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NAVEGUE TRANQUILO

CAPÍTULO 5 - MARINHARIA

Um bom marinheiro é facilmente reconhecido pela maneira como: fundeia, pega uma
bóia, atraca ou pega uma vaga num cais.
Antecipe-se com algumas providências para evitar o pânico de última hora provocado
por pequenos erros.
As defensas deverão estar colocadas no lugar e na altura certa. As bocas, livres para
serem usadas e nas posições certas.
Evitar cabos de atracação jogados para o cais muito cedo pois caindo n'água eles terão
que ser recolhidos no momento em que seriam mais necessários.
Amarra toda enrolada não correndo naturalmente quando for preciso fundear.
Chegar ao ponto de fundeio com muita velocidade.
Se for barco a motor experimentar se a alavanca do reversor, para dar máquinas atrás,
está funcionando.

FUNDEIO

A arte de ancorar, a qual inclui: a escolha do ferro (âncora) certo, o uso de mais de um
ferro, a escolha da amarra, o uso de quantidade certa de cabo (filame), a escolha do
ancoradouro (fundeadouro) certo, e, como ancorar (fundear) corretamente, é uma das mais
importantes demonstrações de que você é um bom marinheiro.
Deve-se ter a bordo:
a) Ferro (âncora) para uso comum com uma amarra que tenha cerca de 10 vezes a
maior profundidade das regiões mais visitadas;
b) Um outro ferro, maior, para nos permitir enfrentar uma emergência e com amarra 10
vezes a maior profundidade aonde usualmente fundeamos;
c) Um pedaço de corrente com cerca de 3 metros; d) Uma âncora de temporal (drogue).
Uma âncora tem como função nos prender ao fundo do mar.
A âncora funciona como uma picareta.
Se tentarmos arrancar uma picareta da terra puxando-a pelo seu cabo estando o
mesmo paralelo ao chão, não conseguiremos por mais que puxemos. Se, porém, levantarmos
o cabo, vamos arrancá-la facilmente.
A vista do que foi exposto sabemos que um ferro deve ter a sua haste o mais paralela
possível ao fundo, daí termos que usar a quantidade certa de cabo (filame) ao fundearmos. O
filame certo é de 3 a 5 vezes a profundidade da carta. Não esquecer de considerar: altura de
maré. ondas e borda livre.
É também uma boa prática colocar três (3) metros de corrente entre o ferro e a amarra,
pois assim estaremos fazendo a haste ficar mais paralela ao fundo do mar e protegendo a
amarra de possível atrito com pontas de pedras e detritos cortantes.

TIPOS DE ÂNCORAS E SUAS PARTES


1) DANFORTH” Leve, com grande facilidade de unhar em fundos que permitem às
suas garras afiadas entrarem. Um pouco difícil de soltar. É guardada facilmente.
Não muito boa em fundos de terra batida. É a mais usada nas embarcações de
esporte e recreio.
2) “ALMIRANTADO” Tradicional âncora de dobrar. Os braços podem ser estreitos e
pontiagudos para terra dura ou curtos e largos para lama.
3) "PLOW" (CQR ou PATA DE ARADO). Muito popular entre os cruzeiristas pelo seu!
superior poder de agarrar. É, porém, muito difícil de ser acondicionada a bordo quando não em
uso. Boa para grande variedade de fundos a não ser para o de pedras.
pata
4) “BRUCE” é uma âncora de uso geral com grande poder de unhar. A sua haste
paralela ao fundo do mar e o fato de ser construída de uma peça única (sem as peças móveis
das outras âncoras) lhe dá maior robustez e, como conseqüência, segurança.
5) “FATEIXA” Ancorote sem corpo, com 4 braços dotados de patas e unhas que
agarram bem em fundos pedregosos.
6) "GARATÉIA” ou “BUSCA VIDA”. É como a fateixa, mas sem patas. Usada para
rocegar objetos que se perdem no fundo do mar. Existe a de dobrar que é mais fácil de ser
guardada.
7) "PATENTE”. Não é muito boa para ser usada em pequenas embarcações, pois
requer mais peso para melhor unhar. É mais usada em grandes embarcações. Para cada
metro na linha d'água mais ou menos 4 Kg de peso.
Cinco são os pontos essenciais para um bom ancoradouro (Fundeadouro):

1) Abrigado de correntezas, ventos e vagas.


2) Não ser muito profundo. 3) Não ter declive muito grande.
4) Ser de boa tença (areia, lama e areia, etc.).
5) Permitir o giro da embarcação sobre o seu ferro sem que vá esbarrar em outras
embarcações ou acidentes geográficos. O raio deste círculo terá o filame dado mais o
comprimento da embarcação.
Quando for possível devemos ancorar perto de barcos semelhantes ao nosso em
tamanho e tipo. Barcos similares reagem ao vento e à corrente da mesma maneira.
Quando a maré sobe ou desce, isto cria uma variação tanto no ângulo do filame com o
fundo do mar como no raio de giro do barco.

Para diminuir o raio de giro, é deixar correr um peso no seio do filame, que além de
reduzir o raio cria uma espécie de mola amortecendo os trancos no ferro e no cunho de
amarração do barco.
Alguns pontos que nos ajudarão a fundear bem:
1) Aproxime-se devagar contra o vento ou contra a corrente dependendo do que for
mais forte. Certifique-se de que os cabos a serem usados estão livres para correr.
2) Vá com a proa até ao ponto aonde o ferro deverá ficar. Use máquinas atrás se
necessário. Se à vela, aproxime-se somente com a “GRANDE”, deixando a proa livre para
manobras, ao chegar ao ponto desejado, paneje até o barco parar.
3) Quando o seguimento avante parar de existir, arrie a ancora com cuidado pela borda.
Nunca a atire.
4) Conforme o barco for caindo a ré (andando para trás), vá dando cabo até cerca de
cinco vezes a profundidade, quando então poderá dar um puxão na amarra para ver se o ferro
unhou. Aí então poderá deixar o filame certo.
5) Se achar necessário use máquinas atrás, devagar, para confirmar se o ferro unhou
bem.
6) Depois de cerca de meia hora faça marcações de pontos à sua volta e, de vez em
quando confirme se as marcações não mudaram.
7) Se tiver dúvidas se no fundo existem pedras, poitas, pedaços de corrente, etc., tudo
enfim aonde o ferro fique preso e difícil de sair, use um cabo preso na cruz do ferro tendo uma
bóia no outro chicote. Esta bóia servirá para indicar aonde o ferro unhou e, em caso de
necessidade poderemos puxar o ferro pelo cabo preso à bóia “Bóia de Arinque”.
8) Antes de prender a amarra à proa do barco, dê uma puxada para ver se o ferro
unhou bem. Se a sua estada for prolongada, e aconselhável colocar proteção na amarra, nos
pontos aonde possa haver atrito entre ela e qualquer superfície. Estopa ou Lona, são dois bons
"quebra-galho", mas o ideal é usar um pedaço de mangueira aberto ao sentido de seu
comprimento.

MANOBRAS DE EMBARCAÇÕES

Para se manobrar uma embarcação de qualquer tamanho devemos primeiro conhecê-la


bem e quais são as suas reações às manobras.
Procure saber o que ela vai fazer, em quanto tempo e em que espaço.
Nenhum artigo ou livro poderá lhe dar esse conhecimento, você terá que adquiri-los
praticando e com a experiência sua e de outros.
Vamos procurar ajudá-los aqui chamando a sua atenção para alguns pontos que irão
absorver mais rapidamente o que ocorre na prática.
Aqui vão os principais meios que temos para manobrar um barco:

REMOS: Se numa embarcação a remos com dois (2) remos, remarmos mais forte com
o remo de um bordo e diminuirmos o do outro bordo ou até mesmo remarmos ao contrário
(ciarmos), a proa do barco irá para o lado (bordo) aonde estivermos remando mais fraco ou ao
contrário. Se estivermos navegando com um remo só na popa e colocarmos o mesmo com sua
pá formando um ângulo de 90° com a linha de proa, a resistência que o remo fará, irá jogar a
popa para o bordo contrário ao que estiver o mesmo e, consequentemente, a proa para o
mesmo bordo. Se remarmos com um remo só no sentido transversal, a popa irá para o lado
contrário ao nosso movimento e a proa para o mesmo lado (é o mesmo efeito do hélice no
início do movimento)
LEME: O equipamento para dirigir uma embarcação é de uma simplicidade extrema e
consiste apenas de uma peça chamada “leme” que é acionado por uma outra que se chama
"cana de leme”. Em barcos maiores o sistema de transmissão é mais complexo e geralmente é
usada a "roda de leme”.
Quando a água está passando por um barco com seu leme a "meia nau” a pressão é
igual em ambos os lados da "porta do leme, a qual oferece apenas uma fração de resistência.
Uma vez que se vire o leme para um lado ou outro, isto sendo possível pelo fato de que o
mesmo é preso ao cadaste pelas “Governaduras" (ferragens semelhantes a dobradiças), a
pressão cresce na parte da frente da porta e esta pressão desigual força a popa para o lado
fazendo o barco girar em seu centro de rotação.

MOSTRAREMOS A SEGUIR GRAFICOS DEMONSTRATIVOS DO CRESCIMENTO


DA FORÇA DE ROTAÇÀO (“P”) QUE O CARREGAR DO LEME VAI CRIANDO SOBRE O
CASCO.

A resistência (“R”) que atua como um freio, também cresce como está indicando nas
proporções P/R dos três gráficos. A força de rotação parece ter o seu ótimo entre 30 e os 35
graus. “F” representa a pressão da água sobre o leme, força que se decompõe em “T”, força
tangencial, e em “N”, força normal à porta do leme. "N” é decomponível em “P” e “R”, cujos
efeitos decidem o assunto.

VELAS: Numa emergência, em um veleiro de duas velas, sem leme, podemos


manobrar caçando mais a de proa e folgando a mestra (grande) se quisermos arribar (afastar a
proa do vento) e vice-versa se quisermos orçar (aproximar a proa do vento).

MOTOR: Quando atracando, o hélice controla a direção e as reações de um barco


quase tanto quanto o leme.
1) Uma embarcação vista de popa com o seu hélice girando no sentido dos ponteiros do
relógio (destrossina) com máquinas avante, a proa guinará ligeiramente para bombordo mesmo
que o leme esteja a meio. Se dermos máquinas atrás, independentemente da posição do leme,
a popa irá rapidamente para bombordo. Para hélices sinistrossinas (girando no sentido anti-
horário) - o efeito é inverso. Isto ocorre pelo efeito lateral do hélice, ou seja, o seu efeito
evolutivo, o qual existe pelo fato de que a pressão da água aumenta com a profundidade e,
assim sendo a pá inferior do hélice tem o efeito mais forte do que o da pá superior, criando um
efeito de pressão lateral, o qual faz cair a popa do barco para o mesmo lado que gira o hélice.
2) A influência do giro do hélice é mais notada quando damos
máquinas atrás. Como a ação do leme é em grande parte provocada pela descarga do
hélice sobre a porta do leme, quando invertermos a máquina a mesma descarga estará indo
para longe do leme tornando o efeito do mesmo relativamente pequeno por ocasião da
manobra.
O hélice é que terá maior influência nestas circunstâncias.
3) Pequenas aceleradas do motor podem ser usadas para girar a proa ou a popa aonde
quisermos sem que o barco saia do lugar. Com o leme para BE, algumas giradas (palhetadas)
do hélice farão a proa ir para BE, porém se pusermos a máquina em ponto morto antes do
barco pegar seguimento, a maior parte da força aplicada irá fazer o barco girar sobre o seu eixo
e não a se deslocar. Quanto maior o barco, mais este efeito será notado.
4) O vento, a maré e as correntes podem ajudá-lo na manobra, às vezes quase tanto
quanto máquinas ou leme.
5) Lembre-se que o raio de giro de proa é menor do que o da popa. É bom notar que o
ponto de giro de um barco varia conforme o modelo da embarcação, tipo de leme, posição da
quilha, da bolina, peso mais perto da proa. Pelas razões acima devemos sempre procurar
conhecer o ponto de giro do barco que vamos manobrar, bem como sabermos como girará
melhor a nossa embarcação.
Para girarmos em um local com relativamente pouco espaço com um só hélice, passo
direito (destrossino), a melhor manobra é por BE conforme podemos ver nas figuras a seguir:

MANOBRA CORRETA (Sentido horário)

3 movimentos

1) Avante)
2) A ré
3) Avante

MANOBRA INCORRETA (Sentido anti-horário)

5 movimentos

1) Avante
2) A ré
3) Avante 4
) A ré
5) Avante

ATRACAÇÃO

Depois que chegamos ao cais ou vamos pegar uma bóia começa o problema da
atracação o qual representará o complemento de um bom passeio ou uma "LENHA”
memorável. Neste capítulo mostraremos as situações mais comuns de atracação e
desatracação, bem como os cabos de amarração e sua nomenclatura.

SAINDO DE UMA BÓIA OU DE UM CAIS

É aconselhável para um principiante treinar manobras em áreas livres de outros barcos,


bóias, cais e obstáculos em geral, antes de se aventurar a fazê-lo com perigo para o seu barco
e os dos outros. Procedimento aconselhável é o de jogar uma âncora com um bujão plástico
servindo de boia ou um travesseiro ou colchão plástico servindo de cais que tem a vantagem
de não avariar o seu barco se a manobra sair errada.
A manobra em si é muito simples. Ao aproximar-se da bóia calcule quanto de
seguimento é preciso de um determinado ponto até a mesma (varia conforme o vento, barco,
corrente, etc.). Ao chegar a este ponto imaginário deixe o barco panejar e siga com a proa na
bóia, apenas com o seguimento, chegando até a bóia quando está acabando de parar, quando
então o tripulante pega a mesma com facilidade.
Como sempre, planeje antes. Pense no que fazer se o seu cálculo de velocidade saiu
errado e o barco passou ou deixou de chegar à bóia. A seguir daremos alguns conselhos de
como pegar uma bóia ou atracar:
1) Ao aproximar-se do objeto, se a bolina está para cima não esquecer de arriá-la.
2) O ponto de onde você deve começar a panejar varia para cada barco. Pequenos
barcos geralmente com 2 ou 3 vezes o seu comprimento completa bem a manobra. Um barco
de quilha precisa sempre de mais espaço.
Praticando com bóia ou cais de faz de conta é a melhor maneira de você ficar senhor da
manobra.

MÁQUINAS DE SUSPENDER OU PARA AUXILIAR NAS ATRACAÇÕES

NOTA: 1) Preste atenção ao usar as máquinas acima para que não venham os elos da
correntes se enroscar na COROA DE BARBOTIM. 2) Ao escolher seu guincho (cabrestante ou
molinete) certifique-se de que o mesmo sirva tanto para amarra de cabo quanto de corrente. 3)
Lembrando sempre que o sistema manual deverá funcionar em uma emergência.

Mostraremos a seguir, algumas variações para chegar a uma bóia ou cais:

Ao prendermos o barco ao cais devemos fazer o uso correto dos seus cabos de
amarração (chamados de espias para navios e de bocas nas embarcações de pequeno porte).
Para veleiros ou lanchas devemos providenciar que:
a) Os cunhos tenham espaço suficiente para passarmos os cabos e darmos as voltas
necessárias.
b) Ver por onde vamos passá-los. Sempre por baixo do guarda mancebo, sem pegar
em antenas ou qualquer outra peça do barco.
c) Termos buzinas de acordo para a passagem dos cabos.

BUZINAS

Antes de continuarmos no assunto vamos mostrar uma amarração ao cais com os


nomes dados aos seus cabos:
De modo geral chamamos de espias os cabos usados na atracação de navios.
1) Lançante de proa (ou vante)
2) Espringue de proa (ou de vante)
3) Través
4) Espringue de popa (ou de ré)
5) Lançante de popa (ou de ré)
6) Defensas

Ao prender o barco ao cais não esqueça da variação da maré. O gráfico a seguir mostra
bem o que ocorre se colocarmos as espias muito próximas ao barco.
Sob condições normais uma atracação é coisa bem simples se lembrarmos de que um
barco gira sobre um ponto, de que precisamos de espaço para manobra não só para a frente e
para trás, como também para os lados, de que vento e corrente estão presentes e de que
poderão ajudá-lo se bem usados ou atrapalhá-lo se não levados em conta.
Devemos, sempre que possível, atracarmos a sotavento do cais e contra vento e
corrente.
Daremos a seguir alguns esquemas de atracação e desatracação com variações e
casos em que tenhamos que atracar a barlavento ou a favor de vento e corrente:
vento ou corrente
a) Ao chegar a favor do vento ou da corrente manobre e ponha a proa contra os
mesmos, jogue um lançante de proa e deixe a popa ir encostando.
b) Se chegar contra o vento ou corrente vá paralelo ao cais. Aproxime um pouco mais a
proa e passe o lançante de proa. A popa irá encostar com a ajuda do vento ou de corrente.
vento ou corrente
c) Ao atracarmos com vento ou corrente perpendicular ao cais e a barlavento do
mesmo, devemos chegar paralelo ao cais, pararmos e deixarmos que o vento ou a corrente
nos levem até o cais. Provavelmente a proa irá encostar antes.
d) Com vento ou corrente perpendiculares ao cais, se atracarmos a sotavento,
encostamos a proa e com o espringue de vante passado damos máquinas adiante devagar e
pomos leme a BB para girar a popa até encostá-la.
e) Ao deixarmos um cais devemos, se possível, dar adiante com leme a meio e à
proporção que o barco for pegando velocidade, irmos usando o leme para nos afastar do
mesmo. Na fig. ao lado se colocarmos o leme todo a BB e máquinas adiante com toda força
vamos jogar a popa para o cais com bastante força o que poderá ser perigoso.
f) Quando, porém, tivermos um barco, na proa e outro na popa (ou seja, se estivermos
numa gaveta) devemos largar todas as espias menos o espringue de vante, com leme todo
carregado para o cais damos máquinas adiante devagar. Quando a popa estiver livre damos a
ré com o leme a meio, soltamos o espringue de vante e quando completamente livres vamos
para frente.

Mostramos a seguir algumas situações em que devemos atrancar a barlavento de um


cais ou em locais em que haja bastante correnteza ou pouco espaço que terá que ser
aproveitado por um maior número de barcos:

1) Solte a âncora corrente acima e então caia a ré até chegar ao cais.


2) Corrente ou vento.
3) Situação de barco a barlavento.
4) Posição com corrente pelo través.
5) Boças de popa cruzadas.
6) Situação de barco a sotavento.

ATENÇÃO: Um cuidado que deve estar sempre presente quando: atracando, pegando
uma bóia, rebocando ou fundeando, é o de evitar que um cabo se enrole no hélice.
ÂNCORA FLUTUANTE

DROGUE — ÂNCORA DE TEMPORAL- ÂNCORA DE MAU TEMPO OU ÂNCORA DE


MAR GROSSO.

Serve para manter a proa no vento ou correr com o tempo, durante temporais.
Existem vários tipos de âncoras flutuantes, além das improvisadas.

Mostraremos algumas delas a seguir:

O coeficiente de arrasto (CA) de cada uma delas é mostrado para se ter uma ideia de
quando cada uma pode segurar um barco. O (CA) é a medida de resistência à água por
unidade de área da âncora. Pelo (CA) a mais eficiente seria a com formato de cortina, porém,
por causa de sua pouca praticidade para ser usada ou armazenada à bordo, não é muito
usada. A ancora mais usada é a "Biruta”.
Podem ser usadas:

— na proa, para mantê-la no vento ou nas ondas, quando o motor ou as velas não
estiverem fazendo o barco andar.
— na popa ao correr com o tempo ou, ao entrar numa barra em que o barco venha
pegando jacarés, para ajudar na manobra.
- ao ser rebocado, para evitar que o barco rebocado venha a emparelhar com o
rebocador se pegar uma onda de popa.
— pescando em um costão que tenha uma boa corrente e que o pescador queira ir
devagar ao sabor da corrente.

Pode-se improvisar um "Drogue" com:

- Balde furado.
- Dobrando um cabo várias vezes e prendendo pelas duas pontas fazendo um “U” com
o mesmo.
- rebocando um caíque, etc.

Mostraremos a seguir o uso correto de um drogue feito com um para quedas:

O cabo de nylon deve ser de preferência torcido com 3 pernas e não muito pesado para
que o drogue fique o mais na superfície possível.
Nos cunhos e buzinas devemos proteger os cabos com lonas, borrachas, etc., para
evitar o atrito.
A bóia usada no drogue de paraquedas é também recomendada nas birutas ou nos
baldes.

BÓIAS E POITAS
Quando se usa sempre um mesmo local para guardar o barco (clube, marina em frente
à casa de praia, etc.) nós pegamos uma bóia.
A maioria dos clubes têm bóias para serem usadas por seus sócios, ou, o próprio sócio
prepara a sua poita.

A poita consiste de um peso que pode ser:


a) Uma peça fundida bem pesada.
b) Um bloco de concreto feito em um tambor deixando uma alça para fora.
c) Uma âncora tipo cogumelo. Verifique sempre o estado da corrente, das manilhas e
dos destorcedores.
As manilhas devem ter seu pino travado por arame.
A figura a seguir mostra o conjunto "poita bóia” mais usual:
Normalmente usa-se o conjunto poita-corrente-cabo nas seguintes proporções:

Corrente grossa: 2,5 x H.

Cabos para prender no cunho: 5 a 6 vezes (borda livre).

Cabo fino: 1 x H (para ligar o conjunto à boia de arinque).

Sendo Ha profundidade máxima do local, considerando-se as maiores preamares de


sizígias.
Ao escolher uma amarração permanente para o seu barco, os seguintes fatores devem
ser levados em conta, tamanho do elo da corrente, diâmetro dos cabos, o comprimento e o tipo
de barco.
Exemplo: Um veleiro de 22 pés com borda livre baixa e, portanto, oferecendo pouca
resistência ao vento, poderá usar um peso de 100 Kg; enquanto que uma lancha com os
mesmos 22 pés, com borda livre alta, cabine oferecendo muita resistência ao vento vai precisar
de 300 Kg na poita. Lembrem-se sempre da ação do vento e das correntezas sobre o seu
barco e, consequentemente, sobre a poita.
Ao escolher o local e o conjunto "poita + correntes + cabo + boia” procure conversar
com os que já conhecem o local com suas problemáticas e em que condições ele fica, nem que
seja uma vez por ano, caso sopre vento desta ou daquela direção. A poita que segura o seu
barco durante o ano todo, naquela única semana que soprou um vento diferente, deixou que o
barco fosse para as pedras ou encalhasse na praia.

GLOSSÁRIO
AMARRA — Quantidade de cabo para fundear que temos a bordo.
À MATROCA — Diz-se que uma embarcação está à matroca quando ela está sem
propulsão e sem manobrabilidade sendo arrastada por ventos, correntes ou mares.
ANCORA OU FERRO — Serve para fundear (ancorar) embarcações.
ANCORA A OLHO — Quando aparece o anete fora d'água.
ÂNCORA PELOS CABELOS — Quando a cruz da âncora acaba de aparecer fora
d'água.
ANCORADOURO — Lugar próprio para fundear (ancorar).
ANCOROTE — Pequena âncora usada em barcos menores ou manobras auxiliares.
ANETE — Argola ou manilha que vai no fim da haste da âncora.
APARELHO — Compreende o mastro, as velas e todos os cabos necessários para as
suas manobras.
APARELHO DE LABORAR — Cabos usados nas manobras das embarcações.
ARRIBAR — Nos barcos a vela significa afastar a proa do vento. Em navios é afastar-se
de sua rota para entrar em um porto que não estava na escala.
ARINQUE (BÓIA DE) - Que marca qualquer coisa submersa (como uma poita por
exemplo ou lugar aonde o ferro unhou).
BOÇA — Cabo usado para amarração das embarcações de pequeno porte.
BRAÇO — Partes da âncora que se estendem para cada lado da cruz.
BÚSSOLA (AGULHA MAGNÉTICA) – Equipamento de navegação que serve para
manter o rumo.
BUZINA — Peça de forma elítica, fixada na borda para servir de guia aos cabos da
amarração. Pode ser aberta ou fechada. Quando possui roldanas leva o nome de tamanca.
CABRESTANTE OU MOLINETE — Máquina de suspender ou usada nas atracações.
CANA DE LEME — Serve para acionar o leme. CARLINGA — Parte sobreposta à
quilha aonde se aloja o pé do mastro.
CARTA — Representação no papel, das áreas de águas navegáveis, em nosso globo.
CEPO— Barra perpendicular à haste, evita que a âncora deite-se por completo no
fundo, antes de unhar.
CROQUE — Haste com um gancho, que serve para auxiliar nas manobras de
atracação e de pegar bóia.
CRUZ - Parte do ferro onde a haste divide-se em duas partes formando as braços, ou
ainda, ponto onde os braços unem-se a haste.
DERIVAR — Derrapar, andar para o lado.
DROGUE OU ÂNCORA FLUTUANTE — Freio aerodinâmico feito de Tona ou plástico,
ajuda a manobrar em condições de mau tempo.
ESCALER — Pequeno barco para serviços de emergências. ESPIA — Cabos de bitola
grossa, usado na atracação dos navios.
FATEIXA - Ancorote, sem corpo, com 4 braços dotados de patas e unhas.
FILAME — É o comprimento da amarra que está sendo usada em determinado
momento. Vai da proa até o ferro e deve ser de 5 a 7 vezes å profundidade do local.
GARATEIA — Mesmo que fateixa, mas sem patas. Serve para “rocegar" objetos que se
perdem no fundo do mar.
GARRAR— Quando a âncora não está presa ao fundo do mar e portanto não
segurando o barco, sendo arrastada pelo mesmo.
GATO DE ESCAPE - Gato no qual o bico rebate e pode soltar rapidamente um cabo ao
final da manobra de reboque ou em uma emergência.
GOVERNADURAS - Peça semelhante à dobradiças que servem para prender o leme
ao cadaste.
GUALDROPES - Cabos ou correntes que acionados pela roda de leme movimentam a
porta do mesmo.
GURUPES — Mastro que dispara da proa quase horizontalmente.
HASTE — Parte comprida e central da âncora entre a cruz e anete.
LEME — Aparelho de comando e governo do barco.
MADRE DO LEME — Peça do leme aonde se fixam as governaduras e a "porta”.
MALAGUETA — Espécie de cabo de lima que serve para prender cabos.
MANILHA — Peças metálicas em forma de “U” com um pino para fechar. Serve para
fixar cabos, estais, brandais, escotas, etc., entre si ou a partes fixas do bordo. (ex.: Talingar a
amarra ao anete do ferro.)
MILHA NÁUTICA — Medida de comprimento no mar, equivalente a 1.852 metros, que é
o arco de 1 minuto medido em um meridiano. (A medida da velocidade é o Nó que vem a ser 1
milha por hora.)
MESA DE MALAGUETAS – Local aonde ficam colocadas as malaguetas.
PALMA — Parte inferior recurvada dos braços onde estes se juntam à haste.
PASSADIÇO — Ponto de comando dos navios.
PATAS — Peças com forma de escudo fixadas nas extremidades dos braços das
âncoras.
POITA— Bloco de cimento ou outro peso qualquer usados nos fundeios permanentes.
PORTA DO LEME OU SAFRÃO - Peças de forma mais ou menos elítica que é
responsável pelas manobras do barco.
TORNEL OU DISTORCEDOR — Peça dupla constituída de 2 olhais, ou 1 olhal e 1 gato
intimamente ligados, mas com movimentos de rotação independente.
TIMÃO OU RODA DE LEME — Roda que aciona o leme. UNHA — Vértice superior das
patas. UNHAR — Quando a âncora se fixa bem ao fundo do mar.

PERGUNTAS SOBRE MARINHARIA

01) Com corrente de proa minha desatracação se processa:


a) folgando primeiro os cabos de vante e mantendo os de ré apertados
b) folgando primeiro os cabos de ré e mantendo os de vante apertados
c) folgando todos os cabos e largando a embarcação ao efeito da corrente
d) espera-se o efeito da corrente cessar, para iniciar a manobra de desatracação

02) Uma embarcação com um hélice, com rotação direita, com leme a bombordo, com
seguimento e hélice em marcha avante, a proa guinará para:
a) bombordo
b) boreste
c) bombordo rapidamente
d) boreste rapidamente

03) Uma embarcação no visual da minha, para existir, com certeza, o risco de colisão,
deverá apresentar a seguinte situação"
a) marcação variando e distância aumentando
b) marcação variando e distância diminuindo
c) marcação constante e distância diminuindo
d) marcação constante e distância aumentando

04) Quando duas embarcações navegam num canal estreito, em rumos opostos,
aproximando-se:
a) a embarcação que navega subindo o canal, deve manobrar para boreste e a outra
manter o rumo
b) a embarcação que navega descendo o canal, deve manobrar para boreste e a
outra manter o rumo
c) ambas devem tomar a margem a seu boreste
d) ambas devem manter-se boreste com boreste

05) É um fator que não altera as condições de manobra da embarcação:


a) tipo de leme
b) condições do vento
c) temperatura da água
d) número de propulsores

06) Uma embarcação com um hélice, com rotação direita, leme a bombordo, com
seguimento e hélice em marcha a ré, a proa guinará para:
a) bombordo
b) boreste
c) boreste rapidamente
d) bombordo lentamente

07) Espia serve para amarrar a embarcação, saindo perpendicularmente ao cais:


a) lançante de proa
b) espringue de popa
c) través
d) retinida

08) Suspender, em manobra é:


a) sair com a embarcação do local de fundeio, recolhendo a âncora
b) levantar um peso a bordo
c) sair com a embarcação do cais
d) desamarrar a embarcação de uma bóia

09) As âncoras são, peças metálicas, capazes de:


a) prender no fundo, para permitir que a embarcação garre
b) fundear nos fundeadores de boa tença
c) prender no fundo, para permitir que a embarcação se mantenha fundeada, ou seja,
sem deslocar da posição
d) fundear nos fundeadores com vento forte ou correnteza, para evitar que a
embarcação garre

10) Com relação ao hélice, podemos dizer que é uma:


a) estrutura metálica, que possui pás e serve para movimentar a embarcação através
de seu próprio eixo acoplado através de um eixo longitudinal a um motor
b) estrutura metálica, que possui pás e serve para impulsionar a embarcação, através
de seu eixo longitudinal
c) estrutura metálica, que possui pás laterais, que formam uma cavitação longitudinal,
que impulsiona o leme para movimentar a embarcação
d) estrutura metálica, capaz de girar no seu eixo, movimentar a embarcação no sentido
dos bordos, para atracá-la ou desatracá-la

11) Havendo corrente no local, que se vai atracar uma lancha, devemos aproveitar em
efeito e:
a) atracar a favor da corrente, para aproveitar seu efeito de encostar a embarcação ao
cais
b) atracar com um cabo dizendo para vante e outro dizendo para ré
c) atracar contra a corrente, passando-se um cabo, dizendo para vante e outro dizendo
para ré
d) esperar a corrente cessar, para evitar seu efeito, que é prejudicial a manobra de
atracação

12) Para desatracar a embarcação devemos:


a) largar os cabos de vante e abrir a proa dando máquina adiante, para folgar os cabos
de ré
b) largar os cabos de ré, procurando manobrar para abrir a popa e com o motor
dando trás, aproveitar o efeito do leme para afastar a popa e então os cabos de vante
c) largar os cabos de ré, procurando utilizar os cabos de vante para abrir a popa com
máquina adiante toda a força
d) largar todos os cabos e dar máquina adiante toda força, para sair rapidamente do
cais

13) Uma embarcação com hélice, com rotação direita, com leme a meio, partindo do
nepouso e hélice em marcha avante, a proa guinara para:
a) bombordo lentamente
b) boreste rapidamente
c) boreste muito lentamente
d) boreste lentamente

14) Qual a regra simples para se determinar a quantidade de amarra se largar num
fundeio normal?
a) no mínimo 2 vezes a profundidade local
b) no mínimo 1.5 vezes a profundidade local
c) no mínimo 3 vezes a profundidade local
d) no mínimo 6 vezes a profundidade local

15) Uma embarcação com uma hélice, com rotação direita, com leme a bombordo,
partindo do repouso e hélice em marcha a ré, a proa guinará para:
a) bombordo
b) boreste muito lentamente
c) boreste rapidamente
d) bombordo rapidamente

16) Uma embarcação com hélice, com rotação direita, com leme a boreste, partindo de
repouso e hélice em marcha a ré, a proa guinará para:
a) bombordo lentamente
b) boreste rapidamente
c) boreste muito lentamente
d) boreste lentamente

17) Quando uma embarcação de dois hélices, um deles dá atrás e outro adiante, com a
mesma rotação, essa embarcação:
a) tende a seguir em linha reta para vante
b) tende a girar a proa para o mesmo bordo do hélice que dá atrás
c) tende a girar a proa para o bordo contrário ao do hélice que da atrás
d) tende a girar a proa para o mesmo bordo do hélice que dá adiante

18) Uma embarcação com um hélice, com rotação direita, com leme a bombordo,
partindo de repouso e hélice em marcha avante, a proa guinará para:
a) bombordo rapidamente
b) boreste rapidamente
c) boreste muito lentamente
d) boreste lentamente

19) Com relação ao leme, podemos dizer que é uma:


a) estrutura metálica ou de madeira, que tem por finalidade dar direção a embarcação e
mantê-la no rumo determinado
b) estrutura localizada na popa dá embarcação, que serve para guiná-la com a ação
dos motores
c) estrutura metálica ou de madeira, que possui cana de leme e serve para impulsionar
a embarcação, numa direção determinada
d) estrutura geralmente de ferro, que possui alhetas que direcionam a embarcação, num
rumo determinado

20) Devemos evitar fundear em área:


a) com pouca profundidade
b) com fundo de lama
c) com possibilidade de ventos e correntes
d) onde o espaço de giro da embarcação seja limitado

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