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NAVEGUE TRANQUILO

CAPÍTULO 8 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DE NAVEGAÇÃO COORDENADAS


GEOGRAFICAS

Embora o nosso Globo devesse ser considerado um esferoide cujo diâmetro entre os
Polos é de 6.865 milhas náuticas e no equador 6.888 milhas náuticas, para efeito de
navegação, foi
decidido que ele seria uma esfera perfeita.
Imagine esta esfera sendo cortada por planos imaginários que, passando pelos polos
NORTE e SUL cortariam a mesma em duas metades, sendo que os círculos máximos
formados foram denominados de Meridianos. O número de vezes que poderíamos fazer isto
seria infinito. O arco na superfície ou, o Angulo entre um Meridiano e outro ficou conhecido
como:
LONGITUDE = LONG = λ
Foi então preciso considerar, para início de contagem, um dos Meridianos como o
Meridiano 0°.O escolhido foi aquele que passava pelo Real Observatório de GREENWICH nos
arredores de Londres. Daí que, para LESTE ou para OESTE de Greenwich teríamos Longitude
de 000o até 180°, para "E" ou "W". O círculo máximo, perpendicular aos meridianos, que
dividisse o Globo em duas metades iguais foi batizado de Equador.
Círculos paralelos ao Equador, para o NORTE ou para o Sul, cada vez menores, quanto
mais se afastavam do Equador, foram batizados de PARALELOS e, os ângulos ou arcos na
superfície, entre o Equador e o PARALELO do local para o “N” ou “S” foram batizados de:

LATITUDE LAT = φ

CARTA NÁUTICA

Sua preocupação é de apresentar informações a respeito das áreas navegáveis dando


informações sobre as linhas da Costa, Portos, Canais, Perigos, Correntes, Profundidades, Ilhas
e auxílios a navegação, bem como de rios e lagos navegáveis.
As cartas usadas por nos, são com projeção de Mercator e apresentam se nas escalas
abaixo:
Gerais escala menor que 1:3.000.000
Grandes Trechos - escala 1:3.000.000 a 1:1.500.000
Médios Trechos - escala 1:1500.000 a 1:500.000
Pequenos Trechos - escala 1:500.000 a 1:150.000
Particulares - escalas maior 1:150.000

(I) Quando falamos que uma carta está na escala de 1:2000, significa que o objeto
representado na carta é 2000 vezes menor do que o real;
(II) As cartas particulares são aquelas que apresentam extensões relativa mente
pequenas;
(III) Nas cartas de aproximação e planos de portos os pontos notáveis que auxiliam na
navegação são vistos com maiores detalhes.
No catálogo das cartas náuticas publicado pela DHN (Diretoria de Hidrografia e
Navegação) nós encontramos todas as cartas de nossa Costa.
Da número 1 (que dá, sem detalhes, toda a costa brasileira) até aos planos, que
aparecem, em algumas cartas, detalhando, o mais viável possível alguma entrada de barra,
ilha e seus arredores, etc.
Informações encontradas nas cartas náuticas editadas pela Diretoria de Hidrografia e
Navegação.
1) Número pelos quais são identificadas;
2) Titulo da carta;
3) Autoridade que efetuou levantamentos;
4) Nível de redução, profundidades que são os números em preto espalhados na parte
branca das cartas;
5) Altitudes;
6) Escala de Projeção;
7) Informações sobre marés;
8) Rosa dos ventos;
9) Declinação magnética;
10) Qualidade do fundo (tença), que são as letras espalhadas na parte branca das
cartas;
12) Linhas ao longo das quais as profundidades são iguais (Isóbatas ou
Isobatimétricas);
13) Precauções;
14) Correções das cartas;
15) Símbolos que aparecem nas cartas náuticas para indicar: pedras, bóias,
fundeadoros, cercados de peixe, etc. (Para identificá-los consultar a carta 12000 que é a dos
Símbolos, Abreviaturas e Termos usados tanto nas Cartas Náuticas Nacionais quanto nas
Internacionais);
16) Paralelos (Linhas Horizontais, paralelas ao Equador que atravessam as cartas no
sentido “E” e “W”, sendo paralelas as escalas das LONGITUDES;
17) Meridianos (Linhas Verticais que atravessam as cartas no sentido “N” e “S”, sendo
paralelos as escalas das LATITUDES;
18) Faróis, informações a respeito dos mesmos e suas características luminosas (os
detalhes destas características são obtidos na lista de faróis da DHN). Ver páginas. 24, 25 e
34, 35.
COMO SURGIU A MILHA (M)

Se passarmos um plano pelos polos Norte e Sul dividiremos o globo em duas metades
e, a circunferência de cada metade será chamada de um círculo máximo que é também
chamado de Meridiano. O perímetro de um círculo máximo é de 40.000 Km, uma circunferência
tem 360°. Se quisermos saber a medida do arco de 1°(um grau), neste círculo máximo teremos
que dividir 40.000 Km por 360°:
40.000/360 = 111 Kms = Arco de 1°
Um (1°) grau tem sessenta (60) minutos. Se quisermos saber o arco de 1' (um minuto)
neste círculo máximo vamos dividir 111 Km por 60 minutos.
111/60 = 1,852 Km=1m (Milha Náutica) = Arco de 1'(um minuto) num Meridiano
Nota: Os Meridianos são representados nas cartas náuticas pelas escalas verticais
(Latitudes) e é só neles que podemos medir distâncias em uma carta náutica. As escalas
horizontais (Longitudes) não são círculos máximos (a não ser o Equador) e portanto não tem
40.000 Km.
A Milha Náutica ou Milha Marítima, corresponde na Carta Náutica a um (1) minuto de
Latitude.
A Milha Náutica é uma medida de distância: de "A" até “B” são X milhas, ou XM ou X'.
O Nó é a medida de velocidade (milhas por hora) e podemos dizer: meu barco tem a
velocidade de X nós ou X'.
É mais comum na Marinha usar; de A até B a distância é de 15' (quinze M) e a
velocidade da embarcação é de 10' (dez Nós).

FERRAMENTAS

As ferramentas de trabalho para este nosso curso serão:


- Carta Náutica (Mapa): Para plotar (marcar) nossas posições e traçar nosso Rumo
(direção);
– Régua Paralela: Para transportar sobre a carta, coordenadas, Rumos ou Marcações;
- Régua Roll Graff: Terá a mesma função que a régua paralela;
— Dois Esquadros: Um de 45° - 45o e outro de 30° 60°, também para ser usado
como régua;
-Compasso: Duas pontas secas e outra seca/ grafite. Para medir distâncias, traçar
arcos;
– Transferidor: De preferencia um de 360o para medir ângulos;
- Lápis, borracha e bastante papel de rascunho: Mostraremos nas páginas seguintes, o
uso de algumas dessas ferramentas.

Nota: A Carta I aqui apresentada é muito pequena. Para poder visualizar melhor os
pontos explicados, adquira uma Carta 81A de Edições Náuticas
A - Latitudes (LAT=) em graus, minutos e décimos de minuto;
B - Longitudes (LONG=) em graus, minutos e décimos de minutos;
C - Profundidades e tença (qualidade do fundo);
D - Farol com suas características;
E - Setor de visibilidade; (ver notas)
F - Precauções; G-Cartas mais detalhadas da área;
H - Canal;
I - Rosa dos ventos com declinação Magnética;
J - Ilha com suas altitudes

Notas:
1°) Para obtermos o real setor de visibilidade de um Farol, temos que ver nas
características do mesmo, qual o seu alcance. Medindo na escala das Latitudes o alcance e
colocando uma ponta do compasso no centro da estrela do Farol, traçamos uma arco.
Prolongando as linhas pontilhadas que saem da estrela, teremos, área dentro da qual o Farol é
visível;
2.°) Em nossas aulas usaremos pequenos trechos das cartas originais (sem reduzir a
sua escala). A área usada para os exercícios, vai de Angra até Santos. Vamos colocar códigos
nossos para caracterizar o trecho à ser usa do em um determinado problema.
3.°) Notar que a Linha NS da Rosa dos Ventos é paralela aos Meridianos e, a Linha EW
aos Paralelos

RÉGUA PARALELA

Achar as coordenadas (LATITUDE e LONGITUDE) de um ponto notável, do centro da


Ilha do Montão de Trigo.
- Colocamos a régua no paralelo mais próximo; — Levamos a régua até ao ponto
indicado;
- Lemos na escala das latitudes que estiver mais a mão o valor da Lat.;
- Como a Lat. cresce de cima para baixo e, na carta que está sendo usada só temos 24°
(Vinte e quatro graus), os 23o estão numa carta mais acima;
- Assim vamos ler: 23°51',7 (7/10 de minuto); - Como estamos ao sul do EQUADOR:
Latitude = 23° 51', 7S; - Se desejássemos representar os segundos)
- Para acharmos a longitude colocamos a régua no meridiano mais próximo;
- Levamos a régua ao ponto indicado;
- Lemos na escala das longitudes que estiver mais a mão;
- Como a Long. cresce da direita para a esquerda e na carta usada só temos 46°, o
grau anterior "450" esta na carta mais para ESTE,
– então vamos ler 045° 46', 8;
- Como estamos a W de Greenwich
- Longitude =045° 46', 8 W;
- Se fossemos representar os segundos: multiplicaríamos: 8 x 6" = 48" Long.
=045946,8W= 045°4648" W

Nota: Representamos a LAT. com dois dígitos, 23°, porque Lat. só vai até 90°, e
LONG. com três dígitos, 045°, porque Long. vai até 180°.

Na representação dos valores a seguir devemos usar o número certo de algarismos


Horas e minutos - 4 algarismos - ex.: 03:42 hs /00:08 hs
Marcações - 3 algarismos - ex.: MpBE=017°/My=315 /Mag=008°
Rumos - 3 algarismos - ex.: Ry=030% Rag=1757Rmg=060°
Velocidades - 3 algarismos - ex.: 13,5 nós/04,3 nós /10,2 nós
Hodômetro - 5 algarismos - ex.: 0134,2/0065,7
Distâncias - 3 algarismos - ex.: 12,8 M/21,3 M :
COMPASSO

Colocamos um compasso aberto do paralelo mais próximo ao ponto que queremos


saber a latitude;
- Levamos o mesmo, aberto para a escala das Latitudes e lemos os valores da mesma,
como nos casos anteriores;
- Colocamos agora o compasso aberto no meridiano mais próximo ao ponto;
- Levamos para a escala das Longitudes e lemos, como nos casos anteriores, os
valores da mesma.
- Para medir distâncias usamos o compasso; - Colocamos uma ponta no ponto “A’ e a
outra no ponto “B”;
- Levamos o compasso aberto para a escala das Latitudes e lemos quantos minutos
temos de “A” para “B”;
- Como cada minuto (Independente da escala) corresponde à uma (1) milha náutica é
só ler;
- A distância do Farol da Ilha da Moela para o Pico mais alto da Ilha do montão de Trigo
é de 28,5 M.

RUMO VERDADEIRO

Rumo Verdadeiro (Rv): É o ângulo entre o ‘Norte Verdadeiro (Nv)" e a "Linha do Rumo
(Lr)”, e é medido na Rosa dos Ventos de 000° a 360° no sentido dos ponteiros do relógio e,
deve ser sempre representado por 3 dígitos: Rv=030", Rv=105°, Rv=330°.

Linha de Rumo (LR): É a linha de proa a popa da embarcação.


Para ajuda-lo a entender melhor vamos fazer de conta que numa sala qualquer V. ao se
colocar no centro da mesma e imaginando que no chão tem um transferidor de 000° à 360°
V.considere uma das paredes da sala como Norte (N) ligando o ponto central com qualquer
ponto ao redor; a linha obtida será o seu rumo;
A direção para a janela da direita é de 090°, Ângulo entre o Norte (sofá) e a linha que
vai até ao centro da janela.
a - Qual a direção para o centro da porta?
b- Qual a direção para o centro da janela da esquerda?

Resposta
a) = +140°
b) = 270o

COMO LER OS RUMOS

Uma embarcação saiu de um ponto “A” com um rumo de 115°.

Colocar a régua no centro da rosa e no 1150. Transportar até o ponto "A".


LEVANDO A RÉGUA

Qual o rumo de "A" para "B"?


NOTA: Leio em “X” e não em “Y”. Imaginando que, no caso, “A” esta no Centro da Rosa
só poderei ler em “X” se lêssemos em "Y" estaríamos lendo o Rumo de “B” para “A”.
MARCAÇÃO VERDADEIRA (Mv): É o ângulo entre o "Norte Ver dadeiro" e a "Linha de
Visada (Lv)”, e é medida na Rosa dos Ventos a 360° no sentido dos ponteiros do relógio e deve
ser sempre representada por 3 dígitos:
Linha de Visada (Lv): é a linha que, unindo o nosso olho a um ponto notável (uma ilha,
um Farol, uma chaminé, uma Torre, etc.), nos permite obter uma marcação dos mesmos. Ela
também pode ser chamada de uma Linha de posição.
As Marcações de você para os pontos visados ou dos pontos visados para você.
Para nos localizarmos em determinado instante, em relação à pontos notáveis da costa,
poderíamos proceder como segue:
Por duas marcações, sendo marcação uma linha que liga o nos so olho ao ponto em
questão, formando um ângulo com linha N/ S verdadeiros.
Pelo que vemos ao lado nos poderíamos estar em um número infinito de lugares, com
ângulos iguais entre o Nv e a linha que partia do nosso olho para o farol.
Agora, só no Ponto “A” nos temos simultaneamente o Angulo Farol "X" e o ângulo
chaminé "Y".
Daí podermos achar, localizar na carta (PLOTAR O PONTO "A") Para localizarmos
(plotarmos) um ponto na Carta só podemos faze-lo:

NOTA: ou qualquer outra combinação dos elementos acima.

NOTA: Com Latitude. e Longitude, poderão aparecer problemas de exercícios ou de


provas com este dado. Na pratica porem, hoje em dia, com o uso do GPS, podemos achar
rapidamente as coordenadas do ponto que estamos.
Linha de posição – é aquela sobre a qual encontra-se a embarcação;
Alinhamento - é quando dois pontos notáveis da costa são marcados numa linha de
posição;
Enfiamento - quando a nossa embarcação está na linha de posição de um alinhamento
(ENFIADA);
Círculo de igual distância — quando a distância para um ponto notável é conhecida (por
radar, ângulo com sextante, etc.), a embarcação está em algum ponto da circunferência
formada pelo “ponto” no centro e com raio da distância conhecida;
Marcações simultâneas — quando fazemos, num mesmo instante, marcações de dois
pontos distintos. — ângulo entre duas marcações simultâneas deve ser superior a 60°, o ideal
seria 90°;
Marcações sucessivas — quando só temos um ponto notável voltamos a marca-lo de
novo algum tempo após a 1° marcação e mantendo-se o mesmo rumo;
Transporte de uma reta de posição — Para transportar uma reta de posição precisamos
da distância, do rumo, da direção e da hora.
DECLINAÇÃO MAGNÉTICA

Declinação Magnética (Dec. Mag.) ou (Dmg): É o ângulo entre o Norte Verdadeiro (Nv)
e o norte Magnético (Nmg) para Este ou para Oeste, variando conforme o local, e também de
ano para ano, conforme vem marcando na Rosa dos Ventos das cartas náuticas.
Para utilizarmos a Declinação Magnética (Dec Mag. ou Dmg) que está no centro da
Rosa dos Ventos, é preciso atualiza-la para o ano que estivermos usando a carta. Ver
Explicações a seguir:
Devido ao movimento do eixo Norte/Sul Magnético o valor da Dmg, vai variando
anualmente. Olhando para a rosa (fig.) seguinte veremos que o valor da Dmg apresentado era
para 1980.
Se o problema dado fosse para o ano de 1980, no exercício utilizaríamos Dmg=18°,
para 1990 faríamos o calculo seguinte.
1990/1980 = 10 x 8 = 80'
18°25' + 80' = 18° 105 - 60 = 19°45.

No exercício usaríamos 20° W


NOTA: Os minutos sendo mais do que trinta arredondamos para 20° no caso de 1980,
18°25' arredondaríamos para 18o porque 25' esta abaixo de 30'.

Se para 1993
1993/1980 = 13 x 8 = 104

(Dmg de 1980) 1980


18° 25' + 104 = 18° 129 - 120'(2 x 60) = 20°09’
Dmg a ser usada = 20° W

Na carta da página anterior, temos:

1) A 1. do Montão de Trigo está mais ao Norte do que a I. de Alcatrazes.


2) O Farol da Ponta da Sela esta mais a Este do que a l. do Montão de Trigo.
3) Para Navegar do Farol de Alcatrazes para o fte. da Pedra do Corvo o Rv é mais ou
menos Noroeste (NW).
4) As coordenadas geográficas do Farol da Lj. de Santos são:

a) 25°21'5N-047°19'5 E
b) 24°19',5 S-046° 11' W
c)24°21'S-046°12' W
d) 23°19'5 S-046° 13' W

5) O RUMO VERDADEIRO (Rv) do Farol da Moela, para o Farol de Alcatrazes


a)275
b) 0950
c) 1050
d) 270°
Ver nas paginas155 a157 como se lê um rumo.

6) Se eu fizer uma Marcação Verdadeira (Mv) de 320° do centro da I. do Montão e outra


de 065° do farol da Ponta da Sela obterei minha posição.
Qual a profundidade e qualidade (tença) do ponto obtido?

7) Qual a profundidade e tença de um Ponto obtido 5M ao Sul da I. Montão de


Trigo?

8) Ao Sul da Ponta da bota da Ponta da Enseada a profundidade é:


a) 17 decímetros e 7 décimos;
b) 17 milhas e 7 décimos;
c) 17 metros e 5 decímetros
d) N.D.A.

9) Ao Norte da Lj. de Santos temos dois alto-fundos de Pedra com as


profundidades de:
15 metros e 50cm e 29 metros. Que alto-fundo nos temos mais ou menos aos 120° da
Rosa dos Ventos, e quais os que ficam mais ou menos ao Sul da Lj. de Santos? 10) Qual o Rv
para saindo do Farol da Moela Passarmos a 10 Ma NE (Nordeste) do Farol de Alcatrazes.

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