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Sumário
Introdução 4
1 – Figuras Geométricas 4
2 – O INSTRUMENTAL DE DESENHO TÉCNICO: equipamentos e materiais 19
3 – Processo de Construção 23
4 – Identificação de vistas 27
5 – Normas de Desenhos Técnicos 33
6 – Formato de Papéis 33
7 – Caligrafia Técnica 36
8 – Tipo de Linhas 37
9 – Supressão de vistas 55
Exercício: 56
10 – Identificação e Leitura de Cotas, Símbolos e Materiais. 58
11 – Regras de Cotagem 58
12 – Símbolos em Materiais Perfilados 65
13 – Convenções para Acabamento de Superfícies 65
14 – Indicação de estado de superfície 69
15 – Rugosidade 69
Exercícios 75
16 – Tolerância 76

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Introdução 1 – Figuras Geométricas

As figuras geométricas foram criadas a partir da


A humanidade sempre se valeu da repre- observação das formas existentes na natureza e dos
sentação gráfica para transmitir comunicação. Além objetos produzidos pelo homem.
da escrita, que transmite o pensamento ou fala do
comunicador, temos o desenho como ferramenta de 1.1 – Figuras Geométricas Elementares
representação de nossa imaginação ou observação
visual. O ponto é a figura geométrica mais simples.
Não tem dimensão, isto é, não tem comprimento,
No desenho artístico existem várias lacu- nem largura, nem altura.
nas, pois limita-se a representar a semelhança do
objeto, paisagem ou imaginação do artista. Deixan- No desenho, o ponto é determinado pelo
do a cargo de quem o observa o preenchimento de cruzamento de duas linhas. Para identificá-lo, usa-
tais lacunas. mos letras maiúsculas do alfabeto latino, como mos-
tram os exemplos:
O desenho técnico tem a finalidade, não só
de apontar a intenção, mas de dar informações pre-
cisas de todos os detalhes da peça, máquina ou es-
trutura existente na imaginação do desenhista técni-
co. Definimos o desenho técnico como a linguagem
gráfica na qual se expressam e registram as idéias e Lê-se: ponto A, ponto B e ponto C.
informações para a construção de máquinas e estru-
turas. 1.1.1 – Linha

O desenho técnico, talvez, seja a matéria Podemos ter uma idéia do que é linha, observan-
mais importante de um curso técnico. Todo estudan- do os fios que unem os postes de eletricidade ou o
te deve saber executar, ler e interpretar desenhos. traço que resulta do movimento da ponta de um lápis
Para tanto, faz-se necessário que estudemos sua sobre uma folha de papel.
linguagem, conhecendo seu alfabeto, sua composi- A linha tem uma única dimensão: o comprimento.
ção e sua gramática e, aprendermos suas expres- Você pode imaginar a linha como um conjunto in-
sões, convenções e abreviaturas. finito de pontos dispostos sucessivamente. O deslo-
camento de um ponto também gera uma linha.

1.1.2 – Linha reta ou reta

Para se ter a idéia de linha reta, observe um fio


bem esticado. A reta é ilimitada, isto é, não tem iní-
cio nem fim. As retas são identificadas por letras mi-
núsculas do alfabeto latino. Veja a representação da
uma reta r:

1.1.3 – Semi-reta

Tomando um ponto qualquer de uma reta, dividi-


mos a reta em duas partes, chamadas semi-retas.
A semi-reta sempre tem um ponto de origem, mas
não tem fim.

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O ponto A dá origem a duas semi-retas.

1.1.4 – Segmento de reta

Tomando dois pontos distintos sobre uma reta,


obtemos um pedaço limitado de reta. A esse pedaço
de reta, limitado por dois pontos, chamamos seg-
mento de reta. Os pontos que limitam o segmento
de reta são chamados de extremidades.

No exemplo a seguir temos o segmento de reta


1.4 – Círculo
CD, que é representado da seguinte maneira: CD.
A porção de plano limitado por
uma circunferência é um círculo.
Os pontos C e D (extremidades) determinam o (digamos que chama círculo a
segmento de reta CD. toda a região a «verde» no dese-
nho ao lado)
1.2 – Posições relativas de duas retas

1.4.1 – Perímetro do círculo

1.3 – Circunferência

Circunferência é uma linha curva fechada em que


todos os seus pontos ficam à mesma distância de
um ponto C (centro).
• Um raio une o centro com um ponto da cir-
cunferência.
• Uma corda une dois pontos da circunferên-
cia. Qualquer segmento de reta que não passe no O perímetro do círculo é:
centro. • o comprimento da circunferência que o limi-
• Um diâmetro é uma corda que passa pelo ta;
centro da circunferência. • sempre 3 vezes e mais um bocado (0,14)
• Um arco é uma parte da circunferência defi- maior que o diâmetro.
nida por dois dos seus pontos.
• Uma semicircunferência é a metade da cir-
cunferência, definida pela parte extremos de um diâ-
metro. Para calcular o perímetro de um círculo, multipli-
ca-se por 3,14 o comprimento do diâmetro.

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P=πxd Letra grega Pi, também conhecida
P - perímetro do círculo como constante circular, constante de
Arquimedes ou número de Ludolph.
π - valor constante de 3,14
d - diâmetro

Exercício resolvido

Para determinarmos o perímetro da figura


formada por dois semicírculos cujos centros são os
pontos A e B, temos que:

No 1.º semicírculo,
P=πxd:2
P = 3,14 x 6 :2
P = 9,42 cm

No 2.º semicírculo,
P=πxd:2
P = 3,14 x 6 :2
P = 9,42 cm
ou pleno
As duas linhas curvas medem 18,84 cm
1.5.1 – Bissetriz do ângulo
Logo, o perímetro total da figura é: 3 + 3 + 18,84
= 24,84 cm
É a semi-reta com origem no vértice de um ângu-
lo, dividindo-o ao meio.
1.5 – Ângulos

O ângulo é a região de um plano formada pela


abertura de duas semi-retas que possuem uma ori-
gem em comum (denominada vértice do ângulo),
dividindo este plano em duas partes.
Uma das formas para se medir o ângulo consis-
te em dividir a circunferência em 360 partes iguais.
Cada uma dessas partes corresponde a 1 grau (1º).

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Observe que na figura 2 a bissetriz do ângulo BVA de 60º (figura 01) forma um ângulo BVC e outro CVA,
ambos com 30º. Ou seja, a bissetriz (segmento de reta VC) divide o ângulo BVA de 60º em dois ângulos
de 30º cada. Na figura 03 a bissetriz (segmento de reta VE) divide o ângulo BVC ao meio, formando dois
ângulos de 15º cada. Então, somando-se o ângulo EVC ao ângulo CVA, temos o ângulo EVA de 45º.

1.6 – Polígonos

Os polígonos são figuras planas e esse nome é originário do grego POLI (muitos) e GONO (ângulo)
sendo, portanto, a figura geométrica formada por muitos ângulos, ou seja, por uma linha poligonal fechada.

1.6.1 – Classificação dos Polígonos

1.7 – Plano

Podemos ter uma idéia do que é o plano observando uma parede ou o tampo de uma mesa.

Você pode imaginar o plano como sendo formado por um conjunto de retas dispostas sucessivamente
numa mesma direção ou como o resultado do deslocamento de uma reta numa mesma direção. O plano é
ilimitado, isto é, não tem começo nem fim. Apesar disso, no desenho, costuma-se representá-lo delimitado
por linhas fechadas:

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Para identificar o plano usamos letras gregas. É o caso das letras: α (alfa), β (beta) e γ (gama), que você
pode ver nos planos representados na figura acima.

O plano tem duas dimensões, normalmente chamadas comprimento e largura. Se tomamos uma reta
qualquer de um plano, dividimos o plano em duas partes, chamadas semiplanos.

1.8 – Posições da reta e do plano no espaço

A geometria, ramo da Matemática que estuda as figuras geométricas, preocupa-se também com a posi-
ção que os objetos ocupam no espaço.
A reta e o plano podem estar em posição vertical, horizontal ou inclinada.

1.9 – Figuras Geométricas Planas

Uma figura qualquer é plana quando todos os seus pontos situam-se no mesmo plano.
A seguir você vai recordar as principais figuras planas. Algumas delas você terá de identificar pelo nome,
pois são formas que você encontrará com muita freqüência em desenhos mecânicos.
Observe a representação de algumas figuras planas de grande interesse para nosso estudo:

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1.10 – Triângulos • Quanto aos ângulos

1.10.1 – Classificação:

• Quanto aos lados

Retângulo

eqüilátero

Acutângulo

isósceles

Obtusângulo

escaleno

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1.10.2 – Identificando os componentes do triângulo

1.11 – Quadriláteros

Um quadrilátero é um polígono de quatro lados, cuja soma dos ângulos internos é 360°, e a soma dos
ângulos externos, assim como qualquer outro polígono, é 360°.

1.12 – Sólidos Geométricos

Você já sabe que todos os pontos de uma figura plana localizam-se no mesmo plano. Quando uma figura
geométrica tem pontos situados em diferentes planos, temos um sólido geométrico.
Os sólidos geométricos têm três dimensões: comprimento, largura e altura.
Analisando a ilustração abaixo, você entenderá bem a diferença entre uma figura plana e um sólido ge-

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ométrico.

Dentre os sólidos geométricos limitados por superfícies planas, estudaremos os prismas, o cubo e as
pirâmides. Dentre os sólidos geométricos limitados por superfícies curvas, estudaremos o cilindro, o cone e
a esfera, que são também chamados de sólidos de revolução.

É muito importante que você conheça bem os principais sólidos geométricos porque, por mais complicada
que seja, a forma de uma peça sempre vai ser analisada como o resultado da combinação de sólidos geo-
métricos ou de suas partes.

1.12.1 – Prismas

O prisma é um sólido geométrico limitado por polígonos. Você pode imaginá-lo como uma pilha de polígo-
nos iguais muito próximos uns dos outros, como mostra a ilustração:

O prisma pode também ser imaginado como o resultado do deslocamento de um polígono. Ele é consti-
tuído de vários elementos. Para quem lida com desenho técnico é muito importante conhecê-los bem. Veja
quais são eles nesta ilustração:

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Note que a base desse prisma tem a forma de um retângulo. Por isso ele recebe o nome de prisma re-
tangular.
Dependendo do polígono que forma sua base, o prisma recebe uma denominação específica. Por exem-
plo: o prisma que tem como base o triângulo, é chamado prisma triangular.
Quando todas as faces do sólido geométrico são formadas por figuras geométricas iguais, temos um
sólido geométrico regular.
O prisma que apresenta as seis faces formadas por quadrados iguais recebe o nome de cubo.
1.12.2 – Pirâmides plana que dá origem ao sólido de revolução cha-
ma-se figura geradora. A linha que gira ao redor do
A pirâmide é outro sólido geométrico limit- eixo formando a superfície de revolução é chamada
ado por polígonos. Você pode imaginá-la como um linha geratriz.
conjunto de polígonos semelhantes, dispostos uns O cilindro, o cone e a esfera são os principais sóli-
sobre os outros, que diminuem de tamanho indefini- dos de revolução.
damente. Outra maneira de imaginar a formação de
uma pirâmide consiste em ligar todos os pontos de O cilindro é um sólido geométrico, limitado lateral-
um polígono qualquer a um ponto P do espaço. mente por uma superfície curva. Você pode imaginar
o cilindro como resultado da rotação de um retân-
gulo ou de um quadrado em torno de um eixo que
passa por um de seus lados. Veja a figura ao lado.
No desenho, está representado apenas o contorno
da superfície cilíndrica. A figura plana que forma as
bases do cilindro é o círculo. Note que o encontro
de cada base com a superfície cilíndrica forma as
arestas.

1.12.3 – Sólidos de revolução

Alguns sólidos geométricos, chamados sólidos de


revolução o, podem ser formados pela rotação de
figuras planas em torno de um eixo. Rotação signifi-
ca ação de rodar, dar uma volta completa. A figura

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Cone

O cone também é um sólido geométrico limitado lateralmente por uma superfície curva. A formação do
cone pode ser imaginada pela rotação de um triângulo retângulo em torno de um eixo que passa por um
dos seus catetos. A figura plana que forma a base do cone é o círculo. O vértice é o ponto de encontro de
todos os segmentos que partem do círculo. No desenho está representado apenas o contorno da superfície
cônica. O encontro da superfície cônica com a base dá origem a uma aresta.

Esfera

A esfera também é um sólido geométrico limitado por uma superfície curva chamada superfície esférica
rica. Podemos imaginar a formação da esfera a partir da rotação de um semicírculo em torno de um eixo,
que passa pelo seu diâmetro. Veja os elementos da esfera na figura ao lado.

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1.12.4 – Sólidos geométricos truncados

Quando um sólido geométrico é cortado por um plano, resultam novas figuras geométricas: os sólidos
geométricos truncados. Veja alguns exemplos de sólidos truncados, com seus respectivos nomes:

1.12.5 – Sólidos geométricos vazados

Os sólidos geométricos que apresentam partes ocas são chamados sólidos geométricos vazados. As par-
tes extraídas dos sólidos geométricos, resultando na parte oca, em geral também correspondem aos sólidos
geométricos que você já conhece.
Observe a figura, notando que, para obter o cilindro vazado com um furo quadrado, foi necessário extrair
um prisma quadrangular do cilindro original.

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1.13 – Comparando sólidos geométricos e objetos da área da Mecânica

As relações entre as formas geométricas e as formas de alguns objetos da área da Mecânica são evi-
dentes e imediatas. Você pode comprovar esta afirmação analisando os exemplos a seguir.

Existe outro modo de relacionar peças e objetos com sólidos geométricos. Observe, na ilustração abaixo,
como a retirada de formas geométricas de um modelo simples (bloco prismático) da origem a outra forma
mais complexa.

Nos processos industriais o prisma retangular é o ponto de partida para a obtenção de um grande número
de objetos e peças.
Observe a figura abaixo. Trata-se de um prisma retangular com uma parte rebaixada

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A próxima ilustração mostra o desenho de um modelo que também deriva de um prisma retangular.

1.14 – Perspectiva Isométrica

A palavra perspectiva vem do latim - Perspicere (ver através de). Se você se colocar atrás de uma janela
envidraçada e, sem se mover do lugar, riscar no vidro o que está "vendo através da janela", terá feito uma
perspectiva; a perspectiva é a representação gráfica que mostra os objetos como eles aparecem a nossa
vista, com 3 dimensões.
Para que se possa produzir uma peça ou um mecanismo é necessário possuir os desenhos destes. Sem
desenhos é impossível organizar qualquer tipo de produção. Não devemos esquecer que devemos obede-
cer às regras de execução observando as normas existentes. As figuras 07 e 08 mostram um esboço de um
objeto representado em perspectiva e vista ortográfica, como exemplo uma vista frontal do objeto.

O desenho, para transmitir essa mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de representação
gráfica: a perspectiva. Ela representa graficamente as três dimensões de um objeto em um único plano, de
maneira a transmitir a idéia de profundidade e relevo.
Existem diferentes tipos de perspectiva. Veja como fica a representação de um cubo em três tipos difer-
entes de perspectiva:

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Cada tipo de perspectiva mostra o objeto de um jeito. Comparando as três formas de representação, você
pode notar que a perspectiva isométrica é a que dá a idéia menos deformada do objeto.
Iso quer dizer mesma; métrica quer dizer medida. A perspectiva isométrica mantém as mesmas pro-
porções do comprimento, da largura e da altura do objeto representado. Além disso, o traçado da perspec-
tiva isométrica é relativamente simples.

Por razões práticas costuma-se utilizar, na construção das perspectivas, o prolongamento dos eixos X e
Y a partir do ponto O, no sentido contrário, formando ângulos de 30° com a horizontal, enquanto o eixo Z
(vertical) permanece inalterado.

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Cada eixo coordenado corresponde a uma dimensão dos objetos:

1.14.1 – Malha Isométrica

A malha isométrica é um artifício de desenho cuja finalidade é possibilitar a produção de rascunhos gráfi-
cos muito próximos da perspectiva isométrica precisa (feita com instrumentos). Consiste na malha de triân-
gulos eqüiláteros formada por retas paralelas aos eixos.
Em desenho técnico, é comum representar perspectivas por meio de esboços, que são desenhos feitos
rapidamente à mão livre. Exercitando o traçado da perspectiva, você estará se familiarizando com as for-
mas dos objetos, o que é uma condição essencial para um bom desempenho na leitura e interpretação de
desenhos técnicos.

1.15 – Perspectiva Cavaleira

A perspectiva cavaleira é também chamada de perspectiva cavalheira. Na perspectiva cavaleira a face da


frente conserva a sua forma e as suas dimensões, a profundidade (eixo x) é a única a ser reduzida.

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2 – O INSTRUMENTAL DE DESENHO � Tipo e acabamento do papel (grau de aspe-
TÉCNICO: equipamentos e materiais reza): quanto mais áspero um papel, mais duro deve
ser o grafite;
2.1 – Lapis Tradicional � A superfície de desenho: quanto mais dura a
superfície, mais macio parece o grafite;
Devido ao seu grafite relativamente espesso, ele � Umidade: condições de alta umidade ten-
facilita o traçado de diversos tipos de linhas nítidas. dem a aumentar a dureza aparente do grafite.
O principiante deve manter a ponta bem afiada até
desenvolver habilidade de girar o lápis enquanto de- Classificação por números:
senha.
Nº. 1 – macio, geralmente usado para esboçar e
2.2 – Lápis para destacar traços que devem sobressair;
Nº. 2 – médio, é o mais usado para qualquer traça-
O lápis comum de madeira e grafite também pode do e para a escrita em geral;
ser usado para desenho. O lápis dever ser aponta- Nº. 3 – duro, usado em desenho geométrico e
do, afiado com uma lixa pequena e, em seguida, ser técnico.
limpo com algodão, pano ou papel. De maneira ger-
al, costuma se classificar o lápis através de letras, Classificação por letras:
números, ou ambos, de acordo com o grau de dure-
za do grafite (também chamado de “mina”). A classificação mais comum é H para o lápis duro
A dureza de um grafite para desenho depende dos e B para lápis macio. Esta classificação precedida
seguintes fatores: de números dará a gradação que vai de 6B (muito
� O grau do grafite, que varia de 9H (extrema- macio) às 9H (muito duro), sendo HB a gradação in-
mente duro) a 6B (extremamente macio), ou Nº 1 termediária.
(macio) a Nº 3 (duro), conforme classificação;

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Outras classificações:

4H – duro e denso: indicado para lay-outs precisos; não indicado para desenhos finais; não use com a mão
pesada – produz sulcos no papel de desenho e fica difícil de apagar; não copia bem.
2H – médio duro: grau de dureza mais alto, utilizado para desenhos finais; não apaga facilmente se usado
com muita pressão.
FH – médio: excelente peso de mina para uso geral; para lay-outs, artes finais e letras.
HB – macio: para traçado de linhas densas, fortes e de letras; requer controle para um traçado de linhas
finas; facilmente apagável; copia bem; tende a borrar com muito manuseio.

* Atualmente é mais prático o uso de lapiseira. Recomenda-se a de 0,5mm e a de 0,9mm, com grafite HB.
**Todos os três tipos de instrumentos são capazes de produzir desenhos de qualidade. Sua preferência
pessoal é uma questão de OPÇÃO e de HABILIDADE PESSOAL.

2.3 – Lapiseira Mecânica

Utiliza uma mina de grafite, que não necessita ser apontada. Ela é utilizada para o traçado de linhas nítidas
e finas se girada suficientemente durante o traçado. Para linhas relativamente espessas e fortes, recomen-
da-se utilizar uma série de linhas (uma sessão de linhas consecutivas bem próximas uma das outras), ou
uma lapiseira com minas de grafite mais espessas. Estão disponíveis lapiseiras que utilizam minas de 0,3
mm, 0,5mm, 0,7mm e 0,9mm, principalmente.
O ideal é que a lapiseira tenha um pontalete de aço, com a função de proteger o grafite da quebra quando
pressionado ao esquadro no momento da graficação.

Pontalete

2.4 – Borracha

Sempre se deve utilizar borracha macia, compatível com o trabalho para evitar danificar a superfície do
desenho. Evitar o uso de borrachas para tinta, que geralmente são mais abrasivas para a superfície de
desenho.

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2.5 – Esquadros

É o conjunto de duas peças de formato triangular-retangular, uma com ângulos de 45º e outra com ângulos
de 30º e 60º (obviamente, além do outro ângulo reto – 90º). São denominados Jogo de Esquadros quando
são de dimensões compatíveis, ou seja, o cateto maior do esquadro de 30/60 tem a mesma dimensão da
hipotenusa do esquadro de 45. Utilizados para o traçado de linhas verticais, horizontais e inclinadas, sendo
muito utilizado em combinação com a régua paralela.

ESQUADRO DE 45º ESQUADRO DE 30º/60º

Os esquadros devem ser de acrílico e sem marcação de sua gradação.


Ainda com a combinação destes esquadros torna-se possível traçar linhas com outros ângulos conheci-
dos.

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OBSERVAÇÕES:
Aspectos de qualidade dos esquadros:

 Materiais de desenho de acrílico não amarelam rapidamente com o tempo;


 Maior resistência a arranhões;
 Facilidade de manuseio;
 Retenção da linearidade da borda.
Cuidados:

 Não usar o esquadro como guia para corte;


 Não usar o esquadro com marcadores coloridos;
 Manter os esquadros limpos com uma solução diluída de sabão neutro e água (não utilizar
álcool‘T’
2.6 – Régua na limpeza, que deixa o esquadro esbranquiçado).

A régua “T” é um instrumento simples, porém, muito útil e indispensável na construção de desenhos sem
o auxílio de um computador. Ela tem o formato da letra “T” e quando colocada ao lado da mesa de desenho
(figuras abaixo) proporciona uma linha horizontal paralela à linha horizontal da mesa.

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2.7 – Escalímetro

Instrumento destinado à marcação de medidas, na escala do desenho. Pode ser encontrado com duas
gradações de escalas, mas a mais utilizada e recomendável em geral é o que marca as escalas de 1:20,
1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125.
Não deve ser utilizado para o traçado de linhas.

2.8 – Compasso

É o instrumento que serve para traçar circunferências de quaisquer raios ou arcos de circunferência. Deve
oferecer um ajuste perfeito, não permitindo folgas.

Usa-se o compasso da seguinte forma: aberto com o raio desejado, fixa-se a ponta seca no centro da
circunferência a traçar e, segurando-se o compasso pela parte superior com os dedos indicador e polegar,
imprime-se um movimento de rotação até completar a circunferência.

3 – Processo de Construção

Acompanhe a construção da perspectiva isométrica do seguinte objeto, feita passo a passo:

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3.1 – Círculo Isométrico

A perspectiva isométrica do círculo será uma elipse


inscrita em cada face do cubo isométrico.
Como a construção da elipse não pode ser exe-
cutada pelos instrumentos usuais substituiremos
a elipse verdadeira por uma falsa elipse, uma oval
regular, que pode ser construída com o compasso.

Acompanhe a construção da perspectiva isométrica do círculo, feita passo a passo:

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4 – Identificação de vistas

Uma peça que estamos observando ou mesmo imaginando, pode ser desenhada (representada) num
plano. A essa representação gráfica se dá o nome de “Projeção”.
O plano é denominado “plano de projeção” e a representação da peça recebe, nele, o nome de projeção.
Podemos obter as projeções através de observações feitas em posições determinadas. Podemos então ter
várias “vistas” da peça.

Tomemos por exemplo uma caixa de fósforos. Para representar a caixa vista de frente, consideramos
um plano vertical e vamos representar nele esta vista. A vista de frente é, por isso, também denominada
projeção vertical e/ou elevação.

Reparemos, na figura abaixo, as projeções verticais ou elevações das peças. Elas são as vistas de frente
das peças para o observador na posição indicada.

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Voltemos ao exemplo da caixa de fósforos. O observador quer representar a caixa, olhando-a por cima.
Então usará um plano, que denominaremos de plano horizontal, e a projeção que representa esta “vista de
cima” será denominada projeção horizontal vista de cima ou planta.

A figura a seguir representa a projeção horizontal, vista de cima ou planta das peças, para o observador na
posição indicada.

O observador poderá representar a caixa, olhando-a de lado. Teremos uma vista lateral, e a projeção
representará uma vista lateral que pode ser da direita ou da esquerda.

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Reparemos que uma peça pode ter pelo que foi esclarecido, até seis vistas; entretanto, uma peça que
estamos vendo ou imaginando, deve ser representada por um número de vistas que nos dê a idéia completa
de peça, um número de vistas essenciais para representá-la a fim de que possamos entender qual é a forma
e quais as dimensões da peça. Estas vistas são chamadas de “vistas principais”. Ao selecionar a posição
da peça da qual se vai fazer a projeção, escolhe-se para a vertical, aquela vista que mais caracteriza ou
individualiza a peça; por isso, é comum também chamar a projeção vertical (elevação) de vista principal. As
três vistas, elevação, planta e vista lateral esquerda, dispostas em posições normalizadas pela ABNT nos
dão as suas projeções. A vista de frente (elevação) e a vista de cima (planta) alinham-se verticalmente. A
vista de frente (elevação) e a vista de lado (vista lateral esquerda) alinham-se horizontalmente.

A vista de frente (elevação) e a vista de lado (vista lateral esquerda) alinham-se horizontalmente.

Finalmente, temos a caixa de fósforos desenhada em três projeções.


Por esse processo podemos desenhar qualquer peça.

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Na vista lateral esquerda das projeções das peças a seguir, existem linhas tracejadas. Elas representam
as arestas não visíveis.

Nas projeções abaixo, aparecem linhas de centro. As linhas de centro são usadas para indicar os eixos
em corpos de rotação e também para assinalar formas simétricas secundárias.
As linhas de centro são representadas por traços finos separados por pontos (o comprimento do traço da
linha de centro deve ser de três a quatro vezes maior que o traço da linha tracejada). É a partir da linha de
centro que se faz a localização de furos, rasgos e partes cilíndricas existentes nas peças.

Nas projeções abaixo, foram empregados eixos de simetria.

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As projeções desenhadas anteriores apresentaram a vista lateral esquerda, representando o que se vê
olhando a peça pelo lado esquerdo, apesar de sua projeção estar à direita da elevação. Nos casos em que
o maior número de detalhes estiver colocado no lado direito da peça, usa-se a vista lateral direita, projetan-
do-a a esquerda da elevação, conforme exemplos abaixo:

Os desenhos abaixo mostram as projeções de várias peças com utilização de apenas uma vista lateral. De
acordo com os detalhes a serem mostrados, foram utilizadas as laterais esquerda ou direita.

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Em certos casos, porém, há necessidade de se usar duas laterais para melhor esclarecimento de detalhes
importantes. Quando isso acontece, as linhas tracejadas desnecessárias podem ser omitidas, como nos
exemplos a seguir.

LE: lateral
esquerda

LD: lateral
direita

Observe que as
linhas tracejadas não
aparecem em
algumas partes das
vistas laterais

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5 – Normas de Desenhos Técnicos "Este formato substitui o dos papéis de 220 x 330
mm e 210 x 280 mm, denominados "ofício" e "carta",
As normas procuram unificar os diversos el- respectivamente."
ementos do desenho técnico de modo a facilitar a
execução (uso), a consulta (leitura) e a classificação. Por ter sido escolhido o papel de 210 x
A Associação Brasileira de Normas Técnicas 297 mm como formato básico, entende-se que os
(ABNT) é o Fórum Nacional de Normalização. As demais formatos são múltiplos ou submúltiplos do
Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de respons- referido formato-padrão. Pela Norma PB-4 da ABNT
abilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos ficam assim unificadas as antigas séries "carta",
Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) "ofício" e "polegada" numa só série.
e das Comissões de Estudo Especiais Temporárias
(ABNT/CEET), são elaboradas por Comissões de O formato básico brasileiro de 210 x 297
Estudo (CE), formadas por representantes dos seto- mm, corresponde ao formato padrão A4 dos papéis
res envolvidos, delas fazendo parte: produtores, de escrita e de impressão das recomendações ISO
consumidores e neutros (universidades, laboratórios (International Organization for Standardization). A
e outros). origem das recomendações ISO, na padronização
A Norma Brasileira de Desenho Técnico é a NB 8 dos formatos de papel, é a Norma 476 DIN (Deutsch
R, que trata de assuntos que serão estudadas adi- Industrien Normen), de 1922, da Alemanha. O for-
ante como: Legendas, convenções de traços, siste- mato básico da referida norma, na série A, é o papel
ma de representação, cotas, escalas. de 841 x 1189 mm, denominado AO, cuja superfície
Seguem abaixo lista das normas referentes ao de- é de 1 m2. Os demais formatos da série A são forma-
senho técnico: dos por divisão ao meio, pelo lado maior, do formato
básico AO e dos formatos subseqüentes.
NBR 10647 – Desenho técnico – Norma Geral.
NBR 10068 – Folha de desenho – lay-out e di- Além da série A, existem também, as séries
mensões. B e C. Essas são utilizadas em produção de blocos
NBR 10582 – Conteúdo da folha para desenho de cálculo quadriculados, para alguns envelopes e
técnico. fichas, capas de documentos e outros. A série A é a
NBR 13142 – Dobramento de cópia de desenho principal e é largamente utilizada na indústria.
técnico.
NBR 8196 – Emprego de escala em desenho A particularidade notável deste sistema de
técnico. padronização é que a relação entre o lado menor e o
NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita maior de qualquer formato é constante, circunstân-
em desenho técnico. cia que facilita a redução ou aumento de imagens de
NBR 8403 – Aplicação de linhas em desenhos – um formato para outro.
Tipos de linhas – Larguras de Linhas.
NBR 10126 – Cotagem em desenho técnico. Atualmente as recomendações ISO, na
NBR 6492 – Representação de projetos de ar- padronização de formatos de papel, são adotados
quitetura. pela maioria de países europeus, inclusive a Grã-
Bretanha e a Rússia, bem como pela Índia, Israel e
6 – Formato de Papéis Japão. Um grande número de países latino-ameri-
canos, inclusive o Brasil, já deram sua aprovação às
É a dimensão do papel. Os formatos de papel para recomendações ISO.
execução de desenhos técnicos são padronizados.
A Norma PB-4, de 1945, da Associação Brasileira Também os EUA fazem parte da ISO. No
de Normas Técnicas, que determina a padronização entanto, no setor de papel, este país ainda não ad-
de formatos de papéis de escrita estabelece: otou todos os formatos. Neste país o Cartão Postal
"É adotado como formato básico dos papéis Universal já está padronizado no formato A6 (105 X
de escrita o papel de 210 x 297 mm". Nota da ABNT: 148), em conformidade com as recomendações ISO.

33
No entanto o formato do papel carta nos EUA é ainda 8 1/2"x 11", conforme a velha tradição local, porém, é
esperada em breve a total adesão daquele país, na padronização dos formatos de papel, às recomendações
ISO.
O espaço de utilização do papel fica compreendido por margens, que variam de dimensões, dependendo
do formato usado. A margem esquerda, entretanto, é sempre 25 mm a fim de facilitar o arquivamento em
pastas próprias.

O quadro abaixo mostra formatos padrões de folhas utilizados no desenho técnico.

34
O quadro abaixo mostra as escalas recomendadas.

6.1 – Dobramento Formato A4

Os desenhos reproduzidos devem ser dobrados no formato A4 da NB-8, para arquivamento. O quadro das
legendas, a ser previsto no canto inferior à direita da folha, deve ficar visível após o dobramento.

As indicações mais importantes que devem constar da legenda, são as seguintes:

- Nome da repartição, firma, empresa, etc.


- Título do Desenho.
- Escalas.
- Unidades em que são expressas as dimensões.
- Número do desenho e, se necessário, outras indicações para classificação e arquivamento.
- Datas e assinaturas dos responsáveis pela execução, verificação e aprovação.
- Indicação de "substitui a" ou "substituído por", quando for o caso.

Além destas, ainda podem ser acrescentadas outras, que forem julgadas necessárias para um determi-
nado tipo de desenho.

35
7 – Caligrafia Técnica

7.1 – Letras e Algarismos

As letras e algarismos, usados em legendas ou anotações, podem ser verticais ou inclinados para a dire-
ita, adotando-se, neste último caso, um ângulo de inclinação com a linha de base entre 60 e 75 grau

36
Os tipos de letras e algarismos devem ser bem legíveis e de rápida execução, devendo corresponder, de
preferência, aos exercícios indicados. Para treinar a execução rápida e legível das letras e algarismos, pode-
se usar o papel milimetrado. Esse também pode ser usado para alargar ou estreitar as letras e algarismos.
O tamanho dos tipos deve ser adequado ao desenho.

H = altura Nominal
Ma = Altura das letras maiúsculas
Mi = Altura das letras minúsculas
Tra = Espessura do traço
Le = Espaço entre as letras
Li = afastamento entre as linhas

8 – Tipo de Linhas

Nos desenhos técnicos se usam linhas de diversos tipos e espessuras (veja abaixo). Nos desenhos a
relação linha grossa/média/fina deve ser aproximadamente de 4:2:1. Primeiramente, é estabelecida a es-
pessura da linha grossa e, depois, determina-se, de acordo com a relação recomendada, a espessura das
demais linhas, como:

37
- linha grossa 0,4 mm
- linha média 0,2 mm
- linha fina 0,1 mm

A espessura de uma linha nunca deve ser inferior a 0,1 mm.

Observações:

1. Deve ser mantida a espessura escolhida; as linhas contínuas não devem ultrapassar os cantos ou
deixar de alcançá-los; os diversos traços de uma linha tracejada devem ter comprimentos aproximadamente
iguais e ser eqüidistante; os cantos de linhas tracejadas não devem ser interrompidos.

38
2. As linhas traço ponto sempre devem iniciar e findar com um traço. Essas linhas se prolongam um pouco
para além das arestas externas. No caso de interseção de duas linhas de centro, o cruzamento deve ser
feito com dois traços.

Na prática, nos desenhos á lápis freqüentemente só se usam duas espessuras de linhas:

- linha grossa e média 0,7 mm


- linha fina 0,5 ou 0,3 mm

Pois assim o trabalho é simplificado.

Exercícios:
Complete, à mão livre, as projeções das peças apresentadas e coloque nome em cada uma das vistas.

39
Complete, à mão livre, as projeções das peças apresentadas.

Desenhe, à mão livre, as plantas e as vistas laterais esquerdas das peças apresentadas.

40
Complete, à mão livre, as plantas e as vistas laterais esquerdas das peças apresentadas.

41
Desenhe a mão livre as projeções das peças apresentadas.

42
Identifique e numere as projeções correspondentes a cada peça apresentada em perspectiva.

43
Identifique e numere as projeções correspondentes a cada peça apresentada em perspectiva.

44
Identifique as vistas de frente, de cima e as laterais esquerda e direita nas projeções apresentadas.

45
Identifique as vistas de frente, de cima e as laterais esquerda e direita nas projeções apresentadas.

46
Coloque em baixo de cada vista, as iniciais correspondentes:
VF - Vista de Frente
VS - Vista Superior
VLE - Vista Lateral Esquerda
VLD - Vista Lateral Direita

Coloque em baixo de cada vista, as iniciais correspondentes:


VF - Vista de Frente
VS - Vista Superior

47
VLE - Vista Lateral Esquerda
VLD - Vista Lateral Direita

Desenhe, à mão livre, a terceira vista das projeções apresentadas.

48
Desenhe, à mão livre, a terceira vista das projeções apresentadas.

49
Complete as projeções abaixo.

50
Complete as projeções abaixo.

51
52
53
Procure nos desenhos abaixo as vistas que se relacionam entre si, (Elevação e Planta) e coloque os
números correspondentes como no exemplo nº. 1.

Procure nos desenhos abaixo as vistas que se relacionam entre si, (Elevação e Planta) e coloque os
números correspondentes.
Como no exemplo nº. 1.

54
Complete as projeções abaixo desenhando a vista lateral direita.

9 – Supressão de vistas

Quando representamos uma peça pelas suas projeções, usamos as vistas que melhor identificam suas

55
formas e dimensões. Podemos usar três ou mais vistas, como também podemos usar duas vistas e, em
alguns casos, até uma única vista. Nos exemplos a seguir estão representadas peças com duas vistas.
Continuará havendo uma vista principal - vista de frente - sendo escolhida como segunda vista aquela que
melhor complete a representação da peça.
Nos exemplos abaixo estão representadas peças por uma única vista. Neste tipo de projeção é indispen-
sável o uso de símbolos.

Indicativo de Diâmetro
Indicativo de Quadrado
Indicativo de Raio

Exercício:
Empregando duas vistas, desenhe, à mão livre, as peças apresentadas.

56
.

57
10 – Identificação e Leitura de Cotas, Símbolos e Materiais.
Para execução de uma peça, torna-se necessário que se coloque no desenho, além das projeções que
nos dão idéia da forma da peça, também as suas medidas e outras informações complementares. A isto
chamamos Dimensionamento ou Cotagem. A Cotagem dos desenhos tem por objetivos principais determi-
nar o tamanho e localizar exatamente os detalhes da peça. Por exemplo, para execução da peça ao lado
necessitamos saber as suas dimensões e a exata localização do furo
.

A Anotação - “ESP. 8” - Refere-se à Espessura da Peça. Para a Cotagem de um desenho são necessários
três elementos: Linhas de Cota, Linhas de Extensão, Valor Numérico da Cota.

Como vemos na figura acima, as Linhas de Cota são de espessura fina, traço contínuo, limitadas por setas
nas extremidades. As linhas de extensão são de espessura fina, traço contínuo, não devem tocar o contor-
no do desenho da peça e prolongam-se um pouco além da última linha de cota que abrangem o número
que exprime o valor numérico da cota pode ser escrito:

Acima da linha de cota, eqüidistante dos extremos;

Em intervalo aberto pela interrupção da linha de cota.

No mesmo desenho devemos empregar apenas uma destas duas modalidades. O valor numérico coloca-
do acima da linha de cota é mais fácil e evita a possibilidade de erros.

11 – Regras de Cotagem
Em desenho técnico, normalmente, a unidade de medida é o milímetro, sendo dispensada a colocação do
símbolo junto ao valor numérico da cota. Se houver o emprego de outra unidade, coloca-se o respectivo
símbolo ao lado do valor numérico, conforme figura ao lado.

58
As cotas devem ser colocadas de modo que o desenho seja lido da esquerda para a direita e de baixo
para cima paralelamente à dimensão cotada.

Cada cota deve ser indicada na vista que mais claramente representar a forma do elemento cotado. Deve-se
evitar a repetição de cotas.

As cotas podem ser colocadas dentro ou fora dos elementos que representam, atendendo aos melhores
requisitos de clareza e facilidade de execução.

Nas transferências de cotas para locais mais convenientes, devemos evitar o cruzamento das linhas de
extensão com linhas de cota.

As linhas de extensão são traçadas perpendicularmente à dimensão cotada ou, em caso de necessidade,

59
obliquamente, porém paralelas entre si.

Evite a colocação de cotas inclinadas no espaço hachurado a 30º

Não utilize as linhas de centro e eixos de simetria como linhas de cota. Elas substituem as linhas de exten-
são.

Cotagem por meio de faces de referência (Face A e B)

60
Cotagem de elementos esféricos

Exercício:
Localize as cotas necessárias para execução das peças abaixo representadas. Não coloque o valor numé-
rico das cotas. Trace, à mão livre, apenas as linhas de cota e de extensão.

61
Localize as cotas necessárias para execução das peças abaixo representadas. Não coloque o valor numé-
rico das cotas. Trace, à mão livre, apenas as linhas de cota e de extensão.

Localize as cotas necessárias para execução das peças abaixo representadas. Não coloque o valor numé-
rico das cotas. Trace, à mão livre, apenas as linhas de cota e de extensão.

62
Faça, à mão livre, a cotagem completa dos desenhos abaixo.

63
11.1 – Cotagem de Detalhes

As linhas de cota de raios de arcos levam setas apenas na extremidade que toca o arco.

Conforme o espaço disponível no desenho, os ângulos podem ser cotados assim:

A Cotagem de chanfros se faz como indicam as figuras abaixo. Quando o chanfro for de 45º, podemos
simplificar a cotagem usando um dos sistemas apresentados na figura abaixo.

64
A Cotagem de Círculos se faz indicando o valor de seu diâmetro por meio dos recursos apresentados nas
figuras abaixo, que são adotados conforme o espaço disponível no desenho.
Para cotar em espaços reduzidos, colocamos as cotas como nas figuras abaixo:
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), em suas Normas NB-8 e NB-13, recomenda a utili-
zação dos símbolos abaixo, que devem ser colocados sempre antes dos valores numéricos das cotas.
Indicativo de Diâmetro
Indicativo de Quadrado
Indicativo de Raio
Estas duas linhas finas cruzadas indicam que se trata de superfície plana.

Quando, na vista cotada, for evidente que se trata de diâmetro ou quadrado, os respectivos símbolos
podem ser dispensados.

Exemplos:

12 – Símbolos em Materiais Perfilados

Os símbolos abaixo, devem ser colocados sempre antes da designação da bitola (dimensões) do material.

13 – Convenções para Acabamento de Superfícies


Superfícies em bruto, porém limpas de rebarbas e saliências.

65
Superfícies apenas desbastadas.

Quando todas as superfícies de uma peça tiverem o mesmo acabamento, o respectivo sinal deve ficar em
destaque.
Se, na mesma peça, houver superfícies com graus de acabamento diferentes dos da maioria, os sinais
correspondentes serão colocados nas respectivas superfícies e também indicados entre parênteses, ao
lado do sinal em destaque.

66
Exercício:

Localize as cotas necessárias para execução das peças abaixo representadas. Não coloque o valor numérico
das cotas. Trace, à mão livre, apenas as linhas de cota, de extensão e os símbolos necessários.

Qual o tipo de acabamento utilizado nas superfícies indicadas pelas letras?:

Qual o tipo de acabamento geral da peça abaixo?


Resp: _____________________

67
Qual o tipo de acabamento para as partes torneadas com 25 mm de diâmetro?
Resp: ______________________

68
14 – Indicação de estado de superfície

O desenho técnico, além de mostrar as formas e as dimensões das peças, precisa conter outras informa-
ções para representá-las fielmente. Uma dessas informações é a indicação dos estados das superfícies
das peças.
Acabamento é o grau de rugosidade observado na superfície da peça. As superfícies apresentam-se sob
diversos aspectos, a saber: em bruto, desbastadas, alisadas e polidas.
Superfície em bruto é aquela que não é usinada, mas limpa com a eliminação de rebarbas e saliências.

Superfície desbastada é aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta são bastante visíveis, ou seja,
a rugosidade é facilmente percebida.

Superfície alisada é aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta são pouco visíveis, sendo a rugo-
sidade pouco percebida.
Superfície polida é aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta são imperceptíveis, sendo a rugosi-
dade detectada somente por meio de aparelhos.
Os graus de acabamento das superfícies são representados pelos símbolos indicativos de rugosidade da
superfície, normalizados pela norma NBR 8404 da ABNT, baseada na norma ISO 1302.
Os graus de acabamento são obtidos por diversos processos de trabalho e dependem das modalidades
de operações e das características dos materiais adotados.
15 – Rugosidade
Com a evolução tecnológica houve a necessidade de se aprimorarem as indicações dos graus de acaba-
mento de superfícies. Com a criação de aparelhos capazes de medir a rugosidade superficial em µm (mi-
crometro; 1µm = 0,001mm), as indicações dos acabamentos de superfícies passaram a ser representadas
por classes de rugosidade. Rugosidade são erros microgeométricos existentes nas superfícies das peças.

69
A norma ABNT NBR 8404 normaliza a indicação do estado de superfície em desenho técnico por meio de
símbolos.
Símbolo sem indicação de rugosidade

Símbolo básico. Só pode ser usado quando seu significado for complementado por uma indicação.
Caracterização de uma superfície usinada sem maiores detalhes.
Caracteriza uma superfície na qual a remoção de material não é permitida e indica que a superfície deve
permanecer no estado resultante de um processo de fabricação anterior, mesmo se esta tiver sido obtida
por usinagem ou outro processo qualquer.
Símbolos com indicação da característica principal da rugosidade Ra

Símbolos com indicações complementares


Estes símbolos podem ser combinados entre si ou com os símbolos apropriados.

70
Símbolos para direção das estrias

Quando houver necessidade de definir a direção das estrias, isto é, a direção predominante das irregulari-
dades da superfície, deve ser utilizado um símbolo adicional ao símbolo do estado de superfície. A tabela
seguinte caracteriza as direções das estrias e os símbolos correspondentes.

71
A ABNT adota o desvio médio aritmético (Ra) para determinar os valores da rugosidade, que são repre-
sentados por classes de rugosidade N1 a N12, correspondendo cada classe a valor máximo em µm, como
se observa na tabela seguinte.

72
15.1 – Tabela - Característica da rugosidade Ra

Interpretação do exemplo a 1 é o número da peça


ao lado do número da peça, representa o acabamento geral, com retirada de material, válido para
todas as superfícies.
N8 indica que a rugosidade máxima permitida no acabamento é de 3,2µm (0,0032mm).
Interpretação do exemplo b
2 é o número da peça.
o acabamento geral não deve ser indicado nas superfícies.
O símbolo significa que a peça deve manter-se sem a retirada de material.
dentro dos parênteses devem ser indicados nas respectivas superfícies.
N6 corresponde a um desvio aritmético máximo de 0,8µm (0,0008mm) e N9 corresponde a um desvio arit-
mético máximo de 6,3µm (0,0063mm). Os símbolos e inscrições devem estar orientados de maneira que
possam ser lidos tanto com o desenho na posição normal, como pelo lado direito. Se necessário, o símbolo
pode ser interligado por meio de uma linha de indicação.
O símbolo deve ser indicado uma vez para cada superfície e, se possível, na vista que leva a cota ou
representa a superfície.

73
Informações complementares

Interpretação

4 é o número da peça.
ao lado do número da peça, representa o acabamento geral, válido para todas as superfícies sem indica-
ção.
N11 indica que a rugosidade máxima permitida no acabamento é de 25�m (0,025mm).
representado dentro dos parênteses e nas superfícies que deverão ser usinadas, indica rugosidade máxi-
ma permitida de 6,3µm (0,0063mm).
indica superfície usinada com rugosidade máxima permitida de 0,4�m (0,0004mm).

74
O símbolo dentro dos parênteses representa, de forma simplificada, todos os símbolos de rugosidade
indicados nas projeções.

Disposição das indicações do estado de superfície no


símbolo

Exercícios

1) Escreva, nas linhas indicadas, a rugosidade das peças em


sua grandeza máxima, conforme o exemplo a.

75
2) Analise o desenho técnico e responda às perguntas a seguir.

a) Que classe de rugosidade a maioria das superfícies da peça deverá receber?

____________________________________________________________________________

b) Que outras classes de rugosidade a peça deverá receber?

_____________________________________________________________________________

c) Que tratamento a peça deverá receber?

_____________________________________________________________________________

16 – Tolerância

Tolerância é o valor da variação permitida na dimensão de uma peça. Em termos práticos é a diferença
tolerada entre as dimensões máxima e mínima de uma dimensão nominal.
A tolerância é aplicada na execução de peças em série e possibilita a intercambiabilidade delas.

76
16.1 – Conceitos na aplicação de medidas com tolerância

Medida nominal: é a medida representada no desenho.

Medida com tolerância: é a medida com afastamento para mais ou para menos da medida nominal.

Medida efetiva: é a medida real da peça fabricada.


Ex. 30,024

Dimensão máxima: é a medida máxima permitida.


30,2
Dimensão mínima: é a medida mínima permitida.
29,9
Afastamento superior: é a diferença entre a dimensão máxima permitida e a medida nominal.
30,2 - 30 = 0,2
Afastamento inferior: é a diferença entre a dimensão mínima permitida e a medida nominal.
29,9 - 30 = -0,1
Campo de tolerância: é a diferença entre a medida máxima e a medida mínima permitida.
30,2 - 29,9 = 0,3
16.2 – Indicações de tolerância

Afastamentos, indicados junto das cotas nominais.

77
16.3 – Tolerância ISO (International Organization for Standardization)

O sistema de tolerância ISO adotado pela ABNT, conhecido como sistema internacional de tolerância,
consiste numa série de princípios, regras e tabelas que permitem a escolha racional de tolerâncias na pro-
dução de peças. A unidade de medida para tolerância ISO é o micrômetro (µm = 0,001mm). A tolerância
ISO é representada normalmente por uma letra e um numeral colocados à direita da cota. A letra indica a
posição do campo de tolerância e o numeral, a qualidade de trabalho.

16.4 – Campo de tolerância

É o conjunto dos valores compreendidos entre as dimensões máxima e mínima. O sistema ISO prevê 28
campos representados por letras, sendo as maiúsculas para furos e as minúsculas para eixos:
Furos
A, B, C, CD, D, E, EF, F, FG, G, H, J, JS, K, M, N, P, R, S, T, U, V, X, Y, Z, ZA, ZB, ZC
Eixos
a, b, c, cd, d, e, ef, f, fg, g, h, j, js, k, m, n, p, r, s, t, u, v, x, y, z, za, zb, zc
16.5 – Qualidade de trabalho

A qualidade de trabalho (grau de tolerância e acabamento das peças) varia de acordo com a função que
as peças desempenham nos conjuntos O sistema ISO estabelece dezoito qualidades de trabalho, que
podem ser adaptadas a qualquer tipo de produção mecânica.
Essas qualidades são designadas por IT 01, IT 0, IT 1, IT 2... IT 1.6 (I - ISO e T = tolerância).
16.6 – Grupos de dimensões

O sistema de tolerância ISO foi criado para produção de peças intercambiáveis com dimensões compreen-
didas entre 1 e 500mm. Para simplificar o sistema e facilitar sua utilização, esses valores foram reunidos

78
em treze grupos de dimensões em milímetros

16.7 – Ajustes

O ajuste é a condição ideal para fixação ou funcionamento entre peças executadas dentro de um
limite. São determinados de acordo com a posição do campo de tolerância.

Para não haver diversificação exagerada de tipos de ajustes, a tolerância do furo ou do eixo é padroniza-
da. Geralmente, padroniza-se o furo em H7. A origem dos termos furo e eixo provém da importância que
as peças cilíndricas têm nas construções mecânicas. Na prática, porém, os termos furo e eixo são entendi-
dos como medida interna e medida externa, respectivamente.

79
16.8 – Cotagem com indicação de tolerância

Peças em geral.

80
Nos desenhos de conjuntos, onde as peças aparecem montadas, a indicação da tolerância poderá ser feita
do seguinte modo:

81
16.9 – Tolerância de forma e posição

Símbolos, inscritos e interpretação sobre o desenho.


Este é um resumo da norma proposta pela ABNT. As tolerâncias de forma e posição podem ser adiciona-
das às tolerâncias de dimensões para assegurar melhor função e intercambiabilidade das peças.
As tolerâncias de forma limitam os afastamentos de um dado elemento em relação à sua forma geométrica
ideal.
As tolerâncias de posição limitam os afastamentos da posição mútua de dois ou mais elementos por
razões funcionais ou para assegurar uma interpretação inequívoca. Geralmente um deles é usado como
referência para a indicação das tolerâncias. Se for necessário, pode ser tomada mais de uma referência.
O elemento de referência deve ser suficientemente exato e, quando necessário, indica-se também uma
tolerância de forma.
As tolerâncias estão relacionadas à dimensão total dos elementos, a não ser no caso de exceções, indica-
das no triângulo de referência devem ser colocados sobre a linha de cota.

Caso a identificação esteja relacionada como uma superfície ou linha de contorno, a seta de identificação
ou o triângulo de referência não devem ser colocados sobre a linha de cota.

Exercícios

1) Escreva, junto às cotas dos desenhos abaixo, as tolerâncias ISO-ABNT de acordo com os tipos de
ajuste indicados.

82
83
84

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