triângulo ABC, rectângulo em A, o ângulo B mede 64º. Calcule a medida do ângulo
que a altura AH e a mediana AM (relativas à hipotenusa) formam entre si.

37. Um triângulo ABC é rectângulo em A. Quanto mede o menor ângulo formado pelas
bissectrizes dos ângulos B e C?

A C B
38. Na figura, AD // BE ,

AC  AD e BC  BE . E

Demonstre que o ângulo DCE é recto. D

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-28-
39. Num triângulo ABC, as bissectrizes dos ângulos A e B intersectam-se num ponto D.
Calcule a medida do ângulo ADB sabendo que: a) A ˆ  50º e Bˆ  100º ; b) Cˆ  130º .

40. Demonstre que um triângulo que tem duas medianas iguais é isósceles.

Respostas:

1. a) Impossível; b), c) e d) Possível ; 2. l3  4,5,6,7,8,9,10 ; 3. Axioma 5;


Teorema sobre ângulo externo; Teorema sobre a soma das medidas dos ângulos dum
triângulo;
4. Sim. Um ângulo externo pode ser agudo e será suplementar do interno correspondente que
será obtuso; 6. 25º; 68º e 87º; 7. 132º e 48º; 8. a) rectângulo; b) obtusângulo; c)
acutângulo, rectângulo ou obtusângulo; 9. Acutângulo; 10. 50º, 50º e 80º;11. a) Só
um; b) obtusângulo 13. a) Qualquer um; b) Agudo, recto ou obtuso; 15. h= k/2;
17. 7 segmentos; 21. Duas rectas paralelas; 25. Ponto de intersecção da recta com a
bissectriz do ângulo; 27. a) Ponto de intersecção das mediatrizes dos lados do triângulo; b)
ponto de intersecção das bissectrizes; 29. a) x=70º; b) x=40º; 30. a) x=30º; b)x=20º; c)
160º; d) 80º ; e) 80º; 31. 360º; 32. x=110º; 33. x=105º; 34. B=82º;
35. x=36º; 36. x=38º; 37. x=45º; 39. a) 105º; b) 155º.

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29

Tema 3 - Quadriláteros e outros polígonos.

Polígonos Convexos Regulares

 Definição 3.1: Chama-se Linha Poligonal à união de segmentos A0A1, A1A2, A2A3,...,An-1An,
tais que o extremo de cada segmento, excepto o último, é a origem do segmento seguinte, e
segmentos consecutivos não pertencem à mesma recta.
Exemplos:

(a) (b) (c) (d)

 Definição 3.2: Se a origem e o extremo duma linha poligonal coincidem, ela diz-se Linha
Poligonal Fechada. Exemplo: (c) e (d) acima.

 Definição 3.3: Uma linha poligonal cujos segmentos não se intersectam diz-se Linha
Poligonal Simples. Exemplo: (a), (c e (d) acima.

 Definição 3.4: Chama-se Polígono ou n-Gono, à figura geométrica formada por uma linha
poligonal fechada simples de n segmentos, e por todos os pontos no seu interior.

 Definição 3.5: Um polígono diz-se Convexo se cada um dos seus ângulos internos medir
menos que 180º.

Exemplos:

Hexágono Convexo Hexágono Não-Convexo

 Definição 3.6: Chama-se Polígono Regular ao polígono que tem todos os seus lados
congruentes (equilátero) e todos os seus ângulos também congruentes (equiângulo).

 Número de diagonais de um polígono convexo:


n(n  3)
d , sendo n o número de lados do polígono
2

 Soma dos ângulos internos de um polígono convexo:


Si  (n  2).180º , sendo n o número de lados do polígono

 Soma dos ângulos externos de um polígono convexo: Se  360º

 Propriedade 3.1: Todo o polígono regular tem circunferência inscrita e circunferência


circunscrita; ambas têm o mesmo centro, que é o centro do polígono regular.

 Propriedade 3.2: Num polígono regular, todas as suas mediatrizes se intersectam num
ponto, que coincide com o centro do polígono.
-30-
 Propriedade 3.3: Num polígono regular, todas as suas bissectrizes se intersectam num
ponto, que coincide com o centro do polígono.

Observação 1: Um polígono poder ser equiângulo e não ser equilátero.

Exemplo:

Observação 2: Um polígono poder ser equilátero e não ser equiângulo

Exemplo:

 Nomes dos polígonos


Dependendo do número de lados, um polígono recebe os seguintes nomes de
acordo com a tabela:

No. de lados Polígono No. de lados Polígono


1 não existe 11 undecágono
2 não existe 12 dodecágono
3 triângulo 13 tridecágono
4 quadrilátero 14 tetradecágono
5 pentágono 15 pentadecágono
6 hexágono 16 hexadecágono
7 heptágono 17 heptadecágono
8 octógono 18 octadecágono
9 eneágono 19 eneadecágono
10 decágono 20 icoságono

Quadriláteros:
Definição 3.7.: Um quadrilátero é um polígono de quatro lados.

Classificação de quadriláteros:
Os quadriláteros podem ser Convexos e Não-Convexos, de acordo com a
definição 3.5., indicada na página anterior, de polígono convexo e não-
convexo.
Aqui iremos estudar os quadriláteros Convexos. Estes quadriláteros
classificam-se de acordo com a existência ou não de lados paralelos.
Assim, os quadriláteros convexos são divididos em dois grandes
conjuntos: os que têm pelo menos um par de lados paralelos (trapézios) e
os que não têm nenhum par de lados paralelos (não trapézios).

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-31-
Trapézio:
Definição 3.8.: Um trapézio é um quadrilátero que tem pelo menos um par de lados
paralelos.

Observação: Os trapézios podem ter somente um par de lados paralelos. São a estes
que nos referimos, em geral, quando falamos em “trapézios propriamente
ditos”. Se o trapézio tiver dois pares de lados paralelos, não usamos, em
geral, a designação de trapézio para o nomearmos, mas sim a designação
de paralelogramo, como se vê pela definição a seguir. Nos “trapézios
propriamente ditos”, os lados paralelos chamam-se bases do trapézio.

Paralelogramo:
Definição 3.9.: Um paralelogramo é um quadrilátero com dois pares de lados paralelos.
A D

AD // BC
AB // CD
B C
Observação: Como se disse acima, um paralelogramo é um caso especial dum
trapézio. Assim, todos os paralelogramos são trapézios, mas nem todos
os trapézios são paralelogramos.

Enunciemos a seguir algumas propriedades dos paralelogramos. As recíprocas (ou enunciados


que não sendo exactamente recíprocos, partem das Teses destas propriedades) são
verdadeiras, constituindo assim Critérios de Paralelogramo, que enunciaremos logo depois das
seguintes propriedades:

Propriedade 3.1: Num paralelogramo, os lados opostos são

AD  BC
congruentes entre si:
AB  CD

Propriedade 3.2.: Num paralelogramo, os ângulos internos


opostos são congruentes entre si:
ABC  ADC
BAD  BCD

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-32-
Propriedade 3.3.: Num paralelogramo, os ângulos adjacentes ao mesmo lado são

ABˆ C  BCˆ D  180º


suplementares:
BCˆ D  ADˆ C  180º
………………………
e assim sucessivamente.

Propriedade 3.4.: As diagonais dum paralelogramo


intersectam-se no seu ponto médio:
AM  MC
BM  MD

Critérios de paralelogramo
Como referido atrás, podemos enunciar e demonstar propriedades que nos levam a conluir
que um dado quadrilátero é um paralelogramo. A estas propriedades chamamos Critérios de
Paralelogramo:

Critério 1 : (Recíproco da Propriedade 1):


Se num quadrilátero os lados opostos forem congruentes entre si, então esse quadrilátero é um
paralelogramo.

Hipótese: AB  CD e AD  BC
Tese: ABCD é um paralelogramo

Critério 2 (Recíproco da Propriedade 2):


Se num quadrilátero os ângulos internos opostos forem congruentes entre si, então esse
quadrilátero é um paralelogramo.

Hipótese: ABC  ADC e BAD  BCD


Tese: ABCD é um paralelogramo

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-33-
Critério 3: (Relacionado com a Propriedade 3)
Se num quadrilátero, os ângulos adjacentes a um lado forem suplementares e um destes
ângulos for também suplementar a um terceiro ângulo que tenha um lado comum a ele, então
esse quadrilátero é um paralelogramo.

Hipótese: ABˆ C  BCˆD  180º ,


BCˆD  ADˆ C  180º
(ou outros pares de ângulos
nas mesmas condições)
Tese: ABCD é um paralelogramo

Critério 4 (Recíproco da Propriedade 4):


Se num quadrilátero, as suas diagonais se intersectarem no seu ponto médio, então ele é um
paralelogramo.

Hipótese: AM  MC e BM  MD
Tese: ABCD é um paralelogramo

Critério 5:
Se um quadrilátero tiver um par de lados opostos congruentes e paralelos entre si, então esse
quadrilátero é um paralelogramo.

Hipótese: AB  CD e AB // CD
Tese: ABCD é um paralelogramo

Classificação dos “trapézios propriamente ditos”:


Definição 3.10.: Um trapézio propriamente dito em que os lados diferentes das bases são
congruentes, diz-se trapézio isósceles.
A D

AD // BC
AB  CD

B C

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-34-

Teorema 3.1.: Num trapézio isósceles, os ângulos adjacentes a cada uma das bases são
congruentes entre si.

Hipótese: O trapézio é isósceles:

AB  CD .
ABC  DCB
Tese:
BAD  CDA

O seguinte teorema também é válido:


Teorema 3.2.: Se os ângulos adjacentes a pelo menos uma das bases dum trapézio
forem congruentes, então o trapézio é isósceles.

Hipótese: No trapézio ABCD temos:


ABC  DCB

Tese: O trapézio é isósceles, ou

seja: AB  CD .

Definição 3.11.: Um trapézio em que um dos ângulos internos é


um ângulo recto, diz-se trapézio rectângulo.

Definição 3.12.: Linha média dum trapézio propriamente


dito é o segmento de recta que une os
pontos médios dos lados não paralelos
desse trapézio.
Na figura, sendo M e N os pontos
médios dos respectivos lados, MN é a
linha média do trapézio

Teorema 3.3.: A linha média dum trapézio é paralela às suas bases e a sua medida é
igual igual à semi-soma das medidas das suas bases.

Hipótese: No trapézio ABCD, seja MN a sua linha média.


Tese: a) MN // AD e MN // BC
AD  BC
b) MN 
2

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-35-
Classificação dos Paralelogramos:

Os paralelogramos dividem-se também em dois grandes conjuntos: o conjunto dos


paralelogramos que não têm nenhum ângulo recto e o conjunto dos que têm pelo menos um
ângulo recto. É aos paralelogramos do primeiro conjunto que chamamos, em geral,
“paralelogramos”. Para os do segundo conjunto usamos a designação de “rectângulos”, como se
vê numa das definições a seguir.

Losango:

Definição 3.12: Um losango é um paralelogramo com todos os lados congruentes.

d1

Propriedade: As diagonais dum losango são perpendiculares entre si: d1  d 2 .


d2

Rectângulo:

Definição 3.13.: Um rectângulo é um paralelogramo com todos os ângulos rectos.

Observação: De facto, para definirmos rectângulo, é suficiente dizermos que é um


paralelogramo com pelo menos um ângulo recto, pois esta afirmação,
em conjunto com a definição de paralelogramo, vai obrigar a que todos os
outros ângulos sejam também rectos.

Quadrado:

Definição 3.14.: Um quadrado é um rectângulo com todos os lados congruentes.

Observação: É claro que se podem elaborar outras definições equivalentes. Por


exemplo, pode-se definir quadrado como:
- Um paralelogramo com um ângulo recto e todos os lados congruentes.
- Um losango com um ângulo recto.

Na páguina seguinte encontra-se um resumo da classificação dos quadriláteros convexos.

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-36-

Resumo da classificação dos quadriláteros convexos:

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Exercícios – Tema 3

1. Demonstre que o comprimento de cada uma das diagonais dum quadrilátero convexo é menor
que a semi-soma dos comprimentos de todos os seus lados.

2. Seja um paralelogramo ABCD. A diferença entre a medida de dois ângulos consecutivos é igual
a 100º. Quanto medem os ângulos deste paralelogramo?

3. No paralelogramo ABCD da figura ao lado, determine as medidas


x e y.

4. Sabendo que uma das diagonais dum losango tem a mesma medida que o seu lado, determine:
a) as medidas dos ângulos do losango;
b) as medidas dos ângulos que as diagonais formam com os lados do losango.

5. Quantas diagonais possui o octógono convexo?

6. Qual é o polígono cujo número de diagonais é o quádruplo do número de lados?

7. Qual é o polígono que possui 65 diagonais?

8. Qual é o polígono cujo número de lados, somado com o número de diagonais, é 21?

9. Existe um polígono com 18 diagonais?

10. Calcule a soma dos ângulos internos de um polígono regular de 20 lados.

11. Quanto mede cada ângulo interno dum polígono regular de 18 lados?

12. Qual é o polígono regular cujo ângulo interno é o triplo do ângulo externo?

13. Traçando-se as mediatrizes de dois lados consecutivos de um polígono regular, forma-se um


ângulo de 36º. Quantas diagonais possui este polígono?

14. Num triângulo ABC, rectângulo em A, o ângulo B mede 48º. Quanto mede o ângulo formado
pela bissectriz AS e pela mediana AM relativas à hipotenusa?

15. Num triângulo ABC, rectângulo em A, o ângulo B mede 52º. Quanto mede o ângulo formado
pela altura AH e pela mediana AM relativas à hipotenusa?

16. Sabendo que a “linha média dum triângulo é o segmento de recta que une os pontos médios de
dois lados do triângulo”, demonstre o seguinte Teorema: ”Num triângulo, a linha média que une
dois lados é paralela ao terceiro lado e mede metade do comprimento deste”.

17. Demonstre o seguinte Teorema: “As três alturas dum triângulo intersectam-se num ponto”.

18. Demonstre o seguinte Teorema: “As três medianas dum triângulo intersectam-se num ponto;
este ponto divide cada uma das medianas em duas partes, de tal modo que a parte mais
próxima do lado em relação ao qual ela foi traçada, mede metade da outra parte”.

19. Demonstre o seguinte Teorema: “Num quadrilátero inscrito numa circunferência, a soma das
medidas dos ângulos opostos é igual a 180º”.

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-38-
20. Demonstre o seguinte teorema, recíproco do anterior: “Se num quadrilátero, a soma das
medidas de dois ângulos opostos for igual a 180º, então é sempre possível inscrevê-lo numa
circunferência.”

21. Coloque V ou F, conforme as proposições seguintes sejam, respectivamente, verdadeiras ou


falsas:
a. Em qualquer losango as diagonais intersectam-se no seu ponto médio. (.....)
b. Em qualquer paralelogramo, as diagonais são congruentes. (.....)
c. Em qualquer paralelogramo, as diagonais são bissectrizes dos ângulos internos. (.....)

22. Coloque V ou F, conforme as proposições seguintes sejam, respectivamente, verdadeiras ou


falsas:
a) Todo o quadrado pode ser inscrito e circunscrito a uma circunferência. (.....)
b) Todo o rectângulo pode ser inscrito numa circunferência. (.....)
c) Todo o paralelogramo pode ser inscrito numa circunferência. (.....)
d) Todo o paralelogramo pode ser circunscrito a uma circunferência. (.....)
e) Todo o losango pode ser circunscrito a uma circunferência. (.....)
f) Todo o losango pode ser inscrito numa circunferência. (.....)
g) Todo o trapézio isósceles pode ser inscrito numa circunferência. (.....)

23. ABCDEFGH é um octógono regular. Calcule as medidas dos ângulos internos de triângulo ABD.

24. No trapézio isósceles ABCD, tem-se: AB  AD ;


o ângulo DBC que a diagonal DB faz com o
lado BC, é recto. Determine a medida dos
ângulos do trapézio.

25. A altura traçada a partir do vértice do ângulo obtuso de um trapézio isósceles divide a base
maior em dois segmentos que medem a e b, respectivamente. Supondo a>b, determine a
medida da linha média do trapézio.

Respostas: 2. 140º e 40º; 3. xˆ  27º e yˆ  112 º ; 4. a) 60º e 120º; b) 30º e 60º;


5. 20 ; 6. 11 lados; 7. 13 lados; 8. 7 lados; 9. Não ; 10. 3240º ; 11.
160º; 12. 8 lados; 13. 35 ; 14. 3º; 15 14º; 21. a) V; b) F ; c) F; 22. a) V; b)
V; c) F; d) F; e) F; f) F; g) F; 23. 22,5º; 45º e 112,5º; 24. 60º e 120º, 25. a

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Tema 4 – Circunferência e Círculo

Circunferência
Definição 4.1.: Circunferência é o conjunto dos pontos do plano que estão localizados a uma
mesma distância r de um ponto fixo O denominado centro da circunferência. À
distância r chama-se raio da circunferência.

Círculo:
D
Definição 4.2.: Círculo é o conjunto dos pontos do plano que estão
corda
localizados a uma distância igual ou inferior a r , de um diâmetro
E

C A
ponto fixo denominado o centro do círculo. À distância r O
raio
chama-se raio do círculo. B

O círculo é a reunião da circunferência com o conjunto de


pontos localizados dentro da mesma.

Corda:
Definição 4.3.: Corda duma circunferência é todo o segmento de recta cujos extermos se situam
na circunferência.

Definição 4.4.: Diâmetro de uma circunferência (ou de um círculo) é uma corda que passa pelo
centro da circunferência. O diâmetro é a maior corda da circunferência. Na figura,
o segmento de reta AC é um diâmetro.

Arco:

Definição 4.5.: Um arco é uma porção de circunferência formada por todos os pontos dessa
circunferência, situados “entre” dois pontos fixados nessa circunferência. Estes
dois pontos chamam-se extremos do arco e também fazem parte do arco.

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-40-
Observação: Dois pontos fixados numa circunferência D
determinam sempre dois arcos. Se estes pontos A
C
não forem extremos dum diâmetro, temos então arco arco
O
um “arco menor” e um “arco maior”. maior menor
B

Na figura está indicado o arco menor BA ou


BCA e o arco maior ADB. O ponto D está no arco maior ADB enquanto o ponto C
não está no arco maior mas sim no arco menor BA. Em geral, o arco menor é
representado somente por duas letras indicadas no sentido anti-horário enquanto
que o arco maior é frequentemente representado por três letras, indicadas
também naquele mesmo sentido.

Medição de arcos: Um arco é uma porção de circunferência, ou seja, é uma linha e, como tal, tem
um determinado comprimento, que é medido usando as medidas de comprimento
m, dm, cm, etc.

Vários livros indicam que a unidade usual de medida de arcos é a mesma que a
usada para ângulos. Assim, para medir arcos usam o grau, representado pelo
símbolo º, e seus submúltiplos que são o minuto ’ e o segundo ”. Esta situação
carece de rigor científico e reflecte um “abuso de linguagem”. Neste caso, não se
está a medir o arco; está-se sim a referir o “valor angular do arco”, ou seja, o valor
do ângulo ao centro correspondente ao arco em causa. Porém, esta noção de
“valor angular” não é rigorosa, pois dois arcos de diferentes comprimentos podem
corresponder ao mesmo ângulo ao centro, ou seja, dois arcos de diferentes
comprimentos podem ter o mesmo valor angular,
o que cria bastantes equívocos.

Na figura ao lado, os arcos AB e CD têm


comprimentos diferentes mas têm o mesmo
valor angular, pois correspondem ao mesmo
ângulo ao centro. Para evitar esta confusão,
vários autores sugerem que não se fale do valor
angular dum arco e se refira somente como
medida, o seu comprimento.

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-41-
Ângulos na Circunferência

Ângulo ao Centro:

Definição 4.6.: Um ângulo diz-se Ângulo ao Centro se o seu vértice se encontra no


centro duma circunferência e, portanto, os seus lados contêm raios desta.
O ângulo ao centro tem a mesma medida que o arco determinado por ele
(arco cujos extremos são os pontos de
intersecção dos lados deste ângulo com a
circunferência).

Ângulo ao centro: ângulo BOA

Arco correspondente: arco BA

Ângulo Inscrito numa Circunferência:

Definição 4.7.: Um ângulo diz-se Ângulo Inscrito numa Circunferência, se o seu vértice
se encontra na circunferência e os seus lados são cordas desta.

Ângulo Inscrito : ângulo BPA

Arco correspondente: arco AB

Teorema 4.1.: O ângulo inscrito mede metade da medida do ângulo ao centro


correspondente.
P
APˆ B  
AOˆ B  
O   2

B
A

Teorema 4.2.: Se um triângulo for inscrito numa circunferência e um dos seus lados
coincidir com um seu diâmetro, então o triângulo é rectângulo, e a sua
hipotenusa coincide com este diâmetro, pois: C

AOˆ B  180º
1
ACˆ B  AOˆ B
A B
O
2
ACˆ B  90º

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-42-
Observação 4.1: Repare que este último Teorema é o Recíproco do Teorema 2.18,
indicado na página 21.

Também é válido o seguinte teorema:

Teorema 4.3: Se um dos lados dum triângulo coincidir com o diâmetro da circunferência,
então:
- se o terceiro vértice estiver situado fora do círculo, o triângulo é
acutângulo
- se o terceiro vértice estiver situado no interior do círculo, o
triângulo é obtusângulo

Exemplo:

Teorema 4.4: Num quadrilátero inscrito numa circunferência, os ângulos opostos são
suplementares.

Hipótese:
ABCD está inscrito na circunferência

Tese:
    180º
    180º

Teorema 4.5: (Recíproco do Teorema 4.4) Se os ângulos opostos dum quadrilátero


forem suplementares, então é sempre possível inscrevê-lo numa
circunferência.

Segmentos de Tangente:

Teorema 4.6: Os segmentos de tangente a uma circunferência traçados a partir dum


mesmo ponto P exterior à circunferência são congruentes entre si.
A
Hipótese:
PA e PB Hi são segmentos de tangente à
P circunferência
O
Tese:
PA  PB
B
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-43-
Teorema 4.7: (Recíproco do Teorema 4.6.) Seja um ponto P, exterior a um círculo, e
sejam A e B pontos da respectiva circunferência. Tracemos as rectas
PA e PB . Se PA for tangente à circunferência e PA  PB , então
obrigatoriamente, PB também é tangente à circunferência, sendo B o
ponto de tangência.

Teorema 4.8: Se o quadrilátero convexo ABCD for circunscrito


a uma circunferência, a soma das medidas
de dois lados opostos é igual à soma das
medidas dos outros dois, ou seja

Hipótese:
ABCD está circunscrito à
circunferência.

Tese: AB  CD  AD  BC

Teorema 4.9: (Recíproco do Teorema 4.8) Se a soma dos lados opostos de um


quadrilátero convexo for igual à soma dos outros dois, então é sempre
possível inscrever nele uma circunferência.

Relações entre os lados de alguns polígonos regulares e o raio da circunferência


circunscrita

Lado do quadrado:

Teorema 4.8: O lado do quadrado inscrito numa circunferência é igual ao produto do


raio desta por 2 :
l4  r 2

Lado do hexágono:

Teorema 4.9: O lado do hexágono regular inscrito numa circunferência é igual ao raio
desta:
l6  r

Lado do triângulo equilátero:

Teorema 4.10: O lado do triângulo equilátero inscrito numa circunferência é igual ao


produto do raio desta por 3 :
l3  r 3

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-44-

Exercícios – Tema 4

1. Nas seguintes circunferências, calcule o valor de x:

A
a) B b)
60

A x
80 O
O
x
C
B

Obs: Repare que não está indicado que o


triângulo ABC é equilátero

2. Na figura seguinte, calcule o valor de x:

55
A

40

3. Na figura seguinte temos que: BPˆ D  32º e BEˆD  89º . Determine a medida dos ângulos ao
centro correspondentes aos arcos BD e CA, respectivamente.
B

O P
E

C D

O 50
A B
4. Sendo AB e CD diâmetros da circunferência de centro O
que se cruzam formando um ângulo de 50º, e
E o ponto médio do arco AB, calcule a medida do ângulo CDE.
C
E

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-45-
A

5. A circunferência de centro O está inscrita no triângulo ABC,


sendo tangente aos lados deste nos pontos P, Q e R.
Sabendo que :
AB  12cm , AC  10cm e BC  8cm ,
R P

O
calcule a medida do segmento AP .

C B
Q

A
6. Calcule o perímetro do quadrilátero B

ABCD circunscrito à circunferência


sabendo que: AB  9cm , CD  6cm O

D
A
7. Sabendo que PA  18cm e que R
A,B e T são pontos de tangência,
Calcule o perímetro do triângulo PRS. P O
T

S
B

8. Demonstre que o lado do hexágono regular é congruente ao raio da circunferência circunscrita a


este polígono.

9. Dadas as circunferências seguintes:


a) b)
C A
D
80 D

x
50 x C
B
A B

O ângulo DAC mede 50º. O ângulo BAD mede 80 º.


Quanto mede o ângulo DBC? Quanto mede o ângulo x?

10. Na circunferência ao lado, calcule o valor


do ângulo x, sabendo que os ângulos ao centro
correspondentes aos arcos CFD e AEB medem 40º e 90º,
respectivamente .

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-46-

11. Nas circunferências abaixo, sendo O o centro, determine a medida do ângulo ou do arco x:
a) b) c)

d) e) f)

g) h) i)

Respostas: 1. a) 40º; b) 30º; 2. 30º; 3. 121º; 57º, 4. 20; 5. 7 cm ;


6 . 30 cm; 7. 36 cm; 9. a) 50º; b) 80º; 10. 65º. 11. a) 28º; b) 16º;
c) 95º; d) 57º; e) 82º; f) 204º; g) 48º; h) 70º, i) 112º

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47

Tema 5 – Perímetros e áreas

Perímetro de figuras planas:

Perímetro de uma figura plana é o comprimento da linha que delimita essa figura. Em geral, o
conceito de perímetro é usado em figuras “fechadas”, em que a origem da linha que a delimita
coincide com a sua extremidade.

Assim, num polígono, o perímetro é igual à soma das medidas dos seus lados.

Geralmente, o perímetro de uma figura é representado por P.


Deste modo, o perímetro da figura ao lado será:

P = 10 cm + 9 cm + 10 cm + 9cm = 38 cm

Área de figuras planas:

Área do Quadrado

Como dissemos atrás, todo o quadrado é também um losango, mas nem todo losango é um
quadrado, do mesmo modo que todo quadrado é um rectângulo, mas nem todo retângulo é um
quadrado.

O quadrado é um losango, que além de possuir quatro lados iguais, com diagonais
perpendiculares, ainda possui todos os seus ângulos internos iguais a 90°. As suas diagonais,
para além de serem perpendiculares, também são iguais.

Vamos agora ver como calcular a área dum quadrado e, depois, veremos como se pode passar
estender a mesma fórmula ao rectângulo e ao paralelogramo.

Antes de falarmos em áreas devemos saber qual a sua unidade de medida.

Unidade de área:

Para unidade de medida de área traçamos um quadrado cujo lado tem uma unidade de
comprimento:

Chamamos a esta unidade “1 unidade quadrada”. Esta unidade diz-se “metro quadrado”,
“decímetro quadrado”, “centímetro quadrado”, etc., se a unidade de comprimento do seu lado
for igual a 1m, 1dm ou 1 cm, respectivamente.
-48-
Seja o quadrado ABCD, cujo lado mede 3 unidades de comprimento. O quadrado ABCD pode
ser dividido em 9 quadrados, com 1 unidade de área cada um deles.

d2 d1

1 unidade
A área do quadrado ABCD é a soma das áreas destes 9 quadrados, represesentando, cada um
deles, 1 uniddae de área. Logo, a área do quadrado ABCD será:
3+3+3 = 3x3=9

Assim, o número de unidades de área do quadrado ABCD é dado pelo produto do número de
unidades de comprimento do seu lado, por si próprio.

Conclusão: Para calcular a área dum quadrado, basta multiplicar a medida do seu lado por si
mesma, ou seja, a área do quadrado é igual ao quadrado da medida do lado. Se
o lado do quadrado medir l unidades, então a sua área será dada por:

S  l.l  l 2

Quando dispomos da medida das diagonais do quadrado,


podemos utilizar a fórmula, que se obtém usando, por
exemplo, o Teorema de Pitágoras para calcular a medida h

da diagonal em função da medida do lado. No caso do


quadrado, d1  d 2 . Logo, 2
b
d
S
2

Área do Rectângulo:

Por definição, o rectângulo é um quadrilátero equiângulo (todo os


seus ângulos internos são iguais), cujos lados opostos são iguais.

Tal como se fez para o quadrado, aqui também se tem a mesma fórmula para calcular a área do
rectângulo. A única diferença é que neste caso, os lados do rectângulo não têm todos a mesma
medida: S  b  b  b  b  ....  b , donde vem que S  b.h
h vezes
.
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-49-
Área do Paralelogramo:

Seja h a medida da altura do paralelogramo em relação à base h


de medida b.
b
Como vimos atrás, o paralelogramo tem os lados opostos congruentes e paralelos.

Observando a figura, “transportemos” o triângulo que se


encontra à esquerda para o lado direito do
paralelogramo que fica assim transformado num
rectângulo de dimensões iguais a h e b.

Com h representando a medida da sua altura em relação à base de medida b, a área do


paralelogramo pode ser obtida, como a área dum rectângulo, multiplicando-se b por h:

S  b.h

Conclusão: A área dum paralelogramo é igual ao produto da medida dum seu lado pela
medida da altura traçada em relação a este lado.

h ou h

b
AABCD  DC . AE b AABCD  BC . DG

Área do Losango

Como vimos atrás, o losango é um tipo particular de


paralelogramo. Neste caso além dos lados opostos serem
paralelos, todos os quatro lados são congruentes.

Se tivermos o valor das medidas h e b, podemos utilizar a


fórmula do paralelogramo para obter a área do losango:

S  b.h

Como se viu atrás, as diagonais do losango são perpendiculares entre si.

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-50-
Tal como fizemos para o quadrado, podemos também aqui calcular a
área do losango a partir das suas diagonais, uma vez que as
podemos escrever em função do lado do losango:

d1. d 2
S
2

Área do Triângulo:

d1
A letra h representa a medida da altura do triângulo em
d2
relação ao lado de medida b, que vamos considerar de
“base”.

Observando o triângulo, podemos ver que, se lhe “juntarmos” outro igual, mas noutra posição,
formamos um paralelogramo de altura h em relação à base b.
b

h h

A área do triângulo será então igual a metade da área do paralelogramo:

b.h
S
h
A letra S representa a área ou superfície do triângulo.
b 2

Área do Trapézio:
Seja o trapézio ABCD, sendo AB//CD e h a sua altura:

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-51-
Tracemos o segmento BF, paralelo a AE. Constatamos que o trapézio ficou decomposto em
dois triângulos e um rectângulo. A soma das áreas de cada uma destas figuras dá-nos a área do
AE  DE BF  FC
trapézio: S ABCD   AB  AE 
2 2
h  DE h  FC
S ABCD   b1  h 
2 2
DE  2b1  FC DE  b1  b1  FC b1   DE  b1  FC 
S ABCD  h  h  h
2 2 2

b b
S ABCD  1 2 .h
2

Conclusão: A área dum trapézio é igual ao produto da semi-soma das medidas das suas
bases, pela sua altura.

Área dum Polígono Circunscrito a uma Circunferência

Definição: Em qualquer polígono que pode ser circunscrito a


uma circunferência, chama-se apótema desse
polígono, ao segmento de perpendicular baixado do
centro da circunferência até um dos lados desse
polígono.

OH : apótema do polígono

Obs: O apótema dum polígono é igual ao raio da


circunferência inscrita nesse polígono: OF é
apótema do polígono e, obviamente, também é o raio
da circunferência inscrita nesse polígono

Teorema 5.1.: A área de qualquer polígono que pode ser circunscrito a uma circunferência é
igual a metade do produto do seu perímetro pela medida do seu apótema.

Pn  ap Sn : área do polígono de n lados circunscrito


Sn  a uma circunferência
2
Pn : perímetro do mesmo polígono
ap : apótema do polígono

n  l n  ap
Se o polígono for regular, esta fórmula pode ser escrita como: S n  ,
2
sendo l n a medida do seu lado.
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-52-

Área do Círculo:
A divisão do perímetro de uma circunferência, pelo seu diâmetro
resulta sempre no mesmo valor, qualquer que seja a circunferência.
Este valor irracional constante é representado pela letra grega
minúscula que se lê “pi”.

Por ser um número irracional, o número pi possui infinitas casas


decimais. Para cálculos mais precisos, podemos utilizar o valor 3,14159265. Para cálculos com
menos precisão, podemos utilizar 3,1416, ou até mesmo 3,14.

O perímetro de uma circunferência é obtido através da fórmula:

P  2 .r
onde r representa o raio da circunferênia.

O perímetro de um arco de circunferência é obtido através da fórmula:

   r onde  representa a medida em


ParcoAB 
180º graus do ângulo ao centro
correspondente ao arco

O cálculo da área do círculo é realizado segundo a fórmula:

S   .r 2 onde r representa o raio do círculo.

A área do sector circular é obtida através da fórmula:

 . .r 2
S Sector  r sendo  dado em graus.
360º

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-53-
Exercícios – Tema 5

1. Calcule o perímetro dum triângulo equilátero cujo lado mede 12 cm.

2. Calcule o perímetro dum losango de lado igual a 7 cm.

3. O perímetro dum quadrado é igual a 16 cm. Quanto mede o seu lado?

4. Calcule o perímetro dum paralelogramo em que dois dos seus lados medem 9 cm e
3 cm.

5. O perímetro dum triângulo isósceles mede 32 cm. Sabendo que a base mede 8 cm,
quanto mede cada um dos outros lados?

6. Calcule o perímetro dum triângulo DEF formado pelas linhas médias dum triângulo ABC,
cujos lados medem 12 cm, 10 cm e 8 cm.

7. Determine a área dum triângulo equilátero sabendo que o seu lado mede 6 cm.

8. Determine a área dum losango em que as diagonais medem, respectivamente, 20 cm e


16 cm.

9. Determine a área dum losango em que o lado mede 8 cm e uma diagonal mede 14 cm.

10. Uma parede rectangular de lados 8 m e 12 m vai ser coberta com placas quadradas de
lado igual a 40 cm. Quantas placas serão necessárias?

11. Calcule a área indicada a sombreado na figura, que é composta


por duas circunferências com o mesmo centro e raios iguais a 10
cm e 8 cm, respectivamente.

12. Calcule a área indicada a sombreado na figura abaixo, composta por um trapézio que

tem no seu interior, um quadrado. Sabe-se que a área do quadrado é igual a 25cm 2 e
que os segmentos da base do trapézio que se encontram fora do quadrado medem,
cada um, 3 cm.

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-54-

13. Calcule:
a) o perímetro de um octógono regular inscrito numa circunferência de raio R.

b) a área dum trapézio isósceles inscrito numa


circunferência de raio 10 cm, sabendo que
as suas bases medem 12 cm e 16 cm e que
o centro da circunferência está no interior
do trapézio.

c) a área do trapézio isósceles inscrito na


circunferência de raio 10 cm, sabendo que
as suas bases medem 12 cm e 16 cm e que
o centro da circunferência não se encontra no
interior do trapézio.

14. Calcule a área de um hexágono regular cujo perímetro mede 36m.

15. Calcule a área de um quadrado cuja soma das medidas das diagonais é igual a
10 2 cm.

16. Num triângulo, a medida da base, a medida da respectiva altura e a área formam, nesta
ordem, uma progressão geométrica de razão 4. Calcule a área deste triângulo.

17. De quanto por cento aumenta a área de um quadrado, se o seu lado aumentar 40%?

18. A hipotenusa de um triângulo rectângulo mede 4cm. Calcule a sua área, sabendo que
ela é a maior possível.

19. São traçadas


1. 20. Calcule a área da
semicircunferências região sombreada,
sobre dois lados de sabendo-se que cada
um quadrado cujo semicírculo possui o
lado mede 6 cm. diâmetro igual ao raio
Calcule a área da do círculo
região sombreada imediatamente maior.
na figura ao lado.

21. a) A figura mostra um triângulo b) Calcule a área da coroa circular, sabendo


equilátero, de lado 6 cm, e o seu que a corda AB, que mede 4cm, é tangente à
círculo inscrito. circunferência de raio menor, no ponto T.
Calcule a área da figura sombreada.

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-55-
22. Calcule a área do círculo inscrito num hexágono regular cujo perímetro é 24 cm.

23. No triângulo ABC temos Â=45º. e BC  6cm . Calcule a área do círculo circunscrito a
este triângulo.

24. A área de um triângulo equilátero é de 20 cm 2. Determine a área de outro triângulo cujo


lado é triplo daquele.

25. Demonstre que : “ A área de um losango é igual a metade do produto das suas
diagonais”.

26. Demonstre que : “ Se dois triângulos isósceles inscritos numa circunferência tiverem os
ângulos opostos às bases congruentes, então os triângulos são congruentes”.

27. Demonstre que : “ Se duas cordas são perpendiculares, a soma dos pares de arcos
opostos é igual a uma semicircunferência”.

28. Usando áreas de figuras, demonstre que : “ O segmento da recta paralela às bases de
um trapézio traçada pelo ponto de intersecção das suas diagonais, é dividido ao meio
neste ponto”.

29. Considere duas circunferências de raios r1 e r2 . Mostre que se elas se intersectam em


mais do que um ponto, então r1  r2 é maior que a distância entre os seus centros.

30. Demonstre que o segmento de recta que une os pontos médios de dois lados
1
consecutivos de um paralelogramo determina um triângulo cuja área é igual a da do
8
paralelogramo.

31. Determine a razão entre as áreas de dois círculos, sabendo que o perímetro do triângulo
equilátero inscrito num é igual ao perímetro do quadrado circunscrito ao outro.

32. Prove que todo o trapézio inscrito numa circunferência é isósceles.

33. Determine a área de um trapézio inscrito numa circunferência em que a área de um


sector circular, a que corresponde um ângulo ao centro de 1 rad, é de 2m 2. A base maior
é um diâmetro e a outra, mede ¼ daquela.

34. O trapézio ABCD está inscrito numa circunferência.


Determine o perímetro do trapézio sabendo que
a base maior dista 5 cm do centro e que os ângulos
ao centro correspondentes aos arcos BC e DA
medem, respectivamente, 120º e 60º.

35. Determine a área da porção de plano compreendida entre duas circunferências


concêntricas, sabendo que é de 28,43 m 2 a área do triângulo equilátero inscrito na
circunferência maior e circunscrito à menor.

36. Um triângulo isósceles, inscrito numa circunferência, tem como lado um diâmetro.
Sabendo que a sua área é de 1,21 m2, Determine a área do hexágono regular inscrito na
mesma circunferência.

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-56-
37. Determine que valor deve ter o lado dum hexágono regular para que o seu perímetro
seja expresso pelo mesmo número que a sua área.

38. Se o raio dum círculo aumentar 6 unidades, a sua área aumenta 9 vezes. Determine o
raio do círculo.

39. Num triângulo ABC está indicada a mediana BE. O que se pode dizer das áreas dos
triângulos ABE e BCE?

Respostas: 1. 36 cm; 2. 28 cm; 3. 4 cm; 4. 24 cm; 5. 12 cm; 6. 15 cm;


2 2
7. S ABC  9 3 cm ; 8. S ABCD  160 cm ; 9. S ABCD  14 15 cm 2 ;
10. 600 placas; 11. S  36 cm 2 ; 12. S  15 cm 2 ; 13. a) 6,12R; b) 196cm 2 ;
c) 28cm 2 ; 14. 54 3cm 2 ; 15. 25cm 2 ; 16. 128 ; 17. 96%;
 r 2
18. 4cm 2 ; 19. (27  4,5 )cm 2 ; 20. cm 2 ; 21. a) (9 3  3 )cm 2 ; b) 4cm 2 ;
4
64
22. 12cm 2 ; 23. 18cm 2 ; 24. 180cm 2 ; 31. ; 33. 4,84 m2; 34. 55,6 cm;
27
4 3
35. 51,6 m2; 36. 3,14 m2. 37. ; 38. 3; 39. São iguais.
3

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Tema 6 – Vectores

Definição, representação de vector e operações envolvendo vectores

Um vector (geométrico) no plano é uma classe de objetos matemáticos (segmentos) com a


mesma direção, mesmo sentido e mesmo módulo (intensidade).

1. A direção é a da recta que contém o segmento.


2. O sentido é dado pelo sentido do movimento.
3. O módulo é o comprimento do segmento.


Graficamente, um vector é representado por uma “seta”: v . O início da seta chama-se
origem do vector e o fim, a extremidade do vector.

Analiticamente, um vector é dado pelas suas duas coordenadas. As coordenadas do vector são
dadas pela diferença entre as coordenadas da sua extremidade e as coordenadas da sua
origem.

Exemplo: Se um vector v tem origem em A(1,2) e extremidade em B(7,12), o
 
vector é dado por v =(6,10), pois: v = (7,12)-(1,2) = (6,10)
Como se disse acima, um vector é uma classe de objectos. Na prática, trabalhamos com um seu
representante. O representante escolhido, quase sempre é o vector
com a origem em (0,0) e a extremidade num ponto A (a,b) no plano

cartesiano e assim v = (a,b)

Obs.: No espaço tridimensional, o vector é dado por 3 coordenadas. No entanto, como no


programa da presente disciplina, está previsto somente o estudo da Geometria Plana (e não a
Espacial), limitar-nos-emos aos vectores no plano, que, como acima indicado, são dados por duas
coordenadas.

Módulo de um vector e suas propriedades



O módulo ou comprimento do vector v  (a, b) é um número real não negativo, definido por:

v  a2  b2

Vector unitário: é um vector que tem o módulo igual a 1.


Vector nulo: é um vector que tem módulo igual a zero e é representado por 0 .
 
Como é evidente, a origem do vector nulo coincide com a sua extremidade: AA  0


Multiplicação de um vector por um escalar : k. u , k  
 
Se u  ( x, y ) é um vector e k é um número real, a multiplicação de k por u , é um vector

dado por: k  u  (kx, ky)

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Assim, temos que:


 
A multiplicação de um vector u por um escalar k   , é um vector k. u , cujo módulo é igual

ao produto do módulo do escalar k pelo módulo do vector u , sendo que:
 
- Se k>0, u e k. u têm a mesma direcção e o mesmo sentido
 
- Se k<0, u e k. u têm a mesma direcção e sentidos contrários
 
- Se K=0, k. u = 0

 
Propriedade: ku  k  u

Versor de um vector:
 
Para obter um versor de v , que é um vector unitário u com a mesma direção e sentido que o

  v
vector v , basta dividir o vector v pelo módulo de v, isto é: u 

v

Adição de Vectores:
 
A soma de dois vectores u e v é um vector cujas coordenadas serão iguais à soma das
respectivas coordenadas dos vectores em causa, ou seja:

   
Se u  ( x1 , y1 ) e v  ( x 2 , y 2 ) , então u  v  ( x1  x2 , y1  y 2 )

Se os vectores forem dados na sua forma geométrica, para determinarmos a sua adição
podemos proceder dos seguintes modos, dependendo da situação:

  
 AB BC  AC

Adição de vectores em sequência.

  
 AB AC  AD

Regra do paralelogramo: usa-se para adicionar vectores


com a mesma origem. O vector soma é dado pela
diagonal do paralelogramo que parte da origem dos
vectores em causa.

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-59-

    
Subtracção de Vectores: u  v  u    v 
 
 
Graficamente: sejam dados os vectores u e v :


Logo, - v será:

 
Adicionemos então u e - v :
  
Assim, temos: AG  u  v .

  
Podemos também encontrar AG  u  v como sendo a “segunda” diagonal do
paralelogramo construído como acima; esta diagonal é traçada pelas extremidades dos
vectores, sendo que o vector correspondente tem como origem a extremidade do vector

v e como extremidade, a extremidade do

vector u , como se vê na figura ao lado
(compare com as figuras anteriores).

Condição de Colinearidade/Paralelismo entre vectores não nulos:


 
Os vectores u e v são colineares/paralelos se existir um escalar k  0 , tal que um dos
vectores seja o produto desse escalar pelo outro vector, isto é:
   
u// v   k  0 : v  k. u

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-60-

Exercícios – Tema 6

        1 
1. Dados os vectores a e b , construa os vectores seguintes: 2 a ,  3 b , 2 a  3 b , 2 a  b , a 2 b e
2
   
b a . a b


2. Determine a origem A do segmento que representa o vector u  (2;3) , sendo a sua extremidade o
ponto B(0;4).


3. Na figura ao lado estão representados os vectores c
   
a, b, c e d (a origem de cada um deles
 
coincide com a extremidade do anterior). d b
    
Determine o vector s  a b c d .

a

4. Nos cubos abaixo, determine e trace o vector soma dos vectores indicados:

a) H G b) H G

E F E F

C C
D D

A B A B

      
AE AD AB  ? AB BC CG GE  ?

     
5. Num hexágono regular ABCDEF, determine: a) AB FE  AF ; b) AD  AE  BE .

  
6. Sendo A(2;0), B(0;3) e C(1;2), determine D(x;y) de tal modo que se tenha BD  AB CB .

  
7. Sendo A(2;0), B(0;3) e C(1;2), determine D(x;y) de tal modo que se tenha BD  AB 2 CB .
 
8. Dados os vectores no plano u  (2,5) e v  (1,1) , determinar geométrica e algébricamente:
   
a) o vector soma u  v ; b) o módulo do vector u  v
   
c) o vector diferença u  v ; d) o vector 3u  2v

 
9. Que condições devem satisfazer os vectores não nulos a e b para que:
       
a) I a  b I = I a  b I; b) I a  b I = I a I + I b I;
   
c) a  b = K ( a  b ), sendo K um número qualquer, K  1

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-61-

10. Sendo A,B,C,D e O pontos quaisquer no espaço, simplifique as seguintes expressões:


          
a) AB  BO  OA ; b) BC  OA OC ; c) OA BC  DO CD BA .

11. Sejam A e B dois pontos quaisquer e I o ponto médio do segmento AB.


  
Demonstre que MA MB  2 MI , para qualquer ponto M.

12. Seja G o ponto de gravidade do triângulo ABC. Demonstre que para qualquer ponto M se tem:
       
a) GA GB GC  0 ; b) MA MB MC  3MG .

  
13. Sejam AM, BN e CP, as medianas do triângulo ABC. Exprima os vectores AM , BN e CP em
   
função dos vectores a  BC e b  CA .

14. Sejam A,B,C e D, pontos quaisquer; E e F os pontos médios dos segmentos AB e CD.
 1  
Demonstre que: EF  ( BC  AD) .
2
   
15. No triângulo ABC temos: a  CA , b  AB ; I e J são os pontos médios de BC e de AC.
      
Determine os seguintes vectores, em função de a e b : AI ; IB , IC , IJ e BJ .

   
16. Dado o triângulo ABC, sabe-se que a  CA , b  CB e que os pontos M e N dividem o lado AB
   
em três partes iguais. Determine CM e NC em função de a e b .

        
17. Dados os vectores AB  a  2 b ; BC  4 a  b e CD  5 a  3 b , demonstre que ABCD é um
trapézio.

18. Dados os pontos A(-1;2); B(4;-2) e C(1;3), determine


   
a) as coordenadas do ponto M de tal modo que 2 MA AB  MC  0
b) as coordenadas do ponto D de modo que ABCD seja um paralelogramo
c) o comprimento de cada um dos lados do triângulo ABC.

19. Ache as coordenadas do centro de gravidade do triângulo ABC, sendo A(1;-2), B(0;7) e C(4;5).

20. Seja ABCD um quadrado e P o ponto de intersecção das diagonais AC e BD. Determine as
coordenadas dos vértices C e D, sendo A(1;0), B(0;2) e P(3/2;3/2).

     
22. Demonstre que se a  b  0 , então a  b e a  b são perpendiculares entre si.

    
Respostas: 2. A(-2;1); 3. 0 ; 4. a) AG ; b) AE ; 5. a) AD ; b) BD ; 6. D(-3;7) ;
     
7. D(0, 4); 8. a) u  v  (3,4) ; b) 5; c) u  v  (1,6) ; d ) 3u  2v  (4,17)
9. a) Perpendiculares; b) Colineares e do mesmo sentido; c) Colineares;
    1    1  1    1  
10.a) 0 ; b) BA ; c) 0 ; 13. AM   a  b ; BN  a  b ; CP  ( b  a ) ; 15. AI  ( a  b ) ;
2 2 2 2
 1    1    1  1   2 1  1 2
IB  ( a  b ) ; IC   ( a  b ) ; IJ   b ; BJ   a b ; 16. CM  a b ; NC   a  b ;
2 2 2 2 3 3 3 3
18. a) M(2,-3); b) D(-4;7); c) 41 ; 5 ; 34 ; 19. G(5/3; 10/3); 20. C(2,3); D(3,1);

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-62-
Tema 7 – Transformações no plano

Introdução

Definição 7.1.: Chama-se Isometria do Plano à correspondência que aplica um plano em si


próprio, de tal modo que a distância entre as imagens de dois pontos do plano se
mantenha igual à distância entre esses dois pontos.
Assim, se através deste aplicação, X ´ for a imagem do ponto X e Y ´ a imagem
do ponto Y , temos que XY  X ´Y ´ .
Em resumo, uma isometria é uma aplicação do plano que mantém as distâncias.

Exemplos de Isometrias do Plano


 Simetria Axial (ou “Reflexão em Torno de um Eixo”)
 Simetria Central
 Rotação
 Translação

Simetria Axial

Definição 7.2.: Seja uma recta r . Se quaisquer dois pontos A e A´ :


- estiverem situados numa perpendicular a r , mas em
semi-planos diferentes definidos por esta recta e se
- forem equidistantes da recta r, isto é , AM  MA´ ,
então os pontos dizem-se simétricos em relação à
recta r.

À recta r chama-se Eixo de Simetria.


O ponto M, intersecção da perpendicular AA´
com a recta r, chama-se Base da Perpendicular.

Do mesmo modo, os pontos B e B´ são simétricos em relação à recta r.

Definição 7.3.: Simetria Axial de Eixo r é uma aplicação do


plano em si próprio, pela qual qualquer ponto do
plano se transforma no seu ponto simétrico em
relação à recta r.

Definição 7.4.: A figura que se sobrepõe a si própria pela


simetria axial chama-se Figura Axialmente Simétrica ou Figura Com Eixo de
Simetria.

r
Figura com Eixo de Simetria r Figura com Eixo de Simetria m

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-63-
Observação: Podemos encontrar na Natureza, vários elementos cujos retratos planos são, com
uma “grande aproximação”, figuras com um ou mais eixos simetria:

Também podemos encontrar várias figuras de letras do alfabeto, objectos de arte,


de publicidade, etc., com um ou mais eixos de simetria:

H A

Simetria Central

Definição 7.5.: Seja um ponto O. Se quaisquer dois pontos A e A´ :


- estiverem situados na mesma recta AOA´ ,
mas em semi-rectas diferentes definidas
pelo ponto O nesta recta, isto é, A OA e
A
´ OA´;
- forem equidistantes do ponto O, isto é ,
AO  OA´ , então os pontos dizem-se
simétricos em relação ao ponto O.

Ao ponto O chama-se Centro de Simetria.

Do mesmo modo, os pontos B e B´ são


simétricos em relação ao ponto O.

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-64-
Definição 7.6.: Uma Simetria Central de Centro em O é uma aplicação do plano em si
próprio, pela qual qualquer ponto do plano se transforma no seu ponto
simétrico em relação ao ponto O.

Exemplo:
No exemplo ao lado, a
figura A´B´C´D´ é a
imagem da figura ABCD
pela simmetria central de
centro em O:
OA  OA´
OB  OB´
OC  OC´
OD  OD´

Definição 7.7.: A figura que se sobrepõe a si própria pela simetria central chama-se
Figura Centralmente Simétrica ou Figura com Centro de Simetria.

Figuras com Centro de Simetria O

Observação: Como na simetria axial, também existem muitos exemplos no nosso dia a
dia, de figuras com centro de simetria. Há ainda figuras que têm um ou
mais eixos de simetria e, ao mesmo tempo, centro de simetria. Repare
que, na página anterior, os exemplos (4) e (8), para além de eixo(s),
também têm centro de simetria.

Nos exemplos seguintes, as figuras têm centro de simetria, mas não têm nenhum eixo de
simetria:

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-65-

Rotação

Definição 7.8.: Uma Rotação de Centro em O e Ângulo  , é uma


aplicação do plano em si próprio de tal modo que:
- a imagem O´ do ponto O coincide com o próprio
ponto O;
- a imagem F´ dum ponto F  O qualquer do
plano pertence à semi-recta OF´ que faz com a
semi-recta OF um ângulo de medida  .
- OF  OF´

No exemplo ao lado, a figura A´B´C´ é a


imagem da figura ABC, pela rotação de
centro em O e ângulo de medida igual a
50º.
OA  OA´ e AÔA´ 50º
OB  OB´ e BÔB´ 50º
OC  OC´ e CÔC´ 50º

Se a medida do ângulo for positiva, assume-se o sentido


anti-horário, como na figura acima; se o ângulo for negativo,
assume-se o sentido horário. Assim, no exemplo ao lado, a
figura A´B´C´ é a imagem da figura ABC pela rotação de
centro em O e ângulo cuja medida é igual a -50º.

Observação: É de notar que a simetria central é, portanto,


uma rotação de 180º.

Translação no Plano

Definição 7.9.: Seja P( x, y ) um ponto qualquer do plano coordenado E e v ( h, k ) um
vector. A transformação P  P´ tal que P( x, y )  P´( x  h, y  k )

chama-se Translação do plano E, pelo vector v . Este vector designa-se
“Vector Translação” .

Exemplos:

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Teorema 7.1.: Toda a translação é uma isometria

AB  A´B´ ;

AC  A´C´ ;

BC  B´C´

A  A; ´B  B´; C  C´


ABC  A´B´C´

Tal como nos casos anteriores, podemos encontrar, no nosso quaotidiano, vários padrões em
que são usadas translações de figuras:

Propriedades e composição das Isometrias do Plano

Introdução
Podemos efectuar no plano duas ou mais isometrias consecutivas. A este processo chamamos
“composição de duas isometrias”. Por exemplo, podemos encontrar a imagem duma figura por
simetria axial e, a seguir, encontrar a “imagem da imagem”, por rotação. Neste caso, temos a
composição da rotação com a simetria axial e pode-se mostar que na terceira figura obtida, as
distâncias mantêm-se as mesmas que na primeira figura.

As isometrias apresentam assim propriedades interessantes:

Propriedades:
 A composição de duas isometrias é uma isometria.
 Toda a isometria é uma aplicação bijectiva do plano.
 A composição duma isometria com a sua inversa é a aplicação idêntica.
 Qualquer isometria no plano é uma composição da rotação com a translação ou uma
composição da rotação com a translação e com a simetria axial.

Embora não se apresente aqui a demonstração destas propriedades, o leitor poderá verificar,
como exercício, entre outros resultados, os seguintes:
 A composição de duas simetrias axiais com eixos concorrentes, é uma rotação de centro
no ponto de intersecção desses eixos e cujo ângulo mede o dobro do ângulo formado
pelos dois eixos
 A composição de duas simetrias axiais com eixos paralelos é uma translação
 A composição de duas translações é uma translação
 A composição de duas rotações de centro O é uma rotação de centro O

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Homotetias do Plano

Definição 7.10: A homotetia com centro em O e coeficiente k  0 é uma aplicação do


plano em si próprio que a cada ponto X do plano faz corresponder um
k
ponto X 1 do mesmo plano, tal que OX 1  k .OX , e designa-se por H O
.

Definição 7.11: Se uma homotetia aplica a figura  numa figura 1 ,estas figuras dizem-
se homotéticas.

Casos particulares
1
 H O
é a aplicação idêntica
1
 H O
é a simetria central com centro no ponto O
1
OX 1  k .OX , o que é equivalente a OX 
k
 Se H ( X )  X1 então OX 1 donde,
O k
1/ k
X H ( X1)
O

Propriedades

 Propriedade 1: O centro da homotetia aplica-se em si próprio.

 Propriedade 2:

- Se k  0, os pontos X e X 1  H ( X ) estão na
mesma semi-recta OX.
No exemplo ao lado, k  3 .

- Se k  0 , os pontos X e X 1  H ( X ) estão na
recta OX, mas em semi-rectas diferentes.
No exemplo ao lado, k  2 .

 Propriedade 3: Se os pontos X e X 1 ,
Y e Y1 forem respectivamente correspondentes
pela homotetia de coeficiente k, então X 1Y1  k . XY

No exemplo ao lado, k  3 e, portanto,


 
X 1Y1  3. XY

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- Corolário 1: Através duma homotetia de coeficiente k, todas as distâncias


entre pontos correspondentes são multiplicadas por k : X1Y1  k . XY .

No exemplo ao lado, pela homotetia de


centro em O e k  4 , o segmento AB foi
transformado no segmento A1B1 e temos
que: A1B1  4. AB // A1B1

- Corolário 2: Através duma homotetia de coeficiente positivo, todo o vector se


transforma num outro do mesmo sentido. Por uma homotetia de coeficiente
negativo, todo o vector se transforma num outro de sentido contrário.

- Corolário 3: Toda a homotetia transforma


um segmento num outro paralelo a ele.

No exemplo ao lado, pela homotetia de


centro em O e k  4 , o segmento AB foi
transformado no segmento A1B1 que é paralelo
a ele: AB // A1B1

- Corolário 4: Toda a homotetia transforma uma recta numa outra recta


paralela a ela.

- Corolário 5: Toda a homotetia transforma


um ângulo num outro ângulo congruente a ele.

Observação: A homotetia não é uma


isometria, ou seja, não mantém as
distâncias, a não ser no caso particular em
que k  1 . Assim, pela homotetia, as
distâncias são “ampliadas” ou “reduzidas” um
dado número de vezes dependendo de k .

Na figura ao lado, pela homotetia de centro


em F e k  2 , o pentágono ABCDE tem como
imagem o pentágono A´B´C´D´E´.

Como se pode observar, as medidas dos


lados do pentágono imagem, são o dobro das
medidas dos lados do pentágono original. No
entanto, é de salientar que as medidas dos
ângulos se mantêm, de acordo com o Corolário acima.

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Exercícios - Tema 7

1. Construa figuras simétricas ao triângulo equilátero ABC, tomando como eixo de simetria: a)a
recta AB; b)a recta AC; c)a recta BC. Que figura forma a união da figura dada inicialmente com as
figuras obtidas nas 3 alíneas?

2.Construa a figura simétrica às figuras dadas, assumindo como eixo de simetria a recta AB.
a) b) c)
A A A

B B B
3. São dados a recta MK e dois pontos A e B, situados em semi-planos diferentes. Construa a
imagem destes pontos pela simetria de eixo MK.

4. São dados a recta MK e dois pontos A e B, situados no mesmo semi-plano. Ache na recta MK um
ponto C tal que as semi-rectas CA e CB componham com a recta dada, ângulos congruentes.

5. Terá centro de simetria: a) um segmento?; b) uma recta?; c) uma semi-recta?; d) um par de


rectas concorrentes? Nos casos afirmativos, indique onde se encontram os referidos centros de
simetria.

6. Quais das seguintes figuras têm: I)Centro de simetria?; II)Eixo de simetria?; III)Mais do que um
eixo de simetria?

a) b) c) d)

e) f) g) h)

i) j) l) m) n)

7. Quando é que uma recta se sobrepõe a si própria pela simetria axial?

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8. Construa figuras simétricas às seguintes, assumindo o centro de simetria indicado em cada
caso:

a) b) c) d)

i) Centro de simetria em O; ii) Centro de simetria em C

9. Seja a recta m e os pontos X e Y situados no mesmo semi-plano. Sejam os pontos X 1 e Y1 as


suas imagens pela simetria de eixo m. Serão simétricos, pela mesma simetria, os seguintes
segmentos: a) XY e X 1Y1 ; b) XX1 e YY1 ; c) XY1 e YX 1 ? Justifique.

10. Desenhe um ângulo recto. Construa a sua imagem pela rotação com centro no seu vértice e
ângulo de 45º. Indique na figura: a) a união dos dois ângulos; b) a sua intersecção.

11. Indique os centros e ângulos de rotação possíveis que transformam: a) um segmento


sobreposto a si próprio; b) um quadrado sobreposto a si próprio.

12. Construa as figuras obtidas pela rotação das que se seguem de acordo com as indicações de
cada alínea:

a) b) c) d) e)

Centro O Centro P Centro A Centro O Centro P


 = 90º  = - 45º  = -180º  = 60º  = -90º

13. Indique o centro de rotação pela qual um ponto dado A se sobrepõe a outro ponto dado B.
Quantas soluções existem?

14. Dois vértices não consecutivos de um quadrado são (3,5) e (2,-1/2). Determine as coordenadas
do seu centro de simetria.

15. Qual é a imagem do ponto P(2,3) pela homotetia no plano de centro C(1,5) e de razão 4?

16. Qual é o simétrico do ponto P(3,5) pela simetria de centro C(1,4)?

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17. Determine a imagem de cada um dos seguintes pontos, pela translação T(-2,7): a) P(3, -2); b)
Q(4,6); c) R(-3,11).

18. A translação T no plano, transforma o ponto A(-2,3) no ponto B(4,6). Qual a imagem, do ponto
P(2,-3) pela mesma translação?

19. Uma transformação do plano é definida pela correspondência (r,s)4(r,s). De que


transformação se trata?

20. É dado um triângulo ABC tal que: A(1,4), B(4,-3) e C(-2,1). Pela translação T, A’ = T(A) = (3,12).
Se B’=T(B) e C’=T(C), quais são as coordenadas de B’ e C’?

21. No exercício anterior, qual é a relação entre o triângulo ABC e o triângulo A’B’C’ ?

22. É dado um triângulo D’E’F’ com D’(-2,0), E’(8,16) e F’(3,1). Se este triângulo for a imagem obtida
por translação de um outro triângulo DEF, quais são as coordenadas de D e E, sabendo que as
coordenadas de F são F(12,4)?

23. Como se pode achar o coeficiente de homotetia sendo dados dois pontos correspondentes e o
centro da homotetia?

24. Poderá achar o centro de homotetia conhecendo: a) somente um par de pontos


correspondentes?; b) dois pares de pontos correspondentes que não pertencem á mesma
recta?

25. Mostre que a composição de duas homotetias com centro de homotetia comum e de
coeficientes k1 e k2 respectivamente, é uma homotetia com o mesmo centro e de coeficiente
igual a k=k1.k2.

26. Em relação ao centro da homotetia, onde estarão situados um ponto e a sua imagem, se:

a)k<0; b)k>0; c )0<k<1; d) k>1?

27. Construa as imagens das seguintes figuras, obtidas por meio das homotetias indicadas em cada
caso:
A

.P

a)Centro O; k =2; a)Centro A; k=-1; a)Centro O; k=2; a)Centro P; k=3; a)Centro P; k=-1;
b) Centro P; k= 1/2 b) Centro A; k=1/4 b) Centro P; k=2 b)Centro P; k=-2 b)Centro P; k=-3

28. Sejam dois triângulos congruentes. Pode-se dizer que um deles é imagem do outro por
homotetia? Se sim, qual o valor do coeficiente de homotetia?

Respostas:

14. (5/2, 9/4) ; 15. (5,-3); 16. (-1,3); 17. a) P´(1,5); b) Q´(2,13); c) R´(-5,18); 18. (8,0)

20. B´(6,5); C´(0,9); 22. D(7,3); E(17,19)

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-72-

Tema 8 - Semelhança de figuras. Teorema de Tales

Feixe de rectas paralelas

Um conjunto de três ou mais rectas paralelas num plano é


chamado feixe de rectas paralelas. A recta que intersecta
as rectas do feixe é chamada recta transversal. As rectas
A, B, C e D que aparecem na figura ao lado, formam um
feixe de rectas paralelas enquanto que as rectas S e T são
rectas transversais.

Teorema 8.1.:Teorema de Tales

Se duas rectas quaisquer intersectarem um feixe de rectas paralelas, e os segmentos


definidos numa das rectas forem congruentes entre si, então os correspondentes
segmentos definidos na outra recta também são congruentes entre si.

Se AA1 // BB1 // CC1 e AB  BC ,


então temos que: A1B1  B1C1

Teorema 8.2.: Generalização do Teorema de Tales

Se duas rectas quaisquer intersectarem um feixe de rectas paralelas, ficam definidos,


naquelas rectas, segmentos de comprimentos proporcionais.

Sendo AA1 // BB1 // CC1 temos:

AB A´B´ AB A´B´
 ;  ;
BC B´C´ AC A´C´

BC B´C´

AC A´C´

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-73-

Consequências do Teorema de Tales

Teorema 8.3.: (Teorema da Linha Média do Triângulo)

Qualquer Linha Média dum triângulo é paralela ao terceiro lado e o seu comprimento é
igual a metade do comprimento desse lado.

Sabendo que:
 D é ponto médio de AC , i.e., AD  DC
 E é ponto médio de AB , i.e., AE  EB
 F é ponto médio de BC , i.e., BF  FC

Demonstra-se que:
1
 DE//BC e DE  BC
2
1
 EF//AC e EF  AC
2
1
 FD//AB e FD  AB
2

Teorema 8.4. (Teorema da Bissectriz):

Num triângulo, a bissectriz dum seu ângulo, divide o lado oposto a ele em dois
segmentos proporcionais aos lados do triângulo que formam o ângulo em causa.

Sabendo que AD é bissectriz do BAC ,


demonstra-se que:

AB AC

BD CD

Conceito de Semelhança

Conceito: Duas figuras são semelhantes se tiverem a mesma forma

Exemplos: a) Quaisquer circunferências, independentemente dos seus raios


b) Quaisquer quadrados, independentemente do comprimento dos
seus lados.

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-74-

Definição 8.1.: Polígonos Semelhantes


Dois polígonos são semelhantes se tiverem em simultâneo:
1. todos os ângulos respectivamente congruentes
2. todos os lados respectivamente proporcionais.

ABCDE ~ A´B´C´D´E´ se:

 A  A´ , B  B´ , C  C´ , D  D´ e


E  E´

A´B´ B´C´ C´D´ D´E´ E´ A´


     k
AB BC CD DE EA

A constante de proporcionalidade k chama-se Razão de Semelhança.

Observação: Em triângulos semelhantes, a razão entre as respectivas linhas notáveis


(alturas, bissectrizes, medianas, etc.) é igual à razão de semelhança.

Por exemplo, na figura,

ABC ~ A1B1C1 , com razão de


semelhança k . Se:

1) BH é uma altura e AE é uma


mediana do ABC
2) B1 H 1 é uma altura e A1 E1 é uma
mediana do A1 B1C1
(correspondentes, respectivamente à
altura e mediana indicadas em 1).

A1 E1 B1 H1
Então, temos:  k
AE BH

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-75-

Critérios de Semelhança de Triângulos

Critério 1: Se os três lados dum triângulo forem respectivamente proporcionais aos


três lados dum outro, estes dois triângulos são semelhantes.
(Abreviatura: L.L.L.)
Exemplo:

Critério 2: Se dois ângulos dum triângulo forem congruentes a dois ângulos


dum outro, estes dois triângulos são semelhantes. (Abreviatura: A.A.)

Exemplo:

Critério 3: Se dois lados dum triângulo forem proporcionais a dois lados dum
outro e se os ângulos formados por estes dois pares de lados forem
congruentes, os dois triângulos são semelhantes. (Abreviatura: L.A.L.)

Exemplo:

Na figura temos que:


ABC ~ DAC
Relações Métricas no Triângulo Rectângulo ABC ~ DBA
ACD ~ BAD

Seja o triângulo ABC rectângulo em A; Daqui vem que:


seja o segmento AD a altura 1. a.h  b.c
relativa à hipotenusa. 2. b 2  a.m
3. c 2  a.n
4. h 2  m.n

Somando membro 2. e 3., vem que:

b2  c 2  a.m  a.n  a(m  n)  a 2  b2  c 2

que é o enunciado do Teorema de


Pitágoras.

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Exercícios – Tema 8
1. Sabendo que as rectas r, s e t são paralelas entre si, calcule o valor de x:

a) b) c) AA´//BB´//CC´;

AB  3; BC  9 ; DE  x  1;
EF  12 AB  18; BC  x ; DB  24; BE  15 AB  8; BC  6 ; A´B´  10;
A´´C´  x;

2. Os lados dum triângulo ABC medem: AB  9; BC  14 e AC  12 . A bissectriz do ângulo A


divide o lado BC em dois segmentos, BD e CD. Calcule as medidas destes dois segmentos.

3. Determine as medidas dos lados do triângulo ABC, sabendo que o seu perímetro é igual a 48
cm e que a bissectriz do ângulo A divide o lado BC em dois segmentos, BD e CD que medem 5
cm e 15 cm, respectivamente.

4. No triângulo ABC, o lado BC mede 12 cm e 5. Na circunferência seguinte, calcule o


a altura h em relação a este lado mede 8 comprimento do segmento PA, sabendo que;
cm. BP  16 ; DP  8 ; CP  4
Calcule o perímetro do rectângulo inscrito
DEFG, sabendo que GF é o triplo da altura
EF.

6. No trapézio ABCD ao lado,


as bases AB e CD medem, A B
respectivamente, 4cm e 10cm,
e a sua altura mede 12 cm.
Prolongando-se os lados não paralelos
AD e BC, encontramos o ponto E.
Calcule a altura do triângulo ECD, D C
traçada a partir do vértice E.

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7. Num triângulo ABC isósceles ( AB  AC ), a base BC mede 12 cm e a altura AH mede 9 cm.
Quanto mede o raio da circunferência circunscrita a este triângulo?

8. Num triângulo rectângulo, as projecções dos catetos sobre a hipotenusa medem 4 cm e 9 cm.
Calcule a medida da altura relativa à hipotenusa e a medida do cateto menor.

9. O perímetro dum triângulo equilátero ABC é igual a 24 cm. Calcule a distância do vértice B ao
ponto médio da altura AH.

10. Num triângulo ABC isósceles ( AB  AC ), a base BC mede 12 cm e a altura AH mede 8 cm.
Calcule a medida do raio da circunferência inscrita neste triângulo.

11. As duas circunferências maiores têm raios de 16 cm. Calcule a medida do raio da circunferência
menor que é tangente às outras duas e à recta t.

12. Num triângulo ABC, as medianas que partem de A e de B, respectivamente, são


perpendiculares entre si. Se BC  8cm e AC  6cm , calcule a medida do lado AB.

13. De dois triângulos [ABC] e [MNP] sabe-se que: BAC = 100º, ABC = 15º, NMP = 65º MNP =
100º
Poder-se-á concluir que são semelhantes? Em caso afirmativo indique os pares de lados
correspondentes.

14. Observa com atenção a


figura. Sabendo que a
árvore mais pequena tem
1.5m de altura, calcula a
altura da árvore maior.

15. Em dois triângulos rectângulos, um tem um ângulo de 35º e o outro um ângulo de 55º. Os
triângulos são semelhantes? Justifique.

16. Os perímetros de dois triângulos isósceles semelhantes são de 20 cm e 25 cm . A altura


referente à base do triângulo de menor perímetro mede 4 cm. Quanto mede a altura referente à
base, do outro triângulo?

17.
17. Determine, na figura ao lado, o
comprimento do segmento DM, sabendo
BG 3
que: AG//DM ;  e AG  9
BD 2

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18. Seja ABCD um quadrilátero convexo qualquer. Demonstre que o quadrilátero que se obtém
unindo os pontos médios dos lados do quadrilátero ABCD, é um paralelogramo.

19. Na figura os triângulos OAB e OCD são semelhantes . Sabendo que OA  5,2m , OC  1,3m e
OD  0,6m
O
a) Calcule a razão de semelhança que transforma o triângulo
C D OCD no triângulo OAB.
b) Calcule OB .
c) Sabendo que a área do triângulo OCD é 0,25 m2, determine
a área do triângulo OAB.
A B

20. Que figura formam as linhas médias dum triângulo? Determine o perímetro da figura obtida,
sabendo que o perímetro do triângulo inicial é igual a p.

21. Os comprimentos das diagonais dum quadrilátero dado são iguais a m e n. Ache o perímetro
do quadrilátero cujos vértices são os pontos médios dos lados do quadrilátero dado.

22. No interior dum ângulo ABC é dado o ponto D. Trace por este ponto uma recta de tal modo
que o seu segmento contido no ângulo seja dividido no ponto D, na seguinte proporção: a) 1 :
2; b) 2 : 3.

23. Demonstre que o segmento que une os pontos médios de dois lados de um triângulo é
paralelo ao terceiro lado e mede metade do comprimento deste lado.

24. Demonstre que: “A mediana que une os lados não paralelos dum trapézio é paralela às bases
e o seu comprimento é igual à semi-soma dos comprimentos destas”.

25. Serão semelhantes duas figuras congruentes quaisquer?

26. Serão congruentes duas figuras semelhantes quaisquer?

27. Serão semelhantes dois segmentos não congruentes?

28. Serão semelhantes dois triângulos equiláteros?

29. O triângulo ABC de figura ao lado é rectângulo em


B e o polígono de vértices XPYB é um quadrado
cujo lado tem medida s. Sabendo que AB  3 e
BC  4 , determine s. (Sugestão: utilize
semelhança de triângulos)

30. Os lados dum triângulo medem 12,6 cm, 16,5 cm e 18 cm. Calcule a medida dos lados dum
outro triângulo semelhante ao dado, sabendo que o menor lado do segundo triângulo é
congruente ao maior lado do dado.

31. Serão semelhantes dois triângulos rectângulos se num deles um ângulo medir 42º e no outro,
um ângulo medir 48º?

32. Num triângulo rectângulo baixa-se a altura a partir do vértice do ângulo recto. Quantos e que
pares de triângulos semelhantes se formam?

33. Poder-se-á cortar um triângulo acutângulo ou obtusângulo não isósceles, em dois triângulos
semelhantes, através duma recta que passe por um dos vértices do triângulo dado?
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34. Demonstre o Corolário 1 do Teorema de Thales: “Uma recta paralela a um lado dum triângulo
e que intersecta os outros dois lados, define no triângulo dado, um outro triângulo de lados
proporcionais aos lados do triângulo inicial.”

35. Demonstre o Corolário 2 do Teorema de Thales: “A bissectriz dum ângulo do triângulo ABC
divide o lado oposto a este ângulo, em segmentos proporcionais aos outros dois lados do
triângulo.”

36. O lado AB do triângulo ABC encontra-se dividido em dois segmentos, AD  8cm e BD  4cm
. Determine a razão entre as distâncias dos pontos B e D em relação ao lado AC.

37. Num círculo de raio igual a 25 cm, são traçadas duas cordas paralelas de comprimentos 14
cm e 4 cm. Calcule a distância entre as cordas.

38.
Sabendo que AB//XY, XY//CD e que P é o
ponto de intersecção das diagonais de ABCD,
BC AD
a) Mostre que  ;
BY AX

b) Mostre que XP  YP

39. Determine as razões entre os


perímetros e as áreas do ΔBAD e do
ΔPBC.
AM  BD ; PC // AM
IAMI = 6 ; IBNI = 4
ABCD é um rectângulo.

ABCD é um rectângulo.
40. Demonstre que : “ O segmento da recta paralela às bases de um trapézio traçada pelo ponto
de intersecção das suas diagonais, é dividido ao meio neste ponto”.


41. No triângulo ABC, AM é a bissectriz do ângulo BAC. M pertence ao lado BC. Determine AM ,
   
sabendo que a  AB e b  AC .

64
Respostas: 1. a) 5; b) 20; c) 17,5; 2. 6; 8 3. 7, 20, 21; 4. ; 5.
3
2; 6. 20; 7. 6,5 ; 8. 6; 2 13 ; 9. 2 7 ; 10. 3; 11. 4 ; 12.
2 5; 13. Sim; 14. 3,8; 15. Sim; 16. 5 cm; 17. 6; 19. a)4; b)
1
2,4; c) 4; 20. p ; 21. m+n; 23. 18; 25. Sim; 26. Não; 27. Sim;
2
12
28. Sim; 29. ; 30. 18; 23,5; 25,7; 31. Sim; 32. ABC e HAC ; ABC
7
3
e HBA; ABH e CAH ; 33. Não; 36. ; 37. 0,9 cm ou 48,9 cm, conforme a
2

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3 9
posição em que se encontrem as cordas (ambos aproximadamente). 39. e . 40.
2 4

a
   
AM  a  .( b  a )
 
a  b

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Tema 9 – Lugares Geométricos Básicos

Definição 9.1.: Lugar Geométrico de pontos é a figura cujos pontos, e só eles,


satisfazem a uma certa condição dada.

Exemplos de Lugares Geométricos

1) O lugar geométrico dos pontos equidistantes de um ponto fixo é uma


circunferência com o centro no ponto dado e cujo raio é igual à distância dada.

2) O lugar geométrico dos pontos equidistantes dos extremos de um segmento é a


recta perpendicular que passa pelo ponto médio desse segmento. A esta recta
chama-se Mediatriz do segmento.

3) O lugar geométrico dos pontos equidistantes de uma recta é formado por duas
rectas, paralelas à primeira e que se encontram à mesma distância dada, daquela
recta.

4) O lugar geométrico dos pontos equidistantes de duas rectas paralelas é uma


recta paralela às dadas e que passa pelo ponto médio do segmento da
perpendicular compreendido entre as primeiras rectas.

5) O lugar geométrico dos pontos equidistantes dos lados de um ângulo é a


bissectriz desse ângulo.

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Exercícios – Tema 9
1. Qual é o lugar geométrico dos centros das circunferências tangentes simultaneamente a duas
rectas paralelas?

2. Sejam segmentos de recta todos congruentes, tais que um dos seus extremos esteja apoiado na
mesma recta r. Qual é o lugar geométrico dos outros extremos, sabendo que todos os
segmentos fazem o mesmo ângulo com a recta r?

3. Qual é o lugar geométrico dos pontos equidistantes de duas circunferências concêntricas de


raios iguais a 2cm e 6cm?

4. Qual é o lugar geométrico dos centros das circunferências tangentes simultaneamente aos lados
de um ângulo?

5. Qual é o lugar geométrico dos centros das circunferências tangentes a uma recta num dado
ponto?

6. Qual é o lugar geométrico dos centros das circunferências de raio igual a 1 cm tangentes a uma
recta?

7. Qual é o lugar geométrico dos pontos médios dos raios de uma circunferência de 8cm de raio?

8. Qual é o lugar geométrico dos pontos médios dos segmentos cujos extremos existem sobre
duas rectas paralelas?

9. Qual é o lugar geométrico dos centros das circunferências que passam por dois pontos fixos?

10. Qual é o lugar geométrico dos pontos médios das cordas de uma circunferência, paralelas à
mesma recta?

11. Qual é o lugar geométrico dos centros das circunferências de raio igual a 2cm tangentes
exteriormente a uma circunferência de raio igual a 1 cm?

12. Qual é o lugar geométrico dos pontos equidistantes 2cm de uma circunferência de raio igual a:
a) 3cm?; b) 2cm?; c) 1cm?

13. Qual é o lugar geométrico dos vértices opostos à hipotenusa de todos os triângulos rectângulos
com a mesma hipotenusa?

14. Dado um ângulo, determine um ponto que diste 2cm de cada um dos seus lados.

15. Seja um triângulo equilátero de lado igual a 3 cm. Numa figura, indique a tracejado a zona
constituída pelos pontos que se encontram, ao mesmo tempo, a uma distância superior a 1 cm
de cada um dos 3 vértices do triângulo.

16. Seja um quadrado de lado igual a 5 cm. Numa figura, indique a tracejado a zona constituída
pelos pontos que se encontram, ao mesmo tempo, a uma distância superior a 1 cm de cada um
dos 4 vértices do quadrado.

17. Determine o lugar geométrico dos pontos médios de todas as cordas duma circunferência,
congruentes a uma corda dada.

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18. Seja um quadrado de lado igual a 5 cm. Numa figura, indique a tracejado a zona constituída
pelos pontos que se encontram, ao mesmo tempo, a uma distância superior a 1 cm de cada um
dos pontos médios dos lados do quadrado.

19. Seja um triângulo equilátero de lado igual a 3 cm. Numa figura, indique a tracejado a zona
constituída pelos pontos que se encontram, ao mesmo tempo, a uma distância superior a 1 cm
de cada um dos pontos médios dos lados do triângulo.

20. Seja um triângulo equilátero de lado igual a 6 cm. Numa figura, indique a tracejado a zona
constituída pelos pontos do triângulo que se encontram, ao mesmo tempo, a uma distância
superior a 1 cm de cada um dos 3 lados do triângulo.

21. Seja um quadrado de lado igual a 3 cm. Numa figura, indique a tracejado a zona constituída
pelos pontos do quadrado que se encontram, ao mesmo tempo, a uma distância superior a 1 cm
de cada um dos 4 lados do quadrado.

22. Uma recta dista 2cm de um ponto P. Marque na recta os pontos que distam 3cm de P.

23. Dado um triângulo rectângulo, determine sobre um dos catetos um ponto equidistante dos
extremos da hipotenusa.

24. Uma recta intersecta duas rectas paralelas. Determine sobre a recta um ponto equidistante das
paralelas.

25. Considere uma circunferência de raio igual a 2cm e um diâmetro AB. Determine os pontos da
circunferência que distam 1cm do diâmetro AB.

26. Dada uma circunferência e um ângulo ao centro, determine o ponto da circunferência


equidistante dos lados do ângulo.

27. Dada uma circunferência de raio igual a 3cm e um ponto P à distância de 2cm do centro,
determine, sobre a circunferência, os pontos que distam 2cm de P.

28. Dado um triângulo rectângulo, determine sobre a hipotenusa um ponto equidistante dos catetos.

29. Dadas duas rectas paralelas e uma secante, determine um ponto equidistante das três rectas.

30. Dadas duas rectas paralelas e uma secante, determine os pontos equidistantes das paralelas e
que distam 2,5cm da secante.

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Tema 10 - Trigonometria

1. Razões Trigonométricas no Triângulo Rectângulo

Num triângulo rectângulo temos que:

O seno de um ângulo agudo x é dado pela razão entre a medida do cateto oposto a ele
e a medida da hipotenusa:

senx  
cateto _ oposto
hipotenusa

O cosseno de um ângulo agudo x é dado pela razão entre a medidad do cateto


adjacente a ele e a medida da hipotenusa:

cos x  
cateto _ adjacente
hipotenusa

A tangente de um ângulo agudo x é dado pela razão entre a medida do cateto oposto
a ele e a medida do cateto adjacente:

tg x  
cateto _ oposto
cateto _ adjacente

Assim, na figura ao lado, temos que:

a c a
sen  ; cos   ; tg 
b b c

c a c
sen  ; cos   ; tg 
b b a

Usando o Teorema de Pitágoras, chegamos à seguinte propriedade:

Propriedade:
O quadrado do seno dum ângulo, adicionado do quadrado do coseno do mesmo
ângulo, é igual a 1:

sen2  cos 2   1

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2. Relações Métricas em Triângulos Quaisquer

A A A

c b c b c b

B a C B a C B a C

Em qualquer um dos triângulos acima verificam-se as igualdades:

1) Teorema dos Cosenos: 2)Teorema dos Senos

a 2  b 2  c 2  2.b.c. cos A a

b

c
 2R
senA senB senC
b 2  a 2  c 2  2.a.c. cos B
c 2  a 2  b 2  2.a.b. cos C sendo R o raio da circunferência circunscrita
ao triângulo

da circunferência circunscrita ao triângulo.

Área do Paralelogramo usando Trigonometria

No Tema 5 (pg 48) , vimos que a área dum paralelogramo é dada pelo produto da medida dum
seu lado pela medida da altura traçada em relação a este lado.

Ora, é fácil de mostrar que a área dum paralelogramo pode


também ser dada pelo produto das medidas de dois lados,
pelo seno do ângulo formado por estes dois lados.

Assim: S ABCD  a  b  senD

Pode-se, obviamente, usar qualquer um dos ângulos do paralelogramo para calcular a sua área,
como por exemplo: S ABCD  a  d  senC

Área do Triângulo usando Trigonometria

A área do triângulo ACD é igual a metade da área do


paralelogramo ABCD, pelo que também pode ser calculada
recorrendo ao seno dum dos seus ângulos.
Assim, a área dum triângulo é dada pelo semi-produto das
medidas de dois lados pelo seno do ângulo formado por
1
esses lados: S ACD   a  b  senD
2

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Exercícios – Tema 10

1. Os lados dum triângulo ABC medem: AB  10; AC  14 e BC  16 . Calcule tgB.

2. Num triângulo ABC, a mediana AM mede 5 cm e os lados AB e AC medem,


respectivamente, 6cm e 8 cm. Calcule a medida do lado BC .

3. Num triângulo ABC temos que: AC  15 cm, ABˆ C  60º e CAˆ B  75º . Calcule a
medida do lado AB.

4. Os lados dum triângulo ABC medem: AB  15; AC  13 e BC  14 . Calcule:


a) senB; b) a medida do raio da circunferência circunscrita;
c) a medida da altura AH.

5. Dois lados consecutivos de um paralelogramo medem 8m e 12m e formam um ângulo de


60º. Calcule as medidas das diagonais.

6. As diagonais de um paralelogramo medem 8cm e 10 cm, e formam entre si um ângulo


de 30º. Calcule a área deste quadrilátero.

7. Um losango tem perímetro 4a e um dos seus ângulos internos mede α. Calcule a sua
área.

8. Seja o losango ABCD. Sobre cada lado e


no mesmo sentido, tomam-se os comprimentos
IAMI = IBQI =ICPI = IDNI =1 cm. Calcule a área do
quadrilátero MQPN:

a) Sabendo que o lado do losango tem a mesma medida


que a diagonal BD e que esta mede 3cm .
b) Sabendo que BD  acm e que o lado do losango
mede 3 cm .

9. Demonstre que: “A razão das áreas de dois polígonos semelhantes é igual ao quadrado
da razão de semelhança”.

10. Num triângulo, os seus lados medem 4, 5 e 6. Determine a medida do seu maior ângulo.

11. Determine a natureza, quanto aos ângulos, de um triângulo cujos lados medem:
a) 6, 8 e 11; b) 10, 14 e 17.

12. Os lados dum triângulo medem 7 cm, 15 cm e 20 cm. Calcule a medida da projecção
ortogonal do menor lado sobre o maior.

13. Num triângulo acutângulo ABC, a altura que parte do vértice C forma com os lados CA e
CB, respectivamente, ângulos   30 º e   45º . Seja D o pé da altura do vértice C.
Calcule as medidas dos segmentos BD, AC e CD sabendo que AD  1 .

14. Calcule a soma dos lados AC e BC do triângulo, sabendo que AB  3 2 , o ângulo A

mede 45º e o ângulo C mede 30º.

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-87-

15. Na figura, AB  5dm , AD  5 7 dm , DBˆ C  60 º e DCˆ A  90 º .

Determine a medida do lado CD em decímetros.

16. Determine a área do triângulo ABC representado na figura


ao lado.

Respostas:
4 65
1. 3; 2. 10; 3. 5 6 ; 4. a) ; b) ; c) 12 ; 5. 4 7 ; 4 19 ; 6. 20 ;
5 8
5 5a 1
7. a 2 .sen ; 8. a) 3; b) 36  a 2 10. arccos ; 11. a) Obtusângulo;
2 18 8
b) Acutângulo;
28
12.
5
; 13. BD  3 , AC  2 e CD  3 ;  
14. 6  3 3  1 ;

15. 5 3dm ; 
16. 2  2 3 cm 2 

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Referências

 ALVARINHO, Ida; ELGERSMA, Remke, HUILLET, Danielle e outros: Matemática -


Manual I, UEM – BUSCEP;
 GERDES, Paulus e CHERINDA, Marcos: Teoremas Famosos da Geometria
 NERY, Chico e TROTTA, Fernando: Geometria
 PALMA FERNANDES, António do Nascimento: Elementos de Geometria- Coimbra
Editora, Limitada
 THACH, Hoang: Geometria Espacial – Partes Teórica e de Exercícios - UEM
 VODOPIANOV, Serguei e ALVARINHO, Ida : Geometria Euclidiana – UEM
 YÁKOVLIEV, G.N. : Geometria – Editorial Mir.1985

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