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Manual Carta Marinheiro
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Prefácio
Pretende-se que este manual contribua para sensibilizar o desportista náutico para as suas
responsabilidades, no domínio da Segurança da Navegação, da qual depende a sua
segurança e a dos outros.
Deseja-se ainda colmatar a falta de publicações relacionadas com este tema. Quando
existentes, revelam alguma falta de objectividade nos temas abordados, não fornecendo a
informação necessária aqueles que pretendem propor-se a exame de desportista náutico
(Categoria Marinheiro).
Este manual destina-se a dar apoio aos formandos do Clube Naval Barreirense
(Barreiro), sendo constituído por extractos de várias publicações oficiais bem como de
outros documentos.
Espera-se que este manual de apoio contribua, para o sucesso dos nossos
formandos nos exames de desportista náutico, e que lhes confira um melhor
conhecimento do mar em que navegamos, dando-lhes ferramentas que os ajudem a
navegar em Segurança.
_______________________________
Carlos Alberto José Isabel
Oficial MGP
Índice
CAPÍTULO 1
REGULAMENTO DA NÁUTICA DE RECREIO
CAPÍTULO 2
DESCRIÇÃO GERAL
CAPÍTULO 3
EMBARCAÇÕES MIÚDAS
CAPÍTULO 4
EMBARCAÇÕES À VELA
CAPÍTULO 5
CABOS
CAPÍTULO 6
ÂNCORAS E AMARRAS
CAPÍTULO 7
FUNDEAR E SUSPENDER
CAPÍTULO 8
GOVERNO E MANOBRA
CAPÍTULO 9
ATRACAR E DESATRACAR
CAPÍTULO 10
NAVEGAÇÃO COM MAU TEMPO
CAPÍTULO 11
HOMEM AO MAR
CAPÍTULO 12
REGRAS DE MANOBRA E NAVEGAÇÃO
GENERALIDADES
CAMPO DE APLICAÇÃO.................................................................................................... 12.1
DEFINIÇÕES GERAIS ....................................................................................................... 12.1
REGRAS DE MANOBRA E NAVEGAÇÃO
CONDUÇÃO DOS NAVIOS COM QUAISQUER CONDIÇÕES DE VISIBILIDADE
CAMPO DE APLICAÇÃO ................................................................................................... 12.2
VIGIA .................................................................................................................................. 12.2
VELOCIDADE DE SEGURANÇA ...................................................................................... 12.2
RISCO DE ABALROAMENTO ........................................................................................... 12.2
MANOBRAS PARA EVITAR ABALROAMENTOS ............................................................. 12.3
CANAIS ESTREITOS.......................................................................................................... 12.4
CAPÍTULO 13
BALÕES
CAPÍTULO 14
BALIZAGEM
GENERALIDADES.............................................................................................................. 14.1
MÉTODO DE CARACTERIZAÇÃO DAS MARCAS............................................................ 14.2
MARCAS LATERAIS........................................................................................................... 14.2
MARCAS LATERAIS MODIFICADAS................................................................................. 14.3
MARCAS CARDEAIS.......................................................................................................... 14.4
MARCAS DE PERIGO ISOLADO ....................................................................................... 14.6
MARCAS DE ÁGUAS LIMPAS ........................................................................................... 14.6
MARCAS ESPECIAIS ......................................................................................................... 14.7
RESUMO SISTEMA DE BALIZAGEM ................................................................................ 14.7
CAPÍTULO 15
FENÓMENO DAS MARÉS
MARÉS................................................................................................................................ 15.1
TABELAS DE MARÉS ........................................................................................................ 15.3
EXERCÍCIOS PROPOSTOS .............................................................................................. 15.4
CAPÍTULO 16
MEIOS DE SEGURANÇA
CAPÍTULO 17
APARELHO PROPULSOR
CAPÍTULO 18
COMBATE A INCÊNDIOS
CAPÍTULO 19
PRIMEIROS SOCORROS
CAPÍTULO 20
METEOROLOGIA NÁUTICA
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................X
Bibliografia
SILVA, Contra Almirante Rogério de Castro e, “Arte Naval Moderna”, Editorial de Marinha,
Damaia, 7ª Edição, Lisboa, 1973
CAPÍTULO 1
DISPOSIÇÕES GERAIS
Âmbito.
Não são abrangidas pelo Regulamento da Náutica de Recreio (RNR):
a) As embarcações exclusivamente destinadas a competição, incluindo os barcos a
remos de competição, reconhecidas nessa qualidade pelas respectivas federações;
b) As canoas, caiaques, gaivotas, cocos e outras embarcações de praia desprovidas
de motor ou vela, que naveguem até à distância de 300 metros da borda de água;
c) As pranchas à vela;
d) As embarcações experimentais.
A utilização de embarcações de recreio (ER) com fins lucrativos é regulada por legislação
especial.
PAPÉIS DE BORDO
d) Certificado de operador;
e) Documento comprovativo das inspecções efectuadas às jangadas pneumáticas.
3. Na impossibilidade da apresentação imediata dos documentos referidos no n.º 1, podem
os mesmos ser apresentados, no prazo de quarenta e oito horas, à autoridade marítima
ou na sede da entidade com jurisdição no domínio hídrico, fluvial ou lacustre que mais
convier ao utilizador e que este indicar à entidade fiscalizadora.
4. No caso previsto no número anterior, o utilizador deve apresentar um documento
comprovativo da sua identidade ou declarar o seu nome e morada, confirmado por
testemunho presencial de alguém que se encontre a bordo.
5. No caso de o utilizador não poder confirmar a sua identidade, nos termos do número
anterior, a ER deve ser mandada recolher a um porto de abrigo ou a outro local a indicar
pela entidade fiscalizadora, ficando aí retida até que o utilizador proceda à sua
identificação.
Vistorias.
1. A vistoria de manutenção deve ser efectuada com intervalos de cinco anos, a partir da
data do primeiro registo, e destina-se a verificar o equipamento e o estado de
manutenção da ER.
2. A vistoria de manutenção inclui as seguintes inspecções:
a) Uma inspecção a seco ao casco, à estrutura, ao veio, à manga, ao leme e à hélice;
b) Uma inspecção, a flutuar, ao funcionamento do aparelho propulsor, aos motores
auxiliares e à instalação eléctrica;
c) Uma inspecção aos equipamentos.
3. Se na data em que deve ser efectuada a vistoria de manutenção não houver condições
para colocar a embarcação a seco, a inspecção às obras vivas pode ser diferida, por um
período de tempo até seis meses, sendo os cinco anos de validade da vistoria contados a
partir da data em que for efectuada a vistoria a flutuar.
4. A vistoria referida no número anterior é efectuada e averbada pelo IPTM no caso das ER
destinadas à navegação oceânica, à navegação ao largo e à navegação costeira e pela
autoridade marítima relativamente às ER que se destinem à navegação costeira restrita e
à navegação em águas abrigadas, tendo em conta a respectiva área de jurisdição.
5. A vistoria de registo deve ser feita no acto do registo ou quando a embarcação transita
de proprietário, sendo realizada dentro água e a seco.
6. Poderá ainda existir vistoria de alteração, como o nome indica é realizada quando a ER
sofre alterações significativas.
DISPOSIÇÕES DIVERSAS
CAPÍTULO 2
D ESCRIÇÃO GERAL
1
A expressão querena, ou obras vivas, é pouco usual em linguagem corrente; em sua vez, diz-se
fundo do navio, embora imprecisamente, porque fundo não é toda a querena, mas somente a sua
parte inferior.
As duas faces laterais curvas do costado à proa, acima da linha de água, recebem o nome
de amuras (amura de BB e amura de EB); as da popa designam-se por alhetas (alheta de
BB e aIheta de EB). Assim, os 5 principais sectores de uma ER são: proa, popa, través,
amuras e alhetas.
A direcção perpendicular à mediania da ER, entre a amura e a alheta chama-se través.
Comprimento de uma embarcação. – É a distancia que vai do bico de proa até ao painel
de popa.
Linha de água. - A linha que separa as obras vivas das obras mortas, ou seja a intersecção
da superfície externa do casco com a superfície da água, chama-se linha de água ou linha
de flutuação.
Calado. - A altura da linha de água sobre a face inferior da quilha designa-se por calado ou
imersão da embarcação. Varia com os pesos existentes a bordo e, ordinariamente, é maior
à popa do que à proa. A diferença dos calados a ré e a vante chama-se caimento. E
quando se diz simplesmente caimento, entende-se que é o caimento a ré, por ser o normal.
Borda. – É o limite superior do costado. Pode ser da mesma altura em todo o comprimento
da embarcação e, então, chama-se borda corrida.
Escotilhas. – São aberturas no convés ou nas anteparas das superstruturas para dar
passagem às pessoas e materiais.
Escovéns. - São tubos interiores, em ambas as amuras, por onde passam as amarras das
âncoras para fora da embarcação.
Cabeços. - Os cabeços são fortes peças de ferro verticais com a base solidamente
cavilhada ao convés, servindo para dar volta aos cabos de força ou espias. Podem ser
singelos (um só cabeço) ou duplos (um par de cabeças gémeos sobre uma base comum).
Balizas. – A balizas são peças curvas de dois ramos iguais – as meias-balizas - que vão
desde a quilha até à borda. Ao conjunto de balizas chamam-se cavername.
A parte inferior da baliza, no fundo da embarcação, chama-se caverna; a parte restante, até
ao convés, designa-se por braço. A parte superior da baliza designa-se por apostura.
A baliza que corresponde à maior largura da embarcação designa-se por baliza mestra. Os
intervalos entre elas denominam-se vãos de baliza.
Sobrequilha. - A sobrequilha é uma peça longitudinal que assenta sobre as balizas, a todo
o comprimento da embarcação e no plano da mediania, concorrendo com a quilha para a
resistência longitudinal do casco.
Ossada. – A ossada é constituída pelas seguintes peças: quilha, roda de proa, cadaste,
balizas e os alcatrates. Ossada poderá ainda ter a designação de esqueleto da embarcação.
Roda de proa. – É a peça que fecha à proa a ossada do casco, ligando-se pelo pé à
extremidade anterior da quilha, como se fosse a sua elevação.
1 – Leme
2 – Clara do Leme
3 – Cadaste Anterior
4 – Cadaste Exterior
5 – Quilha
6 – Veio do Hélice
7 – Roda de Proa
8 - Madre
Cadaste. – É a peça que se monta na extremidade posterior da quilha para fechar à popa a
ossada do casco e suportar o leme. O furo do cadaste, através do qual passa a madre do
leme, chama-se clara do leme.
O cadaste pode ter várias formas, consoante o tipo de leme e a disposição dos hélices da
embarcação. Se o leme for de tipo ordinário e houver um hélice central, haverá dois
cadastes (um exterior para suporte do leme, e outro interior), designando-se o intervalo
entre eles por clara do hélice.
Balaustrada. - Quando o convés é suficientemente alto para evitar que o mar o enxovalhe
amiúde, substitui-se a borda falsa por uma balaustrada, a qual se compõe de balaústres
(varões ou tubos montados verticalmente) por onde passam os vergueiros de cabo de aço
ou de corrente. Em lugar de vergueiros podem empregar-se tubos ou varões, ligando os
balaústres e, outras vezes, um corrimão de madeira.
Capítulo 3
E MBARCAÇÕES MIÚDAS
NOMENCLATURA
A estrutura das embarcações é semelhante à dos navios, embora com certas diferenças.
Quilha. - Viga longitudinal fechando a ossada inferiormente.
Roda de proa. - Peça que se eleva à proa, no prolongamento da quilha, fechando a ossada.
Interiormente é reforçada pela contra-roda. A extremidade superior da roda de proa chama-
se capelo.
Cadaste. - Peça ligeiramente inclinada para ré, fechando a ossada à popa. Interiormente é
reforçada pelo contra-cadaste.
Balizas. - Peças curvas de dois ramos iguais ligados um a cada bordo da quilha. Em cada
meia baliza distingue-se a caverna ou parte inferior, o braço ou parte média, e a apostura
ou parte superior. O conjunto das balizas chama-se cavername.
Meia-coxia. - Tábua longitudinal sobre duas ou mais bancadas transversais, tendo uma
abertura central, chamada enora, onde enfia o mastro.
Carlinga. - Abertura na sobrequilha para receber a mecha do pé do mastro.
Boeira. - Furo no fundo da embarcação para, quando esta se iça, esgotar a água que possa
ter entrado. A boeira tapa-se com um bojão de metal munido de fiel de corrente, para não
se perder.
Painel da popa. - Forro exterior da popa nas embarcações de tipo escaler.
Tilhas. - Pequenos compartimentos à proa e à popa.
PALAMENTA
A palamenta é o conjunto das peças soltas ou desmontáveis que não fazem parte da
estrutura da embarcação.
1. A força exercida pelo leme é tanto maior: quanto maior for a área da porta do leme.
2. A força exercida pelo leme é tanto maior, quanto maior for a velocidade da ER.
3. O efeito do leme é tanto maior, quanto maior for o ângulo do leme.
Meia-lua. - Peça de madeira ou metálica com uma clara central para entrar na mecha da
cachola do leme, substituindo a cana. Nos extremos da meia-lua há dois furos ou dois
pequenos moitões para dois curtos cabos, chamados gualdropes, destinados à manobra do
leme.
Forquetas. - Peças metálicas em forma de forquilha para apoio dos remos, enfiando o pé
num furo vertical do alcatrate da embarcação. Este furo é reforçado por uma peça metálica
que se chama bronze. Cada forqueta é munida de um fiel de linha para a prender à
embarcação.
Toletes. - Algumas embarcações usam toletes, que são curtos varões de ferro ou de latão
que enfiam verticalmente nos bronzes. Os remos têm, neste caso, estropos de cabo ou
furos para enfiarem nos toletes.
Boça. - Cabo fixo num arganéu da proa, servindo para amarrar a embarcação quando na
água, ou para rebocar a própria embarcação.
Ancorote. - Pequena âncora destinada a fundear a embarcação.
Vertedouro ou bartedauro - Pá, estreita e funda, destinada a apanhar a água que se
acumula no fundo da embarcação.
Croque. - Vara de madeira resistente e flexível, em geral de freixo, tendo na ponta uma
ferragem provida de um gancho simples ou duplo, servindo na manobra de atracar ou
afastar a embarcação. Nas embarcações de serviço costuma haver dois croques, um à proa
e outro à popa.
Estropos. - Correntes formadas por duas pernadas unidas por argola onde engata a talha
de içar a embarcação. Há em geral um estropo a vante e outro a ré.
Drogue. – É uma pequena âncora flutuante, em forma cilíndrica ou cónica e construída com
lona, faz parte do equipamento das embarcações salva-vidas
O drogue é rebocado com a boca voltada para a embarcação e, deste modo, enche-se de
água e oferece considerável resistência à marcha da embarcação, obrigando a popa a enfiar
com a vaga quando corre adiante dela. Serve também para a embarcação à deriva aproar à
vaga e, neste caso, deve deitar-se à proa.
O drogue é provido de dois cabos, sendo um de maior bitola, para reboque, e outro mais
fino amarrado no vértice, de comprimento não inferior ao do cabo de reboque, destinado a
recolher o drogue abordo.
CAPÍTULO 4
E MBARCAÇÕES À VELA
NOMENCLATURA
Estai. - O mastro é aguentado para a vante pelo estai e para ré pelo contra-estai.
Brandal. - Lateralmente (bombordo e para estibordo) é fixo pelos brandais que passam
pelos vaus para melhorarem a estabilidade.
O massame são os cabos que se empregam nas embarcações, como escotas ou adriças.
Às peças, tanto de madeira, em ferro ou de plástico, por onde correm os cabos dá-se o
nome de poleame. São exemplo disso os moitões.
As velas são subidas ou içadas por adriças. As escotas têm por função manobrar as velas.
Aderiças e escotas e outros cabos destinados à manobra das velas, deverão evitar que se
molhem, para não enrolarem (criarem cocas) e para serem manuseados com maior
facilidade.
Tipos de Velas. - Basicamente existem dois tipos de velas. As velas redondas são
aquelas que se envergam em vergas que cruzam na horizontal e no sentido transversal da
embarcação, enquanto que as latinas (triangulares ou quadrangulares) envergam-se
normalmente em mastros, caranguejas ou estais e trabalham no sentido proa-popa.
Os vértices de uma vela têm nomes que as distinguem. Os vértices conhecem-se pelo nome
de punhos.
A exemplo dos vértices também os lados das velas têm nomes diferentes:
Esteira - a parte inferior da vela.
Gurutil - nas velas triangulares é o lado que enverga no mastro ou estai. Nas restantes é o
lado que liga à verga.
Valuma - lado de uma vela latina que fica para o lado da popa.
MAREAÇÕES
A bolina cerrada só pode usar-se em embarcações bolineiras (que bolinam bem) pois que
as outras adquirem pouco seguimento e rolam muito, isto é, abatem para sotavento,
grivando o pano.
Virar de bordo significa mudar a orientação da proa e marear por forma que o vento incida
convenientemente pelo outro bordo.
A navegação à vela exige muitas vezes um caminho em ziguezague, quando o vento não
está de feição. Quer dizer, de vez em quando haverá necessidade de virar de bordo, esta
técnica, designa-se por Bordear, Bordejar ou Velejar, de modo a mudar de amura, para
um bordo e para o outro, por forma a alcançar um ponto situado a barlavento.
CAPÍTULO 5
C ABOS
DESCRIÇÃO
ARTE DE MARINHEIRO
Nós. - Os nós dão-se nos chicotes dos cabos para os ligar entre si ou a qualquer objecto.
Laçada. - Nó muito simples que poderá servir de falcassa no chicote de um cabo ou para
impedir que este corra por um olhal ou gorne.
Nó direito. - Nó muito vulgar, empregando-se para ligar dois cabos da mesma bitola pelos
chicotes.
Nó de trempe. - Também se chama nó em oito. Pode servir para impedir que um cabo
corra por um olhal ou gorne.
Nó de escota. - É um dos nós que mais aplicação tem a bordo. Goza da propriedade de
não socar quando molhado, razão pela qual é utilizado para emendar as escotas. Usa-se
ainda para emendar cabos de bitolas diferentes ou feitos de materiais diferentes.
Laís de guia. - Pode ser dado pelo chicote ou pelo seio. Emprega-se frequentemente para
formar nos chicotes das espias uma alça ou mãozinha para encapelar nos cabeços
aquando da atracação.
Volta de cunho. - Volta em forma de oito, dada em torno dos braços de um cunho. O cabo
deve trazer-se por trás do cunho ao braço mais afastado para aí começar a volta em oito.
Note-se, porém, que para aguentar bem o cabo, sem correr, convém dar primeiramente uma
volta redonda ao pé do cunho, e em seguida duas ou mais voltas em oito em torno dos
braços.
Volta cruzada. - Dá-se esta volta para fixar um cabo num cabeço em cruz.
Voltas falidas. – É a acção de dar voltas (em oito) a um cabo, em torno de um cabeço
duplo. Usam-se para fazer fixe as espias e outros cabos. O cabo deve trazer-se por trás ao
cabeço mais afastado e começar aí a primeira volta falida.
Volta de fiel. - Emprega-se geralmente para fixar o chicote de um cabo delgado a um varão
ou cabo fixo de maior bitola.
MANEJO DE CABOS
Outras vezes colhem-se à inglesa, isto é, em voltas concêntricas bem ajustadas, numa só
camada, ou formando enfeites sobre o convés. Em qualquer dos casos devem os cabos
desbolinar-se previamente.
Os cabos de massa, visto terem cocha direita, serão colhidos da esquerda para a direita.
De leva arriba, ou alar o cabo caminhando os homens com ele, sem parar.
Um cabo folgado diz-se que está brando. Por isso rondar o brando significa alar pelo cabo,
para o espertar ou tesar.
Folgar um cabo. - O acto de deixar correr um cabo sem largar o seu chicote.
Dar volta a um cabo. - Dar volta a um cabo é acção de prender um cabo a um cabeço ou a
um cunho.
Volta em cabeço duplo - O cabo de fibra ou de aço passa-se em voltas falidas no cabeço
duplo, e o cruzamento da volta superior abotoa-se convenientemente. É assim que as
espias da embarcação atracado dão volta a bordo.
CAPÍTULO 6
 NCORAS E AMARRAS
As âncoras, ou ferros de fundear, são peças de ferro ou aço com a forma apropriada para
se fixarem no fundo do mar e poderem assim aguentar as embarcações estacionadas nos
portos, evitando que sejam arrastadas pelas vagas, ventos e correntes. Os ferros de fundear
mais vulgares são as antigas âncoras com cepo e as modernas âncoras sem cepo.
A – Anete
B – Noz
C – Cepo
D – Haste
E - Braço
F – Pata
G – Orelha
H – Unha
I - Cruz
J - Chavela
Âncoras sem cepo. – A âncora sem cepo têm dois braços que podem girar para um e outro
lado da haste, até 40º ou 45º, aproximadamente. Unham com os dois braços ao mesmo
tempo, contanto que as unhas apontam para o fundo; com este fim apresentam os braços
ou a própria cruz ressaltos que, ficando no fundo, obrigam os braços a apontar para baixo.
A - Anete
B - Haste
C - Braço
E – Unha
G - Ressalto
Existem diversos tipos de âncoras sem cepo, tais como: Byer, Hall, Dunn. Os braços
formam corpo com a cruz, este conjunto está ligado à haste por meio de um forte eixo.
As âncoras Danforth têm grande poder de fixação (cerca de duas vezes mais que noutro
tipo), excepto em fundos de lodo, onde o peso faz falta. Os braços são compridos, largos e
afiados, a cruz é atravessada por um cepo que não impede a acomodação da âncora no
escovém; o cepo torna-se necessário para obrigar a âncora a assentar devidamente no
fundo quando cair de lado. Com este tipo de âncora é necessário usar bastante
comprimento de amarra, pois de contrário garra facilmente.
Âncoras especiais. - Além das âncoras atrás mencionadas usam-se outras destinadas
acertos fins especiais, nomeadamente:
Gata. - Âncora de um só braço. Tem na cruz uma manilha destinada ao seio de um cabo
que se utiliza para arriar o ferro na posição própria para unhar. Aplica-se nas amarrações
fixas.
Fateixa. - Pequena âncora de quatro braços. Seja qual for a posição em que caia no fundo,
unhará sempre com dois braços. Muito usada antigamente nas embarcações miúdas, está
hoje obsoleta.
Busca-vidas. - Fateixa sem patas. Serve para apanhar cabos ou outros objectos que
estejam a flutuar ou perdidos no fundo.
O busca-vidas com unhas em forma de farpa toma o nome de arpéu.
Amarras. - As amarras são fortes correntes de elos com estai em ferro forjado, aço forjado
ou aço vasado. Nas amarras de ferro forjado, os estais são construídos em separado e
soldados no lugar, ao passo que nas amarras de aço cada estai é moldado com o elo numa
única peça.
CAPÍTULO 7
F UNDEAR E SUPENDER
ESCOLHA DO FUNDEADOURO
Não é aconselhável fundear em águas muito profundas para evitar excesso de comprimento
de amarra.
Outro elemento muito importante a considerar na escolha do fundeadouro é a natureza do
fundo.
Os fundos de rocha são maus, devendo ser evitados tanto quanto possível, não só pela
dificuldade que a âncora tem em unhar, como também porque ela e a amarra correm o risco
de se prenderem na rocha.
Os fundos de seixo e os de concha não inspiram confiança, por serem de má tença, isto é,
pouco firmes.
Os melhores fundos - os de boa tença - são os de barro, os de Iodo duro, os de areia e os
de lodo e areia.
Os fundos de Iodo mole ou de areia muito fina, quando demasiadamente moles ou soltos
devem considerar-se maus fundeadouros, porque, ou não inspirarão confiança por falta de
firmeza, ou o ferro se enterra de tal maneira que pode ser difícil arrancá-Io ao suspender.
Deverá evitar-se fundear em fundos muito inclinados.
Por este motivo, quando a embarcação permanece fundeada por longo tempo em fundos de
Iodo, recomenda-se suspender o ferro periodicamente e tornar a fundear.
O comprimento de amarra a largar com bom tempo é de 3 a 4 vezes a profundidade no
local (sonda à hora), com mau tempo poderá existir a necessidade de largar mais amarra (5
a 6 vezes a profundidade).
FUNDEAR
O ferro deve largar-se com o navio em movimento, a vante ou a ré, a fim de não cair a
amarra em cima da âncora que ficar em monte sobre o fundo, porque pode enrascar-se.
A manobra de fundear sempre que possível deverá ser feita contra a corrente, e a uma
velocidade pequena para que a amarra não saia violentamente, e as máquinas serão
manobradas de modo que a embarque esteja praticamente parado ao sair o comprimento
da amarra com que se deseja ficar fundeado.
Não confiar á amarra o papel de absorver por si só a velocidade da embarcação. De
contrário, mesmo com seguimento moderado, a amarra ficaria sujeita a esforços perigosos,
principalmente quando forma cotovelo no escovém, como sucede no caso de fundear em
marcha a vante. A amarra deve correr livremente, evitando-se sobretudo esticões bruscos.
A embarcação fica fundeada quando “o ferro está unhado”. Se o ferro não está a unhar ou
não unhou, usa-se a expressão “o ferro está à garra”, ou seja a embarcação não está
fundeada.
Quando se fundeia a dois ferros as amarras são fixas a bordo passando ambas pela proa.
Pique de estai. – Significa que o ângulo que a amarra faz com o plano da água é idêntica
ao do estai de vante com o plano da água.
Arinque. - O arinque é um cabo que se fixa por um dos chicotes no ferro e por outro no
arganéu inferior de uma pequena bóia, denominada bóia de arinque.
Serve para assinalar o ferro se a amarra rebentar ou, em portos congestionados, para
mostrar a posição do ferro fundeado a outros navios que demandem o fundeadouro.
Nas âncoras modernas liga-se a um estropo de corrente ou de cabo de aço que se passa na
cruz por forma a não impedir o livre movimento dos braços.
O arinque e bóia lançam-se ao mar na ocasião em que se larga o ferro, devendo o cabo ter
o comprimento suficiente para que a bóia possa conservar-se à superfície da água.
Geralmente adopta-se um comprimento aproximadamente igual a uma vez e um terço a
altura da água.
SUSPENDER
CAPÍTULO 8
G OVERNO E MANOBRA
FACTORES QUE INTERVÊM NO GOVERNO E MANOBRA DA EMBARCAÇÃO
R Efeito do leme;
R Correntes descarga;
R Corrente da esteira;
R Pressão lateral do hélice;
R Corrente;
O hélice pode ser de passo direito ou esquerdo, consoante gira no sentido dos ponteiros
do relógio ou no inverso, olhando de ré para vante. Ou seja, um hélice de passo direito
(EB) gira no sentido dos ponteiros do relógio, um hélice de passo esquerdo (BB) gira no
sentido inverso dos ponteiros do relógio.
Efeito do leme. – O leme a um bordo com a embarcação em marcha a vante obriga, pois, a
proa a guinar para esse bordo e reduz a velocidade da embarcação.
Ao meter o leme a um bordo, os filetes líquidos desse lado encontram a porta do leme e
exercem sobre ela uma forte pressão que obriga a popa a desvia-se para o bordo oposto
àquele para onde foi carregado o leme.
A prática recomenda a não utilização de ângulos de leme superiores a 30º.
O efeito do leme na marcha a ré é contrário ao da marcha a vante, quer dizer, faz guinar a
popa para o bordo em que se mete leme, visto a pressão se exerce de ré para vante sobre a
face posterior da porta.
Corrente da esteira. - Esta corrente é originada pela massa de água arrastada pela
embarcação durante a sua marcha, em virtude do atrito da querena através da água. Atinge
o máximo valor na linha de flutuação e decresce até à quilha, onde se torna praticamente
desprezível.
A corrente da esteira é, pois, uma corrente superficial e aumenta com a velocidade da
embarcação. Faz-se sentir especialmente à popa quando a embarcação segue a vante, e
tem por efeito aumentar a pressão sobre as pás superiores do hélice, equilibrando deste
modo o maior esforço das pás inferiores, que trabalham em maior profundidade, e reduzindo
ou eliminando, portanto, a pressão lateral do hélice.
Com a embarcação a andar a ré, a corrente da esteira faz-se sentir à proa, não tendo por
isso qualquer efeito sobre o leme nem, sobre a pressão lateral do hélice.
EMBARCAÇÃO DE UM HÉLICE
Embarcação e hélice a vante. - Uma embarcação partindo do repouso com o leme a meio
e o hélice a vante tende a guinar ligeiramente para BB por efeito da pressão lateral do
hélice. (Supõe-se o hélice de passo direito, como é vulgar; o hélice de passo esquerdo
produz efeito contrário).
Embarcação e hélice a ré. - O leme tem pouco efeito na marcha a ré, sobretudo para
pequenas velocidades da embarcação.
A corrente de esteira só se faz sentir à proa e, por isso, não tem qualquer efeito sobre o
leme nem sobre o hélice. A pressão lateral do hélice mantém-se, pois, durante toda a
marcha a ré, assumindo a maior importância no governo da embarcação.
Consideremos a embarcação com hélice de passo direito.
Leme a meio. - A popa vai para BB sob a influência da pressão lateral e da corrente de
descarga que incide contra a face de estibordo da popa. Isto sucede logo que o hélice é
posto em movimento e durante a marcha da embarcação a ré.
Leme a BB. - A popa vai rapidamente para BB logo que o hélice é posto em movimento, por
virtude da pressão lateral, da corrente de descarga sobre a face de estibordo da popa e da
corrente de sucção sobre a face posterior do leme. Estas forças juntam-se ao efeito do leme
quando a embarcação adquire seguimento a ré.
Leme a EB. - A popa tende a ir para BB por efeito da pressão lateral e da corrente de
descarga sobre a face da popa, e para EB sob a influência da corrente de sucção sobre o
leme, à qual se junta o efeito do leme quando a embarcação adquire velocidade a ré. Em
geral predominam as duas primeiras acções (pressão lateral e descarga sobre a face de
estibordo da popa) pelo menos enquanto a embarcação tem pouco seguimento. A prática
mostra, com efeito, que as embarcações de um hélice, partindo do repouso, atiram com a
popa para BB na marcha a ré, mesmo que o leme esteja todo a EB. O efeito do leme
aumenta com o andamento da embarcação, mas dificilmente poderá predominar e nunca
antes de a embarcação adquirir boa velocidade a ré.
Embarcação e hélices a ré. - Nestas condições, a embarcação fica somente sob a acção
do leme, abstraindo das acções do mar e do vento.
Por conseguinte, com o leme a meio, a embarcação seguirá em linha recta.
Carregando o leme a um bordo, a popa irá para esse bordo sob o efeito do leme, agora
reforçado pela corrente de sucção sobre a face posterior da porta. Contudo, o efeito do leme
na marcha a ré é consideravelmente menor que na marcha a vante.
Manobra com vento. - Neste caso é preciso ter em conta que a embarcação parada ou
com fraco seguimento a vante tem tendência a atravessar-se ao vento, e em marcha a ré
põe a popa na linha do vento. Destas tendências se poderá tirar partido para auxiliar ou
tornar possível a manobra da embarcação em espaço restrito.
Com vento da proa, convém fazer a giração por EB, primeiramente andando a vante com o
leme todo a esse bordo. Depois, quando o vento estiver bem aberto, poderá andar-se a ré
com o leme para o bordo contrário; o efeito do hélice na marcha a ré, atirando a popa para
BB, junta-se aos efeitos do vento e do leme e a popa vem rapidamente para a linha do
vento. Uma vez alcançada esta posição, a guinada só poderia continuar em marcha a vante
com o leme a EB, visto que se a máquina fosse posta de novo a ré depois de a popa ter
passado pela linha do vento, isto só viria contrariar a guinada, retrocedendo a popa para a
linha do vento.
Com vento da amura ou do través, deve sempre iniciar-se a giração para sotavento,
andando a vante, depois a ré e finalmente a vante. Se sotavento é para EB a evolução
torna-se mais rápida, dado que na marcha a ré o efeito do hélice e o do vento são
concordantes. Neste caso pode mesmo iniciar-se a giração em marcha a ré e concluí-la em
marcha a vante.
Figura 8.9 – Embarcação de um hélice girando em espaço restrito com vento de proa
Figura 8.10 – Embarcação de um hélice girando em espaço restrito com vento de amura ou
través
Figura 8.11– Embarcação de um hélice girando em espaço restrito com vento de amura BB
ou do través de BB
Figura 8.12 – Embarcação de um hélice girando em espaço restrito com vento de alheta
Com vento da alheta, deve pôr-se de início a máquina a ré e o leme todo para o vento e
depois acabar a evolução em marcha a vante, e o leme todo carregado a EB.
Com vento da popa, a giração terá de ser feita toda em marcha a vante, o que exige
grande espaço de manobra.
Girar com a embarcação de dois hélices. - Quando a embarcação parte do repouso com
uma máquina a vante e outra a ré no mesmo regime de rotações, evolui desde logo;
adquire, algum seguimento a vante porque as formas da querena oferecem mais resistência
ao movimento a ré do que ao movimento a vante.
Para que a embarcação possa girar no mesmo ponto, isto é, sem adquirir seguimento,
torna-se necessário que a máquina trabalhando a vante ande mais devagar que a outra. A
diferença de rotações dos dois hélices só pode ser determinada experimentalmente, pois
varia de embarcação para embarcação.
O leme não tem efeito na giração da embarcação no mesmo ponto, parecendo por isso ser
a meio a posição favorável. De facto, o leme metido a um bordo é influenciado pela corrente
de descarga, e a outro bordo pela corrente de sucção, contrariando a rotação em qualquer
dos casos.
Todavia a experiência mostra que a evolução é mais rápida com leme metido ao bordo para
onde se deseja guinar, certamente porque a porta do leme, quando a meio, oferece maior
resistência ao rabeio da embarcação.
CAPÍTULO 9
A TRACAR E DESATRACAR
ESPIAS DE ATRACAÇÃO
1. Espia de proa
2. Espia de popa
3. Través de proa
4. Través de popa
5. Regeira de proa
6. Regeira de popa
7. Contra-regeira de proa
8. Contra-regeira de popa
só se empregam quando o conjunto das outras espias não basta para assegurar o encosto
da embarcação.
Pode ser necessário passar duas espias suplementares cruzando as regeiras. Estas espias
designam-se por contra-regeiras. Uma tal disposição é normalmente adoptada na
amarração dos grandes navios, e em caso de mau tempo ou quando o espaço no cais é
muito apertado e a espia de proa e a de popa não podem ser orientadas bem para vante e
para ré. A amarração fica deste modo mais cingida e elástica, reduzindo o galeamento da
embarcação ao longo da muralha.
As espias encapelam nos cabeços do cais por meio de «mão» feita no chicote. Quando num
cabeço é aplicada uma segunda espia, deve-se passar a «mãozinha» por baixo e por
dentro da primeira, e depois encapelar no cabeço, pois esta disposição permite
desencapelar qualquer delas sem retirar a outra.
Efeitos das espias ao atracar. - Todo o manobreiro deve conhecer perfeitamente os efeitos
das espias dadas para terra quando a embarcação vai atracar ou desatracar, pois do seu
emprego judicioso depende muitas vezes o êxito da manobra.
Embarcação paralelo ao cais e parado - Uma espia dada para terra pelo través da proa e
rondada obrigará a embarcação a girar em torno do seu centro de gravidade, aproximando a
proa do cais e afastando a popa. Este efeito será tanto maior quanto mais à proa estiver a
espia. A embarcação irá também um pouco a vante, aproximando-se do cais, logo que a
espia comece a dizer para vante em consequência da rotação. Por este motivo, o
afastamento da popa é muito menor que a aproximação da proa.
Evita-se o afastamento da popa passando aí uma espia, mas o esforço necessário para
meter a proa é agora consideravelmente maior .
Os dois traveses rondados simultaneamente conseguem trazer a embarcação ao cais sem
meter a proa nem a popa, mas o esforço requerido é ainda maior que no caso precedente.
A popa oferece maior resistência ao movimento do que a proa. Por esta razão é
aconselhável meter primeiramente a popa e folgar à proa; depois pode meter-se a proa e
aguentar à popa.
Embarcação seguindo a vante, paralelamente ao cais - Uma espia dada pela proa obriga
a embarcação a girar rapidamente, aproximando a proa do cais e afastando a popa
acentuadamente.
Se a espia for dada pela popa, a proa guinará para fora e a popa para dentro, mas não
muito. Por conseguinte, a embarcação aproxima-se do cais sem torcer acentuadamente.
O contrário sucede com a embarcação a andar a ré. Quer dizer, a espia de vante obriga a
embarcação a aproximar-se do cais, torcendo pouco, enquanto que a espia de ré obriga a
popa a aproximar-se do cais e a proa a afastar-se acentuadamente.
Em resumo:
a) A espia dada pela proa produz grande efeito evolutivo na marcha a vante e pequeno
efeito na marcha a ré ;
b) A espia dada pela popa produz grande efeito na marcha a ré e pequeno na marcha a
vante;
c) O efeito evolutivo será tanto maior quanto mais próxima da extremidade da
embarcação for dada a espia.
Efeito do leme - O leme pode ajudar ou contrariar o efeito das espias, conforme o bordo
para onde é metido. Assim, no caso do efeito da espia de proa com seguimento a vante, o
leme metido para dentro ajuda a meter a proa para o cais, ao passo que metido para fora
contrariará o efeito da espia, embora não consiga anulá-lo.
ATRACAR
As embarcações de dois hélices atracam tão facilmente por BB como por EB. Quando a
proa está perto da muralha, põe-se a ré a máquina de fora, por forma que a embarcação
pare e fique paralelo ao cais. Quando o seguimento é demasiado, põe-se as duas máquinas
a ré logo de início para cortar a velocidade da embarcação; depois para-se a máquina de
dentro.
As retenidas para passar as espias serão atiradas no momento oportuno. A embarcação
paralelo ao cais e afastado encostará facilmente metendo a espia de proa e aproximando a
popa pela manobra das máquinas.
As embarcações de um só hélice atracam mais facilmente por BB, do que por EB, visto
que a popa vai para BB na marcha a ré. Portanto, ao atracar por BB, a popa vem
naturalmente ao cais quando a máquina é posta a ré para estacar a embarcação.
Entretanto, deve ter-se passado uma espia pela proa. Para atracar por EB é conveniente
largar o ferro de BB quando a embarcação está seguindo a vante, a fim de aproximar a popa
do cais, sem contudo a deixar encostar, e sem perda de tempo passar a respectiva espia. A
máquina a ré levará em seguida a proa à muralha. Se, depois de a embarcação pare, for
necessário levar a popa para EB, convirá carregar o leme a BB e dar algumas palhetadas a
vante, parando a máquina antes que a embarcação ganhe seguimento; a corrente de
descarga, incidindo na porta do leme, produz o efeito desejado.
Atracar com vento. - Se estiver vento de fora, isto é, contra a muralha, deve fazer-se a
aproximação bem larga, aproando a um ponto mais além do lugar da atracação, e com um
rumo ligeiramente oblíquo (5º), por forma a chegar com pouca inclinação e afastado da
muralha (20 metros ou mais, conforme a força do vento). Quando a embarcação está quase
frente do lugar da atracação, corta-se todo o seguimento, ao mesmo tempo que se põe a
embarcação paralelo. A embarcação encostará ao cais por efeito do vento. Porém, não se
deve deixar torcer a proa ou a popa contra a muralha. Quanto maior for a força do vento de
fora, menor será o ângulo entre a linha definida pela proa da embarcação e a linha do cais.
Se estiver vento forte de dentro e houver dúvida de que as espias possam ser passadas a
tempo de evitar que a proa se afaste, é aconselhável largar o ferro de dentro quando a proa
chega inicialmente junto da muralha; esta âncora, embora com pouca amarra, aguentará a
proa enquanto se passam as espias. A tendência da popa em se afastar do cais pode ser
vencida com a máquina de fora a ré e a de dentro a vante. Uma vez a embarcação atracado
pode içar-se a âncora.
Atracar com corrente de proa. - Quando a corrente é paralela ao cais, o que geralmente
sucede em portos fluviais, deve a embarcação aproar à corrente e seguir a pequena
distância da muralha. A embarcação governará bem com o leme visto ir aproado à corrente
e poder manter velocidade razoável até ao último momento. A proa deve ser levada um
pouco além do sítio onde encostar e aí será dada uma espia dizendo bem para vante.
Deixa-se depois descair a embarcação lentamente, aguentado pela espia de proa, e assim
virá a encostar à muralha. É importante não deixar torcer a proa para o cais quando a
embarcação está a encostar, pois de contrário virá bater violentamente contra a muralha.
Com corrente forte é aconselhável largar o ferro de fora mais adiante do sítio da atracação,
ao mesmo tempo que pelo outro bordo se manda para terra a espia de proa. Rondando esta
espia e largando amarra consegue-se trazer a embarcação a encostar suavemente ao cais.
O leme será usado conforme for necessário.
Atracar com corrente a favor. - Deve evitar-se a atracação com corrente pela popa, por
ser difícil e perigosa. É geralmente possível fazer um ala e larga por forma que a
embarcação venha atracar aproado à corrente.
Pode dar-se o caso de não haver espaço suficiente para o ala e larga. Então, com um
ângulo o maior possível, mete-se a proa ao cais e dá-se uma espia um pouco a vante de
meio-navio e pelo bordo em que se deseja atracar; põem-se então as máquinas a ré
devagar ou, preferivelmente, só a do bordo contrário ao da espia; quando a embarcação
está na posição indicada a tracejado anda-se a vante o suficiente e mete-se o leme para a
embarcação encostar paralelamente ao cais.
DESATRACAR
Para largar do cais prefere-se geralmente abrir de popa e sair a ré, a fim de evitar a
possibilidade de o hélice tocar na muralha. Esta regra, contudo, nem sempre é aplicável, por
exemplo, com vento ou corrente de proa ou com qualquer obstáculo pela popa, sendo então
necessário abrir de proa e sair a vante.
Com calma e sem corrente, largam-se todas as espias, excepto a regeira da proa que
deve ser deixada sem brando. Em seguida, supondo uma embarcação de dois hélices, põe-
se a máquina de fora a vante devagar e, um momento depois, a máquina de dentro a ré
devagar. A embarcação abrirá assim de popa, girando sobre a regeira de proa sem portar
muito por ela. Quando a popa estiver suficientemente aberta, pode a embarcação andar a ré
com ambas as máquinas a meia força, porém a máquina de fora em primeiro lugar só um
momento depois a de dentro, a fim de safar a proa do cais. A regeira larga-se logo que
comece a brandear .
A embarcação de um só hélice atracado por BB deve pôr a máquina a vante muito devagar
e o leme para dentro, a fim de girar sobre a regeira de proa e assim abrir de popa. Estando
a embarcação atracado por EB, bastaria pôr a máquina a ré para logo abrir de popa e sair
andando a ré, visto que a popa vai para bombordo por efeito do hélice; porém, para evitar
que a proa venha a roçar ao longo da muralha, deve a embarcação abrir bem de popa sobre
a regeira de proa com a máquina a vante muito devagar e só depois largará a ré.
Com vento da popa, alheta ou través de dentro, deve a embarcação abrir de popa sobre
a regeira de proa e sair andando a ré. O vento do través ou da alheta seria suficiente para
afastar a embarcação do cais, largando todas as espias; porém, a manobra é mais expedita
deixando a embarcação abrir de popa sobre a regeira de proa. Estando o vento da popa,
torna-se necessário abrir a embarcação bem de popa, atendendo a que na marcha a ré a
popa tem tendência em ir para a linha do vento.
Com o vento de fora, isto é, soprando contra o cais, a manobra apresenta muita dificuldade
e é perigosa sem a ajuda de rebocadores para afastar a embarcação do cais. Na falta de
rebocadores ou de pontos fixos de fora para passar espias e afastar a embarcação, o
melhor é abrir bem de popa e sair a ré. A embarcação pode abrir de popa andando a vante
sobre a regeira de proa, mas sempre com dificuldade, sobretudo se o vento soprar fresco do
través. Com vento forte do través é aconselhável abrir a popa até a embarcação ficar quase
perpendicular ao cais; desde que se consiga abrir a popa 10º, não é depois difícil continuar a
abri-la, visto que o efeito do vento vai diminuindo à medida que a popa se aproxima dele.
Logo que a embarcação esteja bastante aberto, anda-se a ré decididamente com as
máquinas a meia força ou a toda a forca.
A embarcação de um só hélice atracado por BB não deve tentar esta manobra.
Desatracar com corrente. - A embarcação aproado à corrente deve abrir de proa e sair a
vante. Para abrir basta aguentar regeira de popa e largar ou folgar as outras espias, pois a
corrente de água entre a muralha e a embarcação obriga a proa a afastar-se e impede ao
mesmo tempo o encosto da popa contra o cais. No entanto, é aconselhável não deixar abrir
a embarcação rapidamente porque pode descair e, sob o efeito da regeira, encostar
perigosamente a popa; por isso se deve controlar a manobra com a espia de proa, folgando-
a pouco a pouco enquanto se aguenta a regeira de popa.
Com corrente de popa abre-se a embarcação de popa sobre a regeira de proa e larga-se
saindo a ré.
CAPÍTULO 10
Uma embarcação apanhado no mar por uma tempestade está sujeito aos perigos seguintes:
1º-Avarias;
2º-Balanço excessivo, comprometendo a estabilidade e a estrutura;
3º-Embarque de grandes massas de águas, comprometendo a flutuabilidade e a
estabilidade.
Estes perigos podem ser consideravelmente reduzidos, senão eliminados, tomando a tempo
todas as precauções que o caso requer e colocando a embarcação nas melhores condições
para aguentar o mar. O que importa sobretudo resguardar a todo o transe é a estabilidade e
a flutuabilidade da embarcação.
Quando o mau tempo se avizinha, peiam-se bem todos os objectos que não estejam
devidamente seguros.
As superfícies líquidas livres devem ser eliminadas tanto quanto possível, a fim de evitar
redução de estabilidade da embarcação.
Serão tomadas todas as precauções contra a invasão de água. Assim, fecham-se escotilhas
e portas estanques, ficando somente abertas as indispensáveis ao serviço; vedam-se o
melhor possível as gateiras das amarras; verifica-se a instalação de esgoto e o
funcionamento das portas de mar.
Com mau tempo, deve colocar-se a embarcação em situação de não embarcar água
excessivamente pela borda, nem dar balanço perigoso. A redução de velocidade impõe-se
como regra e a mudança de rumo é por vezes necessária.
Navegar a correr com o tempo. - É colocar a popa no sentido da ondulação. Esta técnica
tem dois inconvenientes, se a velocidade for muito lenta pode desgovernar a embarcação,
se a velocidade for demasiada pode levar ao afocinhar da proa.
NOTA IMPORTANTE: Sempre que uma embarcação com o mar de popa pretenda, por
qualquer motivo, pôr-se de capa, deverá esperar uma sota de mar [esperar por uma calma
momentânea] e manobrar com pouca velocidade, evitando assim violentos golpes de mar e
inclinações perigosas. O leme deve ser usado moderadamente, excepto em situações em
que grandes ondas podem surpreender a embarcação pelo través e impeçam ou dificultem
então a conclusão da guinada, neste caso guinada deverá ser franca.
CAPÍTULO 11
H OMEM AO MAR
Um homem que cai ao mar corre logo o perigo de ser colhido pelo hélice, especialmente nas
embarcações de hélices laterais. Este perigo aumenta se a popa rabeia para o bordo por
onde caiu o homem. É certo que qualquer objecto leve e flutuante, deixado cair junto ao
costado, afasta-se e vai passar bastante safo da popa, empurrado pela ondulação lateral
proveniente da marcha da embarcação. Um homem, porém, ao cair à água, mergulha e
pode entretanto ser apanhado pela sucção do hélice, a menos que volte à superfície antes
de chegar à popa da embarcação. Por conseguinte, convém parar imediatamente as
máquinas ou a máquina do bordo onde caiu o homem e carregar o leme para esse bordo,
embora tal procedimento seja na maioria das vezes de pouca utilidade dada a demora da
sua execução.
O aviso do sinistro, será feito com o grito: "Homem ao mar por bombordo (ou por
estibordo)”.
Procedimento geral. - Ao grito de “homem ao mar por…”, a primeira ordem será: "pára as
máquinas” ou, se souber o bordo da ocorrência, "pára a máquina de bombordo (ou
estibordo)” e guinar “todo o leme bombordo (ou estibordo)” conforme se o homem caiu
por BB ou por EB. Sem perder o homem de vista, atirar ao mar uma bóia de salvação,
devendo ser provida de facho de auto-inflamação se o incidente ocorrer durante a noite. A
recolha do tripulante deverá ser feito por Sotavento.
Métodos de manobra. - A manobra da embarcação para recolher o homem pode ser feito
por diversos métodos:
a) Manobra de rotação;
b) Manobra de Boutakow;
c) Manobra a ré.
Manobra de Boutakow. - Esta manobra consiste em carregar o lume todo a um bordo até
a embarcação ter guinado 60º e, nesse momento, cambá-lo todo ao outro bordo para levar a
embarcação a tomar o caminho oposto ao inicial.
A embarcação seguirá então ao rumo inverso, pesquisando-se cuidadosamente para
localizar o náufrago.
A manobra de Boutakow é relativamente morosa e afasta muito a embarcação do náufrago.
Por isso só é aconselhada, em vez do método de rotação, quando tenha havido grande
atraso em carregar o leme e a embarcação tenha avançado consideravelmente, perdendo-
se de vista o náufrago.
Manobra a ré. - Neste método as máquinas são postas toda a força a ré para que a
embarcação estanque e venha a ré do náufrago.
Este método é aconselhável quando a embarcação navega a pequena velocidade,
especialmente com vaga pela proa, visto que facilmente estaca e vem a ré para se colocar
em posição de arriar o salva-vidas.
A manobra a ré com mar forte pela popa não é apropriada, não só pela dificuldade que
apresenta, como também pelo risco de avaria dos hélices trabalhando contra a vaga.
CAPÍTULO 12
GENERALIDADES
Campo de aplicação
O RIEAM aplica-se a todos os navios no alto mar e em todas as águas que com ele tenham
comunicação e sejam praticáveis pela navegação marítima.
O regulamento não prejudica a aplicação de normas ou sinalização especial em
determinados locais, promulgadas pelas autoridades competentes.
Definições gerais
Navio - Todo o veículo aquático de qualquer natureza, incluindo os veículos sem imersão e
os hidroaviões, utilizado ou susceptível de ser utilizado como meio de transporte sobre a
água.
Navio de propulsão mecânica - Todo o Navio movido por máquinas.
Navio à vela - Todo o navio navegando à vela, desde que a máquina propulsora, se existir,
não esteja a ser utilizada.
Navio em faina de pesca - Todo o navio que esteja a pescar com redes, linhas, arrasto ou
outras artes de pesca que reduzam a capacidade de manobra.
Hidroavião - Toda a aeronave concebida para manobrar sobre a água.
Navio desgovernado - Todo o navio que, por circunstâncias excepcionais, não está em
condições de poder manobrar de acordo com o RIEAM. E não pode, portanto, afastar-se do
caminho de outro navio.
Navio com capacidade de manobra reduzida - Todo o navio cuja capacidade de manobrar
em conformidade com o RIEAM. Está limitada pela natureza dos seus trabalhos e que não
pode, por conseguinte, afastar-se do caminho de outro navio.
Navio condicionado pelo seu calado - Todo o navio que, devido à relação calado -
profundidade - largura de água disponível, tem a sua capacidade de alterar o rumo
severamente limitada.
A navegar - Aplica-se a todo o navio que não está fundeado, nem atracado ou amarrado
para terra, nem encalhado.
Navio à vista - Dois navios estão à vista um do outro, unicamente quando um deles possa
ser observado visualmente pelo outro.
Visibilidade reduzida - Designa toda a situação em que a visibilidade é diminuída em
consequência de nevoeiro, neblina, queda de neve, aguaceiros fortes, tempestades de areia
ou por quaisquer outras causas análogas
Campo de aplicação
As regras do RIEAM aplicam-se com quaisquer condições de visibilidade.
Vigia
Todo o navio deve assegurar permanentemente uma vigilância visual e auditiva apropriada,
utilizando igualmente todos os meios disponíveis adequados às circunstâncias e condições
existentes, de modo a permitir uma apreciação completa da situação e do risco de
abalroamento.
Velocidade de segurança
Todo o navio deve manter sempre uma velocidade tal que lhe permita tomar as medidas
apropriadas e eficazes para evitar um abalroamento e para parar numa distância adequada
às circunstâncias e condições existentes.
Para determinação da velocidade de segurança, devem, entre outros, ser tomados em
consideração os seguintes factores:
a) Para todos os navios:
(i) a visibilidade;
(ii) a densidade do tráfego marítimo, incluindo concentrações de navios de pesca ou
de quaisquer outros navios;
(iii) a capacidade de manobra do navio, sobretudo no que respeita à distância de
paragem e qualidades de giração nas condições existentes;
(iv) de noite, a presença de um fundo luminoso, tal como o criado por luzes da costa
ou pela difusão das luzes de iluminação do próprio navio;
(v) as condições de vento, mar e corrente e a proximidade de perigos para a
navegação;
(vi) o calado em relação à profundidade de água disponível;
Risco de abalroamento
a) Todos o navio deve utilizar todos os meios disponíveis adequados às circunstâncias e
condições existentes, para determinar se existe risco de abalroamento;
b) Para avaliar se existe risco de abalroamento deve, de entre outras, ter-se em conta as
seguintes considerações:
(i) há risco de abalroamento se a marcação de um navio que se aproxima, observada
na agulha, não varia de modo apreciável [há risco de abalroamento sempre que a
marcação se mantiver e a distância diminuir];
(ii) este risco pode por vezes existir mesmo quando se verifica uma variação
apreciável da marcação, particularmente se se trata da aproximação a um navio
muito grande, a um conjunto rebocador - rebocado ou a um navio que está a uma
distância muito pequena.
Canais estreitos
Navegar a estibordo num canal estreito
a) Um navio navegando num canal estreito ou numa via de acesso deve, quando o puder
fazer sem perigo, navegar tão perto quanto possível do limite exterior do canal ou da via de
acesso que lhe ficar por estibordo.
b) Um navio de comprimento inferior a 20 metros ou um navio à vela não devem dificultar a
passagem dos navios que só podem navegar com segurança num canal estreito ou numa
via de acesso.
c) Um navio em faina de pesca não deve dificultar a passagem de outros navios navegando
num canal estreito ou numa via de acesso.
d) Um navio não deve atravessar um canal estreito ou uma via de acesso se, ao fazê-lo,
dificultar a passagem de navios que só podem navegar com segurança nesse canal ou via
de acesso; estes últimos podem utilizar o sinal sonoro prescrito no RIEAM (ver Figura 12.3),
se tiverem dúvidas sobre as intenções dum navio que atravessa o canal ou via de acesso.
e)
(i) Num canal estreito ou numa via de acesso, quando uma ultrapassagem não possa
ser executada sem que o navio alcançado tenha de manobrar para permitir ao outro
navio ultrapassá-lo com segurança, o navio que pretende ultrapassar deve dar a
conhecer a sua intenção emitindo o sinal sonoro prescrito no RIEAM (ver Figura
12.4). O navio alcançado deve, se tiver de acordo, fazer soar o sinal apropriado
prescrito no RIEAM (ver Figura 12.4), e manobrar de modo a permitir a
ultrapassagem com segurança. Se tiver dúvidas pode emitir os sinais sonoros
prescritos no RIEAM
(ii) Esta regra não dispensará o navio que alcança do cumprimento das disposições
do RIEAM.
Campo de aplicação
As regras do RIEAM aplicam-se aos navios que estão à vista de uns dos outros.
Navios à vela
a) Quando dois navios à vela se aproximam um do outro, com risco de abalroamento, um
deles deve afastar-se do caminho do outro da forma seguinte:
(i) quando os navios recebem o vento por bordos diferentes, aquele que o receber
por bombordo deve desviar-se do caminho do outro;
(ii) quando os dois navios recebem o vento pelo mesmo bordo, aquele que estiver a
barlavento deve desviar-se do caminho daquele que estiver a sotavento;
(iii) se um navio que recebe o vento por bombordo avista um outro navio a barlavento
e não pode determinar com segurança se este outro navio recebe o vento por
bombordo ou estibordo, o primeiro deve desviar-se do caminho do outro.
a) Esta Regra aplica-se aos navios que estão à vista uns dos outros e que naveguem perto
ou dentro de zonas de visibilidade reduzida.
b) Todo o navio deve navegar a uma velocidade de segurança adaptada às circunstâncias e
às condições de visibilidade reduzida. Os navios de propulsão mecânica devem ter as
máquinas prontas a manobrar imediatamente.
c) Todo o navio, quando aplica as Regras do RIEAM, deve ter em conta as circunstâncias
existentes e as condições de visibilidade reduzida.
e) Com excepção dos casos em que se tenha constatado não existir risco de abalroamento,
todo o navio que ouça, numa direcção que lhe pareça ser para vante do través, o sinal de
nevoeiro de outro navio, ou que não possa evitar uma situação de aproximação excessiva
de outro navio situado para vante do través, deve reduzir a velocidade ao mínimo
necessário para governar; deve, se necessário, anular o seguimento e, em qualquer caso,
navegar com extrema precaução até que o risco de abalroamento tenha passado.
a) Navio com comprimento superior a 100 metros deve ter apito, sino e tantã
operacional.
b) Navio com comprimento inferior a 100 metros (mas superior a 12 metros) deve ter
apito, sino e gongo operacional.
c) Navio com comprimento inferior a 12 metros deve ter pelo menos um equipamento
de sinalização sonora.
NOTA:
1. Um navio com comprimento inferior a 20 metros, o seu apito deve ter
um alcance de 0,5 milhas.
2. Um navio com comprimento superior a 20 metros, o seu apito deve ter
um alcance de 1,5 milhas.
CAPÍTULO 13
B ALÕES
"As regras relativas a balões devem ser cumpridas de dia...", do Regulamento Internacional
para Evitar Abalroamentos no Mar (RIEAM).
REBOCANDO E EMPURRANDO
1. Um navio de propulsão mecânica rebocando deve mostrar:
a. um balão bicónico onde melhor possa ser visto, se o comprimento do reboque
ultrapassar os 200 metros.
2. Um navio ou objecto rebocado, com excepção dos mencionados no parágrafo 3, desta
Regra, deve mostrar:
a. um balão bicónico onde melhor possa ser visto, se o comprimento do reboque
ultrapassar os 200 metros.
Figura 13.2 - Rebocador maior que 50 metros, e reboque superior a 200 metros
NAVIOS DE PESCA
1. Um navio em faina de pesca, quer esteja a navegar ou fundeado, só deve mostrar os
balões prescritos na presente Regra.
2. Um navio a arrastar deve mostrar:
a. dois balões cónicos unidos pelos vértices dispostos na mesma linha vertical. Um
navio de comprimento inferior a 20 metros., em vez destes balões, pode mostrar
um cesto;
Figura 13.5 - Pesqueiro com arte estendida horizontalmente por mais de 150 metros
c. Um navio que não está em faina de pesca não deve mostrar os balões
prescritos por esta Regra, mas somente os prescritos para um navio do seu
comprimento.
2. Um navio com capacidade de manobra reduzida, que não seja um navio ocupado em
operações de limpeza de minas, deve mostrar:
a. três balões segundo uma linha vertical, onde melhor possam ser vistos. O superior
e o inferior devem ser esféricos e o do meio bicónico;
Figura 13.8 - Rebocador maior que 50 metros, e reboque superior a 200 metros com
capacidade de manobra reduzida
b. quando está fundeado, deve mostrar, os balões prescritos neste parágrafo, em vez
dos balões de navio fundeado.
5. Um navio participando em operações de mergulhadores, que por motivo das suas
dimensões, não possa mostrar todos os balões prescritos no parágrafo 4. deve
mostrar:
a. uma réplica rígida, de altura não inferior a 1 metro, da bandeira A (Branca e
Azul) do Código Internacional de Sinais (C.I.S.). Deve tomar medidas para que esta
réplica seja visível em todo o horizonte.
b. A bandeira A (Branca e Azul) do C.I.S. quando içada num navio quer dizer: Tenho
mergulhadores na água, navegue a baixa velocidade e afastado de mim.
Figura 13.12 - Um navio condicionado pelo seu calado, pode mostrar, onde melhor possa
ser visto, um balão cilíndrico.
BARCOS DE PILOTOS
1. Um barco de pilotos em serviço de pilotagem deve mostrar:
a. quando fundeado, os balões prescritos para navios fundeados.
2. Um barco de pilotos que não esteja em serviço deve mostrar os balões respeitantes a
um navio do seu comprimento.
2. Um navio encalhado deve mostrar, além dos balões prescritos no parágrafo a., e no
local onde melhor possam ser vistos:
a. três balões esféricos, dispostos segundo uma linha vertical.
OUTROS SINAIS
CAPÍTULO 14
B ALIZAGEM
GENERALIDADES
No Sistema de Balizagem Marítima IALA existem cinco tipos de marcas que podem ser
utilizadas em combinação. O navegante pode distinguir facilmente estes diferentes tipos de
marcas, graças às suas características imediatamente reconhecíveis.
As marcas laterais são diferentes, segundo as regiões A e B, enquanto os restantes quatro
tipos de marcas utilizadas no sistema são iguais em ambas as regiões.
Marcas Laterais
Marcas Cardeais
Marcas de Perigo Isolado
Marcas de Águas Limpas
MARCAS LATERAIS
Sentido da balizagem
Cor: Verde.
Forma: Cónica, fuso ou antena.
Alvo (se tiver): 1 Cone verde com o vértice para cima.
Numeração: Normalmente tomam a numeração ímpar.
Cor: Vermelha.
Forma: Cilíndrica, fuso ou antena.
Alvo (se tiver): 1 Cilíndrico vermelho.
Numeração: Normalmente tomam a numeração par.
MARCAS CARDEAIS
As marcas cardeais indicam que as águas mais profundas da zona onde se situa a marca
encontram-se no quadrante que lhe dá o nome. Esta convenção de nomenclatura é
necessária mesmo que, por exemplo, se encontrem águas navegáveis não somente no
quadrante Norte de uma marca cardeal Norte, mas também nos quadrantes Leste e Oeste.
O navegante sabe que está em segurança a Norte da marca, e que deve consultar a carta
da zona se deseja ficar completamente informado.
As marcas cardeais não têm uma forma característica. São normalmente bóias de fuso ou
antena.
São sempre pintadas com faixas horizontais amarelas e pretas e equipadas com alvo
característico em forma de duplo cone de cor preta.
Uma mnemónica para fixar a sequência das cores das marcas cardeais é a de considerar os
vértices dos cones dos alvos como indicadores da posição da faixa ou faixas pretas.
Assim:
Cones com os vértices para cima - faixa preta acima da faixa amarela ;
Cones com os vértices para baixo - faixa preta abaixo da faixa amarela ;
Cones opostos pela base - faixas pretas acima e abaixo da faixa amarela;
Cones opostos pelos vértices - faixa preta entre duas faixas amarelas.
Os quatro quadrantes (Norte, Leste, Sul e Oeste) são limitados pelos azimutes
verdadeiros NW-NE, NE-SE, SE-SW, SW-NW tomados a partir do ponto assinalado.
A marca cardeal recebe o nome do quadrante no qual está colocada.
O nome de uma marca cardeal indica que ela deverá ser passada no quadrante
indicado pela sua designação.
Cor: Preta com uma única faixa horizontal amarela (no meio do preto).
Forma: Fuso ou antena.
Alvo (se tiver): 2 Cones pretos sobrepostos unidos pelas bases.
Cor: Amarela com uma única faixa horizontal preta (no meio do amarelo).
Forma: Fuso ou antena.
Alvo (se tiver): 2 Cones pretos sobrepostos unidos pelos vértices.
As marcas de águas limpas servem para indicar que as águas são navegáveis
em torno da marca. Estas marcas compreendem as marcas definindo os eixos
dos canais e as de meio canal. Podem também ser utilizadas como alternativa
a uma marca cardeal ou lateral para indicar uma aterragem.
É o único tipo de marca a apresentar faixas verticais (vermelhas e brancas) e
não faixas horizontais.
MARCAS ESPECIAIS
As marcas especiais não são destinadas primordialmente para ajuda à navegação, mas
empregues para indicar uma área especial ou configuração particular cuja natureza exacta
pode ser determinada consultando uma carta ou outro documento
náutico.
Cor: Amarela.
Forma: Facultativa, não podendo prestar-se a confusão com as marcas
dando informações relativas à navegação.
Alvo (se tiver): Em forma de “X” de cor amarela.
CAPÍTULO 15
Todos nós já nos apercebemos dos movimentos das águas do mar junto à costa, quase
sempre duas vezes por dia e com uma relação com o ciclo lunar, este movimento designa-
se por marés.
A força exercida pela Lua e pelo Sol atraem a água dos oceanos provocando o fenómeno
das marés. Mas, apesar da imensa massa do Sol, 27 milhões de vezes maior que a da Lua,
o facto desta se encontrar mais próxima da Terra faz com que a influência da Lua seja mais
de o dobro da do Sol. São as variações das posições do Sol e da Lua que comandam o ciclo
das marés. De cada vez que a Lua passa pelo meridiano do lugar o efeito da maré, a preia-
mar, só se faz sentir um pouco mais tarde devido ao atrito das massas (água e fundo) e à
necessidade de vencer a inércia. Por exemplo, numa lua nova ou cheia a maré de maior
amplitude só ocorre no dia seguinte, período que pode ir até 36 horas e tem o nome de
idade da maré. Sempre que a Lua nasce ou se põe, relativamente a esse mesmo lugar, dá-
se uma baixa-mar.
Num dado momento há sempre duas marés altas na Terra. A maré directa, no lado que está
voltado para a Lua e a maré indirecta no lado oposto
As grandes marés, ou marés vivas, são aquelas cuja amplitude é a maior do ciclo lunar e
correspondem ao momento de concordância das atracções solares e lunares, na lua cheia e
lua nova.
Preia-mar
Nível no momento
em Calado
Nível médio do mar
AM am apm
Sh Sonda
Baixa-mar
abm
Zero Hidrográfico
Sr
Fundo do mar
Figura 15.3 – Diagrama de marés
Nível Médio do mar - Plano definido a partir da média dos níveis da água observados
durante longos períodos; este plano serve de plano de referência para o traçado das curvas
de nível (altimetria).
Altura do Nível Médio (Z0) - Altura da água entre o zero hidrográfico e o nível médio.
Elevação da maré (em) - É a altura de água, em preia-mar, acima do nível médio.
Altura da maré (am) - A altura, num dado momento, do nível das águas acima do zero
hidrográfico.
Baixa-mar - O nível das águas no fim da vazante quando se conservam paradas. Em marés
semi-diurnas, quando haja duas baixa-mares no mesmo dia, à de menor altura dá-se o
nome de baixa-mar inferior em oposição à de maior altura, a baixa-mar superior.
Preia-mar - O maior nível atingido pelas águas no fim da enchente. Tal como na baixa-mar
os termos preia-mar inferior e preia-mar superior aplicam-se da mesma forma.
Amplitude da maré (AM) - A diferença entre as alturas da Preia-mar e Baixa-mar ou desta
com a próxima Preia-mar. Amplitude máxima é aquela por ocasião das marés vivas
equinociais. Amplitude média é aquela por ocasião das marés vivas médias. Amplitude
mínima é aquela correspondente à menor elevação das águas
Estofo da maré - Intervalo de tempo onde não há corrente de maré. Corresponde à
mudança do sentido da maré.
Sonda à Hora (Sh) - Altura do nível da água acima do fundo num determinado momento.
Ela é igual a Sr+am. A sonda à hora pode ser determinado pela sonda ou prumo à mão.
TABELAS DE MARÉS
Contém notas sobre os portos principais seguida da previsão das horas e alturas da água
das preia-mares e das baixa-mares; bem como contém a concordância de marés entre os
portos principais (porto de referência) e os portos ou locais próximos (portos secundários).
As horas da previsão são referidas ao fuso 0 (Z), no período entre o ultimo domingo de
Março e o ultimo domingo de Outubro, aos valores retirados das tabelas deve ser acrescido
de 60 minutos.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Resposta : BM=2m
Resposta : S = 15.2 m
3. A carta indica que a sonda no lugar onde se encontra é de 17m. O seu calado é de
2,5m. A tabela de marés indica-lhe que a altura da baixa-mar é de 35cm. Qual a
altura mínima de água que terá debaixo da quilha?
Resposta : Sq = 14.85
Resposta : Sh = 74.7m
CAPÍTULO 16
M EIOS DE SEGURANÇA
Todos as embarcações deverão ter a bordo todo o equipamento necessário para fazer
frente a um acidente.
Manter o equipamento em bom estado de conservação e funcionamento.
Conforme o tipo de embarcação e o número de pessoas a bordo, as embarcações devem
possuir:
A jangada insuflável tem capacidade para vários tripulantes conforme o modelo e tem que
ser homologada pelas autoridades competentes. A jangada deve estar colocada em lugar
que possa ser facilmente retirada em caso de naufrágio.
• Devem ser montadas a bordo, num sítio onde seja de fácil arremesso a água, nas
embarcações o tejadilho é local aconselhado. Só há que tomar atenção à possível
alteração dos desvios da agulha, causada pelos suportes metálicos.
• Atenção a cinta de fixação com “Gato de Escape”.
• Mande-a vistoriar anualmente (para além do mais, é obrigatório por lei).
• Preste muita atenção as fitas de borracha e lona de fecho, pois estragam-se muito
facilmente.
• Verificar se a boça de disparo da garrafa está bem presa a um ponto fixo da
embarcação.
• Nunca rolar a jangada.
Dentro da jangada
AJUDAS A SOBREVIVÊNCIA
Sinais pirotécnicos:
• Devem estar secos.
• Os sinais pirotécnicos são em número limitado, assim só devem ser usados quando
houver probabilidade de sermos vistos.
• Durante o dia com o navio a vista utilize os fachos de mão e os potes de fumo.
• Durante a noite utilize:
o Os foguetões de pára-quedas que pela altura que a (300 metros), podem ser
vistos muitas vezes fora do alcance geográfico.
Água
• O contentor contém um número limitado de litros de água
• Não se deve beber água nas primeiras 24 horas.
• Abrir um saco de cada vez, e distribuir apenas ½ litro por pessoa e por dia.
• Reduzir a ração diária quando a reserva já for escassa.
• Recolher a água da chuva.
• Nunca beber água do mar, nem mesmo diluída.
Rações alimentares
• Ter muito cuidado com objectos afiados e cortantes. (canivetes, facas e tesouras).
• Verificar periodicamente se as câmaras de flutuação estão moles.
BÓIAS DE SALVAÇÃO
COLETES DE SALVAÇÃO
• Um colete só é bom se virar o náufrago de barriga para cima, mesmo que este esteja
desmaiado.
• Os coletes devem ser postos ao sol durante umas horas, todas as semanas, tal
corno se faz com a roupa a secar.
• Nunca tire o apito do colete.
• O colete deve ter o carimbo da IGN (Inspecção Geral de Navios).
SINAIS PIROTÉCNICOS.
Chamam-se pirotécnicos aos foguetões pára-quedas, aos fachos de mão e aos sinais de
fumo.
• Tem uma validade de três anos, a contar da data marcada. Não se esqueça deste
período de validade.
• Tem também de ser aprovados pela Inspecção Geral de Navios (IGN).
• Pelo menos uma vez por ano treine com a tripulação o disparar de um foguetão
pára-quedas e de um facho de mão.
• Atenção ao vento quando lançar o foguetão pára-quedas, pois deve faze-lo para
sotavento.
BOMBAS DE ESGOTO
Como o seu nome indica são destinadas ao esgoto do navio, isto é, extracção de águas
acumuladas nos porões. Esse esgoto será feito tanto para normais condições de
acumulação de água, como ainda em caso de inundação acidental.
• Deve ser mantida em perfeito estado de funcionamento.
• Ter também um bartedouro para uma emergência.
DROGUE
Faz parte do equipamento das embarcações salva-vidas uma pequena âncora flutuante
denominada drogue, em forma cilíndrica ou cónica e construída com lona.
O drogue é rebocado com a boca voltada para a embarcação e, deste modo, enche-se de
água e oferece considerável resistência à marcha da embarcação, obrigando a popa a enfiar
com a vaga quando corre adiante dela. Serve também para a embarcação à deriva aproar à
vaga e, neste caso, deve deitar-se à proa.
O drogue é provido de dois cabos, sendo um de maior bitola, para reboque, e outro mais
fino amarrado no vértice, de comprimento não inferior ao do cabo de reboque, destinado a
recolher o drogue abordo.
Tipo de embarcação
Material obs. 1 2 3 4 5
c/ disparo Sim
Balsa automático se
Sim Sim
se não tiver
(jandadas tiver mais de
c/ disparo c/ disparo Sim embarcação
Não
pneumáticas) automático automático
15 m. auxiliar
Sim
Embarcação
. Não Não Não se não tiver Não
Auxiliar balsa
Bóia de de 5m a 9m 1 1 1 1 1
salvação de 9m a 15m 2 2 2 2 2
(uma c/ 30 m.
de retenida de 15m a 24m 4 4 4 4 4
flutuante)
Bóia de
salvação de 9m a 24m 1 1 1 1 1
com luz
igual ao nr. de igual ao nr. de igual ao nr. de igual ao nr. igual ao nr. de
Coletes de
. pessoas a pessoas a pessoas a de pessoas a pessoas a
salvação bordo bordo bordo bordo bordo
Ajudas
. 3 3 Não Não Não
térmicas
Pára-quedas 6 4 3 2 Não
Sinais Fachos de 2
visuais de mão 4 4 3 2 se estiver fora
da barra
socorro Sinais de
fumo 2 1 1 1 Não
com os
respectivos
Arneses cabos e 3 3 3 Não Não
ganchos
Respondedor quando o
de radar de 9 Dec. 174/94 Sim Sim Não Não Não
GHz for aplicado
Bomba de uma delas
manual 2 2 2 2 1 a)
esgoto
se a diferença
entre a linha
Escada de
de água e o Sim Sim Sim Sim Sim
acesso bordo for >
que 0,5 m
Tipo de embarcação
Material obs. 1 2 3 4 5
1 no salão 1 no salão 1 no salão 1 no salão
Extintor de 1 Kg
1 na cozinha 1 na cozinha 1 na cozinha 1 na cozinha 1
pó químico 1 1 1 1 1
2 Kg junto ao motor junto ao junto ao junto ao junto ao motor
interior motor interior motor interior motor interior interior
VHF . Sim Sim Sim Sim Não
quando o
VHF portátil Dec. 174/94 Sim Sim Não Não Não
for aplicado
406 MHz ou Sim ou
Rádio balizas INMARSAT Sim Sim Não Não
121,5 MHz
Recepção de NAVTEX
informação ou
(EGC) Sim Sim Não Não Não
de
segurança INMARSAT
1 1 1
Agulha
. c/ desvio < c/ desvio < c/ desvio < 1 1
magnética
5º 5º 5º
Aparelho
. 1 1 1 1 Não
azimutal
Publicações da área onde
navega e
e cartas devidamente Sim Sim Sim Sim Não
náuticas actualizadas
Reflector de
. Sim Sim Sim Sim Não
Radar
Equip.
sonoro . Sim Sim Sim Sim Sim
Buzina/Sino
Ferro de
. 2 2 2 2 1
fundear
CAPÍTULO 17
A PARELHO PROPULSOR
O presente capítulo tem por objectivo familiarizar os leitores que naveguem em iates com
alguns conceitos básicos sobre motores. Todo a desportista náutico que navegue numa
embarcação à vela com motor auxiliar ou numa embarcação a motor deve ter presente que
este faz parte do sistema de propulsão e por essa razão deve ter especial atenção a sua
manutenção e conservação.
Moto de combustão gradual (Diesel) define-se por apenas o ar ser admitido no cilindro, o
qual ao ser comprimido, adquire temperatura suficiente para inflamar espontaneamente o
combustível que é pulverizado finamente.
ÓRGAOS DE UM MOTOR
Órgãos fixos
Cárter é o órgão do motor que normalmente armazena o óleo lubrificante e onde funciona a
cambota ou veio de manivelas.
Órgãos móveis
Veio de excêntricos (árvore de cames) é uma peça que comanda a abertura e fecho das
válvulas de admissão e escape.
CICLO DO MOTOR
Para melhor interpretarmos o ciclo motor, que realmente são os movimentos necessários
para que se transforme a energia calorífica em mecânica, é importante termos os seguintes
conceitos:
Ponto Morto Superior (PMS) é posição a que o êmbolo está mais próximo da cabeça do
motor.
Ponto Morto Inferior (PMI) é posição em que o êmbolo está mais afastado da cabeça do
motor.
Escape é o tempo do motor em que os gases da combustão são evacuados pela abertura
da válvula de escape ajudados pela deslocação do êmbolo do PMI para o PMS.
Este tipo de motor caracteriza-se por em dois deslocamentos do êmbolo efectua um ciclo
completo.
Admissão e compressão neste tempo admite-se e comprime-se a mistura ar/combustível
ou ar passeando o êmbolo do PMI para o PMS.
Expansão e escape após a combustão o êmbolo desloca-se do seu PMS para o PMI.
Cilindrada é o volume total do espaço definido entre a cabeça do motor e o êmbolo quando
este se encontra no PMI nos diversos cilindros existentes no motor.
Taxa de compressão é a relação entre a câmara de combustão (espaço entre a face
superior do êmbolo quando este se encontra no ponto morto superior e a cabeça do motor)
e o volume varrido pelo êmbolo entre o PMI e o PMS.
Balanço térmico
Só uma pequena parte da energia calorífica do combustível queimado no motor se
transforma em energia mecânica, sendo a restante perdida através de:
• Gases de escape 30 a 35%.
• Fluido de refrigeração 20 a 30%.
• Irradiação 2 a 20%.
Os motores fora de bordo não funcionam fora de água. Antes de arrancar com o motor,
verifique se este está desengrenado e que o tubo de combustível está bem ligado, caso
contrário o motor funciona de uma forma irregular..
A correcta mistura de combustível e de óleo num motor fora de bordo deve ser numa
proporção de 50L / 1L (2%), o uso excessivo de óleo na mistura, pode provocar acumulação
de carvão e consequente perda de potência no motor. O uso de óleo não especificado para
o motor, poderá provocar o seu sobreaquecimento.
Velas sujas e defeituosas podem provocar o sobreaquecimento do motor, e deverão ser
substituídas antes dos eléctrodos estejam corroídos.
Depois da utilização de um motor fora de bordo, deverá ser feita a limpeza do circuito de
arrefecimento com água doce.
SISTEMA DE IGNIÇÃO
Bateria é o órgão que armazena a energia eléctrica. O condutor com manga vermelha
deverá ser ligado ao pólo positivo, o de manga preta deverá ser ligado ao pólo negativo.
Numa bateria se a haste do densímetro se encontrar completamente mergulhado no liquido
(água destilada) significa que a bateria está descarregada.
REFRIGERAÇÃO
LUBRIFICAÇÃO
3 1 2
COMBUSTÍVEL
AVARIAS FREQUENTES
Cuidados a ter com os motores interiores, antes de os pôr em funcionamento deve ventilar o
compartimento, para retirar os gases acumulados.
CAPÍTULO 18
C OMBATE A INCÊNDIOS
TRIÂNGULO DO FOGO
O fogo resulta de uma reacção química das mais elementares, geralmente uma oxigenação,
que designa-se por combustão.
Para que se processe esta reacção, obrigatoriamente dois agentes químicos devem estar
presentes: combustível e comburente.
Combustível - É tudo que é susceptível de entrar em combustão (madeira, papel, pano,
tinta, alguns metais, etc.).
Comburente - É todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz
de faze-lo entrar em combustão (o oxigénio é o principal comburente).
Temperatura de ignição - Além do combustível e do comburente, é necessária uma
terceira condição para que a combustão possa se processar. Esta condição é a temperatura
de ignição, que é a temperatura acima da qual um combustível pode queimar.
Um incêndio nunca se consegue apagar enquanto não acabar pelo menos com um dos
lados do triângulo do fogo.
TETRAEDRO DO FOGO
Quando se definiu o triangulo do fogo supunha-se que todos os agentes extintores
conhecidos actuavam sobre algum dos 3 lados do triangulo do fogo. Foram descobertos
novos agentes que vão actuar na reacção em cadeia ramificada.
Assim para se verificar um processo de combustão é necessário a existência de quatro
elementos: Combustível, temperatura de ignição, oxigénio e a reacção em cadeia
ramificada.
COMBURENTE
TEMPERATURAS
• Asfixia e abafamento
• Arrefecimento
• Quebra da reacção em cadeia (inibição)
• Dispersão ou carência
Asfixia e abafamento
Consiste em reduzir a percentagem de oxigénio abaixo do limite de 16%.
Ex: de combustíveis: Líquidos (gasolina, álcool, éter, óleo, etc.).
Arrefecimento
Dispersão ou carência
Consiste na diminuição da concentração de combustível. Por exemplo a separação de
brasas num incêndio da classe A (ver quadro abaixo).
TIPOS DE FOGOS
EXTINTORES PORTÁTEIS
Utilizar correctamente um extintor de incêndios pode salvar vidas, extinguir o fogo nascente.
Os extintores portáteis são muito úteis se forem observadas determinadas condições.
Assim, é necessário ter em conta que:
• Quando se utiliza a água como agente extintor é necessário verificar sempre se há
aparelhos eléctricos sob tensão.
• No caso dos líquidos inflamados deve-se ter um cuidado especial com o uso da
água, para evitar projecções.
• Extintores de água;
• Extintores de espuma;
• Extintores de pó-químico;
• Extintores de anidrido carbónico (neve carbónica);
OUTROS CUIDADOS
CAPÍTULO 19
P RIMEIROS SOCORROS
SINAIS VITAIS
Alguns sinais são fundamentais observar para analisar o estado do acidentado entre os
quais:
Características:
• Frequência -rápido ou lento.
• Amplitude - forte ou fraco.
• Ritmo -rítmico ou arrítmico.
• Simétrica - simétrico ou assimétrico.
Frequência respiratória.
• Num corpo humano adulto e saudável, o número de respirações varia entre 16 a 20
ciclos/minuto.
• A frequência respiratória é o numero de vezes que se observa a Inspiração e
expiração.
Características:
• Frequência - rápida ou lenta.
• Amplitude - superficial ou profunda.
Quem tiver uma paragem respiratória sofrerá provavelmente danos cerebrais ao fim de
cerca de quatro minutos. Com a aplicação de ventilação artificial, conhecida vulgarmente por
respiração artificial, insufla-se ar nos pulmões da vítima até esta conseguir respirar de novo.
A reanimação cardiopulmonar é uma técnica usada numa emergência médica quando uma
pessoa não respira e não se detectam batimentos do coração.
Como actuar?
A Posição Lateral de Segurança (PLS) deve ser utilizada em toda a pessoa inconsciente,
que respire e com batimento cardíaco, afim serem transportados. Excepto nos casos de
suspeita de fractura da coluna vertebral ou do pescoço, porque permite uma melhor
ventilação, libertando as vias aéreas superiores.
Vire o corpo da vítima inconsciente, mas ainda a respirar, para a posição lateral de
segurança, o que impedirá que sangue, saliva ou a língua obstruam as vias respiratórias.
• Ajoelhe-se ao lado da vítima, volte-lhe a cabeça para si e incline-a para trás para
lhe abrir as vias respiratórias.
• Estenda ao longo do corpo da vítima o braço que ficar mais perto de si e cruze o
outro braço sobre o peito. Cruze a perna mais afastada sobre a que está mais
próxima.
• Ampare a cabeça da vítima com uma das mãos e com a outra agarre-a pela anca
mais afastada.
• Vire a vítima de bruços, puxando-a rapidamente para si e amparando-a com os
joelhos.
• Puxe a testa da vítima para trás, de modo a que a garganta fique direita. Assim, as
vias respiratórias manter-se-ão desimpedidas, o que permite que a vítima respire
livremente..
• Dobre o braço que fica mais próximo de si para lhe sustentar o tronco. Dobre a
perna mais próxima para servir de apoio ao abdómen. Retire o outro braço de
debaixo do corpo.
ESTADO DE CHOQUE
Sinais e Sintomas
• Palidez;
• Olhos mortiços;
• Suores frios;
• Prostração;
• Náuseas;
Num estado de agravamento:
• Pulso fraco;
• Respiração artificial;
• Inconsciência.
QUEIMADURAS E ESCALDÕES
Muitas queimaduras exigem cuidados médicos devido ao risco de infecção ou choque. Uma
criança, uma pessoa doente ou idosa devem ser sempre observadas por um médico.
As queimaduras são divididas em:
Queimaduras de 1º Grau. – a pele fica vermelha, quente e a sua dor é dolorosa.
Queimaduras de 2º Grau. – a pele fica vermelha, quente, com bolhas cheias de liquido
claro (nunca rebentar as bolhas), e a sua dor é dolorosa.
Queimaduras de 3º Grau. – existe uma destruição mais ou menos profunda dos tecidos.
Perante um sinistrado:
• Se possível, retire anéis, relógio ou roupa antes que a zona atingida inche.
• arrefeça a queimadura deixando correr água fria sobre ela. Arrefeça uma área
extensa com um pano limpo humedecido, mas procure socorro médico sem perda de
tempo.
• Cubra a queimadura com uma pano limpo sem pêlo. É preferível utilizar uma
compressa esterilizada, mas um lenço limpo dobrado pelo avesso e fixado com um
lenço de pescoço ou outro pano também serve.
• Chame o médico ou transporte a vítima ao serviço de urgência do hospital.
o Não utilize pensos adesivos.
o Não aplique gorduras, pomadas ou loções.
o Não rebente as bolhas nem toque na queimadura.
Sinais e Sintomas
• Dores de cabeça.
• Tonturas.
• Vómitos.
• Excitação.
• Inconsciência.
O golpe de frio é uma situação resultante da exposição excessiva ao frio; existe uma
evolução progressiva que vai do torpor ao enregelamento constituído e, por último, à
gangrena e mesmo à morte.
Sinais e Sintomas
Deve-se pensar na possibilidade de golpe de frio ou enregelamento sempre que haja um ou
mais dos seguintes sintomas:
• Arrepios.
• Torpor (sensação de formigueiro e adormecimento dos pés, mãos e orelhas).
• Cãibras.
• Baixa progressiva de temperatura, extremidades geladas.
• Insensibilidade às lesões.
• Dor intensa nas zonas enregeladas.
• Gangrena.
• Estado de choque.
• Coma.
HIDROCUSSÃO
Sinais e sintomas
• Coloração da pele, mucosa azuladas
• Paragem cardíaca
• Paragem respiratória
HEMORRAGIA
Mesmo que uma hemorragia não possa ser estancada, a sua redução pode ser suficiente
para salvar uma vida.
Hemorragia Externa
• Aplicar sobre a ferida uma compressa esterilizada ou, na sua falta, um pano
lavado, exercendo uma pressão firme com uma ou as duas mãos, com um dedo ou
ainda com uma ligadura limpa, conforme o local e a extensão do ferimento.
• Se o penso ficar saturado de sangue, colocar outro por cima, mas sem retirar o
primeiro, podendo a ligadura envolvente ser reforçada.
• Fazer durar a compressão até a hemorragia parar (pelo menos 10 minutos).
• Se a hemorragia parar, aplicar um penso compressivo sobre a ferida.
• Quando existir um corpo estranho não deve se retirado, deve fazer-se o penso, e
só depois um especialista o retirará.
Se tratar de uma ferida dos membros com hemorragia abundante pode ser necessário
aplicar um GARROTE.
O garrote pode ser de borracha ou improvisado com uma tira de pano estreita ou uma
gravata.
• Aplicar o garrote entre a ferida e o coração, mas o mais perto possível da ferida e
sempre acima do joelho ou do cotovelo, de acordo com a zona onde se situa a
ferida que sangra.
• Aplicar o garrote por cima da roupa ou sobre um pano limpo bem alisado que ficará
colocado entre a pele e o garrote.
• Colocar o garrote à volta do membro ferido: se o garrote for improvisado com tira
de pano ou gravata dar com as pontas dois nós entre os quais se enfia um pau;
rodar o pau até a hemorragia estancar.
• Aplicado o garrote, terá de ser aliviado de 15 em 15 minutos, mantendo-o aliviado
de 30 segundos a 2 minutos, conforme a intensidade da hemorragia, (quanto maior
é a hemorragia menor é o tempo que o garrote está aliviado).
• Anotar sempre a hora a que o garrote começou a fazer compressão para informar
posteriormente o médico (pode colocar essa informação num letreiro ao pescoço
do ferido).
• Deite a vítima. Se possível afaste sem perda de tempo a roupa das proximidades da
ferida.
• Se não vir qualquer corpo estranho no interior da ferida, exerça uma forte pressão
sobre esta com um pano limpo e absorvente ou com as próprias mãos. Se possível,
erga a zona do ferimento acima do nível do coração para reduzir a hemorragia.
HEMORRAGIA INTERNA
Deve-se suspeitar sempre de hemorragia interna quando não se vê correr o sangue mas a
vítima apresenta um ou mais dos seguintes sinais e sintomas:
• Sede.
• Sensação de frio (arrepios).
• Pulso progressivamente mais rápido e mais fraco.
Em casos ainda mais graves:
• Palidez.
• Arrefecimento, sobretudo das extremidades.
• Zumbidos.
• Alteração do estado de consciência.
AFOGAMENTO
Vitima consciente
• Uma vitima por afogamento que se encontre consciente, deve ser retirada da água
e deitá-la com a cabeça de lado e mais baixa que o estômago e os pulmões.
Vitima inconsciente
• Comprimir a caixa toráxica 3 a 4 vezes para fazer sair o água;
• Se a vítima não respirar, deitá-la de costas e iniciar de imediato a verificação
artificial por respiração boca a boca e, se necessário fazer também massagem
cardíaca;
• Logo que a vítima respire normalmente, colocá-la em posição lateral de segurança
(PLS) e mantê-la confortavelmente aquecida.
FRACTURAS
Uma fractura é uma solução de continuidade no tecido ósseo. Em caso fractura ou suspeita
de fractura, o osso deve ser imobilizado. Qualquer movimento provoca dores intensas e
deve ser evitado.
Sinais e Sintomas
Deve-se pensar na possibilidade de fractura sempre que haja um ou mais dos seguintes
sinais e sintomas:
FARMÁCIA DE BORDO
Tipo de embarcação
Material obs.
1e2 3e4 5
Pensos preparados sortidos
(pensos rápidos)
1 caixa de 20 1 caixa de 20 1 caixa de 20
Pensos preparados 10 cm X 10 cm 1 caixa de 10
Ligadura de crepe ou gaze
com alfinete-de-ama
7cm X 4m 7cm X 4m 7cm X 4m
Ligadura de crepe ou gaze
com alfinete-de-ama
15cm X 4m 15cm X 4m
Ligadura de tronco 1
Compressas esterilizadas 10 cm X 10 cm 1 caixa 12 unid.
Dedeira 1 1
Algodão hidrófilo pacote de 25 g 1 1
Álcool puro 500 cm3 1 1
Água oxigenada 250 cm3 3 1
Pomada anti-séptica tipo cetrimide 1 tubo 1 tubo
Pomada analgésica e tipo
antipruriginosa
1 tubo
nupercainal
Analgésico e antipirético 20 compr. 20 compr.
Comprimidos para enjoo 20 compr. 20 compr.
Comprimidos antidiarreicos 1 emb.
Antibiótico de largo espectro 1 emb.
drageias,
Antiespasmódico cápsulas 1 emb.
ou supositórios
Adesivo bobina estreita 1 rolo
CAPÍTULO 20
M ETEOROLOGIA NÁUTICA
Como é evidente, quem anda no mar está condicionado sobremaneira às condições
meteorológicas, tendo necessidade de conhecer as previsões da forma mais correcta e
contínua possíveis. No caso especial dos veleiros esse conhecimento é mesmo
indispensável para o planeamento das rotas.
ELEMENTOS METEOROLÓGICOS
Como é bem conhecido, o Sol irradia energia calorífica. Desta energia apenas 40% atinge a
superfície da Terra e, da restante, 43% é reflectida para o cosmos e 17% é absorvida pela
atmosfera.
A energia calorífica pode propagar-se, no ar, de três formas:
Humidade
A atmosfera é constituída em parte por vapor de água o qual determina a humidade do ar.
Convém reter que o ar poderá conter tanto mais vapor de água quanto mais quente estiver.
Há, assim, para cada temperatura, uma quantidade máxima de vapor de água que o ar pode
conter, dizendo-se nessa situação saturado. Esta ideia de saturação conduz-nos à
definição de humidade relativa que vem a ser a percentagem de humidade que
determinada massa de ar contém em relação àquela que poderia conter quando saturado. À
temperatura a que determinada massa de ar atinge a saturação denomina-se temperatura
de orvalho ou ponto de saturação. Assim, facilmente se compreende que uma massa de
ar que está saturada à temperatura de 10°C está muito longe da saturação a uma
temperatura de 20°C. A Humidade Relativa pode medir-se por meio dum psicómetro.
(2) Nevoeiro
(3) Nuvens
(4) Precipitação
Atmosfera
Pressão
A pressão atmosférica varia na razão inversa da
temperatura do ar, dado que este é tanto mais leve
(ou menos denso) quanto mais quente está. A
pressão diminuí também logicamente com a altitude.
A unidade de pressão atmosférica utilizada em meteorologia é o milibar (mb) ou
hectopascais (hPa), tendo aquela um valor normal, ao nível do mar, da ordem dos 1013
mb.
A pressão atmosférica tem uma variação regular ao longo do dia, conhecida por maré
barométrica, que atinge valor significativo nos trópicos (3 mb) e nas zonas temperadas não
assume valor relevante.
A pressão atmosférica mede-se por meio de barómetros, chamando-se esses aparelhos
barógrafos quando são registadores.
Denomina-se isóbara ou linha isobárica o lugar geométrico dos pontos da superfície
terrestre que em determinado momento registam a mesma pressão.
Vento
A causa primária de todos os ventos é a diferença de temperaturas, a qual é por seu turno
responsável pelas diferenças de pressão barométrica. Por um lado o ar quente sobe, indo o
ar frio ocupar o lugar daquele; por outro lado o ar tende a deslocar-se de uma zona de
pressão alta (A) para uma zona de pressão mais baixa (B). Este deslocamento do ar
designa-se por vento.
Vento
Vento
Mar e ondulação
As ondas levantadas pelo vento local e actual designam-se por mar (vaga).
As ondas causadas por vento passado ou à distância do local designam-se por ondulação.
Enquanto que o mar (vaga) apresenta um aspecto mais vivo e violento a ondulação é mais
cadenciada e lisa nas suas formas.
PREVISÃO METEOROLÓGICA
A região do globo em que nos encontramos (entre 30ºN e 60ºN) é típica da ocorrencia de
baixas pressões, situando-se entre duas faixas de altas pressões - Zona Polar e Zona
Subtropical. Sabendo-se já que o ar flui das zonas de alta pressão para as zonas de baixa
pressão, fácil se torna compreender que a nossa Zona Temperada é permanentemente
invadida por massas de ar de origem Polar e Tropical.
São os fenómenos associados ao encontro dessas correntes de ar e à sua interacção que
determinam as características do tempo no Atlântico Norte.
Massas de ar
Temos assim, que o ar vindo da região subtropical de alta pressão é conhecido como ar
tropical e o que provém da região polar de alta pressão diz-se ar polar. Ambos os
sistemas, tropical e polar, chegam à costa Portuguesa seguindo um trajecto sobre o mar -
Ar Tropical ou Polar Marítimo - ou sobre a terra - Ar Tropical ou Polar Continental -,
apresentando propriedades de acordo com o percurso seguido.
As massas de ar marítimo (Tropical ou Polar) são, porque mais frequentes, aquelas que
determinam as condições meteorológicas predominantes nas costas Portuguesas.
Figura 20.6 - Massa de ar Polar Marítimo (PM) Massa de ar Tropical Marítimo (TM)
Frente polar
Face à diferença de densidades das duas massas de ar em presença, a frente polar não é
vertical mas sim inclinada para o lado do Pólo, de modo que o ar frio forma uma espécie de
cunha por baixo do ar quente.
Quando as duas massas de ar em presença numa Frente Polar não diferem muito em
temperatura e humidade, mantém-se um estado de equilíbrio que lhe dá carácter de
Estabilidade. Neste caso as isóbaras são sensivelmente paralelas à Frente Polar. Se porém
houver grandes diferenças de temperatura e humidade entre as duas massas de ar há
possibilidade de ocorrer Instabilidade em qualquer zona da Frente. Neste caso a Frente
Polar deforma-se e gera-se um sistema ciclónico de ventos conhecido por depressão (B). O
ciclo de vida duma Depressão (B) pode ser esquematizado em quatro fases principais (ver
figura em baixo):
Fase 4 - O ar quente termina a sua ascensão e a superfície frontal fria alcança a quente. O
sector quente desaparece assim da superfície da Terra. É a fase da oclusão, ou seja da
fusão das duas frentes.
O ciclo de vida descrito termina com a Oclusão: a Depressão (B) desfaz-se (enche) em
seguida, a frente Oclusa desaparece, restabelece-se o equilíbrio de temperaturas e
pressões, diminuindo em consequência o vento e a chuva; a Frente Polar retoma a forma
primitiva. Esta sucessão de fenómenos tem a duração de 5 a 6 dias, atingindo a Depressão
(B) o seu auge ao fim do primeiro dia. Enquanto activo, o conjunto do Sistema
Depressionário desloca-se no sentido ENE, que corresponde à direcção do vento no sector
quente, e a uma velocidade que medeia entre 20-30 nós durante a fase mais activa.
Convém reter que a Depressões muito cavadas corresponde mau tempo, com mar grosso,
ventos tempestuosos e chuva forte.
Este fenómeno consiste, como já vimos, no avanço de uma massa de ar quente sobre
uma massa de ar frio, transportadas estas na circulação dum Sistema Depressionário,
podendo-se observar os seguintes elementos:
Este tipo de frente consiste no avanço, em cunha, de uma massa de ar frio sob uma
massa de ar quente, igualmente transportadas na circulação duma Depressão,
podendo-se observar os seguintes elementos:
Uma Carta Sinóptica permite efectuar uma previsão para um período máximo de 24 horas. É
importante, para esse efeito, dispor também das Cartas correspondentes às últimas 48
horas.
Para este tipo de previsão existe a necessidade de conhecer os locais e as datas em que os
sistemas depressionáríos se vão formar, o que exige que o navegador disponha de cartas
meteorológicas em altitude, fotografias das altas camadas da atmosfera obtidas por satélite,
bem como todo um conjunto de dados que actualmente só é possível reunir em Centros
Meteorológicos instalados em terra.
Chuva Muita
Tempo Seco Bom Variável Tempestade
/ vento chuva
P.A.
1046 1022 1010 998 986 974
(mb)
De um modo geral:
• A subida gradual da Pressão atmosférica permite prever tempo bom e seco.
• Uma descida nos valores da Pressão atmosférica anuncia tempo húmido e chuva.
• Um aumento lento e contínuo da pressão atmosférica, acompanhado de uma
melhoria progressiva do estado do tempo, deixa prever um período de bom tempo
relativamente prolongado (ter em conta a possível formação de nevoeiros no
Inverno).
• Se estiver bom tempo e a pressão atmosférica elevada (pelo menos 1020 hPa) e se
o barómetro não oscilar significativamente em torno dessa valor, não é de prever
nenhuma deterioração do estado do tempo.
• A chegada contínua de nuvens de tipo cirros, o início de uma queda de pressão
atmosférica e eventualmente, o levantamento de brisa, são os sinais anunciadores
da chegada de uma frente quente, por vezes acompanhada de chuviscos.
• A chegada de nuvens de tipo cúmulos e uma queda acentuada da pressão
atmosférica, muitas vezes acompanhada de rajadas de vento, anunciam geralmente
aguaceiros com certa violência, e mesmo tempestades.
• Um vento de Oeste e a chegada de uma grande faixa nebulosa, bem como uma
descida dos valores da pressão atmosférica, anuncia chuva ou aguaceiros.
• Um vento de Este, com a pressão atmosférica elevada ou a subir, anuncia a
persistência ou a chegada de bom tempo, sobretudo no verão.
• Se as nuvens passam a baixa altitude, podemos dizer que a chuva está eminente.
• Depois de uma chuva nocturna, um céu matinal limpo deixa frequentemente prever a
formação rápida de cúmulos, trazendo por vezes chuvas fortes ou mesmo
tempestades.
AVISOS À NAVEGAÇÃO
O objectivo dos Avisos aos Navegantes (ANAV) é fazer chegar ao navegante informação
com uma importância e urgência que não se compadece com a demora inerente à
publicação do próximo grupo periódico. Se o ANAV continuar em vigor à data da publicação
do grupo, será nele incluído.
Quanto à cobertura:
• Avisos NAVAREA
• Avisos Costeiros
• Avisos Locais
Quanto à prioridade:
• Vital – de precedência Imediato
• Importante – de precedência Urgente
• Horário ou Rotina – de precedência Rotina
ESCALA DE BEAUFORT
Força Velocidade do Descrição Símbolo Efeitos no mar Altura da Possibilidade de navegação
vento em nós meteorológico vaga (metros)
0 0-1 Calma Espelhado ou 0 Descai-se com a corrente; não
Estanhado Estanhado se pode manobrar, é o paraíso
de descanso
1 1–3 Aragem Formam-se como 0 Já se pode manobrar, largar
escamas na superfície Chão um “spinnaker”
sem cristas de espuma
2 4–6 Fraco Pequenas vagas 0.25 O “spinnaker” dá para o largo e
curtas; cristas espuma Encrespado aumenta-se de velocidade
transparente, não
rebentam
3 7 – 10 Vento Pequenas vagas, as 0.75 O barco adorna, o mar molha, o
Bonançoso cristas começam a Encrespado convés e os pequenos barcos
rebentar, espuma regressam ao porto
vítrea; alguns carneiros
4 11 –16 Vento Pequenas vagas 1.5 O vento puxa, a tripulação está
moderado alongadas, numerosas Pequena atenta às manobras, pensa-se
cristas brancas, vaga em rizar pano nos barcos
carneirada pequenos
5 17 – 21 Fresco Vagas moderada, 2 Os veleiros maiores reduzem
cristas brancas em Cavado pano, as tripulações dos
todas as direcções – pequenos barcos têm todo o
alguns borrifos interesse em tomar uma bebida
no bar do clube
6 22 – 27 Vento muito Vagas grandes em 3.5 Os veleiros metem os
fresco formação; cristas de Grosso segundos rizes; a tripulação
espuma com borrifos enverga a palamenta de
abundantes salvação e está tudo preparado
para o meu tempo
7 28 – 33 Vento forte As vagas acumulam- 4.5 Se nada de urgente houver a
se, a espuma alonga- Alteroso fazer no mar, fica-se no porto;
se em riscos navega-se com estai de tempo
esbranquiçados na
direcção do vento
8 33 – 40 Vento muito Vagas medianamente 6 Toda a gente se põe ao abrigo
forte ou duro altas mas compridas; Alteroso caso contrário arranja-se
as cristas rebentam em mareação para correr com
turbilhão, a espuma tempo
estende-se em marcas
nítidas na direcção do
vento
9 41 – 47 Vento Vagas muito altas, 7.5 Sentado à lareira pensa-se
tempestuoso marcas densas, o mar Tempestuoso naqueles que estão no mar
ou muito duro enrola, os borrifos desejando-lhes Boa Sorte
afectam a visibilidade
10 48 – 55 Temporal Vagas muito altas de 9.5 Conversa-se, discute-se sobre
cristas compridas, Encapelado barcos e deseja-se de novo
borrifos em lençóis Boa Sorte aos que estão no
estriados em faixas mar
brancas, superfície da
água esbranquiçada, o
rolo é violento e
caótico, má visibilidade
11 56 – 63 Temporal Vagas 12 As discussões passam a ter
desfeito ou excepcionalmente Encapelado altos e baixos e quando o vento
Tempestade altas, mar coberto de assobia soltam-se exclamações
faixas de espuma, os de espanto
picos das cristas são
poeira de água, má
visibilidade
12 > 64 Furacão ou Vaga com alturas > 15 Começa-se a dar conta de que
Ciclone desmedida. O mar Excepcional a navegação é uma coisa linda,
saturado de espuma desde que se fique em terra!
está completamente
branco, péssima
visibilidade
Sinal Sinal
NR Força e direcção do vento Obs.
Diurno Nocturno
Vento de força 8 ou superior começando no
1
quadrante de NW
Sinal
Vento rondando no sentido do movimentos
7 complementar
dos ponteiros do relógio
dos anteriores
Sinal
Vento rondando no sentido contrário ao do
8 complementar
movimentos dos ponteiros do relógio
dos anteriores
Observada ou prevista ondulação de SE Usado só na
9
com 2 m. ou superior costa algarvia
Notas:
• A força do vento é referida à escala de Beauford.
• Os sinais 7 e 8 só poderão ser utilizados no período diurno, em complemento dos
sinais 1 a 6, e içados no lais opostos.
• O sinal 9 só poderá ser utilizado na costa do Algarve.
• As capitanias dos portos e as suas dependências são responsáveis pela
actuação dos sinais de aviso de temporal.