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Universidade Federal da Grande Dourados

Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia

Curso de Licenciatura em Química

Valéria Cavania

Calorimetria: Determinação da entalpia de formação de sais sólidos.

Dourados, 2020
Valéria Cavania

Calorimetria: Determinação da entalpia de formação de sais sólidos.

Relatório apresentado como requisito parcial


para obtenção de aprovação na disciplina de
Físico-Química experimental I, no Curso de
licenciatura em química, na Universidade
Federal da Grande Dourados. Prof. Dra.
Adriana Evaristo de Carvalho

Dourados, 2020.
Resumo

O presente relatório submete a prática de experimento denominado Calorimetria:


Determinação da entalpia de formação de sais sólidos, conteúdo da disciplina encontrado
grade curricular do curso de química. Com a finalidade da realização através de materiais e
procedimentos experimentais, demonstrando possíveis resultados através de manuseio e como
aprendizagem sobre o determinado conteúdo da disciplina, na elaboração de etapas
necessárias para a discussão e conclusão de resultados.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................5
2. OBJETIVOS...................................................................................................................9
2.1. Geral......................................................................................................................
..........9
2.2. Específicos.............................................................................................................
.........9
3. EXPERIMENTAL..........................................................................................................9
3.1. Materiais e
equipamentos................................................................................................9
3.2. Procedimento
experimental.............................................................................................9
3.2.1. Determinação da capacidade calorífica do calorímetro..........................................10
3.2.2. Determinação do calor de dissolução......................................................................10
3.2.3. Determinação do calor de neutralização.................................................................10
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................11
4.1. Determinação da capacidade calorífica do
calorímetro...............................................11
4.2. Determinação do calor de
dissolução..........................................................................13
4.3. Determinação do calor de
neutralização......................................................................15
5. CONCLUSÃO.............................................................................................................19
1. INTRODUÇÃO

A termodinâmica é o estudo feito pelas transformações de energia, entre elas as


transformações do calor em trabalho. [1]

A parte da calorimetria que trata exclusivamente das variações de temperatura ocorridas


pelas reações químicas é conhecida como termoquímica.

A termoquímica está presente na parte da termodinâmica que estuda o calor envolvido


nas reações químicas. O calor é o processo de transferência de energia devido à diferença da
temperatura presente entre os sistemas e vizinhanças. [1]

Calor e trabalho são quando se tem alteração na energia U de um sistema. Quando um


sistema tem ganhado calor sua energia aumenta e quando se tem a perca de calor sua energia
diminui. Quando se tem trabalho sobre o sistema, assim se sua energia aumenta, e quando um
sistema realiza trabalho, sua energia diminui. Tendo assim para qualquer transformação o q é
a quantidade de calor absorvido pelo sistema, e o w é a realização de trabalho sobre o sistema.
Quando q<0, o calor foi perdido pelo sistema. Quando q>0, o calor foi absorvido pelo
sistema. Quando w<0 significa que o sistema realiza trabalho. Quando w>0 significa que o
trabalho e realizado sobre o sistema. Se não houver nenhum trabalho realizado durante a
transformação, mas havendo transferência de calor. [3]

∆ U =q

Se não houver nenhum calor transferido durante a transformação, mas havendo trabalho.

∆ U =w

A variação de energia (∆U) experimentada pelo sistema ou depende da transferência de


calor ou pela quantidade de trabalho.

Quando se ter o calor transferido e o trabalho realizado ao mesmo momento, a variação de


energia dependera de ambos. Obtendo a expressão matemática da primeira lei da
termodinâmica.

∆ U =q+ w

5
A entalpia consiste em um estado, na qual se podem obter informações sobre a variação
da energia através da pressão constante, a partir da primeira lei da termodinâmica, na qual
diz que uma variação na entalpia de um sistema é igual ao calor liberado ou absorvido à
Pressão constante. Isso pode ser observado na equação 1. [2]

H = U + PV (1)

A variação de entalpia de uma reação química, por ser uma função de estado, depende
apenas do estado inicial e final do sistema não importando as etapas intermediárias pelas
quais transcorre a transformação química. [5]

Por definição U, P e V consistem na energia interna, pressão e volume de um sistema


respectivamente. [2]

As experiências termoquímicas são realizadas em calorímetros que é o dispositivo para


ser feito a medida da energia transferida como calor, o sistema adiabático, dq=0 e q=0, sendo
o mais preciso para uso pois a utilização desse sistema não se observa nenhuma mudança nos
valores das propriedades ditas como: pressão e volume. [4]

A variação de temperatura que é observada no calorímetro é proporcional ao calor que a


reação libera ou que absorve. De maneira geral, quando uma substância é aquecida sua
temperatura aumenta. Para certo valor de energia (q) transferida como calor, a variação de
temperatura resultante (ΔT), depende da capacidade calorífica da substância. A Capacidade
Calorífica (C) é definida como: [2]

q
C= →q=C . ∆ t (2)
∆t

No entanto, é mais conveniente expressar C como uma propriedade intensiva (que não
depende da quantidade de substância) utilizando a capacidade calorífica específica ou calor
específico (c), é a quantidade de calor necessária para aumentar em um kelvin a temperatura
de 1 grama de uma substância, possuindo unidade de joules por grama por kelvin (J/g.K). [2]

q=C . m . ∆ t (3)

q= calor transferido(J)

6
m=massa da substância(g)

∆t= variação da temperatura (K)

C= capacidade calorífica(J/g.K)

De acordo com Russell determinação da capacidade calorífica de um calorímetro é


feita utilizando-se água. O calor perdido ou ganho pela água deve ser igual ao calor perdido
ou ganho pelo calorímetro, isto é:

qcal = -qágua(4)

Os dados na fórmula:

qcal = C . ∆T (calor liberado/absorvido pelo calorímetro);

C = capacidade calorífica do calorímetro;

∆T = variação de temperatura;

qágua = m.c. ∆T (calor absorvido/liberado pela água);

m = massa da água.

Assim, substituindo-se estas variáveis na Equação (4), tem-se:

Ccal . (Tf – T2) = - m . cágua . (Tf – T1) (5)

Ou

(Tf – T 1)
Ccal = - m . cágua . (6)
(Tf – T 2)

Na determinação da capacidade calorífica do calorímetro foi utilizada água em


temperatura ambiente e água aquecida. Dessa maneira utilizando a equação (5), porém
contendo as duas partes da água:

Ccal . (Tf – T1) = - m1 . cágua . (Tf – T1)-m2.cágua.(Tf-T2) (7)

Uma aplicação da primeira lei da termodinâmica, conhecida como lei de Hess, na qual
se coloca que é possível combinar as entalpias-padrões para se ter a entalpia de outra reação.

7
A entalpia-padrão de uma reação é igual à soma das entalpias padrões das reações parciais em
que a reação possa ser dividida. [2]

Em calor de neutralização é o calor envolvido quando um mol de água é produzido


pela reação de um ácido com uma base. Para ser resolvido sobre a determinação do calor de
neutralização, e utilizado a equação (8) [6]

ΔneutrHm = -Ccal. (TF – TMOH) – mHX .cHX. (TF – THX) – mMOH.cMOH. (TF – TMOH) / nMOH (8)

O calor de diluição é obtido a partir da adição de uma quantidade de solvente numa


solução, depende da concentração original da solução e da quantidade do solvente adicionado,
para se determinar o calor de dissolução [6]

qreação = qdissolução + qcalorímetro (9)

Sendo:

qreação = calor liberado na reação;

qdissolução = qsolvente + qsoluto (calor absorvido pela solução);

qsolvente = mágua . cágua . ∆T

qsoluto = msal . csal . ∆T

qcalorímetro = C . ∆T (calor absorvido pelo calorímetro)

qreacao
∆H = (10)
n

Onde:

n = quantidade de matéria que dissolveu

Substituindo-se a Eq. 9 na Eq. 10 obtém-se:

∆H = −¿ ¿ (11)

8
2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Utilização um calorímetro adaptado

2.2. Específicos

Determinação de capacidade calorífica do calorímetro

Determinação do calor de neutralização

Determinação do calor de dissolução

3. EXPERIMENTAL

3.1. Materiais e equipamentos

1 calorímetro adaptado
1 chapa de aquecimento
1 cronômetro
1 balança comum
1 termômetro digital
1 barra magnética
1 proveta de 100 mL
1 proveta de 200 mL
1 béquer de 200 mL
Ácido clorídrico (HCl)
Hidróxido de sódio (NaOH)
Cloreto de sódio (NaCl)

9
3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.2.1 Determinação da capacidade calorífica do calorímetro

Foi preparado um calorímetro adaptado e colocado dentro a barra magnética para


agitação, adicionado 100 mL de água em temperatura ambiente e tampado com uma rolha
atravessada por um termômetro digital. Colocando o calorímetro adaptado acima de uma
chapa de aquecimento e sendo anotada a temperatura a cada 30 segundos, até ser atingida
a estabilidade, não sendo um valor muito variado.

Aquecendo em outro béquer 100 mL de água, colocando em uma chapa de aquecimento,


até atingir a temperatura de 60 graus Celsius, utilizando o termômetro para acompanhar.

Quando obtivemos a água aquecida, a mesma foi transferida para o calorímetro adaptado,
com uma barra de agitação, tampado com uma rolha atravessando o termômetro digital
sobre ela. Colocado na chapa de aquecimento e anotado a temperatura da água a cada 30
segundos até ser atingido a estabilidade, não sendo um valor muito variado.

3.2.2 Determinação do calor de dissolução

Foi pesado 17, 5 g de sal NaCl e colocado no calorímetro adaptado, colocado sobre a
chapa de aquecimento contendo o termômetro, anotando a temperatura a cada 30
segundos até ser atingido a estabilidade, não sendo um valor muito variado.

Depois foi adicionado 200 mL de água destilada a temperatura ambiente juntamente com
o sal no calorímetro adaptado, colocado sobre a chapa de aquecimento contendo o
termômetro, anotando a temperatura a cada 30 segundos até ser atingido a estabilidade,
não sendo um valor muito variado.

3.2.3 Determinação do calor de neutralização

Utilizando o calorímetro adaptado, juntamente com a barra de agitação, despejado a


solução já preparada de NaOH e tampando com a rolha junto com o termômetro.
Colocando o calorímetro sobre a chapa de aquecimento anotado a temperatura a cada 30
segundos até ser atingida a estabilidade, não sendo um valor muito variado.

10
A seguir foi transferido a solução já prepara de ácido HCl no calorímetro já contendo o
NaOH.Colocando o calorímetro sobre a chapa de aquecimento anotado a temperatura a
cada 30 segundos até ser atingido a estabilidade, não sendo um valor muito variado

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Determinação da capacidade calorífica do calorímetro

Para determinar a quantidade de calor envolvida nas reações é necessário realizar em


aparelhos chamados calorímetros, no qual conhecendo a sua capacidade calorífica, possível
determinar calores de reação de neutralização e dissolução. Com isso, a primeira etapa, é
determinar a capacidade calorífica de um calorímetro improvisado, sendo ele um béquer de
vidro revestido com uma capa de isopor e vedado de modo que somente é possível encaixar
um termômetro digital e o mesmo se mantenha selado. Para que tenha menos possível trocas
de calor com a vizinhança, ou seja, o recipiente (calorímetro) não permita a passagem de
calor, mesmo quando há diferença de temperatura entre o sistema e a vizinhança, sendo um
frasco adiabático.

Para a determinação da capacidade calorífica de um calorímetro é necessário seguir


alguns processos para se obter dados, que posteriormente serão utilizados no cálculo por meio
da fórmula 1. Assim sendo, utilizando a água, na qual se conhece a capacidade calorífica
específica que é 4,184 J g-1 K-1 , a massa m1 de água que foi colocada no calorímetro de 100
mL numa temperatura T1no interior do calorímetro, e em seguida ao adicionar a massa m 2 de
100 mL de água aquecida numa temperatura T2, sabendo-se que a densidade da água é 1g.
mL-1, logo, esse volume de água, corresponde a 100 gramas, e após o equilíbrio térmico, a
temperatura final do sistema (que é constituída pelo calorímetro mais a água) for uma
temperatura TF, a capacidade calorífica do calorímetro será obtida por meio da seguinte
relação:

Ccal (TF – T1) = - m1. c água. (TF – T1)- m2. c água. (TF – T2) (7)

Dessa forma, os valores das temperaturas da água foram aferidos experimentalmente,


sendo T1 a temperatura inicial dentro do calorímetro com a água fria de 25, 3 º C e T2 a água
aquecida até exatos 60 ºC. Após adicionar a massa m2 dentro do calorímetro foi acompanhada
a evolução da nova temperatura TF até se atingir um valor estável, na qual se obteve os dados
de temperatura a cada 30 segundos, ou seja, quando atingisse um equilíbrio térmico. A tabela
1 mostra essa relação.
11
Tabela 1: Variação da temperatura de acordo com o tempo da mistura das massas m1 e m2da
água.

Tempo em segundos – s Temperatura em graus celsius - ºC


0 40,8
30 41,2
60 42,5
90 42,3
120 42,3
150 42,3
Fonte: Própria do autor.

Como é mostrado na tabela 1, o equilíbrio térmico foi alcançado em 42,3

ºC no tempo de 90 segundos, sendo ele então a temperatura TF. Sendo assim, é possível
determinar a capacidade calorífica do calorímetro pela fórmula 1.

Ccal (TF – T1) = - m1.c água. (TF – T1) - m2.c água. (TF – T2)

Ccal. (42,3 – 25,3) = - 100 g. 4,184 J g-1 K-1. (42,3 – 25,3) – 100 g. 4,184 J g-1 K-1. (42,3-60)

Ccal. (17) = - 100 g. 4,184 J g-1 K-1. (17) – 100 g. 4,184 J g-1 K-1. (-17,7)

Ccal = 17,22 J. K-1

Ccal = 0,01722 KJ. K-1

Portanto, a capacidade calorífica, que é definida como sendo a quantidade de


energia/calor absorvida por uma substancia para que a sua temperatura aumente 1 ºC foi
determinada, pois sua investigação se faz necessária, visto que para os cálculos de
neutralização e dissolução esse valor será um importante dado a ser utilizado.

4.2. Determinação do calor de dissolução

12
Para calcular a quantidade de calor liberada ou absorvida durante a reação de
dissolução, é necessário conhecer a capacidade calorífica do interior do calorímetro. Esse
conceito baseia-se na quantidade de calor necessária para elevar a temperatura do sistema de 1
ºC. A determinação da capacidade calorífica de um calorímetro feita anteriormente sendo de
17,22 J. K-1.

Determinado a capacidade calorífica do calorímetro, sendo assim, para determinar o


calor ou a entalpia de dissolução, foi pesado 17,5 gramas de NaCl que foi introduzido dentro
do calorímetro e aferido a sua temperatura Tmx, e em seguida foi adicionada a água com a
temperatura já verificada, a Tágua. A temperatura final (TF) do sistema formado pelo sal e a
água dentro do calorímetro é mostrado pela tabela 2, onde mostra a evolução da temperatura
até atingir seu equilíbrio térmico.

Tabela 2: Variação da temperatura de acordo com o tempo da mistura sal+água.

Tempo em segundos – s Temperatura em graus Celsius ºC


30 25,1
60 24,2
90 24,1
120 24,3
150 24,3
180 24,3
Fonte: Própria do autor.

Assim, é possível observar que a 24, 3ºC é atingida a temperatura de equilíbrio da


mistura dentro do sistema, sendo esse um sistema adiabático.

Sabe-se que o NaCl se dissocia da seguinte forma:

NaCl(s) Na+ + Cl-

De acordo com os dados obtidos experimentalmente, calculou-se o calor de dissolução


do NaCl por meio da seguinte relação,:

ΔdissHm = -Ccal. (TF – Tmx) – mágua .cágua. (TF – Tágua) – mmx.cmx. (TF – Tmx) / n (11)

Os valores de temperaturas:

TF: temperatura final da mistura dentro do sistema após alcançar o equilíbrio térmico: 24,3 ºC

13
Tágua: temperatura inicial da água: 25,3 ºC.

Tmx: temperatura inicial do sal: 25,1 ºC.

Ccal: a capacidade calorífica do calorímetro: 17,22 J. K-1.

cágua: 4,184 J g-1 K-1. (Dados retirados da apostila de Físico-Química Experimental da UFGD)

cmx: 0,853 J g-1 K-1. (Dados retirados da apostila de Físico-Química Experimental da UFGD)

n: número de mol, sendo 17,5 gramas de NaCl e sua massa molar sendo de 58,44 g.mol -1, isso
corresponde a 0,30 mol, e esse valor foi obtido a partir da fórmula:

m
n= .
MM

E o volume de água utilizada é de 200 mL, o que corresponde a 200 gramas.

Assim:

ΔdissHm = -Ccal. (TF – Tmx) – mágua .cágua. (TF – Tágua) – mmx.cmx. (TF – Tmx) / n

ΔdissHm = - 17,22 J. K-1.(24,3-25,1) – 200 g. 4,184 J g-1 K-1.(24,3-25,3) – 17,5 g. 0,853 J g-1 K-1. (24.3-
25,1) / 0,30 mol

ΔdissHm = + 838,65 J. mol-1

ΔdissHm = + 0,83 KJ. mol-1

O valor de entalpia de dissolução teórico do sal é de + 3,88 KJ. mol -1 encontrado na


literatura [8]. O valor obtido experimentalmente foi de + 0,83 KJ. mol-1, e foi evidenciado que
durante o experimento houve uma diminuição da temperatura, após a dissolução do sal na
água, o que caracteriza uma reação endotérmica, além de que o ΔH deu positivo, ou seja,
houve absorção de calor. Ao comparar com os dados teóricos de uma reação de dissolução
com esse reagente, o resultado deveria estar próximo de +3,88 KJ. mol -1, comparando-o com
o valor experimental, determinou-se o erro relativo que permite a comparação de uma
estimativa com o valor exato, cuja fórmula encontra-se abaixo:

Valor te ó rico−Valor experimental


Erro relativo percentual= x 100
Valor te ó rico

3,88 KJ . mol−1−0,83 KJ . mol−1


Erro relativo percentual= x 100
3,88 KJ . mol−1

14
Erro relativo percentual=78,6 %

Dessa forma, percebe-se que houve perda de energia para a vizinhança, referente ao
calorímetro, pois o mesmo não se tratava de um sistema completamente adiabático. Dado que
não foi feito com materiais devidamente adequados, sendo ele um tipo de calorímetro
utilizando matérias mais acessíveis, como é um béquer presente em um laboratório.

4.3. Determinação do calor de neutralização

Sabe-se que a reação de neutralização de um ácido e uma base, há formação de um sal


e água, como mostra abaixo:

NaOH(aq) + HCl(aq) → NaCl(aq) + H2O(l)

Dessa forma, se trata de uma reação 1:1, ou seja, a cada 1 mol de hidróxido de sódio
que reage com o ácido clorídrico, produz um mol de cloreto de sódio e um mol de água. E
sendo a concentração dos reagentes 1,5 mol. L-1, o número de mol é dado pela fórmula 3:

n
C= onde a concentração é igual ao número de mol dividido pelo volume.
V

Para determinar o calor ou a entalpia de neutralização de um ácido forte HCl 1,5 mol.
L-1 e de uma base forte NaOH 1,5 mol. L -1. Sabendo que a variação de calor que ocorre em
uma reação química entre produtos e reagentes, a pressão constante, é chamada de entalpia de
reação (ΔH), conhecendo seu processo de neutralização e a capacidade calorífica do
calorímetro que foi aferida, e por meio da seguinte relação é possível determinar a quantidade
de calor liberada nesse processo:

ΔneutrHm = -Ccal. (TF – TMOH) – mHX .cHX. (TF – THX) – mMOH.cMOH. (TF – TMOH) / nMOH (8)

O valor da temperatura inicial da base, dado por TMOH é de 26, 5 ºC e a temperatura inicial do
ácido, dado por THX é de 26,2 ºC. O valor da capacidade calorífica do calorímetro é dado por Ccal é de
17,22 J. K-1, e supondo que tanto a capacidade calorífica e a densidade das soluções de ácido e
base são iguais a da água pura, ou seja, 4,184 J g-1 K-1e 1 g. mL-1, respectivamente, e como
foram utilizadas 100 mL, tanto da base que é dado por mMOH e como do ácido, dado por mHX, a
massa será de 100 gramas. Ao adicionar a massa mMOH que é a base dentro do calorímetro foi
adicionado a massa do ácido mHX, que então foi acompanhado a evolução da nova temperatura
TF até se atingir um valor estável, na qual se obteve os dados de temperatura a cada 30
segundos, ou seja, quando atingisse um equilíbrio térmico. A tabela 3 mostra essa relação
15
Tabela 3: Variação da temperatura de acordo com o tempo da mistura base+ ácido.

Tempo em segundos – s Temperatura em graus celsius - ºC


0 27,9
30 35,6
60 35,7
90 35,7
120 35,7
Fonte: Própria do autor.

Como é mostrado na tabela 3, o equilíbrio térmico foi alcançado em 35,7

ºC no tempo de 30 segundos, sendo ele então a temperatura TF. Dessa forma, é possível
determinar a quantidade de calor liberada no processo pela fórmula 4, sendo esse um sistema
adiabático.

ΔneutrHm = -Ccal. (TF – TMOH) – mHX .cHX. (TF – THX) – mMOH.cMOH. (TF – TMOH) / nMOH

Ccal: a capacidade calorífica do calorímetro: 17,22 J. K-1.

TF: temperatura final da mistura base+ ácido após atingir o equilíbrio térmico: 35,7 ºC.

THX: temperatura inicial do ácido: 26,2 ºC.

TMOH: temperatura inicial da base: 26,5 ºC.

mHX e mMOH: massas de ácido e base, respectivamente, sendo de 100 gramas cada um.

cHX e cMOH: sendo as capacidades caloríficas do ácido e da base, sendo 4,184 J g -1 K-1, respectivamente.
(Dados retirados da apostila de Físico-Química Experimental da UFGD)

n: número de mol, sendo que a concentração é de 1,5 mol. L -1 tanto da base como do ácido, e o volume
se solução de 100 mL ou 0,1 L, assim o resultado do número de mol obtido pela fórmula 3 é de 0,15
mol.

ΔneutrHm = -Ccal. (TF – TMOH) – mHX .cHX. (TF – THX) – mMOH.cMOH. (TF – TMOH) / nMOH

ΔneutrHm = -17,22 J. K-1.(37,5-26,5) – 100g. 4,184 J g-1 K-1. (37,5-26,2). 100g. 4,184 J g-1 K-1. (37,5-
26,5) / 0,15 mol

ΔneutrHm = -52933,73 J. mol-1

ΔneutrHm = -52,93 KJ. mol-1

16
O experimento tem como principal objetivo mostrar que a entalpia de neutralização
ΔH de neutralização de um ácido forte com uma base forte, assim, os cálculos teóricos das
Entalpias de Neutralização (em kJ mol -1) do HCl(aq) + NaOH(aq) é mostrado a baixo para fins
de comparação com o valor obtido experimentalmente.[3]

H+ (aq) + Cl- (aq) + Na+ (aq) + OH-(aq) Na+ (aq) + Cl- (aq) + H2O (l)

ΔH = ΣHf (p) - ΣHf (r)

ΔH = {Hf (Na+) + Hf (Cl-) + Hf (H2O)} - {Hf (H+) + Hf (Cl-) + Hf (Na+) + Hf (OH-)}

ΔH = {(-240,12) + (-167,16) + {(-285,83)} - {(0) + (-167,16) + (-240,12) + (-229,99)}

ΔH = - 55,84 KJ. mol -1 (a 25 ºC) (reação exotérmica)

onde Hf é a entalpia de formação de cada espécie/substância

O valor obtido experimentalmente, temos que a entalpia da reação de neutralização é


de -52,93 KJ. Mol-1. O valor de ΔH é negativo, isso refere-se a uma reação exotérmica, ocorre
liberação e calor, porque temperatura após a neutralização foi maior que a inicial indicando
que foi um processo exotérmico. Ao comparar com os dados teóricos de uma reação de
neutralização, deveria estar próxima de -55,84 KJ. mol -1, comparando-o com o valor
experimental, determinou-se o erro relativo que permite a comparação de uma estimativa com
o valor exato, cuja fórmula encontra-se abaixo:

Valor te ó rico−Valor experimental


Erro relativo percentual= x 100
Valor te ó rico

55,84 KJ . mol−1−52,93 KJ .mol−1


Erro relativo percentual= x 100
55,84 KJ . mol−1

Erro relativo percentual=5,2 %

Dessa forma, determinado experimentalmente o valor do calor da reação de


neutralização, este apresentou um erro relativo percentual de 5,2 % que está dentro da faixa
permitida que é até 10% em relação ao valor fornecido pela literatura. [3]

17
Tal erro relativo percentual pode ser explicado pelo fato de que nosso sistema não se
tratava de um meio totalmente adiabático, com isso nosso sistema tocou energia com a
vizinhança.

5. CONCLUSÃO

A realização deste experimento permite a assimilação de alguns conceitos


termoquímicos como: a Primeira Lei da Termodinâmica, entalpia, reação endotérmica, reação
18
exotérmica, capacidade calorífica, calor de dissolução, calor de neutralização e como calibrar
um calorímetro. Assim a o resultado da capacidade calorífica do calorímetro obtida foi de
0,01722 KJ. K-1, isso quer dizer que, é a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºC a
sua temperatura. Na reação de dissolução, foi encontrado um valor de + 0,83 KJ. mol-1 e que
quando comparado com a literatura, esse valor experimental é menor que o teórico, tendo um
erro percentual de 78, 6% que pode ser explicado pelo fato de que o sistema não se tratava de
um calorímetro completamente adiabático, e durante o procedimento possa ter ocorrido erros
que interferiram no resultado final, contudo, se trata de uma reação endotérmica, se tem a
absorção de calor, o ΔH é positivo, e isso confere com a literatura a respeito dessa reação. Na
reação de neutralização, foi encontrado um valor de -52,93 KJ. mol-1 e quando comparado
com a literatura, esse valor experimental ficou muito próximo do valor teórico, sendo de
-55,84 KJ. mol -1, se tratando de uma reação exotérmica. Entretanto, como não se trata de um
calorímetro totalmente adiabático, os erros durante o procedimento experimental
provavelmente foram menores, visto que, o erro percentual foi de apenas 5,2 %, quando
comparado com a reação de dissolução, que teve um erro de mais de setenta por cento. Assim,
é possível se utilizar de um béquer como sendo um calorímetro, desde que se faça uma
adaptação com algum material que sele a sua abertura, de modo que se tenham menos trocas
possíveis de calor do sistema com a vizinhança. Com isso, esse experimento permite colocar
em prática os fundamentos teóricos estudados durante as disciplinas teóricas.

6. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAS

[1] ATKINS, P, PAULA, J - Fundamentos - 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011

19
[2] ATKINS, P.; PAULA, J. Físico-Química, 7ª ed., editora LTC, Rio de Janeiro, 2002.

[3] B.H. MAHAN, Química - Um Curso Universitário, Trad. Ebe Barbieri Melardi et al, 2ª
ed., São Paulo: Edgard Blucher, 1970, p. 110-11, 205-221.

[4] I. N. Levine, Físico-Química, 6a ed., trad. E. C. da Silva e O. E. Barcia, LTC, Rio de


Janeiro, 2012, vol. 1

[5] Masterton,William, Hurley, Cecile. Química - Princípios e Reações 6ª ed. LTC, 2010

[6] PILLING, Sergio. Físico-Química Experimental I: Bacharelado em Química. In: Prática


1: Termoquímica. : Introdução à calorimetria.São José dos Campos-SP,. Disponível em:
https://www1.univap.br/spilling/FQE1/FQE1_EXP1_Termoquimica.pdf. Acesso em: 28 fev.
2020.

[7] RUSSEL, J.B. Química Geral. 2ª ed, Trad. M. A. Brotto et al, São Paulo: Makron Books
do Brasil Editora Ltda, 1994.

[8] WOLF, Lúcia Daniela. et al. Construção de um Calorímetro Simples para Determinação
da Entalpia de Dissolução. Ecl. Quím., São Paulo, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/eq/v36n2/a04v36n2.pdf>. Acesso em 1 de março de 2020.

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