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CURSO DE FORMAÇÃO
DE AQUAVIÁRIOS
MÓDULO ESPECIAL
Manual do aluno
1ª edição
Rio de Janeiro
2002
© 2002 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas
________ exemplares
MARINHARIA
PRIMEIROS SOCORROS
SOBREVIVÊNCIA DO NÁUFRAGO
2 Sobrevivência .....................................................................................................61
2.1 Procedimento de abandono da embarcação ......................................................... 61
2.2 Vestimenta para o abandono da embarcação ....................................................... 62
2.3 Distância da embarcação sinistrada ..................................................................... 63
2.4 Destroços como recurso para flutuação................................................................63
2.5 Ingestão de água salgada .....................................................................................64
1 Navegação ....................................................................................................... 87
1.1 Fundamentos básicos da navegação ............................................................... 87
1.2 Carta náutica .................................................................................................... 87
1.3 Rumo, proa e marcação ................................................................................... 89
1.4 Balizamento ...................................................................................................... 92
1.4.1 Apresentação dos sinais ................................................................................... 92
1.5 Regras de navegação em rios e canais ............................................................ 100
1.6 A importância da conservação da sinalização náutica ...................................... 102
NOÇÕES BÁSICAS DE ESTABILIDADE
COMBATE A INCÊNDIO
1.1 Embarcação
Embarcação é uma construção flutuante, feita de madeira e/ou ferro, que transporta
com segurança, sobre a água (salgada ou doce), pessoas e/ou carga.
1.2 Classificação
Qu a n t o a o m a t e r ia l
materiais compostos
d e c o n s tru ç ã o d o madeira a ço
(fibra de vidro, etc)
casco (*)
Qu a n t o a o s is t e m a mecânico
a vela a remo
de propulsão (**) (motor, turbina)
(*) algumas embarcações modernas são construídas de fibra de vidro ou novos materiais
compostos.
(**) existem embarcações que utilizam mais de um tipo de propulsão.
Veja na figura a seguir um pouco sobre as direções que se pode obter, estando a
bordo de uma embarcação.
LINHA D’ÁGUA
10
1.5 Componentes estruturais
Casco – é uma espécie de vaso que serve de base à embarcação. Em sua parte
inferior corre a quilha, que acompanha todo o casco, desde a proa até a popa, servindo-lhe
de peça principal de sustentação da sua estrutura. A quilha funciona no casco como a coluna
vertebral no corpo humano e o divide em dois bordos. Para a sustentação do chapeamento
do casco, saem as cavernas para um bordo e para outro, como se fossem as nossas
costelas, que partem da coluna vertebral. O conjunto de cavernas que dá forma ao casco é
chamado de cavername. Depois de formado o esqueleto do casco, este recebe o
chapeamento ou revestimento.
56 5,60 m
Calado é a distância vertical compreendida entre o fundo
da embarcaçào e a superfície da água onde flutua a embarcação.
As embarcações têm marcadas nos costados, a BE e a BB, as 54
escalas numéricas dos calados ou marcas de calado.
5,35 m
A graduação das escalas pode ser em decímetros, com 52
algarismos arábicos de 10 cm de altura (ou 5 cm em navios
pequenos), ou em pés, com algarismos romanos de 12 polegadas ESCALA DE CALADO
de altura (ou 6 polegadas em navios pequenos). Muitos navios
adotam a escala em decímetros e algarismos arábicos a boreste e a escala em pés e
algarismos romanos a bombordo.
Cada número indica sempre o calado que o navio tem quando a superfície da água
está tocando o seu limbo inferior; consequentemente, quando a água estiver no seu limbo
inferior acrescenta-se uma unidade ao calado. As frações são estimadas a olho.
11
MAR
Compartimentos – são as divisões internas de uma embarcação.
Um convés é corrido quando não sofre interrupção de proa a popa, sendo o mais
elevado chamado de convés principal. Há vários outros conveses superiores não corridos,
sobretudo nas embarcações de passageiros. Neste caso, passam a ser numerados (convés
01, 02, 03 e assim por diante) e se situam na superestrutura da embarcação.
Superestrutura
12
1.6 Sistemas de propulsão e governo
Hélice
Malaguetas
Leme – é o principal aparelho de
governo da embarcação e serve para dar a direção em que
ela navega.
13
MAR
1.7 Acessórios de convés
1.8 Aberturas
15
MAR
Portas – são aberturas que permitem a passagem de
pessoal de um compartimento para outro, no mesmo convés.
16
1.9 Mastreação e aparelhos de carga
Os mastros situam-se no convés e não podem ser protegidos com capas. Por esta
razão, este material sofre muito os efeitos da água salgada e das chuvas; daí a necessidade
de constante inspeção e lubrificação.
Turco de embarcação 17
Turco de carga
MAR
1.10 Manobras
Coroa
de
Barbotin
tambor
18
Molinete
Amarra – é uma corrente que leva a âncora (ferro) ao seu fundeadouro. A amarra
é dividida em secções denominadas quartéis. O conjunto de quartéis de uma amarra
forma uma quartelada, que varia em seu comprimento, de acordo com o tamanho do
navio.
Paiol da amarra – a figura abaixo mostra o paiol onde a amarra fica recolhida.
19
MAR
Âncoras ou ferros – são peças de peso do navio, destinadas a segurar a
embarcação prendendo-a ao fundo e evitando que seja arrastada pela força da correnteza
ou do vento. São utilizadas nas fainas de fundeio e suspender das embarcações.
Nas embarcações pequenas o fundeio é bem simples, uma vez que um peso
amarrado a um cabo ou corrente é suficiente para prender temporariamente a embaracação
no local desejado.
20
1.12 Aparelhos de laborar
Içar e arriar peso é uma das principais atividades dos que laboram (trabalham) em
embarcações. Aparelho de laborar é um sistema composto de poleames de laborar fixos
e móveis e de um cabo neles aparelhado. Poleame de laborar são peças de madeira ou
metal, de forma oval, dentro das quais trabalham roldanas com goivados que servem para
dar retornos aos cabos de laborar. Os tipos mais usados
de poleames de laborar são os moitões (uma só roldana)
e os cadernais (duas ou três roldanas).
21
teque
MAR
Na talha singela o esforço se reduz para 1/3 do peso, e assim segue-se até a
estralheira dobrada que reduz o peso em 1/6. Observe que sempre o tirador sai do
aparelho superior. Veja ainda que o gato possui tornel (distorcedor), para impedir que a
carga fique torcendo o aparelho e este se parta.
Talha dobrada – o processo é o mesmo, sendo que são utilizados dois cadernais
de dois gornes e duas roldanas.
Vegetal – quando desfiamos certos vegetais como o sisal, cânhamo, linho, algodão,
coco, juta e outros, torcemos as fibras, formamos os fios de carreta. Ao torcermos os fios
de carreta formamos os cordões e ao torcermos os cordões formamos os cabos.
De arame – a formação dos cabos de arame difere bastante da que se faz com
fibra vegetal, uma vez que compõe-se apenas de fios torcidos e isto não pode ser feito de
forma manual. Mesmo assim o cabo de arame, também chamado de cabo de aço, é o
mais resistente. Medimos o cabo de arame pelo seu diâmetro e em polegadas. Assim
dizemos “a bitola do cabo é de tantas polegadas”.
23
MAR
2.2 Cuidados no manuseio dos cabos
Os cabos precisam ser bem cuidados para não ressecarem, perderem a elasticidade
ou partirem-se. Após usado, se um cabo molhou na água salgada, este deve ser adoçado
(lavado com água doce) e depois colhido em local apropriado. Aduchar é enrolar ou colher
cabos para armazená-los ou pendurá-los em algum acessório a bordo. Os cabos podem
ser colhidos ou aduchados em forma de pandeiro, à inglesa ou em cobros. Vejam as
figuras que seguem.
24
2.3 Nós e voltas
2.3.1 Nós
25
MAR
Nó torto – parece-se com o nó direito, porém a
segunda volta é invertida, tornando-o desusado
por correr e quando aperta não se desfaz com
facilidade.
São dadas com o chicote do cabo ou com o seio de um cabo em torno de um objeto
qualquer. As voltas geralmente são bem mais fáceis de executar, sendo a sua segurança
total.
Veja que a meia volta com cote (volta singela em que uma das
partes do cabo morde a outra) é o princípio da volta da ribeira.
Botões – são voltas redondas dadas em torno de duas partes de um cabo a fim de
prendê-las de modo definitivo. Os botões se constituem em esbarros e união entre cabos
paralelos ou cruzados.
Falcaças – é o meio
correto e mais usado para
não permitir descochar o
chicote de um cabo. Falcaçar
é dar voltas redondas no
chicote de um cabo. A figura
ao lado apresenta uma das
maneiras de falcaçar o
chicote de um cabo.
29
MAR
Pinhas – constituem-se em entrelaçamentos de fios, cordões ou cabos, destinados
a esbarros nos chicotes de aparelhos de força ou de peso, ao transporte de uma espia
para cais, ou do cais para bordo e são muito usadas para a fixação em cabos de vai-e-
vem e corrimãos. As pinhas possuem diversos formatos.
Na figura abaixo, você pode observar os três passos que se dá até chegar ao final
da forração.
1) com cordões finos cobrem-se as cochas do cabo, em toda a sua extensão – isto é engaiar;
2) com tiras de lona, cobre-se toda a parte engaiada – esta é a operação de percintar; e
3) finalmente, com voltas redondas forra-se o cabo com merlim, ou outro cabo fino.
Após a realização destas operações para proteger um cabo, podemos ainda envolvê-
lo com lona ou couro e costurar. Esta quarta operação chama-se emangueirar.
30
1 Primeiros socorros
1.1 Introdução
Alguns deles são mais comuns de ocorrer a bordo do que em terra, tais como,
quedas por escorregões no convés, batidas com a cabeça, queimaduras em motores,
choques elétricos, insolação, enjôo, etc. Esses acidentes podem ter por conseqüências
fraturas, queimaduras, sangramentos, além da necessidade de transportar corretamente
o acidentado para outro local mais apropriado a bordo.
A bordo de uma embarcação, de um modo geral, você não contará com o auxílio de
outras pessoas quando tiver que prestar socorro a quem tenha se acidentado. Além disso,
os recursos existentes a bordo de uma embarcação são poucos em relação aos que
existem em terra ou em grandes navios.
34
O rosto do acidentado manifesta irregularidade pela cor azulada ou avemelhada e
umidade da pele, por meio de suores e palidez.
Verificar se a temperatura da vítima está muito alta em relação à sua própria tempe-
ratura corporal.
35
PSO
Desobstruir as vias aéreas
A respiração pode ser observada por meio dos movimentos do tórax e do abdômen
e por sons percebidos ao aproximar o seu ouvido do nariz da vítima.
36
A verificação da pulsação pode ser sentida por meio do tato. O ponto mais indicado
para sentir a pulsação é o pescoço ou carotídeo
37
PSO
1.5 O transporte seguro de um acidentado
38
• na presença de hemorragia abundante, a movimentação da vítima pode levar
rapidamente ao estado de choque;
• se houver parada respiratória, inicie imediatamente a respiração boca-a-boca e
faça massagem cardíaca (processo explicado na página 42);
• imobilize todos os pontos suspeitos de fratura;
• se houver suspeita de fraturas, amarre os pés do acidentado e o erga em posição
horizontal, como um só bloco, levando até à sua maca;
• no caso de uma pessoa inconsciente, mas sem evidência de fraturas, duas
pessoas bastam para o levantamento e o transporte; e
• lembre-se, sempre, de não fazer movimentos bruscos.
1.6 Enjôo
O enjôo ou mareio é o mais comum dos problemas quando uma embarcação se faz
ao mar, pois é a conseqüência do balanço do mar sobre o equilíbrio das pessoas a bordo.
39
PSO
2 Procedimentos em emergência
No caso de afogamento:
40
A intensidade da corrente aumenta enormemente se os pés estiverem molhados
ou se a mão estiver suada ou úmida.
O choque elétrico causado por altas descargas é sempre grave, podendo causar
distúrbios na circulação sanguínea e, em casos extremos, levar à parada cárdio-respiratória.
41
PSO
A ressuscitação cárdio-pulmonar:
42
• Ao mesmo tempo, uma outra pessoa deve aplicar respiração boca-a-boca,
firmando a cabeça da pessoa e fechando as narinas com o indicador e o polegar, mantendo
o queixo levantado para esticar o pescoço.
43
PSO
• Enquanto o ajudante enche os pulmões do acidentado, soprando adequadamente
para insuflá-los, pressione o seu peito a intervalos curtos de tempo, até que o coração
volte a bater.
44
2.2 Fraturas
Fratura é a quebra de um osso causada por uma pancada muito forte, uma queda
ou esmagamento.
Sinais indicadores:
• dor ou grande sensibilidade em um osso ou articulação;
• incapacidade de movimentar a parte afetada, além do adormecimento ou
formigamento da região; e
• inchaço e pele arroxeada, acompanhado de uma deformação aparente do membro
machucado.
Sinais indicadores:
• os mesmos da fratura fechada
• sangramentos
• ferimento de pele
45
PSO
2.2.2 Técnica de imobilização em casos de fraturas
Uma atadura pode ser usada para uma imobilização de fratura, para conter
provisoriamente uma parte do corpo ou manter um curativo. Na falta de ataduras, use
tiras de um lençol, guardanapos ou panos.
46
Tome os seguintes cuidados ao aplicar uma atadura:
47
PSO
2.3 O processo de hemostasia
O que fazer?
O que fazer?
• incline a cabeça da pessoa para frente, sentada, evitando que o sangue vá para
a garganta e seja engolido, provocando náuseas;
• comprima a narina que sangra e aplique compressas frias no local;
• depois de alguns minutos, afrouxe a pressão vagarosamente e não assoe o nariz; e
• se a hemorragia persistir, volte a comprimir a narina e procure socorro médico.
2.3.4 Torniquetes
Membro amputado
49
PSO
O que fazer?
O torniquete deve ser aplicado apenas em casos extremos e como último recurso
quando não há a parada do sangramento. Veja como:
• amarre um pano limpo ligeiramente acima do ferimento, enrolando-o firmemente
duas vezes. Amarre-o com um nó simples;
• em seguida, amarre um bastão sobre o nó do tecido. Torça o bastão até estancar
o sangramento. Firme o bastão com as pontas livres da tira de tecido;
• marque o horário em que foi aplicado o torniquete;
• procure socorro médico imediato; e
• desaperte-o gradualmente a cada 10 ou 15 minutos, para manter a circulação do
membro afetado.
2.4 Queimaduras
O que fazer?
O que fazer?
• Lave o local com água corrente por 10 minutos (se forem os olhos, 15 minutos),
enxugue delicadamente e cubra com um curativo limpo e seco.
• Procure ajuda médica imediata.
Queimaduras solares
O que fazer?
51
PSO
Queimadura de terceiro grau
52
1 Material de salvatagem
1.1 Introdução
Isso não é o bastante. Todo aquaviário deve se interessar pelos assuntos ligados à
salvatagem.
navio encalhado
55
SON
Os equipamentos coletivos de salvatagem são
as embarcações de sobrevivência encontradas a
bordo:
56
1.3 Colete salva-vidas
DPC
Existem vários modelos de coletes salva-vidas. O mais
importante é que o que você irá utilizar a bordo esteja
aprovado pela Diretoria de Portos e Costas (DPC). E como
você reconhece que o equipamento está aprovado pela
DPC? Ao inspecioná-lo, quando embarcar, procure o
carimbo de homologação.
A Autoridade Marítima exige que se tenha a bordo das embarcações bóias salva-
vidas.
Como dito acima, a bóia circular é muito utilizada na faina de “homem ao mar”, ou
seja, quando um tripulante ou passageiro de bordo cai dentro da água. O que fazer numa
situação de emergência como essa? Essa é uma pergunta que todo aquaviário tem que
saber responder. O mais importante é o tempo em que se leva para retirar a pessoa de
dentro da água. Quanto mais rápido, maiores as chances de sobrevivência.
58
1.5 Embarcação de sobrevivência
Uma coisa você tem que ter sempre em mente: você só é sobrevivente após o
resgate! Até ser salvo, você é apenas um náufrago.
Para alcançar o seu objetivo, que é ser resgatado com vida, você tem que observar
os procedimentos de sobrevivência no mar. Veja os mais importantes:
O náufrago tem que estar preparado para ser resgatado. Essa etapa da
sobrevivência é muito importante e não deve ser encarada com displicência. Ser detectado
não significa ser resgatado. Muitos acidentes, alguns fatais, ocorrem durante o resgate.
Encare o salvamento com toda a seriedade possível, evitando crises emocionais. Deixe-
as para quando estiver em lugar seguro.
60
2 Sobrevivência
O tripulante tem que estar familiarizado com todas as suas funções, inclusive aquelas
ligadas às fainas de emergência, sendo a maior delas o abandono da embarcação, última
alternativa, como medida extrema a ser tomada.
• não leve objetos de uso pessoal nem qualquer tipo de bagagem. O mais importante
nesse momento é a sua vida e a de seus companheiros.
• havendo tempo, procure abastecer a embarcação de sobrevivência com água
potável adicional;
• leve para a embarcação de
sobrevivência apenas equipamentos
úteis, como por exemplo:
equipamentos de comunicação
(rádios portáteis), de sinalização
(fumígenos e pirotécnicos), cabos de
fibra, acessórios náuticos (carta náutica do local, régua, compasso, lápis),
cobertores, entre outros.
• execute suas tarefas relativas ao lançamento da embarcação de sobrevivência;
• entre na embarcação de sobrevivência, de preferência seco.
• assegure-se de que todos os companheiros destinados para aquela embarcação
estão a bordo;
• afaste-se da embarcação sinistrada.
61
SON
2.2 Vestimenta para o abandono da embarcação
A prática demonstrou que as melhores roupas para o náufrago usar são as feitas
de lã. Se possível, providencie também uma proteção para a cabeça, pois esta é a parte
do corpo onde existe maior emissão de calor. Nunca esqueça o seu colete salva-vidas!
62
2.3 Distância da embarcação sinistrada
Se o naufrágio se der nas proximidades de terra, procure chegar até ela, pois as
condições de sobrevivência serão muito melhores.
Entretanto, se ocorrer uma situação imprevista em que o náufrago não tenha tempo
ou oportunidade de vestir seu colete antes de abandonar a embarcação ou se ficar
impossibilitado de utilizar uma embarcação de sobrevivência será necessário improvisar
algum tipo de ajuda para se manter flutuando. Isto pode ser feito colhendo destroços da
própria embarcação naufragada que estejam flutuando no local, mantendo-os junto ao
corpo como um recurso para se manter na superfície. Isso fará com que você poupe
energia e prolongue sua sobrevivência.
63
SON
2.5 Ingestão de água salgada
Beber água salgada mata! Nunca beba água do mar, nem a misture com água
potável.
Quando o náufrago bebe água salgada, o sal fica acumulado em seu corpo, havendo
necessidade de água potável para dissolvê-lo nos rins, e posteriormente, eliminá-lo através
da urina. Como em condições adversas no mar não existe água potável em quantidade
adequada para hidratar o corpo, a própria água do organismo vai migrar para eliminar o
sal acumulado. Dessa forma, o náufrago que bebe água do mar agrava o seu estado de
desidratação, podendo inclusive morrer.
64
1 Regras de manobra e suas descrições
1.1 Introdução
Parte A - Generalidades
67
RLS
Parte C - Luzes e Marcas
Esta parte do regulamento trata dos sinais sonoros e luminosos previstos para
advertir outras embarcações sobre a manobra realizada, assim como chamar a atenção e
distinguir os sinais de perigo. Contém as regras 32 a 37.
Parte E - Isenções
Esta parte, que contém somente a regra 38, apresenta as isenções feitas neste
regulamento.
Anexo
68
B - Manobra de ultrapassagem ou de alcançando
69
RLS
1.4 Regras de navegação e manobra em rios e canais
70
B - Quando as embarcações estiverem pelo través, as correntes de popa de uma e
as ondas de proa da outra se equilibram; a tendência é que as embarcações fiquem em
paralelo.
Diante desses fatos e nas interações que acontecem com embarcações de porte
diferente, os efeitos descritos só serão sentidos na de pequeno porte. Por isto, o
procedimento correto nessa situação é passar o mais distante possível da de grande
porte e ao passar o momento do través, dar uma pequena guinada para o bordo desta a
fim de evitar as atrações das popas.
Então, baseado no que foi visto anteriormente, o que acontece com essas duas
embarcações em manobra de ultrapassagem?
71
RLS
A menor como alcançada - Neste caso a tendência da popa é cair para cima da
margem mais próxima, devido ao efeito das ondas de proa da outra embarcação (maior
porte), podendo até fazer com que a embarcação alcançada (menor porte) atravesse no
canal. O procedimento correto é solicitar, através de uma boa comunicação, a redução da
velocidade de ultrapassagem da embarcação alcançadora.
72
1.5 Prioridade de manobra de acordo com o tipo de embarcação
A - sem governo
B - de manobra restrita
C - engajada na pesca
D - a vela
A - sem governo
B - de manobra restrita
C - engajada na pesca
A - sem governo
B - de manobra restrita
A - sem governo
74
Embarcação cujo comprimento fica entre 12 e 50 metros
75
RLS
Luzes de reboque e empurra
76
Se a embarcação estiver empurrando ou rebocando a contrabordo deverá mostrar:
Marca de reboque
De dia, quando o comprimento do reboque for superior a 200m, usar a marca onde
melhor puder ser vista.
77
RLS
Se a embarcação for incapaz de se desviar do seu rumo, a marca de embarcação
com capacidade de manobra restrita deve acompanhar a marca de reboque.
Embarcação encalhada
Embarcação rebocando 3 esferas pretas
2 cones pretos unidos
pela base
Veremos então como distinguir uma embarcação engajada nas pescas de arrasto
e não de arrasto, de dia e de noite.
Pesca de arrastão
Marcas
78
Pesca não de arrastão
Se o equipamento que usar tiver mais que 150 m (horizontalmente), uma luz branca
circular na direção do equipamento.
Marcas
Se o comprimento do equipamento
for menor que 150 m:
• 2 cones unidos pelo vértice; e
• se o barco for menor de 20 m,
exibir um cesto.
Sem governo
De noite deve exibir 2 luzes circulares disposta em linha vertical. Com seguimento,
luzes de bordo e alcançado
Marca
79
RLS
Com capacidade de manobra restrita
Marca
Marca
80
Quando estiver encalhada exibirá
Marca
Se à noite, na parte de vante luz circular branca e na parte de ré luz circular branca
(mais baixa que a de vante)
As embarcações menores que 50m podem exibir apenas uma luz circular branca,
onde melhor possa ser vista.
Marca
81
RLS
2.2 Sinais sonoros
Primeiro vamos saber que sinais sonoros deverão soar e quanto tempo eles
devem durar, de acordo com o tamanho de sua embarcação.
Dois apitos longos e um apito curto. Tenciono ultrapassá-la por seu boreste.
Dois apitos longos e dois apitos curtos. Tenciono ultrapassá-la por seu bombordo.
82
Qualquer embarcação pode suplementar os sinais de apito de advertência e manobra
com sinais luminosos por meio de lampejos com duração de cerca de um segundo, em
intervalos também de um segundo.
Observe com calma o quadro auto-explicativo a seguir que define o que a maioria
das embarcações emite sonoramente em suas manobras, sob baixa visibilidade.
83
RLS
Um apito longo em intervalos não superiores a 2 minutos.
Embarcação rebocada.
Embarcação encalhada.
Nas laterais das cartas náuticas estão representadas as latitudes e nas partes de
cima e de baixo, as longitudes.
87
NAV
Em alguns pontos da carta náutica encontramos rosas-dos-ventos, com as
orientações Norte, Sul, Leste e Oeste.
Aparecem, em toda a extensão das áreas cobertas por água, vários números que
representam as profundidades locais em metros.
Escala é uma informação mostrada logo abaixo do título da carta, que significa a
relação entre o representado e o real.
88
1.3 Rumo, proa e marcação
Rumo é uma linha traçada na carta náutica, com direção e sentido definidos. Uma
embarcação para ir de um ponto a outro, deve seguir um rumo.
Norte Verdadeiro é relativo à direção do polo norte geográfico da Terra, que está
contido no eixo terrestre orientado na direção norte-sul da Terra. Na carta náutica o rumo
tem este ponto como referência.
A Terra é um imenso imã e, por causa disso, possui magnetismo ao seu redor e
polos magnéticos (norte e sul), que são defasados dos polos geográficos. O Norte
Magnético é a direção de referência para onde apontam quaisquer barras imantadas
suspensas livremente na superfície da
Terra, tais como as bússolas ou agulhas
magnéticas.
Rv = 200º
dmg= 20° w(+)
Rmg = Rv + dmg
Rmg= 220°
90
Sabendo-se que a marcação verdadeira de um farol foi de 150 graus, qual a
marcação magnética, sendo a dmg local de 20 graus W ?
Solução numérica:
Mv = 150°
dmg = 20 W(+)
Mmg = Mv + dmg
Mmg= 170°
Solução gráfica:
91
NAV
1.4 Balizamento
Bóias são dispositivos flutuantes que podem exibir luz (luminosas) ou não (cegas).
cardinal sul
bombordo
perigo isolado
boreste
a) Sinais laterais
A bordo de uma embarcação as cores das luzes de navegação dos bordos são
verde para boreste (BE) e encarnada para bombordo (BB). No sistema IALA “B”, quem
vai para o mar deixa os sinais encarnados por BB e os verdes por BE. Esta simples
regra de coincidência de cores dos sinais de balizamento e das luzes da embarcação
permite que o navegante manobre sua embarcação cumprindo as normas de balizamento.
92
De forma inversa, aquele que vem do mar deixa os sinais encarnados por BE e os
verdes por BB.
Bombordo: Para serem deixadas por bombordo por que entra nos portos. Quando
luminosa, a bóia exibe luz verde com qualquer ritmo, exceto grupo de lampejos compostos
(2+1) por período.
• cor: verde
• formato: cilíndrico, pilar ou charuto
• tope (se houver): cilindro verde
• luz (quando houver):
• cor: verde
• ritmo: qualquer, exceto Lp (2+1)
Boreste: Para serem deixadas por boreste por que entra nos portos. Quando
luminosa, a bóia exibe luz encarnada com qualquer ritmo, exceto grupo de lampejos
compostos (2+1) por período.
• cor: encarnada
• formato: cônico, pilar ou charuto
• tope (se houver): cone encarnado com o vértice para cima
• luz (quando houver):
• cor: encarnada
• ritmo: qualquer, exceto Lp (2+1)
93
NAV
b) Sinais laterais modificados
94
c) Perigo isolado: O sinal de perigo isolado é aquele construído sobre, ou fundeado
junto ou sobre um perigo que tenha águas navegáveis em toda a sua volta. Quando
luminosa, a bóia exibe luz branca com dois lampejos por período.
95
NAV
e) Balizamento especial: Sinais que não são primordialmente destinados a orientar
a navegação, mas que indicam uma área ou característica especial mencionada em
documentos náuticos apropriados. Exemplo: bóias oceanográficas; sinais de separação
de tráfego, onde o uso de sinalização convencional de canal possa causar confusão; área
de despejos; área de exercícios militares; cabo ou tubulação submarina; área de recreação;
prospecções geológicas; dragagens; varreduras; ruínas; áreas de segurança
e outros fins especiais.
• cor: amarela
• formato: opcional, mas sem conflitar com os outros sinais
• tope (se houver): formato de X amarelo
• luz (quando houver):
• cor: amarela
• ritmo: Oc (...)
• Lp (exceto LpL 10s)
• Lp (4), Lp (5) ou Lp (6)
• Lp (...+...)
• ou Morse (exceto A e U)
f) Sinais cardinais: podem ser usados para indicar águas mais profundas, ou o
bordo safo para passar por um perigo, ou para chamar a atenção para a junção, bifurcação
ou fim de um canal.
Sinal norte
• cor: preta sobre amarela
• formato: pilar ou charuto
• tope (se houver): dois cones pretos, um acima do outro, ambos com o vértice
para cima
• luz (quando houver):
• cor: branca
• ritmo: VQ ou Q
Sinal leste
• cor: preta com uma única faixa larga horizontal amarela
• formato: pilar ou charuto
• tope (se houver): dois cones pretos, um acima do outro, unidos pelas bases
• luz (quando houver):
• cor: branca
• ritmo: VQ (3) a cada 5 s ou Q(3) a cada 10 s
96
Sinal sul
• cor: amarela sobre preta
• formato: pilar ou charuto
• tope (se houver): dois cones pretos, um acima do outro, ambos com o vértice
para baixo
• luz (quando houver):
• cor: branca
• ritmo: VQ (6) + LpL cada 10 s ou Q(6) + LpL a cada 15 s
Sinal oeste
• cor: amarela com uma única faixa larga horizontal preta
• formato: pilar ou charuto
• tope (se houver): dois cones pretos, um acima do outro, unidos pelos vértices
• luz (quando houver):
• cor: branca
• ritmo: VQ (9) a cada 10 s ou Q(9) a cada 15 s
N
NW NE
W PONTO DE
REFERÊNCIA E
SW SE
97
NAV
As figuras abaixo representam o balizamento IALA B de uma entrada de porto
durante o dia e à noite.
98
Atenção:
As bóias de balizamento não podem ser usadas para nenhuma outra finalidade
sob nenhum pretexto.
99
NAV
1.5 Regras de navegação em rios e canais
Uma embarcação não deve cruzar um canal estreito quando sua manobra atrapalhar
100
outra embarcação que só possa navegar com segurança dentro do canal.
Para fazer uma ultrapassagem em um canal estreito a embarcação deve emitir os
sinais sonoros apropriados: dois apitos longos e um curto (ultrapassar por boreste) ou
dois apitos longos e dois curtos (ultrapassar por bombordo).
Uma embarcação que será ultrapassada em um canal estreito deve emitir os sinais
sonoros apropriados se concordar com a ultrapassagem: um apito longo, um curto, um
longo e um curto, nesta ordem.
Mantenha-se sempre atento para não colidir com troncos e toras isolados boiando
no rio, bem como com as jangadas.
Atenção:
102
1 Estabilidade
105
EST
1.2 Características lineares da embarcação
Calado
Boca
Quando a embarcação não está inclinada transversalmente, diz-se que ela está
adriçada.
Trim (t)
Quando o calado a vante é igual ao calado a ré, diz-se que a embarcação está em
águas parelhas, sem compasso ou trimada.
107
EST
Quando o calado a ré é maior do que o calado a vante, diz-se que a embarcação
está derrabada.
Quando o calado a vante é maior do que o calado a ré, diz-se que a embarcação
está abicada.
108
Borda Livre (BL)
Para se ter boa estabilidade, é essencial se ter uma borda livre adequada. Se a
borda da embarcação “molhar” quando o barco adernar o perigo de emborcamento é
grande.
Obras mortas
É a parte do casco que fica acima da linha d’água quando a embarcação está
totalmente carregada.
Não esqueça:
Distribuição longitudinal
Distribuição transversal
111
EST
Efeito de superfície livre
Quando uma embarcação sofre uma inclinação por motivos externos e tem um
tanque parcialmente cheio, seu conteúdo se movimenta e o peso do líquido nele contido
se desloca como se fosse um peso inserido lateralmente, concorrendo para acentuar a
inclinação da embarcação.
Este efeito não ocorre se o tanque estiver totalmente cheio ou absolutamente vazio.
112
1.4 Peação da carga
Nas figuras podem ser vistos alguns desses materiais utilizados nas fainas de
peação.
113
EST
Transporte de cargas a granel
Tais mercadorias se forem molhadas com água do mar ou chuva aumentam sua
densidade tornando-se mais pesadas e volumosas, afetando assim a estabilidade da
embarcação.
114
1 Combate a incêndio
Fogo - É uma reação em cadeia de três elementos que produz luz e calor.
O fogo pode ser representado por um triângulo, a cujos lados são associado os
componentes já citados: combustível, comburente e calor. Para existir o fogo é necesssário
que os três componentes estejam presentes, assim como para o triângulo existir são
necessários os seus três lados.
a) Combustível
É tudo aquilo capaz de entrar em combustão, ou seja, é tudo que pode pegar fogo.
118
b) Comburente
c) Calor
Podemos concluir que para haver combustão precisamos dos três componentes:
combustível, comburente e temperatura de ignição.
119
CIN
1.2 Classificação dos incêndios
120
1.3 Agentes Extintores
• Água
• Espuma
• CO2 (Gás carbônico)
• Pó químico
121
CIN
1.4 Medidas preventivas contra incêndios a bordo
122
• recipientes com líquidos inflamáveis
voláteis destampados;
Extintor a água
O propelente utilizado para impulsionar a água para fora do recipiente pode estar
dentro dele (no caso da figura ao lado) ou em uma ampola externa.
Extintor a espuma
124
Extintor a CO2
Utilização do extintor
Extintor a pó químico
l
íve
Ca
utilizando-se a água. Desse modo, estamos agindo sobre o lado
st
lo
bu
r
do triângulo do fogo relativo à temperatura de ignição. Baixando
m
Co
essa temperatura, o fogo se extinguirá. Comburente
Co m bu ren t e
se utiliza CO2, espuma ou pó químico como agente extintor.
l
íve
st
combustível, temos que reduzir a um mínimo a quantidade de combustível
Ca
bu
que está queimando. Podemos fazer isto, removendo-se o material
m
lo
Co
r
combustível ou fechando-se a canalização que estiver alimentando Comburente
o fogo.
a) Esguichos
Existem esguichos apropriados para utilizar a água como agente extintor. Os mais
empregados são:
• universal; e
• vazão regulável.
Esguicho universal
Com a alavanca a meio produz-se neblina de alta velocidade, com a alavanca para
trás, jato sólido e com a alavanca para frente a água é fechada.
126
Esguicho de vazão regulável
O jato sólido deve ser usado para incêndios classe A e a neblina de alta velocidade
para incêndios classes A e B.
b) Mangueiras de incêndio
1
Proteção do corpo 3
1. capacetes; 2
2. óculos de proteção; 5
3. luvas; 4
4. botas; e
5. roupa de proteção.
Atenção:
128
Componentes do motor Diesel
1.1 Introdução
Para tornar o seu estudo mais agradável, o conteúdo da disciplina foi desenvolvido
de forma bastante clara, sendo enriquecido com um grande número de figuras que
certamente facilitarão o seu aprendizado. Para complementar seu estudo e também para
futuras consultas foi introduzido um anexo com exercícios para você testar os seus
conhecimentos.
1.2 Origem
O motor Diesel, como hoje é conhecido, numa justa homenagem ao seu criador,
podia queimar combustível mais barato, e apresentava um rendimento bastante superior
ao das outras máquinas existentes na época. Com o passar dos anos, o motor foi tão
aperfeiçoado que hoje é, sem dúvida alguma, a máquina de combustão interna mais utilizada
na propulsão de navios de pequeno, médio e grande porte.
1. Cilindro
2. Haste do pistão
3. Biela
A figura 1 mostra o invento de Rodolphe Diesel. 4. Eixo de manivelas
5. Volante
Observe com atenção os seus componentes. Agora tenha
calma! Sabemos que você está curioso pra saber como é
que a máquina funcionava, mas antes disso vamos conhecer
alguns dos principais componentes de um motor diesel
utilizado em propulsão de embarcações.
131
OMD
1.3 Principais componentes
Biela
Canais de lubrificação
Pino de manivela
Volante
Extremidade do eixo
Gases
Turbo-alimentador - (turbo-compressor) é o
Compressor componente do motor que abastece os cilindros com
a maior massa de ar possível, permitindo um bom
Turbina Ar aumento de potência. Quando o motor não possui
turbo-alimentador, a sua potência é menor porque o
êmbolo aspira uma menor quantidade de ar. Observe
que esse componente é constituído por uma turbina
acionada pelos próprios gases de descarga do motor
e por um compressor montado no mesmo eixo, o qual
aspira o ar da atmosfera, eleva a sua pressão e o envia
para os cilindros.
Além dos componentes aqui citados, o motor Diesel possui ainda muitos outros
que poderão ser estudados consultando o anexo. Entre eles encontram-se: a bomba e o
filtro de óleo lubrificante, o tanque de combustível, os filtros de óleo combustível, os filtros
de ar, os bicos injetores, que constituem os diversos sistemas de um motor.
133
OMD
1.4 Princípio básico de funcionamento
Você já viu que o volante serve para armazenar a energia do tempo de expansão e
ajudar o motor a continuar funcionando, principalmente durante as fases que roubam
134 energia como a de admissão, a de compressão e a de descarga.
Para que os ciclos funcionem corretamente o motor precisa de vávulas que permitem
a entrada de ar e a saída dos gases da combustão. Vejamos então como é que as válvulas
de admissão e de descarga funcionam.
Repare que, por meio de engrenagens, o eixo de manivelas faz girar outro eixo
denominado eixo de comando de válvulas. Esse componente possui ressaltos (cames)
que nos momentos apropriados acionam os tuchos e as varetas, sendo que estas atuam
por baixo de uma das extremidades dos balancins, possibilitando a abertura das válvulas,
cada uma delas no seu devido tempo.
Varetas
Tuchos
Conectora
Engrenagem do eixo
de comando
Eixo de manivelas
Engrenagem do eixo
de manivelas
Bem, agora que você já tem uma boa idéia do funcionamento do motor diesel, fica
fácil entender que ele é uma máquina térmica que aproveita a energia gerada pelo calor
da queima do óleo combustível, para produzir trabalho mecânico no eixo de manivelas. O
movimento rotativo do eixo de manivelas pode então ser aproveitado para acionar um
automóvel, um eixo propulsor de embarcação, um gerador de energia elétrica, etc.
Mas além de ser uma máquina térmica e alternativa, o motor diesel é uma máquina
de combustão interna, porque o combustível é queimado no interior dos seus cilindros.
Por tudo o que já dissemos até agora, é que o motor diesel é considerado, sem
dúvida alguma, como uma das mais espetaculares invenções do ser humano.
Agora, você já sabe algumas coisas sobre o motor, mas ainda tem muito que
aprender sobre ele. Um motor diesel moderno possui, na verdade, um grande número de
peças, cada uma delas desempenhando uma função importante para o seu bom
funcionamento. Algumas delas são tão importantes que, se apresentarem defeito ou forem
retiradas do motor, ele não poderá funcionar.
135
OMD
2. Operações com motores diesel
Sabemos que cada motor tem suas particularidades, mas certamente as providências
aqui recomendadas para a partida aplicam-se à maioria das instalações marítimas de pequeno
porte.
A preparação da máquina deve ser feita com bastante antecedência, principalmente
quando se tratar de um motor que esteve parado por muito tempo.
Após essas providências poderá ser dada a partida. Com o motor em funcionamento,
o condutor deverá fazer observações periódicas, anotando tudo que for interessante.
136
2.2 Identificação dos componentes do sistema de partida
Motor de partida
137
OMD
Diversos são os instrumentos encontrados no painel de controle do motor. Vamos
definir dois tipos a seguir:
Atenção:
138
3. A manutenção de motores diesel
Você conheceu as providências que o operador deve tomar antes da partida, durante
o funcionamento e após a parada do motor. Estudou também o sistema de partida e a
finalidade dos instrumentos de controle existentes no painel do motor. Nesta última unidade
de ensino, você conhecerá os cuidados básicos de segurança para trabalhar no
compartimento do motor. Além disso, conhecerá, com suas respectivas causas, os principais
defeitos que o motor pode apresentar durante o seu funcionamento, alguns deles
normalmente indicados nos mostradores do painel de controle da máquina.
Manuais e planos
139
OMD
Uso de roupas apropriadas para o serviço
Atenção:
140
3.2 A carta ou tabela de lubrificação
Atenção:
Nunca utilize um óleo lubrificante não indicado na tabela ou carta de lubrificação do
fabricante do motor.
até 30 C acima de 30 C
Fabricante
MIL L 2104 C - SAE 30 MIL L 2104 C - SAE 40
Causas:
• deficiências nas válvulas de admissão e/ou descarga, devidas a: guia de válvula
folgada; mola de válvula partida; guia do tucho folgada ou regulagem excessiva da
folga; e
• dentes das engrenagens de distribuição partidos ou chavetas aliviadas.
Causas:
• mancais fixos ou móveis muito gastos;
• pino do êmbolo ou alojamento no êmbolo muito gasto;
• mancais do eixo de cames ou de algum eixo auxiliar gastos radial ou axialmente;
• mancais dos balancins gastos;
• dentes de engrenagens de transmissão partidos;
• êmbolo com folga exagerada, deformado ou partido; e
• pino do êmbolo aliviado.
Causas:
• má combustão devida a: combustível com número de cetano muito baixo; orifícios
das válvulas de injeção parcialmente obstruídos; falta de estanqueidade na válvula
de injeção, devida à má vedação da válvula de agulha.;
• câmara de combustão com resíduos carbonosos devido a: filtro de ar obstruído;
impurezas no combustível; má pulverização; carbonização do óleo de lubrificação;
formação de gotas nos orifícios do pulverizador; e
• motor em sobrecarga devido a: regulador atuando inadequadamente ou avanço
exagerado do ponto de injeção.
Causas:
• queima de óleo lubrificante devida ao nível de óleo no cárter muito alto;
• nível de óleo no filtro de ar muito alto; e
• tela de aspiração do ar de lavagem suja.
Causas:
• filtro de combustível sujo;
142 • ar ou água no sistema de combustível;
• água na câmara de combustão;
• água na tubulação de descarga ou silencioso; e
• pulverização deficiente do óleo combustível.
Causas:
• carga excessiva;
• baixa compressão ;
• injetor de combustível pulverizando mal;
• injeção atrasada.;
• bomba injetora mal regulada;
• filtro de ar sujo; e
• turboalimentador deficiente.
Tendo em conta a vasta relação de defeitos a que os motores estão sujeitos, alguns
fabricantes apresentam os problemas e suas possíveis causas de uma forma compactada
como a mostrada na tabela abaixo.
Causas prováveis
1. Bateria com carga insuficiente 8. Válvulas presas
2. Motor de partida defeituoso 9. Anéis de segmento quebrados
3. Tanque de combustível vazio 10. Camisas gastas
4. Bomba de combustível defeituosa 11. Êmbolo quebrado ou engripado
5. Filtro de ar muito sujo 12. Óleo lubrificante incorreto
6. Injetores defeituosos 13. Obstrução da passagem de ar
7. Vazamento pela junta do cabeçote 14. Motor trabalhando em sobrecarga
143
OMD
3.4 Manutenção preventiva nos sistemas do motor
Periódica a cada
Manutenção do motor MWM 229
di a 100 h 250 h 1000 h
144
1 Conceito de meio ambiente
Essa cadeia alimentar é iniciada com seres muito pequenos, nem mesmo visíveis
aos nossos olhos. Esses seres ao decompor a matéria orgânica deixa livre compostos
que servirão de alimento para plantas, planctons e algas, que por sua vez servirão de
alimentos para pequenos animais e pequenos peixes que servirão de alimentos para
grandes animais e peixes maiores.
2 Poluição
Um exemplo histórico foi a utilização de DDT (pó de broca), como defensivo agrícola
nas décadas de 60 e 70, que acumula-se em grandes quantidades nos tecidos gordurosos
de animais, sendo os mais afetados aqueles do topo da cadeia alimentar, como águias e
147
falcões que ingerem grandes quantidades de presas menores, as quais uma vez
POL
contaminadas, inibem a formação de cálcio nas águias e falcões, interferindo na formação
da casca dos ovos que, fragilizados, facilmente se quebram e, como conseqüência quase
causou a extinção de diversas espécies de aves.
Com relação a contaminação por metais outro episódio importante que deve ser
lembrado é a “Sindrome de Minamata” – Minamata é uma cidade do Japão que na década
de 50 abrigava uma industria – esta indústria poluía as águas da baía com despejos de
mercúrio metálico. Este material era absorvido por microorganismo e através da cadeia
alimentar os peixes ao se alimentarem destes seres menores iam acumulando em sua
carne o mercúrio metálico. Esta cidade dependia muito da pesca do local, sendo o peixe
o alimento básico de seus habitantes – apareceu no local uma doença muito estranha
que levava suas vítimas à morte após grande sofrimento. – passado os anos foi descoberto
que o mercúrio ao acumular-se no ser humano, através da corrente sangüinea afetava o
sistema nevoso central, levando à perda de movimentos voluntários, a grande sofrimento
e à morte. Milhares de pessoas morreram vítimas desta contaminação da água por
mercúrio metálico
C O N C E N TR A ˙ ˆ O
C O N C E N TR A ˙ ˆ O
3000 V E ZE S
3000 V E ZE S
M A IO R
M A IO R
C O N C E N TR A ˙ ˆ O
3000 V E ZE S
M A IO R
C O N C E N TR A ˙ ˆ O
3000 V E ZE S
M A IO R C O N C E N TR A ˙ ˆ O
3000 V E ZE S
M A IO R
148
2.1 Degradação dos rios brasileiros
O desmatamento
Entretanto, as pessoas não percebem que elas são as causadoras de sua própria
tragédia. A utilização das margens dos rios e canais para atracação de embarcações vem
provocando desbarrancamentos devido à falta de uma infra-estrutura adequada para esta
atividade. Os atracadouros surgem da noite para o dia, sem que tenha sido feito um
estudo de impacto ambiental por parte das autoridades locais nem por parte dos usuários
da atividade. A destruição de mangues por aterramento, que acabam dando origem a
favelas nas periferias de balneários e cidades, vem levando à destruição de várias espécies
de vidas marinhas que antes garantiam o sustento de pequenas comunidades. Estas, ao
perderem sua fonte de sustento, acabam engrossando o número de pedintes nos centros
urbanos. O desmatamento de manguezais para uso de sua madeira, em algumas regiões
do Brasil, está provocando a erosão nestes locais com o conseqüente avanço do mar
para dentro da costa. Antes de destruirmos os manguezais devemos ter em mente que
ele impede o avanço do mar para terra e é rico em biodiversidade não encontrada em
outro ecossistema.
Os areais
A retirada de areia do leito dos rios é danosa ao meio ambiente, pois afeta os
animais, altera o curso dos rios e promove a erosão das margens. Esta atividade se
ocorrer fora de controle provocará danos irreversíveis ao meio ambiente. Soma-se a isso
uma cultura brasileira de desmatar as áreas adjacentes às margens dos rios.
A remoção de areia do fundo dos rios provoca sérios problemas para os animais
devido ao alto grau de detritos em suspensão nas águas, à redução do nível de oxigênio
e à conseqüente morte dos organismos que vivem nestes locais, o que torna a pesca
impossível porque os peixes não conseguem sobreviver nessas condições ambientais.
149
POL
Cabe a todo homem e em particular ao pescador ajudar a preservar os mares, os
rios e o meio ambiente de onde retiram o sustento de suas famílias.
O garimpo
Cheias são fenômenos naturais dos rios que decorrem dos seus regimes.
Enchentes são cheias catastróficas em geral agravadas por ações humanas, tais
como:
• supressão da cobertura vegetal; e
• impermeabilização do solo (pavimentação de ruas e quintais), construção de
casas e etc.
A sua ajuda, muito bem vinda, é fundamental para a preservação deste meio
ambiente e pode ocorrer da seguintes formas:
• não lançando lixo, óleo ou esgoto nas águas;
• reaproveitando (reciclando) o lixo, principalmente plásticos; e
• denunciando para as autoridades, sempre que encontrar alguém lançando lixo,
óleo ou esgoto nos rios, lagoas, baías e mares.
Vemos que a Lei se aplica a todos que fazendo uso de rios, lagoas, lagos, mar
territorial e Zona Econômica Exclusiva ou de áreas próximas (Instalações Portuárias por
exemplo) são potenciais poluidores destes locais.
151
POL
2.2 Substâncias nocivas
• categoria A - alto risco tanto para a saúde humana como para o ecossistema
aquático;
• categoria B - médio risco tanto para a saúde humana como para o ecossistema
aquático;
• categoria C - risco moderado tanto para a saúde humana como para o ecossistema
aquático;
• categoria D - baixo risco tanto para a saúde humana como para o ecossistema
aquático.
O Art 54º da Lei Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, estabelece para aquele que
causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora, atribuindo: Pena - reclusão de um a quatro anos e multa.
152
3 Principais agentes poluidores
3.1 Lixo
O lixo é responsável por um dos mais graves problemas ambientais de nosso tempo e é,
também, o grande desafio para o homem na atualidade. Para a preservação do meio
ambiente o seu tratamento deve ser considerado como uma questão que deve envolver
toda a sociedade. Quando jogado em terrenos baldios favorece o desenvolvimento de
vetores (insetos e ratos) transmissores de doenças.
Incineradores são grandes fornos onde o lixo sofre uma queima controlada, com
filtros para evitar que os gases formados na combustão dos materiais atinjam e poluam a
atmosfera. Eles têm a grande vantagem de reduzir o seu volume em até 85%, mas mesmo
assim existe uma sobra de cinzas e dejetos (os outros 15%), que precisam ser levados
para um aterro sanitário.
Aterros sanitários são a melhor solução para o lixo que não pode ser reaproveitado
ou reciclado. Trata-se de áreas de terreno preparadas para receber dejetos, com tratamento
para os gases e líquidos resultantes da decomposição dos materiais, de maneira a proteger
o solo, a água e o ar da poluição.
3.2 Óleo
O petróleo e seus derivados como: óleo pesado, óleo diesel, querozene, gasolina
etc., poluem as águas causando a morte de algas, pequenos crustáceos e peixes por
envenenamento ou ausência de oxigênio. A poluição por óleo
na costa e principalmente em área de manguezais causam
um dano irreparável ao seres que ali vivem e para aqueles
que dependem destes animais para a sua sobrevivência.
O pescador utiliza-se das águas como via de transporte e deve denunciar sempre
que perceber qualquer embarcação poluindo nossos rios, baías, lagoas ou mares.
3.3 Esgoto
Os navios de grande porte tem que ter uma pequena estação de tratamento de
águas oriundas de banheiros, cozinhas, copas, etc. Somente após o tratamento esta água
pode ser lançada no mar, baía, etc. Em pequenas embarcações é proibido o uso de
banheiros dentro de baías e lagoas e em certas situações são lacrados.
155
POL
4 Existe escassez de peixes?
Há controvérsias sobre este tema, entretanto o que é certo é que países muito
dependentes da pesca para sobrevivência de seus povos, como o Japão, já encontraram
soluções para este problema. Sua solução é simples e aplicável em qualquer país do
mundo e com muito maior resultado em países tropicais como o Brasil. O processo é
simples: reeducar o pescador, transformando-o em fazendeiro de peixes. Ao invés de ir
pescar simplesmente, este homem cuida do
crescimento e engorda do pescado que venderá
amanhã em cercados montados em baías e ao
longo da costa japonesa. O Estado cuida da criação
das matrizes e do fornecimento dos filhotes
nascidos em cativeiro, onde a sobrevivência atinge
cerca de 70 %, sendo estes fornecidos aos
fazendeiros ou de graça ou à preço de custo. Desta
forma o peixe é mais lucrativo e o antigo pescador
tem trabalho regular para todo o ano. Hoje, o Japão em cidades como Kobe e Hiroshima,
tem laboratórios que produzem filhotes de peixes, comuns na região e lançam-nos ao mar
para com isso aumentar a população e assegurar a sobrevivência das espécies. Lembremos
do dito popular “a única coisa que quanto mais se tira mais aumenta é o buraco!”. Logo a
pesca indiscriminada certamente levará a escassez de peixes.
O Parque Marinho de Abrolhos é uma destas reservas cuja fauna marinha é uma
das mais ricas da costa brasileira, o que justificou a decretação da área como Unidade de
Conservação Ambiental. A baixa profundidade e a presença de grande quantidade de
recifes de corais criaram condições excepcionais para o desenvolvimento de inúmeras
156
espécies, podendo-se encontrar em Abrolhos todos os peixes que existem no Atlântico
Sul.
Nessa área, toda a fauna e flora, tanto
dentro quanto fora da água, está sob proteção
do IBAMA.
No seu Art 36º esta estabelecido que considera-se pesca todo ato tendente a retirar,
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes,
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento
econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais
da fauna e da flora.
157
POL
Bibliografia
BARROS, Geraldo Luiz Miranda de. Navegar é fácil. 11 ed. Rio de Janeiro: Marítima,
2001.
BARROS, Carlos; PAULINO, Wison R. Os seres vivos. São Paulo: Ática, 1999.
FAJARDO, Augusto. Qualidade de vida com saúde total. Sociedade Brasileira de Nutrição
e Qualidade de Vida. 3 ed. São Paulo, 1999.
MATOS JR, Antônio Carlos e al. Manual de Atendimento Médico Pré-Hospitalar. Life
Suport Emergency. MC, 2000