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HIDRODINÂMICA DO NAVIO
(HID-1)
1ª edição
Belém-PA
2010
© 2010 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas
____________ exemplares
o
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n 1825, de 20 de dezembro de 1907
IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7
1.1 Tipos de fluidos ..................................................................................................... 7
1.2 Meio “continuum”................................................................................................... 8
1.3 Sistema, propriedades e estado .......................................................................... 11
1.4 Diferenças entre fluidos compressíveis e incompressíveis ................................. 16
1.5 Viscosidade e tensão de cisalhamento ............................................................... 17
1.6 Fluido ideal e fluido real....................................................................................... 24
1.7 Estática dos fluidos ............................................................................................. 25
1.8 Dinâmica de fluidos (abordagem euleriana e lagrangiana) ................................. 40
1.9 Aplicação em manobra de embarcações ........................................................... 42
3
4.3 Solução de Blasius para o problema da camada limite em placa plana .............. 99
4.4 Vorticidades....................................................................................................... 106
4
APRESENTAÇÃO
5
Na unidade 6, é realizado o estudo das ondas de gravidade e, na unidade 7, é
realizada a análise das forças hidrodinâmicas, identificando as forças de difração, de
Froude – Krylov, a análise da propulsão, e forças ambientais.
6
1 INTRODUÇÃO
7
Na figura 2 está representada a forma estrutural que o fluido assume segundo
o recipiente em que ele está contido, definindo assim um volume de controle.
8
1.2.2 Hipótese do “continuum”
Permite generalizar as equações de movimento, as quais podem ser
utilizadas indistintamente para gases e líquidos. Uma vez tendo sido considerado o
meio como contínuo, não pode haver falhas em seu volume de controle. Um
exemplo típico dessa teoria é o que acontece com a densidade em um meio onde
há, por menor que seja, variação na temperatura do volume de controle, conforme
ilustrado na figura 3.
Exemplo1
A derivada de uma função é calculada em um ponto da curva, a qual para
existir, deve ser contínua nesse ponto; assumindo essa idéia para um fluido é
conveniente, nesse caso, tratar o mesmo como um meio contínuo, conforme
mostrado no gráfico da figura 3 para o exemplo da densidade de um fluido. Essa
representação é mais bem visualizada na figura 4.
9
Figura 4 - Representação da descontinuidade na função densidade.
10
Figura 5 - Representação do contínuo de forma mais concreta.
11
Figura 6 - Volume de controle e superfície de controle do sistema gás.
12
Equação da conservação da massa ou continuidade
(1)
Equação da Energia
(2)
13
Na equação 3, a soma de todas as forças que atuam sobre um volume
14
Figura 8 - Objeto flutuando sobre a superfície de um líquido.
15
Figura 10 - Comportamento reológico de alguns fluidos.
Exemplo 2
Escoamentos sobre a carenagem de uma aeronave de alta velocidade; ar
através de turbinas de jatos; vapor através de turbina em usinas termoelétricas; ar
em um compressor e mistura de ar-gasolina no motor de combustão interna.
Observação: a maioria dos escoamentos de líquidos é essencialmente
incompressível, embora sendo o escoamento gasoso compressível.
16
1.5 Viscosidade e tensão de cisalhamento
Denomina-se viscosidade a propriedade associada à resistência que o fluido
oferece à deformação por cisalhamento, como mostra o diagrama da Figura 9.
Pode-se dizer que a viscosidade corresponde ao atrito interno nos fluidos devido,
basicamente, às interações intermoleculares, sendo, em geral, função da
temperatura. Essas interações são principalmente observadas próximas às paredes
das placas paralelas conforme atesta a Lei de Newton da viscosidade, como
mostrado na figura 11:
17
Figura 12 - Ação de deslocamento da placa superior em função da força F.
(4)
18
tensão de cisalhamento seja representado pela variável µ (viscosidade dinâmica do
fluido), então a lei de Newton da viscosidade passa a ser expressa por:
(5)
Exemplo 3
Uma placa quadrada de 1 m de lado e 20 N de peso desliza sobre um plano
inclinado de 30º, sobre uma película de óleo. A velocidade de placa é 2 m/s
constante. Qual a viscosidade dinâmica do óleo, se a espessura da película é 2mm?
19
Solução:
Sendo G o peso do fluido e considerando a velocidade constante, pela
segunda lei de Newton e da lei da viscosidade para gradiente linear de tensão de
cizalhamento:
G. sen (30º) = Ft G. sen (30º) = τ A G. sen (30º) = µ A
Gsen30ºY 20.sen30º.0,002
µ= = = 0,01Ns/m2 .
V.A 2.1.1
20
Da figura 13, observa-se que o perfil da velocidade na camada fluida para a
lei de Newton da viscosidade segue um perfil não linear que pode, em muitos
problemas práticos, ser aproximado por um perfil parabólico segundo a equação:
V(y) = a y2 + b y + c (6)
Exemplo 4
O perfil de velocidade de um fluido é expresso por uma parábola, onde o
vértice está a 10 cm do fundo. Calcule o gradiente de velocidade ( ) e a tensão de
21
Dados: 1 cp=10-3Pa. s
(lei de Newton da viscosidade)
Solução:
V(x) = a y2 + b y + c (equação geral da parábola)
Condições de contorno:
1) para y = 0 v = 0 ∴ c= 0
2) para y = 0,1 m v = 2,5 m/s ∴ 2,5 = a 0,12 + b 0,1
3) para y = 0,1 m dv/dy = 0 ∴ 0 = 2 a 0,1 + b ∴ b = -0,2 a
Assim, 2,5 = a 0,12 – 0,2 a 0,1 a = -250 (m s)-1 ∴ b= 50 s-1
Substituindo:
V = -250 y2 + 50 y dv/dy = -500 y +50(gradiente de velocidade)
para y = 0 dv/dy = 50 s-1 ∴ τ = 400x10-3 x 50 =20Pa
para y = 0,05 m dv/dy = -500 x 0,05 + 50 = 25 s-1 ∴ τ = 400x10-3 x 25 = 10
Pa
para y = 0,1 m dv/dy = -500 x 0,1 + 50 = 0 ∴ τ = 400x10-3 x 0 = 0
22
Figura 15 - Gráfico tensão x deformação (dv/dy) para diferentes fluidos.
23
1.6 Fluido ideal e fluido real
Um escoamento não-viscoso ou escoamento de fluido ideal é aquele no qual
os efeitos da viscosidade não influenciam significativamente no escoamento, os
efeitos da tensão de cisalhamento são desprezados; em outras palavras, é um fluido
que não apresenta resistência ao movimento (µ=0). Se ele for incompressível (ρ =
cte), ele é dito ser um fluido perfeito.
Fn
P=
A
∑ F = m.a ⇒ a = 0 ⇒ ∑ F = 0
∑ F = F{ + F{ S C
forças de superficie forças de corpo
(7)
26
Esta equação pode ser escrita da seguinte forma:
r p(z + dz) − p(z) dp
FS = − dxdydz = − dxdydz (9)
dz dz
∫ dP =ρg ∫ dh ⇒ P − P
P0 0
0 = ρgh (11 a)
27
Figura 21 - Diferentes níveis estáticos de pressão.
PA = Po + ρ g hA
PB = Po + ρ g hB ⇒ PB – P A = ρ g ∆ h (12)
Esse tipo de instrumento que mede a diferença de pressão entre dois pontos
é denominado de manômetro em “U”. Assim sendo, por se tratar do mesmo nível de
pressão, então se diz que: PA = PB e que PC = PATM + ρ g H devido o ramo direito do
instrumento estar aberto. Como os pontos B e C estão em um mesmo nível
horizontal de um trecho contínuo de fluido, então PC = PB. Assim, PA = PATM + ρ g H.
Quando o instrumento estiver em estado de equilíbrio, H = 0, o que faz PA = PATM
(pressão atmosférica).
28
A pressão em relação à pressão atmosférica é denominada de pressão
manométrica ou relativa, assim expressa: PA-man = PA – PATM.
=>Unidades usuais de pressão
Unidades de pressão são baseadas na relação Força/Área
kgf/m2; N/m2= Pascal; lb/pol2 = psi (pounds per square inches)
kgf/cm2 = 104 Kgf/m2 = 9,8x104 Pa = 0,98 bar = 14,2 psi
1kips=4448,2 N ( unidade usada em oceonografia para pressão de ondas)
Unidades de pressão definidas
1atm = 760 mmHg = 101,23 Kpa = 10330 kgf/m2 = 1,01 bar = 14,7 psi =
10,33 mca.
Exemplo 5
No manômetro ilustrado na figura, o fluido A é água, B é óleo e o fluido
manométrico (azul) é Hg. Qual a diferença de pressão PA – PB? Dados: γH2O = 10000
N/m3; γHg = 136000 N/m3 e γóleo = 8000 N/m3.
Solução:
PC= PD (Pontos do mesmo fluido no mesmo nível)
PA - PB = - 132,1 kPa.
29
1.7.1 Forças hidrostáticas sobre superfícies planas submersas
30
Figura 24 - Distribuição das forças de pressão sobre uma superfície
inclinada submersa.
Apesar de ter uma superfície plana, a distribuição de pressão nela não será
uniforme por estar inclinada como se vê na figura 24; no entanto, para um plano
inclinado, o CP e o CG atuam de forma separada. É claro que, quanto mais se
afunda, mais o CG se aproximará do CP. Assim, para o cálculo da força resultante
das pressões atuantes sobre essa superfície, utilizaremos a figura 25.
Figura 25 - Diagrama de distribuição das forças de pressão que atuam sobre uma
superfície plana inclinada e submersa.
31
de área na qual a pressão é aplicada, então a força resultante perpendicular ao
plano da superfície é expressa pela equação FR = ∫ PdA .
A
equação
FR = ∫ (p0 + ρgh)dA = ∫ (p0 + ρgysenθ)dA (14)
A A
(17)
32
Desprezando p0 obtemos a equação simplificada para FR:
FR= ρ g yC senθ A (18)
(19)
(21)
(22)
gravidade da área.
33
Exemplo 6
A superfície mostrada, com dobradiça ao longo de A, tem 5 m de largura (w=5
m). Determinar a força resultante F da água sobre a superfície inclinada, o ponto de
sua aplicação e o esforço na dobradiça (utilizar SI). A densidade da água é de
1000kg/m3 e a aceleração da gravidade é de 9,8m/s2.
Solução:
FR = γ·. hc. A
1 1
hC = 2,00 + × 4,00 × sen300 = 2,00 + × 4,00 × 0,5 = 3,00 m
2 2
34
2) Cálculo do centro de pressão
IG
yP = yC +
A ⋅ yC
2,00 2,00
x= = = 4,00 m
sen30° 0,50
YC =4+2=6 m
b ⋅ d3 5,0 × 4,03
IG = (comporta retangular) = = 26,7 m4
12 12
26,7
y P = 6,0 + = 6,22 m ; o centro de pressão está a 2,22m(6,22-4) do
20,0 × 6,0
ponto A.
∑M O =0
F x 1,78 = FA x 4,00
35
Superfície curva
A pressão numa superfície curva deve ser sempre calculada pela integração
das equações gerais. Entretanto, é fácil verificar que devido ao equilíbrio estático as
componentes da resultante podem ser calculadas pelas projeções da superfície
curva sobre superfícies planas nas direções das componentes, como mostra a figura
26.
Exemplo 7
Calcular os módulos e a linha de ação das componentes de empuxo que
agem sobre a comporta cilíndrica da figura de 3,28m de comprimento. A
densidade da água é de 1000kg/m3 e a aceleração da gravidade é de 9,8m/s2.
36
Solução:
1) Empuxo horizontal
EH =ρ. g. h . A
1,96
hC = = 0,98 m
2
2) Empuxo vertical
EV= ρ. g.V
1 1
V=
4
( ) ( )
πR 2 L = π × 1,96 2 × 3,28 = 9,896 m 3
4
1.7.2 Empuxo
Se um objeto estiver imerso em um líquido ou flutuando em sua superfície, a
força vertical que age sobre esse corpo devido à pressão do líquido é chamada de
EMPUXO.
De acordo com o princípio de Arquimedes, se a massa específica (ρc) ou o
peso específico (γc) de um corpo for maior ou igual à massa específica (ρ) ou o peso
específico (γ) de um fluido, então esse corpo flutuará. Assim sendo, o empuxo
causado por esse corpo é determinado com base em um volume fluido
infinitesimal, mostrado no diagrama esquemático da figura 27.
37
Figura 27 - Balanço de forças de pressão em z, para um volume infinitesimal
representativo.
Do gráfico da figura 27, o empuxo causado por esse corpo no volume fluido
definido corresponderá à variação de pressão que ocorre nas várias faces desse
corpo; e para efeito didático, o balanço de pressão será considerado apenas na
direção do eixo z. Dessa forma, pode-se definir a diferencial da força resultante pela
equação:
(25)
Sabendo-se que (h2 – h1)dA corresponde ao volume deslocado (∀) por parte
ou por todo o corpo submerso, então a expressão que define o empuxo de um corpo
em um dado fluido é representada por:
(26)
38
Exemplo 8
Uma fragata navega em água salgada de densidade 1, 025 ton/m3 e tem
deslocamento de 4900 ton.
Solução:
A fragata pode ser modelada para este exemplo como um diagrama de bloco
39
1.8 Dinâmica de fluidos (abordagem euleriana e lagrangiana)
40
Observar que, no método euleriano, a variável analisada é dada em direção e
módulo em cada ponto do espaço considerado, podendo variar com o tempo.No
método lagrangiano, um medidor de temperatura é fixado na partícula e registra a
sua temperatura; ao longo do seu movimento, o uso de vários sensores se
movendo com a partícula estabeleceriam a temperatura da partícula em função do
tempo.
Exemplo 9
Um campo de velocidade de um fluido é dado por V = (V0 / L)( xi − yj) onde V0
Solução:
Componentes cartesianas das velocidades nos eixos x e y:
V0 x
u=
L
− V0
v=
L
w=0
Módulo da velocidade
V = u2 + v2 + w 2
V0
V= x2 + y 2
L
Quando V = V0 , x 2 + y 2 = L e o campo de velocidades é um circulo de raio L
41
Finalizando, podemos dizer que no caso do escoamento da massa fluida
utilizamos a descrição euleriana, ou seja, descrevemos o escoamento através dos
campos de velocidades e pressões, sem nos importarmos com que partícula ocupa
cada posição no espaço em cada instante.
42
2 LEIS DE CONSERVAÇÃO
43
∂v ∂w
Se agora existirem gradientes de velocidade e nas direções y e z,
∂y ∂z
então, por raciocínio análogo ao anterior, a taxa de variação de volume será
expressa por:
∂u ∂v ∂w
δx δt.δy.δz + δy δt.δx.δz + δz δt.δy.δx +
1 d(δ(δ ∂x ∂y ∂z
= lim δt→0
δV dt δx.δt.δy.δz
1 d(δ(δ ∂u ∂v ∂w ∂ ∂ ∂ r
= + + = , , .(u, v, w ) = ∇.V (27 a)
δV dt ∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
∂u ∂v ∂w
As variações de velocidade direcionais, , , causam a deformação
∂x ∂y ∂z
linear do corpo fluido desde que não haja mudança na forma deste corpo.
Observe também que o volume elementar do cubo fluido pode mudar devido
à deformação linear do corpo fluido, porém, se o fluido é incompressível (sem
variação na massa específica), a taxa de dilatação volumétrica é nula, pois o
volume do fluido não pode mudar sem a mudança na massa específica do fluido
(conservação da massa). Podemos dizer então que a equação (27 b) expressa a
conservação da massa ou da continuidade.
r ∂u ∂v ∂w
∇ .V = + + =0 (27 b)
∂x ∂y ∂z
44
2.2Lei da conservação da massa
45
Podemos escrever para este volume de controle as seguintes equações:
• •
Para maior simplicidade, adotaremos os símbolos m e , m s para os fluxos de
massa adentrando e saindo do volume de controle.
Sendo S a área de fluxo e v a velocidade dos fluidos que adentram e saem
do VC, a equação da continuidade para regime permanente será escrita pela
seguinte equação:
• •
∑ m e =r ∑ m s r r (31)
r
∑ (ρ . V.n. S) = ∑ (ρ . V.n .S)
e s
r r
Onde V.n é o produto escalar do vetor velocidade e de um vetor normal à
superfície.
Quando o vetor velocidade é normal à superfície, então a equação (31) é
descrita pela equação (31 a).
46
• •
∑m e = ∑m s (31 a)
∑ (ρ . V. S) = ∑ (ρ . V .S)
e s
Ve Se = VS S S
(31 b)
∂ r v
∫
∂t VC
ρdV + ∫ .n.dS = 0
SC
ρ.V (31c)
∂ r v
Onde ∫ ρ.dV é a taxa de variação do volume de controle e
∂t VC SC
∫ ρ.V.n.dS os
r v
∫ .n.dS = 0
ρ.
SC
V (31d)
47
sendo o vetor normal à superfície e ρ a densidade do fluido, que pode ser
Exemplo1
Água escoa em uma tubulação de lastro de um navio petroleiro com diâmetro
inicial de 6 pol a 25 oC, com velocidade de 22 m/s. Na tubulação existe uma
expansão no diâmetro de 8 pol., conforme mostrado na figura. Determine a
velocidade da água na saída da tubulação e a vazão de descarga.
São dados:
1pol =0, 0254 m
Solução:
Da equação da continuidade (ρ.V.S) entra = (ρ.S.V) Sai
S ENTRA
Velocidade de descarga v SAI = v ENTRA
S SAI
D2ENTRA 62
v SAI = v ENTRA = 22. = 12,375 m/s.
D 2SAI 82
48
π (8 * 0,0254)2
QSAI = 12,375 * ≅ 0,40 m3 /s.
4
2.2.3 Forma diferencial da equação da continuidade
A figura 31 ilustra um cubo de volume δx.δy.δz com entrada e a saída de
fluxo de massa na sua superfície lateral no plano y z.
49
Pela equação da conservação da massa:
∂ r v
∫
∂t VC
ρdV + ∫ .n.dS = 0
SC
ρ.V
Exemplo 2
As componentes de velocidade para um fluido incompressível que se move
em regime permanente é dado pelas seguintes equações:
u = x2 + y 2 + z 2
v = xy + yz + z
w = w(x, y, z)
Determine a componente w desta velocidade.
Solução:
∂u
u = x 2 + y2 + z2 , = 2x
∂x
∂v
v = xy + yz + z, =x+z
∂y
w = w(x, y, z)
Equação da continuidade
∂ u ∂ v ∂w
+ + =0
∂x ∂y ∂z
∂w
2x + x + z + =0
∂z
50
∂w
= −3x − z
∂z
∂w = −3x∂z − z∂z
Integrando
∫ ∂w = −3x∫ ∂z − ∫ z∂z
z2
w = −3xz − + f(x, y)
2
Exemplo 3
A função corrente ψ(x, y) de um escoamento plano de um fluido
incompressível em regime permanente é definida pelas componentes de velocidade
∂ψ ∂ψ
u e v tal que u = e v=− . Seja um fluido que obedece à lei da função corrente
∂y ∂x
cujas componentes de velocidade são u = 2y e v = 4x. Determine a função corrente
para este fluido mostrando o seu perfil no plano x y.
Solução:
Aplicando a definição de função corrente
∂ψ
u=
∂y
∂ψ
2y =
∂y
∫ ∂ψ = 2∫ y∂y
ψ = 2y 2 + f1 ( x )
∂ψ
v=−
∂x
∂ψ
4x = −
∂x
∫ ψ = -4∫ x∂x
ψ = −2x 2 + f 2 ( y )
f1 (x) e f 2 (y) são funções arbitrárias.
A função corrente pode ser então definida pela seguinte função :
ψ = -2x 2 + y 2 + C, sendo C uma constante.
51
2.3 Origem das forças em um fluido
As forças que atuam em um corpo são as de campo ou de corpo e as de
superfície.
Desta forma, as forças de superfície que atuam nos fluidos são as forças de
pressão e cisalhamento e podem ser expressas pela equação (32).
Fn = ∫ σ.dS
SC
(32)
Ft = ∫ τ.dS
SC
52
r
As forças de corpo ( δFC ) que atuam na massa fluida consistem basicamente
r
nas devidas ao campo gravitacional ( g ) da massa fluida, podendo ser
determinadas pela equação:
r r r r
δFC = δFC X i + δFCY j + δFCZ k
r v r
g = g x i + g y j + g zk (32 a)
r r v r
δFC = m.g = m.g x i + m.g y j + m.g z .k
Na definição mais geral, uma força de campo pode ser definida através de
suas componentes por unidade de volume. Assim, por exemplo, se considerarmos
r
que ( FC ) é qualquer força de campo. esta força será expressa pela equação (32 b)
r v
FC = ∫ f . ρ .dV (32 b)
Volume
v
Onde f é a força de corpo por unidade de massa.
Exemplo 4
Considere um cubo de madeira de aresta h de massa específica µ C flutuando
53
Solução:
a) esquema das forças de corpo e superfície
Forças de superfície
F1 = ∫ P1 .dA = P1 .A F3 = − ∫ P3 .dA = − P3 .A
A A
F2 = ∫ P2 .dA = P2 .A F4 = − ∫ P4 .dA = − P4 .A
A A
F5 = ∫ P5 .dA = P5 .A F0 = ∫ P0 .dA = − P0 .A
A A
r v r r
FS = (F2 + F3 ) i + (F4 + F5 ) j + (F1 + F0 )k
P2 = P3 = P4 = P5
r r
FS = (P1 − P0 ).Ak
Forças de corpo
r r r r r r r r
g = g x i + g y j + g z k = g z k = gk , FC = −(µ C .VCubo .g)k
54
Equação de equilíbrio
r r r r
FS + FC = 0, (P1 − P0 ).Ak - (µ C .VCubo .g)k = 0, (P1 − P0 ).A = µ C .VCubo .g
Teorema de Stevin
P1 − P0 = µ AS .g.h S
VS
E = (P1 − P0 ).A = µ AS .g.hS . = µ AS .g.VS .
hS
Para o cubo flutuando em equilíbrio sem oscilações e efeitos viscosos,
Peso=Empuxo ,conforme o teorema de Arquimedes.
r r
Onde P é a quantidade de movimento (momento) linear e F a força
resultante que atua no sistema.
r r v
P = ∫ V.dm = ∫ ρ.V .dV (33 a)
M sistema Vol sistema
r
r dP ∂ r r v v
F= = ∫ ρ.V.dV + ∫ V.ρ.V.n.dS (33 b)
dt ∂t Vc SC
r
A força F da equação (33 b) é a força resultante que atua no sistema
(volume de controle com os fluxos de massa que adentram e saem do sistema).
∂ r
O termo ∫ .dV representa a taxa de variação da quantidade de movimento
∂t Vc
ρ .V
r v v
no interior do volume de controle, enquanto o termo ∫ V.ρ .V .n.dS representa a
SC
soma das taxas de variação das quantidade de movimento dos fluxos de massa
55
r
que adentram e saem do volume de controle. A força F é a soma das forças de
corpo e de superfície.
Exemplo 5
Um navio petroleiro, possui uma curva na tubulação de descarga de óleo
combustível.Considere que óleo diesel de massa específica de 750 kg/m3 escoando
em regime permanente está sendo bombeado do navio a 12 bar de pressão
manométrica no mangote para uma balsa de apoio,conforme ilustrado na figura ,
segundo todas as regras de segurança estabelecidas para o bombeamento e
proteção ao meio ambiente determinadas pelo comandante durante o
procedimento.
56
Solução:
Equação da continuidade
Pela equação da conservação da massa:
∂ r v
∫
∂t VC
ρdV + ∫ .n.dS = 0
SC
ρ.V
∂
∫ ρ.dV = 0 (regime permanente)
∂t VC
r v
∫ ρ.V.n.dS = 0
SC
r r r r
ρ.V1 .A 1 + ρ.V2 .A 2 = 0
r r v
V1 .A1 = − V1 .A 1 (o vetor velocidade e o vetor(n) normal a área tem sentidos opostos )
r r v
V2 .A 2 = V2 .A 2 (o vetor velocidade e o vetor(n) normal a área tem o mesmo sentido )
− ρ.V1 .A 1 + ρ.A 2 .V 2 = 0
2 2
D 12
V 2 = V1 . = 1,3. = 2,6m/s
d 6
π.d 2 3,14.(6.0,0254) 2
A2 = = = 0,0182m 2
4 4
2
π.D 3,14.(12.0,0254)2
A1 = = = 0,073m 2
4 4
57
Forças atuantes no óleo diesel devido à curva
r
r dP ∂ r r v v
F= =
dt ∂t Vc ∫ ∫
ρ.V.dV + V.ρρV .n.dS
SC
r r r
F = 67,73 i + 46,13 j
F X = R X + (P1 − P0 ).A 1 − (P2 − P0 ).A 2
FY = R Y − (P2 − P 0 )sen30.A 2
67,73 = R X + Pm1 .A 1 − Pm2 .A 2
67,73 = R X + 12.105 .0,073
R X = −87532 N = −87,5 kN (para a esquerda)
46,13 = R Y − P2m .sen30.A 2
R Y = 46,13N(des prezível)
Força na curva
A força na curva é horizontal e atua para a direita (ação e reação).
A intensidade desta força pode romper a tubulação e arrancá-la do seu
suporte.
Para evitar tal inconveniente, as soldas, conexões, protetores de vibração e
outros acessórios do sistema,devem ser periodicamente inspecionados.
r v r r ∂ r r r v rr
∑ (r × F ) = ∑ M
0 0
= T0 = ∫
∂t VC ∫
(r × V)ρdV + (r × V)ρVndS (33 c)
SC
r r r
Onde r é o vetor distância do vetor velocidade V ou força F até o ponto “o -
origem ou referência para o calculo dos momentos”, sobre o qual se calcula o
momento resultante. Esta expressão é válida para um V C inercial, ou seja, ela é
utilizada para um V C em movimento sem aceleração, usando a velocidade
relativa do conjunto.No entanto, se o escoamento for permanente e
58
unidimensional, a equação (33) que determina o balanço das forças para um
conjunto de partículas dadas, torna-se:
r r r r r • r r •
∑ (r × F ) 0
( )
= T0 = ∑ r × V m ( )
− ∑ r × V m
saída entrada
(34)
• •
Onde m saída e m entrada são os fluxos em massa ( ρVS ) na saída e entrada do
VC.
Exemplo 6
Água entra em um “splinker” com um fluxo de 0, 001m3/s, conforme é
ilustrado na figura. A área de saída dos bocais é de 30mm2 e o fluxo de água deixa o
“splinker” normal à área de saída, sendo o raio do eixo de rotação de 0,2m.
59
Solução:
a) modelo matemático
Equação da continuidade para o “splinker” em regime permanente:
r v
∫ .n.dS = 0
ρ.
SC
V
A 2 = 30.10 − 6 m 2
- ρ.V1 .A 1 + 2.ρ. A 2 .W2 = 0
ρ.V1 .A 1 Q
W2 = =
2. ρ .A 2 2.A 2
60
Equação do momento para o “splinker” em regime permanente
r r r r r • r r •
∑ (r × F ) 0
( )
= T0 = ∑ r × V m
( )
− ∑ r × V m
saída entrada
r r •
(
∑ r × V m ) = 0 , na entrada (seção 1), V1 e r1 tem a mesma direção.
entrada
r r • • r
∑ (
r × V m ) = − V2 r m k
saída
• r
Teixo = − V2r m k
Velocidade circular
2π Nr2
U = w.r =
60
2ππN.2 2.3,14.500.0,2
U= = = 10,46 m/s
60 60
V2 = W2 − U = 6,2 4m/s
r • r r
Teixo = -V2 .r2 . m k = -V2 .r2 .ρ . Q k
r v r
Teixo = -6,24.0,2.1000 . 0,001k = −1,24 k Nm(horário)
61
2.6 Equação geral da energia e equação diferencial do momento linear
2.6.1 Equação geral da energia
O balanço de energia para um volume de controle é expressa pela seguinte
equação:
∂
2
• • VVC Vf
2
r r
Q− W =
∫ VC
u + + gz
VC ρ dV +
∫ f u + P v
f f + + gz f ρ (Vf .n )dA (35)
∂t VC 2 SC 2
Onde:
•
Q = fluxo de calor que cruza a superfície do volume de controle (W ou
kW)
•
W = potência fornecida ou recebida pelo volume de controle (W ou kW)
∂
2
VVC
∫ u VC + + gz VC ρ dV = taxa de variação de energia do volume de
∂t VC 2
controle (W ou kW)
2
Vf r r
∫SC f f f 2 + gz f ρ (Vf .n )dA = taxa de variação de energia dos fluxos de
u + P V +
• •
Se o calor é adicionado ao V C, Q é positivo , se retirado, Q é negativo .
• •
Se trabalho é fornecido pelo V C, W é positivo , se recebido, W é negativo.
2 2
& = dE vc + ∑ m
& −W
Q
V
& s (h s + s + gzs) − ∑ m
V
& e (h e + e + gze) (35 a)
dt 2 2
• •
W Q
Fazendo w = •
e q= •
, a equação (35 b) pode ser reescrita na forma
m m
específica:
2
Ve V2
he + + gze = h s + s + gzs - q + w
2 2
2 2
Pe Ve PS VS
ue + + + gze = u S + + + gzs (35 c)
ρ 2 ρ 2
2 2
Pe Ve P V u − ue w q
+ + ze = S + S + zs + S + −
ρg 2g ρg 2g g g g
63
uS − ue
No caso do escoamento de líquidos incompressíveis, o termo é nulo.
g
w q
O termos (kg.m/kg) e (kg.m/kg) são os equivalentes do trabalho e calor
g g
2 2
Pe P V V
expressos em formas de altura, sendo (m), e S (m), e (m), S (m) as alturas
ρ ρ 2g 2g
de pressão ou piezométricas, e de velocidade. As alturas ze (m) e zS (m) são as
alturas estáticas dos pontos de entrada e saída do fluxo de massa do fluido que
cruza a superfície do volume de controle.
2 2
Pe αVe P αV
+ + ze + H bomba − H turbina − H perdas = S + S + zs (36)
ρg 2g ρg 2g
ρgQH bomba
Pbomba = (37)
n bomba
64
2.6.3 Equação de Bernoulli
Se na equação (36) não considerarmos a bomba, a turbina, e
desprezarmos as perdas ao longo do escoamento, a energia armazenada no
fluido se conserva e teremos a equação de Bernoulli (1738).Ei-la:
v 12 P1 v2 P
Z1 + + = Z2 + 2 + 2 (39)
2g ρg 2g ρg
Exemplo7
Na instalação da figura a seguir, a máquina de fluxo é uma bomba e o fluido
circulante é água. A bomba tem um rendimento de 80% e potência de entrada de
acionamento de 3 kW. A água é descarregada para um tanque aberto cuja saída da
canalização de descarga está a 40 m de altura na velocidade de 2 m/s, por um tubo
de seção igual a 10 cm2. Determinar a perda de carga do fluido entre os pontos (1)
e (2) e a potência dissipada ao longo da tubulação (γ = 104 N/m3). Considere a
taquicarga de valor 1.
65
Solução:
O volume de controle é delineado entre os pontos 1 e 2 adotando-se o
referencial para as alturas no nível da bomba.
Z2 = 40 m
Z1=0
12 P0 22 P0
0+ + + 48 = 40 + + + H Perdas
2.10 10000 2.10 10000
H Perdas = 7,85m
66
Exemplo 8
V2
A perda de carga entre os pontos 1 e 2 é dada pela equação H perda = 7,5 .
2g
Solução:
2 2
αV P αV P
Z1 + 1 + 1 + H bomba = Z 2 + 2 + 2 + H Perdas
2g ρg 2g ρg
18,662
H perdas = 7,5. = 130,57m
2.10
67
Cálculo da altura de carga da bomba
68
Analogamente para o eixo Y:
∂σ ∂τ xy ∂τ zy
dFY = dFSY + dFCY = YY + + + ρgy dx.dy.dz
∂y ∂x ∂z
r
Observe que a força resultante dF = dFX i + dFY j + dFZ k é dada pela segunda
lei de Newton:
r r r r r
r DV ∂V ∂V ∂V ∂V
dF = dm. = ρdxdydz +u +v +w
Dt ∂t ∂x ∂y ∂z
∂u ∂v
τ xy = τ yx = µ +
∂y ∂x
∂v ∂w
τ yz = τ zy = µ + (40 a)
∂z ∂y
∂u ∂w
τ zx = τ xz = µ +
∂z ∂x
69
As tensões normais PARA FLUIDOS NEWTONIANOS são calculadas
pelas seguintes equações:
∂u 2
σ XX = µ 2 − ∇.v − P
∂x 3
∂v 2
σ YY = µ 2 − ∇.v − P
∂y 3 (40 b)
∂w 2
σ ZZ = µ 2 − ∇.v − P
∂z 3
∂u ∂v ∂w
obs : ∇.v = + +
∂x ∂y ∂z
Du ∂P ∂ 2 ∂v
ρ = ρgx − − µ∇.v + ∇. µ + ∇.(µ∇u )
Dt ∂x ∂x 3 ∂x
Dv ∂P ∂ 2 ∂v
ρ = ρgy − − µ∇.v + ∇. µ + ∇.(µ∇v ) (40 c)
Dt ∂y ∂y 3 ∂y
Dw ∂P ∂ 2 ∂v
ρ = ρgz − − µ∇.v + ∇. µ + ∇.(µ∇w )
Dt ∂z ∂z 3 ∂z
D r v 1 r r
ρ V = −∇.P + ρ.g + .µ∇(∇.V) + µ.∇ 2 V (40 d)
Dt 3
70
E, “em componentes cartesianas”:
Du ∂u ∂u ∂u ∂u ∂P ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
ρ = ρ + u + v + w = ρgx − + µ 2 + 2 + 2
Dt ∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ∂x ∂y ∂z
Dv ∂v ∂v ∂v ∂v ∂P ∂2v ∂2v ∂2v
ρ = ρ + u + v + w = ρgy − + µ 2 + 2 + 2 (40 f)
Dt ∂t ∂x ∂y ∂z ∂y ∂x ∂y ∂z
Dw ∂w ∂w ∂w ∂w ∂P ∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w
ρ = ρ +u +v +w = ρgz − + µ 2 + 2 + 2
Dt ∂t ∂x ∂y ∂z ∂z ∂x ∂y ∂z
71
2.8 Forças centrípeta e de Coriolis
Em sistemas girantes como a terra, é necessário observar criteriosamente os
efeitos que aparecem. Sendo o movimento de translação relativo, pode-se
determinar se um corpo está ou não em rotação, sem relacioná-lo à posição de
qualquer outro objeto, porque há forças associadas apenas ao movimento de
rotação. Uma destas forças é a força centrífuga e a outra é a força de Coriolis, a
qual é responsável por fenômenos na circulação da atmosfera e dos oceanos. Para
observar o aparecimento destas forças, vamos efetuar a análise dos vetores
velocidade e aceleração para um referencial em rotação (não-inercial), quando
observados de um referencial fixo (inercial). Adotaremos o subescrito f para o
sistema fixo e r para o sistema em rotação. Para facilidade do estudo, vamos
escolher uma origem comum para os dois sistemas e coincidente no tempo t ,
conforme ilustrado nas figuras 34 a, b e c.
r r
Sejam ω e r a velocidade angular e o vetor posição de uma partícula P com
relação ao sistema em rotação.
v v
r = r(t) = x r i r + y r jr + z r k r
72
Os vetores unitários ( i r , jr , k r )do referencial em rotação possuem direção e
sentido que variam com o tempo, enquanto que os vetores unitários(i,j,k) do
referencial fixo são constantes em direção e sentido. O vetor velocidade da
partícula P, observado nos referenciais fixos e em rotação são dados pelas
equações:
r
r dr dx dy dz
Vf = = i+ j+ k (em relação ao sistema fixo ) (41)
dt dt dt dt
r
r dr d
Vf = = (x r i r + y r jr + z r k)
dt dt
r dx dy dz di dj dk
Vf = r i r + r jr + r k r + x r r + y r r + z r r
dt dt dt dt dt dt
r r di dj dk
Vf = Vr + x r r + y r r + z r r (41 a)
dt dt dt
r
Vr = velocidade da partícula em relação aosistema em rotação
73
A equação (41 c) vale também para a derivada da velocidade (aceleração).
r
dV d r r
dt = dt + ω × Vf
f r
r
dv d r r r r
= + ω × (Vr + ω × r)
dt f dt r
r r
d r r dω r r dr
ω×r = ×r + ω×
dt dt dt
r r r
ω × ω × r = ω 2 rsenθ ((triplo produto vetorial, ver figura 34 b)).
r r r
O termo ω × ω × r = ω 2rsenθ é denominado de aceleração centrípeta.
r r
dω r r d r r r
Se a rotação ( ω ) é constante, então ×r = ω× = 2ω × Vr .
dt dt
As forças resultantes nos dois sistemas são então relacionados pela equação:
r r r r
Ff = Fr + m.2ω × Vr + m. a centrípeta ( observador no sistema fixo)
r r r r r
Fr = Ff − m.2ω × Vr − m. a centrípeta ( observador no sistema em rotação)
(43)
r r
O termo m.2ω × Vr é denominado de força de Coriolis. A força de Coriolis é
perpendicular ao eixo de rotação do referencial e ao vetor da velocidade do
corpo em movimento. Se o corpo se afasta do eixo de rotação, a FC exerce-se
no sentido contrário da rotação. Se o corpo se aproxima do eixo de rotação, FC
exerce-se no mesmo sentido que a rotação. Uma regra básica é a do triedro para a
mão esquerda: coincida o polegar com o vetor da velocidade angular e o
indicador para a velocidade relativa ao referencial em rotação. O dedo médio
apontará o sentido da força de Coriolis. O início do século XX marca a sua
74
r
utilização nas aplicações da meteorologia. O termo − m.acentrípeta é denominado de
r
força centrífuga, e atua em sentido oposto ao da força centrípeta ( m.a centrípeta ). Os
efeitos da força de Coriolis são hoje bem conhecidos no movimento dos ventos
em centros de baixa pressão. Isto é, quando uma área de baixa pressão se
forma na atmosfera, o ar tende a fluir em sua direção movido pelos gradientes de
pressão, mas será defletido perpendicularmente à sua velocidade pela força de
Coriolis. Um sistema de equilíbrio pode então se estabelecer, criando um
movimento circular e dando origem a uma formação tipo campo de spin,
característica dos fluxos ciclônicos.
Exemplo 9
Considere um carrossel que gira com a velocidade angular de 0,3π rad/s. Um
funcionário do carrossel pretende se desloca radialmente sem se agarrar a nenhum
dos cavalinhos. Entre os sapatos do funcionário e o chão do carrossel existe um
coeficiente de atrito estático de 0,3 e dinâmico de 0,28. Qual é a distância máxima
ao centro do carrossel que o funcionário se pode manter de pé, parado, sem
escorregar? Se o funcionário se deslocar na direção radial, começando no centro do
carrossel, com uma velocidade constante de 1 m/s, a que distância do centro ele
começa a escorregar?
Solução:
75
a) distância máxima ao centro do carrossel
r r r r r
Fr = Ff − m.2ω × Vr − m.a centrípeta (para o observador no sistema em rotação)
r r
Como o funcionário está parado em relação ao carrossel, Fr = 0 . A força Ff
é a resultante da força de atrito , do peso e da normal que atuam no funcionário em
relação ao referencial inercial (fixo). Como a normal é igual ao peso e sentidos
r
opostos, estas forças se anulam e Ff é igual à força de atrito e dirigida para o centro
do carrossel. Por não haver movimento relativo, a força de Coriolis é zero
(funcionário parado no carrossel).
0 = Fat − m.ω 2 .R
Fat µ .m.g µ .g 0,3.10
R= 2
= est 2 = est2 = = 3,38 m
m..ω m..ω ω (0,3.3,14) 2
r r r r r
b) Fr = Ff − m.2ω × Vr − m.a centrípeta
Exemplo 10
Explique a formação do furacão.
São várias as denominações de uma tempestade tropical violenta: chamada
de furacão, no Atlântico; tufão, no noroeste do Pacífico; ciclone, no Golfo de
Bengala. O furacão é uma grande massa de ar repleto de nuvens, semelhante a
um toróide circular, rodopiando no sentido da rotação da Terra. As medidas típicas
76
variam de 15 km (diâmetro interno - “olho do furacão") por 200 km (diâmetro
externo) e por 10 km (altura). A velocidade na periferia pode ultrapassar 200 km/h
(máximo registrado: 316 km/h). O furacão forma-se entre o equador e o tropico de
Câncer, a Oeste da África, na região oceânica com diâmetro da aproximado de 500
km, entre junho e novembro. É esta a “encubadeira” do furacão. A radiação solar
aquece a água. A temperatura superficial, acima de 27 oC durante mais de um mês,
pode originar um furacão. Em uma área de (100 x 100) km2, são evaporadas
aproximadamente 60.106 ton/dia. O ar úmido e quente produz forte corrente
ascendente e a pressão cai. Das regiões vizinhas surgem os ventos que se dirigem
para a região de baixa pressão. O rodopio do furacão é causado pelas forças de
Coriolis.
Fonte: www.feiradeciências.com. BR
77
Fonte: www.feiradeciências.com. br
78
Figura 35 - Desenho representativo do efeito Squat ao longo da carena
do navio.
Fonte: WALKÉ & SÉMHUR, 2008.
79
a) velocidade de avanço (Va), o Squat varia com o quadrado da velocidade;
b) coeficiente de bloco (Cb), o Squat varia diretamente com o Cb (navios
tanques têm mais Squat que os navios de passageiros); e
c) fator de bloco (S), que significa a seção imersa no plano médio do navio
(bocaxcalado) dividido pela seção transversal do canal ou rio.
Se a embarcação estiver em água aberta, a influência da água nesse
movimento também pode ser determinada. Para supertanques, esse valor é 8,25
b e 9,5 b para cargas gerais e 11,25 b para contaneiros, sendo b a boca do navio.
O Squat pode ser calculado a partir de uma expressão empírica determinada
por meio de uma série de experimentos em embarcações e modelos. O Squat para
canais estreitos (expresso em metros) é dado pela equações:
80
Exemplo 9
Determinar o Squat de um navio contaneiro que navega por um canal com as
dimensões mostradas na figura com calado de 8 metros a 8 nós de velocidade e
coeficiente de bloco igual a 0,8.
Solução:
Área do canal (Ac) = 0,5 x (40 + 60) x 12 = 600 m2
Área da seção do barco (As) = 8 x 20 = 160 m2
Segundo Barrass
0,81
8 2,08 160
Squat = . .0,8 = 1,04 m
20 600
Segundo Watt
160
(8.0,514)2 . .0,8
600 − 160
Squat = 2,2. = 1,1metros.
9,81
81
Observe a diminuição da linha d’água a meio-navio devido à sucção da
água através do casco, o que ocasionará a diminuição do empuxo e o
movimento para baixo.
Exemplo 10
Um navio tanque, com calado de 8 m e coeficiente de bloco de 0,85, navega
em água aberta a 12 nós de velocidade, com o ecobatímetro lendo 7 m de
profundidade abaixo da quilha. Determine o efeito Squat utilizando a equação de
Dant.
Solução:
2
V d
Squat = S . .cb , metros
95 D
12 2 8
Squat = . .0,85 = 0,69metros.
95 (7 + 8)
82
3 ANÁLISE DIMENSIONAL APLICADA À PROPULSÃO E RESISTÊNCIA
HIDRODINÂMICA
83
O número de Reynolds é a razão das forças de inércia para as forças de
viscosidade. Números de Reynolds elevados caracterizam escoamentos
turbulentos, e os escoamentos para os quais as forças de inércia são “pequenas”,
comparadas às de viscosidade, são laminares.
O número de Euler é a razão entre as forças de inércia e de pressão, tendo
grande aplicação em aerodinâmica.
O número de Froude é grandemente utilizado em aplicações navais, como
ensaio de modelos e propulsores em tanques de provas. O quadrado do número
de Froude é definido como a razão entre a força de inércia e a da gravidade.
Números de Froude menores que a unidade indicam escoamentos subcríticos, e
valores maiores do que a unidade, escoamentos supercríticos.
O número de Weber é a razão das forças de inércia para as forças de
tensão superficial.
O quadrado do número de Mach pode ser interpretado como a razão das
forças de inércia para as forças de compressibilidade.
84
Assim, os números de Reynolds ( R e ) , Euler ( E u ) , Froude (Fr ), Weber (We ) , e
FI ρV 2 L2 ρVL
Re = = = (44 d)
FV µVL µ
FI ρV 2 L2 ρV 2
Eu = = = (44 e)
FP ∆P L2 ∆P
FI ρV 2L2 V 2
Fr2 = = =
Fg g ρ L3 gL
(44 f)
V
Fr =
gL
FI ρV 2 L2 ρV 2 L
We = = = (44 g)
FTS σL σ
ρV 2 L2 ρV 2
M2 = =
E V L2 EV
V (44 h)
M=
EV
ρ
Semelhança geométrica:
L modelo
= λ (fator de escala); e
L protótipo
(44 i)
S modelo
= λ2
S protótipo
Semelhança cinemática:
Vmodelo L /T L T λ
= m m = m ÷ m = ;e
Vprotótipo L p /Tp L p Tp Tr
(44 j)
a modelo λ
= 2
a protótipo Tr
86
Semelhança dinâmica das forças de inércia:
FImodelo m a ρ L3 λ
= mod mod = mod 3mod . 2 ; e
FIprotótipo m prot a prot ρ prot L prot Tr
2 2 2 2 (44 k)
FImodelo ρ L λ ρ L V
= mod . mod . = mod . mod . modelo
FIprotótipo ρ mod L L V
prot Tr ρ mod prot protótipo
Para modelos com uma superfície livre, como é o caso de modelos de navios,
as forças predominantes são a de inércia e de gravidade. Neste caso, o
adimensional predominante é o número de Froude.
Frmodelo = Frprotótipo (44 m)
Exemplo1
Estabelecer uma expressão para a energia fornecida a uma hélice,
considerando que a energia pode ser expressa em função da massa específica da
água (ρ ) , do diâmetro (D) , da velocidade do fluxo de água que adentra a hélice (V) ,
da velocidade angular (ω) , da viscosidade dinâmica (µ ) , e da velocidade do som (C) .
87
Solução:
E = f(ρ(D, V, ω, µ, C);
E = kρa D b V c ω dµ eC f ;
ML2T −2 = M a L−3a Lb Lc T −c T −d M e L−e T −e Lf T −f ;
Igualando os expoentes dos dois lados :
1 = a+e
2 = -3a + b + c - e + f
- 3 = -c - d - e - f
Resolvendo :
a = 1- e
b = 5 - c - 2e - f
d = 3-c-e-f
Substituíndo :
E = kρ1-e D 5−c−2e−f V cω 3−c−e−f µ eCf ;
Reorganizando e agrupando os termos :
ρD3ω −e Dω −c Dω −f
3 5
E = k ω D ρ; e
µ V V
E = k 1ω 3 D 5ρ.
Todos os termos entre parênteses são adimension ais.
Exemplo 2
Água a 20ºC escoa a 3,6 m/s em uma tubulação de serviços gerais de um
navio de 152 mm de diâmetro. A que velocidade deverá escoar um óleo médio
combustível a 40ºC, por um tubo de 76 mm, para que os escoamentos sejam
dinamicamente semelhantes?
São dados:
viscosidade cinemática da água a 20ºC = 1, 006.10-6 m2/s; e a
viscosidade cinemática do óleo a 40 ºC =0, 00024.10-4 m2/s.
88
Solução:
No escoamento em tubos, a predominância é das forças de inércia e de
viscosidade. Assim, os números de Reynolds do escoamento são iguais.
R água = R óleo ;
ρVL ρVL
= ;
µ água µ óleo
ρVD ρVD
= ;
µ água µ óleo
VD VD
= ;
ν água ν óleo
3,6.152 V.76
-6
= -4
;e
1,006.10 água 0,00024.10 óleo
3,6.152.0, 00024.10-4
Vóleo = = 1,71 m / s.
1,006.10-6.76
Exemplo 3
Um modelo de um veículo submersível com asas, cuja velocidade é de 45
m/s, na escala de 1/80 semelhante a um aeroplano, é testado a 27ºC no ar, e depois
é testado completamente submerso em água a 20ºC.Pergunta-se:
São dados:
viscosidade cinemática da água a 20ºC = 1, 006.10-6 m2/s;
viscosidade cinemática do ar a 27 ºC =1, 983.10-5 m2/s;
massa específica do modelo na água a 20ºC= 1000,52 kg/m3; e
massa específica do protótipo no ar a 27ºC= 1, 1774 kg/m3.
89
Solução:
a) velocidade do veículo quando completamente submerso em água
Quando submerso em água, prevalecem as forças de inércia e viscosidade.
R e model oágua = R emode lo ar ;
ρVL ρVL
= ;
µ água µ ar
VL VL
= ;
ν água ν ar
V.L 45.L
-6
= -5
;e
1,006.10 água 1,983.10 ar
45.1,006.1 0 -6
Var = = 2,28 m / s.
1,983.10 −5
ρVL ρVL
= ;
µ modelo ar µ protótipo ar
VL VL
= ;
ν modelo ar ν protótipo ar
45.L m VP .80L m
= ;e
ν ar ν ar
VP = 0,56m/s.
2 2
FImodelo ρ L V
= mod água . mod . modelo água ;
FIprotótipo ρprop ar L V
prot protótipo ar
2 2
5,6 1000,52 L mod 2,28
= . . ;e
FIprotótipo 1,1774 80 L mod 0,56
FIprotótipo = 2,54kN.
90
Exemplo 4
Um navio, cujo comprimento é de 140 m, deve ser testado através de um
modelo dinamicamente semelhante, na escala 1/30, em tanque de provas com água
salgada idêntica àquela em que o navio navega à velocidade de 7,5 m/s (15 nós).
a) qual o número de Froude do navio?
b) qual a velocidade do modelo?
Solução:
Para navios, prevalecem as forças de inércia e de gravidade.
b) velocidade do modelo
F r navio =F r modelo ;
Vnavio V modelo
= ;e
L navio .g L modelo .g
L modelo 1
V modelo = Vnavio . = 7,5. = 1,36m/s.
L navio 30
91
4 ESTEIRA DO NAVIO E CAMADA LIMITE (EFEITOS VISCOSOS)
“Equação da continuidade”
r
∇ .v = 0
“Impenetrabilidade na superfície”
rr
v.n = 0
93
Figura 37 - Conduto livre.
Para canalizações
Se Re < 2000, escoamento laminar;
Se 2000 <Re < 4000, escoamento de transição; e
Se Re > 4000, escoamento turbulento.
94
Segundo Clark (Ship Dinamycs for Mariners, Nautical institute, 2005),
para navios
Se Re<4.105, escoamento laminar;
Se 4.105<Re<107, escoamento laminar; e
Se Re>107, escoamento turbulento.
O número de Reynolds é adimensional e é dado pela equação:
ρ.v.D v.D
Re = = (45)
µ µ
Exemplo 1
Determinar o número de Reynolds ao longo do costado de um navio que
mede 192 m de comprimento, navega a 16 nós de velocidade em água do mar a
10ºC, com viscosidade dinâmica 1,4x10-3 Pa. S, e densidade de 1025 kg/m3.
Solução:
O número de Reynolds para o escoamento da água do mar ao longo do
ρ.v.Lx
costado do navio é determinado pela equação Re = onde o diâmetro
µ
hidráulico é substituído pela distância (Lx) entre a seção considerada e a proa para a
linha d’água do navio.
95
Para a seção de ré (popa)
ρ.v.Lx 1025.(16.0,514).192
Re = = −3
= 1,12.109 ( turbulento)
µ 1,4.10
Para meio- navio
ρ.v.Lx 1025.(16.0,514).192
Re = = −3
= 5,62.108 ( turbulento)
µ 2.1,4.10
ρ.v.Lx 1025.(16.0,514).1
Re = = −3
= 5,85.10 6 ( transição )
µ .1,4.10
96
4.2.1 Camada limite sobre uma placa plana
A figura 38 ilustra a camada limite sobre uma superfície plana.
97
Observação:
“O regime dentro da camada limite é laminar até que Rex, CR (Reynolds
crítico) seja ultrapassado, modificando o regime de escoamento de laminar para
turbulento e a velocidade no interior da camada limite é menor que U (velocidade
incidente do fluido) devido à presença da placa.” A espessura da camada limite
laminar é determinada em uma distância x tal que a velocidade V seja de 0,99U.
98
4.2.3 Camada limite turbulenta em tubulações com fluidos escoando no seu
interior.
Devido ao regime de velocidade ser elevado, Re é certamente maior que
2400, fazendo com que essa camada limite seja formada logo na entrada do
conduto ou mais no seu interior.
99
valores de x quando traçados em coordenadas adimensionais. Para a dedução da
equação de Blasius, a figura 39 será utilizada.
“Equação da continuidade”
r
∇ .v = 0
∂v X ∂v 1 ∂p ∂2vX ∂2vX
vX + vY X = − + υ +
∂x ∂y ρ ∂x ∂x
2
∂y 2
(Momento)
∂v Y ∂v Y 1 ∂p ∂2vY ∂2vY
vX + vY =− + υ 2
+
∂x ∂y ρ ∂y ∂x ∂y 2
∂u ∂v
+ =0 (Continuidade)
∂x ∂y
∂u ∂u ∂ 2u
u +v =υ 2 (Momento)
∂x ∂y ∂y
∂u ∂v
+ =0 (Continuidade)
∂x ∂y
100
Fazendo:
Y=0 , u =0.
Y=0 , v = 0.
Y =∞ , u =U∞ .
∂ψ ∂ψ
Introduzindo a função corrente ψ , podemos definir u= , v= -
∂y ∂x
∂ψ ∂ 2 ψ ∂ψ ∂ 2 ψ ∂ 3ψ
. − . 2 = −υ 3 ,
∂y ∂x∂y ∂x ∂y ∂y
∂ψ ∂ψ ∂η df
u= = . = U∞ ;
∂y ∂η ∂y dη
∂f df ∂η 1 1 df
= . =− η ;
∂x dη ∂x 2 x dη
1/2
∂ψ 1 υU ∞ df
v=− = η − 1 ;
∂x 2 x dη
1/2
∂ 2ψ ∂ ∂ψ ∂ ∂ψ ∂η d 2f U ∞
= = . = U ;
∂y 2 ∂y ∂y ∂η ∂y ∂y
∞
dη2 υx
101
∂ 3ψ ∂ ∂ 2 ψ ∂η (U ∞ ) 2 d 3f
= . = ;e
∂y 3 ∂n ∂y 2 ∂y υx dη3
∂ 2ψ 1 η d 2f
= − U∞ .
∂x∂y 2 x dη2
d 3f d 2f
2 + f( η). =0 (48)
dη 3 dη 2
1/2
U
Então, com base na solução da equação η(x, y) = y ∞ ; e fazendo y = δ ,
υ.x
Blasius chegou à seguinte expressão para a espessura da camada limite laminar:
5.x
δ= (48 a)
Re X
102
A tensão de cisalhamento na parede (τw) é determinada
d 2f
fazendo = 0,33206, conforme a solução da equação diferencial. Assim,
dn 2 n =0
∂u U d 2f
τ XY = µ = µU (49)
∂y x = 0 ν.x dn 2 n =0
ρµU 0,332.ρ,3 2
τ XY = 0,332U =
x Re X
Para a camada limite turbulenta (δ) sobre uma placa plana, a solução da
equação integral da quantidade de movimento fornece a seguinte expressão
(Mcdonald, Introdução a Mecânica dos Fluidos, 1985) para a espessura desta
camada.
0,37x
δ= (51)
(ReX )0,2
103
Exemplo 1
Determinar o comprimento, a força de arrasto e as espessuras das
camadas limites laminar e na borda de fuga (em x=L) sobre o convés liso de uma
balsa petroleira de 40 m de largura por 60 m de comprimento(, quando o vento a 10
m/s adentra uma de suas extremidades.
São dados:
Viscosidade dinâmica do ar = 1,8. 10-5 Pa.s
Massa específica do ar =1,21kg/m3
Solução:
Número de Reynolds para o comprimento total
ρUL 1,21.10.60
R eL = = −5
= 4.107
µ 1,8.10
104
Espessura da camada limite na borda de fuga (x=L)
0,37x 0,37.L 0,37.60
δ= = = = 1m
(ReX ) 0, 2
(ReL ) 0,2
(
4.107 )
0, 2
105
c) força de arrasto total no convés da balsa
Ftotal arrasto = Flaminar + (Fturbtotal − Fturbfictícia ) = 1,5 + 244,8 − 7,44 = 238,86N.
4.4 Vorticidades
Um vórtice (ou vórtex) é um movimento de giro ou giratório que um fluido em
escoamento executa. Gerando diferentemente de um movimento linear ou planar,
onde as linhas de fluxo ou de corrente e as linhas equipotenciais formam uma rede
ortogonal, um padrão circular ou espiral ou movimento de vórtice ao redor de um
centro de rotação ou referência.
Esses padrões de linha surgem devido à diferença de pressão de duas
regiões vizinhas ao movimento. Quando isso ocorre, o movimento do fluido tende a
manter todo o sistema em equilíbrio e, devido a isso, o fluxo é direcionado para essa
região mudando momentaneamente a direção original do escoamento; isso origina
as vorticidades.
Os vórtices são encontrados nos mais diversos locais da natureza, como
correntes circulares aquáticas em rios, furacões, tornados ou efeitos de extremo de
asas, lemes e pás do propulsor de navios e palhetas de helicópteros.
Na indústria aeroespacial, esse fenômeno é muito estudado, pois sua
formação aumenta o arrasto nas aeronaves que só é minimizado pela presença de
empenamento ou palhetas nas suas extremidades, o que acontece na indústria
naval com o projeto dos lemes dos navios para facilitar o deslocamento da água e
melhorar a manobrabilidade.
Portanto, um vórtice pode ser um escoamento circular ou rotacional que
possui uma linha de movimento circular muito utilizado na dinâmica dos fluídos.
Esse efeito pode ser entendido como a quantidade que um fluido circula ou
rotacional por unidade de área em um ponto no campo vetorial de escoamento. Se a
circulação é aproximadamente horizontal, a vorticidade é aproximadamente vertical,
assim como se o campo de escoamento for a tridimensional, então a rotação de uma
partícula será uma quantidade vetorial dada por:
r
ω = ω Xi + ω Y j + ωZk (53)
106
Assim sendo, pode-se agora determinar a velocidade angular (ω) da partícula
rotacionada sobre um eixo coordenado, dada pela combinação de todos os
resultados rotacionais que a partícula executará sobre o eixo coordenado z, pela
seguinte expressão:
1 ∂v ∂u
ω Z = − (54)
2 ∂x ∂y
r 1 ∂w ∂v r ∂u ∂w r ∂v ∂u r
ω = − i + − j + − k (55)
2 ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
r
Sendo d s um vetor elementar, de módulo ds, tangente à curva; sendo o
sentido positivo o percurso anti-horário ao longo da integração da curva. Assim, a
vorticidade, considerando um circuito fechado, é dada pela seguinte integral:
r r r
( )
Γ = ∫ V.d s = ∫ 2ωZ dA = ∫ ∇ × V Z dA (59)
C A A
108
Exemplo 2
A componente tangencial de velocidade de um vórtice é dada pela equação:
vθ =
Γ∞
2π r
[ ]
2
1 − e −ar .
Solução:
A equação de definição de vorticidade é dada por:
r r r
ς = 2 ω = ∇ × V;
Em coordenadas cartesianas;
r ∂w ∂v r ∂u ∂w r ∂v ∂u r
ς = − i + − j + − k
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Em coordenadas cilíndrica s;
r 1 ∂VZ ∂Vθ r ∂Vr ∂Vz r 1 ∂(rVθ ) ∂Vr r
ς = − er + − eθ + − k;
r ∂θ ∂z ∂z ∂r r ∂r ∂θ
r 1 ∂(rVθ ) ∂Vr r 1 ∂(rVθ ) r
ς= − k = k
r ∂r ∂θ r ∂r
r Γ a 2 r
ς = ∞ e − ar k
π
Exemplo 3
O campo de velocidade de um escoamento plano de um fluido é dado por:
r
V = Axyi + By 2 j .
Considere A=4m-1s-1 e B=-2m-1s-1, com as coordenadas x e y expressas em
metros.
Determinar:
r
a) a rotação do fluido (ω) ;e
b) a circulação (Γ
Γ ) em torno do quadrado.
109
Solução:
a) rotação do fluido
r r r
i j k
r r r
r ∇×V ∂ ∂ ∂ Axk 4xk r
ω= = =− =− = −2x k rad/s
2 ∂x ∂y ∂z 2 2
Axy By 2 0
S a,y =0 b c,y =1 d
1 0 0 3 1 0 0
y x2 y3
Γ = ∫ By dy + ∫ Axdx + ∫ By dy = B
2 2
0 + A 1 + B 1
o 1 1
3 2 3
B A B A
Γ= − − = − = −2m 2 /s.
3 2 3 2
Exemplo 4
O campo de velocidade em coordenadas cilíndricas de um escoamento plano
é dado por:
r q r k r
V=− er + eθ , onde r é a distância radial em relação à linha de centro e
2ππ 2π
e rr e e θr são versores unitários perpendiculares em relação ao sistema de rotação.
110
a) verifique se este escoamento é irrotacional;e
b) obtenha a função corrente do escoamento.
Solução:
a) vetor vorticidade
O vetor vorticidade em coordenadas cilíndricas é dado pela equação:
r r
ς = ∇ × V;
∂ ∂ ∂
∇= + + ;
∂x ∂y ∂z
r r r r q r k r
V = Vr er + Vθ eθ + Vz k = − er + eθ ;
2π r 2π r
r 1 ∂VZ ∂Vθ r ∂Vr ∂Vz r 1 ∂(rVθ ) ∂Vr r
ς = − e r + − e θ + − k; e
r ∂θ ∂z ∂z ∂r r ∂r ∂θ
k −q
∂ r ∂
r 1 ∂(rVθ ) ∂Vr r 1 2πr 2πr r
ς= − k = − k = 0.
r ∂r ∂θ r ∂r ∂θ
r
Como ς =0, o escoamento é irrotacional.
111
Exemplo 5
O perfil de velocidade em coordenadas cilíndricas, de um escoamento
plenamente desenvolvido, para um duto circular é dado pela equação:
r 2
Vz = Vmax 1 − , onde Vmax é a velocidade máxima do escoamento no
R
Solução:
Vetor vorticidade
r 1 ∂VZ ∂Vθ r ∂Vr ∂Vz r 1 ∂(rVθ ) ∂Vr r
ς = − er + − e θ + − k;
r ∂θ ∂z ∂z ∂r r ∂r ∂θ
r 2
Vz = Vmax 1 − ;
R
Vr = 0;
Vθ = 0;
r 2
∂ Vmax 1 −
r ∂V ∂V r ∂V r R r
ς = r − z e θ = − z eθ = − eθ ; e
∂z ∂r ∂r ∂r
r 2r r
ς = Vmax 2 eθ
R
Exemplo 6
Para uma camada limite de um fluido sobre uma superfície plana, considere
que as componentes de velocidade nas direções x e y são expressas
y Uy 2
por: Vx = U e Vy = , onde C é uma constante.
Cx 0,5 4Cx 1,5
Determinar:
a) o vetor rotação;
b) as deformações angular e de cisalhamento;
c) as deformações lineares ; e
d) a tensão de cisalhamento.
112
Solução:
a) vetor rotação
r 1 ∂w ∂v r ∂u ∂w r ∂v ∂u r
ω = − i + − j + − k
2 ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Uy 2
∂
1,5
r 1 ∂v ∂u r ∂v ∂Vy 4Cx 2
= − 3Uy ;
ω = − k, = =
2 ∂x ∂y ∂x ∂x ∂x 8Cx 2,5
y
∂ U 0,5
∂u ∂Vx Cx U
= = = ;e
∂y ∂y ∂y Cx 0,5
U 3 y
2
r 1 ∂v ∂u r
ω = − k = − 1 + .
2 ∂x ∂y 2Cx 0,5 8 x
113
c) deformação linear
y
∂ U 0,5
∂Vx Cx 1 Uy
ξ xx = = =− ;e
∂x ∂x 2 Cx1,5
Uy 2
∂
∂Vy 4Cx1,5 1 Uy
ε yy = = = .
∂y ∂y 2 Cx1,5
d) tensão de cisalhamento
2
∂V x ∂Vy U 3Uy 2 U 3 y
τ xy = µ + = µ 0,5 − = µ 0,5 1 − .
∂y ∂x Cx 8Cx −2,5 Cx 8 x
114
5 ESCOAMENTO EM TORNO DE CORPOS
115
5.2 Escoamento com fontes, sumidouros e dipolos
5.2.1 Conceito de fonte e sumidouro
Didaticamente, fonte é um ponto no qual o fluido flui em uma taxa uniforme e
do qual o fluxo move-se radialmente para fora do ponto, uniformemente, em todas
as direções. Geometricamente, uma fonte é uma linha normal ao plano xy, a partir
da qual um fluido escoa uniformemente em todas as direções simetricamente
normais a ela, em uma representação bidimensional em que ela fica reduzida a um
ponto de onde saem às linhas simétricas normais. A vazão de escoamento por
unidade de comprimento nas linhas normais é chamada de intensidade de fonte,
como pode ser notado na figura 42.
116
Onde A é a vazão volumétrica por unidade de profundidade.
De acordo com a definição de gradiente, o campo de velocidade em
∂ψ
coordenada radial Vθ = pode ser expresso pela equação:
r∂θ
A
ψ= (61)
2π r
∂u ∂v
continuidade no plano bidimensional + = 0 .
∂x ∂y
Assim sendo, o campo de velocidade dado pela equação 61, pode então ser
expresso em coordenada radial por:
q
Vr = (63)
2π r
117
Por definição, um sumidouro é o inverso de uma fonte, ou seja, é um local
onde o fluxo fluido se extingue, ou seja, é a equação da fonte com o sinal trocado,
pois as linhas de fluxo se dirigem a um ponto material no espaço, conforme a figura
43. Para o sumidouro, somente o potencial de velocidade é positivo.
Dipolo
O dipolo bidimensional é definido como o caso limite de uma associação de
fonte e sorvedouro de mesma intensidade que se aproxima mutuamente de modo a
manter o produto de suas intensidades pela distância que os separa, constante e
igual a 2πµ, onde µ é a intensidade do dipolo. O eixo do dipolo é orientado do
sorvedouro à fonte, ao longo da linha de aproximação mútua, ou seja, o dipolo é
superposição de uma fonte com um sorvedouro de mesma vazão e simétricos em
relação à origem, conforme mostrado na figura 44.
118
A equação formal da fonte em coordenadas cartesiana e radial é dada pelas
respectivas expressões:
q
φ1 = lnr 1 (64)
2π
q
ψ1 = θ1 (65)
2π
Observação:
Como exemplo da aplicação do dipolo pode ser citado o escoamento ao redor
de um cilindro de seção circular. Em termos de embarcação, pode-se citar o fluxo
fluido ao redor da carena do navio iniciando na proa (a fonte) com a formação do
“bigode” ,passando pelo costado do navio indo até o ponto onde a camada limite
119
laminar descola para formar vórtices que se extinguem devido à diminuição da
pressão (o sumidouro) ao longo das linhas de corrente.
120
Como o campo de velocidades tem solução analítica, é possível estabelecer o
campo de pressões por meio da equação de Bernoulli. Entretanto, a simetria na
distribuição da pressão resulta em uma força líquida nula sobre o cilindro, o que
contraria frontalmente a experiência.
Esse resultado é conhecido como o paradoxo de D' Alembert, que, por muito
tempo, firmou a não- utilidade da teoria de escoamento potencial. O fator
determinante para esse erro é a desconsideração do elevado gradiente de
velocidade na região próxima à superfície sólida, pelo fato de que o fluido adere à
superfície do corpo, adquirindo a velocidade do próprio corpo, ou seja, nula em
relação a ele. Para valores elevados de Reynolds, essa região é definida por meio
do conceito de camada-limite introduzido por Prandtl (1904). Portanto, fora dessa
camada- limite as tensões viscosas são muito pequenas e o escoamento pode ser
considerado potencial. A importância da utilização da teoria potencial no estudo do
escoamento ao redor de um cilindro é a obtenção do campo de pressões sobre a
região da camada-limite sem separação. Esse campo de pressões é fundamental na
determinação do regime de escoamento. Admitindo que a espessura da camada-
limite é muito inferior ao diâmetro do cilindro, pode-se então estudar o escoamento
ideal ao redor desse corpo, considerando o seu próprio diâmetro. As condições em
que ocorre a separação, bem como a determinação do ponto de estagnação, são
problemas bastante complexos.
A ação de um fluido sobre uma superfície sólida pode ser decomposta em
uma ação normal (pressão) e uma tangencial (tensão de cisalhamento). A diferença
de pressão sobre o cilindro é provocada pela variação da velocidade do fluido, como
mostrado na figura 46.
121
Aplicando-se a equação de Bernoulli entre os pontos (1) e (2) na mesma linha
de corrente onde z1 = z2, considerando que o ponto (1) está à certa distância do
sólido fazendo com que v0 = v1 e que no ponto (2) v2 = 0, considerado como um
ponto de estagnação. Assim sendo, o resultado obtido a partir dessas
considerações será o seguinte:
2 2
v 1 p1 v p
z1 + + = z2 + 2 + 2 (71)
2g ρg 2g ρg
ρV 2
Se o fluido estivesse em repouso, Po seria a pressão estática. Como
2
tem dimensão de pressão, este termo será denominado de pressão dinâmica.
Observa-se na figura 46 que no ponto (2) a pressão local (Ptot) é maior que a
pressão estática (P0), uma vez que o efeito da velocidade é desprezível.
Em outros pontos, como o (3), a pressão é menor que a pressão estática
devido à energia de pressão transformar-se em energia cinética, conforme mostrado
na figura 47:
− 0,5
1 0,664 1 L V0
x − 0,5b.dx
τw
CA = ⇒ C = ∫ dA = ∫ 0,664
1 ρ V2 A
A A
Re b.L ν
2 0 X 0
(73)
0,5 L
τw 0,664 ν x 0,5 1,328
CA = = =
1 ρ V2 L V 0,5 R
2 0 0 0 eL
123
Melhor ajustamento aos dados experimentais é obtido substituindo-se a
constante da equação (74) pelo valor 0, 074 (Mc DONALD, Introdução à Mecânica
dos fluidos, 1985).
τw 0,074
CA = = , válida para ReL<107
1 ρ V2 0,2
2 0 R
eL
Entretanto, para uma camada limite que inicialmente é laminar até XCR e
depois passa por uma transição, devido ao gradiente de velocidade da camada
turbulenta junto à placa ser maior que o laminar, o coeficiente de arrasto turbulento
deverá ser ajustado por um fator de correção, para que se leve em conta esse
comportamento, que passa a ser representado pelas seguintes expressões:
0,074 1740
CA = − (5.105<ReL<107) (75)
5R R
eL eL
0,455 1610
CA = − (5.105<ReL<109) (76)
( )
logR 2,58 R eL
eL
Observação:
Estas equações são válidas nos respectivos limites de números de Reynolds
apresentados nos parênteses posteriores às equações sendo o limite inferior ao Re
crítico para uma placa plana.
Falando novamente do cilindro, o que se observa também na sua superfície é
o crescimento contínuo da camada limite e a diminuição da pressão e a diminuição
da espessura da camada limite com o aumento da pressão, o que causa o
deslocamento dessa camada, como mostra a figura 49.
124
Figura 49 - Gradiente de pressão sobre a superfície do cilindro e
descolamento da camada limite com a formação de esteira.
Fonte: BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos, 2008.
125
No caso prático não é interessante separar os dois tipos de arrasto devido
à superfície e à forma, pois a força de arrasto total é a soma das forças devido a
esses dois tipos de arrasto, uma vez que um nunca aparece separado do outro.
Como se fala em caso prático, algumas vezes um é muito maior que o outro.
Portanto, a força total de arrasto (FTA) será dada por:
FTA = (C AS 12 ρ V 02 + C AF 1
ρ V 02 ) . A
2
(77)
126
provocam baixas resistências ao avanço, como mostra o gráfico de arrasto da
esfera na figura 52.
127
Para este perfil c é a corda, α o ângulo de ataque e L a envergadura da asa
(comprimento L da asa). Sem a separação o arrasto se deve basicamente à tensão
tangencial viscosa na parede, resultado dos efeitos viscosos na camada limite, que
para uma asa é muito fina e pode ser desprezada na solução do campo de
escoamento ao redor da mesma, assim sendo, o efeito mais relevante quando se
trata de asa ou aerofólios é o coeficiente de sustentação. O arrasto em uma asa
pode ser previsto resolvendo-se a equação da camada limite através das equações
de Navier-Stokes simplificadas. Na determinação do coeficiente de arrasto para asas
é usada uma área projetada muito maior que a área da planta real, ou seja, a área
equivalente a corda da asa vezes a envergadura da asa. Assim, as forças de arrasto
(Fa) e de sustentação (Fs), funções dos respectivos coeficientes de arrasto (Ca) e
de sustentação (Cs) para asa ou aerofólios são dadas por:
C a ρ V 2C L
Fa = (78)
2
C S ρ V 2C L
Fs = (79)
2
128
Esta interação casco –propulsor-hélice – leme determinará a seleção do
conjunto motor propulsor mais adequado para o navio, além de permitir a
análise da estabilidade direcional, pois o escoamento da água sobre o casco e
o ângulo de ataque da água incidindo do leme produz a força de sustentação
necessária para o governo do navio.
Em relação ao escoamento da água em torno do casco e propulsor,
podemos ainda dizer que o casco altera a distribuição de velocidade na região
de operação do propulsor, fazendo que o propulsor altere o campo de
velocidades e pressão na região da popa. Assim, os efeitos mais visíveis desta
interação são:
a) formação da esteira, ou seja, a esteira é basicamente a consequência da
variação da distribuição de velocidades do escoamento devido à presença do casco
próximo da popa.
b) redução da força propulsora ou aumento na resistência ao avanço
experimentada pelo casco devido à operação do propulsor que modifica as
características do escoamento variando o campo de pressão e velocidade do
escoamento perto da popa.
c) cavitação pode ocorrer no propulsor quando se tenta transmitir
demasiada potência ao hélice. A grandes velocidades de rotação ou sob
grandes cargas (coeficiente de sustentação elevado nas pás), a pressão do lado
da entrada de escoamento nas pás pode descer abaixo da pressão de vapor da
água criando uma bolsa de vapor, que deixa de transmitir força de tração
(empuxo) à água eficientemente. Este efeito dissipa a energia, torna o hélice
ruidoso devido ao colapsar das bolhas de vapor e erode a superfície das pás
devido às ondas de choque localizadas contra a superfície. No entanto, a
cavitação pode ser usada como uma vantagem no projeto de hélices de alto
desempenho. Um efeito semelhante dá pelo nome de ventilação ou aeração, que
ocorre quando um hélice que opera perto da superfície da água atrai o ar para as
pás formando pequenas bolhas, causando uma perda de impulso e uma vibração
acrescida do veio, sem no entanto causar qualquer dano à superfície das pás.
Ambos os efeitos podem ser amenizados se for aumentada a
profundidade a que o hélice está submerso, pois a cavitação é reduzida devido à
pressão hidrostática aumentar a margem da pressão de vapor, e a ventilação é
129
reduzida pois está mais longe das ondas da superfície e de outras bolsas de ar que
poderiam ser atraidas para o escoamento. No leme, fluxo incidente de água cria em
volta do mesmo uma região de alta pressão dinâmica e outra de baixa pressão
dinãmica, o que modifica o perfil de velocidades do fluxo da água escoando em
torno do leme. Esta diferença de velocidades do fluido em volta do leme é
aumentada quando o mesmo é manobrado para um ou outro bordo
d) considerando o leme completamente imerso na água a um ângulo de
ataque com a velocidade do escoamento, conforme será visto na unidade 6, a
velocidade de avanço e do ângulo de ataque induzirão uma circulação em torno
do leme que produzirá uma força de sustentação sobre o leme conforme já
descrito.
Se o regime for permanente, bidimensional, fluido ideal e isento de forças de
gravidade (profundamente imerso), não existirá força de arraste sendo a força
resultante perpendicular a direção da velocidade do escoamento. Entretanto,
porque os lemes possuem uma razão de forma finita, a teoria bidimensional não
oferece resultados apropriados sobre a força que atua no leme.
Quando o leme está posicionado com um determinado ângulo de ataque
devido à incidência da água, vórtices são formados na sua extremidade e, se a
distância do casco ao leme não for suficientemente pequena, haverá a formação
de vórtices nesta parte do casco. Estes vórtices farão aparecer velocidades no
plano do leme, que quando combinadas com a velocidade do escoamento da
água, ocasionarão basicamente um arrasto na direção do movimento.
Haverá então forças devido ao atrito e separação do escoamento na
camada limite no leme.
Enquanto as forças de atrito são tangentes a superfícies do leme, a direção
das forças devidas ao descolamento da camada limite não tem determinação
precisa. Conforme será visto na unidade 6, a força resultante sobre o leme atua
no centro de pressão, podendo ser decomposta em duas parcelas: L de
sustentação e D de arrasto, respectivamente normal e na direção do escoamento.
Esta força resultante é de grande importância para a determinação do
torque e do momento fletor que atua na madre. O leme poderá ainda sofrer
colapso, cavitação e aeração.
130
O colapso (stall) é um fenômeno similar ao que se observa em perfis,
caracterizado por uma brusca perda de sustentação, que se mostra como uma
descontinuidade na curva de sustentação versus ângulo de ataque para um
determinado perfil. Quando o ângulo de ataque cresce, o ponto de separação se
desloca provocando um menor crescimento na força de sustentação e haverá
então um ângulo de ataque onde o fenômeno corre. À semelhança do propulsor,
a cavitação e aeração do leme são provocadas pelo decréscimo na pressão da
região de baixa pressão de água ao redor de leme. Haverá cavitação no leme
quando a soma da pressão atmosférica com a hidrostática e a dinâmica
negativa máxima se torna menor que a pressão de vapor da água em torno do
leme.
A cavitação reduz a razão do aumento de sustentação com o ângulo de
ataque, porém não ocasiona uma descontinuidade com perda expressiva da
forca de sustentação, não sendo tão restritiva quanto ao colapso. A aeração é o
fenômeno de penetração do ar da atmosfera na água, invadindo a região de
sucção do leme. É comum ocorrer quando o leme está próximo ou na superfície
livre, quando a diferença entre a pressão atmosférica e a pressão de sucção
excedem a resistência para o ar penetrar através da superfície do mar.
A velocidade do fluido na região do leme não é igual à velocidade do
navio, pois sua presença retarda o escoamento. Por outro lado,a presença do
hélice altera a esteira, e se o leme se situa atrás do hélice, receberá determinada
influência do propulsor. Como a esteira normalmente não é uniforme, o leme
experimenta diferentes velocidades e ângulos de ataque ao longo do seu
contorno.
Exemplo 1
Um navio tanque de 273 m de comprimento, 60 m de largura e calado de 25
m, navega na velocidade de cruzeiro de 13 nós em água do mar a 10ºC. Estimar a
força e a potência teórica necessária para vencer o arrasto superficial da água
através da área lateral do casco, considerando o navio um paralepípedo (alto
coeficiente de bloco).
131
Solução:
Propriedades da água a 10ºC
ν = 1,4.10 −6 m 2 /s
ρ = 1025 kg/m 3
Número de Reynolds
U.L 13.0,541.273
R eL = = −6
= 1,4.10 9
ν 1,4.10
Coeficiente de arrasto
0,455 0,455
= 1,5.10 − 3
τw
CA = = =
1 ρ V2 2,58 9 2,58
2 0 (logR ) (log1,4.10 )
eL
132
Força de arraste (atrito fluido)
F = τ w .A = 38,1.30030 = 1144143 N
Exemplo 2
O modelo matemático de um tornado é constituído pela combinação de um
sumidouro de potência 2800m2/s com o vórtice livre de potência 5600m2/s.
Determinar:
a) a função corrente e o potencial de velocidade para este campo de
escoamento;
b) estimar o raio para o qual o fluxo pode ser tratado como fluido
incompressível, se a velocidade do escoamento para esta condição é menor que
102 m/s;
c) a pressão manométrica para o raio determinado no ítem b, considerando
um ponto externo de pressão atmosférica e velocidade nula.
133
Solução:
a) função corrente e potencial de velocidade para sumidouro e vórtice
q k 2800 5600
ψ = ψ sumidouro + ψ vórtice = − θ − lnr = − θ− lnr;e
2π 2π 2π 2π
q k 2800 5600
φ = φ sumidouro + φ vórtice = lnr − θ = lnr − θ.
2π 2π 2π 2π
28002 + 56002
r> ;e
2π .102
r > 9,77 m
134
c) pressão manométrica para o raio determinado no ítem b
135
Exemplo 3
Uma fonte e um sumidouro de mesma potência q(m2/s) são colocados no eixo
dos x, nos pontos (-a; 0) e (a; 0) conforme ilustrado na figura.
Determinar:
a) as expressões das funções corrente e potencial;
b) a componente u de velocidade na direção do eixo dos x.
Solução:
a) expressões das funções corrente e potencial
q q
ψ = ψ fonte + ψ sumidouro = θ1 + θ 2 ; e
2π 2π
q q q r2
φ = φ fonte + φ sumidouro = − lnr1 + lnr2 = ln .
2π 2π 2π r1
136
6 ONDAS DE GRAVIDADE
137
Figura 54 - Parâmetros característicos do perfil de uma onda trocoidal.
138
Figura 55 - Extinção do movimento orbital de uma onda em águas profundas.
139
passagem, as cristas das ondas caem gerando novas ondas que se movem para
frente e para os lados. A onda se espalha e uma parte dela varre por trás do
obstáculo. Os acontecimentos descritos aqui caracterizam o fenômeno chamado de
difração. Em geral as ondas quebram quando alcançam uma profundidade igual a
1/3 da sua altura. Em águas profundas, as ondas quebram quando a razão entre a
sua altura e o seu comprimento (inclinação) ultrapassa 1/7.
A construção das ondas começa com a fricção do vento sobre a superfície da
água formando inicialmente ondas capilares que auxiliam na transferência de
energia. À medida que elas "crescem", formam-se ondas pequenas que vão
crescendo e formando ondas grandes. A formação continua até que a média dos
comprimentos de onda seja suficientemente grande para fazer com que as ondas se
movam tão rapidamente quanto o vento. Neste estágio, diz-se que o mar está
"completamente desenvolvido", embora outros fatores possam parar o
desenvolvimento do mar, como uma parada no vento ou uma tomada de direção
diferente da do vento pela onda.
Consequentemente, o comprimento médio das ondas depende da velocidade
do vento, da duração do vento e da distância sobre a qual o vento sopra ou alcança
("fetch").
No mar ou em rios, a atividade das ondas pode ser reduzida por qualquer
coisa flutuante que remova ou interfira na movimentação orbital da água refratando
ou refletindo a onda, como o casco de uma embarcação. Para desenvolver o perfil
trocoidal de uma onda de comprimento L e altura H, determina-se o raio de uma
onda, que é definido como a metade da altura H do movimento circular das
partículas fluidas no cavado da onda.
H
R= (80)
2
140
utilizadas em para avaliar o comportamento da onda que serão deduzidas de
acordo com a figura 56.
141
Porém, como L= C.T, a velocidade da onda em função do período de
oscilação T será determinada pela equação:
Lg
C= (83)
2π
143
O termos B jk é respectivamente o coeficiente de damping no modo j,
atuantes no casco.
Froude-Krylov.
Este termo é determinado integrando a pressão atuante no casco do
navio, e o resultado desta integração é expresso pela equação (83 d); a seguir.
∂
FjI = −ρ ∫∫ n j iω − U φ I ds (83 d)
SC ∂x
Onde:
ρ = massa específica do fluido; (kg/m3)
ω = velocidade angular das ondas incidentes (rad/s)
U= velocidade linear do navio
∂
= gradiente
∂x
φ I = potencial de velocidade das ondas incidentes.
Este assunto será estudado detalhadamente na unidade sete.
144
6.4 Linearização no problema de valor de contorno bidimensional
Para essa análise será considerada apenas duas dimensões na
movimentação da onda, com as cristas paralelas ao eixo coordenado y,
analisando, assim, apenas o que acontece na direção x e z, fazendo v ser a
velocidade na direção x (horizontal), e w a velocidade na direção z (vertical) de uma
partícula de água.
Para um fluido incompressível e irrotacional a partir do potencial de
velocidade Φ (x, z, t), as componentes de velocidade nas direções x e z são
expressas pelas seguintes equações:
∂φ ∂φ
Vx = , Vz = (84)
∂x ∂z
145
Considerando que a velocidade vertical(v) da onda na superfície é igual à
velocidade vertical da partícula de água no mesmo nível da água, então a
aproximação será válida para pequenas amplitudes de ondas. A condição dinâmica
da superfície livre é que a pressão da água sobre a superfície da onda é igual à
pressão atmosférica. A consideração de impermeabilidade do fundo impõe que a
velocidade vertical(v) seja nula nesse contorno, fazendo com que a equação do
momento linear seja representada pela equação (87).
dv
ρ = −∆P − ρ g e Z (87)
dt
146
Assim, a análise do escoamento de onda será extremamente complexa, e as
diferentes teorias se distinguem pelas hipóteses adicionais usadas na solução do
problema de contorno.
Uma das teorias mais importantes é a teoria linear de Airy, que apresenta
uma solução analítica para esse tipo de equação. A linearização do problema é
feita a partir da consideração de uma relação infinitesimal entre a amplitude e o
comprimento da onda de tal forma que os termos não-lineares das condições de
contorno na superfície livre são desprezíveis em relação aos termos lineares.
Além disso, o valor de uma função na superfície livre é praticamente igual ao
valor desta função no nível médio do mar dada por
∂ϕ
+ gς = 0 (90)
∂t
ω ς 0e −2kh
b= (102)
k (1 − e −2kh )
ω
Onde ζo é amplitude constante da onda (ver figura 57), a celeridade da
k
onda (velocidade de propagação da forma da onda), k o número de ondas formadas
(2π/L) e ω, a freqüência angular (2π
π/T). Assim, o campo de velocidade será
determinado pelo gradiente da função potencial de velocidade e o campo de
pressão a partir da equação de Bernoulli.
149
A determinação do potencial escalar é o primeiro passo para se determinar as
demais variáveis que caracterizam o movimento da superfície de um líquido como as
velocidades das partículas e as suas respectivas posições, frequência angular e
velocidade de propagação da onda.
Dessa forma, as componentes da velocidade das partículas serão
determinadas empregando-se as definições apresentadas nas equações (84) e
(103), e, como resultado, tem-se as seguintes equações:
cosh[k(z + h)]
Vx (x, z, t) = ως 0 cos(kx − ωt); e
sen[kh]
(104)
senh[k(z + h)]
VZ (x, z, t) = ως 0 sen(kx − ωt)
sen[kh]
ω 2π
Como a fase da onda é representada por e k= , então a celeridade da
k λ
onda (c) ou a velocidade de propagação da forma da onda, em função do
comprimento de onda e da profundidade h, será então determinada por:
1/2
gλ 2π h
c(λ( = tgh (107)
2π λ
150
elípticas diminuem com a profundidade fazendo com que, no fundo
(zo= Dessa forma, o movimento ondulatório representado pela equação (107),
tem as seguintes características básicas:
1. essa equação representa uma relação dispersiva, pois cada comprimento de
onda corresponde a uma velocidade de propagação diferente, de forma que
as ondas se dispersam no líquido;
2. para uma dada profundidade h (águas rasas), a velocidade de fase crescerá
conforme o crescimento do comprimento de onda λ (L), chegando ao valor
limite (gh)1/2;
3. para grandes profundidades, a velocidade de fase crescerá muito
rapidamente fazendo com que a tgh dessa equação seja igual a 1, o que faz
as ondas geradas se propagarem com maior velocidade, assim
representadas pela expressão (gλ/2π)1/2; e
4. da equação (105), verifica-se que os semieixos das trajetórias −h), o
movimento das partículas seja horizontal, pois b(zo) = 0.
Em águas rasas (shallow water) onde Londa > 25h e profundas (deep water),
onde L onda > 2h , a equação se simplifica e a velocidade pode ser estimada pelas
equações já deduzidas:
gT
C= = 1,56T
2.π
L L
T= = = 0,8 L (108)
C (1,56.L )0,5
C = 1,56.L
151
Na equação (108), C é a velocidade de propagação da forma da onda
(celeridade da onda) em (m/s); g a aceleração da gravidade (m/s2); T o período da
onda (S), e L o comprimento da onda (m), sendo essa expressão válida para ondas
menores que 150 m.
Nas ondas normais, costuma-se ter uma inclinação máxima de 5 a 10º;
então, a altura (H) para esse tipo de onda pode ser expressa pela relação H = 0,05 L
(m), cuja amplitude é dada pela relação A = H/2. Dessa forma, pode-se determinar o
declive de uma onda do mar na forma de onda trocoidal pela equação:
A H/2 πH
senα = = = (109)
R L/2π L
Exemplo1
Determinar as características de uma onda de 64 m de comprimento
utilizando as equações usuais.
Solução:
Período: T = 0,8 L = 0,8 64 = 6,4 seg
152
Exemplo 2
Determinar as características de uma onda de 64 m de comprimento com
profundidade de 10 m utilizando a equação da onda de gravidade.
Solução:
L>2 h (águas profundas)
C = 1,56.L = 1,56.64 = 9,9m / s
Navio parado
Quando um barco, mais longo que o comprimento da onda (L) está parado, a
determinação deste é feita colocando-se imaginariamente dois observadores em
uma prancha na crista da onda nas posições a e b, sendo então L = ab cosα. Logo
após a crista passar por um dos pontos, aciona-se o cronógrafo e espera-se o tempo
que esta crista atingirá o segundo ponto. A crista percorre então o comprimento L
da onda, no tempo do cronógrafo que é igual ao período T da onda.
A determinação da velocidade da onda (V) sobre a embarcação é feita de
acordo com a figura 58,supondo que após a onda passar pelo ponto b chega ao
ponto a em um dado intervalo de tempo t, que é expressa pela seguinte equação:
D ac D ab cosα L
V= = = (110)
t t T
153
Figura 58 - Características da onda sobre um barco parado.
Exemplo 3
Determinar as características de uma onda de 140 m de comprimento, tendo
o navio entre duas cristas sucessivas, formando um ângulo de 62º com a popa.
Comprimento: L = Dab cos (a) = 140 cos (62º) = 65,72 m
Período: T = 0,8. = 0,8. = 6,48 seg
Barco navegando
Se as ondas se abrem em ângulos variando de 0o (mar de proa) a 180º (mar
de popa), se o mar vem de proa, a onda vem até o navio e a distância Dac é agora
percorrida tanto pelo navio como pela onda, sendo o caso típico de movimento
conjunto de 2 corpos. Assim, aparece a velocidade relativa ou aparente (Va) sendo
a soma vetorial velocidade real da onda (V) e do navio (V na direção de propagação
da onda (Vb cosα), segundo o navio se aproxima ou se afasta, ou seja, se
recebemos o mar pelas aletas de popa ou pelas amuras de proa.
154
Considerando então as duas situações, e observando a figura 58, teremos as
seguintes equações:
Va = V ± Vbcosα (111)
popa contado desde 0º até 180º, desde a proa até o costado por onde a onda atinge
o navio.
Exemplo 4
Um navio que navega full time a 14 nós com mar incidindo sob as aletas de
popa, possui uma distância Dab de 95 m e uma crista de onda chega até ele pela
popa e leva 10 s para passar relativamente aos observadores situados em a e b.
Sendo de 15s o tempo medido entre duas cristas que passam pelo mesmo
observador é de 15 s, determinar as características da onda.
Solução:
O observador no navio observa a onda passar pelos 95m em 10s, com o
navio navegando a 14 nós.
Dab 95
Velocidade aparente: Va = = = 9,5m/s
t 10
Velocidade real da onda: Va = V + Vb cos (α) 9,5 = V+14. 0, 5144. cos (180)
V = 16,7 m/s
Comprimento de onda: L = Ta. Va = 15.9,5 =142,55 m.
155
Exemplo 5
Um barco navega no rumo leste a 15 nós, com mar agitado incidindo no
costado contra o navio a SE em um ângulo de 45º com a linha proa popa. À
distância ab entre dois observadores é igual a 107 m e uma crista leva 6 s para
passar pela distância ab. Sendo de 14 s o tempo transcorrido de uma crista de
onda a outra (entre duas cristas consecutivas), medido pelo mesmo observador
com o navio navegando, determinar as características dessa onda.
Solução:
D ab cosα 107cos45º
velocidade aparente: Va = = = 12,6m/s
t 6
velocidade real: Va = Vr + vbcosα = Vr + 15.0,514.cos45
Vr = 7,14 m/s
comprimento de onda: L = Ta. Va = 14. 12,6 = 176,4 m
período aparente (com o navio navegando): 14 s
período real: TR =L/Vr = 176,4/7,14 = 24,72 s.
Exemplo 6
Um barco executa três oscilações duplas em 48 segundos ao passar várias
ondas sobre ele. Determinar o período de oscilação simples.
Solução:
Período de oscilação dupla: Td = 48/3 = 16 s
Período de oscilação simples: Ts = Td/2 = 16/2 = 8 s
157
movimentos do navio relacionados a submissão do casco às condições restritivas do
mar (eventos de “seakeeping”).
Para definir completamente o movimento do navio em ondas é necessário
considerar-se os 6 graus de liberdade que são permitidos para o movimento da
embarcação. Os movimentos decompostos são três deslocamentos
translacionais e três movimentos rotacionais, gerando um cone imaginário a
cada três arranjos de movimentação; caso a movimentação compreenda os seis
movimentos simultaneamente, então será gerado um campo elipsoidal imaginário.
Translacionais
Surge ou avanço (X): translação na direção do eixo longitudinal.
Sway ou desvio (Y): translação na direção do eixo transversal.
Heave ou afundamento (Z): translação na direção do eixo vertical.
Rotacionais
Roll ou balanço (Xb): rotação em torno do eixo longitudinal.
Pitch ou arfagem ou caturro ou cabeceio (Yb): rotação em torno do eixo
transversal.
Yaw ou guinada (Zb): rotação em torno do eixo vertical.
Entre esses movimentos gerados pela movimentação do navio na onda,
destacam-se o Pitch, o Roll e o Heave. Uma melhor visualização de todos os
movimentos que executa o navio na presença de uma onda está mostrada na figura
59.
158
A fundamentação teórica do comportamento do mar irregular é a
consideração feita como uma superfície complexa para ondas de gravidade que
podem ser descritas como a superposição de um número grande (teoricamente
infinito) de ondas regulares de diferentes frequências e amplitudes, com as diversas
fases entre as componentes tomadas aleatoriamente.
Esse perfil de onda é suficiente para fornecer informações importantes sobre
o comportamento da embarcação com relação ao movimento da carga, do conforto
da tripulação ou resistência física do casco. Para isso, são determinados os
períodos de movimentação do navio mediante os graus de liberdade de oscilação
que sobre ele atuam.
Rolling
Esse movimento é a rotação em torno do eixo longitudinal e relaciona a altura
metacêntrica transversal com o período duplo de balanço transversal em pequenas
amplitudes conforme ilustrado na figura 60. Considerando águas tranquilas e
oscilação livre (sem amortecimento ou atrito viscoso), o movimento de Rolling é
matematicamente expresso pela segunda lei de Newton para o movimento
rotacional.
159
Figura 60 - Movimento oscilatório de Rolling.
160
A solução da equação (113) fornece para o período de Rolling em águas
tranquilas a seguinte expressão:
2.π. k xx
TR = (114)
GM T
Onde:
∆ 2
k xx = aumento do momento de inércia de Rolling devido a ação viscosa; e
g
B= constante de amortecimento
A solução desta equação leva à seguinte expressão para o cálculo do período
de Rolling devido à oscilação amortecida:
−0,5
2
1 + σ xx
0,5
Bg
TR = 2.π. k xx . 1 − (116)
gGM T gGM
∆k xx (1 + σ xx )
T 2
2 2
k xx (1 + σ xx )
R2 boca
TR = 2π = 0,8 (117)
g G MR G MR
161
passagem de 3 a 4 ondas regulares que possam produzir amplitudes não superiores
a 10º, obtendo-se, assim, o valor de GMR corrigido para navios carregados com
líquidos, grãos,e outros.
O período desse movimento é praticamente constante para ângulos maiores
que 10º, portanto, denominado de isochronous.
O período desse movimento aumenta quando a massa está disposta a certa
distância dos eixos de oscilações; assim sendo, o carregamento e o
descarregamento do navio alterarão o valor de R, sendo esse valor determinado
para cada navio nos três tipos de carregamento: lastreado, em carga normal e em
carga máxima.
Exemplo 7
Um navio de 20 m de boca executou três oscilações duplas em movimento de
Rolling de 51s cada em águas tranquilas. Determinar a altura metacêntrica dessa
embarcação.
Solução:
período de oscilação dupla: TRd = 51/3 = 17 segundos;e
altura metacêntrica corrigida: GMR = (0,8. boca/TRd)2 = (0,8. 20/17)2 = 0,88 m.
Exemplo 8
Determinar o GMR para um navio que tem 15 m de boca, e realiza cinco
oscilações simples em 36 segundos.
Solução:
período de oscilação simples: TRs = 36/5 = 7,2 segundos
período de oscilação dupla: TRd = 2. TRs = 2. 7,2 = 14,4 segundos
altura metacêntrica corrigida: GMR = (0,8. Boca/TRd)2 = (0,8. 15/14, 4)2
GMR= 0,69 m.
162
navegação, pois ocasiona ressonância, resultando em perigo para a navegação.
Por exemplo, se um navio tem uma amplitude de oscilação de 5º, ao passar uma
onda completa o navio adquire 15º, e na segunda 30º, balançando o navio com a
passagem de três ou quatro ondas podendo colocar em risco a segurança da
navegação.
No caso de o navio navegar numa situação de ressonância, a mesma é
evitada mudando-se o rumo ou diminuindo a velocidade da embarcação, cujo
comandante deverá conhecer perfeitamente a rota navegada para evitar este tipo
de transtorno.
Exemplo 9
Um navio contaneiro de deslocamento 13800 toneladas, comprimento entre
perpendiculares de 130 metros, com boca de 20 metros e calado de 8 metros, tem
uma altura metacêntrica corrigida de 1 metro e navega a 16 nós (8 m/s). Ondas do
mar, devido ao vento com 25 nós (Beaufort 6), com ângulo de incidência de 140 º e
comprimento entre cristas de 76 m, incidem nas aletas de popa.
Solução:
Usando a equação padrão
gL
V= = 1,56 L = 1,25 76 = 10,9 m/s
2.π
L 76
Tr = = = 7s
V 10,9
163
Verificação de sincronismo
período de Rolling
0,8.Boca 0,8.20
Tr olling = = = 16s .
GMr 1
Exemplo 10
O período de Rolling de um navio é de 8 s, e navega a 18 nós com ondas de
64 metros de comprimento entre as cristas. Em que ângulo as ondas atingem o
casco para o navio entrar em sincronismo transversal?
Solução:
período aparente das ondas
L L
Ta = =
V + Vbcosα 1,25 L + Vbcosα
Ta = TRolling (condição de sincronismo)
64
8=
1,25 64 + 18.0,514.cosα
cosα = -0,218 e α = 167º , ou seja, o mar é recebido pelas aletas de popa com
ondas inclinadas de 167º em relação à linha proa - popa.
164
Pitching
Esse movimento, dependendo do tamanho do navio e do ângulo formado com
o nível da água e a proa do navio, varia, para pequenas embarcações, de 5-8º e,
para grandes embarcações, menor que 5º.
O período de oscilação desse movimento (TP) para um navio é similar ao
Rolling, se a oscilação (ondas) na superfície da água for desprezada. O período de
pitching expresso em segundos é dado pela equação:
R L2 RL
TP = 2π =2 (118)
gG ML G ML
165
Exemplo 11
Determinar o tempo de pitching para um navio de 120 m de comprimento,
navegando em águas profundas a 7 m/s(14 nós), com o comprimento da onda duas
vezes o tamanho do navio com altura metacêntrica transversal de 1 m e um calado
de8m.
Solução:
comprimento da onda: L = 2. 120 = 240 m;
gL
velocidade da onda: V= = 1,25 L = 1,25 240 = 19,4 m/s;
2.π
período aparente da onda: Ta = L/(Vr +Va) = 240/ (19,4 + 7) = 9,1 s;
período de pitching: Tp = 2,4 d = 2,4 8 = 6,78segundos.
Exemplo 12
Determinar o tempo de pitching para o navio do exemplo11, para uma onda
de comprimento igual ao tamanho do barco.
Solução:
comprimento da onda: L = 120 m;
gL
velocidade da onda: V= = 1,25 L = 1,25 120 = 13,7s;
2.π
período aparente da onda: Ta = L/(Va + Vr) = 120/ (13,7 + 7) = 5,8 s; e
período de pitching: Tp = 2,4 d = 2,4 8 = 6,78 s .
166
Observação:
Neste caso, o barco começa o movimento de pitching com a proa
embaixo e dentro da onda e a popa é levantada no pitching em momento
oposto na onda original. A aceleração angular tende a crescer e o mar
começará a quebrar sobre a popa do navio.
Exemplo 13
Determinar o tempo de pitching para um navio de 120 m de comprimento,
navegando em águas profundas a 7 m/s(14 nós), com o comprimento da onda de
140 m, altura metacêntrica transversal de 1 m e um calado de 8 m.
Solução:
comprimento da onda: L = 140 m;
gL
velocidade da onda: V= = 1,25 L = 1,25 140 = 14,8m/s;
2.π
167
Fonte: CLARK, Ship Dynamics for Mariners, Nautical Institute, 2005.
Exemplo14
Um navio tem comprimento de 100 metros, boca de 11 metros e calado de
3,65metros. As curvas hidrostáticas informam 116 metros para a altura metacêntrica
longitudinal e 39 metros para o raio metacêntrico longitudinal. Calcule o período de
pitching.
Solução:
0,8Lpp 0,8.100
Tp = = = 7,4 segundos (Fernandez );
GM L 116
Tp = 2,4 calado = 7,95 segundos (Clark); e
2K L 2.39
Tp = = = 7,24 segundos (Munro − Smith).
GM L 116
Heaving
Heaving é o afundamento ou oscilação do navio na direção vertical, ou seja, é
o translado do navio na direção do eixo vertical. Esse movimento vertical global
ocorre no centro de gravidade da embarcação. Para estudar o movimento de
heaving, considera-se uma massa virtual igual à soma do deslocamento do navio,
em kg ou toneladas, com a massa adicionada devido ao movimento de algum
volume de água se movendo com o navio, resultante da aceleração ou
desaceleração durante o movimento de oscilação vertical.
Pela segunda lei de Newton, o movimento de heaving pode ser expresso pela
seguinte equação:
168
d 2z dz
Mv 2
+ c + ρgAWLz = 0, onde : (120)
dt dt
2.∇ 2.Cb.calado
Th = 2π = 2π (122)
g.AWL g.Cf
∇ + ∇a 1
Th = 2π (123)
[ (
2 2
)
gAWL 1 − u / 4ρ (∇ + ∇a g.AWL ]
∇
pela equação Th = 2 , sendo o volume deslocado( ∇ ) em metros cúbicos e a
AWL
área da linha dágua( AWL) em metros quadrados.
169
Exemplo 15
Considere um navio que tem deslocamento de 13900 toneladas, navegando
em água salgada de densidade 1,025t/m3. Das curvas hidrostáticas, a área
longitudinal de flutuação é de 1950 m2. Determine o período de Heaven.
Solução:
2.∇ 2.∆ 2.13900
Th = 2π = 2π = 2π = 7,47 segundos.
g.AWL ρ.g.AWL 1.025.9,81.1950
Exemplo 16
Um navio tem comprimento de 100 metros, boca de 11 metros e calado de
3,65metros. As curvas hidrostáticas informam 0,56 para o coeficiente de bloco e
0,73 para o coeficiente de flutuação. Achar o período de Heaven.
Solução:
2.∇ 2.Cb.calado.AWL 2.0,56.3,6 5
Th = 2π = 2π = 2π = 4,74s ; ou
g.AWL g.AWL.Cf 9,81.0,73
∇ 100. 11.3, 65. 0,56
Th = 2 =2 = 3,35 s (Munro - Smith).
AWL 11. 100. 0,73
Yaw (guinada)
O movimento de Yaw ocorre pela variação rítmica no alinhamento
longitudinal do centro de pressão do casco dos lados de bombordo e boreste do
casco submerso quando o navio encontra ondas nas bochechas de proa nas cristas
ou vales sendo reforçado pela força dinâmica das partículas de água em movimento
orbital. Quando a onda do mar atravessa o navio, a força F, devido ao movimento
das partículas d’água na crista e cavado, produz um momento de rotação em torno
do eixo Z vertical do navio, conforme ilustram as figuras 61-62, reforçando o
movimento de yaw. Na figura 63, a efetividade do leme é diminuída quando uma
onda, movendo-se na mesma direção do navio, atinge a popa com a crista,
dificultando o controle da máquina do leme. Esta ação deve ser prontamente
corrigida. As figuras 61 a 63 ilustram os casos típicos de movimentos de Yaw de um
navio mercante.
170
Figura 61- Yaw para boreste.
Fonte: CLARK, Ship Dynamics for Mariners, Nautical Institute, 2005.
171
7 FORÇAS DA HIDRODINÂMICA DO NAVIO
Deste modo o campo de velocidades do fluido pode ser expresso por uma
função escalar, que é o potencial de velocidade, e que deve satisfazer à equação
da continuidade e às condições de fronteira próprias do problema.
O sistema de referência de inércia que avança com o navio será utilizado para
representar os movimentos oscilatórios do navio (depois de assumir que os
movimentos angulares são de pequena amplitude). O navio, como corpo rígido,
oscila com três translações e três rotações. As translações nas direções dos eixos x,
y e z denominam-se respectivamente por avanço, deriva e arfagem e serão
representadas por ξ 1 , ξ 2 , ξ 3 . As rotações em torno dos eixos x, y e z denominam-se
172
respectivamente por balanço, cabeceio e guinada e serão representadas por
ξ 4 , ξ 5 , ξ 6 . A figura 65 representa este sistema de coordenadas e as convenções para
os movimentos oscilatórios.
∂ ∂ ∂
sendo ∇ = , , o operador gradiente.
∂x ∂y ∂z
173
incidentes (φ I) , às ondas difratadas (φ D) e Irradiadas ( φR ). O potencial de
velocidade pode então ser representado pela seguinte equação:
r r ≈ r
φ(x 0 , t) = φ(x + Ut, y, z, t) = φ(x) + φ(x, t) (125)
j = 3,4,5
Ftotal = FHidrodinâm icas + FHidrostáti cas
→
V0 ( x ) = ∇( −U X + φ S ) (127)
174
potencial de radiação expresso em função dos seis movimentos oscilatórios por
J=6
φR = ∑ φ J .
J=1
r
Onde r é o vetor posição relativamente á origem do sistema de coordenadas.
Esta equação indica que as forças e os momentos hidrodinâmicos atuantes
no casco submerso podem ser expressos como uma soma de três parcelas:
FHDT = FEondas + FRondas + FH
∂(φ I + φ D)
FEondas = −ρ ∫∫
Scasco
∂t
n j − (φ I + φ D)UmJ dScasco
∂(φ R) (129)
FRondas = −ρ ∫∫
Scasco
∂t
n j − φRUmJ dScasco
FH = −ρg ∫∫ zn dS
Scasco
J casco
Onde:
FEondas = força e momento de excitação devido às ondas
FH = forças hidrostáticas
175
Os termos m J e n J são expressos por:
→
( n .∇)∇φ
m J (m1 , m 2 , m 3 ) = −
U
→ →
( n .∇)( r × ∇φ
m J (m 4 , m 5 , m 6 ) = −
U
→ (130)
n J (n 1 ,n 2 , n 3 ) = n
→ →
n(n 4 , n 5 , n 6 ) = r × n
J = 1,2,3, refere - se aos movimentos de avanço, deriva, arfagem
J = 4,5,6, refere - se aos movimentos de balanço, cabeceio e guinada.
176
A frequência de encontro ω e é determinada de acordo com a figura 66.
Onde:
ω 0 = frequência angular da onda em relação ao referencial na terra; e
g = aceleração da gravidade.
∂
Fazendo TJK = −ρ ∫∫
Scasco
n J iω e − U φ K dS casco , as forças de radiação podem
∂x
6
ser expressas por FRondas = ∑ K =1 TJK n K e
i.ω e .t
, onde TJK n K é a amplitude complexa das
forças hidrodinâmicas na direção JK devido ao movimento oscilatório forçado na
direção K.
seguinte equação:
6
TJK = ∑ (ω e A JK −iω e B JK )n K e
2 i. ωe .t
(134)
k =1
177
Onde:
A JK = massa adicionada no modo j, devido ao movimento unitário na direção
k; e
B JK = coeficiente de amortecimento no modo j, devido ao movimento unitário
na direção k.
A parte real da força hidrodinâmica devido ao movimento oscilatório forçado
está em fase com a aceleração, atuando como uma massa aparente adicionada à
massa do corpo, enquanto o amortecimento está em fase com a velocidade.
Esta equação mostra que a força de excitação tem duas partes. Uma está
associada ao potencial de onda incidente e é geralmente denominada de força de
“Froude-Krylov”, como homenagem aos investigadores que deram os primeiros
passos no cálculo dos movimentos do navio em ondas.
Esta é uma força do tipo impulsão, devida à ação das ondas que atingem o
casco. Para determiná-las, deve-se ignorar as paredes do casco e calcular
apenas as forças resultantes das pressões das ondas incidentes na região do
casco. A outra parte das forças de excitação tem a ver com a perturbação do
potencial da onda incidente devido à presença do navio e é chamada de força de
difração. As forças de excitação são harmônicas no tempo. As forças de difração
são resultantes das ondas que refratam quando entram em contato com o casco.
Assim como as forças de Froude-Krylov, é uma força de excitação gerando
movimentos no casco. Essas forças não existem ou são quase nulas em mares
calmos. Pela teoria das ondas lineares, o potencial de onda incidente para uma
onda que se propaga com uma direção arbitrária relativamente ao sistema de
coordenadas é dado pela equação:
178
i.g.ζ a i.K0 (x.cosβ+y.sen β ) K 0z i.ω0 .t
φI(x,y, z, t) =
ω0
[e ][ ][
e e ] (135)
2
ω0
Onde ζa é a amplitude de onda k 0 = , é o número de onda, e ω 0 é a
g
frequência de onda e β é o ângulo entre o vetor velocidade do navio e o vetor
velocidade de propagação das ondas. A convenção para o ângulo β é de zero
graus para ondas de proa, conforme é ilustrado na figura 67.
F5 I = −ζ a ∫ e [ i .K 0 . x . cos β
.x.f 3 I dx ] (137)
L
F6 I = ζ a ∫ e [ i .K 0 .x . cos β
.x.f 2 I dx ]
L
3,4, sendo comumente n1=0, n2, n3, n4=N2, N3, N3, n5=-xn3, n6=N2, onde N2, N3, N3
são as componentes do vetor unitário bidimensional e normal à secção transversal
do navio na abscissa x. Este vetor está contido no plano y-z. O termo dζ significa
dizer que a integração é feita ao longo do contorno do casco C0.
i.K .x.cosβ D U D
F5D = −ζ a ∫ e 0 x.f 3 + f 3 dx
L i.ω e
i.K .x.cosβ D U D
F6D = ζ a ∫ e 0 x.f 2 + f 2 dx (140)
L i.ωe
180
Onde f K D são as forças de difração seccionais para ondas incidentes de
amplitude unitária e expressas pela equação:
{
f kD = w 0 ρ ∫ (i.N 3 − N 2 senβ )e
i.K 0 .y,senβ K 0Z
e }
φ k R ds, k = 2,3,4 .
C0
Exemplo1
Considere um vaso de seção retangular oscilando na água de acordo com a
figura mostrada.
φI =
ζ a ω Kz
k
{
e Re i e
i(wt−Kx)
}
, onde ζ a é a amplitude da onda, w é a frequência da onda
ω2
(rad/s) e K = . Determine as forças de Froude-Krylov devido às ondas incidentes
g
no fundo do tanque.
181
Solução:
1. Força de Froude-Krylov Vertical (direção Z)
∂φI
F FK (t) = −ρ ∫∫ ndS
S
∂t
φI =
ζ a ω Kz
k
e Re ie
i( ωt −Kx)
{ }
∂φI ζ a ω2 Kz
∂t
=
k
e Re ie {
i( ωt −Kx)
}
ds = dy.dx e
Definindo uma profundidade unitária(y = 1)
A força de Krylov por unidade de largura será :
B/2
∂φI aω Kz
F ( t ) = −ρ∫∫ ndS = −ρ ∫
FK
∂t k
e Re ie
i ( ωt −Kx ) 1
dx ∫ dy
0
{ }
S −B / 2
B/2
F FK
(t) = −ρ ∫
ζ a ω KZ
k
e Re ie {
i( ωt −Kx) 1
}
dx ∫ dy
0
− B/2
B/2 ζ a ω KZ
e Re ie {
i( ωt −Kx)
dx }
∫
FK
F (t) = −ρ k
− B/2
ζ a ω2 KZ
B/2
{
e R e ie iωt .e −ikx dx }
∫
FK
F (t) = −ρ k
− B/2
{ }
B/2
ζ a ω2 KZ B/2
F FK (t) = ρ ∫ 2
e R e ie iωt e − ikx
−B/2
k −B/2
F FK (t) = ρ
ζ a ω2 KZ
k 2
{
e R e ie iωt e − ikx
B/2
− B/2
}
ζ ω2
{
F FK (t) = ρ a 2 e KZ R e ie iωt (e −iKB/2 − e iKB/2 )
k
}
Lembrando que :
e iu − e −iu
senu =
2i
ζ a ω2 Kz
{
F (t) = ρ 2 e R e ie iωt sen( −KB/2).2i
FK
k
}
182
Como no fundo z = −T(ver a figura)
ω2
F FK (t) = 2ρ
k 2
{ }
ζ a .e −KT R e i 2 e iωt . − sen(KB/2)
2
Como i = −1, então
ω2
{
F (t) = R e 2ρ 2 ζ a e − KT e iωt sen(KB/2)
FK
}
k
Se Lé a largura do vaso, então a força de Krilov que atua no fundo será :
ω2
{
F FK (t) fundo = R e 2ρ 2 ζ a e − KT e iωt sen(KB/2) .L . }
k
Exemplo 2
Considere uma estrutura cilíndrica de apoio a um rebocador de “off shore”,
tendo diâmetro D e profundidade h, fixado no fundo do mar do cais de atracação de
apoio do rebocador. Considere uma onda do mar progressiva de comprimento
entre cristas L e amplitude H incidente na lateral do pilar, conforme a figura.
volume do cilindro; sendo a pressão dinâmica (Pdin) em torno do mesmo dada pela
Hcosh(K(z + h))
equação Pdin (x, t) = ρ.g. sen(Kx − σt) . Determine a força de Froude-
2cosh(Kh)
Krylov na direção x do deslocamento.
183
Solução:
∂Pdin H cosh(K(z + h))
= ρgK cos(Kx − σt)
∂x 2 Cosh(Kh)
FK ∂P H cosh(K(z + h))
Fx (t) = − ∫ din dV = − ∫ ρgK cos(Kx − σt)dV
V
∂x V
2 Cosh(Kh)
FK 0 H cosh(K(z + h))
Fx (t) = − ∫ ρgK cos(Kx − σt)dz.S
−h 2 Cosh(Kh)
184
A resistência enfrentada pelo casco do navio denominada de resistência
wave-making” é a capacidade que tem a embarcação de gerar ondas quando ela
se desloca.
Essas ondas são denominadas de ondas divergentes de proa (wave bow), de
popa (stern wave) e transversais ou diagonais (transverse waves), mostradas na
figura 69.
185
L
N= (141)
λ
Exemplo 3
Supondo a embarcação mostrada na figura 70 ter 180 m de comprimento,
navegando com velocidade de 12 nós, qual o número de ondas formadas no seu
casco?
L = 0, 66223. (12. 0, 5144)2 = 25,24 m
N = 180/25, 24 ≅ 7 ondas.
186
Figura 71 - Formação e extinção da camada limite no costado do navio.
Fonte: WIKIPÉDIA, 2009.
Fórmula de Denny
∇
S = 1,7.d.Lpp + (143)
d
187
Fórmula de Taylor
S = 2,58 ∆.Lpp (144)
188
Através de regressão, estes dados podem ser representados com coeficiente
de correlação de 0,94 pela equação:
f = 1,729L−0,04 (145)
Exemplo 4
Determine a superfície molhada do casco de um navio que tem deslocamento
de 3518 toneladas, calado de 3 metros e comprimento de 110 metros, se o mesmo
navega em água salgada de densidade 1, 025 t/m3.
Solução:
∆ 3518
∇= = = 3433 m 3
ρ 1,025
∇ 3433
S = 1,7.d.Lpp + = 1,7.3.110 + = 1705,33m 2 (Denny)
d 3
S = 2,58 ∆.Lpp = 2,58. 3518.110 = 1605m 2 (Taylor) .
V.Lpp
Onde Rn = , sendo ν a viscosidade cinemática da água e V a
ν
velocidade de deslocamento. A resistência friccional (RF) é então determinada
utilizando-se a definição do coeficiente de fricção:
RF
CF = (147)
0,5.ρ.S.V 2
189
7.2.2 Demais resistências oferecidas à propulsão
As demais resistências de wave, form, drag, eddy e, devido ao ar, são
agrupadas dentro de uma força a qual foi tradicionalmente nomeada de resistência
residual (RR), sendo a resistência devido aos apêndices (lemes, buchas,
estabilizadores, suportes de eixos, quilhas) considerada como 10% da resistência
total (RT).
A resistência residual pode ser determinada estabelecendo-se um coeficiente
residual (CR) similar ao estabelecido para CF.
Rr
CR = (148)
0,5.ρ.S.V 2
RT = RF + RR
CT = CF + CR (149)
RT
CT =
0,5.ρ,5. V 2
190
1/6
Vnavio ∇ navio
=
Vmodelo ∇ modelo
∆ navio ∇
= navio = λ 3 (navio e modelo em água de mesma densidade)
∆ modelo ∇ modelo
∆ navio aguasalgad a ρ aguasalgad a ∇ navio ρ aguasalgad a
= = .λ 3
∆ modeloagua doce ρ aguadoce ∇ modelo ρ aguadoce
Usando a analogia de Froude (151 a)
R Rnavio ∆
= navio = (navio e modelo em água de mesma densidade)
R Rmodelo ∆ modelo
R Rnavio água salgada = R Rnavioágua doce .ρ água salgada
R Rmodelo água salgada = R Rmodelo água doce .ρ água salgada
Exemplo 5
Um modelo de 5,4 metros de comprimento, boca de 1,4 metros e calado de
0,5metros é testado em tanques de provas com água salgada (ρ=1, 025t/m3) e tem
uma resistência total à propulsão de 70 N, a 4 nós. A superfície molhada do modelo
tem 4,3 m2 e o coeficiente de bloco do modelo é de 0,85. Para um navio similar de
135 metros de comprimento e utilizando a equação de Froude para a resistência
friccional, determine:
1. o fator de escala;
2. a superfície molhada do navio;
3. os volumes deslocados do modelo e do navio;
4. os deslocamentos do modelo e do navio;
5. as resistências friccionais residuais e total do modelo e do navio;e
6. a potências efetiva de arrasto do navio.
191
Solução:
1. fator de escala
Lnavio 135
λ= = − 25
Lmodelo 5,4
Dimensões do navio
L B d
λ = navio = navio = navio
L modelo B modelo d modelo
135 B navio d navio
λ= = = = 25
5,4 1,4 0,5
B Navio = 35metros
d Navio = 12,5metros
192
e) resistências friccionais residuais e totais do modelo e do navio
usando a equação de Froude
f = 1,729L−0,04
f navio = 1,729.135 -0,04 = 1,421
f modelo = 1,729.5,4 -0,04 = 1,616
Vmodelo = 4.0,514 = 2,1m/s
L navio
Vnavio = Vmodelo . = 2,1. 25 = 10,5m/s = 19,6nós
L modelo
R Fmodelo = f modelo .S modelo .V 1,825 modelo = 1,616.4,3. 2,11,825 = 26,91N
f = 1,729L−0,04
f navio = 1,729.135-0,04 = 1,421
f modelo = 1,729.5,4-0,04 = 1,616
Vmodelo = 4.0,514 = 2,1m/s
L navio
Vnavio = Vmodelo . = 2,1. 25 = 10,5m/s = 19,6nós
L modelo
1,825
R Fmodelo = f modelo .Smodelo .Vmodelo = 1,616.4,3. 2 , 11,825 = 26,91N
1,825
R Fnavio = f navio .Snavio .Vnavio = 1,421.2687,5.10,51,825 = 279005N
R Rmodelo = R Tmodelo − R Fmodelo = 70 − 26,91 = 43,1N
R Rnavio = R Rmodelo .λ 3 = 43,1.253 = 673437,5N
R Tnavio = R Fnavio + R Fmodelo = 952442,5N .
Exemplo 6
Considere agora que o modelo de 5,4 metros de comprimento, boca de 1,4
metros e calado de 0,5metros, sendo testado em tanques de provas com água doce
de densidade 1,00t/m3 e viscosidade cinemática de 1,14. 10-6m2/s, tem uma
resistência total à propulsão de 70 N a 4 nós. A superfície molhada do modelo tem
4,3 m2, com 15% de rugosidades e o coeficiente de bloco do modelo é de 0,85.Para
um navio similar de 135 metros de comprimento com 15 % de rugosidades no
casco, navegando em água salgada de densidade 1,025t/m3 e viscosidade
193
cinemática de 1,19.10-6m2/s, e utilizando o método do ITCC para a resistência
friccional, determine:
a) o fator de escala;
b) a superfície molhada do navio;
c) os volumes deslocados do modelo e do navio;
d) os deslocamentos do modelo e do navio;
e) as resistências friccionais residuais e total do modelo e do navio;
f) a potência efetiva de arrasto do navio.
Solução:
a) fator de escala
L navio B d
λ= = navio = navio
L modelo B modelo d modelo
135 B navio d navio
λ= = = = 25
5,4 1,4 0,5
B navio = 35metros
d navio = 12,5metros
S navio
= 25 2
4,3
S navio = 2687,5 m 2 .
194
d) deslocamentos do modelo e do navio
∆ navio = ρ água salgada .∇ navio = 1,025.5020 3,125 = 51458t
∆ modelo = ρ água doce .∇ modelo = 1,000.3,21 3 = 3,213t
Alternativamente :
∆ navio ρ água salgada 3
= λ
∆ modelo ρ água doce
ρ água salgada
∆ navio = ∆ modelo . .λ 3 = 3,213.1,025.253 = 5145 8t.
ρ água doce
195
Número de Reynolds do navio
V .L 10,5.135
Rn navio = navio navio = −6
= 11,9.10 8
ν água salgada 1,19.10
Coeficiente friccional do navio
0,075.1,15 0,075.1,15
C Fnavio = 2
= 8 2
= 1,72.10 −3
(logn navio − 2) (log11,9.10 − 2)
C Rnavio = C Rmodelo = 4,4.10 −3
C Tnavio = C Fnavio + C Rnavio = 6,72.10 −3
S navio = S modelo .λ 2 = 4,3.25 2 = 2687,5m 2
R Tnavio = C Tnavio .0,5.ρ água salgda .S navio .V 2 navio
R Tnavio = 6,72.10 −3.0,5.1025 .2687,5.10 ,5 2 = 1020446N = 1021kN.
196
2
X W = 0,5.ρ air .Vrw .C XW (α rw ).AT(força de surge ), N
2
YW = 0,5.ρ air .Vrw .C YW (α rw ).AL(força de sway ), N
2
N W = 0,5.ρ air .Vrw .C NW (α rw ).AL.L(momento de yaw ), N.m
Vrw = velocidade relativa do vento, m/s
ρ air = massa específica do ar, kg/m 3
(154)
C X,Y,N,W (α rw ) = coeficientes dependente s da direção relativa
do vento.
Al = área lateral projetada exposta ao vento, m 2
AT = área transversal projetada exposta ao vento, m 2
L = comprimento do navio, m.
Os valores de a0, a1, b1, c1... a5, b5, c5 são determinados por procedimentos
experimentais.
De modo geral, a componente de Surge (Xw) na direção longitudinal é a que
mais influencia a velocidade do navio (VS).
A figura73 ilustra o diagrama de velocidades quando um navio que se move à
velocidade VS é atingido por ventos de velocidade absoluta ou verdadeira Vtw,
segundo a direção verdadeira αtw.
197
O vento incide em relação ao navio com velocidade relativa Vrw, segundo o
ângulo de incidência ou direção relativa αrw.
Exemplo7
Considere agora um navio petroleiro fundeado de 225 metros de
comprimento, boca de 38 metros com um pontal de 20,8metros, e calado máximo
carregado de 13 metros. A altura considerada da quilha até a base da chapa do teto
do passadiço é de 40 metros.
198
Determine as forças devido ao vento sabendo que a área frontal projetada
equivale a 85% da área do retângulo equivalente (38x40) e o ângulo de incidência
relativa do vento (α rw ) é de 30º.
Solução:
Determinação dos coeficientes (resolvido em planilha Excel).
5
C XW = a 0 + ∑ a n sen(n.α rw )
1
199
Determinação das forças hidrodinâmicas devido ao vento
ρ air = 1,25kg / m 3
2
X W = 0,5.ρ air .Vrw .C XW (α rw ).AT(força de Surge devido ao vento)
X W = 0.5.1,25.7 2.0,26.1292 = 10288N.
2
YW = 0,5.ρ air .Vrw .C YW (α rw ).AL(força de Sway devido ao vento)
YW = 0,5.1,25.7 2.0,31.1755 = 16662 N.
2
N W = 0,5.ρ air .Vrw .C NW (α rw ).AL.L(momento de Yaw devido ao vento)
N W = 0,5.1,25.7 2 . - 0,072.1755.225 = −870699,4N.m.
200
Figura 74 - Navegando contra a correnteza em águas restritas.
202
7.3.4 Determinação das forças ambientais para navios de apoio às plataformas
de exploração de petróleo e gás
A figura 77 ilustra um navio típico de exploração de petróleo e gás mostrando
o efeito das forças ambientais na movimentação do navio quando ele está fundeado.
203
Para uma direção de incidência (α) em relação à proa, a força do vento é
dada pela equação:
2cos 2α 2sen 2α
FWα = FWX 2
+ FWY 2
(159)
1 + cos α 1 + sen α
204
“Forças devido à correnteza”
As forças devido à correnteza são determinadas através das equações (160)
e (161).
2
FCX =C CX SVC ( N )(surge )
2
(160)
Fc Y =C CY SVC ( N )( yaw )
C CX = 2,89Ns 2 /m 4 , C CY = 72,37NS 2 /m 4
S = superfície molhada do casco (m 2 )
T = calado (m)
B = boca (m)
C M = coeficiente da seção mestra
C wP = coeficiente prismático
2cos 2α 2sen 2α
FCα = FCX 2
+ FCY 1 + sen 2α (Incidência oblíqua) (161)
1 + cos α
205
Figura 78 - Onda incidente na proa.
Fonte: API RECOMMENDED PRACTICE 2P, RP - 2P, 1987.
206
Figura 79 - Onda incidente de “sway” (transversal).
Fonte: Api recommended practice 2P, RP - 2P, 1987.
Exemplo 8
Considere um navio de exploração de petróleo tendo as dimensões
(LxBXPontal) de 97 m (318ft) m, 19 m e 8 m, com calado máximo carregado de 5
metros. Considere que a altura da onda é de 3 metros (10 ft) com ventos de 30 nós
e correnteza de 2 nós. O navio tem a seguinte distribuição de áreas projetadas.
207
Determine as forças ambientais que atuam no navio e verifique se dois (2)
Thrusters laterais de 1335 kW, localizados na proa, e um localizado na linha de
centro (tipo túnel) de 1500 kW, são suficientes para as manobras de posicionamento
dinâmico, se a potência operacional é 90% da potência máxima. Considere que a
correlação entre a potência e a força de empuxo (tração) do propulsor deve ser de
60 kW/t para o propulsor tipo lateral de passo controlável e de 75 kW/t para o
propulsor tipo túnel de passo controlável. A superfície molhada do casco é de
3368m2.
Solução:
“Forças devido ao vento”
C W = 0,615Ns 2 /m 4 .
Cálculo de ∑ (C C S H A)
Al CS CH AlCSCH AT CS CH ATCSCH
521 1,00 1,00 521 129 1,00 1,00 129
152 1,25 1.10 209 55 1,00 1,00 55
124 1,25 1,20 186 202 1,25 1,00 316
97 1,25 1,3 157,63
55 1,25 1,37 94,2
55 1,00 1,00 55
44 1,25 1,00 55
19 1,25 1,00 23,8
Soma 1301,6 499,62
FWX = C W .∑ (CS C H AT)VW (Surge)
2
C W = 0,615Ns2 /m 4 .
208
“Forças devido à correnteza”
2
FCX =C CX SVC ( N)(surge)
2
Fc Y =CCY SVC ( N)(sway)
CCX = 2,89Ns 2 /m 4
CCY = 72NS 2 /m 4
S = superfície molhada do casco (m 2 ) = 3368m 2
2
FCX =C CX SVC = 2,89.2581.(2.0,514) 2 = 7882 N.
2
Fc Y =CCY SVC = 72.2581.(2.0,514) 2 = 196384 N.
209
2
318
Fmdx = 9.4448,2. = 25302 N
400
2
318
Fmdy = 50.4448,2 = 140568N
400
210
Outro componente do Dynamic Positioning System é o “thruster” retrátil do
tipo “gyro thruster”, o qual pode alcançar giro de 360 graus e será localizado na
porção de vante.
211
Forças ambientais totais
Como a força de tração total dos propulsores é maior que a força total
ambiental de sway, eles podem ser utilizados.
212
Figura 83 - Diagrama básico de potência de um navio.
Fonte: CLARK, Ship Dynamics for Mariners, Nautical Institute 2005.
213
Figura 84 - Velocidades do navio e de avanço no movimento do navio.
Na figura 85, entre o passo (P) e o seu respectivo ângulo (θr ) , existe a seguinte
relação:
P = 2πr tanθ r (163)
214
7.4.1 Principais equações utilizadas em propulsores
As equações comumente empregadas em propulsores podem ser divididas
basicamente em equações para as velocidades, tração e resistência total a
propulsão, potências, rendimentos slip e coeficiente quase propulsivo.
“Potências”
EHP(efetiva na esteira) = R T (kN).V(m/s), kW
THP(tração do propulsor) = T(kN).VA (m/s), kW
Q(N.m).2.π. N.(rpm) (166)
DHP(entregue ao propulsor) = , kW
60000
P .A.L.N.n
BHP(disponível no volante) == me , kW
x.60
Pmi .A.L.N.n
IHP(indicada) = , kW
x.60
Pmie Pme = Pressão média indicada e efetiva dos cilindros , kPa
x = 2 para 4 T e x = 1 para 2 T
A = área da circunferência do cilindro, m 2 (166 a)
L = curso do cilindro, m
N = rotação do motor.rpm
n = número de cilindros
PT(Total) = m comb .PFcomb , kW
215
“Rendimentos ou eficiências”
1− t EHP
n H (casco) = =
1 − w T THP
PT
n P (propulsor) = = n 0 .n R (167)
PD
n 0 = eficiência do propulsor em água aberta
n R = eficiência rotativa relativa
DHP
n s (eixo) =
BHP
EHP (168)
QPC = = n H .n P , coeficiente quase propulsivo
DHP
EHP
n T (total) = = n H .n P .n s
BHP
“Slip e coeficiente quase propulsivo”
30,86. VA (nós)
Razão de Slip verdadeiro = S V = 1 − (Munro,1989 )
P(m) . N(rpm)
30,86.V(nós)
Razão de Slip aparente = S A = 1 − (Munro,1989 )
P(m).N(rpm )
(169)
N (rpm)
QPC = 0,85 − 122 (Munro,1989 )
900
L(m)
N 122 (rpm) = N(rpm). (Munro,1989 )
122
216
7.4.2 Determinação da força(T) e torque no propulsor (Q) através de gráficos
A força de tração e o torque do propulsor são comumente determinados na
literatura através de gráficos especializados, conforme ilustram as figuras 87 e 88.
P/D
Figura 88 - Diagrama Bp x δ.
Fonte: MOLLAND, 2008.
217
Estes gráficos são resultados de uma série de hélices de mesma geometria,
mas diferentes razões de P/D(passo/diâmetro), não sendo generalizados.
As seguintes equações são utilizadas com as constantes de Taylor, dadas
pelas seguintes expressões:
N DHP0,5
BP = 0,2198 (170)
Va(m/s)2,5
N THP0,5
BU == 1,158 (171)
Va(nós)2,5
ND
δ = 3,2808 (172)
Va
THP
nP = (173)
DHP
Diagrama Bp x δ:
a) no eixo das abscissas encontram-se os valores do coeficiente Bp;
b) no eixo das ordenadas estão os valores da relação de passo (P/d);
c) as curvas inclinadas pontilhadas correspondem aos diversos valores do grau
de avanço δ; e
d) as colunas de rendimento ótimo do propulsor ηp são cruzadas em diagonal pela
curva de diâmetro ótimo do propulsor.
218
T(N)
KT = (175)
ρ N 2 D4
Q ( N.m )
KQ = (176)
ρ(kg/m 3 ) N 2 D 5
KT J
ηp = (177)
K Q 2π
Diagrama KT x J:
a) no eixo das abscissas está representado o coeficiente de avanço J;
b) no eixo das ordenadas estão representados os valores de KT, KQ e ηp, nas
suas respectivas escalas;
Nesse diagrama, entrando-se com o valor de um coeficiente, determinam-se
os outros; por exemplo, entrando-se com J, determinam-se os coeficientes KT, KQ
e ηp.
Exemplo 9
A potência indicada de uma embarcação é 8950 kW e a eficiência mecânica
do MCP é de 85%. Determine o EHP, assumindo que as perdas devido às
engrenagens, etc é de 5%; as perdas nos suportes é de 1%; e que EHP = 0,7. DHP.
Solução:
BHP
n m = 0.85 =
IHP
BHP = 0,85.8950= 7610 kW.
219
Cálculo da potência entregue ao propulsor (DHP)
n S = (1− 0,05).(1− 0,01) = 94,05%
DHP = n S .BHP = 0,9405.7610 = 7157,205kW.
Exemplo 10
Um propulsor, com relação passo diâmetro de 0,9, gira a 120rpm, com um slip
verdadeiro de 25% e coeficiente de esteira de Taylor de 0,23. A velocidade do navio
é de 18 nós e o conjugado (torque) disponibilizado no volante em prova de mar do
MCP é de 257650N. m. O coeficiente de dedução de tração no propulsor é de 0,3 e
o rendimento total da propulsão é de 65%. Se o coeficiente quase propulsivo é de 0,
75, determine:
a) o passo (P) e o diâmetro (D) do propulsor;
b) a potência efetiva (BHP);
c) a resistência total a propulsão (RT);
d) a força e a potência de tração do propulsor;
e) a potência entregue ao propulsor e o respectivo torque; e
f) os coeficientes de avanço(J), tração (KT) e torque (KQ) deste propulsor.
Solução:
a) passo e diâmetro do propulsor
V − VA
w t (coeficiente de esteira de Tailor) =
V
18 − VA
0,23 =
18
VA = 13,86nós = 13,86.0,514 = 7,12 m/s
220
30,86VA (nós)
RazãodeSlip verdadeiro = S V = 1 −
P(m).N(rpm)
30,86.13,86
0,25 = 1 −
120.P
30,86.13,86
P= = 4,75 m
0,75.120
P = 0,9.D
4,75
D= = 5,3 m.
0,9
b) potência efetiva
Q BHP (N.m).2πN.(rpm)
BHP(kW) =
1000.60
257650.2.3 ,14.120
BHP(kW) = = 3236 kW.
1000.60
221
e) potência entregue ao propulsor e o respectivo torque
EHP
QPC =
DHP
EHP 2104
DHP = = = 2805kW
0,75 0,6
Q(N.m).2.π. N.(rpm)
DHP (kW) =
60000
6000.DHP 6000.2805
Q= = = 223328N.m .
2. π .N 2.3.14.120
Exemplo11
Determinar os valores de Bp, Bu, δ e eficiência da propulsão, com D = 5,65 m;
Va = 11,4 nós; N = 115 rev/min; DHP = 3100 kW e THP = 2140 kW.
Solução:
N DHP0,5 115.31000,5
BP = 0,2198 = 0,2198 = 17
Va2,5 (11,4.0,514)2,5
N THP0,5 115.21400,5
B U = 1,158 = B U = 1,158 = 14,04
Va2,5 11,42,5
ND 115.5,65
δ = 3,2808 = 3,2808. = 187.
Va 11,4
222
Exemplo 12
A potência desenvolvida pelo propulsor para movimentar um navio a 10 nós e
65 rpm, é de 1030 kW e o coeficiente de esteira de Taylor é de 0, 294, calcular o
diâmetro ótimo do propulsor com o diagrama Bp x δ ilustrado na figura 88.
Solução:
Cálculo da velocidade de avanço
3,63
VA = V(1− t) = 10.0,514(1− 0,294)= 3,63m/s= = 7,1nós
0,514
N DHP 0,5 65.10300,5
B P = 0,2198 = 0,2198 = 18.
Va 2,5 3,632,5
Utilizando o valor de Bp juntamente com a relação P/D no diagrama Bpxδ,
determinam-se os valores para δ eηp, que são:
δ = 171,ηp = 66 e P/D=0,81.
223
Exemplo 13
Determinar o coeficiente de avanço(J), o torque, e a força de tração, e o slip
verdadeiro de um propulsor tipo hélice (4 pás), cujo gráfico é o da figura 87,
operando em água do mar, com velocidade de avanço (Va) de 7, 39 m/s; e
rotação(N) de 125 rpm. O diâmetro(D) e o passo do propulsor(P) são iguais a 5 m.
Solução:
Va(m/s) 7,39
J= = = 0,71
N(rps) D(m) 125
.5
60
P 5
= = 1.
D 5
224
7.5 Análise dos tipos de propulsores
Os propulsores, frequentemente empregados em navios, são o de passo fixo,
com duto de proteção, contra-rotação, passo controlado, jato de água e azimutais.
225
Figura 88 b – Propulsor com duto.
Fonte: Ship hydrodynamics, propulsion part, 2005.
226
7.5.4 Propulsor de passo controlado
São propulsores, cuja hélice varia o passo pela rotação das pás no seu
bosso, através do deslocamento de um pistão hidráulico no interior do bosso,
quando pressionado por óleo hidráulico. Atualmente, são bastantes utilizados em
quase todos os tipos de navios. A figura 88 d ilustra o propulsor do tipo passo
controlado.
227
7.5.6 Propulsores azimutais
São propulsores que permitem um giro de 360º movimentando a embarcação
para qualquer ângulo de rumo desejado. A figura 88f ilustra o propulsor azimutal.
Estes propulsores são bastantes utilizados em embarcações Off-Shore. A figura
ilustra este tipo de propulsor.
228
gerados no movimento do leme para um determinado ângulo de ataque determinam
a manobrabilidade do navio.
O dispositivo de controle (superfície de controle) do rumo do navio abordado
neste trabalho será o leme, e a metodologia empregada será a tradicional. Uma
abordagem completa é vista em Mesquita (Simulador de Manobras em Tempo Real
com Sistema de Posicionamento Dinâmico, tese de doutorado, UFRJ, 2005).
229
Exemplo 14
Um navio tem 130 m de comprimento, calado de 8 m, e 20 m de boca. O
coeficiente do leme da embarcação é de 65. Determinar a área do leme.
L.d 130.8
S Leme = = = 16 m 2
K 65
2 2
L.d B 130.8 20 2
S Leme = 1+ 25 = 1+ 25 = 16,6m .
100 L
100 130
230
Estas forças podem ser determinadas pelas seguintes equações:
L
CL =
0,5.ρ V 2 .A Leme
D
CD =
0,5.ρ V 2 .A Leme
(180)
N
CN =
0,5.ρ V 2 .A Leme
T
CT =
0,5.ρ V 2 .A Leme
P = L2 + D2 = T 2 + N 2
N = Lcosα + Dsenα
T = Dcosα − Lsenα (181)
C N = CLcosα + CDsenα
CT = C Dcosα − CLsenα
Exemplo 15
O leme de um navio em água doce ( ρ = 1000kg/m3 ) tem coeficiente
longitudinal e de arrasto de 0,85 e 0,32 para um ângulo de incidência de 20º. A área
projetada (ALeme) é de 17 m2 e o fluxo de fluido incide sob um ângulo de 20º a 12
nós. Determine:
a) as forças atuantes no leme;e
b) se a corda (C) do leme é de 3,1 m, calcule o momento atuante no leme em
relação à extremidade perto do casco, sabendo que o centro de pressão está a
0,25C desta extremidade.
231
Solução:
a) forças atuantes no leme
Sustentação e arrasto
L = C L .0,5.ρ V 2 .A Leme = 0,85.0,5.1 000.(12.0, 514) 2 .17 = 274869 N = 275 kN
D = C D .0,5.ρ V 2 .A Leme = 0,32.0,5.1 000.(12.0, 514) 2 .17 = 103480N = 104 kN
Normal e longitudinal
N = Lcosα + Dsenα = 275.cos20º+104.sen20º= 294 kN
T = Dcosα − Lsenα = 104cos20º−275sen20º= 3,7 kN
Força total
Torque do leme
M Leme = N.e = 294.0,25,3,1 = 228 kN.m
232
Figura 90 - Força normal atuando no centro de pressão em leme de ângulo δr .
Exemplo 16
Considere um leme retangular centrado entre dois propulsores mostrado na
figura 91, na qual a área A2 é considerada a posição do centro de pressão a uma
distância de 0,31 vezes a corda e, para a área A1, de 0,35 vezes a corda. Determine
a força normal resultante no leme e o torque em relação ao eixo da madre se a
velocidade do navio é de 14 nós e leme a 35º.
233
Solução:
Cálculo da força normal que atua no leme
N = 557.A L .V 2 .senδ r
AL1 = 3.3 = 9 m 2
N1 = 557.AL1 .V 2 .sen35 = 557.9.(1,2.14.0,514) 2 .0,5735 = 214375N = 214.4 kN
AL 2 = 6.1,8 = 10,8 m 2
N2 = 557.AL1 .V 2 .sen35 = 557.10.8.(1,2.14.0,514) 2 .0,5735 = 275271N = 275,3 kN
N = N1 + N2 = 489.7 kN
Exemplo 4
A figura 92 ilustra um leme típico de um navio onde são mostradas pelo
construtor naval as cotas necessárias para o cálculo da força normal e do torque do
leme.
Para este leme, deverão ser utilizadas as regras de Simpson para as áreas e
momentos.
Determine a força normal e o torque do leme para um leme único atrás do
propulsor com inclinação de 35º, com o navio navegando a 19 nós. Se o eixo da
madre do leme tem módulo de seção de 0,15 m3, calcule a tensão máxima
combinada devido ao torque e momento da força normal.
234
Figura 92 - Área projetada típica de leme comum de navios.
Solução:
A tabela mostra os procedimentos para o cálculo da área e posição do centro
de pressão utilizando a regra de Simpson.
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
Atrás Avante Corda MS (3)x(4) 0,31. (3) (6)-(2) (5)X(7) braço (5)X(9)
do do (1) + (2) deixo
eixo eixo
(m) (m)
3 1,1 4,1 1 4,1 1, 271 0, 171 0, 701 0 0
1, 0,
2,8 1 3,8 4 15,2 178 178 2, 705 1 15,2
2,2 0,8 3 2 6 0,93 0,13 0,78 2 12
0, 0, 1,
1,4 0,4 1,8 4 7,2 558 158 1376 3 21,6
0 0 0 1 0 0 0 0 4 0
32,5 5, 32 48,8
235
Cálculo da área projetada do leme
1 1
A Leme = .d.(5) = .1.32,5 = 10,83 m 2
3 3
d =1
236
8 MANOBRA DO NAVIO
237
8.2.2 Leis de Newton para o movimento plano horizontal do navio
As equações do movimento são estabelecidas inicialmente em relação ao
referencial fixo aplicando as leis de Newton para o corpo rígido, depois transferidas
para o sistema de eixos XY solidário ao navio e que se move com ele. O
movimento do navio, no tempo t=t0 em relação ao referencial fixo, é definido pelas
coordenadas x0G e y0G e o ângulo de Yaw ( ψ ).
Como a orientação do eixo z0 é positiva na figura 93, o sinal de ψ mostrado
na figura 93 é negativo.
Assim, as equações newtonianas para o movimento do navio no plano
horizontal x0y0 são:
••
X 0 = ∆. x 0G
••
Y0 = ∆. y 0G (183)
••
N = IZ . ψ
238
dx 0G •
Vx = = x 0G = ucosψ - vsenψ
dt (185)
dy •
Vy = 0G = y 0G = usenψ + vcosψ
dt
239
Os subscritos XHYD, YHID, NHID representam as forças devidas à velocidade
relativa fluido/corpo, considerando a correnteza e a velocidade do corpo, e são
chamadas de forças de manobra ou hidrodinâmicas agindo no casco e
apêndices devido à velocidade e à aceleração do navio. Os subscritos XRUD,
YRUD, NRUD representam as forças devidas ao leme. Os subscritos XPROP, YProp,
NPROP representam as forças devidas ao propulsor.
XTHR, YTHR, NTHR representam as forças devidas aos impelidores (se
existirem) de proa, popa e azimutais. XWIND, YWIND, NWIND representam as forças
devidas à velocidade do vento (ar corpo), considerando o vento e a velocidade do
corpo.
XWAV, YWAV, NWAV representam as forças devidas às ondas incidentes.
• • • •• • • • •• ∂X ∂X • ∂ • ∂X • ∂X •• ∂X
X = FX (u, v, u, v , ψ, ψ,) = FX (u 0 , v 0 , u 0 , v 0 ψ 0 , ψ 0 ) + δu + δv + δ u • + δ v • + δ ψ • + δ ψ ••
∂u ∂v
∂ u, ∂v ∂ψ ∂ψ
• • • •• • • • •• ∂Y ∂Y • ∂Y • ∂Y • ∂Y •• ∂Y
Y = Fy (u, v, u, v , ψ, ψ, ) = FY (u 0 , v 0 , u 0 , v 0 ψ 0 , ψ 0 ) + δu + δv + δ u • + δ v • + δ ψ • + δ ψ •• (191)
∂u ∂v
∂ u, ∂v ∂ψ ∂ψ
• • • •• • • • •• ∂N ∂N • ∂N • ∂N • ∂N •• ∂N
N = N(u, v, u, v , ψ, ψ, ) = N(u 0 , v 0 , u 0 , v 0 ψ 0 , ψ 0 ) + δu + δv + δ u • + δ v • + δ ψ • + δ ψ ••
∂u ∂v
∂ u, ∂v ∂ψ ∂ψ
240
Para uma condição de equilíbrio inicial com velocidade constante, leme a
• • • ••
meio (δR = 0) e sem deriva, teremos que u 0 = v 0 = ψ 0 = ψ 0 = 0 . A maioria do navios
são simétricos em relação ao plano xz, não havendo deriva na condição inicial do
movimento, v0=0. Isto não é necessariamente verdadeiro para navios com um
número ímpar de propulsores ou com qualquer número de propulsores
•
unirrotacionais. Por causa da simetria, ∂Y/ ∂u = ∂Y/ ∂ u = 0 , desde que uma mudança
na velocidade ou aceleração de avanço do navio não produza força transversal.
Finalmente, se o navio na condição inicial de equilíbrio está navegando sem deriva,
então, nesta condição inicial, não haverá força de Sway (Y) atuando nele e
• • • ••
FY (u 0 , v 0 , u 0 , v 0 ψ 0 , ψ 0 ) = 0 . Observe que somente u0 não é nulo, porém é igual à
• • • •• • • • ••
Analogamente, FX (u 0 , v 0 , u 0 , v 0 ψ 0 , ψ 0 ) = 0 , N(u 0 , v 0 , u 0 , v 0 ψ 0 , ψ 0 ) = 0 ,
∂N •
∂N
u = 0, δ u • = 0 . Com estas simplificações, a equação (191) pode ser escrita da
∂u ∂ u,
seguinte maneira:
∂X ∂X • ∂X • ∂X • ∂X •• ∂X
X=u +v + u • + v • + ψ • + ψ ••
∂u ∂v ∂ u, ∂v ∂ψ ∂ψ
∂Y • ∂Y • ∂Y •• ∂Y
Y=v + v • + ψ • + ψ •• (192)
∂v ∂v ∂ψ ∂ψ
∂N • ∂N • ∂N •• ∂N
N=v + v • + ψ • + ψ ••
∂v ∂v ∂ψ ∂ψ
• •• •
As derivadas cruzadas ∂Y/ ∂ ψ , ∂Y/ ∂ ψ , ∂N/ ∂v, e ∂N/ ∂ v são usualmente
pequenas e diferentes de zero porque muitos navios não são simétricos em relação
ao plano yz. Entretanto, as derivadas cruzadas
• • •• •
∂X/ ∂v, ∂X/ ∂ v , ∂X/ ∂ ψ , ∂X/ ∂ ψ , conjuntamente com ∂Y/ ∂u e ∂y/ ∂ ψ são nulas.
Introduzindo estas simplificações na equação (188), a equação do movimento do
navio será dada pela equação (193), a seguir.
241
•
∆ − ∂X u − ∂X (u − u ) = 0
•
∂u
0
∂u
• •
∆ − ∂Y v − ∂Y v − ∂Y − ∆u ψ − ∂Y ψ = 0
••
(193)
• ∂v • 0 ••
∂v ∂ψ ∂ψ
••
− ∂N v − ∂N v + I Z − ∂N ψ − ∂N ψ = 0
•
•
∂v •• •
∂v ∂ ψ ∂ψ
Esta simbologia será adotada neste trabalho, pois ela é bastante utilizada no
meio naval por estudantes, professores e profissionais da indústria naval.
•
∂ψ •
•• ∂ψ •
Observe que ψ = =reψ= = r.
∂t ∂t
242
Adotando esta simbologia, as equações do movimento do navio sem a
influência do leme são agora descritas pela seguinte equação:
•
∆ − X • u − X (u - u ) = 0
u 0
u
• •
∆ − Y• v − Y v − (Y − ∆u )r − Y• r = 0 (194)
v r 0
v r
•
•
− N v − N v v + I − N . r − N r =0
r
Z r
• •
v
A força lateral de Sway (Yvv) cria o momento de Yaw (Nvv) no navio. Isto faz
com que apareça o ângulo de ataque ( β ). Este momento somado ao momento do
leme ( Nδδ ) faz com que o navio gire, sendo então necessária a correção do rumo
243
Levando agora a influência da inclinação (δ) do leme, a equação (194) será
escrita da seguinte forma:
•
∆ − X • u − X (u - u ) = 0
u 0
u
• •
∆ − Y• v − Y v − (Y − ∆u )r − Y• r = Y δ (195)
v r 0
v r
δ
•
•
N • v − N v v + I Z − N • . r − N r r
−
v r = N δ δ
− N v• − N v + (I + J ). r• − N r = 0
•
v
v Z ZZ r
•
(∆ + m X )u − Xu (u - u 0 ) = 0
• •
(∆ + m Y ) v − Yv v − (Yr − ∆u 0 )r − Y • r = Yδδ (196 a)
r
• •
− N v• v − N v v + (I Z + J ZZ ). r − N r r = N δ δ
adicional devido a que a força necessária para acelerar o navio na água é sempre
maior que o produto do seu deslocamento pela sua aceleração. Estas massas
adicionadas dão origem às forças hidrodinâmicas devido à aceleração do navio
na água.
244
8.2.4 Forma adimensionalizada da equação do movimento do navio no PH
A equação (195) é comumente trabalhada na forma adimensionalizada, ou
seja, as forças são divididas por 0,5.ρ.V2 L2 e os momentos são divididos por
• •
∆ v • ∗ vL ∗ IZ rL • ∗ rL2 ∗ Yv
∆∗ = 3
, v ∗
= , v = 2
, I Z = 5
, r ∗
= ,r = 2 ,Y v =
0.5ρL V V 0,5.ρ.L V V 0,5.ρL2 .V
Yr Nv Nr Y• Y•
∗ v ∗ r
Y∗ r = 3
, N ∗
v = 3
, N ∗
r = 4
, Y = 3
, Y =
0,5ρL4
• •
0,5ρL V 0,5ρL V 0,5.L .V v 0,5ρL r
N• N• Xu
∗ v ∗ r ∗
N• = 4
, N = 5
, Xu = .
0,5.ρ.L2 .V
•
v 0,5ρL r 0,5ρL
•∗ •∗
∆∗ − Y• ∗ . v − Y ∗v .v∗ − Y ∗ r − ∆∗ .r ∗ − Y• ∗ . r = 0
( ) (197)
v r
•∗ •∗
− N • . v − N ∗v .v∗ + I ∗ Z − N • . r − N ∗ r .r ∗ = 0
∗ ∗
v r
•∗
∆∗ − X • ∗ . u − X ∗ .u ∗ = 0
u
u
•∗ •∗
∆∗ − Y• ∗ . v − Y ∗v .v ∗ − Y ∗ r − ∆∗ .r ∗ − Y• ∗ . r = Y ∗δ
( ) (197 a)
v r
δ
•∗ •∗
− N • . v − N ∗v .v∗ + I ∗ Z − N • . r − N ∗ r .r ∗ = Nδ δ
∗ ∗ ∗
v r
245
8.3 Avaliação da estabilidade direcional em manobras
A estabilidade direcional de navios em manobras é feita estudando-se o
comportamento da solução homogênea das equações diferenciais ordinárias
acopladas. Verifica-se, com esta análise, se após uma perturbação no sistema que
provoque um aparecimento de u, v e r, essas velocidades tendem a diminuir com o
tempo, voltando o navio a ter velocidades u =V, v = 0 e r = 0, após determinado
tempo.
Para que o navio mantenha o seu curso, o mesmo deve ter a capacidade
de retornar à sua posição, após uma perturbação externa cessada. Partindo da
equação do movimento do navio na forma linearizada, podemos adotar as
seguintes equações para as velocidades lineares e angular:
•∗
u = u i e αit
•∗
v = v i eαit
•∗
r = ri eαit
v
• i
{(
∆∗ − Y ∗ .αi − Y ∗ v .v + − Y ∗ r − ∆∗ − Y ∗ αi .r = 0
•
r
i ) } (198)
{− N •
v
∗
}
.αi − N ∗ v .v i + I ∗ Z − N • .αi − N ∗ r .r i = 0
∗
r
A primeira destas equações não é acoplada com as outras duas e pode ser
separada.
∆∗ − X ∗ .α i − X .u = 0
u i
u
•
X•X • ∗ < 0
∗
u
α1 = u
⇒ α1 < 0
∆∗ − X • ∆∗ − X • ∗
∗
u u
246
Desacoplando as outras duas equações:
v
• i
{(
∆∗ − Y ∗ .αi − Y ∗ v .v + − Y ∗ r − ∆∗ − Y ∗ αi .r = 0
•
r
i ) }
{− N •
v
∗
}
.αi − N ∗ v .v i + I ∗ Z − N • .αi − N ∗ r .r i = 0
∗
r
∆ ∗ − Y• ∗ . αi ( )
− Y ∗ v − Y ∗ r − ∆ ∗ − Y• αi
∗
v r
=0
∗
− N • .αi − N ∗
v
I ∗ Z − N • ∗ .α − N ∗ r
i
v r
A= ∆∗ − Y• . I ∗ Z − N • - N • .Y•
∗ ∗
(199)
∗ ∗
v r v r
B = − ∆∗ − Y• N ∗ r − Y ∗ v I ∗ Z − N • − N ∗ v .Y• − N • . Y ∗ r − ∆ ∗ ( )
∗ ∗ ∗ ∗
v r r v (200)
(
C = Y ∗ v .N ∗ r − N ∗ v . Y ∗ r − ∆ ∗ )
Resolvendo:
− B ± B 2 − 4 AC
α 2,3 = . (201)
2A
247
8.3.1 Condições para que o navio tenha estabilidade direcional
Analisando as equações (199), (200), e (201), chega-se às seguintes
conclusões, para que o navio tenha estabilidade direcional. Para muitas
configurações de navios, N • ≈ 0, Y• ≈ 0 .
∗ ∗
v r
v r
Análise do coeficiente B
B = − ∆∗ − Y• N ∗ r − Y ∗ v I ∗ Z − N • − N ∗ v .Y• − N • . Y ∗ r − ∆ ∗ ( )
∗ ∗ ∗ ∗
v r r v
v v
− ∆∗ − Y• N ∗ r >0. As derivadas
∗
1989), então Y∗ v , N∗ v ,obtidas de dados
v
r r
r r
r v
Análise do coeficiente C
(
C = Y∗ v .N∗ r − N∗ v . Y∗ r − ∆ ∗ )
248
C
Segundo LEWIS (Principles of Naval Architecture, 1989), > 0 , e como A>0,
A
(
então C>0. Assim, Y∗ v .N∗ r − N∗ v . Y∗ r − ∆ ∗ >0. )
A figura 95 ilustra a estabilidade direcional do navio.
Exemplo 1
Avaliar a estabilidade direcional de dois navios A e B, de comprimento 200m
com ângulo de inclinação do leme nulo (leme a meio), sabendo que suas derivadas
hidrodinâmicas adimensionalizadas são dispostas na tabela fornecida pelos
construtores dos navios. Supondo o centro de gravidade situado no plano de
simetria do navio, determine o ponto de pivotamento.
Navio m∗ Y∗ v N∗v Yr
∗
Nr
∗
Solução:
Navio A
(
C = Y ∗ v .N ∗ r − N ∗ v . Y ∗ r − ∆ ∗ )
C = (−0,36).(−0,07) − (−0,07).(0,06 − 0,12) = 0,0210
Como CA>0, o navio A é estável.
Navio B
(
C = Y ∗ v .N ∗ r − N ∗ v . Y ∗ r − ∆ ∗ )
C = (−0,26).(−0,03) − (−0,1).(0,01 − 0,10) = −0,0012
Como CB<0, o navio B é instável.
249
Ponto de pivotamento dos navios
O movimento lateral do navio combinado com a rotação ocasionado pelos
momentos de Yaw em torno do eixo vertical do navio ocasiona o movimento de
rotação de um ponto distanciado de uma distância PG à frente do centro de
gravidade. Este ponto é denominado ponto de pivotamento dinâmico.
A distância ao centro de gravidade é determinada pela equação do momento
de rotação ( N v v ) e da força lateral ( Yv v ).
N v v N v 0,5ρ L3 Vv ∗V N v L
∗ ∗
XP = = = ;
Yv v Yv ∗ 0,5ρ L2 Vv ∗V Yv
∗
− 0,07.200
X PA = = 38,90 m ; e
− 0,36
− 0,10
X PB = .200 = 76,90m.
− 0,26
250
8.3.2.1 Derivadas hidrodinâmicas adimensionalizadas segundo Clarke.
As seguintes equações experimentais para as derivadas hidrodinâmicas
adimensionalizadas são obtidas por Clarke (1982) e utilizadas neste trabalho.
∗ B
Yv = −fac1. 1 + 0,4CB . (202)
T
∗ B B
Yr = −fac1. − 0,5 + 2,2. − 0,080. (203)
L T
∗ T
N v = −fac1. 0,5 + 2,4. (204)
L
∗ B B
N r = −fac1. 0,25 + 0,039. − 0,56. (205)
T L
2
B B
∗
Y• = −fac1. 1 + 0,16.CB . − 5,1 (206)
v T L
2
B B
Y• = −fac1. 0,67. − 0,0033
∗
(207)
r L T
∗ B B
N • = −fac1. 1,1. − 0,041. (208)
v
L T
∗ 1 B B
N • = −fac1. + 0,017.CB . − 0,33. (209)
r
12 T L
2
T
onde fac1 = π. , sendo L, B, T e CB, o comprimento(m), a boca(m), o calado(m), e
L
o coeficiente de bloco do navio.
251
∗
Para a determinação de C com o leme, usamos a área adimensional ( A R ) e
∗ ∂C L
o coeficiente adimensional de sustentação C L = , onde CL é o coeficiente de
∂α α =0
∗
sustentação e α é o ângulo de ataque do fluido no propulsor. O valor CL s pode ser
encontrado em Lewis (Principles of Naval Architecture, 1989), sendo dado pela
∗
equação (211).Adotaremos, neste trabalho, para A R , o valor obtido da equação
(210).
Exemplo 2
Verificar a estabilidade direcional de um navio com os seguintes dados
retirados do manual de especificações técnicas, onde:
Lpp= 270 m (comprimento);
b= 170 m(distância longitudinal do meio-navio ao centro de pressão do
leme);
B= 46 m(boca) e CB=0,84 ;
T= 17 m (calado) ;
∆ = 175400 ton (deslocamento) ;
Solução:
Estimativa da área do leme
Lpp.T 270.17
2
B
2
AL emes = 1 + 25 = 1 + 25 46 = 80 m 2 .
100 Lpp 100 270
Considerando 2 lemes, cada qual terá 40 m2.
d 6,5
0.9.2.π. 1,8.3,14.
∗
CL = c = 3,25 = 0,04 .
d
2 6,5
2
c
57,3CosΑ
4
+ 1,8
57,3Cos0º 3,25
+ 1,8
(cosΑc (cos0º ) 4
253
Estimativa das derivadas hidrodinâmicas
2 2
T
fac = 3,14.
17
= 3,14. = 0,01244
L 270
' ∆ 175400
m = 0,5.ρ.L3
=
0,5.1,025.270 3
= 0,0174
∗ B 46
Yv = −fac1. 1 + 0,4.CB . = -0,012441 + 0,4.0,84.
T 17
∗
Yv = −0,00237
∗ B B 46 46
Yr = −fac1. − 0,5 + 2,2. − 0,080. = -0,01244 - 0,5 + 2,2. − 0,08.
L T 270 17
∗
Yr = 0,00425
∗ T 17
N v = −fac1. 0,5 + 2,4. = -0,012440,5 + 2,4.
L 270
∗
N v = −0,0081
∗ B B 46 46
N r = −fac1. 0,25 + 0,039. − 0,56. = -0,01244 0,25 + 0,039. − 0,56
T L 17 270
∗
N r = −0,0032
2 2
B B 46 46
∗
Y• = −fac1. 1 + 0,16.CB . − 5,1 = -0,01244 1 + 0,16.0,84. − 5,1
T L 17 270
v
∗
Y• = −0,0151
v
2 2
B B 46 46
Y• = −fac1. 0,67. − 0,0033 = -0,01244 0,67.
∗
− 0,0033
r L T 270 17
∗
Y• = −0,0011
r
∗ B B 46 46
N • = −fac1. 1,1. − 0,041. = -0,01244 1,1. − 0,041
v
L T 270 17
∗
N • = −0,00095
v
254
Cálculo do coeficiente de estabilidade direcional sem ação do leme
( )
C = Y∗ v .N∗r − N∗ v . Y∗r − ∆∗ = −0,0237. − 0,0032 − ( −0,0081).(0,00425 − 0,0174)
C = -3.10-5
O navio é instável sem a ação do leme.
L
∗
C = Yv − C L.A R . N r − .C L.A R − Y r + .C ∗ L.A R − ∆ ∗ . N v + .C ∗ L.A ∗ R
∗
L
Substituindo os valores das derivadas hidrodinâmicas e os demais dados:
C = 7,64.10 −5.
Como C é positivo, o navio é estável com o leme.
255
Figura 97- As três fases da curva de giro de um navio.
Fonte: LEWIS, Principles of Naval Architecture, 2009.
( NR .δR ) produzem acelerações e são opostas somente pela inércia do navio, pois
não existe nenhuma força transversal significativa no navio e o ângulo de deriva e a
•
taxa de derivação do ângulo de Yaw são nulos ( β = r = ψ = 0 ).
• •
Nesta fase, as acelerações v e r são obtidas da equação do movimento do
navio com o leme.
256
• •
∆ − Y• v − Y• r = Y δ
v r
δ
(214)
− N v• + I − N . r• − N r = N δ
Z • r
r
• δ
v
257
L Y .N − N (Y − ∆ ∗ )
∗ ∗ ∗ ∗
R = − v ∗r ∗ v ∗r ∗ , onde δ é expresso em radianos. (216)
δ Yv .N δ − N v .Yδ
L L
A taxa de giro r é adimensionalizada por V/L, resultando r = r = .
∗
V R
dθ
Sabemos da física básica do movimento circular uniforme que V = R
dt
dψ •
Para o navio girando com velocidade constante, r = = ψ, e assim V = r.R .
dt
Resolvendo para R e sendo V a velocidade do navio, obtemos a seguinte equação:
V
R= (217)
r
.N ∗ .(Y ∗ − ∆∗ ) − Yδ∗Nr ∗
v∗ = −δR ∗δ ∗r ∗ ∗ ∗
(218)
Y
v r.N − N v .(Yr − ∆ )
258
valor correspondente ao ponto em que o navio está a 90º do instante inicial do
processo
259
8.3.3.2 Ação das forças atuando no navio durante o giro em MCU
A figura 98 ilustra a ação das forças do leme, hidrodinâmica e centrífuga,
atuando no navio durante um giro em movimento circular uniforme.
A força hidrodinâmica (FH) atua no centro de pressão do casco,
enquanto a força normal (fN) do leme atua no centro de pressão do mesmo. Esta
força é decomposta segundo a direção do raio de giro, gerando a força de arrasto do
leme (fD) e a lateral (fL) que atua transversalmente ao navio. As seguintes equações
podem ser escritas para determinar a força normal do leme:
FC f
FH = + fL ,fN = L
cosdG cosα
FC
f L .LR + + f L .LA = (LA + Lx ).FC
cosdG
Considerando ângulos de derivas (dG) pequenos,cosdG = 1 (219)
f L .(LR + LA) = (LA + Lx ).FC
f N cosα + LA) = (LA + Lx ).FC
260
8.3.3.3 Efeito do ângulo de inclinação durante o giro
A figura 99 ilustra no plano vertical a inclinação ( θ ) sofrida pelo navio
ocasionado pela força centrípeta (FC) atuando no centro de gravidade. A força lateral
(P) atuando no casco tem o mesmo valor da força centrípeta.
261
dψ
u 1 = u 0 = u , a força centrífuga é expressa por ∆u = ∆ur = ∆ω 2 R , onde ∆ , ω e R
dt
são o deslocamento (massa), a velocidade angular e o raio da curva de giro.
262
Figura 101- Critérios de manobras padrão IMO.
Fonte: IMO Resolutions, MSC. 137 (76), 2002.
Manobras de giro
Devem ser verificadas para boreste e para bombordo; devendo-se aplicar 35
graus de ângulo de leme ou o máximo permissível na velocidade de teste; o avanço
(distância percorrida na direção original, do momento em que o leme é
acionado até o aproamento do navio ter -se alterado de 90 graus) não deve
exceder 4,5 vezes o comprimento do navio.
O diâmetro tático (distância percorrida perpendicularmente à trajetória
original, do momento em que o leme é acionado até o aproamento de o navio
ter- se alterado de 180 graus) não deve exceder 5,0 vezes o comprimento.
263
Manobras ziguezague com ângulo de leme de 10 graus
Devem ser verificadas para boreste e para bombordo; deve-se aplicar 10
graus de ângulo de leme; após o aproamento de o navio ter-se alterado de 10 graus,
deve-se aplicar ângulo de leme de 10 graus no bordo oposto; o resultante ângulo
de “overshoot” (transpasso) deve ser menor do que 10 graus, se L/U<10 seg;
L
menor do que 20 graus, se L/U>30 seg; e menor do que 5 + graus, se 10
2.V
seg<L/U<30 seg. Após o aproamento de o navio ter-se alterado para 10 graus no
outro bordo, volta-se a aplicar ângulo de leme de 10 graus no bordo oposto.
O segundo ângulo de “overshoot” deve ser menor do que a soma do
primeiro com 15 graus.
Teste de parada
O leme deve ficar alinhado com o navio; deve-se ter reversão total do(s)
propulsor (es) para ré, a partir da situação de velocidade de teste; e a distância
percorrida a vante pelo navio, a partir da reversão, não deve exceder 15 vezes o
comprimento do navio. Se o navio tiver “grande” deslocamento, este limite pode
ser reconsiderado pelos controladores da norma. A figura 102 ilustra uma manobra
típica de ziguezague, mostrando a aplicação das regras de manobras dos
critérios IMO. Observe que o navio A é mais estável que o navio B, pois conserva o
curso em mais tempo quando o leme é manobrado.
264
Figura 102 - Curvas do leme e guinada quando no teste de manobras de “zigue-
zague.
Fonte: CLARK, Ship Dynamycs for Mariners, Nautical Institute, 2005.
•• •
onde T(s) e K (s-1) são os parâmetros adimensionais de Nomoto, ψ , ψ e δ são a
265
Para um giro com ângulo de leme e velocidade constante (JOURNEE, Ship
and Offshore Hidromechanics, 2003) teremos que:
V
R= •
ψ
•
ψ = K.δ
• t1
ψ(t) = ψ .(t − A), A = +T (222)
2
t 1 = tempo para atingir o determinado ângulo de manobra do leme
t 2 = tempo para atigir 360º (giro completo)
266
Figura 103 - Forças e velocidades no navio durante o giro.
267
O ângulo de deriva ( βR ) do leme, o ponto de pivotamento (P), o módulo da
velocidade transversal do navio (v), e da velocidade de deriva transversal no leme
(vRT), e o ângulo efetivo do leme (AE) são determinados pelas seguintes equações,
quando o navio efetua o giro.
v = Vsenβ
GP = Rsenβ
•
v RT = Vnavio .senβ + x r . ψ (224)
v RT L P − x R
tan β R = =
Vnavio R
A E = δ − βR
Exemplo 3
Um navio de carga geral tem comprimento(L) de 140 m, boca(B) de
18,20metros e calado(T) de 7,82 metros. O coeficiente de bloco é de 0, 673 e a área
projetada (AR) da superfície do leme é de 14,6 m2. O navio está com uma velocidade
de 17 nós em tempo calmo e águas profundas, sendo desprezados todos os efeitos
de correntes, ventos e ondas, com o centro de gravidade posicionado a meio- navio.
Às 14:30 horas, o comandante do navio inicia uma curva de giro e o leme é colocado
a 20º BE, levando um determinado tempo para que este ângulo seja atingido,
mantendo a taxa de giro do leme constante de 2º/s(dois graus por segundo, medido
por instrumento adequado (sensor de guinada) a bordo. Após o giro ter se
completado (360º) em 460 s após o início da manobra, o navio atinge velocidade
constante de 11,9 nós com a guinada (ψ) se efetuando a uma taxa de giro
•
( (ψ ) constante de 0,9º/s.
O ângulo de deriva (β) medido por GPS foi de 8,2 graus. Determine todos os
parâmetros possíveis da curva de giro.
268
Solução:
Raio da curva de giro
Os valores das taxas de giro deverão ser em rad/s.
Vnavio 11,9.0,514
R= = = 389,7m
•
π
ψ 0,9.
180
269
Equação da guinada do navio e parâmetros de Nomoto
• t1
ψ(t) = ψ .(t − A), A = +T
2
t 1 = tempo para atingir o determinado ângulo de manobra do leme
t 2 = tempo para atingir 360º (giro completo)
•• •
T + ψ + ψ = Kδ
••
ψ = 0 (taxa de guinada constante)
•
ψ 0,9
K= = = 0,045s −1 .
δ 20
Em t 2 = 460s, ψ(t 2 ) = 360º
360 = 0,9.(460 − A),
A = 60 s
Tempodecor rido(t 1 ) para iniciar a manobra( 0º até 20º BE)
∆θ
∆t = t 1 − t 0 = •
ψ to→t1
t 0 = 0(instante inicial)
20
t1 = = 10s
2
t
60 = 1 + T
2
T = 50s
•
ψ(t) = ψ .(t − A) = 0,9.(t - 60).
270
Exemplo 4
Dado o gráfico da curva de manobra em ziguezague de um navio mercante,
verifique se o mesmo obedece ao critério IMO de manobrabilidade em
ziguezague.O navio tem 140 metros e se desloca a 14 nós (7 m/s).
Solução:
Aplica-se 10 graus de ângulo de leme para boreste, e verifica-se que o tempo
que este navio leva para atingir os 10º de leme a BE é de aproximadamente 10 s.
Após o aproamento do navio ter se alterado de 10º(30s), aplica-se o leme
para BB (bordo oposto) e verifica-se um primeiro transpasso acima do ângulo de
leme de 5º, com o ângulo de guinada (Yaw) estando a boreste em 15º. A relação L/U
para este navio é de 20 s, e pela regra IMO, este transpasso deve ser menor que
L
5 + (15º) se 10<L/U<30 s, que se verifica.
2.V
271
Aplica-se o leme novamente para BE (1 minuto e 80 s) e mede-se o segundo
ângulo de transpasso que é de 8º acima do segundo transpasso. Este ângulo é
menor que a soma do primeiro (5º) com 15º. O navio atende o critério IMO de
manobra de ziguezague em 10º/10º.
Exemplo 5
Um novo navio com comprimento de 140 metros e velocidade de 11 nós (5,6
m/s) fio projetado para um diâmetro tático de 227 metros. Os testes de ziguezague
são estimados nesta fase para os ângulos de overshoot dados pelas equações:
a) primeiro ângulo de transpasso para 10º/10º = 7,42+ (2,22*CB);
b) segundo ângulo de transpasso para 10º/10º = 20,09+ (4,44*CB);
c) primeiro ângulo de transpasso para 20º/20º= 20,09+ (4,44*CB);
d) ângulo limitante para o primeiro transpasso a 10º = f101(L/V) = 10º; e
e) ângulo limitante para o segundo transpasso a 20 º(L/V) = 25.
Verificar se o critério IMO é atendido para a curva de giro e ziguezague.
O coeficiente de bloco é de 0, 673.
Solução:
Substituindo nas expressões dos ângulos de overshoot o coeficiente de
bloco, encontramos os seguintes valores:
a) primeiro ângulo de transpasso para 10º/10º = 7,42 + 2,2.0,673 = 8,9º ;
b) segundo ângulo de transpasso para 10º/10º = 20,09 + 4,4.0,673 = 23,05º ;
c) primeiro ângulo de transpasso para 20º/20º= 20,09 + 4,4.0,673 = 23,05º ; e para o
ângulo limitante para o primeiro transpasso a 10º (critério IMO de zigue- zague
10º/10º),
L/V = 21,53; então, 10 < L/V < 30
L 140
α1L = 5 + = 5 + = 15,76ºe α1 (10º ) < 15,76º (ok).
2.V 2.6,5
272
O ângulo limitante para o segundo overshoot é a soma do primeiro com
15º(critério IMO de ziguezague 10º/10º).
α 2L = α1 + 15 = 8,9º+15º = 23,9ºeα 2 (10º) < 23,9º (ok).
O primeiro ângulo limitante para o primeiro overshoot a 20º/20º é de
25º(critério IMO de ziguezague 20º/20º) e α1(20º ) < 25º (ok). Para a manobra de giro,
a relação DT/L para o navio é de 1,62. Assim, DT/L<5 (critério IMO da curva de giro).
273
Figura 105 – Navio em manobra de giro com estabilidade direcional.
Fonte: CLARK, Ship Dynamics for Mariners, 2005.
Como pode ser visto na figura 106, o controle da manobra de um navio com
instabilidade direcional pode ser recuperado colocando-se o leme a meia- nau
deixando o navio completar 360º de giro e voltando ao seu caminho original. A
“pilotagem” pode ser simplificada com pequenos ângulos do leme aplicados com
maior frequência em curtos períodos de tempo.
A instabilidade em condições de navegação no mar surge com o
aparecimento do trim que torna difícil a manobrabilidade do barco, exigindo
pequenas ações no leme para assegurar que o momento da curva de giro não seja
produzido, pois o aparecimento da taxa de giro com qualquer ação prolongada do
leme pode levar a situações em que a pilotagem da embarcação pode ser
comprometida surpreendentemente, perdendo-se facilmente o seu controle, uma vez
que o controle só será recuperado após o navio ter completado todo o ciclo ou os
360º da curva de giro.
275
8.3.3.7 Controle da instabilidade direcional
Apesar desses problemas, a instabilidade direcional permite a um navio fazer
voltas apertadas que podem ser usadas como vantagens, permitindo que o oficial se
familiarize com o comportamento do navio e planeje alterar o seu curso. Quando o
leme é carregado pela primeira vez, a taxa de giro inicia-se produzindo rapidamente,
mas devido ao ponto pivô estar deslocado para frente, ocorrerá uma derrapagem
lateral; consequentemente, o leme deve ser aplicado bem antes de o navio começar
a alterar a posição do curso, devendo haver razão suficiente para conservar a
distância segura do costado do navio de forma a permitir o giro externo do casco.
Com o aumento da taxa de giro, a dirigibilidade fica difícil,tornando necessário
verificar o primeiro giro e assim avaliar a dirigibilidade do caminho planejado,
tomando o cuidado para não manter o curso do leme em uma posição fixa por um
tempo não mais que o necessário, conforme mostrado na figura 107.
276
8.3.3.8 Trim e a estabilidade direcional
O cabeceio e o trim de popa aumentam o momento de inércia do barco sobre
os seus eixos verticais; assim, o momento necessário para realizar uma taxa de giro
é aumentado pelo trim e, consequentemente, o ponto No se movimentará para
adiante na condição de quilha plana.
Assim sendo, o trim alterará a distribuição de imersão da área superficial do
casco na proa e na popa e, como consequência, a posição do ponto A.
Um trim de popa aumenta a área submersa do casco diminuindo a parte da
frente do navio, enquanto o fluxo sobre o fundo do barco fica restrito pela
profundidade da água que ele puxa; então, a diferença de pressão na popa será a
maior encontrada.
Ambos os fatores movem o ponto A em direção a popa, aumentando a
estabilidade direcional e o raio mínimo de giro.
De outra forma, o trim de proa tem o efeito oposto ao trim de popa; devido a
isso, a estabilidade direcional e o raio de giração reduzem-se.
No caso dos navios tipo off-shore, a diminuição do deck da popa, faz com
que ele possa operar normalmente com trim de cabeceio, tornando particularmente
sensível a dirigibilidade.
O trim de cabeceio para esse tipo de barco é necessário porque ele reúne o
mínimo de critério de estabilidade transversal às condições impostas pelo mar, como
é mostrado na figura108.
277
8.3.3.9 Efeito da mudança de velocidade com leme constante na manobra de
giro
Se for aumentada a velocidade do navio em um ângulo de leme constante,
então poderá se esperar que a força hidrodinâmica sobre o casco forneça à força
centrípeta um aumento proporcional do efeito “Squat” da velocidade do navio.
Contudo, o ângulo de “drift” é reduzido e, como ele é inversamente proporcional à
velocidade do barco, o efeito global da mudança irá simplesmente aumentar a força
hidrodinâmica do casco de forma direta e proporcional ao aumento da velocidade;
porém, se a velocidade e a força centrípeta forem dobradas, então, de acordo com
as equações do MCU, o navio girará com o raio da curva de giro (R) dobrado,
mantendo constante a taxa de giro (ω), como pode ser visto no esquema da figura
109.
278
A duplicação da velocidade em leme constante produz um aumento:
a) na força do casco que será mais que o dobro do seu valor original;
b) na taxa de giro que é mais notado se o navio tiver uma baixa estabilidade
direcional; e
c) no raio de giro que é menos que o dobro do seu valor original.
Para um barco com forte estabilidade direcional, a taxa de giro aumenta mais
significativamente com a velocidade quando o barco estiver em baixa velocidade.
Quando tal embarcação estiver em alta velocidade, o raio de giro será diretamente
proporcional à velocidade na qual a taxa de giro permanecerá aproximadamente
constante para um dado ângulo de leme.
279
REFERÊNCIAS
CLARK, I. C. Ship Dynamics for Marines: a guide to the theory of hull resistance
power requeriments, propulsion, steering, control systems and ship motion in
a seaway. The Nautical Institute, London, 2005.
CLARK, I. C. The Management of Merchant ship stability, trim and Strength, the
Nautical Institute. London, 2002.
FOX & McDonald. Introdução à Mecânica dos Fluídos. Edit. LTC, 2004.
WHITE, F. M. Fluid Mechanics. 2nd Ed. New York: McGraw Hill, 1986.
281
APÊNDICE
Navio Modelo
Fator de escala m m
Velocidade(m/s) V=v m v
Diâmetro do propulsor (m) D = md d
Passo do propulsor (m) P = mp p
Rotação do propulsor N n=N m
(rpm)
Slip S=s s
Força de tração (kN) T=m t 3 t
Torque (kN.m) Q = m4q q
Potência de tração (kW) PT = T.V p t = t.v
Potência desenvolvida PD = 2π NQ p d = 2π nq
(kW)
Eficiência (%) PT pt
nP = np =
PD pd
Área do disco (m2) A = m 2a a
Exemplo:
Para um modelo de uma hélice propulsora de um navio, são fornecidos os
seguintes dados:
Diâmetro =0,41m
Relação passo- diâmetro= 1,25
Tração= 266N
Velocidade de avanço= 6,5 nós
Torque = 16,4 N.m
Rotação =800 rpm
282
Solução:
Navio Modelo
Fator de escala D 4,3 m = 10,5
m= = = 10,5
d 0,41
Velocidade(m/s) V = v m = 6,5. 10,5 = 21nós v = 6,5 nós
Diâmetro do D = md =4,3 d =0,41
propulsor(m)
Passo do propulsor (m) P = mp p
= 1,25;
P = 10,5.0,508 = 5,33 m d
p = 1,25.0,41
p = 0,508 m
Rotação do propulsor n 800 n=N m
N= = = 247 rpm
(rpm) m 10,5 n = 800rpm
Força de tração (kN) 3
10,5 .266 t = 266 N
T = m 3t = = 308kN
1000
Torque (kN.m) 10,54.16,4 q = 16,4 N.m
Q = m 4q = = 196,5kN.m
1000
Potência desenvolvida PD = 2π NQ p d = 2π n q
(kW) 2.3,14.247.196,5 2.3,14.800.16,4
PD = pd =
60 60.1000
PD = 5080 kW p d = 1,3732 kw
283