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Experimento IX: ENERGIA DE ATIVAÇÃO

Clara D. M. Cavalcantea,** e Rayla N. T. de Britoa,*

a
Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
CH3CN
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
( x ) Manuscrito com material suplementar
( ) Manuscrito sem material suplementar

*
e-mail: rayla.taveira.124@ufrn.edu.br
ORCID – Rayla N. T. de Brito: -

**
e-mail: clara.cavalcante.708@ufrn.edu.br
EXPERIMENTO IX: ENERGIA DE ATIVAÇÃO

A partir da equação de Arrhenius é possível estudar a dependência das reações químicas em


relação a temperatura, além de compreender termos fundamentais da cinética química como a
energia de ativação (Ea) e o fator pré-exponencial (A). Experimentalmente, obtendo-se dados
de tempo de reação e temperatura, a partir da adaptação da equação de Arrhenius, é
possibilitado o estudo dos parâmetros cinéticos da reação Ea e A. Assim, a partir da
construção do gráfico de ln(t) por 1/T com base nos dados obtidos experimentalmente,
extrai-se os parâmetros citados com a equação matemática desse gráfico. Após o
experimento, tratamento de dados e obtenção do gráfico, foi observado que ao aumentar a
temperatura do sistema reacional, a reação ocorre em um menor tempo.

Palavras-chave: cinética química; equação de Arrhenius; velocidade de reação.


INTRODUÇÃO

No ano de 1889, Arrhenius descobriu a relação da dependência da temperatura de várias


reações poderia ser descrita pela equação:
−𝐸𝑎

𝑘 = 𝐴𝑒 𝑅𝑇
(Equação 1)
em que k é a constante de velocidade, A o fator pré-exponencial ou fator de frequência, Ea é a
energia de ativação, R a constante universal dos gases e T a temperatura. A partir dessa
equação, também foi possível relacionar a constante de velocidade com a temperatura
absoluta. A energia de ativação pode ser definida como a energia mínima necessária para que
a reação inicie, dada em J/mol. O fator de frequência é a frequência de colisões entre os
reagentes. O fator pré-exponencial representa a fração de colisões moleculares que possuem
energia igual ou superior à energia de ativação, sendo um valor adimensional, seu sinal
negativo implica a diminuição da constante de velocidade com o aumento da energia de
ativação e o aumento de K com o aumento da temperatura. A unidade de A depende da
unidade de k que, por sua vez, depende da ordem da reação.1,2

A Equação 1 também pode ser descrita tomando-se o logaritmo natural, assim:

𝐸𝑎
𝑙𝑛𝑘 − 𝑙𝑛𝐴 = − 𝑅𝑇
(Equação 2)

e a partir dessa equação, é possível realizar uma análise gráfica de lnk em função de 1/T,
obtendo-se um gráfico de comportamento linear (Figura 1).

Figura 1. Gráfico ln K por 1/T a partir de alguns dados

Com o gráfico, é possível extrair os parâmetros de -Ea/R com o coeficiente angular e A a


partir do coeficiente linear da reta.
Porém, para utilizar a Equação 2 de forma experimental é preciso conhecer a ordem de
reação, as concentrações dos reagentes e o tempo de reação. Nesse contexto, a Equação 3 é
uma variação da Equação 2 e pode ser aplicada de modo prático em experimentos simples.
Para que ela apresente os resultados adequados, é preciso considerar que as concentrações
iniciais são as mesmas em cada temperatura e que a variação dos reagentes permaneça
constante. Com isso, a constante de velocidade é inversamente proporcional ao tempo de
reação, tendo a equação de Arrhenius em termos logaritmos representada por:

𝐸𝑎
𝑙𝑛(𝑡) = − 𝑙𝑛(𝐴) + 𝑅𝑇
(Equação 3)

PARTE EXPERIMENTAL

Foi adicionado em um frasco 20 mL de KI (0,5 M), 10 mL de solução Na2S2O3 (0,01 M) e 10


gotas de solução de amido. Em outro frasco, foi adicionado 20 mL de solução de K2S2O8
(0,02 M). Em seguida, ambos os frascos foram levados ao banho no termostático a 10 ºC. Ao
atingir o equilíbrio térmico, verificado com um termômetro, foi vertido o conteúdo do frasco
1 no frasco 2 e cronometrado o tempo para o início da reação e o aparecimento da coloração
azul. O frasco 2 continuou no banho durante o decorrer da reação. Esse procedimento foi
repetido para as temperaturas de 20, 30, 40 e 50 ºC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao juntar o frasco de solução contendo KI, Na2S2O3 e amido com o outro frasco contendo a
solução de K2S2O8 se tem as seguintes reações sendo processadas:

S2O82-(aq) + 2 I-(aq) → 2 SO42-(aq) + I2(aq) (Reação 1)


I2(aq) + 2 S2O32- → 2 I-(aq) + 2 S4O62-(aq) (Reação 2)

Assim, primeiramente ocorre a reação entre o S2O82- com I- formando SO42- e I2. O iodo
formado reage então com o íon S2O32-. O fim da reação ocorre quando todo o tiossulfato
reage com o iodo proveniente da primeira reação, ficando o meio reacional com excesso de
iodo que, por sua vez, reage com o amido presente, formando um complexo de coloração azul
intensa.

A partir do experimento realizado com os dados obtidos na Tabela 1 (Tabela 1S), foi possível
observar que para esse mesmo sistema reacional, ao aumentar a temperatura, ocorre uma
diminuição do tempo da reação. Isso ocorre pois ao aumentar a temperatura do sistema, se
aumenta a energia cinética das moléculas e, de acordo com a teoria das colisões, haverá maior
frequência de colisão, resultando em uma maior velocidade de reação. Além disso, de acordo
com a Com uso dessa mesma tabela, foi construída a Tabela 2S e a partir dos valores de 1/T e
ln(t) obteve-se o gráfico a seguir (Figura 1).

Figura 2. Gráfico de ln(t) por 1/T

Assim, pode-se observar que há um aumento do tempo de reação com a diminuição da


temperatura. Para se extrair os parâmetros cinéticos de energia de ativação e o fator
pré-exponencial, é preciso analisar a equação do gráfico e relacioná-la com a equação de
Arrhenius (Equação 1). Logo:

1
𝑙𝑛(𝑡) = 6947, 9 𝑇
− 18, 052 (Equação do gráfico)

Relacionando com a Equação 3, é possível encontrar os valores do fator pré-exponencial e da


energia de ativação:

− 𝑙𝑛(𝐴) =− 18, 052


18,052 7
𝐴 =𝑒 = 6, 92 x 10 s-1
𝐸𝑎
𝑅
= 6947, 9
−1
𝐸𝑎 = 6947, 9 * 8, 314 𝐽. 𝑚𝑜𝑙
−1 −1
𝐸𝑎 = 57764, 8 𝐽. 𝑚𝑜𝑙 = 57, 7648 𝑘𝐽. 𝑚𝑜𝑙

Assim, para o fator de frequência foi obtido o valor de 6,92 x 107 s-1 e, para a energia de
ativação 57,7648 kJ.mol-1. Sabendo que a literatura determina que a energia de ativação para
essa reação equivale a 51,8 kJ.mol-1, é possível sugerir que houveram alguns erros na
medição dos resultados, sendo alguns deles a visualização do ponto de viragem, quando há a
formação do complexo azul, a regulagem da temperatura do banho e erros na concentração e
volume utilizados em cada medição. Dessa forma, os pontos do gráfico não apresentaram
uma linearidade perfeita, obtendo um coeficiente de determinação (R2) de 0,9475, e apesar do
valor calculado para a energia de ativação ser diferente da literatura, eles são próximos.

CONCLUSÕES

A partir do experimento realizado, foi possível estudar o comportamento da reação química


com a variação da temperatura, tendo como base a análise a partir da equação de Arrhenius.
Assim, foi constatado que ao aumentar a temperatura do sistema, tem-se uma diminuição do
tempo de reação, o que implica em uma maior velocidade de reação. Por fim, com o gráfico
obtido a partir dos dados experimentais, foram extraídos os parâmetros cinéticos de Ea e A, os
quais apesar dos erros experimentais, mostraram-se próximos do valor determinado pela
literatura.

MATERIAL SUPLEMENTAR

Tabelas 1S e 2S.

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto de Química pela estruturação e equipamentos necessários para a execução do


experimento, ao professor Anderson e ao técnico Maurício pelas orientações.
REFERÊNCIAS

1. Chang, Raymond; Físico-química: Para as Ciências Químicas e Biológicas, 3ª ed., 2009.


2. Chang, R.; Goldsby, K. Química, 11º ed., 2013.
3. Atkins, P.; de Paula, J.; Físico-Química, 8º ed., 2008.

MATERIAL SUPLEMENTAR

Tabela 1S. Dados do tempo de reação com as diferentes temperaturas

T (°C) Tempo (t/min)

10 9,49

20 4,20

30 3,31

40 1,19

50 0,39

Tabela 2S. Dados para a construção do gráfico ln(t) por 1/T

t (s) T (K) 1/T ln (t)

569 283 0,00353 6,34

252 293 0,00341 5,53

199 303 0,00330 5,29

71,4 313 0,00319 4,27

23,4 323 0,00309 3,15

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