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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS
CAMPUS MONTES CLAROS-MG

Prática 03 - Determinação da capacidade térmica de um calorímetro, de calores de


dissoluções e da capacidade calorífica de metais

Relatório da prática experimental nº 03, apresentado como


requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina
Físico Química Experimental do curso de Engenharia Química
Bacharelado do IFNMG - Campus Montes Claros.

Docente: Daniel Rodrigues Magalhães

Discentes:
Ana Clara Santos Cardoso
Karen Oliveira Caires
Lucas Queiroz Lopes
Rodrigo Lopes Costa
Sérgio Oliveira Guimarães

Montes Claros - MG

09 de Abril de 2019
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO.……………………………………………………………………….……..02
1.1- Capacidades caloríficas………………………………………………………...03
1.2- Entalpia…………………………………………………………………………....04
1.3- Calor e entalpia em reações de dissolução………...…...…………………...04

2- OBJETIVO .....………...……………………………………………………………………..05

3- MATERIAIS E PROCEDIMENTOS .………………………………………………………05


3.1- Materiais e reagentes …………………………………………………………..05
3.2- Procedimento experimental …………………………………………………...06

4- RESULTADOS…………………………………………………………………………...….08

5- DISCUSSÃO…………………………………………………………………………………12

6- CONCLUSÃO…………………………………………..……………………………………15

7- REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………...16

8- ANEXOS……………………………………………………………………………………...16

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1- INTRODUÇÃO

Todo corpo possui uma determinada quantidade de calor (energia térmica em


movimento) que pode ser ou não igual ao calor contido no ambiente que rodeia este
corpo. Devido estas diferenças de energias térmicas há-se a ocorrência de um fenômeno
espontâneo, transferência de calor, que tende a minimizar essa discrepância, ou seja,
atingir-se o equilíbrio térmico.
O estudo dessa forma de energia transferida em processos físicos e químicos é
chamado de calorimetria, que utiliza-se de um equipamento denominado calorímetro, que
tem por finalidade, segundo Atkins (2010, p.34), medir a energia interna de um sistema
transferida em forma de calor (𝑞), determinado pela equação 1.

𝑞 = 𝐼ν𝑡 Eq. 1

𝐼 = corrente elétrica
ν= diferença de potencial conhecida
𝑡 = período de tempo

Todo calorímetro possui uma constante, chamada de constante do calorímetro (C)


que permite a simples interpretação da elevação de temperatura medida diretamente
como uma liberação de calor, que pode ser calculada a partir da equação 2 (Atkins e
Paula, 2010).

𝐶 = 𝑞/(𝑚. ∆𝑡) Eq.2

Sabendo-se que a temperatura de um sistema está relacionada ao grau de


agitação das moléculas das substâncias ali contidas, sabe-se que um aumento de
temperatura caracteriza um aumento do grau de agitação das moléculas que corresponde
a um aumento da energia interna do sistema.
Utilizando-se água para a determinação da capacidade calorífica do calorímetro, o
calor cedido/ganho pela água deve ser igual ao calor ganho/cedido pelo calorímetro em
módulo, conforme mostra a equação 3.

𝑞𝑐𝑎𝑙 = − 𝑞á𝑔𝑢𝑎 Eq. 3

2
1.1 Capacidades caloríficas

A capacidade calorífica de uma substância corresponde ao calor necessário para


variar a temperatura de um corpo, sendo uma propriedade extensiva da matéria, ou seja,
100 g de água possui uma capacidade calorífica 100 vezes maior que a de 1 g de água,
podendo ser calculada em função de diferentes variáveis.
A capacidade calorífica molar a volume constante (𝐶𝑣,𝑚), determinada pela

equação 4, corresponde à capacidade calorífica por mol da substância, ou seja, o calor


necessário para variar-se a temperatura de cada mol de uma substância (Atkins and
Paula, 2010)

𝐶𝑣,𝑚 = 𝐶𝑣/𝑛 Eq. 4

𝐶𝑣= capacidade calorífica a volume constante

𝑛 = número de mols

A capacidade calorífica específica de uma substância (𝐶𝑣,𝑠), determinada pela

equação 5, também conhecida por ‘calor específico’, é a capacidade calorífica por grama
da substância a volume constante (Atkins and Paula, 2010).

𝐶𝑣,𝑠 = 𝐶𝑣/𝑚 Eq.5

O chamado solvente universal, a água, possui capacidade calorífica,


−1 −1
aproximadamente, igual a 4 𝐽. 𝐾 . 𝑔 à temperatura ambiente (Atkins e Paula, 2010).
Para Atkins (2010, p.36-37), as capacidades caloríficas das substâncias diminuem
conforme a temperatura diminui. No entanto, pequenas mudanças de temperaturas na
vizinhança do sistema interferem de forma mínima na sua capacidade calorífica e, por
isso, esta pode em cálculos aproximados ser considerada independente da temperatura.
Como cada material ou substância possui uma determinada modelagem atômica,
ou seja, os átomos que compõem uma barra de alumínio, são diferentes dos átomos que
compõem um tronco de madeira (não em sua totalidade, mas majoritariamente), faz com
que cada material possua uma capacidade calorífica distinta, uma vez que a temperatura
relaciona-se à energia cinética. Logo, materiais de mesma massa possuem quantidades
distintas de átomos e portanto menos átomos serão movimentados (menor energia
interna, menor temperatura, menor calor específico).

3
Portanto, a capacidade calorífica de um metal, pode ser definida a partir da
equação 6 a seguir:

𝑚𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 . 𝑐𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙 . ∆𝑡𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 =− (𝑚á𝑔𝑢𝑎 . 𝑐á𝑔𝑢𝑎 . ∆𝑡𝑓𝑟𝑖𝑎)

Eq.6

1.2 Entalpia

Para volumes que não são constantes, a variação da energia interna não é igual à
energia transferida na forma de calor, pois parte desta energia retorna às vizinhanças em
forma de trabalho de expansão (Atkins and Paula, 2010).
Ainda segundo Atkins (2010, p. 37), a entalpia (𝐻), definida pela equação 6, é uma
função de estado e portanto não depende do processo que leva o sistema de um estado
para outro.

𝐻 = 𝑈 + 𝑝𝑉 Eq. 7

𝑈= energia interna
𝑝 = pressão do sistema
𝑉= volume

Sendo a variação da entalpia igual ao calor fornecido ao sistema, a pressão


constante.

1.3 Calor e entalpia em reações de dissolução

Com tudo, para reações de dissolução manipulando a equação 3 e


considerando-se que − 𝑞á𝑔𝑢𝑎 = 𝑚. 𝑐. ∆𝑡 obtém-se a equação 8.

𝐶𝑐𝑎𝑙 =− 𝑚. 𝑐á𝑔𝑢𝑎. (𝑡𝑓 − 𝑡1)/(𝑡𝑓 − 𝑡2)

Eq.8

𝑡1= temperatura da água no calorímetro

𝑡2= temperatura do calorímetro vazio

4
𝑡𝑓= temperatura após a dissolução do sal

Logo, sabendo-se que há interferência do calor ganho/cedido pelo calorímetro e o


calor ganho/cedido pela dissolução, o calor da reação é definido pela equação 9.

𝑞𝑟𝑒𝑎çã𝑜 = 𝑞𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 + 𝑞𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 Eq. 9

𝑞𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜= 𝑞𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 + 𝑞𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝑞𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 = 𝑚𝑠𝑎𝑙. 𝑐𝑠𝑎𝑙. ∆𝑡

Analisando-se a equação 9 juntamente à equação 7, obtém-se a definição


explicitada pela equação 10.
∆𝐻 = 𝑞𝑟𝑒𝑎çã𝑜/𝑛𝑠𝑎𝑙 Eq. 10

𝑛𝑠𝑎𝑙 = quantidade de matéria dissolvida

Por fim, substituindo-se a equação 9 na equação 10, obtém-se a expressão da


equação 11 que permite calcular o valor da variação de entalpia, em Joule (J), do
sistema.

∆𝐻 = − [𝐶𝑐𝑎𝑙. (𝑡𝑓 − 𝑡2) + 𝑚á𝑔𝑢𝑎. 𝑐á𝑔𝑢𝑎. (𝑡𝑓 − 𝑡1) + 𝑚𝑐𝑎𝑙. 𝑐𝑐𝑎𝑙. (𝑡𝑓 − 𝑡𝑠𝑎𝑙)]/𝑛𝑠𝑎𝑙

Eq. 11

2- OBJETIVO

Construir um calorímetro e determinar sua capacidade térmica, assim como a


entalpia de dissolução de diferentes sais e a capacidade calorífica de diferentes metais.

3- MATERIAIS E PROCEDIMENTOS

Abaixo estão listados os materiais e reagentes utilizados no experimento assim


como todo o procedimento seguido para sua realização.

3.1- Materiais e reagentes

● 1 recipiente de poliestireno expandido (isopor);

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● 1 recipiente de vidro para armazenamento das soluções;
● 1 termômetro digital;
● 1 micro-motor 12 V;
● 1 fonte de energia 5V;
● Tubo plástico de caneta;
● Mini pá de plástico;
● Cola adesivo Epóxi Durepoxi.
● NaCl(s) - cloreto de sódio;
● Na2SO4(s) - sulfato de sódio sólido;
● NaHCO3(s) - bicarbonato de sódio sólido;
● CuSO4.5H2O(s) - sulfato de cobre pentahidratado sólido;
● Cubo de cobre;
● Paralelepípedo de alumínio;
● Água destilada;
● Manta de aquecimento.

3.2 - Procedimento experimental

Iniciou-se a construção do calorímetro realizando-se um furo na base do recipiente


de vidro por onde o medidor do termômetro passaria, possibilitando as medições. Após
encaixar o recipiente de vidro dentro do isopor, um outro furo foi feito no isopor na mesma
altura que o inicial, do recipiente de vidro, assim a passagem do medidor do termômetro
estaria garantida, conforme exposto na Figura 1.

Figura 1: Acoplamento do sensor de temperatura

6
Fonte: Próprio autor

Com o recipiente de vidro e o isopor já acoplados, foi feito então o sistema de


agitação do calorímetro. Para tal, utilizou-se o tubo plástico de caneta com a mini pá de
plástico formando a haste de agitação. O micro-motor foi acoplado à tampa do recipiente
de vidro e a haste de agitação. Por fim, um furo por onde o cabo de energia do
micro-motor passaria foi feito no topo do isopor que tamparia o calorímetro, e assim o
sistema de agitação do calorímetro também foi concluído, como mostra a Figura 2. Os
anexos deste relatório possuem mais imagens da construção do calorímetro.

Figura 2: Sistema de agitação do calorímetro

Fonte: Próprio autor

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Após a construção do calorímetro, mediu-se a sua temperatura quando vazio, logo
após, adicionou-se aproximadamente 250g de água destilada aquecida a cerca de 50°C.
Aguardou-se a estabilização da temperatura do conjunto água calorímetro e anotou-a.
Este procedimento foi realizado 10 vezes a fim de se obter maior confiabilidade dos
resultados para a capacidade calorífica do calorímetro.

Em seguida, pesou-se 6,019g de NaCl e adicionou-se 100,027g de água sob


temperatura ambiente. Mediu-se a temperatura do conjunto água calorímetro e a
temperatura antes e após dissolução completa do sal sob agitação constante
proporcionado pelo sistema montado. O mesmo procedimento foi realizado para o
Na2CO3, na qual foram utilizados 21,502g do sal e 100,000g de água. Para o NaHCO3,
pesou-se 8,002g de sal e 100,000g de água. Por fim, pesou-se 25,003g de CuSO4.5H2O
e 100,002g de água. Após cada medição com os sais o calorímetro foi devidamente
lavado.

Para determinação do calor específico de metais, foram utilizados um


paralelepípedo de alumínio e um cubo de cobre de massas conhecidas. Para tal,
adicionou-se cerca de 100g água sob temperatura ambiente dentro do calorímetro junto
do metal a ser analisado, e em seguida, adicionou-se aproximadamente 100g de água
previamente aquecida à aproximadamente 40 ºC e realizou-se a aferição da temperatura
de estabilização do conjunto.

4- RESULTADOS

Os dados obtidos experimentalmente para o posterior cálculo da capacidade


calorífica do calorímetro estão dispostos na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1: Dados para a determinação da capacidade calorífica do calorímetro.

Repli- Temp. Temp. Massa Temp. Temp.


cata calorímetro água (ºC) água (g) estabilidade ambiente ΔT (ºC)
nº vazio (ºC) (ºC) (ºC)

1 25,6 60,0 250,002 56,3 25,9 3,7

2 26,1 57,0 250,005 53,9 27,5 3,1

3 24,4 49,6 250,012 47,2 28,0 2,4

8
4 25,1 51,6 250,000 48,5 28,3 3,1

5 25,1 44,0 250,001 42,1 28,6 1,9

6 24,8 48,3 250,017 47,1 28,9 1,2

7 26,1 44,5 250,011 43,2 29,1 1,3

8 26,2 54,7 250,007 53,0 29,2 1,7

9 28,5 47,9 250,003 46,7 29,6 1,2

10 25,2 47,9 250,002 46,5 29,7 1,1

Média 25,7 50,6 250,006 45,5 28,5 2,1


Fonte: Próprio autor

Utilizando-se a equação 2, calculou-se a capacidade calorífica do calorímetro para


cada replicada realizada conforme disposto na Tabela 2 a seguir:

Tabela 2: Capacidade calorífica do calorímetro.

Replicata Capacidade calorífica do calorímetro


(J/°C para 250 g de água)

1 126,07

2 116,72

3 110,18

4 138,67

5 116,98

6 56,33

7 79,58

8 66,40

9 69,01

10 68,80

Média 94,87
Fonte: Próprio autor

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A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos para a dissolução de cada sal utilizado
no experimento.

Tabela 3:Dados da dissolução dos sais no calorímetro.

Sal Massa Temp. Temp. Temp. de Temp. Massa


sal (g) conjunt ambiente início da dissolução água (g)
o (ºC) (ºC) dissolução completa/
(ºC) estabilidade (ºC)

NaCl 6,019 26,0 26,5 25,7 25,4 100,027

Na2CO3 21,502 26,4 26,4 36,1 31,0 100,000

NaHCO3 8,002 26,7 26,6 25,3 23,4 100,000

CuSO4 25,003 26,3 26,4 24,8 24,3 100,002


Fonte: Próprio autor

Cada sal possui um calor específico tabelado a partir de experimento com alto
rigor de execução e inúmeras replicadas. A Tabela 4 apresenta os calores específicos
teóricos para os sais utilizados no experimento.

Tabela 4: Calor específico teórico.

Sal Calor específico (J/g*ºC)

NaCl 0,722

Na2CO3 1,139

NaHCO3 1,042

CuSO4 0,617
Fonte: Próprio autor

Conhecendo-se as equações 3,8,9 e 10, realizou-se os cálculos para os calores,


de dissolução, do calorímetro e da reação, para cada sal utilizando, bem como a
variação de entalpia de cada um, conforme disposto na Tabela 5.

Tabela 5: Calor e entalpia de dissolução dos sais.

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Sal Qdissolução (J) Qcalorímetro (J) Qreação (J) ΔH (J)

NaCl 255,888 -104,357 151,531 1471,25

Na2CO3 -2037,319 436,402 -1600,917 -7891,33

NaHCO3 1407,404 -303,584 1103,820 11588,17

CuSO4 -869,207 -199,227 -1068,434 -6820,45


Fonte: Próprio autor

Após a realização de todos os procedimentos para determinação do calor de


dissolução dos sais, realizou-se o experimento para determinação da capacidade
calorífica de metais.

Os dados obtidos utilizando-se o paralelepípedo de alumínio foram organizados na


tabela 6, a seguir:

Tabela 6: Valores de temperatura para o experimento com o paralelepípedo de alumínio.

Temp. água Massa da Temp. água Massa da água Temp.


fria (ºC) água a frio (g) quente (ºC) a quente (g) estabilidade do
conjunto (ºC)

27,4 100,150 36,0 100,210 30,8

28,1 100,816 35,5 99,739 31,6

28,9 100,018 37,0 100,197 32,3

28,0 100,440 37,0 100,754 31,4

27,9 100,000 37,0 100,325 31,6


Fonte: Próprio autor

Os dados obtidos utilizando-se o cubo de cobre estão dispostos na Tabela 7.

Tabela 7: Valores de temperatura para o experimento com o cubo de cobre.

Temp. água Massa da Temp. água Massa da água Temperatura de


fria (ºC) água a frio (g) quente (ºC) a quente (g) estabilidade do
conjunto (ºC)

28,1 100,572 36,5 100,577 31,3

11
28,1 100,271 38,0 100,753 32,2

28,6 100,284 38,0 100,138 32,0


Fonte: Próprio autor

A Tabela 8 apresenta as massas obtidas para cada metal utilizado no


experimento.

Tabela 8: Massa dos metais.

Metal Massa do metal (g)

Paralelepípedo de Alumínio 59,758

Cubo de cobre 116,052


Fonte: Próprio autor

A partir da equação 6, calculou-se o calor específico dos metais. Conforme


apresenta a Tabela 9.

Tabela 9: Calor específico dos metais medidos experimentalmente.

Metal Calor específico (J/g .°C)

Alumínio 1,8

Cobre 1,6
Fonte: Próprio autor

Assim como os sais, os metais também possuem seus calores específicos


tabelados. Os calores específicos teóricos paras os sais utilizados estão dispostos na
Tabela 10.

Tabela 10: Calor específico dos metais teórico.

Metal Calor específico (J/g .°C)

12
Alumínio 0,897

Cobre 0,385
Fonte: Atkins

5- DISCUSSÃO

Basicamente a palavra calorimetria significa medição de calor (sendo que a


diferença de energia é devido à diferença de temperatura). Com essa variação de energia
foi possível calcular a capacidade térmica e entalpia de reação. Como esse sistema não é
completamente adiabático, é necessário calcular o quanto de energia uma solução irá
perder quando inserida nele, e para isso utilizou-se a água como líquido de referência
porque as mudanças que ocorrem nela ao longo do tempo são conhecidas, assim como
seu calor específico que é de 4,18 J/g.ºC.

Sabendo que a capacidade calorífica de uma substância é a quantidade de calor


necessária para elevar sua temperatura em um grau, pode-se dizer que a capacidade
calorífica do calorímetro é a quantidade que este absorve para cada aumento de 1ºC na
temperatura. É importante, portanto, determinar sua capacidade calorífica, a fim de
mensurar quanto do calor de um processo ou uma reação é absorvido pelo calorímetro, o
que permite calcular quanto calor as substâncias dentro do calorímetro, que são objeto de
estudo, absorvem durante o processo. Em um cenário ideal, nenhum calor do processo
seria absorvido pelos componentes do calorímetro, mas na realidade isso não ocorre. Ao
colocar água quente no calorímetro, o calor desta é em parte absorvido pelo calorímetro,
logo a outra parte é absorvida pela água fria; assumindo, porém, que nenhum calor é
perdido do calorímetro para as vizinhanças. Dado que a massa e o calor específico da
água são conhecidos (sendo o último conhecido com precisão), a determinação da
capacidade calorífica da água se dá de forma simples.

Inseriu-se a equação no Excel para calcular as 10 replicatas como mostrado nas


tabelas 1 e 2. Através do teste Q (Teste de Rejeição de Dean e Dixon), determinou-se
que nenhuma medida precisaria ser destacada, sendo ambos o maior e o menor valor
para a capacidade calorífica aceitos para um nível de confiança de 90%. Foi obtida uma
média de 94,87 J/g.ºC de capacidade calorífica para o calorímetro construído, além de um
desvio provável (incerteza) para a medida de 21,27 J/g.ºC para um intervalo de confiança

13
de 95%. Considera-se uma perda baixa e um sistema eficiente levando em conta os
materiais utilizados e o desempenho deste em diversos experimentos.

Comparar o calorímetro desenvolvido a outros trabalhos similares não é simples,


porém dois artigos apresentam procedimentos similares. Assumpção (2010) obteve uma
capacidade calorífica para o calorímetro construído de 63,4 J/g.ºC; já Braathen (2008)
obteve um valor médio de 31 J/ºC.

A entalpia de dissolução é a mudança na entalpia quando um mol de substância


iônica se dissolve em água, e estas podem ser positivas ou negativas. Entalpias positivas
implicam processos de dissolução endotérmicos, que por sua vez diminuem a
temperatura da solução (em relação à temperatura original da água); já entalpias
negativas são características dos processos de dissolução exotérmicos. O fato de o
processo ser classificado como um ou outro se relaciona às etapas do processo de
dissociação, no qual os íons inicialmente quebram suas ligações no retículo cristalino (um
processo que requer energia) e depois formam novas ligações com as moléculas de água
(um processo que libera energia). Considerando isso, a avaliação experimental permite
caracterizar se esse processo, em sua totalidade, absorve ou libera energia, e depende
das características particulares de cada soluto. O cloreto de sódio apresenta uma entalpia
de dissolução tabelada de +3,88 kJ/mol, sendo portanto endotérmica, assim como o
bicarbonato de sódio, que possui um valor para a entalpia de dissolução de +16,7 kJ/mol.
O carbonato de sódio, por sua vez, apresenta um processo de dissolução exotérmico
(-26,7 kJ/mol). O mesmo pode-se dizer do sulfato de cobre II anidro, que apresenta um
processo de dissolução exotérmico cuja entalpia é de -66,5 kJ/mol.

A realização do cálculo da variação da entalpia permite identificar se a reação é


endotérmica ou exotérmica, logo utilizando a equação 10 para construção da tabela 04,
tem-se pelos resultados obtidos que o cloreto de sódio e o bicarbonato de sódio são
endotérmicos, e o carbonato de sódio e o sulfato de cobre anidro são exotérmicos,
seguindo os valores registrados na literatura. No entanto, os erros relativos percentuais
calculados ao comparar os dados experimentais e teóricos foram altos, sendo de 62%,
70% e 30% para o cloreto de sódio, carbonato de sódio e bicarbonato de sódio,
respectivamente, com exceção do sulfato de cobre anidro, que apresentou um erro
relativo de 2%. Observou-se também a importância de um agitador para a dissolução e
completa reação do soluto, sabendo que o calor trocado dentro do calorímetro não vai
ser perdido para o meio, portanto a soma do calor será igual a zero como mostra a
equação 08.

14
A diferença entre os dados obtidos e os valores reais pode ser esclarecido por
algumas razões como a energia de vibração dos átomos que compõem o material,
energia cinética dos elétrons livres que existirem no material, orientação de dipolos
magnéticos, orientação dipolos elétricos, criação de defeitos, fenômenos de
desordenamento, rotação de moléculas, etc (MORA, 2010), decorrido de possíveis
impurezas nas amostras metálicas. Outros fatores a serem considerados são a perda de
calor no sistema durante o processo visto que o calorímetro utilizado é um calorímetro
didático, sendo assim, a utilização de um calorímetro que não possui uma boa
capacidade de isolamento, e também a perda de calor na execução do procedimento,
onde a transferência do metal para o calorímetro é feita sem um isolamento do material,
fazem com que o mesmo entre em contato com o ar em temperatura ambiente, mesmo
que por um breve momento.

O calor específico de um material é a quantidade de calor necessária para


aumentar em um grau de temperatura uma unidade de massa desse material. Sendo
assim, materiais com maiores calores específicos conseguem absorver mais calor antes
de aumentarem sua temperatura, e de forma geral, absorvem e liberam calor de forma
mais lenta. Analisando os metais utilizados, alumínio e cobre, tem-se que o alumínio
possui o maior calor específico dentre ambos. Já que o aumento da temperatura está
associado ao aumento da energia cinética dos átomos, o alumínio, que possui massa
molar menor que o cobre, possui mais átomos em 1g, o que faz com que mais calor seja
necessário para aumentar a energia cinética de um número de átomos maior, implicando
maior calor específico. Sendo assim, a determinação do calor específico dos metais
apresentou valores muito discrepantes. Apesar de, como estabelecem os valores
teóricos, o calor específico do alumínio se mostrou maior que o do cobre, estes
apresentaram erros relativos percentuais de 100 e 315%, respectivamente. As limitações
do instrumento usado e a dificuldade em determinar com exatidão as temperaturas em
alguns dos momentos do processo são alguns dos fatores que influenciaram os
resultados discrepantes.

6- CONCLUSÃO

A construção de um calorímetro didático foi concluída satisfatoriamente, sendo


possível isolar bem o recipiente, medir a temperatura através do equipamento
incorporado ao calorímetro e propiciar a agitação necessária para experimentos que

15
requerem diluição de substâncias e/ou reações químicas, possibilitando a realização das
análises pretendidas. Quanto à determinação da capacidade calorífica do calorímetro, foi
possível estabelecer o valor de 94,87 J/g.ºC; porém os resultados apresentaram um
desvio provável de 21,27 J/g.ºC, o que representa cerca de 22% do valor calculado. Já a
entalpia de dissociação dos quatro sais analisados foi calculada e apresentou altos erros
relativos percentuais, porém apresentaram o comportamento esperado já que o cloreto de
sódio e o bicarbonato de sódio se mostraram endotérmicos (com entalpias positivas) e o
carbonato de sódio e o sulfato de cobre se mostraram exotérmicos (com entalpias
negativas). Já o calor específico calculado para os metais analisados, alumínio e cobre,
foi maior para o alumínio, como esperado, porém os valores apresentaram um alto erro
relativo. Tem-se, portanto, que o calorímetro de baixo custo construído oferece uma boa
oportunidade para realizar experimentos como os descritos acima e cumpre sua função
didática, porém há a dificuldade em obter resultados precisos.

7- REFERÊNCIAS

[1]ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. Físico-Química. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
[2] ASSUMPÇÃO, M. H. M. T. et al . Construção de um calorímetro de baixo custo
para a determinação de entalpia de neutralização. Eclet. Quím., São Paulo , v. 35, n.
2, p. 63-69, 2010 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-46702010000200007&lng=
en&nrm=iso>.
[3] BRAATHEN, Per Christian et al. Entalpia de decomposição do peróxido de
hidrogênio: uma experiência simples de calorimetria com material de baixo custo e
fácil aquisição. Química Nova na Escola, v. 29, 2008. Disponível em:
<http://pessoal.educacional.com.br/up/47040001/1603448/construindoumcalor%C3%ADm
etro.PDF>.
[4] PARKER, V. B. Thermal Properties of Uni-Univalent Electrolytes, Natl. Stand. Ref.
Data Series — Natl. Bur. Stand.(U.S.), No.2, 1965. Disponível em:
<https://sites.chem.colostate.edu/diverdi/all_courses/CRC%20reference%20data/enthalpi
es%20of%20solution%20of%20electrolytes.pdf>.

8- ANEXO A: QUESTÕES

1) O procedimento utilizado para determinação do calor de dissolução de sais


também pode ser usado para o calor de neutralização? Explique.

16
R: Sim. Sabendo-se que um dos produtos de qualquer reação de neutralização é
a água e analisando-se a equação química abaixo, é possível perceber que o
calor de neutralização de qualquer ácido com uma base será o calor de formação
da água a partir dos íons hidrônio e hidroxila.

HA(aq) + MOH(aq) → A -(aq) + M+(aq) + H2O(l)

Logo, o processo ocorrido na neutralização é similar ao ocorrido na dissolução de


sais, o que permite que o calor de neutralização seja obtido assim como o calor de
dissolução.

Fonte: PILLA, L. Físico-Química I. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos.


Editora S.A., 1979.

2) Porque o sistema deve ser isolado termicamente? Qual a função de calorímetro?

R: O sistema deve ser isolado termicamente a fim de garantir que não haja trocas
de calor com o ambiente e portanto a variação na temperatura se deva
unicamente aos processos ocorrendo dentro do calorímetro. A função de um
calorímetro, como descrito por Atkins (2010), é medir a energia interna de um
sistema transferida em forma de calor.

3) O que diz a Primeira Lei da Termodinâmica?

R: A Primeira Lei da Termodinâmica estabelece que a energia de um sistema


isolado é constante, sendo que a variação de energia em um sistema se dá
através da transferência de energia como calor ou como trabalho.

Fonte: ATKINS, Peter; De Paula, Julio. Físico Química Vol. 1. Rio de Janeiro:
LTC, 2012.

4) Conceitue reações químicas em que ocorre liberação e reações com absorção de


energia.

R: Exemplos de reações exotérmicas são as reações de combustão, em que um


combustível reage com oxigênio e ocorre a liberação de energia, tal como a
reação de combustão do octano:

C8H18 (l) + 25/2 O2 (g) → 8 CO2 (g) + 9 H2O (l)

∆H = -5471 kJ/mol

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Outro exemplo de reação exotérmica é a reação de neutralização entre ácido
clorídrico e hidróxido de sódio, além de reações de oxidação.

Já entre as reações endotérmicas, pode-se citar a reação entre ácido cítrico e


bicarbonato de sódio e também a reação entre carbonato de sódio e ácido acético
(descrita abaixo), assim como reações de decomposição térmica.

C2H4O2 (aq) + NaHCO3 (aq) → NaC2H3O2 (aq) + H2O (l) + CO2 (g)

Fonte: ATKINS, Peter; De Paula, Julio. Físico Química Vol. 1. Rio de Janeiro:
LTC, 2012.

https://docs.google.com/document/d/1TpMx2api7tGuvaMUse574obCjAw_FNrthUe
6gT43G-c/edit

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