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ESPECIALIZAÇÃO EM
ENGENHARIA NAVAL
Módulo 1: Arquitetura Naval
2006
Especialização em Engenharia Naval 1
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................... 6
2. Nomenclatura ......................................................................................... 9
3. Usos do Mar.......................................................................................... 10
3.1.6 Rebocadores............................................................................ 25
9. A Estrutura do Navio............................................................................ 75
10.1.3 Densidade................................................................................ 88
10.3.1 Aço........................................................................................... 94
1. INTRODUÇÃO
• Módulo 2: Hidrostática;
• Módulo 3: Hidrodinâmica;
Visita ao Navio
02/12/2006
09:40h – 10:10h
Sábado
10:10h – 11:00h
13:00h – 13:50h Estabilidade Estática
Tarde
2. NOMENCLATURA
Como premissa para a compreensão dos temas abordados neste e em outros
textos deste curso de especialização, faz-se necessária a apresentação dos
principais termos e definições usuais no segmento de engenharia naval. Desta
forma, é estabelecido um vocabulário mínimo e preciso que proporcione aos
alunos condições de compreender os vários aspectos teóricos que serão
oferecidos e discutidos.
3. USOS DO MAR
Com 70% da superfície da Terra coberta por águas, seguramente os oceanos
representam uma imensidão de oportunidades à produção de alimentos e
energia; à exploração de recursos minerais, principalmente hidrocarbonetos em
reservatório submarinos; e à promoção de transporte de cargas e passageiros
entre as regiões mais distantes do globo. Além dessas, há que se lembrar da
oportunidade à crescente exploração náutica esportiva e recreativa.
Portanto, tem-se também uma imensa demanda por veículos e sistemas que
permitam o aproveitamento racional dessas oportunidades. A Figura 1 ilustra as
oportunidades e alguns desses principais veículos e sistemas.
Por sua vez, o navio representa outra parte crucial do sistema de transporte no
mar, configurando-se cada vez mais como um veículo altamente especializado e
de certa forma complexo, face às grandes dimensões que vem sendo exigidas.
tanto, antes de qualquer estudo, faz-se necessária uma classificação dos navios
quanto às várias finalidades para as quais podem ser projetados. Obviamente,
nem todos os tipos são apresentados neste texto, apenas os principais, para os
quais são discutidos aspectos da geometria e um breve histórico da evolução.
(a)
(b)
(c)
(d)
Com o passar dos anos, Figura 4 (d) os navios de carga geral passaram a
privilegiar uma superestrutura a ré e sistemas de carga e descarga ainda mais
potentes (70-80ton); em alguns casos, bastante especializados.
(e)
(f)
(g)
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 8: Exemplos de navios porta containeres: (a) Feeder com
equipamento de carga e descarga próprio, (b) Médio porte, (c) Grande porte.
Fonte: www.solentwaters.co.uk.
Com o passar dos anos, elementos como guindastes foram sendo retirados do
convés, como forma de aumentar a capacidade em TEUs do navio.
Muitos operadores atuais vêm usando navios MPP, “Multi Purpose Container
Ship”. Estes navios são capazes de transportar carga geral, granéis e
containeres. Neste caso, geralmente faz-se necessária a utilização de guindastes
de convés, Figura 8(d).
Além disso, seus tanques são bastante compartimentados por anteparas, tanto
longitudinais quanto transversais, com o objetivo de diminuir o efeito de superfície
livre dentro dos tanques e, com isso, garantir uma boa estabilidade dinâmica.
(a) (b)
Figura 14: Exemplo de navio para transporte rápido de passageiros.
(a)
(b)
(c)
Figura 15: Desenvolvimentos futuros no transporte de passageiros: (a)
Techno Superliner – TSL, (b) Navios residenciais e (c) Monocascos de alta
velocidade. Fonte: www.solentwaters.co.uk.
Módulo 1 – Arquitetura Naval
Especialização em Engenharia Naval 25
A Figura 14, por sua vez, ilustra exemplos de embarcações rápidas utilizadas no
transporte de passageiros no norte da Europa. Eventualmente, esta categoria de
embarcações pode, também, disponibilizar o transporte simultâneo de veículos
rodoviários.
3.1.6 Rebocadores
Rebocadores são embarcações de menor porte (rever, por exemplo a Figura 9),
porém não menos importantes, já que são especializados na operação de
manobra dos grandes navios. Possuem grande potência instalada e,
eventualmente, sistemas de apoio como, por exemplo, o de combate a incêndio.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 16: Exemplos de rebocadores com diferenças quanto à propulsão: (a)
convencional, (b) azimutal, (c) do tipo Voith Schneider, (d) duplo azimutal.
Fonte: www.solentwaters.co.uk.
Além destes sistemas, existem pelo menos mais dois igualmente importantes.
4. GEOMETRIA DO NAVIO
Após terem sido apresentados os principais sistemas que permitem o uso do mar
segundo suas várias possibilidades econômicas, energéticas e de lazer, pretende-
se, agora, focar atenção sobre o principal destes sistemas: o navio.
Uma das mais importantes definições quanto às formas do casco diz respeito ao
plano de linha d’água de projeto, ou mais especificamente à linha d’água de
projeto, DWL – do inglês “designed waterline”, ou seja a linha d’água na qual o
navio é projetado para flutuar segundo uma carga predeterminada.
A expressão moldada, neste caso, diz respeito à forma interna ao forro do casco,
mais conhecido como chapeamento. Adotam-se dimensões e características com
relação à geometria moldada, visto que a partir dela tem-se a definição
simultânea tanto do próprio chapeamento como da estrutura interna de reforço, ou
cavername.
Ainda com relação à Figura 24, definem-se alguns termos importantes para a
seção transversal moldada:
V
CB = , onde:
L ⋅ B ⋅T
B é a boca moldada;
T é o calado de projeto.
Embarcações
1 Transatlântico 9 Petroleiro: Óleo Cru
2 Passageiros e Cargas 10 Derivados de Petróleo
3 Porta Container I 11 LNG
4 Porta Container II 12 Offshore Supply
5 Carga Geral 13 Pesqueiro
6 Barcaça 14 Quebra-gelo
7 Roll on / Roll off 15 Fragata
8 Granéis Sólidos 16 Dique Flutuante
Com relação aos coeficientes de bloco pode-se afirmar que estão intimamente
relacionados com a velocidade das embarcações. De uma maneira geral, quanto
maior o coeficiente de bloco (um petroleiro apresenta valor típico de CB = 0,850 ),
LOA [m] 301,75 166,60 262,13 185,93 171,80 272,29 208,48 272,03
LBP [m] 275,92 154,99 246,89 177,09 171,80 243,03 195,07 260,60
Comprimento para os Coeficientes [m] 286,99 154,05 246,89 176,78 158,50 247,90 195,07 260,60
Pontal Moldado [m] 22,63 14,66 20,12 16,61 13,56 18,29 21,18 19,05
Boca Moldada [m] 30,94 24,08 32,23 23,77 23,16 30,48 31,09 32,23
Calado Moldado para os Coeficientes [m] 9,65 8,23 10,67 8,23 8,23 8,53 9,75 13,96
embarcações típicas.
Deslocamento Moldado [ton] 46720 18250 50370 22380 18970 38400 34430 100500
Coeficiente de Bloco 0,532 0,583 0,579 0,630 0,612 0,582 0,568 0,836
Coeficiente de Seção Mestra 0,953 0,967 0,965 0,975 0,981 0,922 0,972 0,996
Coeficiente Prismático 0,558 0,603 0,600 0,646 0,624 0,631 0,584 0,839
Coeficiente de Linha D’água 0,687 0,725 0,748 0,740 0,724 0,765 0,671 0,898
Coeficiente Prismático Vertical 0,774 0,807 0,774 0,851 0,845 0,762 0,846 0,931
Centro Longitudinal de Flutuação, % de L a partir da Meia Nau 0 0. -1,1 -1,2 -1,5 -1,6 -2,4 +2,5
Área de Bulbo, % da Área de Meia Nau 2,0 2,5 8,3 4,0 4,0 5,6 9,7 10,7
Coeficiente Volumétrico 1,93 4,87 3,26 3,95 4,65 2,46 5,18 5,54
L/B 9,28 6,40 7,94 7,44 6,84 8,13 6,27 8,09
B/T 3,21 2,93 2,91 2,89 2,81 3,57 3,19 2,31
Potência Normal no Eixo 158000 18000 43200 19250 17500 32060 37000 24000
Velocidade [knots] 33 20 25 20 20 22 23 16,5
Número de Froude 0,320 0,265 0,261 0,427 0,261 0,229 0,270 0,168
Número de propulsores / lemes 4/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1
42
Módulo 1 – Arquitetura Naval
LOA [m] 335,28 201,47 285,29 56,46 25,65 121,62 135,64 170,99
LBP [m] 323,09 192,02 273,41 53,19 23,04 106,98 124,36 164,59
Comprimento para os Coeficientes [m] 323,09 192,02 273,41 53,19 23,75 107,29 124,36 164,59
Pontal Moldado [m] 26,31 13,79 24,99 4,27 3,33 13,18 9,14 13,41
Boca Moldada [m] 54,25 27,43 43,74 12,19 6,71 23,77 13,74 24,99
Calado Moldado para os Coeficientes [m] 20,39 10,40 10,97 3,35 2,53 8,53 4,37 5,41
embarcações típicas.
Deslocamento Moldado [ton] 308700 43400 97200 1472 222 10900 3390 12850
Coeficiente de Bloco 0,842 0,772 0,722 0,660 0,538 0,488 0,449 0,563
Coeficiente de Seção Mestra 0,996 0,986 0,995 0,906 0,833 0,853 0,741 0,933
Coeficiente Prismático 0,845 0,784 0,726 0,729 0,646 0,572 0,605 0,603
Coeficiente de Linha D’água 0,916 0,854 0,797 0,892 0,872 0,740 0,727 0,720
Coeficiente Prismático Vertical 0,919 0,904 0,906 0,740 0,617 0,660 0,618 0,782
Centro Longitudinal de Flutuação, % de L a partir da Meia Nau +2,7 +1,9 0 -0,3 -1,7 +1,3 -1,4 -1,4
Área de Bulbo, % da Área de Meia Nau 0 0 9,7 0 0 0 0 2,0
Coeficiente Volumétrico 8,9 5,98 4,64 9,53 16,2 8,97 1,7 2,8
L/B 5,96 7,00 6,25 4,35 3,54 4,51 9,05 6,59
B/T 2,66 2,64 3,99 3,33 2,65 2,79 3,14 4,62
Potência Normal no Eixo 35000 15000 34400 3740 500 18000 40000 22900
Velocidade [knots] 15,2 16,5 20,4 12 10,7 18 30 21,5
Número de Froude 0,139 0,196 0,203 0,270 0,361 0,285 0,442 0,275
Número de propulsores, lemes 1/1 1/1 1/1 2/2 1/1 3/1 1/1 2/2
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Especialização em Engenharia Naval 44
AM
CM = .
B ⋅T
Na maioria dos navios, há muito pouca diferença entre a área da seção mestra e
a área da seção à meia nau, não havendo impacto significativo no valor de CM .
Em geral o coeficiente de seção mestra assumirá valores entre 0,750 e 0,995,
exceto no caso de navios muito esbeltos, cujos costados a meia nau praticamente
partem da quilha, onde o coeficiente de seção mestra pode atingir valores baixos,
da ordem de 0,620. Há, ainda, embarcações que podem apresentar apêndices do
tipo “blisters” e que, portanto, podem apresentar valores de CM superiores à
unidade.
V
CP =
L ⋅ AM
CB
CP = .
CM
AWP
CWP = .
L ⋅B
V L3 L
3
ou ou 3
, onde L é o comprimento característico e V o volume de
L V V
deslocamento na condição de projeto.
∆
3
, onde o deslocamento ∆ é medido em toneladas e o comprimento L em
L
100
pés. Obviamente esta relação é dependente do sistema de unidades adotado,
merecendo correções para o Sistema Internacional – SI, ou mesmo quando se
tratar de uma embarcação operando em água doce. A Tabela 4 mostra uma
comparação dessa relação para três embarcações distintas.
∇
CV = 3
.
L
10
Embarcações
Navio Navio Cargueiro
Oceanográfico de Lancha para Operação nos
Pesquisa Grandes Lagos
Esbelto e linhas
Largo e Esbelto e linhas
Características cheias (como uma
arredondado afiladas
caixa)
CB 0,580 0,560 0,870
V
0,01520 0,00566 0,00281
L3
∆
3
L 433 162 80
100
U
Fn = , onde:
g ⋅L
U é a velocidade da embarcação, em [m s ] ;
1
Baseada em estudos experimentais com modelos em escala reduzida. Mais adiante, em seção
subseqüente deste primeiro módulo, esta teoria será melhor apresentada.
g é a aceleração da gravidade, em [m s 2 ] ;
LWL ⋅ B ⋅ D
CN = .
100
5. ESTABILIDADE ESTÁTICA
O conceito de estabilidade estática é fundamental na engenharia naval. Por
estabilidade entende-se a capacidade que a embarcação tem de retornar à
condição de equilíbrio inicial quando lhe é imposto um pequeno deslocamento.
Diz-se, então, que a embarcação é estável (ou dotada de estabilidade estática
positiva) quando, dado este pequeno deslocamento, surge uma força hidrostática
restauradora que tende a levá-la de volta à situação de equilíbrio original. Caso
contrário, a embarcação é dita instável (ou dotada de estabilidade estática
negativa).
2
Por simplicidade, na apresentação dos conceitos de estabilidade as referências serão sempre
feitas a um “navio”, mas os mesmos princípios são válidos para qualquer tipo de embarcação de
superfície, seja ela um navio, um veleiro ou uma plataforma de petróleo.
A força peso do navio tem módulo dado por W = ∆.g , onde g é a aceleração da
gravidade, e se encontrará aplicada no ponto conhecido por Centro de Gravidade
ou Centro de Massa (G). A força de empuxo (ou, em inglês, “buoyancy”) tem
módulo dado por E = ρ∇g e seu centro de aplicação é conhecido como Centro de
Carena (B), o qual, por sua vez, corresponde ao centro do volume imerso do
casco.
Figura 29: Navio com estabilidade estática positiva (a) e negativa (b). Fonte:
PNA, 1988.
3
No Módulo 2 deste curso será visto como relacionar a posição do metacentro com a geometria
da embarcação.
Uma vez na água, o valor de GM de uma embarcação pode ser inferido através
do chamado ensaio de inclinação. O princípio deste ensaio é muito simples,
consistindo em mover um corpo de peso conhecido (w) sobre o convés e, uma
vez estabelecido o novo equilíbrio, medir o ângulo de inclinação, ver Figura 31.
Outra informação importante diz respeito à área sob a região positiva da curva. A
importância deste parâmetro está relacionada ao conceito de estabilidade
dinâmica, discutido mais adiante.
É interessante observar que, como ilustrado na Figura 32, pode-se obter o valor
de GM a partir da CEE. De fato, o valor de GM corresponde à inclinação da CEE
para pequenos ângulos de inclinação. Isto pode ser facilmente depreendido a
partir da equação para o momento restaurador, lembrando que senθ ≅ θ para
valores pequenos de θ. Dessa forma, a reta tangente à CEE em seu início
corresponde à reta cuja equação é dada por GZ = GM .θ e, portanto, o valor de
GM pode ser obtido sobre esta reta para um ângulo equivalente a 1 radiano
(57,3o).
6. ESTABILIDADE DINÂMICA
Uma embarcação está sujeita a ação de diferentes fatores que impõem cargas
dinâmicas e excitam seus movimentos. As ondas do mar, mudanças na
velocidade e direção dos ventos e até mesmo a ação do leme durante manobras
resultam em movimentos cíclicos (oscilatórios) da embarcação.
W = M ⋅ ∆θ .
Quando o navio sofre a ação das ondas do mar, o que determinará os ângulos
máximos de movimento será o balanço entre a energia imposta pelas ondas
sobre o casco e a energia gasta para girar o navio de um certo ângulo5. O estudo
do trabalho baseado na CEE, embora simplificado, fornece assim estimativas
quantitativas que permitem prever os ângulos máximos em situações críticas de
ondas. Esse estudo é comumente chamado de estudo de estabilidade dinâmica.
4
Para a integração, o ângulo deve ser medido em radianos.
5
Lembrar que o trabalho está diretamente relacionado à variação de energia cinética.
Figura 33: CEE e sua relação com Trabalho/Energia. Fonte: PNA, 1988.
Diz se tratar de uma análise simplificada porque, embora esteja relacionada com
a dinâmica da embarcação, ela se baseia apenas em resultados estáticos de
estabilidade (por exemplo, efeitos hidrodinâmicos relacionados ao movimento de
rotação do navio não são considerados, assim como a influência das ondas sobre
a CEE).
Esse balanço de energia serve como base para diferentes normas internacionais
relativas à estabilidade dinâmica de uma embarcação. Estas normas utilizam
estimativas do momento de emborcamento proporcionado por ondas e vento e as
informações da CEE para impor critérios que limitam os ângulos máximos que
podem ser alcançados pelo navio em situações ambientais extremas e, dessa
forma, eliminar o risco de um emborcamento induzido pelo movimento de “roll”.
Por fim, vale mencionar algumas medidas de projeto que são usualmente
adotadas para reduzir o jogo de navios. Vários mecanismos são empregados para
este fim e podem ser categorizados em passivos ou ativos. Dentre os sistemas
passivos, muitos navios empregam, por exemplo, as chamadas bolinas fixas
(“bilge keels”) como forma de aumentar o deslocamento de água quando o navio
joga e, dessa forma, aumentar o amortecimento. Quanto maior o amortecimento,
maior a dissipação de energia com o movimento e, assim, menor será sua
amplitude. Outro sistema passivo consiste nos chamados tanques “anti-roll”. O
(a)
(b)
Figura 34: Estabilizadores: (a) tanques “anti-roll”; (b) “fin stabilizers”. Fonte:
Benford, 1991.
Dada a intrincada natureza do fenômeno, até meados do século XIX não havia
formas de se estimar a resistência que um determinado casco sofreria ao se
deslocar com uma certa velocidade, ou, o que é equivalente, não havia meios
científicos capazes de prever a força necessária para mover um determinado
casco com uma certa velocidade de avanço.
(a) (b)
U
Fn = .
g ⋅L
(a)
(b)
Froude, à época, sugeriu aproximar o coeficiente CFm por aquele obtido no ensaio
de uma placa plana. Naquela oportunidade, já havia uma série de resultados
experimentais de arrasto em placas planas e que relacionavam a força de atrito
ao Rn.
0.075
C F (Rn ) = .
(log10 (Rn ) − 2)2
Dessa forma, a partir da força total sobre o modelo, pode-se estimar o coeficiente
de resistência de ondas do modelo:
m m m
Cw = CT − CF .
Por fim, para estimar o coeficiente de resistência total do navio em escala real,
soma-se o coeficiente friccional calculado com o Rn da escala real ao coeficiente
de ondas acima (uma vez que Fnm = Fnr), obtendo:
r r m
CT = CF + Cw .
E, assim, a resistência total do navio navegando com velocidade real (Ur) será
dada por:
r r
RT = 1/ 2 ρSW V 2CT .
Em geral, essas discrepâncias são de pequena monta para a grande maioria dos
cascos e, por essa razão, o método é empregado em sua essência até os dias
atuais. Todavia, desde os trabalhos de Froude, algumas modificações foram
propostas para reduzir as eventuais discrepâncias e serão discutidas com
maiores detalhes no transcorrer do curso, em especial no módulo de
Hidrodinâmica.
Uma série sistemática nada mais é, portanto, que uma compilação de resultados
experimentais que permite estimar a resistência ao avanço de um determinado
casco com base em interpolações de resultados experimentais. De forma
equivalente, permite estimar os parâmetros geométricos principais de um casco
que garantam boas características de resistência para uma faixa de velocidades
pré-estabelecida.
P = R ⋅U .
No que se refere aos principais sistemas auxiliares, que também estão alocados
no interior da praça de máquinas, normalmente se tem:
9. A ESTRUTURA DO NAVIO
Em primeira análise, o navio pode ser considerado como uma grande estrutura
“em forma de caixa”, formada pelas estruturas de fundo, constado e convés
principal.
Neste ponto, vale lembrar algumas definições (segundo Oscar A. Brito, 1996):
Figura 42: Chapa colaborante mais perfil de reforço. Fonte: Oscar Brito
Augusto, 1996.
Por sua vez, a estrutura terciária tem a função dupla de contribuir para a
resistência primária e na resistência à pressão lateral sobre o casco. Sua
continuidade estrutural garante a estanqueidade do casco e sua área transversal
contribui significativamente para a inércia da Viga Navio.
A Figura 43 faz uma síntese esquemática desta distinção estrutural. Nesta figura:
a. Anteparas
c. Reforços transversais;
d. Reforços longitudinais;
e. Chapeamento;
Figura 46: Seções transversais típicas: (a) casco simples; (b) casco com
duplo-fundo e (c) casco duplo (costado e fundo). Fonte:
http://www.answers.com.
Cascos duplos são virtualmente mais seguros que cascos simples, daí sua
exigência em navios de passageiros. Após o acidente com o navio Exxon Valdez,
quando milhares de metros cúbicos de óleo vazaram após uma colisão na baía de
Valdez – Alasca, a “International Convention for the Prevention of Pollution from
Ships”, ou mais conhecida com “MARPOL Convention” determinou que todos os
navios petroleiros e de transporte de derivados fossem pelo menos dotados de
duplo-fundo, rever Figura 10.
• Roll-on / Roll-off;
• Carga Geral
No entanto, isto não significa que o projetista possa abrir mão de dominar a teoria
de dimensionamento estrutural, visto que caberá a ele avaliar os resultados e,
além disso, etapas preliminares de projeto nem sempre contam com informação
suficiente para uma solução computacional. Nestas etapas é comum uma
abordagem sem o uso dessas ferramentas.
A seleção do material para a construção naval não é tarefa fácil por inúmeros
motivos, principalmente devido à grande variedade: aço, ligas de alumínio,
madeira, compósitos, concreto, entre outros.
10.1.3 Densidade
Economia de massa é uma tônica na grande maioria dos tipos de embarcações,
quer seja para aumentar sua performance (velocidade), quer para disponibilizar
maior capacidade de carga. Desta forma, a densidade desempenha papel
fundamental no processo de seleção do material a ser utilizado.
• Resistência à abrasão;
• Propriedades eletromagnéticas;
10.2.1 Madeiras
Indiscutivelmente, em se tratando de apelo visual, nenhum outro material faz
frente à madeira. Por séculos, em sua forma maciça, foi o material que imperou
na construção naval. Atualmente, ainda vem se mantendo popular na construção
de embarcações pequenas, graças à disponibilidade de madeiras na forma de
10.2.2 Compósitos
A aceitação acentuada dos materiais compósitos na construção náutica, e em
componentes de embarcações de grande porte, se deve aos seguintes fatores:
10.2.3 Concreto
O concreto não deixa de ser um material compósito. Caracteriza-se pela presença
de um reforço metálico (responsável pela resistência á tração e flexão),
preenchido por uma argamassa (em geral cimento Portland mais areia e / ou brita
de baixa gramatura) responsável pela estanqueidade e pela resistência á
compressão. É altamente resistente à corrosão e a moderadas condições de
temperatura.
Navios de pequeno porte têm sido construídos em cimento, mas sua aplicação
em navios de carga pesada tem se mostrado economicamente inviável face à
grande massa estrutural envolvida para garantir a integridade estrutural. Na
República Popular da China, devido ao baixo custo, é possível encontrar uma
grande quantidade de barcaças fluviais construídas com este material.
fibra de vidro picotada). Após o preenchimento vem o processo de cura que deve
acontecer em condições propriamente controladas de temperatura e umidade.
10.3.1 Aço
Sem sombra de dúvida, este é o material mais aplicado na construção naval
moderna de navios de pequeno, médio e grande porte.
térmicos específicos para essa aplicação. Padronização para os aços pode ser
encontrada, por exemplo, nas publicações da “ASTM – American Society for
Testing and Materials” ou da ABS – “American Bureau of Shipping”.
Por outro lado, duas grandes desvantagens do alumínio são o alto custo de
construção e a necessidade de um controle rigoroso nos processo de soldagem.
As ligas mais usadas para aplicações navais são a 5052, 5454, 5083, 5086, 6061,
6063 e 6082.5. Em geral, essas ligas são ricas em magnésio, o que confere maior
resistência à corrosão em água salgada.
11.1 Amarração
A âncora é ligada por manilha à amarra, que é uma cadeia de elos especiais com
ou sem malhetes. A amarra sobe ao convés do navio através do escovém, que,
no caso da âncora tipo patente, aloja a haste enquanto a âncora não estiver em
uso e a prende ao paiol da amarra.
Figura 55: Âncoras especiais: (a) Fateixa; (b) Busca-vida; (c) Gata –
Almirantado e (d) Cogumelo.
Por seu turno, cabos umbilicais, cuja função é prover alimentação ou sinal de
controle, elétricos ou hidráulicos, aos sistemas de válvula instaladas no fundo do
oceano junto aos poços, têm tido larga utilização, quase sempre na configuração
de "catenária direta". Tais linhas são estruturalmente similares aos tubos flexíveis,
precedendo-os cronologicamente, na realidade. (...)
o Diretos
o Indiretos
INÍCIO
ESPECIFICAÇÕES E
DADOS DO
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
CAMPO
(DADOS DE PROJETO)
(1) SELEÇÃO DO
RISER
(2) ANÁLISE
ESTÁTICA
SATISFAZ CRITÉRIOS
DE RESPOSTA
NÃO
ESTÁTICA ?
SIM
(3) ANÁLISE
CARACTERÍSTICAS DE
DINÂMICA EM
RESPOSTA DA
CONDIÇÕES DE
PLATAFORMA
SOBREVIVÊNCIA
SATISFAZ CRITÉRIOS
DE RESPOSTA
NÃO
DINÂMICA ?
ONDAS
SIM
DADOS
(4) ANÁLISE DE
VENTO ESTATÍSTICOS
FADIGA
AMBIENTAIS
NÃO
CORRENTEZA
SATISFAZ CAUSA
REQUISITOS DE
NÃO PRINCIPAL É
VIDA ÚTIL ? V.I.V. ?
DADOS DE FADIGA
DO TUBO (S-N) SIM
SIM
(6) DIMENSIONAMENTO DE (5) DIMENSIONAMENTO DE
TERMINAÇÕES E SUPRESSORES DE V.I.V.
ACESSÓRIOS
HÁ VIABILIDADE ?
NÃO
SIM
REQUISITOS NÃO
PLENAMENTE
ATENDIDOS ?
SIM
TÉRMINO
São elas:
• Linha de Carga para Água Doce no Verão, indicada pela margem superior
de uma linha marcada com a letra “F”. A Linha de Carga para Água Doce
no Verão é marcada para ré da linha vertical. A diferença entre a Linha de
Carga para Água Doce no Verão e a Linha de Carga de Verão constitui a
tolerância concedida para carregamento em água doce para as outras
linhas de carga;
• Linha de Carga Tropical para Água Doce, indicada pela margem superior
de uma linha marcada pelas letras “TF”, e também marcada para ré da
linha vertical.
Esta convenção tem sido mencionada como uma das mais importantes da IMO e
o seu objetivo é garantir uma operação segura dos navios de longo curso,
regulamentando a sua construção e a instalação de equipamentos: de bordo,
comunicação, salvatagem, incêndio, entre outros.
Com o passar dos anos estas sociedades desenvolveram regras para o projeto,
construção e também critérios de inspeção do navio durante a sua vida útil. Com
isto as companhias de seguro acabaram possuindo um embasamento técnico
para avaliar os riscos do seguro.
anos, são textos razoavelmente sintéticos que têm simplificado e até mesmo
reduzido o custo de muitos projetos convencionais.
• Embargo da obra;
A seguir são listadas todas as normas que podem ser obtidas na Diretoria de
Portos e Costa da Marinha do Brasil (http://www.dpc.mar.mil.br).
• NORMAM 13 – Aquaviários
[2] Benford, H. “Naval Architecture for Non-Naval Architects”, Jersey City, NJ,
1991, 239p.
[3] Fonseca, M. M., “Arte Naval”, 7ª. ed. Rio de Janeiro, Serviço de
Documentação da Marinha, 2005, Volumes 1 e 2.
[5] Moan, T., “Marine Structures for the Future – a Sea of Opportunities”,
Marine Systems and Ocean Technology, Journal of SOBENA – Sociedade
Brasileira de Engenharia Naval, October 2004, Vol. 1, No 1, pp. 5-23.
[8] Tupper, E., “Introduction to Naval Architecture”. 3rd ed. Oxford; Boston:
Butterworth-Heinemann, 1996. 361 p.
14. GLOSSÁRIO
A
Adernar Inclinar para um dos bordos da embarcação (bombordo
ou boreste).
Alojamento Compartimento destinado a mais de quatro tripulantes
e/ou passageiros.
Amarra Cadeia de elos especiais com ou sem malhetes (em
embarcações de pequeno porte pode-se fazer uso de
correntes ou cabos de arame). Tem a função de suportar
a solicitação promovida pela correnteza, e/ou ventos,
durante a manutenção de uma posição desejada.
Amarração Operação de amarrar uma embarcação ao cais, outra
embarcação ou, ainda, a um outro sistema flutuante.
Âncora Peça de formato especial e peso conveniente, que
prende a extremidade inferior de uma amarra ao leito do
mar, garantindo a posição desejada para uma
embarcação.
Anéis O mesmo que caverna gigante.
Antepara Separação vertical subdividindo o espaço interno do
casco em compartimentos. Também contribuem para
manter a forma e aumentar a resistência estrutural da
embarcação. Podem ser transversais ou longitudinais,
estanques ou não.
Área de flutuação Área da região interna à intersecção entre um plano de
flutuação e o casco.
A ré (AR) Expressão usada para indicar a região de popa da
embarcação.
Arfagem Movimento de rotação longitudinal da embarcação (popa
à proa). É também chamado de caturro e, em inglês, de
“pitch”.
Armador Indivíduo ou empresa que, a suas custas, equipa,
mantém e explora comercialmente embarcação
mercante.
Arranjo Distribuição genérica e particular dos espaços e
equipamentos específicos nos diversos conveses, de
acordo com a tipologia e o porte da embarcação.
Atracação O mesmo que amarração.
Atracar É a ação de manter a embarcação encostada a um cais
de um porto ou a outra embarcação.
Autonomia É o tempo ou distância máxima que uma embarcação
pode permanecer navegando sem que haja a
necessidade de reabastecimento de víveres e/ou
Módulo 1 – Arquitetura Naval
Especialização em Engenharia Naval 115
combustível.
Avanço Movimento da embarcação para frente. Em inglês,
denominado de “surge”.
A vante (AV) Expressão usada para indicar a região de proa da
embarcação.
Avaria Dano causado à embarcação por atos involuntários ou
voluntários.
B
Balanço Movimento de rotação transversal da embarcação (de
bordo a bordo). Em inglês, denominado de “roll”.
Balaustrada Equipamento de apoio ou proteção dos passageiros e
tripulantes nos conveses abertos.
Balaústre Suporte vertical da balaustrada, em geral tubos de aço
fixos ao convés por sapatas. Suporte onde se apóiam os
cabos da balaustrada.
Balizas Bóias, marcas e outros equipamentos de sinalização, que
servem de referência para a navegação. Também se
referem às representações gráficas das intersecções de
planos verticais transversais com o casco de uma
embarcação.
Boca É a largura da seção transversal a que se referir. A
palavra boca, sem referência à seção em que foi tomada,
significa a maior largura do casco e, por isso mesmo, é
aquela medida na seção mestra.
máxima É a maior largura do casco, medida entre as superfícies
externas do forro exterior. É a largura externa máxima da
embarcação.
moldada É a maior largura do casco medido entre as faces
exteriores da carena, excluindo a espessura do forro
exterior. É a largura interna máxima, a boca máxima
menos espessura do chapeamento do casco.
Bóia Flutuador de forma cilíndrica, esférica, cônica, etc.,
utilizado para diversas finalidades: balizamento,
marcação do local da âncora, entre outros.
Bojo Parte da carena, formada pelo contorno de transição
entre a parte quase horizontal, ou fundo da embarcação,
e sua parte quase vertical, ou costado.
Bolinas Chapas ou estruturas planas dispostas longitudinalmente
e de maneira perpendicular ao forro exterior, na altura da
curva do bojo, uma em cada bordo das embarcações de
modo a amortecer a amplitude do balanço. Bolina é
também o nome da chapa plana e resistente, colocada
verticalmente por baixo da quilha das embarcações de
pequeno porte de propulsão à vela e que servem para
C
Cabeço Colunas de ferro, de pequena altura, normalmente
montadas aos pares e junto à amurada ou às
balaustradas. Servem para dar-se volta às espias ou
cabos.
Cabo Qualquer corda utilizada a bordo de uma embarcação.
Em geral, é classificado segundo a matéria-prima de que
é feito (aço, poliéster, entre outros).
Cabotagem Navegação feita ao logo da costa marítima ou em áreas
marítimas limitadas.
Cadaste Peça semelhante à roda de proa, que constitui a parte
externa do navio a ré.
Calado É a distância vertical entre a superfície da água e a parte
mais baixa da embarcação na mesma posição
longitudinal.
a meia nau É o calado medido na seção a meia nau, isto é, a meio
comprimento entre as perpendiculares de vante e ré.
máximo É o calado medido na condição de deslocamento
máximo, ou seja, plena carga.
médio Média aritmética dos calados medidos na posição
longitudinal das perpendiculares de vante e de ré.
D
Defensas Proteções para o casco das embarcações, dispostas ao
longo do costado, nos pontos mais salientes deste, de
modo a impedir que ocorram danos à sua superfície.
Existem vários tipos de defensas, apropriadas para cada
tipo de embarcação e uso.
Desatracar Desencostar e afastar do cais, outra embarcação ou
sistema flutuante, onde a embarcação se encontra
atracada.
Deslocamento Peso da água deslocada em águas tranqüilas. É igual ao
peso da embarcação e tudo o que nela se encontrada
contido.
máximo Também denominado de pleno ou carregado, refere-se
ao deslocamento quando a embarcação estiver com a
máxima carga permitida a bordo, considerando: tripulação
e pertences, passageiros e bagagens, porões cheios,
toda a carga, víveres, combustíveis, óleos lubrificantes e
água para uso humano e das suas máquinas de reserva.
E
Embarcação Construção feita em materiais apropriados de modo a
flutuar e que se destinada a transportar pessoas e cargas
em meio aquático.
Empuxo Força resultante da ação da pressão sobre a superfície
imersa do casco.
Escada
de quebra-peito São escadas penduradas a partir do local para onde dão
acesso, com degraus construídos em madeira ou metal
amarrados por cabos.
de portaló Dispositivo para embarque e desembarque a partir de
terra ou de outra embarcação, construído com duas
pequenas plataformas em cada uma das suas
extremidades.
vertical fixa Escadas dispostas verticalmente no costado, antepara,
num mastro, etc., construída com degraus em vergalhão
de aço e sem corrimão.
Escotilhas Aberturas geralmente retangulares, feitas no convés e
nas cobertas para a passagem de ar, luz, pessoal e
carga.
Escotilhão Pequena abertura no convés, menor que a escotilha,
usada para a passagem de pessoas.
Escovém Serve de passagem para a amarra e de alojamento para
a âncora do tipo patente.
Espias Cabos leves, flexíveis e resistentes à tensão, que
amarram a embarcação a um cais, outra embarcação ou
sistema flutuante. Podem ser de aço, nylon, fibras ou
mistas.
Espiral de projeto Representação gráfica do conjunto das relações das
F
Ferro O mesmo que âncora. A bordo, as âncoras são
geralmente denominadas de ferro.
Flutuabilidade Capacidade de permanecer na superfície d'água, mesmo
com carga completa. Reserva de flutuabilidade é o
volume da parte estanque da embarcação (ou que pode
ser tornada estanque), acima da superfície da água. Na
maioria dos casos, é o volume compreendido entre a
zona de flutuação e o convés principal, mas em algumas
embarcações também pode considerar as
superestruturas, como castelo de proa e tombadilho,
desde que estanques. A reserva de flutuabilidade é
exprimida como uma percentagem do volume deslocado
pela embarcação. Desta forma, só haverá imersão
completa da embarcação, quando esta for
sobrecarregada com uma carga equivalente ao peso de
água necessária para preencher o volume definido como
a reserva de flutuabilidade.
Flutuação Ato ou efeito de flutuar.
Fundear Manter a posição por conta de amarra(s) e âncora(s). O
mesmo que ancorar.
G
Gaiúta Armação construída em madeira ou metal, com que se
cobrem as escotilhas destinadas à entrada de ar e luz no
interior da embarcação.
GPS Sistema de navegação que utiliza sinais emitidos por
satélites geo-estacionários. Equipamento com dimensões
bastante reduzidas, que fornece leituras instantâneas de
posição, com considerável precisão.
H
Hastilha Estrutura na forma de chapa disposta verticalmente e
solidária ao fundo da embarcação, estendendo-se da
quilha ao bojo.
J
Jazente Chapas fortes, cantoneiras ou estruturas de fundição,
sobre as quais se assenta qualquer máquina, peça ou
aparelho auxiliar da embarcação.
L
Lastrar Admitir peso para aumentar a estabilidade da
embarcação ou trazê-la à posição de flutuação direita,
melhorando suas condições de operação, ou garantindo
sua integridade.
Lastro Carga, em geral líquida, que se admite nos porões de
maneira a conferir estabilidade, melhorar a condição de
navegabilidade ou garantir a integridade estrutural da
embarcação. Uma situação comumente verificada em
navios que saem leves de portos, é usarem lastro a fim
de se tornarem mais pesados e, com isso, melhorarem os
aspectos citados.
Leme Aparelho destinado ao governo da embarcação. O leme é
constituído, no mínimo, pelas seguintes partes: madre,
cabeça e porta do leme.
Linha de base Intersecção do plano da base com qualquer um dos
planos de alto ou baliza.
Linha de centro Intersecção do plano diametral com qualquer um dos
planos d’água ou de baliza.
Linhas
d’água São as intersecções do casco com planos horizontais.
Aparecem em verdadeira grandeza no plano de linhas
d'água e são usualmente denominadas de acordo com a
sua altura em relação ao plano da base. Podem ser
pintadas no casco da embarcação, de proa à popa.
de alto São as intersecções do casco com planos verticais
longitudinais, ou planos de alto. Elas aparecem em
verdadeira grandeza no plano de linhas do alto e são
denominadas de acordo com seu afastamento do plano
diametral.
de baliza Intersecções do casco com planos verticais transversais.
Analogamente, aparecem em verdadeira grandeza no
M
Malhete Elemento central de reforço dos elos de uma amarra.
Mastreação Ato ou efeito de mastrear. O conjunto de mastros, vergas
e antenas de uma embarcação. Nos navios de propulsão
mecânica, os mastros têm diversas funções, servindo de
suporte para: adriças e vergas de sinais, antenas de
radar, paus de carga nos navios de carga, instrumentos
de controle e postos de observação.
Mastro Peça de madeira ou metal, em geral com seção circular,
colocada no plano diametral, em direção vertical ou um
pouco inclinada para a ré. Serve para que nele sejam
envergadas as velas (nos navios de propulsão à vela) ou
para agüentar as vergas, antenas, paus de carga, luzes
indicadoras de posição ou de marcha, além de diversos
outros acessórios (nos navios de propulsão a motor).
Meia nau Região na porção média da embarcação. Não define uma
posição específica da embarcação, assim como os
termos proa e popa.
Milha náutica É o comprimento do arco de 01 (um) minuto do perímetro
médio do globo terrestre. Equivale a 1.853,55 metros.
Mordente Aparelho fixo ao convés e disposto na linha de trabalho
da amarra, entre o cabrestante e o escovém. Tem como
finalidade agüentar ou sustentar a amarra.
N
Nau Expressões antigas para embarcação.
Naufragar No caso da embarcação, ir a pique, se perder. Em se
tratando da tripulação e passageiros, sofrer um naufrágio
O
Obras
mortas Parte emersa do casco, ou seja, acima do plano de
flutuação em plena carga.
vivas Parte imersa do casco, ou seja, abaixo do plano de
flutuação em plena carga.
P
Paiol Compartimento onde são guardados mantimentos,
materiais sobressalentes, de consumo, etc.
da amarra Compartimento na proa, contíguo à antepara de colisão,
para a colocação, por gravidade, das amarras das
âncoras.
Pé de carneiro Colunas que suportam os vaus para aumentar a rigidez
da estrutura.
Perpendicular
de vante É a vertical que passa pela intersecção da linha d'água de
projeto com o contorno (perfil) da roda de proa.
de ré É a vertical que passa pela intersecção da linha d'água de
projeto com o contorno (perfil) da popa.
Plano
de base Plano Horizontal tangente à parte inferior da superfície
moldada. É a origem de todas as distâncias verticais,
de linhas Representação da forma e dimensões do casco através
Q
Quilha Peça disposta em todo o comprimento do casco no plano
diametral e na parte mais baixa do navio: constitui a
"espinha dorsal", sendo a parte mais importante do
cavername, ou seja, a que suporta os maiores esforços.
R
Roda
de proa Peça robusta que, em prolongamento da quilha, na
direção vertical ou quase vertical, forma o extremo do
navio a vante.
S
Salvategem Operação de abandono de uma embarcação ou resgate
de sobreviventes.
Seção
a meia nau Seção transversal do casco tirada a meio comprimento
entre as perpendiculares de vante e de ré.
mestra Chama-se seção mestra a maior das seções transversais
de um casco. A seção mestra se situa coincidentemente
com a seção a meia nau, ou muito próximo desta, na
maioria dos navios modernos, qualquer que seja o tipo.
Em muitos navios modernos, e particularmente nos
navios mercantes de carga, parte do comprimento na
região central do casco é constituída por seções iguais à
seção mestra, quer para vante, quer para ré da seção a
meia-nau ou seção mestra. Neste caso, diz-se que o
navio tem formas cheias. Por outro lado, nos navios que
têm formas finas, as formas das seções transversais
variam muito em todo o comprimento do navio, a vante e
a ré da seção mestra.
transversal Chama-se seção transversal qualquer seção que seja
determinada por um plano transversal.
Sicordas Peças colocadas de proa à popa no convés ou na
coberta, ligando os vaus entre si.
Superestrutura Construção feita sobre o convés principal. Ver convés.
T
Timão O mesmo que roda de leme.
Tombadilho Superestrutura na parte extrema da popa, acompanhada
de elevação da borda.
Trincaniz Fiada de chapas mais próximas aos costados, ligam os
vaus entre si e às cavernas.
Turco Equipamento usado para o lançamento de embarcações
auxiliares ou de salvatagem.
V
Vau Vigas colocadas de bordo a bordo em cada caverna,
servindo para sustentar o chapeamento dos conveses e
das cobertas.
Vigia Abertura no costado ou na antepara de uma
superestrutura, de forma circular, para dar luz e
ventilação a um compartimento.
Z
Zona de flutuação É a parte das obras vivas compreendida entre a linha de
flutuação da embarcação carregada e a linha de flutuação
da embarcação leve. O deslocamento da zona de
flutuação define, em peso, a capacidade total de carga do
navio.