Você está na página 1de 130

Impacte de quebra-mares destacados submersos na

morfologia adjacente

Mariana Ferreira de Oliveira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores: Professor Doutor António Alexandre Trigo Teixeira


Doutora Filipa Simões de Brito Ferreira de Oliveira

Júri
Presidente: Professor Doutor Rodrigo de Almada Cardoso Proença de Oliveira
Orientador: Professor Doutor António Alexandre Trigo Teixeira
Vogal: Professor Doutor Carlos Daniel Borges Coelho

Janeiro 2019
ii
Declaração
Declaro que o presente documento é um trabalho original da minha autoria e que cumpre todos os
requisitos do Código de Conduta e Boas Práticas da Universidade de Lisboa.

iii
iv
Agradecimentos
À minha orientadora no LNEC, Doutora Filipa Simões de Brito Ferreira de Oliveira, pela constante
partilha de conhecimento científico, mas também por toda a paciência e acompanhamento ao longo desta
dissertação. Pela forma atenciosa e compreensiva com que sempre me orientou ao longo deste processo e
por toda a dedicação. E ainda por todo o feedback e encorajamento que me permitiram continuar com
toda a motivação e finalizar este processo.
Ao meu orientador no IST, Professor Doutor António Alexandre Trigo Teixeira, por me ter confiado
a realização desta dissertação, por todo apoio, acompanhamento e contribuição científica, mas principal-
mente por sempre me fazer ver o plano maior e aquilo que realmente importa.
Aos meus amigos pela companhia insubstituível durante estes anos. Um agradecimento especial aos
meus amigos de hidráulica, Maria Antoci e Fábio Albuquerque, que me acompanharam e apoiaram neste
último ano.
Ao Pedro Falé por me ter acompanhado ao longo de toda a dissertação e principalmente por nos
momentos de maior desespero nunca deixar de acreditar em mim incondicionalmente.
Aos meus pais, pelas oportunidades que me deram e me permitiram chegar até aqui e por sempre me
encorajarem a alcançar os meus objetivos e superar todos os problemas. Dedico esta dissertação à minha
avó porque sempre acreditou em mim, e o final desta fase da minha vida seria o seu maior orgulho.

v
vi
Resumo
A importância das zonas costeiras em Portugal implica uma necessidade de respostas aos riscos associados
à erosão. Um exemplo é o trecho costeiro localizado entre as embocaduras dos rios Mondego e Lis, que têm
sido alvo de diversas ações de proteção, como a construção de esporões. Soluções como esta conduziram à
artificialização desta zona, resultando em mudanças significativas na paisagem costeira. Uma alternativa
é o quebra-mar destacado submerso, que permite a proteção da costa e a melhoria do surf, sem afetar a
amenidade e estética da costa. Assim, neste estudo analisou-se a morfodinâmica resultante da interação
onda - quebra-mar - fundo arenoso na zona ativa da praia localizada na vizinhança deste tipo de estrutura
através da aplicação de dois modelos numéricos: o sistema Delft3D na versão bidimensional no plano
horizontal e o modelo LITLINE. Estes foram aplicados para condições típicas de agitação marítima (onda
média e mais frequente) e geomorfologia da zona em estudo. Com recurso ao Delft3D efetuou-se uma
análise de sensibilidade aos parâmetros de dimensionamento do quebra-mar na resposta morfológica da
praia. Os resultados da geometria em planta da praia foram comparados com os do LITLINE. Verificou-se
que o Delft3D reproduz os padrões de circulação na vizinhança da estrutura, e entre esta e a linha de
costa (LC), que condicionam a evolução da LC. Pelo contrário, as simplificações admitidas pelo LITLINE
não permitem representar os fenómenos físicos dominantes na vizinhança do quebra-mar. Esta análise
servirá de apoio a projetos para implementação deste tipo de obra na zona considerada.

Palavras-chave: Modelação Numérica, Delft3D, Quebra-mares submersos, Processos costei-


ros, Erosão, Figueira da Foz.

vii
viii
Abstract
The importance that coastal zones assume in Portugal implies a necessity for adequate responses to
erosion-associated risks. One example is the coastal stretch located between the Mondego and Lis rivers’
inlets (study zone), which has been a frequent target of protection measures, such as the construction of
groins. This kind of solution drove to the artificialization of that area, resulting in significant changes
in the coastal landscape. A possible alternative is a submerged detached breakwater, which provides
beach protection and enhance local surfing conditions, without any loss of beach amenity or negative
aesthetics impact. Thus, in this study the morphodynamics resultant of the wave - breakwater - bottom
interaction in the active zone located in the vicinity of this kind of structure was analysed by means
of two numerical models: a two dimensional, depth-averaged (2DH), Delft3D, and one-line, LITLINE.
These were applied considering typical hydrodynamic forcing conditions (mean and most frequent waves)
and morpho-sedimentologic conditions of the site. Using Delft3D, the sensitivity of the breakwater’s
parameters to the morphological response of the beach was analysed. The coastline evolution results were
compared with LITLINE’s predictions. It was verified that Delft3D reproduces the circulation patterns
in the structure’s vicinity, and between the structure and the coastline which influence its evolution.
On the contrary, the LITLINE’s model simplifications do not enable a representation of the physical
phenomena which dominate the breakwater’s vicinity. This analysis will provide support to projects for
the implementation of this kind of structure in the studied area.

Keywords: Numerical modelling, Delft3D, Submerged breakwaters, Coastal processes, Erosion,


Figueira da Foz.

ix
x
Índice

Declaração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iii
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii
Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix
Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xiii
Lista de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xv
Lista de Símbolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi

1 Introdução 1
1.1 Enquadramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Definição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Objetivos e Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Estrutura do Documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Enquadramento e Problema 5
2.1 Visão Geral da Costa Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.1 Erosão Costeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.2 Obras de Proteção Costeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Parâmetros Estruturais de Quebra-mares Destacados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Casos de Quebra-mares Destacados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3.1 Quebra-mar Destacado da Praia da Aguda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3.2 Recife Artificial de Gold Coast . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4 Impacte de QDS nos Processos Costeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4.1 Hidrodinâmica e Morfodinâmica Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4.2 Modo de Resposta da LC (Erosão/Acreção) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4.3 Critérios para Quantificar o Modo de Resposta da LC . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4.4 Padrões de Circulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3 Caracterização da Zona de Estudo 27


3.1 Enquadramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2 Agitação Marítima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3 Topo-hidrografia e sedimentologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

xi
4 Aplicação do Modelo 2DH 33
4.1 Sistema de Modelação Delft3D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.1.1 Breve Introdução ao Sistema de Modelação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.1.2 Componente da Hidrodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.1.3 Componente da Agitação Marítima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1.4 Componente da Morfodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2 Definição do Modelo 2DH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2.1 Módulo Delft3D-FLOW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2.2 Módulo Delft3D-WAVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.3 Definição das Condições de Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.4 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.4.1 Efeito da Onda Média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.4.2 Impacte do QDS na Situação de Referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.4.3 Influência dos Parâmetros Estruturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.4.4 Efeito da Onda Mais Frequente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

5 Aplicação do Modelo de 1-linha 69


5.1 Sistema de Modelos Integrados LITPACK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.1.1 Breve Introdução ao Sistema de Modelação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.1.2 LITLINE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.2 Definição do Modelo de 1-linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.2.1 Ficheiro de Input: Cross-shore Profile . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.2.2 Ficheiro de Input: Annual Wave Climate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.2.3 Ficheiro de Input: Initial Coastline Alignment . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.2.4 Parâmetros Adicionais Relativos às Condições de Ondas e Sedimentos . . . . . . . 73
5.3 Comparação dos Resultados Obtidos com os Modelos 2DH e 1-linha . . . . . . . . . . . . 73

6 Considerações Finais e Trabalho Futuro 77


6.1 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.2 Trabalho Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Bibliografia 81

A Resultados Adicionais Obtidos com a Aplicação do Modelo 2DH 87


A.1 Simulação R (Caso de Referência) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
A.2 Variação da Elevação do Coroamento (Simulações H1, H2, H3 e H4) . . . . . . . . . . . . 88
A.3 Variação da Distância à LC (Simulações D1, D2 e D3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
A.4 Variação do Comprimento do QDS (Simulações L1, L2 e L3) . . . . . . . . . . . . . . . . 100
A.5 Onda Frequente (Simulação F) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

xii
Lista de Tabelas

2.1 Parâmetros estruturais do quebra-mar destacado da Praia da Aguda e características do


local de implantação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 Parâmetros estruturais do recife artificial da Gold Coast e características do local de im-
plantação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Parâmetros estruturais dos QDSs existentes na literatura e características dos locais de
implantação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4.1 Definição dos parâmetros físicos no módulo FLOW aplicados à zona de estudo. . . . . . . 40
4.2 Definição dos parâmetros numéricos no módulo FLOW aplicados à zona de estudo. . . . . 42
4.3 Definição dos parâmetros físicos no módulo WAVE aplicados à zona de estudo. . . . . . . 44
4.4 Definição dos parâmetros numéricos no módulo WAVE aplicados à zona de estudo. . . . . 44
4.5 Definição das condições de teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

5.1 Parâmetros necessários à definição do ficheiro de input: annual wave climate. . . . . . . . 71


5.2 Parametrização da zona ativa da praia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

xiii
xiv
Lista de Figuras

2.1 Exemplos de quebra-mares destacados na costa portuguesa: Castelo de Neiva e Praia da


Aguda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Esquema com a definição dos parâmetros estruturais de um QDS. . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Afloramentos rochosos da Praia da Aguda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 Vista de norte para sul do quebra-mar da Aguda logo após a sua construção (2002) e após
acumulação de areia no interior e exterior (2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.5 Fenómeno da difração induzido pelo quebra-mar da praia da Aguda. . . . . . . . . . . . . 12
2.6 Formação da restinga no extremo sul do quebra-mar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.7 Padrão de circulação previsto pelo modelo físico (Gold Coast). . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.8 LC em equilíbrio na zona de sombra do recife artificial da Gold Coast obtida através de
simulação num modelo físico à escala. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.9 Vista aérea do recife artificial na Gold Coast, Austrália. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.10 Praia de Narrowneck na Gold Coast, Australia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.11 Representação esquemática do efeito de abrigo de uma estrutura emersa induzido pela
redução da energia das ondas incidentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.12 Correntes induzidas pela agitação marítima incidente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.13 Processos hidrodinâmicos e morfodinâmicos induzidos pela presença de estruturas emersas. 17
2.14 Representação esquemática dos padrões de circulação esperados e padrão de erosão/acreção
associado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.15 Gráficos com as relações empíricas MLC / Lq e DLC / DZR . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.16 Relação do modo de resposta da LC com os dois parâmetros adimensionais. . . . . . . . . 24
2.17 Padrão de circulação induzido pela presença do QDS no caso da direção da agitação ma-
rítima incidente ser normal à LC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.18 Padrão de circulação induzido pela presença do QDS no caso da direção da agitação ma-
rítima incidente ser oblíqua à LC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.1 Localização do trecho litoral em estudo e vista aérea das principais estruturas e centros
urbanos adjacentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Último esporão a sul do campo de cinco esporões da Gala-Cova. . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3 Resultados de previsão: LC em 2008 medida e LCs numéricas referentes a 2010, 2014, 2018
e 2022, obtidas com o modelo LITLINE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

xv
3.4 Localização dos perfis transversais de praia (P1 a P18) na zona de estudo. . . . . . . . . . 31
3.5 Perfil de praia, perfil de equilíbrio (P7 e D50 = 0.3 mm) e perfil simplificado representativos
da zona de estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.1 Esquema computacional do sistema de modelação Delft3D. . . . . . . . . . . . . . . . . . 34


4.2 Limites das malhas FLOW e WAVE definidos no sistema de modelos Delft3D. . . . . . . . 37
4.3 Batimetria inicial da zona de estudo considerada no módulo FLOW: planta (2DH) e perfil
transversal abrangendo o QDS e visão 3D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.4 Evolução morfológica no caso de teste S após 30 dias na zona de estudo: topo-hidrografia
final em 3D (m) e erosão/acreção acumulada (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . 46
4.5 Evolução das batimétricas -1 m ZH, ZH, +1 m ZH e +2 m ZH resultantes do caso de teste
S (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.6 Caso de teste S na zona de estudo: batimetria final (m) e evolução do perfil transversal de
praia e Hs correspondente para y = 2000 m, y = 1875 m e y = 2125 m (sistema Delft3D). 48
4.7 Caso de teste S na zona de estudo: transporte total (suspensão e arrastamento) (m3 /s/m)
após 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e transporte total na
direção x (qx ) e na direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.8 Caso de teste S na zona de estudo: (a) velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao
fim de 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e velocidade (b) na
direção x (vx ) e (c) na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.9 Evolução morfológica no caso de teste R após 30 dias na zona de estudo: topo-hidrografia
final em 3D (m) e erosão/acreção acumulada (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . 52
4.10 Evolução das batimétricas -1 m ZH, ZH, +1 m ZH e +2 m ZH resultantes do caso de teste
R (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.11 Caso de teste R na zona de estudo: batimetria final (m) e evolução do perfil transversal de
praia e Hs correspondente para y = 2000 m, y = 1950 m e y = 2050 m (sistema Delft3D). 53
4.12 Caso de teste R na zona de estudo: transporte total (suspensão e arrastamento) (m3 /s/m)
após 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e transporte total na
direção x (qx ) e na direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.13 Caso de teste R na zona de estudo: (a) velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao
fim de 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e velocidade (b) na
direção x (vx ) e (c) na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.14 Padrão 2D da erosão/acreção acumulada (m) ao fim de 30 dias de simulação para os casos
de teste H1, H2, H3 e H4 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.15 Batimétricas obtidas ao fim de 30 dias de simulação para os casos de teste H1, H2, H3 e
H4 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.16 Evolução do perfil transversal de praia ao fim de 30 dias de simulação para y = 1950 m,
y = 2050 m e y = 2000 m obtidos para os casos de teste R, H1, H2, H3 e H4 (sistema
Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

xvi
4.17 Velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao fim de 30 dias de simulação para os casos
de teste H1, H2, H3 e H4 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

4.18 Padrão 2D da erosão/acreção acumulada (m) ao fim de 30 dias de simulação para os casos
de teste D1, D2 e D3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

4.19 Batimétricas obtidas ao fim de 30 dias de simulação para os casos de teste D1, D2 e D3
(sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.20 Evolução do perfil transversal de praia ao fim de 30 dias de simulação para y = 2000 m
obtido para os casos de teste R, D1, D2 e D3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . 62

4.21 Velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao fim de 30 dias de simulação para os casos
de teste D1, D2 e D3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.22 Padrão 2D da erosão/acreção acumulada (m) ao fim de 30 dias de simulação para os casos
de teste L1, L2 e L3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.23 Batimétricas obtidas ao fim de 30 dias de simulação para os casos de teste L1, L2 e L3
(sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4.24 Evolução do perfil transversal de praia ao fim de 30 dias para y = 2000 m obtido para os
casos de teste R, L1, L2 e L3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.25 Velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao fim de 30 dias de simulação para os casos
de teste L1, L2 e L3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.26 Evolução morfológica no caso de teste F após 30 dias na zona de estudo: topo-hidrografia
final em 3D (m) e erosão/acreção acumulada (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . 66

4.27 Caso de teste F na zona de estudo: batimetria final (m) e evolução do perfil transversal de
praia e Hs correspondente para y = 2000 m, y = 1950 m e y = 2050 m (sistema Delft3D). 67

4.28 Caso de teste F na zona de estudo após 30 dias de simulação: transporte total (suspensão e
arrastamento) (m3 /s/m) e velocidade integrada na coluna de água (m/s) (sistema Delft3D). 68

5.1 Definição da conservação de volume sedimentar para o cálculo da evolução da LC numa


secção de controlo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.2 Parametrização da zona ativa do perfil transversal utilizada pelo módulo computacional
LITLINE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5.3 Evolução da LC na presença de um QDE sob a ação da onda média: LC inicial, após 10,
20 e 30 dias (sistema LITPACK). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

5.4 Transporte total (m3 /s/m) na direção y (qy ) para uma agitação incidente com caracterís-
ticas médias (sistema LITPACK). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

5.5 Comparação das LCs obtidas ao fim de 30 dias de simulação com o modelo 2DH e o modelo
1-linha, com a LC inicial, sob a ação da onda média. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

5.6 Comparação da evolução das batimétricas obtidas para o modelo 2DH e de 1-linha na
presença do QDE sob a ação da onda média: inicial, após 10 dias, após 20 dias e após
30 dias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

xvii
A.1 Caso de teste R na zona de estudo: batimetria inicial, ao fim de 10, 20 e 30 dias (sistema
Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

A.2 Caso de teste R na zona de estudo: evolução do perfil transversal de praia e Hs correspon-
dente para y = 1875 m e y = 2125 m (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

A.3 Evolução morfológica no caso de teste H1 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D


(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

A.4 Evolução morfológica no caso de teste H2 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D


(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

A.5 Evolução morfológica no caso de teste H3 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D


(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

A.6 Evolução morfológica no caso de teste H4 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D


(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

A.7 Transporte total (suspensão e arrastamento) na zona de estudo (m3 /s/m) após 30 dias
para os casos de teste H1, H2, H3 e H4 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

A.8 Evolução do perfil transversal de praia após 30 dias para y = 1875 m e y = 2125 m obtidos
para os casos de teste R, H1, H2, H3 e H4 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . 91

A.9 Caso de teste H1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

A.10 Caso de teste H1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

A.11 Caso de teste H2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

A.12 Caso de teste H2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

A.13 Caso de teste H3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

A.14 Caso de teste H3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

A.15 Caso de teste H4 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

xviii
A.16 Caso de teste H4 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
A.17 Evolução morfológica no caso de teste D1 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D
(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
A.18 Evolução morfológica no caso de teste D2 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D
(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
A.19 Evolução morfológica no caso de teste D3 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D
(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
A.20 Transporte total (suspensão e arrastamento) na zona de estudo (m3 /s/m) após 30 dias
para os casos de teste D1, D2 e D3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
A.21 Evolução do perfil transversal de praia após 30 dias para y = 1875 m, y = 1950 m,
y = 2050 m e y = 2125 m obtidos para os casos de teste R, D1, D2 e D3 (sistema Delft3D). 97
A.22 Caso de teste D1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
A.23 Caso de teste D1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
A.24 Caso de teste D2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
A.25 Caso de teste D2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
A.26 Caso de teste D3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
A.27 Caso de teste D3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
A.28 Evolução morfológica no caso de teste L1 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D
(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
A.29 Evolução morfológica no caso de teste L2 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D
(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
A.30 Evolução morfológica no caso de teste L3 na zona de estudo: topo-hidrografia final em 3D
(m) e no plano horizontal (m) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
A.31 Transporte total (suspensão e arrastamento) na zona de estudo (m3 /s/m) após 30 dias
para os casos de teste L1, L2 e L3 (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

xix
A.32 Evolução do perfil transversal de praia após 30 dias para y = 1875 m, y = 1950 m,
y = 2050 m e y = 2125 m obtidos para os casos de teste R, L1, L2 e L3 (sistema Delft3D). 102
A.33 Caso de teste L1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
A.34 Caso de teste L1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
A.35 Caso de teste L2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
A.36 Caso de teste L2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
A.37 Caso de teste L3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
A.38 Caso de teste L3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
A.39 Caso de teste F na zona de estudo: batimetria após 10, 20 e 30 dias (sistema Delft3D). . . 105
A.40 Caso de teste F na zona de estudo: evolução do perfil transversal de praia e Hs correspon-
dente para y = 1875 m e y = 2125 m (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
A.41 Caso de teste F na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total correspondente na direção x (qx ) e na
direção y (qy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
A.42 Caso de teste F na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente
na direção x (vx ) e na direção y (vy ) (sistema Delft3D). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

xx
Lista de Símbolos

Símbolos gregos

∆hc Altura da água acima do coroamento do quebra-mar

∆t Passo de cálculo temporal (time step)

∆thidrodinâmica Passo de cálculo temporal da hidrodinâmica

∆tmorf ologia Passo de cálculo temporal da morfologia

∆x Resolução da malha na direção transversal

∆y Resolução da malha na direção longitudinal

η Elevação da superfície livre

φ Ângulo entre a direção da corrente e da onda

ρ Massa volúmica da água

ρs Massa volúmica dos sedimentos

ϕ Ângulo entre a direção da corrente e da onda

Símbolos romanos

A Parâmetro de declividade

C Coeficiente de Chézy

Ct Número de Courant

D50 Diâmetro mediano do grão

DLC Distância do quebra-mar à linha de costa inicial

DZR Largura da zona de rebentação

Dir Direção da onda incidente

fM OR Fator de escala morfológico

fSU SW Fator de calibração

xxi
g Aceleração da gravidade

h Altura da água acima da cota de implantação do quebra-mar

Hb Altura da onda na rebentação

hb Profundidade de rebentação

hc Elevação do coroamento

Ho Altura de onda ao largo

Hs Altura de onda significativa

hact Altura ativa do perfil transversal de praia

Hrms Altura de onda média quadrática

Kt Coeficiente de transmissão

Lq Comprimento do quebra-mar na direção longitudinal

LT Carga de sedimentos em suspensão

Lcq Largura do coroamento do quebra-mar

M Número de mobilidade devido às ondas e correntes

Me Número de mobilidade de sedimentos em excesso

MLC Magnitude do modo de resposta da linha de costa

qy Transporte total (suspensão e arrastamento) na direção y

Qsou Volume de sedimentos referente a fontes/sumidouros por metro de largura de praia

s Densidade relativa dos sedimentos

Sb Transporte de fundo

Sb,c Direção do transporte de fundo devido às correntes

Sb,w Direção do transporte de fundo devido às ondas

Ss,w Transporte em suspensão associado às ondas

T Temperatura média anual da água do mar

Tp Período de pico

Tz Período de zero ascendente

UA Valor de assimetria da velocidade

Uon Velocidade orbital

xxii
vR Magnitude da velocidade equivalente média

vx Velocidade integrada na coluna de água na direção x

vy Velocidade integrada na coluna de água na direção y

ws Velocidade de queda

yc Distância da linha de base à linha de costa

xxiii
xxiv
Capítulo 1

Introdução

1.1 Enquadramento

Desde sempre que as zonas costeiras atraíram os humanos devido à sua amenidade, valor estético e
diversidade de ecossistemas que estas proporcionam. Como consequência, as áreas costeiras em todo o
mundo encontram-se densamente povoadas e desenvolvidas, constituindo regiões de elevada importância
no desenvolvimento económico, social e político de muitos países. De facto, 15 das 20 megacidades
(aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes) de todo o mundo estão localizadas em
zonas costeiras (Luijendijk et al., 2018).
O aumento do número de conflitos entre o desenvolvimento das zonas costeiras e a erosão da costa
apresenta-se como o principal problema que estas áreas têm vindo a enfrentar nas últimas décadas. Este
problema deve-se, em parte, à crescente urbanização das frentes marítimas que antes eram deixadas
desocupadas para livre expansão devido à falta de políticas de gestão. Acresce ainda a intervenção
humana nos processos costeiros (que, através de diversas ações bem identificadas e conhecidas descritas
no capítulo seguinte, resultou numa diminuição do fornecimento sedimentar ao litoral) que, aliada às
consequências das alterações climáticas, em particular a subida do nível médio do mar (NMM), tornaram
direta ou indiretamente a erosão costeira numa ameaça séria em muitas zonas costeiras do mundo. No
entanto, a erosão costeira é um processo natural e dinâmico que em condições normais não é problemático
– os problemas surgem quando a erosão ameaça as atividades ou o património edificado.
A linha de costa (LC) de Portugal Continental tem uma extensão aproximada de 987 km, pelo que
não representa uma exceção a esta realidade. A agitação marítima incidente na costa oeste de Portugal
Continental é uma das mais energéticas do mundo, causadora de elevada dinâmica sedimentar, da qual
também se destacam valores de potencial de transporte sedimentar litoral excecionalmente elevados. A
conjugação desta capacidade de transporte com a escassez de sedimentos resultante de várias interven-
ções humanas efetuadas nas bacias hidrográficas e na própria zona costeira contribui para a crescente
degradação do sistema costeiro a que se tem assistido desde há décadas (e.g. perda de território costeiro
e agravamento do fenómeno de erosão). Em muitos casos, a incapacidade de adaptação à dinâmica da
zona costeira poderá conduzir a situações cada vez mais insustentáveis e riscos cada vez mais incompor-

1
táveis, comprometendo extensos trechos costeiros. Estes problemas têm maior impacto com ocorrência
de tempestades, quando as frentes marítimas de aglomerados populacionais são inundadas e é necessário
defender a população e as infraestruturas.
Em Portugal, a abordagem recomendada para o presente e futuro da zonas costeiras é que a ocupação
humana nestas zonas e a diversidade de atividades que suportam devem respeitar e adaptar-se à dinâ-
mica costeira atual e futura (Santos et al., 2017). Como estratégias de adaptação são considerados três
tipos: proteção, recuo planeado (relocalização) e acomodação. A combinação destas três estratégias de
adaptação proporcionam maior sustentabilidade das opções em termos sociais, económicos e ambientais.
A primeira estratégia, a proteção, tem sido a principal resposta aos riscos costeiros. Esta consiste
em manter ou avançar a LC através de alimentação artificial, da construção de dunas artificiais ou da
construção de estruturas rígidas tais como esporões, quebra-mares destacados e proteções longitudinais
aderentes.
As estruturas de proteção costeira convencionais, tais como os esporões e as defesas longitudinais
aderentes, têm vindo a ser amplamente aplicadas (Basco, 2006; Dean e Dalrympe, 2001) e Portugal não
é uma exceção (Santos et al., 2017; Dias et al., 1994). Estes tipos de soluções rígidas de proteção costeira
conduziram a uma severa artificialização das zonas costeiras, resultando em mudanças significativas nas
paisagens costeiras e a nível ambiental. Assim, estes tipos de proteção costeira começam a ser cada
vez menos populares devido aos seus impactos na amenidade das zonas costeiras e ao facto de serem
visualmente pouco apelativas (Ranasinghe e Turner, 2006).
Uma possível alternativa às estruturas de proteção costeira convencionais é o quebra-mar destacado
submerso (QDS). Os QDSs têm a cota de coroamento abaixo do nível da água e são reconhecidos por
terem a capacidade de proteger a costa sem afetar a sua amenidade e estética. Além disso, o recife
artificial construído na Gold Coast na Austrália é um exemplo de que a batimetria dos QDSs pode ser
otimizada para melhorar as condições de prática de surf (Black e Mead, 2001). Como tal, uma estrutura
multifuncional que proteja a costa e permita a melhoria das condições balneares através do aumento da
largura de praia emersa, e que ao mesmo tempo promova as condições para a prática de surf e melhore
a biodiversidade marinha (uma vez que permite a circulação da água pelo coroamento do quebra-mar)
sem afetar a amenidade e estética da costa, é uma solução mais apelativa (Ranasinghe e Turner, 2006).

1.2 Definição do Problema

Recentemente, os QDSs têm ganho cada vez mais interesse como estruturas de proteção costeira devido
ao reduzido impacte ambiental e visual (Burcharth et al., 2007; Lamberti et al., 2005). Contudo, se-
gundo Ranasinghe et al. (2010), até agora os QDSs foram pouco adotados como medidas de proteção
costeira e por isso a sua eficácia continua pouco explorada.
A literatura existente sobre QDSs é limitada, sendo focada principalmente em resultados empíricos e
experiências de campo. Em Ranasinghe e Turner (2006) é apresentada uma revisão da literatura sobre os
QDSs existentes, concluindo-se que na maioria dos casos ocorre erosão na zona de sombra dos QDSs. No
entanto, o estudo de Black e Andrews (2001) revela que os recifes naturais submersos, semelhantes aos

2
QDSs, estão frequentemente associados à formação de salientes. Assim, o escasso número de investigações
reportadas são inconsistentes.
Além disso, comparando os QDSs com os quebra-mares destacados emersos (QDEs) verifica-se que
nestes últimos raramente ocorre erosão da LC na zona de sombra. Os QDEs já foram alvo de vários
estudos tais como Hsu e Silvester (1990) e Bricio et al. (2008). No entanto, é preciso perceber se os
métodos que são correntemente usados para prever o modo de resposta da LC são ou não aplicáveis aos
QDSs.
Como tal, antes de implementar os QDSs como solução de proteção costeira é necessária mais investi-
gação para melhorar os conhecimentos sobre os processos físicos envolvidos na interação onda - estrutura
- sedimentos. Existem vários métodos de investigação para melhorar esse conhecimento: métodos de
simulação (numéricos e experimentais) e monitorização in situ (Ranasinghe e Turner, 2006; Turner et al.,
2001; Tomasicchio, 1996). O presente estudo usa o primeiro método para o estudo da morfodinâmica e
da evolução da LC, por se tratar de uma alternativa mais económica. Além disso, é possível prever a
evolução morfológica da LC para um determinado período de tempo e deste modo intervir na zona de
acordo com os resultados obtidos.

1.3 Objetivos e Metodologia

O principal objetivo deste estudo é a melhoria do conhecimento dos processos hidro-sedimentares envol-
vidos na interação onda - QDS - sedimentos para condições típicas de agitação marítima e geomorfologia
da zona de estudo, localizada no centro oeste da costa portuguesa. Em particular, pretende-se: testar o
efeito de parâmetros estruturais do QDS na dinâmica sedimentar, na vizinhança do QDS e na evolução
da LC. A revisão da literatura evidencia que, na generalidade, são consideravelmente melhor conhecidos
os processos de hidrodinâmica do que os processos de evolução do fundo na zona adjacente a um qualquer
QDS, pelo que este estudo também tem esse maior alcance no que respeita ao estado da arte sobre os
processos morfodinâmicos na vizinhança de um QDS. Por último, destaca-se ainda que os resultados, que
permitem avaliar qualitativamente o efeito de proteção costeira deste tipo de solução alternativa para a
zona de estudo, podem servir de apoio à decisão na gestão costeira.
Numa primeira fase estudam-se os processos morfológicos e hidrodinâmicos que têm influência no
modo de resposta da LC através da literatura existente sobre casos de estudo e métodos de análise.
Neste estudo, a análise da morfodinâmica resultante da interação onda - quebra-mar - fundo arenoso
na zona ativa da praia localizada na vizinhança desta estrutura é feita com recurso à aplicação de dois
modelos numéricos: a versão 2DH (modelo bidimensional no plano horizontal) do sistema de modelos
Delft3D (Deltares, 2011a,e) e o modelo LITLINE (DHI, 2016b) do sistema de modelos integrados do litoral
LITPACK (DHI, 2016c). O sistema Delft3D é um modelo de morfodinâmica, baseado em processos, com
elevados custos computacionais sendo por isso limitado na escalas espaciais e temporais a que pode ser
aplicado. Pelo contrário, o modelo LITLINE é mais simplificado e por isso é habitualmente utilizado
para aplicações de média-escala espacial (ordem de quilómetros) e médio-longo prazo (ordem de anos a
décadas) a custos computacionais consideravelmente reduzidos.

3
Os modelos foram calibrados para a zona em estudo através do transporte de sedimentos longitudinal
conhecido para o trecho em estudo. A escolha da zona de estudo onde são testados os modelos baseia-se
na simplificação das condições geomorfológicas e num cenário de hidrodinâmica característico do trecho
costeiro entre as embocaduras dos rios Mondego e Lis. Analisou-se a resposta morfológica da praia, na
vizinhança da estrutura e na LC, durante um período de simulação de 30 dias, quando submetida à ação
das ondas média e mais frequente locais, para condições geomorfológicas iniciais simplificadas, que foram
batimetria uniforme longitudinalmente e granulometria uniforme dos sedimentos.
Com recurso ao modelo morfodinâmico Delft3D, também se efetuou uma análise de sensibilidade ao
efeito dos parâmetros estruturais do quebra-mar – elevação do coroamento (hc ), distância à LC (DLC )
e comprimento longitudinal do quebra-mar (Lq ) - na resposta morfológica da praia para condições de
incidência da onda média. Por fim, os resultados da geometria em planta da praia, particularmente da
LC, são comparados com os resultados do módulo LITLINE, para o caso de um QDE com as mesmas ca-
racterísticas geométricas. A comparação destes dois modelos permite avaliar a importância dos processos
costeiros considerados/negligenciados, bem como avaliar o desempenho dos modelos.

1.4 Estrutura do Documento


Esta dissertação encontra-se organizada em seis capítulos. No presente capítulo apresenta-se o enquadra-
mento, definição do problema e objetivos e metodologia do estudo desenvolvido.
No Capítulo 2 apresenta-se uma visão geral da costa portuguesa e a revisão da literatura sobre o
impacto de QDSs em termos da morfodinâmica na sua vizinhança.
No Capítulo 3 é caracterizada a zona de estudo recorrendo a dados de agitação marítima, topo-
hidrografia e sedimentologia, para a definição do modelo numérico.
No Capítulo 4 introduz-se o modelo numérico na versão 2DH do sistema Delft3D e avalia-se o seu
desempenho para simular a morfodinâmica na proximidade de um quebra-mar destacado e em toda a
zona ativa por ele afetada, para as condições hidro-sedimentológicas típicas do trecho costeiro em estudo.
No Capítulo 5 aplica-se o modelo LITLINE ao trecho em estudo e comparam-se os resultados com o
modelo 2DH.
No Capítulo 6 apresentam-se as considerações finais relativas ao trabalho desenvolvido e recomenda-
ções para trabalho futuro baseadas na experiência adquirida no âmbito desta dissertação.

A presente dissertação foi desenvolvida no âmbito do projeto de investigação PROTOCOL - Protección


de frentes urbanos costeros frente al calentamiento global, CYTED 2017-PE-PROTOCOL.

4
Capítulo 2

Enquadramento e Problema

Neste capítulo apresenta-se uma visão geral da costa portuguesa e faz-se uma revisão da literatura sobre
o impacte de QDSs. Inicia-se o capítulo com um breve levantamento dos problemas associados às zonas
costeiras portuguesas e dos principais tipos de soluções de proteção costeira para os resolver. Depois,
apresentam-se dois casos de aplicação de quebra-mares destacados: um caso em Portugal na Praia da
Aguda, e o outro na Gold Coast, na Austrália. Para cada um, descrevem-se as características hidro-
morfológicas do local e os impactes da estrutura implementada. Por fim, são analisados os processos
costeiros com base em estudos publicados referentes à morfodinâmica na vizinhança de um QDS. Como
ainda existe pouco conhecimento acerca deste assunto, a análise foca-se em estudos relativos a quebra-
mares com cotas de coroamento entre a preia-mar e baixa-mar e ainda QDE.

2.1 Visão Geral da Costa Portuguesa

2.1.1 Erosão Costeira

Portugal é um país com uma costa extensa, cujo percurso histórico esteve sempre associado ao mar,
estimando-se que cerca de 75% da população portuguesa viva atualmente na zona costeira e que este
valor tenha tendência para aumentar nos próximos anos (Pereira e Coelho, 2013).
Os fenómenos crescentes de erosão costeira resultantes, em grande parte, do défice de abastecimento
sedimentar ao litoral provocado por ações antrópicas são progressivamente agravados a médio e longo
prazo pelas alterações climáticas. Para além disso, o facto de a costa oeste portuguesa ser uma das mais
energéticas da Europa (principalmente devido aos valores de transporte litoral excecionalmente elevados,
mas também à grande variabilidade sazonal e à ocorrência de tempestades muito energéticas) contribui
para as fortes dinâmicas erosivas a que esta está sujeita.
O défice existente na alimentação aluvionar das costas é a principal causa da erosão costeira. Para este
défice tem contribuído a construção de barragens, a extração de inertes nos cursos de água e albufeiras, a
construção de obras portuárias que interferem com o caudal sólido litoral e as práticas agrícolas que visam
a conservação do solo. A construção de infraestruturas hidráulicas nos rios é um dos fatores a que tem
sido atribuída mais importância, estimando-se que estes são responsáveis pela retenção de mais de 80%

5
dos volumes de areias que eram transportadas pelos rios em regime natural (Valle, 2014). Esta redução
está também associada à regularização das velocidades, resultante da atenuação das cheias decorrente da
construção de barragens, que terão provocado uma diminuição acentuada da capacidade de transporte de
caudal sólido dos rios. Os portos também contribuem para o aumento deste défice porque interferem na
ação das ondas e correntes através da construção de longos quebra-mares e alteram a dinâmica sedimentar
por intermédio das dragagens dos canais de navegação. Além disso, a construção dos quebra-mares das
embocaduras de acesso aos portos induzem grande acumulação de sedimentos na zona a barlamar e
intensificam a erosão costeira a sotamar devido ao seu comprimento e orientação.
Quanto aos impactes das alterações climáticas sobre as zonas costeiras é especialmente preocupante
para a sociedade o aquecimento global, apesar destes impactes serem bastantes inferiores aos mencionados
anteriormente. A expansão térmica dos oceanos, isto é, o aumento do volume das águas marinhas,
segundo Dias e Taborda (1988), é responsável por grande parte da elevação do NMM verificada em
Portugal. As variações do NMM são registadas por marégrafos, destacando-se, em Portugal, o marégrafo
de Cascais. De acordo com os dados recolhidos, a taxa de aumento médio anual do NMM tem vindo a subir
registando taxas de 1.8 mm/ano no período de 1920-1990, 2.1 mm/ano na década de 1990 e 2.5 mm/ano
na de 2000 (Antunes e Taborda, 2009). O outro fator que poderá também contribuir para o aumento da
erosão é a rotação do regime médio de agitação marítima incidente na costa oeste portuguesa. É possível
que haja uma rotação do regime médio de agitação marítima ao largo entre 5 a 10◦ no sentido horário.
Esta rotação, a ocorrer, teria impactes na orientação da LC em alguns trechos. Assim, em resposta à
ação submetida, as massas arenosas tenderiam a rodar e algumas zonas atualmente mais vulneráveis iriam
sofrer um recuo adicional (Andrade et al., 2007). Ao mesmo tempo, as alterações climáticas podem estar
também na origem do aumento da frequência e intensidade das tempestades marítimas. Contudo, com
base na análise de diversas séries longas de agitação marítima em diversos pontos da costa portuguesa,
não se constata alteração do padrão de ocorrência de tais eventos (Santos, 2017; Pires, 2018).

2.1.2 Obras de Proteção Costeira

Atualmente, a costa noroeste portuguesa encontra-se seriamente afetada pela erosão (recuo da LC a
médio-longo prazo independentemente de fenómenos cíclicos). Tal situação implica uma contínua e ir-
reversível perda de património territorial, do seu uso atual e da oportunidade de uso futuro. Muitos
destes territórios estão edificados e infraestruturados e em muitos locais a erosão faz perigar de imediato
a segurança de pessoas e bens.
A causa mais importante da erosão é o défice que existe na alimentação aluvionar das costas. No
entanto, a intervenção humana sobre as zonas costeiras, em particular a crescente urbanização muitas
vezes desregulada e muito próxima da LC por falta de políticas de gestão costeira no passado, agravaram
as consequências deste fenómeno. Criou-se assim, em certos trechos costeiros, uma situação de conflito
crescente, em que se torna fundamental proteger o litoral de forma a que as populações possam continuar
a usufruir dos seus benefícios.
Em Portugal, durante o último século até agora, as obras de proteção costeira têm sido uma presença
frequente nas paisagens costeiras para resolver este conflito, principalmente nas faixas litorais de maior

6
risco, uma vez que têm como função condicionar a evolução futura da LC no trecho em questão. Existem
dois tipos de obras de proteção costeira que têm sido implementados para proteger a costa da erosão e
das inundações: as intervenções estruturais (hard ) e não estruturais (soft).
As intervenções hard de engenharia costeira constituem estruturas permanentes construídas em blocos
de betão ou enrocamento e têm como função fixar a LC e proteger zonas definidas. Estas podem ser
subdivididas em perpendiculares (e.g., esporões) ou paralelas à LC (e.g., quebra-mares destacados e
defesas frontais aderentes), representado mais de 70% das intervenções de defesa realizadas (Doody et al.,
2006). Quanto às intervenções soft de engenharia costeira estas têm como objetivo restabelecer as defesas
naturais de proteção, por exemplo as dunas e as praias, contra a erosão, utilizando fundamentalmente
areia e vegetação. São exemplos deste tipo de intervenção a alimentação artificial de areias em diversas
zonas de perfil de praia e a requalificação dunar.
Até aos dias de hoje, em Portugal, as principais obras de defesa costeira são os esporões, as defesas
frontais aderentes, a alimentação artificial das praias e as intervenções de requalificação das dunas. Apesar
de os quebra-mares destacados não fazerem parte das principais obras de defesa costeira em Portugal,
nas últimas décadas, a nível mundial, a tendência para a utilização destas estruturas como meio de
estabilização e proteção das praias aumentou, comparando com a utilização de esporões. Exemplos desta
tendência são relativamente comuns nos Estados Unidos e na Europa, e mais ainda no Japão. Isto porque,
apesar de à partida esta solução ser mais dispendiosa e mais difícil de executar, pode ser mais eficaz na
fixação dos sedimentos e proteção da LC do que os esporões mais usuais.
Embora em Portugal também existam exemplos de quebra-mares destacados, tais como o de Castelo
de Neiva e da Praia da Aguda, há uma grande falta de experiência na utilização destas estruturas de
proteção em ambientes como o litoral noroeste português. Além disso, os quebra-mares de Castelo de
Neiva (Figura 2.1(a)) e da Praia da Aguda (Figura 2.1(b)) são fundados sobre afloramentos rochosos,
sendo difícil simular o seu comportamento através de um modelo numérico.

(a) (b)

Figura 2.1: Exemplos de quebra-mares destacados na costa portuguesa: (a) Castelo de Neiva (setembro
de 2017) e (b) Praia da Aguda (maio de 2015). Retirado de Google Earth.

Os quebra-mares destacados podem ser construídos permanentemente submersos (QDS), permanente-


mente emersos (QDE) ou com um comportamento intermédio entre os dois últimos (cota de coroamento

7
situa-se entre a preia-mar e baixa-mar). Estes permitem atenuar a capacidade energética da agitação
que atinge a LC e manipular o transporte sedimentar de modo a conduzir à acumulação de sedimentos
na zona de sombra do quebra-mar (saliente ou tômbolo). A redistribuição do padrão de transporte de
sedimentos é promovida pelas correntes de difração que são geradas nas extremidades do quebra-mar.
A resposta morfológica da LC na zona de sombra de um quebra-mar destacado tem uma forte depen-
dência das suas dimensões e geometria: distância à LC e localização relativamente à zona de rebentação,
comprimento longitudinal, cota do coroamento e a distância entre quebra-mares no caso de haver mais
do que uma estrutura (Vaidya et al., 2015). O custo da manutenção dos quebra-mares destacados nor-
malmente é elevado por causa dos assentamentos da estrutura devido ao impacte dos carregamentos e
infraescavação dos fundos, e da necessidade de equipamentos flutuantes para reparações.
Comparando os QDEs com os QDSs, os emersos proporcionam uma atenuação da ação das ondas mais
significativa do que os submersos. Quando a estrutura se encontra submersa os galgamentos permitem a
passagem de água na zona de sombra do QDS, promovendo uma boa circulação das águas. Pelo contrário,
em casos particulares de estruturas emersas (sobretudo quando a amplitude de maré é muito pequena) há
uma deterioração da qualidade da água na zona de sombra da estrutura provocada pela estagnação das
águas, o que tem impactes negativos para a prática balnear. A desvantagem das estruturas submersas
é que devido ao galgamento destas são geradas correntes ou, no caso de haver mais do que um QDS,
correntes de retorno pelos espaços entre quebra-mares, que podem tornar perigosa a prática balnear.
Os QDSs são muito semelhantes aos afloramentos rochosos. Estes podem criar novos habitats, pro-
porcionando a fixação de novas espécies marinhas. Pelo contrário, a estagnação das águas na zona de
sombra dos QDEs poderá promover a proliferação de espécies de algas que levam à turvação das águas e
a odores desagradáveis, diminuindo a qualidade das praias para o uso balnear. Em termos de amenidade
e estética da praia, o impacte visual dos QDSs é muito inferior em relação aos QDEs. Por outro lado,
pelo facto de não serem visíveis tornam-se perigosos para a navegação.

2.2 Parâmetros Estruturais de Quebra-mares Destacados


A abordagem de QDS, que se utiliza nesta dissertação, é feita com recurso a um conjunto de parâmetros
que se definem seguidamente:

• Lq – comprimento do quebra-mar na direção logitudinal;

• DLC – distância do quebra-mar à LC inicial;

• Lcq – largura do coroamento do quebra-mar;

• hc – elevação do coroamento;

• ∆hc – altura da água acima do coroamento do quebra-mar;

• h – altura da água acima da cota de implantação do quebra-mar.

Na Figura 2.2 apresenta-se um esquema dos parâmetros estruturais apresentados.

8
Figura 2.2: Esquema com a definição dos parâmetros estruturais de um QDS.

2.3 Casos de Quebra-mares Destacados

2.3.1 Quebra-mar Destacado da Praia da Aguda

A Praia da Aguda situa-se numa pequena vila piscatória, a Aguda, na freguesia de Arcozelo, concelho
de Vila Nova de Gaia. A Aguda está localizada a aproximadamente 10 km a sul da embocadura do
rio Douro. A população da Aguda, cujas origens remontam aos finais do século XIX, é constituída por
cerca de 1500 pessoas residentes, sendo que durante o período estival este valor aumenta. A comunidade
residente dedica-se principalmente à pesca artesanal.
A Praia da Aguda é de natureza arenosa e caracteriza-se pela existência de formações e afloramentos
rochosos visíveis na zona intertidal que proporcionam uma proteção natural (Figura 2.3). É esta proteção
natural que tem impedido o fenómeno da erosão de assumir os níveis notórios que ocorrem a sul deste
sector. Apesar disso, antes da construção do quebra-mar assistiu-se a uma redução do areal da praia da
Aguda, com consequências ao nível das qualidades balneares e aumento dos níveis de espraiamento com
frequente ocorrência de galgamento da rua marginal (Rua do Mar).

(a) (b)

Figura 2.3: Afloramentos rochosos da Praia da Aguda (a) antes (2000) e (b) após a construção do
quebra-mar (2002). Retirado de Freire e Taveira-Pinto (2011).

Devido às elevadas condições energéticas a que esta praia está sujeita, a atividade de pesca local é

9
interrompida cerca de 20 a 150 dias por ano e quando exercida é sob alto risco devido à morfologia e
agitação marítima locais. De forma a criar melhores condições para esta atividade, foram propostas e
estudadas várias soluções para a implantação de uma obra de engenharia costeira capaz de dar alguma
proteção às embarcações de pesca quando estas se faziam ao mar ou quando regressavam à praia e
também proteger o núcleo habitacional da Aguda (Instituto da Água, 2002). A solução final foi uma
estrutura destacada da costa de forma a minimizar a interferência no transporte de sedimentos para sul e
consequentemente o agravamento da erosão a sotamar. No entanto, os objetivos inicialmente estabelecidos
não foram atingidos: ocorreu a formação de um tômbolo e de uma restinga que tem de ser dragada de
tempo em tempo para permitir a passagem das embarcações.
O quebra-mar destacado da Aguda possui 330 m de comprimento, 6 m de largura de coroamento e uma
cota de coroamento de 5.50 m acima do nível de referência do datum vertical náutico, zero hidrográfico
(ZH). Este desenvolve-se, em cerca de metade do seu comprimento, paralelamente à costa, convergindo
depois para a praia a norte. A obra foi iniciada com a construção de um esporão construtivo enraizado
em terra devido à natureza rochosa dos fundos, agitação local e às pequenas profundidades que não
permitiam a execução do quebra-mar através de meios flutuantes (Freire e Taveira-Pinto, 2011). Este
acesso permitia a movimentação dos camiões e das máquinas para a construção do quebra-mar, tendo
sido posteriormente removido para não originar a formação de um tômbolo. As obras tiveram início a 2
de Outubro de 2001, tendo sido concluídas a 31 de Julho de 2002. Na Tabela 2.1 encontram-se resumidos
os principais parâmetros de projeto, bem como as características do local de implantação.

Tabela 2.1: Parâmetros estruturais do quebra-mar destacado da Praia da Aguda e características do local
de implantação.

Transporte
Inclinação Modo de
Tipo de sedimentar Alimentação
Localização Lq [m] DLC [m] Lcq [m] h [m] ∆hc [m] dos resposta
estrutura longitudinal artificial
fundos da LC
[m3 /ano]
Praia da
Afloramento
Aguda, 330 80 a 160 6 - +5.50 ZH - - Sim Acreção
rochoso
Portugal

A Figura 2.4(a) ilustra o quebra-mar após a finalização das obras. Atualmente verifica-se acumulação
de areias a norte da estrutura que levou à formação de um tômbolo tal como se pode observar pela
Figura 2.1(b). Esta acumulação é tão acentuada que parte da estrutura se encontra completamente
coberta por uma camada de areia (Figura 2.4(b)). O assoreamento de grande parte da zona a sotamar do
quebra-mar dificultou o acesso das embarcações dos pescadores à praia e aumentou os fenómenos erosivos
na zona sul da praia da Aguda.
A formação do tômbolo pode ser explicada pelo facto de o quebra-mar ser muito longo e pela sua proxi-
midade à LC. Quando o quebra-mar é construído próximo à LC, é longo comparando com o comprimento
de onda da agitação incidente e é relativamente impermeável, é provável que os sedimentos se acumulem
na zona de sombra da estrutura, levando à formação de um tômbolo (Basco, 2006). O sistema tômbolo –
quebra-mar destacado funciona como um esporão em forma de T bloqueando o transporte sedimentar e,
consequentemente, ocorre uma diminuição do abastecimento sedimentar das praias a sotamar, causando
erosão.

10
(a) (b)

Figura 2.4: Vista de norte para sul do quebra-mar da Aguda. (a) quebra-mar logo após a sua construção,
sem acumulação de areia (2002). Retirado de Instituto da Água (2002). (b) Acumulação de areia no
interior (atingindo cotas superiores à de coroamento) e exterior do quebra-mar (2010). Retirado de Freire
e Taveira-Pinto (2011).

Segundo Basco (2006) um dos rácios adimensionais que surgiu para separar o modo de reposta da LC
 
Lq
em tômbolo ou saliente é o que relaciona o comprimento do quebra-mar com a distância à LC DLC .
Vários autores (e.g., Dally e Pope, 1986; Suh e Dalrymple, 1987; Ahrens e Cox, 1990) propuseram critérios
geométricos empíricos para a configuração e modo de resposta da LC na presença de QDEs. Dally e Pope
(1986) recomendam que para se formar um tômbolo deve verificar-se:

Lq
• DLC > 1.5 a 2 para um único quebra-mar.

Lq
Aplicando esta formulação ao quebra-mar da Aguda obtém-se DLC = 1.91, considerando o compri-
mento da secante ao quebra-mar, Lq , igual a 305 m e DLC = 160 m. Conclui-se que face à relação
comprimento do quebra-mar/distância à LC seria previsível a formação de um tômbolo. Importa referir
que esta formulação é válida para fundos arenosos e móveis, o que no caso particular do quebra-mar da
Aguda não se aplica totalmente devido à presença de afloramentos rochosos.
Por outro lado, a acumulação de sedimentos que se verifica pode também ser explicada pela ocorrência
do fenómeno de difração das ondas nas extremidades do quebra-mar. A estrutura destacada interfere
no rumo natural das ondas, gerando correntes induzidas por processos de difração (Figura 2.5). Este
fenómeno origina a entrada de sedimentos pela extremidade sul do quebra-mar e consequentemente o
assoareamento da baía a ele associada.
Outro aspeto que importa salientar é que a partir do momento em que o tômbolo atingiu a saturação
de sedimentos, estes foram-se acumulando na zona exterior do quebra-mar, de norte para sul. Conse-
quentemente, originaram a formação de uma restinga no extremo sul da estrutura (Figura 2.6). Esta
barreira submersa teve de ser dragada para permitir a passagem das embarcações.

2.3.2 Recife Artificial de Gold Coast

Tal como já tinha sido referido na Secção 1.2, as estruturas multifuncionais que simultaneamente pro-
porcionem a proteção da costa e melhorem as condições para a prática de surf têm gerado cada vez mais
interesse. Atualmente, a Austrália é o único país onde existe este tipo de estrutura híbrida, tendo sido
construído um recife de grandes dimensões na praia de Narrowneck na Gold Coast.

11
Figura 2.5: Alteração de rumo da direção predo- Figura 2.6: Formação da restinga no extremo sul do
minante da agitação marítima (noroeste) na vizi- quebra-mar. Retirado de https://mapio.net/pic/p-
nhança da extremidade sul do quebra-mar indu- 23254249/ (acedido a julho de 2018).
zida pelo fenómeno da difração. Retirado de Google
Earth, junho de 2007.

A Gold Coast é uma das regiões mais desenvolvidas ao longo da costa australiana, atraindo visitantes
locais, nacionais e internacionais. As praias da costa sul do estado de Queensland são dinâmicas e de ele-
vada energia, e a predominância de uma direção da agitação marítima de sudeste resulta num transporte
sedimentar longitudinal para norte na ordem de 500 000 m3 /ano. As condições locais caracterizam-se
por uma altura significativa (Hs ) média de valor igual a 1 m e uma amplitude de maré máxima aproxi-
madamente igual a 2 m.
A erosão provocada esporadicamente por tempestades representa um perigo constante para o terri-
tório costeiro e infraestruturas e perda de valor paisagístico das praias. Por isso, como a Gold Coast,
economicamente, depende da preservação das suas praias arenosas para a prática de surf, foram imple-
mentadas medidas estratégicas com vista a ampliar e proteger as praias (Turner, 2006). Uma destas
medidas consistiu na construção do recife artificial, em que o principal objetivo desta estrutura é propor-
cionar um ponto de controlo costeiro para estabilizar as praias alimentadas artificialmente. Ao mesmo
tempo também foi projetado para melhorar as atividades de lazer como o surf, prática balnear, a pesca
e ainda proporcionar ecossistemas aquáticos.
Vários métodos de investigação foram realizados antes da construção do recife artificial de modo a pre-
ver o modo de resposta da LC e melhorar as características da estrutura para proporcionar condições para
a prática de surf: métodos de simulação numéricos (e.g. Black e Mead, 2001) e um modelo físico à escala
(Turner et al., 2001). Turner et al. (2001) descrevem a experiência laboratorial à escala 1:50 realizada
para analisar a hidrodinâmica e a resposta morfológica à estrutura artificial. Na Figura 2.7 encontra-se
reproduzido o padrão de circulação induzido pela presença do recife artificial observado por Turner et al.
(2001) composto por: dois fluxos divergentes na zona de sombra do recife. As correntes induzidas pelo
recife causaram uma diminuição do transporte sedimentar longitudinal na secção a barlamar da LC na
zona de sombra da estrutura, ao mesmo tempo que intensificaram o transporte longitudinal na secção a
sotamar da LC. Devido à variação do gradiente longitudinal de transporte era esperada a formação de
um saliente na zona de sombra do recife. De facto, os testes realizados demonstraram a formação de um

12
saliente de pequenas dimensões (Figura 2.8).

Figura 2.7: Padrão de circulação pre- Figura 2.8: LC em equilíbrio na zona de sombra do recife para
visto pelo modelo físico. Retirado Hs =1 m, período de onda igual 11 s e ângulo da ondulação in-
de Turner et al. (2001). cidente igual a 7◦ simulados durante 17 horas (modelo). A ima-
gem inserida no canto inferior esquerdo mostra o modelo físico
à escala, antes do reservatório ser enchido com água. Adaptado
de Turner et al. (2001).

O recife artificial é muito diferente das configu-


rações convencionais paralelas à costa (Figura 2.9)
devido ao seu duplo objetivo. Por segurança e para
uma melhor relação custo-eficácia, o recife foi cons-
truído através de sacos de geotêxtil com dimensões
de 3 a 4.5 m de diâmetro por 20 m de comprimento,
os quais foram cheios de areia (até 350 ton) numa
draga com porão de abrir pelo fundo no local, e
posteriormente colocados fora da zona de rebenta-
ção. Esta estrutura estende-se aproximadamente Figura 2.9: Vista aérea do recife artificial na Gold
Coast, Austrália. A estrutura, em planta, assume
de 100 a 600 m ao largo, e a uma distância de 350 m
uma forma em V com o vértice a apontar para o mar
ao longo da costa, encontrando-se submersa e por em direção à agitação marítima incidente predomi-
nante. Retirado de Restall et al. (2001).
isso tem um impacte visual reduzido.
O vértice do recife foi implementado a uma pro-
fundidade de 10 m, enquanto que a outra extremidade foi implementada a 2 m de profundidade. Apesar
de originalmente o projeto preconizar uma altura do coroamento localizada a 0.25 m abaixo do nível
médio de baixa-mar (MBM), esta foi rebaixada para 1 m abaixo do nível MBM, principalmente devido

13
a questões de segurança relacionadas com a prática de surf. Neste projeto também estava incluída a
alimentação artificial de aproximadamente 1.2 Mm3 ao longo de 2 km da costa de Main Beach. A cons-
trução do recife exigiu a colocação de aproximadamente 400 sacos de geotêxtil e foi concluída no final de
2000. A Tabela 2.2 resume os principais parâmetros de projeto.

Tabela 2.2: Parâmetros estruturais do recife artificial da Gold Coast e características do local de implan-
tação.

Transporte
Inclinação Modo de
Tipo de sedimentar Alimentação
Localização Lq [m] DLC [m] Lcq [m] h [m] ∆hc [m] dos resposta
estrutura longitudinal artificial
fundos da LC
[m3 /ano]

Gold Coast, Recife -1 m


350 100 a 600 2 2 a 10 0.02 500 000 Sim Acreção
Australia artificial MBM

Em Jackson et al. (2003) é apresentada a monitorização do desempenho do recife multifuncional. A


resposta da LC ao recife artificial tem vindo a ser monitorizada desde 1999 através do sistema de vídeo
ARGUS. As imagens de vídeo indicam um decréscimo da taxa de recuo da LC na zona de sombra da
estrutura durante eventos erosivos, mantendo um saliente nesta mesma zona (Figura 2.10(a))
Turner (2006) descreve o modo de resposta da LC na zona de sombra do recife artificial da Gold
Coast, através de um conjunto de 2 anos de dados semanais, imediatamente após a conclusão da primeira
fase de construção (de janeiro de 2001 a janeiro de 2003). A análise efetuada indica a evolução de um
saliente na zona de sombra da estrutura, o qual aumentou a largura da praia nessa zona entre 10 a 20 m.
Importa ainda referir que os sacos de geotêxtil cheios de areia promoveram a formação de um extenso
e diversificado ecossistema marinho, que excedeu as expectativas iniciais. Além disso, antes da construção
da estrutura a praia de Narrowneck era estreita, e desde a alimentação artificial e a construção do recife
foi possível manter a praia com um areal extenso (Figura 2.10(b)).

(a) (b)

Figura 2.10: Praia de Narrowneck na Gold Coast, Australia. (a) Formação de saliente na zona de sombra
do recife artificial. Adaptado de Jackson et al. (2003). (b) Antes (1996) e após a alimentação artificial e
a construção do recife (2003). Retirado de Jackson et al. (2005).

14
2.4 Impacte de QDS nos Processos Costeiros

2.4.1 Hidrodinâmica e Morfodinâmica Local

Os QDSs, quando construídos com o objetivo de estabilizar a praia, têm como função reduzir a capacidade
energética da agitação marítima na zona de sombra da estrutura e, deste modo, reduzir a capacidade de
transporte de sedimentos pela agitação marítima em direção à costa. Estes podem ser projetados para
reduzir ou prevenir a erosão da praia, ou ainda proporcionar uma redistribuição do padrão de transporte
de sedimentos, e assim permitir o desenvolvimento da configuração de praia pretendida.
Estas estruturas de proteção costeira reduzem a energia das ondas incidentes ao forçar a rebentação no
quebra-mar, através da reflexão parcial das ondas e ainda da dissipação da energia através do escoamento
pela estrutura porosa. Na Figura 2.11 ilustram-se estes processos para uma estrutura emersa. Importa
salientar que a rebentação representa a principal forma de dissipação de energia da onda.

Figura 2.11: Representação esquemática do efeito de abrigo de uma estrutura emersa induzido pela redu-
ção da energia das ondas incidentes através da rebentação, reflexão e transmissão. Adaptado de Burcharth
et al. (2007).

Alguma da energia da ondulação incidente atinge a zona de sombra da estrutura submersa através
de processos de difração e refração em torno das extremidades do quebra-mar e através do espaçamento
entre as estruturas (no caso de múltiplos quebra-mares). A altura da cota de coroamento da estrutura
determina a quantidade de energia da onda que é transmitida sobre o topo do quebra-mar. No caso
de quebra-mares com cotas de coroamento ligeiramente acima do nível da água com apenas algumas
ocorrências de galgamento, o que prevalece é a transmissão de energia pelo corpo da estrutura. Quanto
menor a cota de coroamento (ou seja, quanto mais abaixo do nível da água), a perturbação causada pela
agitação marítima incidente passa a dever-se sobretudo ao galgamento.
As ondas difratadas e transmitidas continuam a propagar-se em direção à LC na zona de sombra, no
entanto a capacidade de transporte longitudinal nesta zona é reduzida. Os sedimentos que são transpor-
tados ao longo da costa ficam retidos na zona de sombra do quebra-mar dando origem à acumulação dos
sedimentos nessa zona. Dependendo do efeito de abrigo proporcionado pelo quebra-mar, mais ou menos
sedimentos são retidos e depositados na zona protegida atrás da estrutura.

15
As alterações morfodinâmicas são, em grande parte, determinadas pelas correntes induzidas pelas
marés e sobrelevação de origem meteorológica nos trechos costeiros, e também pelas correntes geradas
localmente na estrutura e nas suas proximidades pela interação onda – estrutura. As ondas que passam
sobre a estrutura originam transporte de água sobre esta induzindo um nível da água do mar mais elevado
na zona de sombra do quebra-mar. Isto resulta num transporte em direção ao largo através da estrutura,
e ainda correntes horizontais e vórtices na zona de sombra devido aos gradientes que se geram em direção
às extremidades da estrutura. Os padrões de circulação que se geram no caso de a estrutura ser emersa
(Figura 2.12(a)) ou submersa (Figura 2.12(b)) são diferentes. Nas secções seguintes este assunto será
explorado com mais pormenor para as estruturas submersas.

(a)

(b)

Figura 2.12: Correntes induzidas pela agitação marítima incidente (a) na presença de estruturas emersas
(sem transmissão da energia das ondas sobre as estruturas) e (b) na presença de estruturas submersas
(com transmissão da energia das ondas sobre as estruturas). Retirado de Burcharth et al. (2007).

Como a Figura 2.12(b) ilustra, o transporte de água para a zona de sombra origina um aumento do
nível da água do mar, sendo compensado principalmente por correntes em direção ao largo nas extremi-
dades da estrutura. No caso de múltiplos quebra-mares destacados formam-se correntes de retorno entre
o espaçamentos das estruturas, as quais criam localmente um recuo pontual da LC entre os quebra-mares.
Na Figura 2.13 encontra-se uma representação esquemática dos processos hidrodinâmicos e morfodi-
nâmicos descritos anteriormente induzidos pela presença de estruturas emersas.

2.4.2 Modo de Resposta da LC (Erosão/Acreção)

Até hoje os QDSs foram pouco aplicados como solução de proteção costeira, como tal a sua eficácia
é pouco conhecida. As alterações da LC induzidas pelos QDS são complexas porque dependem das
condições hidro-morfológicas locais e dos parâmetros de dimensionamento do QDS: diferentes processos
morfodinâmicos originam erosão ou acreção de sedimentos na zona de sombra do QDS. Atualmente, são
muito poucos os estudos que investigaram o modo de resposta da LC aos QDSs. Devido à complexidade
associada aos efeitos de escala nos processos morfológicos a modelação física tem limitações na reprodução
da morfodinâmica pelo que a aplicação desta metodologia para análise do impacte de QDS é limitada

16
Figura 2.13: Processos morfodinâmicos induzidos pela presença de estruturas emersas. Adaptado
de Van Rijn (2013).

e tem sido principalmente aplicada para avaliação da hidrodinâmica na vizinhança da estrutura. Como
tal, o número de expressões empíricas para prever as alterações da LC induzidas por QDSs existentes na
literatura é muito reduzido.
Por outro lado, os poucos estudos realizados são inconsistentes sobre se a construção de um QDS causa
erosão ou acreção da LC na sua zona de sombra. Black e Andrews (2001) e Pilarczyk (2003) propõem
relações empíricas que apenas prevêem acreção como modo de resposta da LC. O estudo de Black e
Andrews (2001) ainda sugere que as estruturas submersas permitem que se desenvolvam salientes de
maiores dimensões do que as estruturas emersas para as mesmas condições. Outras investigações mostram
que pode ocorrer erosão da LC na zona de sombra dos QDSs (Ranasinghe e Turner, 2006; Ranasinghe
et al., 2006, 2010).
Em contrapartida, os QDEs quase nunca originam erosão da LC na zona de sombra do quebra-mar.
Como tal, as metodologias já bem estabelecidas e correntemente usadas para prever o modo de resposta
da LC a QDEs, tais como relações empíricas (e.g. Basco, 2006; Mangor, 2018) e modelos de uma linha,
não são aplicáveis a QDSs.
No estudo de Ranasinghe e Turner (2006) é feita uma compilação e revisão de resultados de inves-
tigações de experiências de campo, laboratório e modelos numéricos, concluindo-se que os principais
parâmetros estruturais (e.g. características geométricas) e ambientais (e.g. sedimentos, declive dos fun-
dos, agitação marítima), que estão na base do modo de resposta da LC aos QDSs, ainda continuam por
ser esclarecidos devidamente.

Experiências de Campo

Nas Tabelas 2.2 e 2.3, Ranasinghe e Turner (2006) resumem os principais projetos de engenharia que
envolveram QDSs.
Analisando a Tabela 2.3, verifica-se que tanto os quebra-mares longos, tais como os QDSs de Lido di

17
Tabela 2.3: Parâmetros estruturais dos QDSs existentes na literatura e características dos locais de
implantação. Adaptado de Ranasinghe e Turner (2006).

Transporte
Inclinação Modo de
Tipo de sedimentar Alimentação
Localização Lq [m] DLC [m] Lcq [m] h [m] ∆hc [m] dos resposta
estrutura longitudinal artificial
fundos da LC
[m3 /ano]

Baía de
1 QDS +
Delaware, 300 75 - 1 MBM - Desprezável Sim Erosão
2 esporões
EUA
Praia de
Keino- -2 m
1 QDS 80 85 20 4 0.1 - 0.03 - Sim Erosão
-Matsubara, MBM
Japão

Existe,
Niigata, 1 QDS + -1.5 m
540 400 20 8.5 0.02 mas não foi Não Erosão
Japão 2 esporões MBM
quantificada

Lido di Ostia, -1.5 m


1 QDS 3000 100 15 4 0.05 50 000 Sim Erosão
Itália (1o ) NMM

Lido di Ostia, -0.5 m


1 QDS 700 50 15 3-4 0.1 50 000 Não Acreção
Itália (2o ) NMM

Lido di Dante, -0.5 m


1 QDS 770 150 12 3 0.02 Desprezável Sim Acreção
Itália NMM

Palm Beach,
-0.7 m
Florida, 1 QDS 1260 70 4.6 3 0.04 100 000 Não Erosão
MLLW
EUA

Ostia (1o ) em Itália (Lq = 3000 m) e de Palm Beach na Florida (Lq = 1260 m), como os quebra-mares
mais curtos, o da praia de Keino-Matsubara no Japão (Lq = 80 m), causam erosão na LC. O quebra-mar
de Palm Beach tem uma largura de coroamento reduzida (Lcq = 4.6 m), comparando com as larguras dos
quebra-mares do Japão (Lcq = 20 m), contudo ambas as estruturas causaram erosão. O mesmo acontece
com o parâmetro ∆hc , concluindo-se que as estruturas com cotas de coroamento elevadas (e.g. Baía de
Delaware nos EUA com cota de coroamento ao nível de MBM) e cotas mais reduzidas (Kein-Marsubara:
∆hc = -2 m MBM) provocaram erosão. Por outro lado, no caso dos QDSs de Lido di Ostia ambos
apresentam uma Lcq = 15 m, no entanto o primeiro causou erosão e o segundo acreção.
Quanto às inclinações do fundo suaves ou acentuadas, como é o caso dos QDSs em Itália, mais
precisamente os que se localizam em Lido di Dante e Lido di Ostia (2o ), em ambos foi registada erosão.
Ainda em Itália, em Lido di Ostia, as taxas de transporte sedimentar longitudinal têm valores iguais a
50 000 m3 /ano na zona onde foram construídos os QDSs. Apesar disso, no primeiro o modo de resposta
verificado foi erosão e no segundo acreção. Em zonas com taxas de transporte longitudinal desprezáveis,
como exemplos o QDS em Delaware e em Lido di Dante, verificou-se erosão e acreção, respetivamente.
Os projetos que incluíram alimentação artificial tanto foram associados a modos de resposta da LC
erosivos (e.g.na Baía de Delaware, os QDSs do Japão e em Lido di Ostia (1o ) em Itália) como de acumu-
lação (e.g. em Lido di Dante, Itália e na Gold Coast, Austrália).
Ranasinghe e Turner (2006) concluem que os dados existentes atualmente de experiências de campo
com QDS (Tabelas 2.2 e 2.3) não são suficientes para permitir diferenciar entre os possíveis modos
de resposta da LC (erosão ou acreção) através dos parâmetros estruturais e ambientais. Ou seja, as

18
variáveis comprimento longitudinal do quebra-mar, largura do coroamento, cota do coroamento, declive
dos fundos nas proximidades da estrutura, taxa de transporte sedimentar longitudinal e a existência ou
não de alimentação artificial em simultâneo, não parecem estar relacionadas com os principais modos de
resposta da LC aos QDSs.

Modelação Física e Numérica

Apesar da inconsistência nas observações de campo, os resultados dos estudos laboratoriais (e.g. Turner
et al., 2001) e de modelação numérica 2DH (depth-averaged ) (e.g. Van der Biezen et al., 1998), segundo
o estudo de Ranasinghe e Turner (2006), são consistentes, sugerindo que:

• a acumulação de sedimentos pode ocorrer na zona de sombra dos QDSs que se localizam em zonas
costeiras caracterizadas por transportes sedimentares longitudinais consideráveis;

• a erosão da LC pode ocorrer na zona de sombra dos QDSs que se localizam em zonas costeiras com
agitação marítima incidente de direção normal à costa.

Assim, para uma direção da agitação marítima incidente normal à costa (e.g. transporte sedimentar
longitudinal desprezável), Ranasinghe e Turner (2006) concluem que os resultados dos estudos, tanto
laboratoriais como os de modelação numérica, descrevem um padrão de circulação induzido pela presença
do QDS que pode ser dividido em três fases: sobre a estrutura submersa geram-se correntes na direção
normal à LC, na zona de sombra da estrutura formam-se duas correntes longitudinais divergentes, e por
fim nas extremidades da estrutura formam-se dois padrões de circulação opostos em direção ao largo.
Como se pode observar pela Figura 2.14(a), este padrão de circulação induz erosão na zona de sombra do
QDS (erosão da LC e dos fundos junto à LC), isto porque as correntes que se geram nesta zona conduzem
os sedimentos para fora desta, em direção ao largo.
No caso de agitação marítima incidir obliquamente à LC, causando um transporte sedimentar longitu-
dinal significativo, Ranasinghe e Turner (2006) indica que ocorre acreção na zona de sombra da estrutura.
A presença do QDS enfraquece as correntes longitudinais na sua zona de sombra, originando a variação
do gradiente longitudinal de transporte. A barlamar da estrutura, as correntes induzidas pela presença
do QDS são opostas às correntes longitudinais geradas pela ondulação oblíqua incidente, enfraquecendo
as correntes longitudinais nesta zona. Por outro lado, a sotamar da estrutura, as duas correntes conver-
gem causando um aumento no transporte sedimentar longitudinal. Na Figura 2.14(b), observa-se uma
tendência para acumulação de sedimentos a barlamar da zona de sombra do QDS, e erosão a sotamar
desta zona.
Contudo, estes resultados não explicam toda a complexidade associada ao modo de resposta da LC
na presença de estruturas destacadas de proteção costeira submersas. Ranasinghe e Turner (2006) com-
param os resultados das modelações físicas e numéricas com as experiências de campo e concluem que as
tendências de erosão/acreção, associadas aos padrões de circulação induzidos pela estrutura apresentados
nas Figuras 2.14(a) e 2.14(b), não são consistentes. Isto porque, no caso dos QDSs construídos em zonas
costeiras com taxas de transporte sedimentar longitudinal significativos (e.g. Ranasinghe e Turner, 2006)
consideram taxas de transporte significativas para valores superiores a 50 000 m3 /ano), como é o caso do

19
(a) (b)

Figura 2.14: Representação esquemática dos padrões de circulação esperados e padrão de erosão/acreção
associado: (a) agitação marítima incidente normal à LC e (b) agitação marítima incidente oblíqua à LC.
Adaptado de Ranasinghe e Turner (2006).

QDS em Palm Beach na Florida, foi observada erosão da LC. Por outro lado, apesar de a zona costeira
de Lido di Dante em Itália apresentar uma taxa de transporte sedimentar longitudinal desprezável (e.g.
agitação marítima incidente normal à LC), o QDS construído nesta zona induziu acreção na LC.

2.4.3 Critérios para Quantificar o Modo de Resposta da LC

Nesta secção são apresentados os estudos de Black e Andrews (2001), Pilarczyk (2003), Ranasinghe et al.
(2006) e Ranasinghe et al. (2010) para a quantificação do modo de resposta da LC na presença de
estruturas submersas.

Critério de Black e Andrews, 2001

Num dos primeiros estudos, Black e Andrews (2001) tentaram quantificar a forma e as dimensões dos
salientes e tômbolos que se formam na zona de sombra dos recifes naturais visualmente recorrendo a
fotografias aéreas. No total foram analisadas 149 características de salientes e tômbolos das zonas costeiras
de New Zealand e New South Wales, na Austrália. Os recifes naturais são frequentemente associados
à formação de salientes na LC. Assim, investigando as características dos recifes naturais e salientes
associados, é possível adquirir algum conhecimento sobre o modo de resposta das estruturas submersas,
uma vez que são semelhantes.
Os resultados desta análise sugerem que o comprimento longitudinal dos recifes naturais e a distância
à LC não perturbada são os parâmetros fundamentais para distinguir entre a formação de saliente ou
tômbolo, identificando os seguintes limites:
Lq
• se DLC > 0.6 verifica-se a formação de um tômbolo;
Lq
• se DLC < 2 verifica-se a formação de um saliente.

20
Black e Andrews (2001) concluíram ainda que, no caso de um recife natural e um QDE de iguais
dimensões e localização, o saliente que se formaria na zona de sombra do recife natural seria de maiores
dimensões do que no caso de um QDE. Como Ranasinghe e Turner (2006) salientam, esta conclusão
não é intuitiva porque as estruturas emersas permitem uma maior atenuação da capacidade energética
da agitação marítima que atinge a LC e, consequentemente uma capacidade de transporte na zona de
sombra da estrutura menor o que originaria condições mais favoráveis ao desenvolvimento de um saliente
nesta zona.
Uma das limitações deste estudo é o facto de as relações empíricas propostas não permitirem dife-
renciar, para qualquer combinação de Lq e DLC , entre os modos de resposta da LC: erosão ou acreção.
Isto porque, segundo a compilação das experiências de campo com QDSs feita por Ranasinghe e Tur-
ner (2006), 70% das estruturas submersas analisadas, construídas com o objetivo de proteger a costa,
originaram erosão na sua zona de sombra.

Critério de Pilarczyk, 2003

Como já foi referido na Secção 2.3.1, Dally e Pope (1986) recomendam para um único QDE:

Lq
• para a formação de um tômbolo: DLC > 1.5 a 2;

Lq
• para a formação de um saliente: DLC < 0.5 a 0.67.

Pilarczyk (2003) propõe, como primeira aproximação, adicionar o fator (1-Kt ) às relações empíricas já
existentes para QDEs. Em que Kt representa o coeficiente de transmissão, que se define como a relação
entre a altura significativa da onda transmitida e incidente.
São vários os fatores que influenciam a transmissão da energia das ondas, incluindo a altura e largura
do coroamento, o declive da estrutura, o material pelo qual são compostos o núcleo e manto do quebra-mar
(permeabilidade e rugosidade), altura e período de onda. Assim, o aumento da transmissão da energia das
ondas diminui o efeito da difração (enfraquecimento das correntes de difração criadas nas extremidades
do quebra-mar que promovem o reajustamento dos sedimentos na zona de sombra) e consequentemente
as dimensões do saliente. Como tal, as relações que permitem orientar os projetistas para a construção
de QDSs devem incluir o coeficiente de transmissão. As relações empíricas já estabelecidas para QDEs,
segundo Pilarczyk (2003) podem ser modificadas para estruturas submersas do seguinte modo:

Lq 1.5 a 2
• tômbolo: DLC > (1−Kt )

Lq 0.67
• saliente: DLC < (1−Kt )

No entanto, tal como Black e Andrews (2001), estas relações não permitem diferenciar entre erosão
ou acreção. Os resultados apresentados por vários estudos (e.g. Ranasinghe e Turner, 2006; Ranasinghe
et al., 2006) mostram que ao contrário dos QDEs, os QDSs podem induzir erosão ou acreção da LC.
Desta forma, qualquer relação empírica que permita prever o modo de resposta da LC na presença de
QDSs deve ser capaz de diferenciar entre os parâmetros estruturais e ambientais que provocam erosão ou
acreção da LC (Ranasinghe et al., 2006).

21
Critério de Ranasinghe et al., 2006

Neste estudo, Ranasinghe et al. (2006) investigam o modo de resposta da LC de um caso específico:
um recife artificial multifuncional em forma de V. Para tal, foram realizados vários testes com modelos
numéricos 2DH e modelos físicos à escala em três dimensões (3D). Tendo como principais objetivos:
identificar os processos junto à costa que estão na base do modo de resposta da LC e investigar o impacte
de três parâmetros que estarão na base do modo e da magnitude de resposta da LC na presença de
uma estrutura multifuncional (DLC , ∆hc e a existência ou não de transporte sedimentar logitudinal
significativo).
Os resultados obtidos dos modelos testados indicam que os processos que estão na base do modo
de resposta da LC a QDSs, tais como recifes artificiais que permitem melhorar as condições para a
prática de surf, são diferentes dos que estão associados a QDEs. No caso dos QDEs é esperado que, para
qualquer combinação das características estruturais e ambientais, haja acumulação de sedimentos na LC.
Ao contrário dos QDSs, em que os modelos físicos e numéricos mostram que o modo de resposta da LC
pode ser de acreção ou erosão, tal como já tinha sido referido na Secção 2.4.2.
Ranasinghe et al. (2006) investigaram os vários parâmetros estruturais e ambientais, concluindo que o
parâmetro fundamental que permite distinguir entre os dois modos de resposta da LC na presença de uma
estrutura submersa, é a distância da estrutura à LC inicial (não perturbada). Enquanto que a direção da
agitação marítima incidente e a cota de coroamento da estrutura apenas têm influência na magnitude do
modo de resposta da LC.
Assim, com base nestas conclusões, Ranasinghe et al. (2006) propõem uma relação empírica entre os
parâmetros MLC / Lq e DLC / DZR , em que MLC representa a magnitude do modo de resposta da
LC (MLC é positivo caso o modo de resposta seja acreção e negativo caso seja erosão) e DZR a largura
da zona de rebentação. As relações propostas (Figura 2.15) constituem uma ferramenta preliminar
para determinar o modo de reposta da LC na presença de uma estrutura submersa, indicando que,
independentemente da direção da agitação marítima incidente:

DLC
• acreção: DZR > 1.5

DLC
• erosão: DZR <1

Pelo gráfico que se apresenta na Figura 2.15(a), espera-se que as dimensões do saliente sejam menores
para situações em que a direção da agitação marítima é oblíqua. Por outro lado, independentemente
da direção da agitação marítima incidente, se a estrutura se encontrar a uma distância pequena da LC
(DLC / DZR < 1) espera-se que a estrutura submersa induza erosão na LC.
A Figura 2.15(b) representa o efeito da cota de coroamento da estrutura no modo de resposta da LC
para uma direção da agitação marítima incidente normal à LC. Tanto para as estruturas com cota de
coroamento mais elevada ou mais reduzida, o modo de resposta da LC mantém-se. A magnitude do modo
de resposta da LC, a quantidade de erosão ou acreção, é menor para a estrutura com cota de coroamento
mais reduzida (∆hc = -1.0 m MBM).
Este estudo apenas se focou em três parâmetros contudo, as características do modo de resposta da
LC podem depender de um elevado número de parâmetros e combinações. Para compreender os processos

22
(a) (b)

Figura 2.15: Gráficos com as relações empíricas MLC / Lq e DLC / DZR : (a) direção da agitação marítima
incidente normal e oblíqua à LC com ∆hc = -0.5 m MBM e (b) ∆hc = -0.5 m MBM e ∆hc = -1.0 m MBM
para uma direção da agitação marítima normal à LC. Adaptado de Ranasinghe et al. (2006).

que estão na base do modo de resposta da LC na presença de QDSs é necessário ter em conta outras
variáveis, tanto estruturais (e.g. Lcq , Lq ) como ambientais (e.g. declive dos fundos, altura significativa
da agitação incidente).

Critério de Ranasinghe et al., 2010

Como referido anteriormente, para descrever este fenómeno com mais exatidão é necessário incluir mais
parâmetros. Um estudo mais completo do modo de resposta inicial da LC na presença de QDSs é feito
por Ranasinghe et al. (2010). Através da combinação de uma análise teórica e modelação numérica este
estudo investiga os principais parâmetros estruturais e ambientais que influenciam o modo de resposta da
LC na presença de um QDS paralelo à costa. Este estudo deu origem a uma relação física para o modo
de resposta da LC, em que foram incluídos mais parâmetros de projeto. A relação final obtida é dada
por: ( 3/2  2  1/2 )
h ∆hc Lq A3
= 2 log10 + 0.65 (2.1)
Ho h h h

em que Ho corresponde à altura da onda ao largo e A é um parâmetro de declividade da equação de


um perfil de equilíbrio do tipo sugerido por Dean (1991). A Equação (2.1) representa a reta que separa
as zonas com um modo de resposta erosivo do de acreção no gráfico com uma escala semi-logarítmica
apresentado na Figura 2.16.

2.4.4 Padrões de Circulação

Ao contrário dos QDEs, em que o modo de resposta da LC é determinado fundamentalmente pelo fenó-
meno da difração das ondas devido à presença da estrutura, o modo de resposta da LC na presença de
QDS é determinado pela existência de um padrão de circulação junto à costa. Este padrão de circulação
é composto pelas correntes que se geram em direção à LC sobre a estrutura submersa e gradientes de
transporte longitudinal ao nível da superfície da água na zona de sombra da estrutura. Os resultados
apresentados por Ranasinghe et al. (2006) indicam que os padrões de circulação que se geram nas pro-
ximidades dos QDSs permitem diferenciar entre os fenómenos de erosão e acreção na LC. Estes padrões

23
Figura 2.16: Relação do modo de resposta da LC com os dois parâmetros adimensionais apresentados na
Equação (2.1). Adaptado de Ranasinghe et al. (2010).

de circulação ocorrem de duas formas com vários impactes diferentes no modo de resposta da LC:

• um padrão de circulação composto por duas células, causando erosão da LC tanto na presença de
agitação incidente com direção normal ou com direção oblíqua em relação à LC (respetivamente
Figuras 2.17(a) e 2.18(a));

• um padrão de circulação composto por quatro células, causando acreção da LC tanto na presença
de agitação incidente com direção normal ou com direção oblíqua em relação à LC (respetivamente
Figuras 2.17(b) e 2.18(b)).

Além disso, como já foi referido na Secção 2.4.3, o estudo feito por Ranasinghe e Turner (2006)
indica que o parâmetro fundamental (dos parâmetros estruturais e ambientais analisados) que permite
distinguir entre os dois modos de reposta da LC (erosão ou acreção) é a distância da estrutura submersa
à LC não perturbada. Quer ocorra a formação de um padrão de circulação de duas ou quatro células,
este é dependente da distância entre a LC e o QDS. Uma distância relativamente curta dá origem a um
padrão de duas células, enquanto que uma distância relativamente grande origina um padrão de quatro
células, independentemente da direção da agitação incidente.
Na Figura 2.17(a), o padrão de circulação é gerado por duas células de circulação divergentes na zona
de sombra do QDS. Estas células de circulação junto à costa são formadas pelas correntes sobre o QDS
em direção à costa, as quais divergem na LC gerando duas correntes longitudinais divergentes na LC na
zona de sombra do QDS.

24
Contudo, afastando o QDS da LC (Figura 2.17(b)), além das duas células com direções opostas ime-
diatamente atrás da estrutura (que também se observam no caso da Figura 2.17(a)), são observadas duas
outras células de circulação junto à costa. As direções de rotação destas duas células de circulação junto
à costa são contrárias às células de circulação imediatamente atrás do QDS. As duas células de circulação
em direção ao largo (imediatamente atrás do QDS) são geradas pelas correntes sobre o coroamento do
QDS em direção à costa, as quais divergem quando atingem as duas outras células de circulação (junto à
costa), originando duas correntes longitudinais divergentes a meio da distância entre a estrutura e a LC.
Na LC dentro da zona de sombra do QDS, as correntes convergem devido à formação das duas células
de circulação contrárias junto à costa.
As Figuras 2.18(a) e 2.18(b) representam os casos em que a direção da agitação incidente é oblíqua
à LC. Na primeira, o padrão de circulação induzido pela presença do QDS sobrepõe-se ao transporte
sedimentar longitudinal gerado pela ondulação oblíqua incidente. O padrão de circulação formado é com-
posto por correntes divergentes na LC na zona de sombra do QDS e correntes convergentes ligeiramente
a barlamar do QDS. É possível observar, na metade a barlamar da LC na zona de sombra do QDS, um
enfraquecimento das correntes longitudinais em direção a barlamar. Enquanto que na metade a sotamar
da LC na zona de sombra do QDS intensificam-se as correntes longitudinais em direção a sotamar.
Na Figura 2.18(b), quando o QDS é afastado da LC, o padrão de circulação gerado é formado por
quatro células, sendo semelhante ao da Figura 2.17(b) (no caso da direção da agitação incidente ser normal
à LC): duas células de circulação contrárias imediatamente atrás do QDS e outras duas células também de
direções opostas junto à LC. Contudo, devido à presença do transporte sedimentar longitudinal originado
pela ondulação oblíqua estas células de circulação são assimétricas, sendo esta a principal diferença entre
o modo de resposta da LC com uma direção da agitação incidente normal ou oblíqua em relação à
LC. As duas células de circulação que se formam junto à LC têm direções contrárias e, por isso estas
convergem na LC dentro da zona de sombra do QDS. A interação entre o padrão de circulação induzido
pela estrutura e as correntes longitudinais originadas pela ondulação oblíqua incidente, enfraquece as
correntes longitudinais na metade a sotamar da LC dentro da zona de sombra do QDS e intensifica as
correntes longitudinais na metade a barlamar da LC dentro da zona de sombra do QDS.
Ranasinghe et al. (2006) concluem dos resultados obtidos com a modelação numérica 2DH e das
simulações 3D com modelos físicos à escala que:

• para uma agitação marítima incidente normal à LC, o modo de resposta da LC na presença de uma
estrutura submersa resulta das correntes induzidas pela estrutura;

• para uma agitação marítima incidente oblíqua à LC, o modo de resposta da LC resulta da interação
entre as correntes induzidas pela estrutura e o transporte sedimentar longitudinal originado pela
agitação incidente.

Resumindo, ocorre erosão da LC quando o padrão de circulação é constituído por correntes longitu-
dinais divergentes na LC na zona de sombra da estrutura submersa. Pelo contrário, observa-se acreção
da LC quando são geradas correntes longitudinais convergentes na LC na zona de sombra da estrutura
submersa.

25
(a) (b)

Figura 2.17: Padrões de circulação induzidos pela presença do QDS no caso da direção da agitação
marítima incidente ser normal à LC: (a) padrão formado por duas células originando erosão na LC e (b)
padrão formado por duas células originando acreção na LC. Retirado de Ranasinghe et al. (2010).

Figura 2.18: Padrões de circulação induzidos pela presença do QDS no caso da direção da agitação
marítima incidente ser oblíqua à LC: (a) padrão formado por duas células originando erosão na LC e (b)
padrão formado por duas células originando acreção na LC. Retirado de Ranasinghe et al. (2010).

26
Capítulo 3

Caracterização da Zona de Estudo

Um dos objetivos desta dissertação é simular a morfodinâmica na proximidade de um QDS e em toda


a zona ativa da praia por ele afetada com recurso à modelação numérica, para as condições hidro-
sedimentológicas típicas do trecho costeiro em análise: da embocadura do rio Mondego até à embocadura
do rio Lis. Como tal, neste capítulo caracteriza-se a zona de estudo recorrendo a dados de agitação
marítima, topo-hidrografia e sedimentologia, para a definição dos modelos numéricos.

3.1 Enquadramento
O trecho litoral em estudo localiza-se na zona centro-ocidental de Portugal, sendo delimitado a norte pela
embocadura do rio Mondego, com os seus dois molhes, e a sul pela embocadura do rio Lis, regularizada
com dois esporões (Figura 3.1). O sistema arenoso contínuo de praia-duna, constitui o trecho costeiro
aproximadamente retilíneo com comprimento de 32 km e direção média de 19.6◦ N (Oliveira e Brito,
2015). Este caracteriza-se pela existência de praia natural em toda a sua extensão e pelas arribas ativas
existentes que se encontram inscritas em dunas pouco elevadas que se prolongam para o interior. Além
disso, as linhas batimétricas no trecho em análise são paralelas entre si, apresentando grande regularidade.
A unidade fisiográfica em estudo inclui a frente oceânica dos núcleos urbanos da Gala-Cova, Costa de
Lavos, Leirosa e Pedrógão. A sul destas localidades, o largo areal é interrompido por um afloramento
rochoso em Pedrógão (promontório – PP).
O trecho em análise caracteriza-se por estar permanentemente sujeito a um regime de agitação marí-
tima que conduz a um intenso transporte litoral de sedimentos, dirigido para sul. No entanto, a construção
dos molhes da barra do Mondego e as intervenções efetuadas no trecho fluvial e estuariano deste rio pro-
vocaram uma quebra no transporte litoral, com consequências diretas no recuo significativo da LC na
praia da Cova (imediatamente a sul da barra do porto da Figueira da Foz). Desde meados do século pas-
sado que este trecho foi fortemente influenciado por intervenções antrópicas de diversos tipos (e.g., Dias
et al., 1994; Oliveira e Brito, 2015) de modo a contrariar carências e acreções sedimentares indesejadas e
modelar o perfil da costa, bem como proteger os aglomerados populacionais existentes na zona de estudo
(Figura 3.1): cinco esporões na praia de Gala-Cova (EGC), um esporão na Costa de Lavos (ECL), um

27
esporão em Leirosa (EL) e as defesas longitudinais aderentes da Gala-Cova e Leirosa.

Figura 3.1: Localização do trecho litoral em estudo, compreendido entre as embocaduras do rio Mon-
dego e do rio Lis, e vista aérea das principais estruturas e centros urbanos adjacentes. Adaptado de
http://portugalfotografiaaerea.blogspot.com (acedido a setembro de 2018).

A agitação marítima local e os sedimentos da praia influenciam a evolução da LC, assim como as
diversas intervenções antrópicas realizadas ao longo do tempo no trecho em estudo. Nas imagem da
Figura 3.2 é possível observar na Gala-Cova, a sotamar do esporão sul, o recuo da duna (Figura 3.2(a))
e o recuo da LC (Figura 3.2(b)).

(a) (b)

Figura 3.2: Último esporão a sul do campo de cinco esporões da Gala-Cova: (a) recuo da duna a sotamar
do esporão sul, abril de 2017 e (b) imagem de satélite da erosão a sotamar do esporão sul. Retirado de
Google Earth, junho de 2013

Oliveira (2016b) aplicou o modelo numérico LITLINE (inserido no sistema de modelos Litpack) para
prever a evolução da LC na zona de estudo, para os anos 2010, 2014, 2018 e 2022. Os resultados obtidos
através deste modelo, para o cenário de prolongamento do molhe norte da embocadura do rio Mondego,

28
encontram-se apresentados na Figura 3.3. Note-se que a construção dos molhes da embocadura do rio
Mondego ocorreram entre 1961 – 1965, e o prolongamento do molhe norte ocorreu no período entre 2008
e 2010.

Figura 3.3: Resultados de previsão: LC em 2008 medida e LCs numéricas referentes a 2010, 2014, 2018
e 2022, obtidas com o modelo LITLINE. Adaptado de Oliveira (2016b).

Com base nas LC previstas, Oliveira (2016b) prevê um recuo generalizado da LC, sendo este mais
significativo a sotamar da Leirosa. À medida que o afastamento em relação aos molhes do porto da
Figueira da Foz aumenta, prevê-se uma diminuição da intensidade dos avanços e recuos da LC. Oliveira
(2016b) conclui que existe um período inicial de adaptação da LC em resposta à carência sedimentar
resultante das dragagens e retenção de areia na praia da Figueira da Foz após o prolongamento do molhe
(até 2018). A partir de 2018, os avanços e recuos da LC apresentam variações menores, indicando que a
LC começa a tender para uma posição de equilíbrio.

3.2 Agitação Marítima


Para o estudo da morfodinâmica costeira, tendo como base a modelação numérica através da aplicação dos
modelos Delft3D e LITLINE, é necessário caracterizar o regime de agitação marítima local, nomeadamente
os seguintes parâmetros: altura significativa (Hs ), período de pico (Tp ) e direção da agitação incidente
(Dir).
No estudo de Oliveira (2016b) foi feita uma análise estatística de uma extensa série temporal de 59
anos (dados hindcast), durante o período de 1952 – 2010, de dados da agitação marítima ao largo na costa
da Figueira da Foz. Com base na análise estatística do regime geral e da sua variabilidade, por estação
marítima e por mês, o autor caracteriza a agitação marítima na zona em estudo e a sua sazonalidade.

29
Da caracterização da agitação marítima, Oliveira (2016b) concluiu que a zona de estudo está sujeita a
um regime geral de agitação marítima de elevada energia, fortemente caracterizado pela sazonalidade. Os
parâmetros integrais do espectro de energia médio obtidos caracterizam-se por Hs = 2.15 m, Tp = 11.5 s
e Dir = 299.5◦ N (10◦ rodados a N relativamente à normal da LC no trecho em estudo) – para simplificar
este espectro de energia irá ser referido como onda média. Para a construção dos modelos, foram utilizados
como input os valores médios obtidos neste estudo. No entanto, foi necessário orientar a LC com a direção
norte, obtendo a direção média náutica igual a 280◦ N.
Quanto aos parâmetros integrais do espectro de energia mais frequente (para simplificar este espectro
de energia irá ser referido como onda mais frequente), o mesmo estudo obteve 1.0 < Hs < 1.5 m associada a
300 < Dir < 310◦ N e 8 < Tp < 10 s. Adotando-se para os dados de input do modelo os valores intermédios:
Hs = 1.25 m, Tp = 9 s e Dir = 305◦ N. Tal como feito para o caso da onda média, é necessário orientar
a LC com a direção norte, obtendo-se a direção náutica igual a 285.5◦ N.

3.3 Topo-hidrografia e sedimentologia


Para a modelação do transporte sedimentar longitudinal e da evolução da LC é fundamental o conhe-
cimento das características topo-hidrográficas do perfil de praia e dos sedimentos existentes na zona de
estudo. Como tal, para a definição das condições de teste dos modelos utilizados considerou-se um per-
fil de praia uniforme no trecho em estudo de modo a limitar a complexidade das computações físicas
subjacentes.
O perfil transversal representativo de praia foi selecionado com base no estudo de Oliveira (2014) que
consistiu na elaboração de um modelo digital de terreno e, com base neste, procedeu a uma caracterização
morfológica do trecho litoral em análise. A autora repartiu o trecho costeiro em cinco sub-trechos (do
molhe sul da embocadura do rio Mondego ao último esporão do campo EGC; do último esporão do
campo de EGC ao ECL; do ECL ao EL; do EL ao PP; e do PP ao molhe norte da embocadura do rio
Lis) condicionados pelas estruturas transversais existentes, identificando as suas principais características
morfológicas. De seguida, de entre dezoito perfis, selecionou o perfil transversal que melhor representa
cada sub-trecho. Na Figura 3.4 identificam-se os perfis transversais de praia selecionados P4, P7, P10,
P13 e P17, bem como as estruturas transversais existentes construídas e naturais.
O perfil representativo de cada um dos cinco sub-trechos considerados no estudo de Oliveira (2014)
foi selecionado tendo em conta os seguintes critérios: a centralidade do perfil no respetivo sub-trecho e a
geometria interior à envolvente do conjunto dos perfis desse sub-trecho.
Oliveira (2016a) comparou estes perfis de praia (P4, P7, P10, P13 e P17) com os perfis de equilíbrio
obtidos para valores de diâmetro mediano (D50 ) de 0.2 a 0.6 mm, em intervalos de 0.1 mm. Importa referir
que um perfil de equilíbrio é um perfil estatisticamente médio que mantém a sua forma independentemente
de pequenas variações (incluindo as sazonais). Desta comparação, a autora selecionou o perfil P7 como
representativo da extensão global do trecho litoral em estudo, pelo facto de se aproximar do que seria
uma morfologia média da zona de estudo. Refere-se ainda que o perfil P7, quando comparado com os
restantes perfis de praia, não apresenta tão notoriamente a formação das barras nos fundos originadas

30
Figura 3.4: Localização dos perfis transversais de praia (P1 a P18) na zona de estudo.Adaptado de Oliveira
(2014).

nos períodos de inverno, que são compensadas nos períodos de verão.


A escolha do D50 por Oliveira (2016a) foi feita com base no perfil representativo P7, devido ao facto
de a forma do perfil de praia estar relacionada com a dimensão dos sedimentos constituintes. Como tal,
conclui que o perfil de equilíbrio para D50 = 0.3 mm é o que mais se aproxima, em termos de morfologia,
ao perfil P7. Para a definição dos modelos numéricos, a granulometria dos sedimentos foi considerada
uniforme em toda a extensão do trecho costeiro com um D50 = 0.3 mm.
Na Figura 3.5 encontram-se representados os perfil P7 e o perfil de equilíbrio para D50 = 0.3 mm.
Por observação destes dois perfis, mas tendo como base os restantes perfis de praia (P4, P7, P10, P13
e P17), foi obtido um perfil simplificado com três zonas distintas e uniforme longitudinalmente ao longo
do trecho litoral (Oliveira, 2016a). Por ajuste visual, definiram-se três declives para cada uma das zonas
(Figura 3.5):

• duna frontal – 1:3.5 (localizada entre 4 m acima do ZH e o coroamento da duna frontal a 14 m


acima do ZH);

• face de praia – 1:25 (localizada entre o ZH e 4 m acima do ZH);

• perfil submerso – 1:77 (localizado entre 12 m abaixo do ZH e o ZH).

A utilização de fundos simplificados (sedimentos e perfil de praia) e uniformes ao longo do trecho em


estudo na modelação numérica permite limitar a complexidade dos processos costeiros e assim controlar
e compreender melhor os mesmos. Como tal, facilita a análise da influência de um QDS nos processos
hidro-sedimentológicos simulados.

31
Figura 3.5: Perfil de praia P7, perfil de equilíbrio para D50 = 0.3 mm e perfil simplificado representativos
da zona de estudo. Adaptado de Oliveira (2016b).

32
Capítulo 4

Aplicação do Modelo 2DH

Neste capítulo introduz-se o modelo numérico na forma bidimensional integrado na vertical (2DH) imple-
mentado no sistema de modelos Delft3D e descrevem-se as configurações paramétricas utilizadas de modo
a ajustar o modelo ao caso de estudo. É avaliado o seu desempenho para simular a morfodinâmica na
proximidade de um quebra-mar destacado e em toda a zona ativa da praia por ele afetada, para as condi-
ções hidro-sedimentológicas típicas do trecho costeiro em estudo. Inicialmente, realizou-se uma simulação
sem quebra-mar para testar o efeito da onda média no trecho costeiro em estudo. Depois, definiu-se um
caso de referência para simular a morfodinâmica na vizinhança de um QDS de modo a testar o efeito dos
parâmetros estruturais elevação do coroamento, distância à LC e comprimento do quebra-mar na direção
longitudinal. Para além disso, foi testada a resposta morfológica para diferentes condições de agitação
marítima (onda média e mais frequente).

4.1 Sistema de Modelação Delft3D

4.1.1 Breve Introdução ao Sistema de Modelação

O sistema de modelos Delft3D (versão 4.00.02), que tem vindo a ser desenvolvido pela Deltares, constitui
uma plataforma de computação para zonas costeiras, estuarinas e rios (Deltares, 2011a). É composto
por vários módulos que, em conjunto, permitem simular o escoamento (com base nas equações de águas
pouco profundas – shallow-water equations), a geração e propagação de ondas curtas, o transporte de
sedimentos e as alterações morfológicas, a modelação de processos ecológicos e parâmetros de qualidade
da água (Lesser et al., 2004). Cada módulo pode ser executado independentemente ou combinado com
os restantes. Neste capítulo irão apenas ser apresentados o módulo principal, Delft3D-FLOW (Deltares,
2011a), e o módulo Delft3D-WAVE (Deltares, 2011e) que se destinam, respetivamente, à simulação da
hidrodinâmica (e transporte) e das ondas.
O módulo WAVE pode ser acoplado ao módulo FLOW (online), permitindo a interação entre os
dois módulos em intervalos de tempo regulares (definidos pelo utilizador). Nesse caso, o módulo WAVE
recalcula as condições de agitação marítima (propagação de ondas e de correntes geradas por ondas)
para os fundos atualizados pelo módulo FLOW para esses intervalos. As condições de agitação marítima

33
atualizadas são assim usadas como input no módulo FLOW. Esta é a abordagem utilizada neste estudo
encontrando-se ilustrada na Figura 4.1.

Figura 4.1: Esquema computacional do sistema de modelação Delft3D. Adaptado de Treffers (2009).

Além dos módulos incorporados no Delft3D, este sistema também inclui vários programas que facilitam
o tratamento de dados, tais como o Delft3D-RGFGRID e Delft3D-QUICKIN. O Delft3D-RGFGRID (Del-
tares, 2011d) permite a criação, modificação e visualização das grelhas computacionais ortogonais e cur-
vilíneas que serão utilizadas nos módulos de processamento FLOW e WAVE. O principal objetivo do
programa de pré-processamento Delft3D-QUICKIN (Deltares, 2011b) é a criação, manipulação e visua-
lização dos dados de batimetria que também serão utilizados como input nos módulos FLOW e WAVE.
Por fim, como pós-processador é utilizado o programa Delft3D-QUICKPLOT (Deltares, 2011c) para
visualizar os resultados numéricos produzidos pelos módulos incorporados no Delft3D.

4.1.2 Componente da Hidrodinâmica

O modelo hidrodinâmico Delft3D-FLOW pode ser utilizado na forma bidimensional (2DH), integrado na
vertical, ou na forma tridimensional (3D). Se as propriedades do escoamento puderem ser consideradas
homogéneas verticalmente, é apropriada a resolução das equações de hidrodinâmica de forma bidimen-
sional. Pelo contrário, a modelação em 3D é adequada para situações em que o campo de escoamento
horizontal apresenta variações significativas ao longo da direção vertical. A descrição detalhada das equa-
ções de hidrodinâmica, os pressupostos, as condições de fronteira e a implementação numérica utilizada
no sistema Delft3D encontra-se descrita em Lesser et al. (2004) e no manual do módulo FLOW Deltares
(2011a).
O módulo FLOW resolve as equações de Navier-Stokes para escoamentos de fluídos incompressíveis de
acordo com as equações de águas pouco profundas (shallow-water equations) e as hipóteses de Boussinesq.
Baseia-se na equação de conservação da massa (equação da continuidade), na equação da conservação da
quantidade de movimento e na equação de transporte (advecção-difusão) de constituintes conservativos.
As acelerações verticais são negligenciadas, uma vez que se assumem como pequenas comparadas com
a aceleração gravitacional. Como tal, a equação de momento vertical é reduzida à relação da pressão

34
hidrostática (Lesser et al., 2004). O conjunto das equações diferenciais parciais governantes combinadas
com as equações de fronteira e as equações de condições iniciais é resolvido através da técnica numérica
de diferenças finitas (Deltares, 2011a).
Importa ainda referir que os domínios de aplicação do módulo Delft3D-FLOW em sistemas costeiros,
estuarinos e fluviais, incluem: escoamentos devidos à maré e ao vento, escoamentos estratificados (devido
a uma distribuição vertical não-uniforme da salinidade ou da temperatura), tsunamis, transporte de
poluentes, transporte de sedimentos, coesivos e não-coesivos, e evolução morfológica por efeito de correntes
e ondas (acoplado com o módulo Delft3D-WAVE), entre outros.

4.1.3 Componente da Agitação Marítima

O modelo de hidrodinâmica considera a interação entre ondas e correntes através do acoplamento com um
modelo de ondas curtas, o modelo SWAN, acrónimo para Simulating WAves Nearshore (Booij et al., 1999;
Deltares, 2011e). O módulo Delft3D-WAVE baseia-se neste modelo de terceira geração, que considera
os processos físicos de refração e empolamento devido a variações do fundo e presença de correntes,
processos de geração de ondas devido ao vento, dissipação de energia devido ao excesso de declividade
(whitecapping), dissipação devido ao atrito de fundo, dissipação através da rebentação induzida pela
profundidade, interações não lineares onda-onda, bloqueio de ondas devido a correntes, transmissão
através de obstáculos e sobreelevação da superfície livre induzida pelas ondas.
O modelo SWAN fornece os parâmetros característicos das ondas através da evolução do espectro
direcional junto à costa, calculando a evolução deste espetro através da equação do balanço espetral da
ação de onda.

4.1.4 Componente da Morfodinâmica

O modelo de morfodinâmica considera dois tipos distintos de transporte de sedimentos (em suspensão
e por arrastamento) e a atualização do fundo (da batimetria) (Deltares, 2011a). O modelo calcula o
transporte de sedimentos em suspensão através da equação de advecção - difusão e o transporte por
arrastamento (ou de fundo) para sedimentos não coesivos através da formulação de Van Rijn (Van Rijn,
1993).
Van Rijn (1993) distingue o transporte de fundo do de suspensão com base numa altura de referência.
Abaixo desta altura o transporte de sedimentos é tratado como transporte de fundo e acima o transporte
de sedimentos é tratado como sedimento em suspensão (Deltares, 2011a). Para simulações que incluem
ondas, o método calcula a magnitude e a direção do transporte de fundo. A magnitude do transporte de
fundo, Sb (kg/m/s), obtém-se através de

| Sb |= 0.006ρs ws D50 M 0.5 Me0.7 , (4.1)

em que ρs representa a massa volúmica dos sedimentos, ws representa a velocidade de queda, M o número
de mobilidade devido às ondas e correntes e Me o número de mobilidade de sedimentos em excesso, que

35
se obtêm através das equações seguintes, respetivamente

2 2
vR + Uon
M= (4.2)
(s − 1)gD50

e p
2 + U 2 − v )2
( vR on cr
Me = , (4.3)
(s − 1)gD50

onde vR é a magnitude da velocidade equivalente média em função da profundidade, Uon é a velocidade


orbital, s é a densidade relativa dos sedimentos (ρs /ρ, em que ρ é a massa volúmica da água), vcr é a
velocidade média crítica para o início do movimento e g é a aceleração gravidade.
A direção do transporte de fundo encontra-se subdividida em duas componentes: devido à correntes
(Sb,c ) e devido à ondas (Sb,w ). Estas componentes obtêm-se através de

Sb
Sb,c = r  2   (4.4)
(|Uon |−vcr )3 (|Uon |−vcr )3
1+ (|vR |−vcr )3 +2 (|vR |−vcr )3 cos ϕ

e
(| Uon | −vcr )3
| Sb,w |= | Sb,c |, (4.5)
(| vR | −vcr )3

em que ϕ é o ângulo entre a direção da corrente e da onda.


Este método também contabiliza o efeito da assimetria das ondas no transporte de sedimentos em
suspensão, Ss,w (kg/m/s), usando
Ss,w = 0.2fSU SW UA LT , (4.6)

onde fSU SW é um fator de calibração, UA é o valor de assimetria da velocidade e LT é a carga de


sedimentos em suspensão (LT = 0.007ρD50 Me ).
Finalmente, a atualização do fundo é calculada através de um volume de controlo, correspondente a
uma célula, da malha estruturada alternada no plano horizontal, cujo centro é o ponto de cálculo onde é
estimado o nível da água, tendo em conta o transporte de fundo.

4.2 Definição do Modelo 2DH

4.2.1 Módulo Delft3D-FLOW

Geração da Malha FLOW (Delft3D-RGFGRID)

Como já foi referido na Secção 4.1.2, o método numérico do Delft3D-FLOW baseia-se na técnica numérica
de diferenças finitas. Para discretizar as equações de águas pouco profundas no espaço, a área em estudo
é representada por uma malha estruturada alternada no plano horizontal (Deltares, 2011a). A malha
gerada para a zona de estudo com recurso ao programa Delft3D-RGFGRID encontra-se referenciada num
sistema de coordenadas cartesianas.
De modo a afastar as fronteiras do domínio de cálculo, a malha FLOW abrange um domínio maior
que o de estudo, garantido que a posição da fronteira não influencia os resultados. Ruas (2017) aplicou o

36
sistema de modelos Delft3D na mesma zona de estudo para testar a morfodinâmica nas proximidades de
um esporão. Tendo realizado várias simulações para determinar a largura da malha FLOW que permitia
cobrir a zona ativa da praia em estudo, concluiu que a partir de - 8 m ZH a batimetria já não sofria
alterações (ou seja, para uma distância à LC de 790 m).
Para simular a morfodinâmica nas proximidades de um QDS, aplicou-se o modelo a uma área de 2000 m
de comprimento e 790 m de largura. Como tal, gerou-se uma malha retangular 2DH com 400×158 células
(na direção longitudinal e transversal, respetivamente) e uma resolução constante ∆ y = ∆ x = 5 m
(direção longitudinal e transversal, respetivamente). É de referir que esta malha se aplica apenas ao
módulo FLOW (malha FLOW). Na Secção 4.2.2 irá ser descrita a malha gerada para o módulo WAVE
(malha WAVE). Na Figura 4.2 apresentam-se os limites de ambas as malhas. A latitude e a orientação
do modelo foram configuradas para serem iguais a zero, de modo a excluir a força de Coriolis.

Figura 4.2: Limites das malhas FLOW e WAVE definidos no sistema de modelos Delft3D.

Geração da Batimetria (Delft3D-QUICKIN)

A batimetria inicial foi construída através do programa Delft3D-QUICKIN com base no perfil simpli-
ficado representativo de toda a zona de estudo, tal como descrito na Secção 3.3, e na malha FLOW
mencionada na secção anterior. Atribui-se a cada nó da malha a cota correspondente, considerando-se o
perfil representativo uniforme longitudinalmente à exceção dos nós correspondentes à posição do QDS.
Para incluir o QDS, a batimetria é alterada localmente com base nos parâmetros estruturais como o
declive dos taludes do quebra-mar, a largura do coroamento, a elevação do coroamento e a distância da
estrutura à LC. Os taludes do quebra-mar foram mantidos constantes para todos os testes realizados de
modo a não introduzir complexidade ao modelo, considerando-se um comprimento de 20 m nos taludes
dos perfis transversais e longitudinais. Na Figura 4.3(a) apresenta-se a batimetria gerada correspondente
à situação inicial em planta (2DH) e um perfil transversal em y = 2000 m e na Figura 4.3(b) encontra-se
representada a visão em 3D da batimetria inicial.

Thin Dams

A utilização de Thin Dams interrompe a transferência de processos no local onde estas barreiras são
definidas (Deltares, 2011a). Após vários testes de sensibilidade, concluiu-se que este tipo de barreira
não deve ser considerada de modo a permitir a continuidade da resolução das equações governantes
(do escoamento, da continuidade da massa e do transporte sedimentar) sobre o quebra-mar. O QDS

37
(a)

(b)

Figura 4.3: Batimetria inicial da zona de estudo considerada no módulo FLOW: (a) planta (2DH) e perfil
transversal abrangendo o QDS e (b) visão 3D.

fica apenas definido como estrutura, ou fundo sólido, através da inserção da layer não erodível e da
diferença de rugosidade do fundo, como irá ser explicado com mais pormenor no grupo de dados Physical
parameters.

Time Frame

A definição do tempo de corrida de cada simulação é feita no grupo de dados Time frame. O tempo
de corrida definido para a simulação da resposta morfológica nas proximidades do QDS foi 30 dias,

38
sintetizado para um dia, como irá se explicado na secção dos Physical Parameters, através do fator de
escala morfológico. O passo de cálculo temporal, time step (∆t), é definido em função do número de
Courant que é dado por (Deltares, 2011a):
s

 
1 1
Ct = 2∆t gh 2
+ < 4 2. (4.7)
∆x ∆y 2

Com base nesta limitação obteve-se um time step igual a 0.05 min.

Processes e Initial Conditions

Apenas foram tidos em conta os processos associados a sedimentos (constituents) e ondas (physical ),
desprezando a ação do vento. Quanto aos sedimentos definiram-se como não coesivos (areia), por serem o
principal constituinte da faixa litoral em estudo. O acoplamento com o módulo WAVE (online) permite
a consideração das ondas. Na definição das condições iniciais, o nível do mar considerou-se constante e
igual a 2 m acima do ZH e a concentração inicial de sedimentos manteve-se igual a zero (default).

Boundaries

A escolha do tipo de condição de fronteira depende das condições da zona de estudo. As fronteiras devem
situar-se o mais afastadas possíveis da área em estudo, ou seja, da zona de influência do QDS, para não
condicionarem os resultados das simulações. Numa fronteira aberta, é necessário definir as condições de
fronteira do escoamento e transporte. Estas condições representam a influência das áreas exteriores à área
do modelo em análise. Para a representação do sistema costeiro consideraram-se condições de Neumann
nas fronteiras norte e sul, a condição de water level para a fronteira oeste e a fronteira fechada a este,
que representa a LC.
As condições de fronteira de Neumann definem o gradiente do nível de água a norte e sul da LC.
Assumiu-se que nestas fronteiras a variação do nível do mar (η) é zero, uma vez que os efeitos da variação
das marés não são incluídos, obtendo-se
∂η
= 0. (4.8)
∂x

Este tipo de condição de fronteira apenas pode ser aplicado nas fronteiras transversais e combinado
com uma fronteira do tipo water level (Deltares, 2011a). Como tal, na fronteira oeste o nível do mar é a
grandeza que define as condições de fronteira impostas pelo modelo, com um nível constante igual a 2 m
acima do ZH.
As condições de transporte de sedimentos (areia) foram definidas iguais a 0 kg/m3 , constantes ao
longo das fronteiras.

Physical Parameters

No grupo de dados Physical Parameters é possível definir vários parâmetros relacionados com as condições
físicas da área em estudo. As definições utilizadas na construção do modelo apresentam-se na Tabela 4.1
e de seguida são feitos alguns comentários à definição de alguns parâmetros da Tabela 4.1 com maior

39
relevância:

Tabela 4.1: Definição dos parâmetros físicos no módulo FLOW aplicados à zona de estudo.

Classes Parâmetros Configurações

Gravidade 9.81 m/s2


Constantes
Densidade da água 1025 kg/m3

Fórmula da rugosidade Chézy

Uniforme/Ficheiro Ficheiro (ver comentário)


Rugosidade
Tensões induzidas pelas ondas Fredsøe (1984)

Condição de deslizamento (rugosidade das paredes) Livre

Background horizontal viscosity/diffusivity Uniforme

Viscosidade Viscosidade turbulenta horizontal 1 m2 /s

Horizontal eddy diffusivity 10 m2 /s

Reference density for hindered settling 1600 kg/m3

Densidade específica 2650 kg/m3

Sedimentos Densidade específica seca 1600 kg/m3

Diâmetro mediano do grão (D50 ) 0.3 mm

Espessura inicial da camada de sedimentos do fundo Ficheiro (ver comentário)

Atualizar a batimetria durante a simulação do FLOW V

Incluir o efeito dos sedimentos na densidade do fluído 4

Equilibrium sand concentration profile at inflow boundaries V

Fator de escala morfológico (morfac) 30

Intervalo de spin-up antes das alterações morfológicas 50 min

Profundidade mínima para os cálculos associados aos sedimentos 0.1 m

Fator da altura de referência da formulação de Van Rijn 1


Morfologia
Threshold sediment thickness 0.050000001 m

Fator da altura estimada para as formas de fundo (ripples) 2

Factor for erosion of adjacent dry cells 0

Fator da concentração de referência associado às correntes 1

Fator da magnitude do vetor de transporte associado às correntes 1

Fator de transporte em suspensão associado às ondas 0.1

Fator de transporte de fundo associado às ondas 0.1

• Rugosidade: a rugosidade do fundo é calculada através da fórmula de Chézy. Para ter em con-
sideração as diferenças entre a rugosidade do fundo de areia e do material que compõe o QDS, é
introduzido um ficheiro que traduz a variação espacial do coeficiente de Chézy. Como tal, é possível
definir um valor mais baixo do coeficiente de Chézy para o coroamento do QDS utilizando um valor
igual a C = 20 m1/2 s-1 e para os fundos de areia um coeficiente C = 65 m1/2 s-1 (default). Refira-se
que o valor mais baixo do coeficiente de Chézy (dependente do material do QDS) apenas é aplicado
no seu coroamento e não nos taludes, uma vez que foram feitas várias simulações e esta abordagem
foi a que apresentou melhores resultados. Quanto à condição de deslizamento considerou-se livre,

40
o que significa que a tensão tangencial de arrastamento é zero.

• Viscosidade: foram utilizados os valores de default do módulo FLOW.

• Sedimentos: o diâmetro mediano do grão (D50 ) foi introduzido com base na sedimentologia da
zona de estudo (ver Secção 3.3). Para incluir o QDS como não erodível no modelo, foi necessário
adicionar um ficheiro com as espessuras iniciais da camada de sedimentos do fundo (layer ). Neste
definiu-se o QDS como não erodível estabelecendo a espessura inicial da camada de sedimentos,
tanto nos taludes como no coroamento do quebra-mar, igual a zero. Na restante batimetria, os
fundos consistem numa camada de sedimentos igual a 5 m (default), permitindo a ocorrência de
alterações morfológicas.

• Morfac: o fator de escala morfológico, fM OR , é um mecanismo usado para resolver o problema


da diferença nas escalas temporais entre os desenvolvimentos hidrodinâmicos e de morfologia, per-
mitindo realizar simulações numéricas da evolução costeira para largas escalas temporais. Uma
vez que os desenvolvimentos da morfologia ocorrem numa escala de tempo superior às alterações
devido ao escoamento, o princípio subjacente a este fator consiste em multiplicar as alterações do
fundo a cada passo de cálculo hidrodinâmico por um fator constante de modo a aumentar o passo
de cálculo da morfologia: ∆tmorf ologia = fM OR ∆thidrodinâmica (Lesser et al., 2004). Definindo um
fator morfac igual a 30, significa que a erosão/acumulação após cada passo de cálculo é multiplicada
por 30. Como o período de simulação foi definido de um dia (ver secção relativa ao Time frame)
os resultados da simulações correspondem a 30 dias.

• Intervalo de spin-up: as simulações hidrodinâmicas demoram tempo a estabilizar após a transição


entre as condições iniciais e as condições impostas pelas condições de fronteira. Durante este período
de estabilização os padrões de erosão e acreção que ocorrem não refletem as alterações morfológicas
que ocorrem na realidade e por isso devem ser ignorados (Deltares, 2011a). Assim, definiu-se que
50 minutos após o início da simulação é que se inicia a atualização morfológica dos fundos.

• Fatores de transporte associados às ondas: os valores dos fatores de transporte em suspensão e


de fundo usados foram calibrados no estudo de Oliveira et al. (2018) para os dois modelos (Delft3D
e LITLINE) de modo a que o transporte longitudinal obtido igualasse 1 800 000 m3 /ano, valor
conhecido para a costa portuguesa (Vicente e Pereira, 1986).

Numerical Parameters

Na Tabela 4.2, encontram-se os parâmetros numéricos utilizados no módulo FLOW. Importa referir que o
tempo de amaciamento (smoothing time) determina o intervalo de tempo em que as condições de fronteira
aberta são gradualmente aplicadas, impedindo a introdução de perturbações de ondas curtas no modelo.

Output Storage

Neste grupo de dados é possível especificar quais os resultados computacionais que serão armazenados
para futura análise ou para outros cálculos numéricos. O sistema de modelos Delft3D utiliza quatro tipos

41
Tabela 4.2: Definição dos parâmetros numéricos no módulo FLOW aplicados à zona de estudo.

Grupo de Dados Parâmetros Configurações

Verificação do drying e flooding Centro e faces das células da malha

Cota especificada em: Cantos das células da malha

Cota no centro das células da malha Max

Cota nas faces das células da malha Mor

Profundidade limite 0.1 m


Numerical parameters
Profundidade marginal -999 m

Tempo de amaciamento (smoothing time) 30 min

Advection scheme for momentum Cyclic

Advection scheme for transport Cyclic

Forester filter (horizontal) V

de ficheiros para armazenar os resultados das simulações numéricas: Map, History, Communication e
Restart (Deltares, 2011a).
Nos ficheiros Map é possível guardar todos os resultados em todos os pontos da grelha. Como não é
possível guardar uma quantidade de dados tão grande tipicamente os resultados apenas são guardados
nos ficheiros Map em certos períodos de tempo ao longo da simulação. Neste caso definiu-se um intervalo
de 120 min, desde o inicio da simulação até ao final (um dia sintetizado).
Os ficheiros do tipo History guardam os resultados em função do tempo, mas apenas para os pontos
definidos no grupo de dados de monitorização. Foi definido um intervalo de 120 min.
No ficheiro do tipo Communication são guardados os dados necessários para os outros módulos, nesta
caso o módulo WAVE, como já foi referido anteriormente. O acoplamento do módulo FLOW com o
módulo WAVE é definido através de um período a partir do qual os dois trocam informação: 10 min.

4.2.2 Módulo Delft3D-WAVE

Geração da Malha WAVE e da Batimetria

A malha WAVE utilizada abrange uma área maior do que a malha FLOW, para diminuir os erros
associados às condições de fronteira. Para o caso de estudo foi gerada uma malha retangular com 4000 m
de comprimento ao longo da costa e 1100 m na direção transversal à costa, ou seja, com 800×220 células
e uma resolução constante igual à definida para a malha FLOW. A batimetria utilizada nos cálculos
numéricos do módulo WAVE não inclui o QDS, e estende-se até aos - 12 m ZH.
Relativamente à hidrodinâmica, foi selecionada a opção que permite acoplar o módulo WAVE com
o FLOW (Run WAVE together with FLOW ). Os resultados do water level e da batimetria obtidos do
módulo FLOW são atualizados no módulo WAVE e prolongados até ao limite da sua malha, uma vez
que a malha FLOW é de menores dimensões (Use and extend ).

42
Time Frame

Neste grupo de dados, como o módulo WAVE é acoplado ao módulo FLOW, é necessário definir a correção
do NMM, 2 m acima do ZH, tal como foi definido para as condições da fronteira oeste no módulo FLOW
(Boundaries).

Boundaries

As fronteiras foram definidas segundo a sua orientação: norte, sul e oeste. Foram efetuadas simulações
para onda média e para a onda mais frequente, as quais se encontram caracterizadas na Secção 3.2. As
condições ao longo das fronteira consideraram-se uniformes e são definidas em termos dos parâmetros
Hs , Tp , Dir e dispersão direcional, os três primeiros encontram-se definidos na secção referida e o último
considerou-se igual a 4 (default). O espectro de energia utilizado foi o JONSWAP associado a um fator
de pico igual a 3.3.

Obstacles

Os obstáculos interrompem a propagação das ondas de um ponto da malha para outro, onde quer que
esteja a linha do obstáculo, entre dois pontos vizinhos da malha computacional. A localização do obstáculo
é definida por uma sequência de segmentos fechada. O QDS é definido como dam para que o coeficiente
de transmissão seja determinado em função das condições da agitação marítima incidente no obstáculo e
em função da sua altura. A elevação do coroamento do QDS é definida em relação ao ZH, sendo negativa
se o coroamento se encontrar abaixo do ZH.

Physical Parameters

Os parâmetros físicos utilizados no módulo WAVE apresentam-se na Tabela 4.3. As forças de onda são
calculadas utilizando o gradiente de radiation stress tensor. Os processos de geração de ondas devido ao
vento são desprezados. A opção da rebentação induzida pelo fundo é acionada, o que significa que para
modelar a dissipação de energia das ondas devido à rebentação induzida pelo fundo é utilizado o modelo
de Battjes e Janssen (1978).

Numerical Parameters

Na Tabela 4.4 encontram-se os parâmetros numéricos utilizados no módulo WAVE.

Output Parameters

No grupo de dados Output parameters, o módulo de cálculo computacional selecionado foi o Stationary
para que os resultados da hidrodinâmica do módulo FLOW fossem utilizados (o intervalo de acoplamento
é lido através do ficheiro MDF gerado no módulo FLOW). A opção Output for FLOW grid é selecionada,
para que o ficheiro de comunicação seja atualizado. A opção Output for computational grids também é
selecionada para que os resultados sejam gerados na malha WAVE.

43
Tabela 4.3: Definição dos parâmetros físicos no módulo WAVE aplicados à zona de estudo.

Classes Parâmetros Configurações

Gravidade 9.81 m/s2

Densidade da água 1025 kg/m3

Direção norte em relação ao eixo x 90◦


Constantes
Profundidade mínima 0.05 m

Convenção Náutica

Wave forces Radiation stresse

Generation mode for physics 3rd generation

Modelo de Battjes e Janssen (1978)


Processos Rebentação induzida pela profundidade
Alpha = 1
Gamma = 0.73

Atrito de fundo JONSWAP

Coeficiente de atrito de fundo 0.067 m2 s-3

Vários Whitecapping V

Refração V

Frequently shift V

Tabela 4.4: Definição dos parâmetros numéricos no módulo WAVE aplicados à zona de estudo.

Classes Parâmetros Configurações

Directional space (CDD) 0.5


Spectral space
Frequency space (CSS) 0.5

Mudança relativa 0.02


Hs e do período de onda médio (Tm01 )

Critério de paragem Percentage of wet grid points 98%

Mudança relativa dos valores médios 0.02


Hs e Tm01

Número máximo de iterações 15

4.3 Definição das Condições de Teste


Nesta dissertação, como já foi referido, teve-se como objetivo testar o impacte da introdução de um QDS
na morfologia adjacente. Para tal, foram realizadas várias simulações com as configurações do modelo
referidas anteriormente e para as condições locais mencionadas no capítulo 3. A nomenclatura utilizada
foi definida na Secção 2.2 e as condições dos testes realizados apresentam-se na Tabela 4.5.
O primeiro caso de teste (S) realizado consistiu numa situação sem a presença de um QDS para a onda
média, de forma a perceber qual a influência da introdução de um estrutura de proteção deste tipo na
morfologia adjacente da zona em estudo. De seguida, estabeleceram-se as condições de teste que definem
o caso de referência (R), de modo a comparar com os resultados do caso de teste S e das variações dos
parâmetros estruturais hc , DLC e Lq . É também testada a influência de uma onda menos erosiva (onda
mais frequente) na morfologia adjacente ao QDS (F).
Note-se que no caso de teste H1, o parâmetro hc tem um valor igual a 4.5 m, ou seja, encontra-se
0.5 m acima do NMM. Este caso de teste teve como principal objetivo a comparação com os resultados do

44
modelo LITLINE, uma vez que este não permite simulações com cotas de coroamento abaixo do NMM.

Tabela 4.5: Definição das condições de teste. As entradas destacadas indicam variações relativamente ao
caso de referência.

Lq Lcq DLC h hc ∆hc Hs Tp Dir


Tipo de teste Designação Onda
[m] [m] [m] [m] [m] [m] [m] [s] [◦ ]

Sem QDS S – – – – – – 2.15 11.5 280 Média


-0.5 m
Caso de referência R 150 10 204 4 3.5 2.15 11.5 280 Média
NMM
-0.5 m Mais
Onda mais frequente F 150 10 204 4 3.5 1.25 9 285.5
NMM frequente
+0.5 m
H1 150 10 204 4 4.5 2.15 11.5 280 Média
NMM

-1.0 m
H2 150 10 204 4 3.0 2.15 11.5 280 Média
NMM
Elevação do coroamento
-1.5 m
H3 150 10 204 4 2.5 2.15 11.5 280 Média
hc NMM

-2.0 m
H4 150 10 204 4 2.0 2.15 11.5 280 Média
NMM
-0.5 m
D1 150 10 320 5.5 5.0 2.15 11.5 280 Média
NMM
Distância à LC -0.5 m
D2 150 10 400 6.5 6.0 2.15 11.5 280 Média
NMM
DLC
-0.5 m
D3 150 10 500 7.8 7.3 2.15 11.5 280 Média
NMM
-0.5 m
Comprimento do L1 300 10 204 4 3.5 2.15 11.5 280 Média
NMM
-0.5 m
QDS na direção L2 400 10 204 4 3.5 2.15 11.5 280 Média
NMM
-0.5 m
longitudinal Lq L3 500 10 204 4 3.5 2.15 11.5 280 Média
NMM

4.4 Resultados

4.4.1 Efeito da Onda Média

Para analisar o efeito da onda média no trecho costeiro em estudo realizou-se o caso de teste S, cujas
condições de teste se encontram na Tabela 4.5. Este caso de teste permite estudar o comportamento do
modelo relativamente às condições hidrodinâmicas e de fronteira impostas sem influência da estrutura de
proteção costeira.
A batimetria final obtida com o sistema de modelos Delft3D apresenta-se nas Figuras 4.4(a) e 4.6(a)
em 3D e no plano horizontal respetivamente. Nestas é possível observar a formação de barras longitudinais
submersas oblíquas que se repetem quase uniformemente ao longo do trecho. O desenvolvimento destas
barras é tipicamente associado a ondas incidentes que formam ângulos inferiores a 30◦ em relação à
normal da LC, como é o caso do trecho em estudo (a direção da onda média incidente é de 10◦ para
NW relativamente à normal da LC). A causa da formação destas barras, que podem ser observadas
na natureza, é desconhecida. Segundo Giardino et al. (2010), as causas podem estar relacionadas com
instabilidades naturais do sistema ou irregularidades do modelo.
O padrão final de erosão/acreção acumulada apresenta-se na Figura 4.4(b), com a direção da ondulação
incidente identificada, em que os resultados mostram a acumulação de sedimentos (valores positivos) que
levam à formação das barras longitudinais e à ocorrência de erosão entre estas (valores negativos). A

45
acumulação de sedimentos verifica-se numa faixa com uma largura de aproximadamente 200 m desde
a LC inicial (linha preta a tracejado), atingindo valores de acumulação de 1.5 m em algumas barras
longitudinais.

(a) (b)

Figura 4.4: Evolução morfológica no caso de teste S após 30 dias na zona de estudo: (a) topo-hidrografia
final em 3D (m) e (b) erosão/acreção acumulada (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

Comparando com mais pormenor a evolução da batimetria desde o instante inicial da simulação
até ao final (30 dias) é clara a acumulação de sedimentos no sentido terra-mar. Nas Figuras 4.5(a) e
4.5(b) verifica-se um avanço das batimétricas -1 m ZH e ZH no sentido terra-mar, com avanços máximos
aproximadamente iguais a 50 e 80 m respetivamente. Quanto à evolução da batimétrica +1 m ZH
representada na Figura 4.5(c), verifica-se, tal como descrito anteriormente, o avanço da batimétrica nas
barras longitudinais e um recuo entre estas barras. A evolução da LC inicial encontra-se na Figura 4.5(d),
que permanece praticamente constante em toda a sua extensão.
Analisou-se também a evolução dos fundos através do perfil de praia central (Figura 4.6(b)), em
que se verifica um padrão de evolução típico da ação de uma onda erosiva, uma vez que a onda média
é característica do regime de agitação em períodos de inverno marítimos. Assim, o perfil de inverno
caracteriza-se por apresentar uma berma estreita ou até mesmo inexistente, barras longitudinais na zona
submersa e declives mais atenuados, tal como se verifica no perfil transversal central. Aí, a formação
das barras longitudinais deve-se à deposição do material erodido nas zonas de maior profundidade que é
transportado na direção transversal no sentido mar-terra. Além disso, a taxa de adaptação na fase inicial
(10 dias) é mais elevada, e com o passar do tempo começa a estabilizar não havendo grandes variações
após 20 dias.
A variação longitudinal dos fundos foi avaliada através de dois perfis que se encontram 125 m a sul
do perfil central (Figura 4.6(c)) e 125 m a norte do perfil central (Figura 4.6(d)). Uma vez que o modelo
em estudo está sujeito a uma onda constante e os fundos também são constantes longitudinalmente os

46
(a) (b) (c) (d)

Figura 4.5: Evolução das batimétricas (a) -1 m ZH, (b) ZH, (c) +1 m ZH e (d) +2 m ZH resultantes do
caso de teste S (resultados do sistema de modelos Delft3D).

resultados não deveriam variar entre perfis transversais diferentes. No entanto, registam-se variações
devido à formação das barras longitudinais.
Assim, ao fim de 30 dias, no caso das Figuras 4.6(c) e 4.6(b), os perfis exibem acumulação de sedi-
mentos a partir da cota inicial de -2.05 m ZH e a posição correspondente à cota do ZH avançou 60 m em
direção ao largo. As posições correspondentes à cota do NMM mantêm-se. É de referir que nestes perfis
se observa erosão da face de praia, correspondente à erosão entre as barras longitudinais. No perfil da
Figura 4.6(d) a única diferença em relação aos anteriores, ao fim de 30 dias, é o aumento do avanço da
posição correspondente à cota do ZH de 10 m (70 m de avanço). Este perfil diferencia-se dos anteriores
também por não apresentar erosão da face de praia, devido à presença da barra longitudinal.
A evolução da altura significativa, Hs , ao longo do tempo, apresenta-se nas Figuras 4.6(b), 4.6(c)
e 4.6(d) com as variações de fundo correspondentes. Analisando com mais pormenor o perfil central
(Figura 4.6(b)) ao fim de 30 dias, observa-se que quando a onda entra na zona de rebentação, a altura
da onda aumenta até um limite (2.3 m) devido à redução de profundidade. Ou seja, a velocidade de
onda vai diminuindo à medida que a profundidade diminui, uma vez que em águas pouco profundas a
velocidade é função da profundidade. Como o fluxo de energia tem de se manter constante a altura
da onda vai aumentando progressivamente. Assim, a rebentação da onda ocorre para uma altura de
onda igual a 2.3 m e a uma profundidade igual a 2.93 m. Estes valores são coerentes com o critério de
rebentação de McCowan (1894) que relaciona a altura da onda na rebentação, Hb , com a profundidade
Hb
de rebentação, hb : hb = 0.78 (apesar desta relação empírica apenas se aplicar a ondas solitárias sobre
fundos horizontais).
A rebentação está associada a uma grande perda energia, como tal a altura de onda, dentro da zona
de rebentação, decresce no sentido da LC até atingir o valor zero aproximadamente à cota 2 m acima do

47
ZH (correspondente ao NMM).
É também possível verificar, principalmente nas Figuras 4.6(b) e 4.6(c), que a taxa de adaptação é
superior na fase inicial, ou seja, após 10 dias de simulação, enquanto que após 20 e 30 dias a evolução da
Hs começa a estabilizar, o que está relacionado com a estabilização da variação dos fundos, como já foi
referido anteriormente.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.6: Caso de teste S na zona de estudo: (a) batimetria final (m) e evolução do perfil transversal
de praia e Hs correspondente para (b) y = 2000 m, (c) y = 1875 m e (d) y = 2125 m (resultados do
sistema de modelos Delft3D).

A rebentação das ondas é o fenómeno responsável pela geração das correntes litorais, e pela modificação
do NMM (wave setup e wave setdown). A zona de rebentação é a zona costeira mais dinâmica com
transporte de sedimentos e variações do fundo devido à rebentação das ondas e correntes litorais geradas.
Como tal, analisa-se o transporte total de sedimentos (de fundo e suspensão) através do padrão 2D da
Figura 4.7(a) onde se encontram representados os vetores que indicam a direção e o sentido do transporte
total em conjunto com a respetiva magnitude após 30 dias de simulação. E ainda através do perfil
transversal central onde se observa a evolução do transporte total longitudinal e transversal ao longo do
tempo através das Figuras 4.7(b) e 4.7(c) respetivamente.

48
Como já foi explicado anteriormente na Secção 4.2.1, a calibração do modelo para a zona de estudo
foi feita por Oliveira et al. (2018) através do transporte sedimentar longitudinal. Calculou-se para o
perfil central o transporte longitudinal resultante da ação permanente da onda média na zona de estudo
durante um ano obtendo-se o valor de 2 001 275 m3 , sendo este próximo do valor conhecido para a costa
portuguesa sob a ação do clima de agitação médio (1 800 000 m3 ).
Analisando a Figura 4.7 verifica-se uma clara predominância do transporte na direção de norte para sul
devido à obliquidade da onda incidente. Além disso, junto à LC observa-se que o transporte longitudinal
predomina em relação ao transversal como seria de esperar na zona de rebentação. Comparando com o
padrão 2D da erosão/acreção acumulada, observa-se que as maiores magnitudes de transporte longitudinal
correspondem às zonas de erosão do trecho em estudo.

(b)

(a)

(c)

Figura 4.7: Caso de teste S na zona de estudo: (a) transporte total (suspensão e arrastamento) (m3 /s/m)
após 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e transporte total (b) na direção x (qx )
e (c) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

Na Figura 4.8(a) apresentam-se os vetores que indicam a direção e sentido da velocidade integrada
na coluna de água em conjunto com a magnitude correspondente no instante final. Nas Figuras 4.8(b) e

49
4.8(c) encontram-se os perfis transversais centrais com evolução ao longo do tempo da velocidade integrada
na vertical na direção transversal e longitudinal respetivamente. A velocidade integrada na vertical na
direção longitudinal é superior à da direção transversal para o caso do perfil central, tal como no caso
do transporte total. Comparando com o padrão 2D do transporte total verifica-se que na zona ativa da
praia o transporte em suspensão é superior ao de fundo.
No caso da velocidade dos sedimentos em suspensão na direção transversal regista-se um grande
aumento após 10 dias de simulação junto à interface terra-mar, que diminui ao longo do tempo. No
entanto, os padrões são muito parecidos após 20 e 30 dias, os quais estão associados à formação das
barras longitudinais também muito semelhantes. Pelo contrário, na direção longitudinal, observa-se um
aumento da velocidade na interface terra-mar que ao longo do tempo começa a convergir.

(b)

(a)

(c)

Figura 4.8: Caso de teste S na zona de estudo: (a) velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao fim
de 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e velocidade (b) na direção x (vx ) e (c)
na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

50
4.4.2 Impacte do QDS na Situação de Referência

No caso de teste R, situação de referência, introduziu-se um QDS (considerando a estrutura como fundo
sólido através da inserção da layer não erodível e da diferença de rugosidade de fundo no módulo FLOW
e definindo como um obstáculo do tipo dam no módulo WAVE) com as características descritas na Ta-
bela 4.5 de modo a prever a evolução morfológica nas suas proximidades sob a ação da onda média. Ana-
lisando a batimetria final, representada em 3D na Figura 4.9(a) e no plano horizontal na Figura 4.11(a),
e ainda o padrão 2D da erosão/acreção acumulada através da Figura 4.9(b) verificam-se as seguintes
alterações dos fenómenos já explicados para o caso de teste S:

• acumulação de sedimentos na zona de sombra do QDS devido à redução da capacidade energética da


agitação incidente e consequentemente a redução da capacidade de transporte longitudinal prevendo
a formação de um tômbolo (considera-se que se forma um tômbolo na zona de sombra do quebra-mar
quando a acumulação de sedimentos excede o nível do ZH, aproximadamente o nível da baixa-mar);

• a acumulação de sedimentos imediatamente atrás do QDS (do lado da costa) é simétrica atingindo
os valores máximos de acumulação nesta zona (>2.5 m), sendo possível verificar com mais pormenor
através dos perfis transversais localizados a meio do QDS (Figura 4.11(b)), 50 m a sul e norte do
perfil central (Figuras 4.11(c) e 4.11(d) respetivamente). Junto à LC verifica-se uma assimetria
no padrão de acumulação, uma vez que o efeito da onda média se sobrepõe ao efeito das barras
longitudinais, sendo esta acumulação mais significativa a sul do QDS (>1.5 m). Também é possível
observar esta assimetria com mais pormenor através dos perfis transversais 125 m a sul e norte do
perfil central (Figuras A.2(a) e A.2(b) respetivamente);

• observa-se também que o QDS não causa erosão da LC, isto porque os valores negativos corres-
pondem à erosão provocada pelas barras longitudinais que já se verificava no caso de teste S. No
entanto, regista-se erosão nas zonas de maior profundidade, como já tinha sido referido para o caso
de teste S, sendo este material depositado junto ao QDS do lado do mar.

As batimétricas no instante inicial e ao fim de 30 dias de simulação apresentam-se na Figura 4.10 para
as batimétricas -1 m ZH, ZH, +1 m ZH e +2 m ZH, podendo observar-se que:

• a LC (+2 m ZH) se mantém ao fim de 30 dias de simulação;

• a batimétrica +1 m ZH mantém a formação das barras longitudinais com erosão entre estas, como
já tinha sido observado na Figura 4.5(d) para o caso de teste S. No entanto, tal como referido
anteriormente, a presença do QDS permite a acumulação de sedimentos na sua zona de sombra,
como se verifica pelo avanço da batimética em direção ao largo (avanço máximo de aproximadamente
170 m);

• as batimétricas ZH e -1 m ZH registam avanços máximos no sentido terra-mar na ordem dos 140


e 80 m, respetivamente. A taxa de avanço das batimétricas desde o instante inicial até ao final da
simulação vai diminuindo em direção ao largo.

51
(a) (b)

Figura 4.9: Evolução morfológica no caso de teste R após 30 dias na zona de estudo: (a) topo-hidrografia
final em 3D (m) e (b) erosão/acreção acumulada (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

Na Figura A.1 apresenta-se a evolução dos fundos através das batimétricas no instante inicial, após
10, 20 e 30 dias de simulação.

(a) (b) (c) (d)

Figura 4.10: Evolução das batimétricas (a) -1 m ZH, (b) ZH, (c) +1 m ZH e (d) +2 m ZH resultantes
do caso de teste R (resultados do sistema de modelos Delft3D).

As diferenças de enchimento na zona de sombra do QDS observam-se através dos perfis transversais,
verificando-se que o perfil central é o que regista maior enchimento (Figura 4.11(b)). Enquanto que os
perfis transversais 50 m a sul e norte do perfil central registam menores elevações do perfil de praia e

52
ainda erosão na face praia devido à formação das barras longitudinais.
A taxa de enchimento na fase inicial (após 10 dias) é elevada. No entanto, após esta fase, o nível de
enchimento vai estabilizando, como se verifica após 20 e 30 dias. Ao fim de 30 dias regista-se erosão a partir
da cota inicial -7.84 até -2.70 m ZH, ou seja, a areia é transportada das zonas de maior profundidade e
depositada junto ao QDS do lado do mar, originando uma elevação do perfil na ordem dos 0.80 m (valores
do perfil central, mas os outros dois perfis registam valores muito semelhantes). Na zona de sombra do
QDS registam-se elevações máximas iguais a 2.98 m no perfil central, 2.44 m no perfil 50 m a sul do
central e 2.27 m no perfil 50 m a norte do central. Este comportamento está em linha com o expectável,
ou seja, que o enchimento do QDS mais a sul seja superior devido à obliquidade da agitação incidente.
A evolução da altura significativa também se encontra representada nos perfis transversais menciona-
dos, registando-se, no perfil central, que após 30 dias de simulação a rebentação ocorre para Hs = 2.3 m
e a uma profundidade igual 0.66 m.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.11: Caso de teste R na zona de estudo: (a) batimetria final (m) e evolução do perfil transversal
de praia e Hs correspondente para (b) y = 2000 m, (c) y = 1950 m e (d) y = 2050 m (resultados do
sistema de modelos Delft3D).

O transporte total analisa-se através do padrão 2D obtido ao fim de 30 dias (Figura 4.12(a)) e dos

53
perfis transversais localizados a meio do QDS onde se encontra representado o transporte total na direção
transversal e longitudinal (Figuras 4.12(b) e 4.12(c) respetivamente). Quanto ao transporte total na
direção transversal verifica-se que no perfil central este é negativo, ou seja, o transporte é no sentido
terra-mar. O transporte total longitudinal ao longo do trecho em análise é predominantemente negativo
na zona ativa da praia, ou seja, no sentido norte-sul. No perfil central calculou-se que a ação permanente
da onda média causa uma deriva litoral longitudinal de 956 013 m3 /ano. Comparando com o valor obtido
para o caso de teste S, verifica-se que este diminui consideravelmente com a introdução do QDS, como
seria de esperar.
O padrão 2D de erosão/acreção acumulada (Figura 4.9(b)) é coerente com o padrão 2D de transporte
total, uma vez que o transporte total diminui consideravelmente nas zonas onde se identifica acumulação
de sedimentos.

(b)

(a)

(c)

Figura 4.12: Caso de teste R na zona de estudo: (a) transporte total (suspensão e arrastamento) (m3 /s/m)
após 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e transporte total (b) na direção x (qx )
e (c) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

Na Secção 2.4.4 foram identificados padrões de circulação resultantes do estudo de Ranasinghe et al.

54
(2010). Na Figura 4.13(a) também é possível identificar células de diferentes dimensões associadas ao
padrão de circulação. As correntes que se geram sobre o QDS em direção à costa divergem na zona de
sombra da estrutura originando um padrão de circulação assimétrico que se carateriza por:

• um vórtice lateral na extremidade norte do QDS em direção ao largo, que é intensificado pelas
correntes longitudinais;

• uma célula de circulação na zona de sombra do QDS que converge na extremidade sul da estrutura.
A interação entre o padrão de circulação induzido pela presença do QDS e as correntes longitudinais
originadas pela ondulação oblíqua incidente intensifica as correntes longitudinais a sul da estrutura.

Acrescenta-se que neste caso de teste a cota de coroamento do QDS se encontra 0.5 m abaixo do
NMM, permitindo a passagem de fluxos de água sobre o QDS. No entanto há condições de hidrodinâmica
para que as partículas em suspensão repousem e originem acumulação de sedimentos na zona de sombra
do QDS, como já foi referido anteriormente.
Analisando esta componente em conjunto com o transporte total apresentado anteriormente conclui-
se que na zona em torno do QDS o transporte em suspensão é predominante em relação ao de fundo.
No perfil central na direção transversal (Figura 4.13(b)), o modelo regista uma inversão no sentido da
velocidade na zona de sombra do QDS e além disso comparando com o mesmo perfil obtido para o
caso de teste S (Figura 4.8(b)) verifica-se que a magnitude da velocidade aumenta com a introdução do
QDS. Enquanto que na direção longitudinal (Figura 4.13(c)) o sentido da velocidade dos sedimentos é
predominantemente de norte para sul.

4.4.3 Influência dos Parâmetros Estruturais

Elevação do Coroamento (hc )

Para avaliar o efeito da elevação do coroamento de um quebra-mar destacado realizaram-se as simulações


H1 (hc = 4.5 m), H2 (hc = 3.0 m), H3 (hc = 2.5 m) e H4 (hc = 2.0 m) cujos parâmetros estruturais se
encontram definidos na Tabela 4.5. Analisando os padrões 2D da erosão/acreção acumulada representados
na Figura 4.14 para as simulações referidas e comparando com o padrão 2D obtido para o caso de teste
R (Figura 4.9(b)) observam-se os seguintes fenómenos:

• o caso de teste H1, que corresponde ao caso em que o quebra-mar destacado se encontra emerso,
0.5 m acima do NMM, é o que apresenta maior elevação do perfil na zona de sombra do quebra-mar
(>2.5 m), como seria de esperar uma vez que as estruturas emersas permitem uma maior atenuação
da capacidade energética da agitação incidente e consequentemente uma redução da capacidade de
transporte de sedimentos na zona de sombra;

• um padrão de acumulação muito semelhante entre as simulações H1 e R, em que a elevação do


coroamento difere em 1 m. As diferenças mais significativas entre estas duas simulações são o
aumento da elevação do perfil na zona de sombra e junto ao quebra-mar do lado do mar, que é
superior no caso do quebra-mar emerso;

55
(b)

(a)

(c)

Figura 4.13: Caso de teste R na zona de estudo: (a) velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao
fim de 30 dias e perfis para y = 2000 m com a evolução dos fundos e velocidade (b) na direção x (vx ) e
(c) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

• o modelo prevê maiores diferenças de padrão de acumulação quando a estrutura é submersa, o que é
ilustrado pelas simulações H2, H3 e H4, em que a variação da elevação de coroamento foi de 0.5 m;

• à medida que o nível de submergência aumenta (menores elevações do coroamento), a elevação do


perfil na zona de sombra do quebra-mar vai diminuindo, como é expectável. Além disso, regista-se
erosão (>1 m) nas extremidades do quebra-mar principalmente para hc = 2.5 m e hc = 2.0 m,
estando esta erosão associada aos padrões de circulação que serão explicados adiante.

Através das batimétricas representadas na Figura 4.15 para as simulações que permitem avaliar o
efeito da elevação do coroamento nas proximidades de um quebra-mar destacado e da Figura A.1(d)
para o caso de teste R pode concluir-se que, como já tinha sido referido anteriormente, o avanço das
batimétricas em relação à situação inicial vai diminuindo à medida que o nível de submergência aumenta.
Anteriormente, no caso de referência, assumiu-se que se considerava a formação de um tômbolo quando

56
(a) (b) (c) (d)

Figura 4.14: Padrão 2D da erosão/acreção acumulada (m) ao fim de 30 dias de simulação para (a) o caso
de teste H1 com hc = 4.5 m, (b) caso de teste H2 com hc = 3.0 m, (c) caso de teste H3 com hc = 2.5 m
e (d) caso de teste H4 com hc = 2.0 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

a acumulação de sedimentos na zona de sombra do quebra-mar é superior ao nível do ZH. Como tal, o
modelo prevê a formação de um tômbolo para os casos H1 e H2 e de um saliente para os casos H3 e
H4, ou seja, com o aumento do nível de submergência as condições de hidrodinâmica vão deixando de
ser propícias à acumulação de sedimentos na zona de sombra do quebra-mar. Para evidenciar com mais
pormenor as variações dos fundos nos casos H1, H2, H3 e H4 apresentam-se em 3D e no plano horizontal
as Figuras A.3, A.4, A.5 e A.6 respetivamente para cada caso.

(a) (b) (c) (d)

Figura 4.15: Batimétricas obtidas ao fim de 30 dias de simulação para (a) o caso de teste H1 com
hc = 4.5 m, (b) caso de teste H2 com hc = 3.0 m, (c) caso de teste H3 com hc = 2.5 m e (d) caso de
teste H4 com hc = 2.0 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

Os perfis transversais representados na Figura 4.16 e A.8 mostram as variações de enchimento para
os diferentes níveis de submergência. Confirma-se que o caso H1 é o que apresenta maior enchimento
com uma elevação máxima do perfil na zona de sombra do QDS aproximadamente igual a 3.5 m. À
medida que o nível de submergência aumenta este enchimento vai diminuindo: para o caso H2 a elevação

57
máxima é 2 m, para o H3 é 1.18 m e para o H4 é 0.93 m. No entanto, verifica-se que a partir de níveis
de submergência de 1.5 m abaixo do NMM o perfil de praia começa a estabilizar e além disso começa
a registar-se erosão junto ao QDS do lado da costa (no perfil 50 m a sul do central registam-se valores
de erosão de 0.70 m). Outro aspeto a realçar é que a acumulação de sedimentos junto ao quebra-mar
destacado do lado do mar começa a ser praticamente inexistente a partir de 1 m de submergência em
relação ao NMM.

(a) (b)

(c)

Figura 4.16: Evolução do perfil transversal de praia ao fim de 30 dias de simulação para (a) y = 1950 m,
(b) y = 2050 m e (c) y = 2000 m obtidos para os casos de teste R, H1, H2, H3 e H4 (resultados do
sistema de modelos Delft3D). As imagens representadas no canto inferior direito correspondem ao caso
de referência, teste R.

Os padrões de circulação induzidos pela presença do quebra-mar que se apresentam na Figura 4.17
para os casos em análise indicam que:

• as células de circulação que se formam no caso de teste H1 (Figura 4.17(a)) são semelhantes às
descritas para o caso R (Figura 4.13(a)), com a diferença de que, no primeiro, a passagem de
fluxo sobre o quebra-mar se encontra bloqueada. Por isso, as condições hidrodinâmicas geradas

58
na zona de sombra do quebra-mar emerso proporcionam uma maior acumulação de sedimentos
(Figura 4.14(a)). Além disso, a velocidade dos sedimentos em suspensão no vórtice lateral formado
na extremidade norte do quebra-mar emerso é inferior ao do caso de referência. O impacte do
quebra-mar emerso a barlamar e a sotamar deste é bastante significativo, o que é corroborado pelas
variações de fundo obtidas para os casos de teste H1 e R (Figuras 4.15(a) e A.1(d) respetivamente);

• aumentando o nível de submergência, o fluxo sobre o QDS também aumenta e intensificam-se os


vórtices laterais. Estes vórtices, que se geram em ambas as extremidades do QDS, como se observa
nas Figuras 4.17(b), 4.17(c) e 4.17(d) para níveis de submergência de ∆hc = -1.0 m NMM, ∆hc = -
1.5 m NMM e ∆hc = -2.0 m NMM respetivamente, estão associados à erosão em torno do QDS
que se verificou nas Figuras 4.14(b), 4.14(c) e 4.14(d);

• a passagem do fluxo sobre o QDS não permite o repouso dos sedimentos em suspensão na zona de
sombra. Como tal, à medida que o nível de submergência aumenta, a acumulação de sedimentos
vai diminuindo, uma vez que se intensifica a velocidade dos sedimentos em suspensão em torno do
QDS.

Nas Figuras A.10, A.12, A.14 e A.16 apresentam-se os perfis transversais centrais com a evolução ao
longo do tempo da velocidade integrada na coluna de água na direção transversal e longitudinal para
cada caso de teste. Em geral, quanto menor a elevação do coroamento do quebra-mar, maior o transporte
longitudinal, deixando de haver efeito do QDS sobre esse (Figura A.7). Particularmente, a partir de
hc = 3.0 m verifica-se que na zona de sombra do QDS não há capacidade de sedimentação passando a
funcionar como um canal. Nas Figuras A.9, A.11, A.13 e A.15 apresentam-se os perfis transversais centrais
com a evolução ao longo do tempo do transporte de sedimentos na direção transversal e longitudinal para
caso de teste.

Distância à LC (DLC )

Analisou-se também o efeito da variação da distância do QDS à LC utilizando as configurações apresenta-


das na Tabela 4.5, correspondendo, em particular, às simulações D1 (DLC = 320 m), D2 (DLC = 400 m),
D3 (DLC = 500 m). As Figuras 4.18 e 4.9(b) apresentam os padrões 2D de erosão/acreção acumulada
para os casos de teste que ilustram esta variação e para o de referência, respetivamente. Daí retiram-se
as seguintes conclusões:

• para o caso de teste D1 mantém-se a formação do tômbolo tal como no teste R, embora o padrão
de acumulação de sedimentos seja diferente. No teste D1 a acumulação de sedimentos com valores
superiores a 1.5 m estende-se para lá das extremidades do QDS embora com valores superiores na
extremidade sul, o que no caso de referência apenas ocorria na extremidade sul. Além disso, na zona
de sombra a área que exibe acumulação de sedimentos é muito superior no teste D1, atingindo os
valores máximos (>2 m) imediatamente atrás do QDS do lado da costa e junto à LC na extremidade
sul. No entanto, à partida seria de esperar que para uma distância superior do QDS à LC o efeito
deste sobre a sua envolvente fosse inferior, ou seja, que a acumulação de sedimentos fosse diminuindo

59
(a) (b) (c) (d)

Figura 4.17: Velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao fim de 30 dias de simulação para (a) o caso
de teste H1 com hc = 4.5 m, (b) caso de teste H2 com hc = 3.0 m, (c) caso de teste H3 com hc = 2.5 m
e (d) caso de teste H4 com hc = 2.0 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

com o aumento da distância à LC. Este fenómeno pode ser explicado por se considerar uma onda
constante a atuar no trecho em estudo, e há que ter conta que na realidade a direção da agitação
incidente vai alterando bem como a sua capacidade energética o que levaria a padrões de acumulação
diferentes;

• a zona ativa da praia diminui com o aumento da distância à LC para os três casos teste;

• para os casos de teste D2 e D3 confirma-se que à medida que se aumenta a distância do QDS à LC
a influência deste sobre a envolvente diminui, bem como a capacidade de acumulação de sedimentos
na zona de sombra. Observa-se ainda maior assimetria no padrão de acumulação, particularmente
no caso D3.

(a) (b) (c)

Figura 4.18: Padrão 2D da erosão/acreção acumulada (m) ao fim de 30 dias de simulação para (a) o
caso de teste D1 com DLC = 320 m, (b) caso de teste D2 com DLC = 400 m e (c) simulação D3 com
DLC = 500 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

60
Segundo o critério adotado forma-se um tômbolo para o caso de teste D1 e um saliente para os casos D2
e D3 – indicado pelas batimétricas do ZH representadas na Figura 4.19. Aplicando as relações empíricas
desenvolvidas por Dally e Pope (1986) para QDEs, referidas na seção 2.4.3 para distinguir entre o modo
de resposta da LC na presença de QDEs obtém-se:
 
Lq
• para o caso de teste R: DLC = 150
204 = 0.74;
R
 
Lq 150
• para o caso de teste D1: DLC = 320 = 0.47;
D1
 
Lq 150
• para o caso de teste D2: DLC = 400 = 0.38;
D2
 
Lq 150
• para o caso de teste D3: DLC = 500 = 0.30.
D3

As previsões das relações empíricas estão em concordância com o modelo apenas nos casos de teste D2 e
D3, prevendo para o D1 a formação de um saliente. O resultado obtido para o caso R não se encontra
abrangido por estas relações. No entanto, reforça-se que estas relações apenas se aplicam a quebra-mares
emersos, o que não corresponde aos casos em estudo.
Analisando com mais pormenor o avanço da batimétrica ZH ao fim de 30 dias de simulação para os
casos em estudo obtém-se uma indicação da dimensão do tômbolo: para o caso D1 um avanço de 430 m,
D2 um avanço de 410 m e D3 um avanço de 150 m aproximadamente. Os avanços registados nestes três
casos são superiores ao caso R. Quanto à LC observa-se: para os casos D1 e D2 valores muito próximos
de avanços e recuos máximos – 40 m e 5 m a sul do QDS respetivamente – e para o caso D3 um avanço
máximo de aproximadamente 20 m e um recuo máximo a sul do QDS de 6 m.

(a) (b) (c)

Figura 4.19: Batimétricas obtidas ao fim de 30 dias de simulação para (a) o caso de teste D1 com
DLC = 320 m, (b) caso de teste D2 com DLC = 400 m e (c) caso de teste D3 com DLC = 500 m
(resultados do sistema de modelos Delft3D).

61
Nas Figuras A.17, A.18 e A.19 apresentam-se em 3D e no plano horizontal as batimetrias finais
correspondentes aos casos de teste D1, D2 e D3, respetivamente.
A variabilidade dos perfis transversais ao longo do trecho em estudo de norte para sul já foi explicada
para o caso de referência. A variação da distância à LC mantém o mesmo comportamento longitudi-
nalmente, como se pode observar nas Figuras A.21, alterando-se transversalmente. Assim, através da
Figura 4.20 observam-se as diferenças de enchimento para as distâncias de LC testadas. A elevação má-
xima do perfil para o caso D1 é de 3.39 m à cota inicial de -2.83 m ZH, para o caso D2 é de 2.85 m à cota
inicial de -2.64 m ZH e finalmente para o caso D3 é de 1.92 m à cota inicial de -2.12 m ZH. Ou seja, ao
aumentar a distância do QDS à LC o nível de enchimento na zona de sombra vai diminuindo, à exceção
do salto do caso R para o D1, como já tinha sido comentado anteriormente.
O padrão de circulação já explicado
para o caso R é o mesmo para os casos
D1 e D2. O caso D3 corresponde à si-
tuação em que o QDS se encontra mais
afastado da LC, como tal a sua capa-
cidade para induzir alterações na LC é
reduzida e por isso o padrão de circu-
lação assemelha-se mais ao caso S, si-
tuação sem QDS. Tal como visto para
o padrão de erosão/acreção acumulada,
as alterações induzidas pela presença do
QDS diminuem à medida que o seu afas-
tamento à LC aumenta, uma vez que
Figura 4.20: Evolução do perfil transversal de praia ao fim de
a estrutura começa a ter cada vez me- 30 dias de simulação para y = 2000 m obtido para os casos
de teste R, D1, D2 e D3 (resultados do sistema de modelos
nos influência no padrão de circulação.
Delft3D). A imagem representada no canto inferior direito cor-
Os perfis transversais centrais com a responde ao caso de referência, teste R.
evolução ao longo do tempo da veloci-
dade na direção transversal e longitudi-
nal encontram-se nas Figuras A.23, A.25 e A.27 para os casos de teste em análise.
O transporte de sedimentos (suspensão e arrastamento) na zona de sombra do QDS diminui à medida
que a sua distância à LC aumenta, como seria de esperar (Figuras A.20, A.22, A.24 e A.26). Outro
aspeto a salientar, é que, tal como referido anteriormente, o padrão 2D do transporte total começa a
assemelhar-se ao caso sem QDS com o aumento da distância do QDS à LC.

Comprimento na Direção Longitudinal (Lq )

Por fim, estudou-se a influência do comprimento do QDS na LC através das simulações L1 (Lq = 300 m),
L2 (Lq = 400 m) e L3 (Lq = 500 m). As configurações definidas para cada caso de teste apresentam-se na
Tabela 4.5. Os padrões de erosão/acreção acumulada para os casos de teste mencionados (Figura 4.22) em
conjunto com o caso de referência (Figura 4.9(b)) mostram que o aumento do comprimento do QDS induz

62
(a) (b) (c)

Figura 4.21: Velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao fim de 30 dias de simulação para (a) o
caso de teste D1 com DLC = 320 m, (b) caso de teste D2 com DLC = 400 m e (c) caso de teste D3 com
DLC = 500 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

uma acumulação de sedimentos elevada na zona de sombra, começando a funcionar como um esporão em
T. A acumulação de sedimentos começa a progredir para norte, particularmente no caso L3, bloqueando
a passagem dos sedimentos para sul. Este bloqueio induz erosão a sul do QDS, mais notória nos casos
L2 e L3.

(a) (b) (c)

Figura 4.22: Padrão 2D da erosão/acreção acumulada (m) ao fim de 30 dias de simulação para (a) o caso
de teste L1 com Lq = 300 m, (b) caso de teste L2 com Lq = 400 m e (c) caso de teste L3 com Lq = 500 m
(resultados do sistema de modelos Delft3D).

63
Verifica-se a formação de um tômbolo nos casos de teste L1, L2 e L3 (Figura 4.23). A relação empírica
 
Lq
proposta por Dally e Pope (1986) está em conformidade com os casos L1 DLC = 300
204 = 1.50 e L2
 
Lq 400
DLC = 204 = 1.96 , não contemplando o resultado obtido para o caso L3.

Quanto ao avanço da LC em direção ao largo, verifica-se para o caso L1 um avanço de 20 m, para o caso
de L2 um avanço de 15 m e de 70 m para o caso L3. Apesar de ser expectável que o avanço da LC para o
caso L2 seja superior ao L1, este pode ser explicado por o avanço no caso L1 estar mais concentrado numa
zona, enquanto que no caso L2 se verifica um avanço ao longo de um trecho de comprimento superior. A
erosão provocada a sul do QDS na LC devido ao funcionamento como um esporão em T registou valores
aproximadamente iguais a 8 m. Em geral, é notório o avanço das batimétricas a norte do QDS que,
com o aumento do seu comprimento, vai sendo cada vez maior. Ao mesmo tempo, a sul da estrutura, o
recuo das batimétricas aumenta com o comprimento do QDS. A topo-hidrografia final em 3D e no plano
horizontal também se apresentam nas Figuras A.28, A.29 e A.30.

(a) (b) (c)

Figura 4.23: Batimétricas obtidas ao fim de 30 dias de simulação para (a) o caso de teste L1 com
Lq = 300 m, (b) caso de teste L2 com Lq = 400 m e (c) caso de teste L3 com Lq = 500 m (resultados do
sistema de modelos Delft3D).

A variabilidade longitudinal ao longo do trecho em estudo encontra-se pormenorizada nos perfis trans-
versais que se apresentam nas Figuras 4.24 e A.32. No perfil central, o QDS atinge praticamente o nível
máximo de enchimento (elevação máxima do perfil na ordem dos 3 m) para todos os comprimentos testa-
dos, embora ligeiramente superior para o caso L3, enquanto que para o caso R o comprimento longitudinal
do QDS não é suficiente para atingir esse nível. Junto ao QDS do lado do mar, também se regista uma
acumulação superior (elevação máxima do perfil na ordem dos 1.3 m). A variação dos perfis na direção
longitudinal, mostra que o enchimento no seu nível máximo para o caso L3 mantém-se a sul do QDS.

64
O padrão de circulação observado no caso R
(Figura 4.13(a)) difere bastante das simulações L1,
L2 e L3: nestes geram-se duas células de circulação
com direções opostas na zona de sombra do QDS
(Figura 4.25). Pelo contrário, o comprimento do
QDS no caso R parece não ser suficiente para per-
mitir a formação da célula de circulação a norte da
estrutura, e por isso não permite a retenção de se-
dimentos nessa zona. Por outro lado, à medida que
se aumenta o comprimento do QDS, os sedimentos
deixam de alimentar o trecho a sul, como se veri-
fica através do padrão de acreção/erosão. Pode
Figura 4.24: Evolução do perfil transversal de praia
observar-se com mais pormenor no perfil transver-
ao fim de 30 dias para y = 2000 m obtido para os ca-
sal central a evolução ao longo do tempo da ve- sos de teste R, L1, L2 e L3 (resultados do sistema de
modelos Delft3D). A imagem representada no canto
locidade na componente transversal e longitudinal
inferior direito corresponde ao caso de referência R.
através das Figuras A.34, A.36 e A.38.
O transporte total também permite corroborar
este fenómeno, uma vez que o aumento do comprimento do QDS resulta numa diminuição do transporte
de sedimentos a sul, pois são retidos a norte do QDS com um comportamento idêntico ao caso de um
esporão (Figura A.31). Nas Figuras A.33, A.35 e A.37 encontram-se os perfis transversais centrais com
a evolução ao longo do tempo do transporte total na direção transversal e longitudinal.

(a) (b) (c)

Figura 4.25: Velocidade integrada na coluna de água (m/s) ao fim de 30 dias de simulação para (a) o
caso de teste L1 com Lq = 300 m, (b) caso de teste L2 com Lq = 400 m e (c) caso de teste L3 com
Lq = 500 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

65
4.4.4 Efeito da Onda Mais Frequente

Para além dos testes ao efeito dos parâmetros estruturais, foi também testada a resposta morfológica para
uma agitação incidente menos energética: onda mais frequente. As características da agitação incidente
encontram-se definidas na Tabela 4.5. Em comparação com o caso R em que foi testado o efeito da onda
média na presença de um QDS, nas Figuras 4.26 e 4.27(a) são evidentes as seguintes diferenças:

• as barras longitudinais são atenuadas, verificando-se uma faixa de erosão ao longo do trecho em
estudo enquanto que no caso R apenas se registava erosão entre as barras longitudinais;

• o efeito de acumulação entre o QDS e a LC é inferior, uma vez que já não há efeito da onda erosiva
que tem uma grande capacidade de mobilização de sedimentos. Assim, o efeito do QDS nos fundos é
diferente na medida em que no caso da onda média registava-se a combinação de dois efeitos: efeito
da onda erosiva (arranque de areia da face de praia e transporte em direção ao largo) combinado
com o efeito do QDS. Neste caso, apenas existe o efeito de retenção induzido pela presença do QDS,
que não é suficiente para que se forme um tômbolo. Na zona de sombra do QDS o valor máximo
de elevação do perfil é de 1.2 m;

• observa-se erosão imediatamente a sul do QDS (observa-se com mais pormenor no perfil transversal
da Figura A.40(a)), o que não acontecia para a onda média, a zona ativa da praia reduz-se, como
seria de esperar.

(a) (b)

Figura 4.26: Evolução morfológica no caso de teste F após 30 dias na zona de estudo: (a) topo-hidrografia
final em 3D (m) e (b) erosão/acreção acumulada (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

Às condições sazonais associam-se os conceitos de perfil de verão e de inverno. Enquanto que o


perfil de verão resulta de um tipo de agitação de reduzido nível energético (e.g., onda mais frequente),
o perfil de inverno está sujeito a uma agitação de elevado nível energético (e.g., onda média). O perfil

66
de inverno característico de uma agitação incidente média já foi explicado na Secção 4.4.1. O perfil de
verão caracteriza-se por provocar a formação da berma de praia e um declive mais acentuado do perfil
junto à LC, uma vez que está sujeito à ação construtiva da onda e os sedimentos voltam para a face de
praia. Para além disso, a berma é tipicamente larga e não há formação de barras longitudinais na zona
submersa.
Os resultados do modelo são consistentes com o fato de as barras longitudinais serem atenuadas. No
entanto, regista-se erosão da face de praia, com um rebaixamento máximo do perfil na ordem dos 0.50 m.
O perfil central (Figura 4.27(b)) ao fim de 30 dias exibe acumulação de sedimentos a partir da cota
inicial -2.57 m ZH e a posição correspondente à cota do ZH avança aproximadamente 55 m. A posição
correspondente à cota do NMM mantém-se.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.27: Caso de teste F na zona de estudo: (a) batimetria final (m) e evolução do perfil transversal
de praia e Hs correspondente para (b) y = 2000 m, (c) y = 1950 m e (d) y = 2050 m (resultados do
sistema de modelos Delft3D).

As variações dos fundos ao longo do tempo não apresentam diferenças significativas como também se
comprova pelas batimétricas representadas na Figura A.39 após 10, 20 e 30 dias de simulação. Contundo,
a variação do perfil na direção longitudinal, ou seja, 50 m a sul (Figura 4.27(c)) e 50 m a norte do

67
perfil central (Figura 4.27(d)) regista diferenças devido à obliquidade da agitação incidente que tem
repercussões na quantidade de sedimentos acumulados. Por consequência a acumulação a sul do QDS é
superior. Nas Figuras A.40(a) e A.40(b) apresentam-se também os perfis localizados 125 m a sul e norte
do perfil central, respetivamente.
Juntamente com os perfis que mostram a batimetria final também se apresenta a altura significativa
correspondente. Sendo a onda mais frequente uma onda muito menos energética que a onda média é
esperado que a rebentação ocorra para uma Hs inferior. Assim, no perfil central ao fim de 30 dias, o
primeiro empolamento ocorre para Hs = 1.37 m e a uma profundidade de 1.10 m devido à presença do
QDS. De seguida, o valor da altura significativa decresce devido ao rebaixamento do perfil (erosão da
face de praia). Finalmente, como a cota dos fundos após o fundão começa a subir a onda rebenta para
uma Hs = 1.39 m e a uma profundidade de 0.16 m.
A onda mais frequente, sendo menos energética, está associada a menores transportes longitudinais.
Como tal, para comparar com o caso R calculou-se a deriva longitudinal anual devido à ação permanente
da onda mais frequente no trecho em estudo, obtendo-se 17 817 m3 /ano. Este valor, como esperado,
é bastante inferior ao calculado anteriormente para o caso de referência, uma vez que a capacidade de
transporte da onda média é superior à da onda mais frequente.
Comparando o transporte de se-
dimentos na direção transversal (Fi-
gura A.41(a)) e na direção longitudinal
(Figura A.41(b)) do perfil central e o pa-
drão 2D (Figura 4.28(a)) no caso F com
as mesmas variáveis obtidas para o caso
de teste R verifica-se que, no primeiro,
ambas as componentes do transporte de
sedimentos são praticamente negligen-
ciáveis, como esperado.
A energia da onda também influ-
encia os padrões de circulação, como
se pode observar pelo padrão 2D da
Figura 4.28(b) e pelos perfis centrais
da velocidade na direção transversal
(a) (b)
e longitudinal representados nas Figu-
ras A.42(a) e A.42(b), respetivamente. Figura 4.28: Caso de teste F na zona de estudo após 30 dias
de simulação: (a) transporte total (suspensão e arrastamento)
No padrão 2D observa-se a formação de (m3 /s/m) e (b) velocidade integrada na coluna de água (m/s)
dois vórtices em direção ao largo nas ex- (resultados do sistema de modelos Delft3D).

tremidades do QDS embora com magni-


tudes da velocidade dos sedimentos em suspensão muito inferiores. Isto confirma-se através do padrão
de erosão/acreção acumulada (Figura 4.26(b)), pois a capacidade de mobilização de sedimentos é muito
inferior.

68
Capítulo 5

Aplicação do Modelo de 1-linha

Neste capítulo aplica-se um modelo de 1-linha, o modelo numérico de evolução de LC implementado no


sistema de modelos LITPACK à zona de estudo. Comparam-se os resultados obtidos com recurso a este
sistema de modelos e os resultados do sistema de modelos Delft3D do capítulo anterior. Por limitação
do LITPACK, a comparação dos dois modelos é feita considerando um QDE (0.5 m acima do NMM).
Assim, primeiro descreve-se brevemente o sistema de modelação, focando no módulo LITLINE usado
para simular a evolução da LC após implementação de um QDE. Depois são indicadas as configurações
paramétricas do modelo consideradas no caso de teste e apresentam-se os resultados. Por último faz-se a
comparação dos resultados obtidos com ambos os sistemas de modelos.

5.1 Sistema de Modelos Integrados LITPACK

5.1.1 Breve Introdução ao Sistema de Modelação

O sistema de modelos integrados LITPACK (Littoral Processes And Coastline Kinectics), desenvolvido
pelo DHI (Danish Hydraulic Institute), permite modelar o transporte de sedimentos não coesivos induzido
por ondas e correntes, a deriva litoral, a evolução da LC e o desenvolvimento do perfil ao longo de praias
quase uniformes (DHI, 2016c). Este é composto por cinco modelos determinísticos que descrevem os
principais processos físicos costeiros. Neste estudo consideraram-se os módulos computacionais: LITSTP
(DHI, 2016d), que tem por base um modelo intra-onda que descreve os processos de transporte não-
estacionários ao longo do ciclo da onda; LITDRIFT (DHI, 2016a), que permite simular o transporte
sedimentar longitudinal ao longo do perfil ativo devido a ondas e correntes e LITLINE (DHI, 2016b), que
tem como base o conceito de modelo de 1-linha para obter a evolução da LC.
O módulo LITSTP calcula o transporte de sedimentos não coesivos por ação das ondas e correntes,
considerando o transporte de fundo e em suspensão (estas componentes são calculadas separadamente).
O LITDRIFT, modelo bidimensional no plano vertical, permite obter a distribuição do transporte longi-
tudinal na direção transversal através da combinação do módulo LITSTP com um modelo hidrodinâmico.
Por sua vez, o módulo computacional LITLINE recorre ao LITDRIFT, através do programa LINTABL
que calcula as taxas de transporte em função do nível do mar e do período, altura e direção de onda. Na

69
secção seguinte descreve-se com mais detalhe o módulo computacional LITLINE.

5.1.2 LITLINE

O módulo LITLINE calcula a posição da LC em relação a uma linha de base (baseline). Este baseia-
se na teoria de 1-linha, que tem como simplificação/hipótese o perfil transversal permanecer constante
durante os fenómenos de erosão/acreção, movendo-se apenas paralelamente a si próprio. Com base
nos resultados do módulo LITDRIFT, o modelo simula a resposta da LC aos gradientes de transporte
sedimentar longitudinal resultantes de características naturais da zona em análise, estruturas costeiras e
fontes e sumidouros de sedimentos (DHI, 2016b).
O LITLINE calcula a evolução da LC através da resolução da equação da continuidade para sedimentos
na faixa litoral (DHI, 2016b):
∂yc 1 ∂Q Qsou
=− + , (5.1)
∂t hact ∂x hact ∆x

em que yc representa a distância da linha de base à LC, t o tempo, Q o transporte sedimentar longitudinal
expresso em volume, x a posição longitudinal, Qsou o termo referente a fontes/sumidouros expresso em
volume/∆x, hact a altura ativa do perfil transversal de praia e ∆x o passo de discretização longitudinal.
A equação governante (Equação 5.1) é convertida na forma de diferenças finitas, utilizando a repre-
sentação típica em malha intercalada, ilustrada na Figura 5.1.
Quanto ao efeitos induzidos pela presença das estrutu-
ras costeiras, nomeadamente um quebra-mar destacado, o
LITLINE modela as alterações causadas no transporte se-
dimentar. No que diz respeito à modelação da evolução da
LC, o principal efeito de um quebra-mar destacado é prote-
ger. Como tal, na zona de sombra a capacidade energética
da agitação incidente e as correntes longitudinais são redu-

Figura 5.1: Definição da conservação de zidas, originando uma diminuição do transporte longitudinal
volume sedimentar para o cálculo da evo- de sedimentos (Q(x)). Este efeito está incluído no LITLINE
lução da LC numa secção de controlo. Re-
tirado de Taborda e Ribeiro (2016). através da introdução de relações de transporte modificadas
nas proximidades da estrutura. Para além disso, o LITLINE
assume que a estrutura é impermeável e não refletiva (bloqueia o fluxo mas não considera o fenómeno
de reflexão). As alturas de onda são reduzidas e as direções da agitação incidente são alteradas na zona
de sombra do quebra-mar devido à difração, refração e empolamento. A estrutura é definida no modelo
apenas através das posições das suas duas extremidades, incluindo-se o bypass de sedimentos. Ambas a
extremidades encontram-se a 330 m da baseline e distam entre si 150 m (comprimento longitudinal do
quebra-mar destacado). Neste caso de teste definiu-se que a morfologia se atualizava continuamente e
que as fronteiras laterais, norte e sul, eram abertas (condições de Neumann), sendo comparável com o
caso de teste H1 realizada para o sistema de modelos Delft3D (Tabela 4.5).

70
5.2 Definição do Modelo de 1-linha

5.2.1 Ficheiro de Input: Cross-shore Profile

Este ficheiro fornece a informação geomorfológica ao longo do perfil transversal de praia que se considerou
representativo do trecho de costa em análise. O perfil transversal de praia tem uma orientação de 289.5◦ N
(direção da normal à LC), adotando-se um passo espacial de 5 m para a sua representação e resolução
dos processos costeiros, valor igual ao utilizado na geração das malhas do sistema de modelos Delft3D.
O perfil é descrito por um conjunto de dados constituído por cinco variáveis: topo-hidrografia (m),
p
rugosidade de fundo (m), D50 (mm), ws (m/s) e dispersão geométrica ( d84 /d16 ). A topo-hidrografia
utilizada corresponde ao perfil simplificado, representativo do trecho em estudo, constante ao longo
da LC, apresentado na Figura 3.5, com 1100 m de extensão (221 pontos de grelha). O parâmetro
D50 = 0.30 mm é escolhido de acordo com o apresentado na Secção 3.3. A rugosidade de fundo é um
parâmetro de calibração, considerando-se igual a 0.00004. Este parâmetro foi calibrado no estudo de
Oliveira et al. (2018) em conjunto com os fatores de transporte associados às ondas (suspensão e de
fundo) no sistema de modelos Delft3D, de modo a que o transporte longitudinal de sedimentos obtido
em ambos os modelos para as condições de onda consideradas igualasse o valor conhecido para a costa
portuguesa (1 800 000 m3 /ano). Através da calculadora integrada no módulo LITSTP, e usando os valores
do D50 , da temperatura média anual da água do mar, T = 15◦ C, e da densidade relativa dos sedimentos,
2.65 (areia uniforme), obteve-se ws = 0.03856 m/s. Para a dispersão geométrica considerou-se o valor
1.3, que corresponde ao valor padrão recomendado.

5.2.2 Ficheiro de Input: Annual Wave Climate

Este ficheiro descreve os parâmetros das ondas, correntes e vento que atuam durante o período de tempo
de simulação, sendo necessário como input das condições de hidrodinâmica nos módulos computacionais
LITDRIFT e LITLINE. A série temporal de condições de hidrodinâmica é descrita neste ficheiro através
dos parâmetros representados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Parâmetros necessários à definição do ficheiro de input: annual wave climate.

Parâmetros Configurações

Duração do evento de onda 0.0342466 % h/ano

Altura de onda (Hrms ) 1.52 m

Dir 299.5◦ N

Período de onda (Tz ) 8.9 s

Profundidade de referência para a altura de onda 12 m

Profundidade de referência para a direção de onda 12 m

NMM 2m
2 (ondas irregulares com
Descrição espectral das ondas
distribuição de Rayleigh)

Fator de dispersão 0.5

Apenas foi considerado o efeito das correntes marítimas induzidos pelas ondas na rebentação. A ação

71
do vento não foi tida em conta.
A altura de onda é definida pela altura média quadrática, Hrms , e o período de onda pelo período
médio de zero ascendente, Tz . Uma vez que na Secção 3.2 os dados relativos à zona de estudo apresentam
valores para Hs e Tp , foi necessário recorrer a equações que permitem relacionar estas grandezas:

Hs
Hrms = √ , (5.2)
2

Tz = 0.781Tp . (5.3)

Existem várias equações que permitem relacionar Tz e Tp , no entanto para o caso de estudo foi escolhida
a expressão correspondente ao espectro de energia JONSWAP, uma vez que foi este o espectro utilizado
no sistema de modelos Delft3D. Os valores de Hs , Tp e da Dir utilizados correspondem a uma agitação
incidente com características médias, a onda média (Secção 3.2).
O parâmetro relativo ao fator de dispersão, representativo do decréscimo nas tensões de radiação por
consequência da dispersão direcional das ondas, considerou-se igual ao valor recomendado de 0.5, que
corresponde à situação em que a distribuição das ondas é mais uniforme.

5.2.3 Ficheiro de Input: Initial Coastline Alignment

O domínio computacional do modelo de 1-linha também inclui um ficheiro que descreve o alinhamento,
forma e propriedades da LC: initial coastline alignment, posição inicial da LC que se considerou coinci-
dente com a isolinha do NMM. O trecho da LC a simular considerou-se retilíneo com 4000 m, divido em
801 células com 5 m de comprimento (o mesmo já considerado para o sistema de modelos Delft3D). A ori-
entação da LC é de 19.5◦ N. Os parâmetros do perfil transversal de praia que definem o volume sedimentar
associado às variações morfológicas induzidas pelo gradiente de transporte longitudinal apresentam-se na
Figura 5.2 e na Tabela 5.2.
Através da modelação do transporte sedimentar (módulo computacional LITDRIFT) obteve-se a
distribuição transversal do transporte longitudinal anual para a onda média que permitiu a quantificação
dos parâmetros apresentados na Tabela 5.2. Admitiu-se que a profundidade ativa (Dact ) corresponde à
posição onde ocorre 99% do transporte total acumulado anual (- 3.354 m ZH), e que a altura da berma
(hberma ) corresponde ao nível máximo da maré no mesmo período de tempo.

Tabela 5.2: Parametrização da zona ativa


da praia.

Parâmetros Magnitude
Altura da berma (hberma ) 2m
Altura da duna (hduna ) 10 m
Profundidade ativa (Dact ) 5.354 m
Largura da zona ativa (Lact ) 310 m
Altura ativa (hact ) 7.354 m

Figura 5.2: Parametrização da zona ativa do perfil trans- Posição da LC (yc (x)) 125 m
versal utilizada pelo módulo computacional LITLINE. Posição da duna (yduna (x)) 80 m
Adaptado de DHI (2016c).

72
5.2.4 Parâmetros Adicionais Relativos às Condições de Ondas e Sedimentos

O processo de sobreelevação do nível do mar associado à rebentação (wave setup) foi incluído na modelação
bem como os parâmetros de rebentação implícitos, com fator de dissipação 1. Quanto à descrição da
sedimentologia, considerou-se uma distribuição granulométrica uniforme ao longo do perfil e a existência
de formas de fundo com os coeficientes padrão (por default). Na definição dos parâmetros de transporte
de sedimentos considerou-se: a densidade relativa dos sedimentos igual a 2.65, o valor crítico do parâmetro
de Shields igual a 0.045 e a porosidade dos sedimentos a 0.4. Para os parâmetros de cálculo de sedimentos
considerou-se a teoria de onda de Doering e Bowen que parametriza a forma da onda para considerar as
assimetrias vertical e horizontal, com 140 passos de cálculo por período, num máximo de 100 períodos
e com uma tolerância de 0.001, incluindo-se os termos convectivos e uma descrição da concentração de
fundo determinística.

5.3 Comparação dos Resultados Obtidos com os Modelos 2DH e


1-linha
A previsão da evolução da isolinha do NMM (LC) na vizinhança do QDE obtida com o modelo de 1-
linha apresenta-se na Figura 5.3. Devido ao ataque oblíquo da agitação incidente dá-se uma evolução
assimétrica da LC, com avanço a norte da obra e recuo a sul. Após 30 dias verifica-se um saliente
assimétrico com um avanço máximo de 18 m na zona de sombra da estrutura, e um recuo máximo a
sul de 35 m (para y = 1936 m). O transporte longitudinal de sedimentos resultante da simulação com
o modelo de 1-linha encontra-se na Figura 5.4, calculando-se que a ação permanente de uma agitação
incidente com características médias durante um ano causa uma deriva litoral de 1 761 744 m3 /ano, valor
próximo do obtido para o caso S (sem quebra-mar) no modelo 2DH.
A comparação dos resultados dos modelos 2DH (caso de teste H1) e de 1-linha apresentam-se nas
Figuras 5.5 e 5.6. A comparação destes dois modelos, para um QDE com as mesmas características
geométricas, permite avaliar a importância dos processos costeiros considerados/negligenciados, bem
como avaliar o desempenho dos modelos. Ao passo que a LC obtida com o modelo 2DH, ao fim de
30 dias, permanece praticamente constante, o modelo de 1-linha prevê avanços e recuos significativos a
norte e sul do QDE.

Figura 5.3: Evolução da LC na presença de um QDE (hc = 4.5 m) sob a ação de uma onda constante
(onda média): LC inicial, após 10, 20 e 30 dias (resultados do sistema de modelos integrados LITPACK).

73
Os resultados evidenciam as diferenças nas ca-
pacidades de modelação dos modelos 2DH e 1-
linha. O modelo de 1-linha é mais simples, ha-
bitualmente utilizado para aplicações de média-
escala espacial (ordem de quilómetros) e médio-
longo prazo (ordem de anos a décadas), tendo já
sido aplicado para a zona de estudo (Ruas, 2017;
Oliveira, 2016b), bem como a QDEs na costa por-
tuguesa (Vicente et al., 2018). À custa das simpli-
ficações de processos admitidos, este modelo apre-
senta custos computacionais consideravelmente re-
duzidos, daí ser aplicado a escalas temporais e es-
Figura 5.4: Transporte total (m3 /s/m) na direção y
paciais muito superiores às do modelo 2DH. No (qy ) para uma agitação incidente com características
médias (resultados do sistema de modelos integrados
entanto, quando utilizado para prever o impacte LITPACK).
de um QDE na morfologia adjacente, há altera-
ções que este tipo de modelo não tem capacidade
de prever. O efeito de abrigo proporcionado pelo quebra-mar induz uma grande variabilidade nos fluxos
de sedimentos e consequentemente no perfil transversal de praia na zona de sombra da estrutura, ou seja,
os processos morfodinâmicos governantes são predominantemente 2D. Isto significa que a aplicação de
um modelo de 1-linha é inadequada e que o modelo 2DH é mais capacitado para simular as alterações de
LC induzidas pela presença deste tipo de estrutura, porque permite reproduzir os padrões de circulação
que ocorrem na vizinhança da zona de implementação da estrutura e entre esta e a LC.
No modelo de 1-linha, a evolução da LC é simulada em duas fases principais. Inicialmente é calcu-
lado o transporte sedimentar longitudinal ao longo do perfil de praia em estudo originado pela série de
ondas incidente (LITDRIFT), sem ocorrência de variações de fundo do perfil de praia. Na fase seguinte
é calculada a resposta da LC aos gradientes de transporte sedimentar longitudinal provocados pelas
características naturais da zona em análise e pelo QDE, não considerando os processos bidimensionais
que ocorrem devido à rebentação junto à LC. Dado que as modificações de fundo são dependentes dos
padrões de circulação no plano horizontal são expectáveis limitações na aplicação deste modelo. Em
concordância, não é considerada a componente do transporte sedimentar na direção transversal, no caso
do modelo de 1-linha. No entanto, sendo a onda média uma onda com uma grande capacidade de mobili-
zação, esta componente não deve ser desprezada. Em síntese, o modelo de 1-linha assume o deslocamento
(avanço/recuo) de um perfil transversal constante o que não é realista para o caso em estudo.
Assim, o modelo 2DH é um modelo mais completo, baseado em processos, que permite resolver a
propagação das ondas, os fluxos sedimentares, o transporte sedimentar nas componentes longitudinal e
transversal e as alterações morfológicas no mesmo passo de cálculo e nas duas direções do plano horizontal.
Isto permite uma melhor representação da realidade, no entanto com elevados custos computacionais e
apenas pode ser aplicado a escalas espaciais e temporais limitadas. Além disso, o facto de permitir
introduzir uma grande quantidade de parâmetros em comparação com o modelo de 1-linha faz com que

74
este modelo permita reproduzir melhor a realidade. É de referir que a complexidade do modelo 2DH
dificulta a sua calibração, comparativamente com o modelo de 1-linha cuja facilidade de utilização e
baixo custo computacional, o tornam uma ferramenta prática de modelação numérica a grandes escalas
temporal e espacial.

Figura 5.5: Comparação das LCs obtidas ao fim de 30 dias de simulação com o modelo 2DH e o modelo
1-linha, com a LC inicial, sob a ação da onda média.

(a) (b) (c) (d)

Figura 5.6: Evolução das batimétricas na presença do QDE sob a ação da onda média: inicial (a), após
10 dias (b), após 20 dias (c) e após 30 dias (d). A escala de cores (m ZH) refere-se ao modelo 2DH (caso
de teste H1) e a linha preta (2 m ZH) ao modelo de 1-linha.

75
76
Capítulo 6

Considerações Finais e Trabalho Futuro

6.1 Considerações Finais


A importância que as zonas costeiras assumem estrategicamente em termos ambientais, económicos e
sociais em Portugal implica uma necessidade de respostas apta a mitigar os riscos associados à erosão,
tais como a inundação das zonas costeiras, redução da extensão de areal e destruição do património
edificado. Atualmente, a principal classe de resposta a estes riscos é a proteção e, neste estudo, foi
analisado em detalhe o efeito de um QDS no trecho costeiro localizado entre as embocaduras dos rios
Mondego e Lis, que tem sido alvo de diversas ações de proteção com o objetivo de reverter os efeitos
erosivos que nele ocorrem.
Os QDSs têm surgido como alternativa às estruturas convencionais (e.g. esporões e defesas longitu-
dinais aderentes), no entanto na costa oeste portuguesa os seus efeitos são pouco conhecidos. Por outro
lado, a reduzida implementação de QDSs deve-se à escassez de estudos que permitem prever a resposta
da LC na presença deste tipo de estrutura bem como à complexidade dos processos físicos envolvidos.
Ao fazer uso de métodos modernos de modelação numérica para simular a morfodinâmica resultante
da interação onda – quebra-mar – fundo arenoso na zona ativa da praia localizada na vizinhança desta
estrutura paralela à LC, o estudo reverte na melhoria de sistemas de proteção costeira e apresenta uma
contribuição valiosa no sentido de diminuir esta escassez. Deste modo, aplicou-se um modelo 2DH e
um modelo de 1-linha que foram calibrados no estudo de Oliveira et al. (2018) através do transporte de
sedimentos longitudinal.
Em particular, o modelo 2DH implementado no sistema de modelos Delft3D, que se baseia nos proces-
sos físicos de dinâmica costeira, tem em conta as duas componentes, x − y, dos fenómenos e as alterações
da morfodinâmica induzidas pela presença do QDS. Este aplicou-se para avaliar a evolução morfológica
de uma batimetria uniforme longitudinalmente (localmente alterada para incluir um QDS paralelo à LC)
sujeita a uma agitação incidente oblíqua constante durante 30 dias, de maneira a simplificar as condições
de fundo e de fronteira e, consequentemente, a complexidade do modelo, permitindo assim focar o estudo
na interpretação dos processos. Efetuou-se uma análise de sensibilidade ao efeito dos parâmetros de di-
mensionamento do QDS, elevação do coroamento (hc ), distância à LC (DLC ) e comprimento longitudinal

77
do quebra-mar (Lq ), na resposta morfológica da praia e para dois tipos de condições de agitação marítima
(onda média e onda mais frequente). Em particular, analisou-se o efeito na evolução dos parâmetros ele-
vação do fundo, altura significativa da onda, transporte de sedimentos total e velocidade do escoamento
integrada na coluna da água.
Da análise ao efeito da onda média (caso de teste S), sem estrutura de proteção, observou-se a formação
de barras longitudinais submersas oblíquas já apontadas por Giardino et al. (2010). Através da análise
da evolução morfológica do perfil transversal verificou-se um padrão de evolução típico da ação de uma
onda erosiva, em que a posição da LC se manteve constante. Com recurso ao modelo numérico Delft3D,
capaz de simular os processos hidrodinâmicos e morfológicos na vizinhança de um QDS, observa-se que
a onda média provoca a acumulação de sedimentos na zona de sombra da estrutura devido à redução
da energia da agitação incidente (caso de teste R). O modelo também reproduz a assimetria no padrão
de acumulação de sedimentos, que é devido à obliquidade da agitação incidente. Quanto ao transporte
longitudinal, regista-se a sua diminuição, passando o seu valor a 48% do transporte verificado para o caso
de teste S (ausência de QDS). O padrão de circulação em torno da obra é assimétrico e composto por
duas células que se formam através da divergência das correntes que se geram sobre o QDS em direção à
costa.
A influência da variação do parâmetro estrutural, hc , revela que à medida que o nível de submergência
aumenta, a elevação do perfil na zona de sombra do quebra-mar vai diminuindo. No entanto, para
hc ≤ 2.5 m os resultados do modelo mostram que o perfil de praia começa a estabilizar. O modelo
também é coerente ao prever a formação de um tômbolo para hc ≥ 3.5 m (incluindo o caso do QDE, caso
de teste H1) e a formação de um saliente para hc ≤ 2.5 m. O aumento do parâmetro DLC faz com que
diminua a influência do QDS sobre a envolvente, bem como a capacidade de acumulação de sedimentos
Lq
na sua zona de sombra. A formação de um tômbolo é prevista para valores de DLC ≥ 0.47 e a formação
Lq
de um saliente para DLC ≤ 0.38. Em relação ao parâmetro Lq , os resultados do modelo evidenciam que
o seu aumento resulta no aumento da acumulação de sedimentos na zona de sombra do QDS, tendendo
para que se forme um esporão em T.
Por fim, foi testada a resposta morfológica para uma agitação incidente menos energética, especifica-
mente, a onda mais frequente. Esta onda é menos erosiva e por isso está associada a menores variações da
morfologia adjacente ao QDS, tal como o modelo reproduz. O transporte sedimentar longitudinal obtido
também é bastante inferior, representado 5% do obtido para o caso de teste R (caso de referência), como
se esperava, uma vez que a capacidade de transporte da onda média é superior à da onda mais frequente.
Destes resultados, pode concluir-se que o QDS é muito mais efetivo para uma agitação incidente com
características médias, ou seja, terá uma maior eficácia na proteção de costas muito energéticas com uma
direção de incidência preponderante como é o caso da costa oeste portuguesa.
Os resultados da geometria em planta da praia, em particular da LC, foram comparados com os
resultados numéricos da aplicação de um modelo de 1-linha, o modelo numérico de evolução de LC
- LITLINE, para o caso de possível comparação, um QDE. Esta comparação permitiu evidenciar que
as simplificações admitidas pelo LITLINE não permitem representar os fenómenos físicos dominantes
na vizinhança do QDE e consequentemente o modelo não reproduz corretamente o efeito do QDE na

78
evolução local da LC. No entanto, é preciso ter em conta que este modelo tem como finalidade a sua
aplicação a grandes escalas temporais e espaciais, a custos computacionais muito reduzidos. Assim,
o modelo 2DH, apesar de ser bastante mais complexo e ter elevados custos computacionais, é mais
capacitado para simular as alterações de LC que ocorrem em redor deste tipo de estrutura, uma vez que
permite reproduzir os padrões de circulação induzidos pela presença do quebra-mar destacado, já bem
documentados na literatura (Ranasinghe e Turner, 2006).
Em suma, com este trabalho contribuiu-se para o conhecimento mais aprofundado sobre as alterações
induzidas na morfodinâmica adjacente por um QDS na costa oeste portuguesa recorrendo à exploração
de um dos modelos mais avançados e sofisticados para a modelação da morfodinâmica costeira, o sistema
de modelos Delft3D. Esta análise servirá de apoio a projetos/estudos para implementação deste tipo de
obra na zona em estudo.

6.2 Trabalho Futuro


A principal limitação deste estudo é a falta de dados que permitam validar os resultados obtidos. Assim,
teria interesse a realização de testes em modelo físico para as mesmas condições dos casos de teste
do modelo 2DH, de modo a validar o modelo numérico. Adicionalmente, a medição de parâmetros
hidrodinâmicos in situ também é crucial para a aferição dos modelos numéricos, uma vez que a quantidade
de dados de campo antes e após a construção de um QDS é limitada.
Nas configurações paramétricas do sistema de modelos Delft3D sugere-se a utilização de uma malha
para o módulo FLOW superior à do módulo WAVE na fronteira fechada, que representa a LC, para
evitar problemas devido às condições de fronteira. O módulo WAVE baseia-se no modelo SWAN que não
simula corretamente a propagação das ondas junto à LC (com pequena coluna de água), pelo que se a
malha FLOW se prolongar para além da malha WAVE, será o módulo FLOW a terminar a resolução dos
processos.
As condições de teste foram simplificadas, em particular, considerou-se a propagação de uma agitação
incidente constante num perfil simplificado, representativo da zona de estudo, para diminuir a complexi-
dade do modelo e focar a análise nos efeitos de ações conhecidas. Na realidade, a agitação incidente é
multidirecional e a batimetria real apresenta maiores irregularidades nos fundos, como tal, a propagação
de uma série temporal de agitação marítima na batimetria real da zona de estudo constitui a reprodução
mais próxima da realidade.

79
80
Bibliografia

Ahrens, J. e Cox, J. (1990). Design and performance of reef breakwaters. Journal of Coastal Research,
pp. 61–75.

Andrade, C., Pires, H., Taborda, R., e Freitas, M. (2007). Projecting future changes in wave climate and
coastal response in Portugal by the end of the 21st century. Journal of Coastal Research, 50:263–257.

Antunes, C. e Taborda, R. (2009). Sea level at Cascais tide gauge: data, analysis and results. Journal
of Coastal Research, pp. 218–222.

Basco, D. R. (2006). Shore Protection Projects. Coastal Engineering Manual, Engineer Manual 1110-2-
1100, Parte V, Capítulo V-3, U.S. Army Corps of Engineers, Washington, DC.

Battjes, J. A. e Janssen, J. (1978). Energy loss and set-up due to breaking of random waves. In Coastal
Engineering 1978, pp. 569–587.

Black, K. e Mead, S. (2001). Design of the Gold Coast reef for surfing, beach amenity and coastal
protection: surfing aspects. Journal of Coastal Research, 29:115–130.

Black, K. P. e Andrews, C. J. (2001). Sandy shoreline response to offshore obstacles part 1: Salient and
tombolo geometry and shape. Journal of Coastal Research, pp. 82–93.

Booij, N., Ris, R., e Holthuijsen, L. H. (1999). A third-generation wave model for coastal regions: 1.
model description and validation. Journal of Geophysical Research: Oceans, 104(C4):7649–7666.

Bricio, L., Negro, V., e Diez, J. J. (2008). Geometric detached breakwater indicators on the spanish
northeast coastline. Journal of Coastal Research, 24(5):1289–1303.

Burcharth, H., Hawkins, S., Zanuttigh, B., e Lamberti, A. (2007). Environmental Design Guidelines for
Low Crested Coastal Structures. Elsevier.

Dally, W. e Pope, J. (1986). Detached Breakwaters for Shore Protection. U.S. Army Engineer Waterways
Experiment Station.

Dean, R. e Dalrympe, R. (2001). Coastal Processes with Engineering Applications. Cambridge University
Press.

Dean, R. G. (1991). Equilibrium beach profiles: characteristics and applications. Journal of Coastal
Research, pp. 53–84.

81
Deltares. (2011)a. Delft3D-FLOW, Simulation of multi-dimensional hydrodynamic flows and transport
phenomena, including sediments, User Manual. Delft.

Deltares. (2011)b. Delft3D-QUICKIN, Generation and manipulation of grid-related parameters such as


bathymetry, initial conditions and roughness, User Manual. Delft.

Deltares. (2011)c. Delft3D-QUICKPLOT, Visualisation and animation program for analysis of simulation
results, User Manual. Delft.

Deltares. (2011)d. Delft3D-RGFGRID, Generation and manipulation of curvilinear grids for Delft3D-
FLOW and Delft3D-WAVE, User Manual. Delft.

Deltares. (2011)e. Delft3D-WAVE, Simulation of short-crested waves with SWAN, User Manual. Delft.

DHI. (2016)a. LITDRIFT – Longshore Current and Littoral Drift, User Guide. Danish Hydraulic
Institute, Copenhaga, Dinamarca.

DHI. (2016)b. LITLINE – Coastline Evolution, User Guide. Danish Hydraulic Institute, Copenhaga,
Dinamarca.

DHI. (2016)c. LITPACK – An Integrated Modelling System for Littoral Processes And Coastline Kinetics,
Short Introduction and Tutorial. Danish Hydraulic Institute, Copenhaga, Dinamarca.

DHI. (2016)d. LITSTP – Noncohesive Sediment Transport in Currents and Waves, User Guide. Danish
Hydraulic Institute, Copenhaga, Dinamarca.

Dias, J. A. e Taborda, R. (1988). Evolução recente do nível médio do mar em portugal. Anais do Instituto
Hidrográfico, Lisboa, Portugal., 9:83–97.

Dias, J. A., Ferreira, O., e Pereira, A. R. (1994). Estudo sintético de diagnóstico da geomorfologia
e da dinâmica sedimentar dos troços costeiros entre Espinho e Nazaré. Edição eletrónica (2005):
w3.ualg.pt/~jdias/JAD/ebooks.

Doody, P., Ferreira, M., Lombardo, S., Lucius, I., Misdorp, R., Niesing, H., Smallegange, M., Veloso Go-
mes, F., Taveira Pinto, F., das Neves, L., e Barbosa, J. (2006). Viver com a Erosão Costeira na
Europa. Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias.

Fredsøe, J. (1984). Turbulent boundary layer in wave-current motion. Journal of Hydraulic Engineering,
110(8):1103–1120.

Freire, R. P. e Taveira-Pinto, F. (2011). Análise do comportamento hidromorfológico do quebramar da


Aguda. 5as Jornadas de Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambiente.

Giardino, A., Werf, J. V. D., e Ormondt, M. V. (2010). Simulating coastal morphodynamics with Delft3D:
case study Egmond aan Zee. Tese de Doutoramento, Deltares Delft Hydraulics.

Hsu, J. R. e Silvester, R. (1990). Accretion behind single offshore breakwater. Journal of Waterway,
Port, Coastal, and Ocean Engineering, 116:362–380.

82
Instituto da Água, (2002). Quebramar destacado da Praia da Aguda. Flyer.

Jackson, L. A., Tomlinson, R., McGrath, J., e Turner, I. (2003). Monitoring of a multi functional
submerged geotextile reef breakwater. In Coastal Engineering 2002: Solving Coastal Conundrums, pp.
1923–1935. World Scientific.

Jackson, L. A., Tomlinson, R., Turner, I., Corbett, B., D’Agata, M., e McGrath, J. (2005). Narrowneck
artificial reef results of 4 yrs of monitoring and modifications. In Proceedings of the 4th International
Surfing Reef Symposium 12-14. Manhattan Beach, California, USA.

Lamberti, A., Archetti, R., Kramer, M., Paphitis, D., Mosso, C., e Di Risio, M. (2005). European
experience of low crested structures for coastal management. Coastal Engineering, 52(10-11):841–866.

Lesser, G. R., Roelvink, J. A., Van Kester, J., e Stelling, G. (2004). Development and validation of a
three-dimensional morphological model. Coastal engineering, 51(8-9):883–915.

Luijendijk, A., Hagenaars, G., Ranasinghe, R., Baart, F., Donchyts, G., e Aarninkhof, S. (2018). The
state of the world’s beaches. Scientific Reports, 8. 45 p.

Mangor, K., (2018). Detached breakwaters. http://www.coastalwiki.org/wiki/Detached_


breakwaters. Acedido a 10 de julho de 2018.

McCowan, J. (1894). On the highest wave of permanent type. The London, Edinburgh, and Dublin
Philosophical Magazine and Journal of Science, 38(233):351–358.

Oliveira, F. S. B. F. (2014). Caracterização morfológica do trecho litoral entre as embocaduras dos rios
Mondego e Lis. Relatório técnico, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, DHA/NEC, Lisboa.

Oliveira, F. S. B. F. (2016)a. Modelling morphological evolution in the surrounding area of a groyne:


preliminary results. 4as Jornadas de Engenharia Hidrográfica, IH, pp. 257–260.

Oliveira, F. S. B. F. e Brito, F. A. (2015). Evolução da morfologia costeira a sul da embocadura do rio


Mondego, de 1975 a 2011. Congresso sobre Planeamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de
Expressão Portuguesa, Universidade de Aveiro, Aveiro.

Oliveira, F. S. B. F., Ruas, J., e Trigo-Teixeira, A. (2018). Morphodynamics in the vicinity of a groyne
with 2D and 1D numerical models. 5as Jornadas de Engenharia Hidrográfica.

Oliveira, J. N. C. (2016)b. Modelação do impacte do prolongamento do molhe norte da embocadura


do rio Mondego nas praias adjacentes a sul. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico,
Universidade de Lisboa.

Pereira, C. e Coelho, C. (2013). Mapas de risco das zonas costeiras por efeito da ação energética do mar.
Revista de Gestão Costeira Integrada, 13:27–43.

Pilarczyk, K. W. (2003). Design of low-crested (submerged) structures: an overview. In 6th International


Conference on Coastal and Port Engineering in Developing Countries.

83
Pires, D. (2018). Galgamento em estruturas de proteção marginal face a cenários de alterações climáticas.
Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Ranasinghe, R., Larson, M., e Savioli, J. (2010). Shoreline response to a single shore-parallel submerged
breakwater. Coastal Engineering, 57(11-12):1006–1017.

Ranasinghe, R. e Turner, I. L. (2006). Shoreline response to submerged structures: A review. Coastal


Engineering, 53(1):65–79.

Ranasinghe, R., Turner, I. L., e Symonds, G. (2006). Shoreline response to multi-functional artificial
surfing reefs: A numerical and physical modelling study. Coastal Engineering, 53(7):589–611.

Restall, S., Jackson, L., e Heerten, G. (2001). The challenge of geotextile sand containers as armour
units for coastal protection works in Australasia. In Proceedings of the 15th Australasian Coastal &
Ocean Engineering Conference.

Ruas, J. (2017). Modelação da resposta morfológica de praias a esporão. Dissertação de Mestrado,


Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.

Santos, F. D., Lopes, A. M., Moniz, G., Ramos, L., e Taborda, R. (2017). Gestão da Zona Costeira: O
desafio da mudança. Grupo de Trabalho do Litoral.

Santos, M. I. (2017). Caracterização de tempestades marítimas e análise do seu efeito nas praias a sul
do rio Mondego. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.

Suh, K. e Dalrymple, R. (1987). Offshore breakwaters in laboratory and field. Journal of Waterway,
Port, Coastal, and Ocean Engineering, 113.

Taborda, R. e Ribeiro, M. (2016). Shoreline evolution modelling on platform beaches. Actas das 4as
Jornadas de Engenharia Hidrográfica, Instituto Hidrográfico, pp. 265–268.

Tomasicchio, U. (1996). Submerged breakwaters for the defence of the shoreline at Ostia field experiences,
comparison. Coastal Engineering, pp. 2404–2417.

Treffers, R. (2009). Wave-driven longshore currents in the surf zone. Dissertação de Mestrado, Delft
University of Technology.

Turner, I. L. (2006). Discriminating modes of shoreline response to offshore-detached structures. Journal


of Waterway, Port, Coastal, and Ocean Engineering, 132(3):180–191.

Turner, I. L., Leyden, V. M., Cox, R. J., Jackson, L. A., e McGrath, J. E. (2001). Physical model study
of the gold coast artificial reef. Journal of Coastal Research, pp. 131–146.

Vaidya, A., Kori, S. K., e Kudale, M. (2015). Shoreline response to coastal structures. Aquatic Procedia,
4:333–340.

Valle, A. (2014). Perda de território por ação do mar: Uma questão nacional. Ingenium, (141):29–31.

84
Van der Biezen, S., Roelvink, J., Van de Graaff, J., Schaap, J., e Torrini, L. (1998). 2DH morphological
modelling of submerged breakwaters. Coastal Engineering, pp. 2028–2041.

Van Rijn, L. C. (1993). Principles of sediment transport in rivers, estuaries and coastal seas, volume
1006. Aqua Publications Amsterdam.

Van Rijn, L. C., (2013). Design of hard coastal structures against erosion. https://www.
leovanrijn-sediment.com/papers/Coastalstructures2013.pdf. Acedido a abril de 2018.

Vicente, C. e Pereira, M. (1986). Análise da evolução da praia da figueira da foz. Laboratório Nacional
de Engenharia Civil, DHA/NEC. 51 p.

Vicente, C. M., Pisco, V., e Clímaco, M., (2018). Previsão do comportamento de quebra-mares no trecho
de costa de Espinho ao Cabo Mondego. Relatório publicação interna do Departamento de Hidráulica
e Ambiente.

85
86
Apêndice A

Resultados Adicionais Obtidos com a


Aplicação do Modelo 2DH

A.1 Simulação R (Caso de Referência)

(a) (b) (c) (d)

Figura A.1: Caso de teste R na zona de estudo: (a) batimetria inicial, (b) ao fim de 10, (c) 20 e (d)
30 dias (resultados do sistema de modelos Delft3D).

87
(a) (b)

Figura A.2: Caso de teste R na zona de estudo: evolução do perfil transversal de praia e Hs correspondente
para (a) y = 1875 m e (b) y = 2125 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

A.2 Variação da Elevação do Coroamento (Simulações H1, H2,


H3 e H4)

(a) (b)

Figura A.3: Evolução morfológica no caso de teste H1 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

88
(a) (b)

Figura A.4: Evolução morfológica no caso de teste H2 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.5: Evolução morfológica no caso de teste H3 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

89
(a) (b)

Figura A.6: Evolução morfológica no caso de teste H4 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b) (c) (d)

Figura A.7: Transporte total (suspensão e arrastamento) na zona de estudo (m3 /s/m) após 30 dias para
os casos de teste (a) H1, (b) H2, (c) H3 e (d) H4 (resultados do sistema de modelos Delft3D).

90
(a) (b)

Figura A.8: Evolução do perfil transversal de praia após 30 dias para (a) y = 1875 m e (b) y = 2125 m
obtidos para os casos de teste R, H1, H2, H3 e H4 (resultados do sistema de modelos Delft3D). As imagens
representadas no canto inferior direito correspondem ao caso de referência, teste R.

(a) (b)

Figura A.9: Caso de teste H1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

91
(a) (b)

Figura A.10: Caso de teste H1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.11: Caso de teste H2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.12: Caso de teste H2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

92
(a) (b)

Figura A.13: Caso de teste H3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.14: Caso de teste H3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.15: Caso de teste H4 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

93
(a) (b)

Figura A.16: Caso de teste H4 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

94
A.3 Variação da Distância à LC (Simulações D1, D2 e D3)

(a) (b)

Figura A.17: Evolução morfológica no caso de teste D1 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.18: Evolução morfológica no caso de teste D2 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

95
(a) (b)

Figura A.19: Evolução morfológica no caso de teste D3 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b) (c)

Figura A.20: Transporte total (suspensão e arrastamento) na zona de estudo (m3 /s/m) após 30 dias para
os casos de teste (a) D1, (b) D2 e (c) D3 (resultados do sistema de modelos Delft3D).

96
(a) (b)

(c) (d)

Figura A.21: Evolução do perfil transversal de praia após 30 dias para (a) y = 1875 m, (b) y = 1950 m,
(c) y = 2050 m e (d) y = 2125 m obtidos para os casos de teste R, D1, D2 e D3 (resultados do sistema de
modelos Delft3D). As imagens representadas no canto inferior direito correspondem ao caso de referência,
teste R.

97
(a) (b)

Figura A.22: Caso de teste D1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.23: Caso de teste D1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.24: Caso de teste D2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

98
(a) (b)

Figura A.25: Caso de teste D2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.26: Caso de teste D3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.27: Caso de teste D3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

99
A.4 Variação do Comprimento do QDS (Simulações L1, L2 e L3)

(a) (b)

Figura A.28: Evolução morfológica no caso de teste L1 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.29: Evolução morfológica no caso de teste L2 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

100
(a) (b)

Figura A.30: Evolução morfológica no caso de teste L3 na zona de estudo: (a) topo-hidrografia final em
3D (m) e (b) no plano horizontal (m) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b) (c)

Figura A.31: Transporte total (suspensão e arrastamento) na zona de estudo (m3 /s/m) após 30 dias para
os casos de teste (a) L1, (b) L2 e (c) L3 (resultados do sistema de modelos Delft3D).

101
(a) (b)

(c) (d)

Figura A.32: Evolução do perfil transversal de praia após 30 dias para (a) y = 1875 m, (b) y = 1950 m,
(c) y = 2050 m e (d) y = 2125 m obtidos para os casos de teste R, L1, L2 e L3 (resultados do sistema de
modelos Delft3D). As imagens representadas no canto inferior direito correspondem ao caso de referência,
teste R.

102
(a) (b)

Figura A.33: Caso de teste L1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.34: Caso de teste L1 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.35: Caso de teste L2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

103
(a) (b)

Figura A.36: Caso de teste L2 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.37: Caso de teste L3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.38: Caso de teste L3 na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

104
A.5 Onda Frequente (Simulação F)

(a) (b) (c)

Figura A.39: Caso de teste F na zona de estudo: (a) após 10, (b) 20 e (c) 30 dias (resultados do sistema
de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.40: Caso de teste F na zona de estudo: evolução do perfil transversal de praia e Hs correspon-
dente para (a) y = 1875 m e (b) y = 2125 m (resultados do sistema de modelos Delft3D).

105
(a) (b)

Figura A.41: Caso de teste F na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução
ao longo do tempo dos fundos e do transporte total (suspensão e arrastamento) correspondente (a) na
direção x (qx ) e (b) na direção y (qy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

(a) (b)

Figura A.42: Caso de teste F na zona de estudo: perfis transversais para y = 2000 m com a evolução ao
longo do tempo dos fundos e da velocidade integrada na coluna de água correspondente (a) na direção x
(vx ) e (b) na direção y (vy ) (resultados do sistema de modelos Delft3D).

106

Você também pode gostar