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Navegação à vela

Caderno de resumo do curso de skippers (parte 3 - Vela)


Objetivos
● Identifique as várias partes da embarcação e seus sistemas

● Compreenda o efeito do vento na vela e como o otimizar

● Consiga perceber como controlar a embarcação eficazmente e em segurança

● Compreenda as várias afinações dinâmicas da vela e seu efeito

● Praticar os conhecimentos adquiridos numa embarcação

Nomenclatura
Representação visual de alguma nomenclatura.

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Nós
Os principais nós que se utilizam na náutica são os seguintes:

● Nó de oito

o Função de batente

o Simples de desfazer

● Nó direito

o Permite ligar dois cabos de bitolas iguais

● Nó de escota

o Permite ligar dois cabos de bitolas diferentes

● Lais de guia

o Permite criar um laço no chicote

o Fácil de desfazer mesmo após ser submetido a forças enormes

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● Volta de cunho

o Permite fixar um cabo a um cunho

o Fácil de desfazer

● Volta de fiel

o Usado principalmente para segurar as defensas

Vento
É a deslocação de massas de ar por efeito de:

● Diferença de temperatura e pressão

● Rotação da Terra

É visível através de: bandeiras, fumo, árvores, etc.

No barco utilizamos o catavento, os instrumentos e as fitas na vela.

Utilizamos o vento aparente que é a soma de vectores do vento real com o vento induzido. Este último é
criado pelo nosso próprio deslocamento.

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A vela de um barco funciona de forma semelhante à asa de um avião, sendo criada uma alta pressão a
barlavento e uma baixa pressão a sotavento que vai criar uma força de sustentação que por sua vez
poderá ser decomposta em força que o empurra lateralmente e outra que o impele para a frente. A força
lateral é minimizada por efeito do patilhão.

Afinar as velas ou mudar a posição do barco para potenciar a sustentação criada pelo fluxo de ar na vela.

Caçar ou alar a vela consiste em aproximar as velas do centro do barco através das escotas.

Folgar a vela consiste em afastar as velas do centro do barco através das escotas.

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Mareações

A embarcação à vela não navega diretamente contra o vento, pois se o fizer, a vela começa a bater e a
embarcação não avança. A esta posição chama-se aproado ao vento e utilizamos quando a navegar a
motor queremos içar, arrear ou rizar as velas.

Para começar a velejar contra o vento, temos que manter um ângulo mínimo com o vento. Este ângulo
ronda os 45º (conforme o barco). Em suma, teremos de ter sempre uma amura a barlavento.

Podemos navegar em vários ângulos em relação ao vento, para estas direções damos o nome de
Mareações e que podem ser divididas em três:

- Bolina:

Navegar com o vento de proa (+30º), até ao través.

- Largo:

Navegar com vento do través até alheta.

- Popa:

Navegar com vento pela alheta até à popa.

Os movimentos básicos que utilizamos no leme do barco são dois, arribar e orçar. Este movimento
depende da posição do barco e do vento sobre ele.

No caso de cana de leme, para arribar, esta deve deslocar-se no sentido das velas, para orçar deve
deslocar-se para barlavento.

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Manobras

Virar de bordo ou virar por davante

Acção de cruzar a linha do vento com a proa

Procedimento:

1. Estar a navegar em bolina cerrada

2. Avisar da manobra

3. Orçar

4. Folgar a genoa

5. Caçar a genoa do lado oposto

6. Endireitar o leme

Cambar ou bordo em roda

Acção de cruzar a linha do vento com a popa

Manobra perigosa se não for bem controlada, de evitar numa fase de iniciação ou com vento forte.

1. Avisar da manobra

2. Aproximar do rumo de popa rasada

3. Caçar a vela grande até perto do centro da embarcação

4. Arribar

5. Folgar a vela grande logo após a mudança de bordo

6. Endireitar o leme

7. Mudar a genoa de bordo

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Aquartelar

É uma manobra que permite manter o barco estável com pouco seguimento
principalmente em situações com condições adversas

1. Viragem de bordo sem mudar a posição da genoa

2. Folgar a vela grande

3. Após a embarcação abrandar, manter o leme orçado

Rizar as velas

Utiliza-se para diminuir a área vélica, para manter o barco sob controlo geralmente em condições mais
adversas.

Rizar a vela grande:

● Vela sem potência (aproando ao vento ou aquartelando)

● Folgar adriça

● Encaixar olhal do rize que se encontra na testa da vela no


respetivo gancho

● Caçar adriça

● Caçar o cabo do rize

Rizar a genoa:

● Folgar a escota

● Enrolar parcialmente a vela

● Ajustar a escota

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Boas Práticas

Direito a rumo

a) Embarcações à vela a receber o vento por bordos diferentes:

✔ Tem direito a rumo aquela que recebe o vento por Estibordo.

b) Embarcações à vela a receber o vento pelo mesmo bordo:

✔ Tem direito a rumo aquela que se encontra a Sotavento.

c) Embarcação alcançante

✔ Desvia qualquer embarcação que esteja a alcançar a próxima.

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d) Embarcação à vela tem direito a rumo sobre uma embarcação de propulsão mecânica.

e) Embarcações à vela com motor ligado, devem respeitar as regras de embarcações de propulsão
mecânica. Desvia a que avista a outra por estibordo e em caso que se encontrem roda-a-roda,
ambas devem guinar para Estibordo.

Planeamento

Deve haver sempre um planeamento antes de embarcar num barco, alguns pontos a ter em conta:

● Meteorologia

● Marés

● Docas/Marinas/Ancoradouros

o Características

o Como se faz a aproximação

o Contactos

● Tripulação

o Cada tripulante está familiarizado com o local da palamenta de segurança e sabe o que
tem de fazer em caso de emergência

● Estado e autonomia da embarcação

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Meteorologia e Marés

Quando se prepara uma saída de barco deve-se ter em conta os fatores externos, nomeadamente a
meteorologia e as marés. Hoje em dia é muito fácil pois existem diversos sites e aplicações onde se pode
consultar as mais recentes previsões. Seguem alguns deles:

www.hidrografico.pt/previsao-mares.php

www.windguru.cz

www.windy.com

www.windfinder.com

Também é muito importante consultar a informação disponível em www.amn.pt onde podemos saber se
existe algum aviso de mau tempo ou se alguma barra está fechada.

Afinações dinâmicas

A propulsão de um veleiro é feita pela diferença de pressão entre as faces da vela. Uma vela bem afinada
tem fluxo de ar pelos dois lados e cria uma baixa pressão na face de sotavento.

Para maximizar esse efeito utilizam-se diversos sistemas:

Escota - Controla a abertura da vela em relação ao centro do barco.

Vela grande:

Adriça - aumenta a tensão da testa de vela e desloca o saco para vante.

Esteira - aumenta a tensão da esteira da vela e diminui o o saco da vela.

Burro - Aumenta a tensão na valuma da vela, diminuindo a rotação da vela.

Genoa

Adriça - aumenta a tensão da testa de vela e desloca o saco para vante.

Carrinho - para a frente fecha a valuma e aumenta o saco, para a ré abre a valuma e diminui o saco.

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O saco é a “barriga” da vela, quando maior, mais potência.

A posição do saco é a posição onde se encontra a “barriga”. Quanto mais atrás, mais potência, mas
também cria mais turbulência.

A rotação da vela é a abertura da valuma, quanto mais aberta menos potência, menos orça e menos
turbulência. Se tiver mais fechada, ganha-se mais potência na vela, permite orçar mais, mas cria mais
turbulência.

Guia geral de afinações (poderá variar ligeiramente de barco para barco e com as condições)

Vento/Afinação Saco (Draft) Posição do saco Valuma

Fraco + mais para ré aberta 

Médio +- depende das condições do mar*  maioritariamente fechada

Forte - mais para vante  aberta

*Com mais ondulação queremos o saco mais avante; sem ondulação, pode usar-se o saco mais atrás.

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Nomenclatura

Adriça - cabo para içar velas.


Agulha - instrumento concebido para fornecer permanentemente uma determinada direcção.
Alheta - zona da embarcação entre a popa e o través.
Amura - zona da embarcação entre a proa e o través.
Arribar - afastar a proa da direção do vento (ver orçar).
Barlavento - lado de onde sopra o vento (ver sotavento).
Boca - largura máxima de uma embarcação.
Bolinar - navegar chegado ao vento, ou seja, próximo da direção do vento.
Bombordo - lado esquerdo de uma embarcação quando vista da popa para a proa (ver estibordo).
Caçar - puxar um cabo.
Cambar - mudar de bordo cruzando a linha de vento pela popa.
Calado - distância vertical da linha de água até ao ponto mais baixo da quilha.
Cunho - peça de madeira ou ferro fixa no convés ou numa zona de atracação, para nela se dar volta a
cabos.
Defensa – qualquer objeto que se coloca ao longo do casco para o proteger.
Escota - cabo fixo à vela para manobra desta. (ver punho da escota).
Escotilha - abertura no convés para dar passagem a pessoas ou material.
Estai - cabo que sustenta o mastro desde da proa. Normalmente em aço. Também é corrente denominar
de estai a vela que se enverga neste cabo.
Esteira - lado inferior da vela. (ver testa e valuma).
Estibordo - lado direito de uma embarcação quando vista da popa para a proa (ver bombordo).
Folgar - aliviar um cabo.
Garrar - arrastar o ferro por este não unhar o fundo.
Genoa - vela de proa maior que um estai.
Molinete - aparelho de força com manivela para ajudar a caçar cabos.
Mordedor - aparelho que impede um cabo de correr.
Orçar - aproximar a proa da direção do vento.
Patilhão - acrescento aplicado na quilha para aumentar a estabilidade e a resistência ao abatimento
numa embarcação à vela.
Piano - aparelho com múltiplos “mordedores” que impede um conjunto de cabos de correr. Permite um
esforço maior que um mordedouro.
Proa - parte da frente de uma embarcação.
Popa - parte de trás de uma embarcação.
Retranca - peça de madeira ou metal que se de um lado se apoia no mastro, no eixo proa-popa e no
outro se fixa o punha da escota da vela.
Rizar - reduzir a área da vela exposta ao vento.
Sotavento - lado para onde sopra o vento. (ver barlavento).
Testa – lado da vela grande paralela ao mastro
Través - lados da embarcação que fazem 90º com o eixo proa-popa.
Valuma - a parte de trás da vela, por onde o fluxo de ar deixa o pano. Estende-se do punho da adriça ao
punho da escota (ponta ínfero-exterior da vela)
Vela Grande – vela principal de uma embarcação. É envergada no mastro.

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