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1ª edição
Belém-PA
2010
© 2010 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas
____________ exemplares
o
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n 1825, de 20 de dezembro de 1907
IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 7
3
4.6 Êmbolo, anéis de segmento de compressão e de raspa de óleo, pino do êmbolo,
conectora e eixo de manivelas ...................................................................................... 32
4.7 Base, haste do êmbolo e cruzeta ............................................................................ 38
7 SISTEMA DE COMBUSTÍVEL................................................................................... 71
7.1 Importância do tratamento do óleo combustível pesado desde os tanques de
armazenamento até o tanque de serviço ...................................................................... 71
7.2 Esquema de um sistema moderno de tratamento de óleo combustível pesado...... 72
7.3 Esquema de um sistema de injeção ........................................................................ 74
4
7.4 Finalidade de cada componente do sistema de injeção .......................................... 74
7.5 Princípio de funcionamento de uma bomba injetora................................................ 75
7.6 Montagem de uma bomba injetora .......................................................................... 79
7.7 Desmontagem de uma bomba injetora .................................................................... 80
7.8 Procedimento para “isolar” uma bomba injetora ...................................................... 81
7.9 Finalidade da pulverização do combustível ............................................................. 81
7.10 Identificação dos componentes de uma válvula de injeção ................................... 82
7.11 Funcionamento de uma válvula de injeção de combustível................................... 83
7.12 Cálculo da velocidade de injeção .......................................................................... 83
7.13 Montagem e teste de uma válvula de injeção de combustível............................... 84
7.14 Desmontagem de uma válvula de injeção de combustível. ................................... 85
7.15 Prática da operação de escorva ou desaeração do sistema de injeção de
combustível ................................................................................................................... 86
7.16 Funcionamento do sistema VIT. ............................................................................ 86
7.17 Funcionamento de um sistema de injeção eletrônica para motores diesel............ 90
5
9.7 Cálculo da diferença entre as quantidades de óleo e água para resfriamento de um
mesmo êmbolo ............................................................................................................ 121
6
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno
7
1 EVOLUÇÃO DAS MÁQUINAS DE COMBUSTÂO
8
máquina alternativa a vapor da história. Mas apesar de muito interessante para a
época, a máquina de Neucome era lenta e desenvolvia apenas 5HP.
A figura 1.1 dá uma boa idéia do seu princípio de funcionamento, que se resume
no seguinte: quando a válvula V da caldeira é aberta, o vapor é admitido no cilindro B
da máquina, por baixo do êmbolo P movimentando-o para cima. A válvula reguladora V
fecha e a válvula de injeção V´ é aberta rapidamente, permitindo uma injeção de água
fria no interior do cilindro da máquina, sendo que para isso uma bomba auxiliar enche o
reservatório C. O vapor condensado cria um vácuo parcial na parte inferior do cilindro
B abaixo do êmbolo P. O diferencial de pressão entre a atmosférica e a do volume do
cilindro abaixo do êmbolo P proporciona a descida do mesmo, realizando o curso de
força ou motriz, elevando o mecanismo de acionamento da bomba que é conectado à
extremidade F do balancim. O vapor novamente admitido empurra o condensado para
baixo abrindo a válvula V´´ para a atmosfera. Então o peso do mecanismo da bomba
faz o balancim retornar à sua posição inicial enviando a descarga da bomba para fora
da mina, numa frequência de doze vezes por minuto. Entretanto, o custo operacional
da máquina de Newcome era demasiado alto, pelo fato de que o cilindro precisava de
injeção de água fria para condensar o vapor e criar o vácuo, o que esfriava
demasiadamente o cilindro. Evidentemente isso acarretava um elevado consumo de
combustível para uma pequena potência, já que uma boa parte do calor do vapor era
utilizada para reaquecer o cilindro até o momento em que o vapor tornaria a enchê-lo.
Outro inconveniente da máquina é que ela trabalhava com movimentos bruscos do
êmbolo. As grandes perdas de calor da máquina de Newcome foram relacionadas às
superfícies enquanto o trabalho útil fora relacionado ao volume. Aumentou-se então o
tamanho do cilindro na tentativa de elevar sua eficiência. Assim esse motor funcionou
durante um bom tempo.
Em 1769, a pedido da “Glasgow University”, o engenheiro James Watt executou
varias improvisações na máquina de Newcome com o propósito de reduzir as grandes
perdas de calor que ocorriam na mesma. Na máquina alternativa de Watt a
condensação ocorria em um vaso separado conectado ao seu cilindro por meio de um
tubo. Quando a válvula do tubo abria, o vácuo no condensador esvaziava a parte
inferior do cilindro abaixo do êmbolo. E foi diminuindo o resfriamento do cilindro que
James Watt aperfeiçoou o projeto de Newcome, reduzindo substancialmente o
consumo de combustível. Isso o levou a desenvolver mais tarde o projeto da máquina
alternativa a vapor com cursos de potência realizados em ambas as faces do êmbolo,
criando assim a máquina de duplo efeito que transmitia potência a um eixo e uma roda.
O projeto de James Watt, introduzido no ano de 1769, não eliminou de todo a máquina
de Newcome. Watt defendeu acirradamente a sua patente e acabou levando as
vantagens e desfrutando do recebimento dos “royalties” decorrentes da sua invenção.
E foi assim que a máquina de Newcome e o seu próprio inventor acabaram caindo no
esquecimento.
O desenvolvimento da máquina a vapor praticamente deu origem à época que
ficou conhecida como a da revolução industrial. A figura 1.2 mostra uma máquina
alternativa a vapor e seu sistema de reaproveitamento da água de alimentação da
9
caldeira. Observa-se que o vapor d’água produzido na caldeira é enviado para acionar
a máquina alternativa. Após trabalhar na mesma é recolhido num condensador onde
retorna ao estado líquido, sendo reenviado à caldeira por meio da bomba de
alimentação do tipo alternativa, que é também acionada pelo próprio vapor gerado na
caldeira.
10
Figura 1.3 – Turbina a gás usada na aviação.
Disponível em HTTP://en.wikipedia.org/wiki/file: Jet_engine. svg. Acesso em maio/2010.
11
1.3 Motor de inflamação por centelha
Não se pode contestar o papel de relevante importância que a máquina
alternativa a vapor desempenhou na história do desenvolvimento industrial e social em
todo o mundo. Mas apesar dos enormes benefícios trazidos pela máquina alternativa a
vapor, o homem continuou buscando outras formas de obter trabalho mecânico.
Foi o Francês Beau de Rochas que desenvolveu teoricamente o funcionamento
de um motor de quatro tempos que utilizava a compressão dos gases combustíveis no
interior de um cilindro. Apesar de não ter construído esse motor, o ciclo proposto pelo
francês foi um grande salto no desenvolvimento dos motores.
Coube ao alemão Nikolaus August Otto, no ano de 1876, dar forma a um
motor de explosão de 4 tempos, confirmando a hipótese de Beau de Rochas de que a
fase de compressão seria responsável pelo aumento da potência do motor.
No engenho de Otto uma mistura de ar e combustível é aspirada por um êmbolo
dentro de um cilindro, sendo esta em seguida comprimida e inflamada por uma
centellha elétrica, sendo a força dos gases em expansão utilizada para acionar um
êmbolo que por meio de um mecanismo apropriado transforma o seu movimento
alternado em circular num eixo de manivelas em cuja extremidade é instalado um
volante, para em seguida descarregar os gases na atmosfera. A patente do motor Otto
ocorreu posteriormente à idealização do ciclo desenvolvido por Beau de Rochas. Não
obstante, muitos autores afirmam que Otto desconhecia os trabalhos do cientista
francês. Surgia assim, um motor que, pelo menos em aplicações de baixa potência,
seria um concorrente da máquina alternativa a vapor de James Watt. Diga-se de
passagem que hoje o motor Otto é fartamente aplicado na indústria, especialmente na
área automotiva. A figura 1.4 mostra um motor Otto original de 1870.
12
O vapor d’água produzido na caldeira sempre foi o fluido ativo utilizado para
acionar turbinas. A turbina a vapor é uma máquina exotérmica de circuito fechado, na
qual o vapor de água produzido numa caldeira é lançado a grande pressão e
velocidade sobre umas rodas de palhetas fixas e móveis, onde se expande e condensa
em um vaso separado antes de ser reenviado em estado líquido para a caldeira. Os
estágios através dos quais se expande o vapor podem ser de ação, onde a pressão à
entrada e à saída das pás é constante, ou de reação, onde a pressão à saída é inferior
à da entrada. Normalmente combinam-se um ou mais estágios de ação e diversos de
reação. A figura 1.5 mostra uma turbina a vapor de De Laval.
A turbina a vapor apresenta um
rendimento mais elevado que as turbinas a
gás, mas a relação peso/potência é muito
desfavorável, pelo que só se aplicam a
instalações fixas, geralmente como grupo
gerador nas centrais térmicas e como grupo
propulsor nos grandes navios. Caracteriza-
se, além disso, por ter um excelente
sincronismo e uma grande simplicidade de
estrutura. Nas décadas de 60, 70 e 80 o
Figura 1.5 – A turbina a vapor de De Laval. Brasil possuía muitos navios de grande porte
Disponível em propelidos por turbinas a vapor. Entretanto,
http://www.google.com.br/imgres?q=turbina+a+ relativamente à aplicação naval elas
vapor+de+De+Laval&um. Acesso em acabaram sendo suplantadas pelo motor
maio/2010. diesel, que ao longo dos anos passou por
mudanças tão expressivas que acabou
desbancando por completo a aplicação da
turbina a vapor em unidades mercantes.
13
1.4 Motor de inflamação por compressão de Rudolph Diesel
Na tentativa de aumentar a eficiência das máquinas de combustão que
operavam na época, um engenheiro alemão chamado Rudolph Diesel patenteou, em
1892, um motor de maior rendimento que todos os até então existentes. Seu invento é
conhecido como motor de inflamação por compressão ou, simplesmente, motor
diesel, em homenagem ao seu inventor. Por se constituir no principal objeto de estudo
desta disciplina, será enfocado com mais detalhes ao longo deste trabalho.
Assim como o Otto, o motor de Rudolph Diesel é também uma máquina
alternativa de combustão interna, com a diferença de que não necessita de centelha
para a queima do combustível, uma vez que a mesma é conseguida pela alta
temperatura do ar fortemente comprimido no cilindro.
Não foi preciso muito tempo para que os motores otto e diesel tornassem
obsoletas aquelas “poderosas” máquinas alternativas a vapor, que tanto contribuíram
para a chamada Revolução Industrial no início do século XVIII. Todavia, por um bom
período, o motor diesel aplicado na propulsão marítima dividiu espaço com a turbina a
vapor.
A figura 1.6 mostra um dos primeiros motores diesel da história.
14
Os motores diesel de 2 e de 4 tempos são amplamente empregados a bordo dos
navios mercantes. Os de dois são mais empregados na propulsão dos navios de médio
e de grande porte, enquanto os de 4 tempos são mais utilizados no acionamento das
máquinas auxiliares dos referidos navios . Entre essas máquinas auxiliares encontram-
se os geradores principais, o gerador de emergência, a bomba de emergência para
combate a incêndio, o compressor de ar de emergência e outros. Contudo, em navios
de pequeno porte como os empurradores e rebocadores, tais motores são os únicos
que se fazem presentes a bordo, tanto como propulsores quanto auxiliares.
O motor diesel de dois tempos é ideal para aplicações em sistemas de propulsão
de grande porte, por causa de inúmeras vantagens sobre os de 4 tempos. Entre outras,
destacam-se as seguintes:
• apresentam um rendimento total maior do que o de 2 tempos;
• considerando-se as mesmas dimensões, desenvolvem cerca de ¾ da
potência dos de 2 tempos, ocupando por isso menor espaço a bordo; e
• são motores de baixa rotação e, consequentemente, dispensam o uso de
redutores.
As vantagens acima não desbancam, entretanto, a aplicação dos motores diesel
de 4 tempos em serviços onde a velocidade se constitui um bom atrativo. É o caso do
acionamento de geradores, compressores de ar, bombas de incêndio, etc.
Em termos de aplicação naval, os motores diesel nem se comparam com os do
ciclo Otto. Em desfavor desses últimos são: de baixo rendimento, de alta velocidade, e
queimam combustível mais caro e mais perigoso para se armazenar a bordo.
Em comparação com a turbina a vapor, o motor diesel apresenta maior
rendimento, menor espaço ocupado e baixa rotação, não exigindo, portanto,
engrenagens redutoras. Além dessas vantagens, o motor diesel pode ser reversível, ou
seja, dependendo do projeto pode ter seu eixo de manivelas girando em ambos os
sentidos, o que não acontece com a turbina a vapor. Por esse motivo, todos os
sistemas de propulsão por turbina a vapor necessitam de uma turbina especial,
denominada turbina de marcha atrás, para viabilizar a inversão do sentido de rotação
do eixo propulsor do navio.
Essas vantagens do motor diesel sobre a turbina a vapor se assemelham
bastante às que a máquina de Rudolph Diesel apresenta sobre a turbina a gás. Por
essas razões, o motor diesel encontra-se presente na quase totalidade dos navios
mercantes.
15
2 CICLOS OPERATIVOS DOS MOTORES OTTO E DIESEL
16
O PMS, ou ponto morto superior, é a posição extrema que o êmbolo
alcança no interior do cilindro mais próxima do cabeçote. Por sua
vez, o PMI, ou ponto morto inferior, é a posição extrema que o
êmbolo alcança no interior do cilindro, mais afastada da tampa ou
cabeçote do cilindro. Por outro lado, o caminho que o êmbolo
percorre entre esses dois pontos mortos denomina-se curso do
êmbolo.
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• Descarga → um pouco antes de o êmbolo atingir o PMI, a válvula de descarga
abre e, por efeito da pressão nos gases, uma boa parte dele é evacuada
espontaneamente. Finalmente, com o deslocamento do êmbolo do PMI para o PMS, os
gases restantes são descarregados para a atmosfera.
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2.3 Princípio de funcionamento do motor Diesel de 4 tempos
A figura 2.3 mostra os quatro cursos do ciclo que são: aspiração, compressão,
expansão e descarga, sendo que entre o de compressão e o de expansão ocorre a
injeção e queima do combustível misturado com o ar. Vejamos então a descrição
completa do ciclo.
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2.4 Princípio de funcionamento do motor Diesel de 2 tempos
Em todos os motores diesel de 2 tempos, o ar é previamente comprimido antes
de ser admitido no cilindro. Vários são os métodos utilizados para elevar a pressão
desse ar de alimentação. Entretanto, o método mais moderno e eficaz é o que utiliza
uma unidade turbocompressora, que será estudada mais adiante.
Do ponto de vista construtivo, os motores diesel de dois tempos podem se
apresentar com janelas de admissão e janelas de descarga, ou com janelas de
admissão e válvula de descarga na cabeça. O primeiro deles, apesar de estar caindo
em desuso, ainda é bastante encontrado nos navios mercantes mais antigos. Por isso
mesmo, vejamos o seu princípio de funcionamento atentando para as figuras 2.4 A, B e
C.
Como indica a figura 2.4 A, deslocando-se do PMI para o PMS o êmbolo cobre
primeiramente as janelas de admissão (figura 2.4 B), interrompendo o suprimento de ar
para o cilindro. Entretanto, continua saindo ar pelas janelas de descarga, que ainda se
encontram abertas como indica a figura 2.4 C.
Figura 2.4 – Ciclo operativo do motor diesel de 2 tempos com janelas de descarga.
Fonte: DPC. Noções Gerais de Máquinas. EACF. Rio de Janeiro, RJ: 2008.
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Atentando agora para a figura 2.5 A, B e C, vejamos o ciclo diesel de dois
tempos realizado por um motor dotado de janelas de admissão e válvula de descarga
na cabeça.
Com o êmbolo no seu PMI e com as janelas de admissão e a válvula de
descarga abertas, (figura 2.5 A), o ar sob pressão é admitido no cilindro realizando a
lavagem e a carga.
Figura 2.5 – Fases do ciclo operativo do motor de 2 tempos com válvula de descarga na cabeça.
Fonte: adaptado de Seagull - Computer Training Module – Norway.
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3 TERMOS TÉCNICOS ESPECIAIS
π D2
V1 = C
4
Eliminando-se o numerador,
2
V 1 = 0 . 7854 D C
onde:
Figura 3.1 – Representação da cilindrada unitária. V1= cilindrada unitária;
Fonte: DPC-CAD APMQ. Máquina de Combustão π = constante 3.1416;
interna- Módulo VI. Rio de Janeiro, RJ 2001. D = diâmetro do cilindro; e
L = curso do êmbolo.
Exercício resolvido.
Calcule, em cm3, a cilindrada unitária de um motor cujo diâmetro do cilindro é igual a
250 mm, sabendo que o curso do êmbolo é igual a 400 mm.
Solução:
V1= 0.7854. D.L
V1=0.7854 x 25 x 40
V1= 785,4 cm3.
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3.2 Cilindrada total
Se acrescentarmos à fórmula anterior um número “n” de cilindros do motor,
teremos o que chamamos de cilindrada total ou, simplesmente, “cilindrada”, que
será representada pela letra “V”. E nesse caso,
V = 0,7854.D 2 .C.n
Exercício resolvido.
Calcule, em cm3, a cilindrada total de um motor diesel de 6 cilindros, sabendo que:
a) diâmetro do cilindro............ D = 100 mm;
b) curso do êmbolo ................ L = 150 mm;
c) número de cilindros............ n = 6.
Solução:
V= 0.7854 x D2 x L x n
V = 0, 7854 x 102 x 15 x 6
V= 7068,6 cm3.
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Como as referidas faces costumam apresentar concavidades e/ou
convexidades, a expressão mais coerente é a que utiliza a taxa de compressão do
motor. Nesse caso,
V1
V 2 =
Tc − 1
Onde:
V2 = volume do espaço morto ou câmara de combustão;
V1= cilindrada unitária; e
TSE = taxa de compressão.
Exercício resolvido
Determine o volume do espaço morto ou câmara de combustão de um motor diesel que
apresenta os seguintes dados técnicos:
a) cilindrada unitária = 520 cm3;
b) taxa de compressão = 13:1
Solução:
V1
V2 =
Tc − 1
520
V2 =
15 − 1
V2 = 37, 142 cm3 .
24
3.5 Taxa de compressão
É o número de vezes que o volume
total do cilindro é reduzido até o volume
final (volume do espaço morto). Em outras
palavras, é o número de vezes que o
volume final V2 cabe no volume total Vt .
Na figura 3.4 a taxa de compressão Tc=
10:1.
A taxa de compressão, também
conhecida como relação volumétrica,
relação de compressão ou grau de
compressão, pode ser expressa pelas
Figura 3.4 - Representação da taxa de compressão
seguintes equações:
Fonte: DPC-CAD APMQ. Máquina de Combustão
interna- Módulo VI. Rio de Janeiro, RJ 2001.
V1 + V 2
Vt
Tc = Tc =
V2 V2
Onde:
Tc= taxa de compressão
V1= cilindrada unitária
V2= volume do espaço morto
Vt= volume total
Exercício resolvido.
Qual será a taxa de compressão do motor a explosão de 4 cilindros de um carro
popular que tem uma cilindrada de 1000 cm3, sabendo-se, que o volume da câmara de
combustão é igual a 27,77 cm3?
Solução:
V1 = 1000 / 4
V1 = 250 cm3
Vt = V1 + V2
Vt = 250 + 27,77
Vt = 277,77
25
Tc = Vt / V2
Tc = 277,7 / 27,77
Tc = 10
Resposta: Tc =10:1.
C
R=
2
Onde:
R= raio da manivela; e
C= curso do êmbolo.
Exercício resolvido.
Sabendo que o curso do êmbolo de um motor de grande porte é igual a 2200 mm, qual
o valor do raio da manivela?
Solução:
2200
R=
2
R = 1100 mm.
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interesse neste curso. Entretanto, os manuais dos fabricantes costumam utilizar o
termo técnico velocidade média do êmbolo, que é definido como a média das várias
velocidades que o êmbolo desenvolve no interior do cilindro durante uma rotação do
eixo de manivelas; ou seja, durante dois cursos do êmbolo. A expressão matemática da
velocidade média do êmbolo é a seguinte:
2C N
Vm =
60
Onde:
Vm = velocidade média do êmbolo em m/s;
2 = número de cursos que o êmbolo realiza em uma rotação do eixo de manivelas;
L = curso do êmbolo (em metro); e
60 = número de segundos existentes em 1 minuto.
Exercício resolvido.
O curso do êmbolo de um motor propulsor de um navio de pequeno porte é igual a 500
mm. Se ele funcionar a 1100 rpm, qual será a velocidade média do êmbolo em m/s ?
Solução:
2C N
Vm =
60
2 x 0.5 x 1100
Vm =
60
Vm = 18, 333 m / s.
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4 PRINCIPAIS PEÇAS DOS MOTORES DE COMBUSTÃO
4.2 Características das principais peças fixas e móveis dos motores alternativos
de combustão
As principais peças fixas do motor são: o bloco, os mancais fixos o cárter e o cabeçote.
Por outro lado, as principais móveis são: o êmbolo, o pino do êmbolo, a conectora, o
28
eixo de manivelas e o volante. As finalidades e as características de cada uma dessas
peças serão estudadas no item a seguir:
29
Os mancais fixos são formados por
duas metades denominadas casquilhos
ou bronzinas, com diferentes metais
dispostos em camadas como pode ser
observado na figura 4.3.
4.3.3 Cabeçote
Também chamado de tampa,
cabeça, ou culatra, é a peça que fecha o
cilindro e que, juntamente com a face
superior do êmbolo, forma a câmara de
combustão. O cabeçote é fixado ao bloco
por meio de estojos ou parafusos e
Figura 4.4 – Cabeçote e junta de um motor de pequeno porcas, mediante a inserção de uma junta
porte de vedação. A figura 4.4 mostra o
Fonte: DPC. Sistemas de Máquinas I. CEFAQ F. Rio de cabeçote de um motor de pequeno porte
Janeiro RJ. 2001. de 4 cilindros com sua respectiva junta.
30
4.3.4 Cárter
O cárter, mostrado na figura 4.5, é
um depósito com a forma aproximada de
uma banheira, destinado a armazenar o
óleo lubrificante do motor. É aparafusado
à parte inferior do bloco, mediante a
inserção de uma junta de material macio
como cortiça, ou papelão. Nos motores de
pequeno porte, o cárter é normalmente
confeccionado em liga de alumínio; nos Figura 4.5 – Cárter com vareta de sondagem.
de médio e grande porte, costuma ser Fonte: DPC. Máquinas de Propulsão. Marítimo. Rio de
fabricado em aço fundido ou forjado. Janeiro. RJ. 2001.
31
Todas as camisas molhadas são dotadas de ranhuras ou canaletas
externas para alojamento dos anéis de vedação de borracha.
32
4.6 Êmbolo, anéis de segmento de compressão e de raspa de óleo, pino do
êmbolo, conectora e eixo de manivelas
33
4.6.1 Êmbolo
O êmbolo é a peça do motor que
se desloca alternativamente no interior do
cilindro, recebendo diretamente o impulso
dos gases da combustão. É durante o seu
movimento alternado que se verifica a
transformação da energia térmica da
queima do combustível em energia
mecânica transmitida ao eixo de
manivelas pela conectora. Figura 4.10- Êmbolo e suas partes.
Fonte: DPC. Máquinas de Propulsão. Marítimo. Rio de
Janeiro. RJ. 2001.
34
4.6.3 Pino do êmbolo
Como dito anteriormente, nos
motores de pequeno e médio porte
o êmbolo articula diretamente em
uma das extremidades da
conectora, por meio do pino do
êmbolo.
O pino do êmbolo,
representado na figura 4.11, precisa
ser bastante resistente para
suportar os impactos que sofre,
principalmente ao transmitir a força
dos gases da combustão sobre o Figura 4.11 – Conjunto formado por êmbolo/pino do êmbolo,
êmbolo para o eixo de manivelas, freno e anéis de segmento.
através da conectora. É comum sua Fonte: DPC. Máquinas de Propulsão. Marítimo. Rio de Janeiro.
RJ. 2001.
fabricação em aço ao cromo
cementado.
Instalado no êmbolo, o pino não se desloca axialmente por causa da ação dos
frenos ou reténs, os quais encaixam sob tensão nas canaletas apropriadas existentes
no furo de alojamento do pino do êmbolo. Naturalmente, para que isso seja possível, o
comprimento do pino é ligeiramente menor do que o diâmetro do êmbolo. Dependendo
do motor, a articulação do pino do êmbolo na conectora pode variar, mas o modo mais
encontrado é aquele em que o pino fica preso ao êmbolo e o mancal da conectora
articula livremente nele.
Não há pino do êmbolo no motor diesel de grande porte; o que existe é o pino da
cruzeta, conforme veremos mais adiante.
4.6.4 Conectora
Também denominada de biela, é a peça do motor cuja função é transmitir o
movimento do êmbolo ao eixo de manivelas imprimindo-lhe um movimento rotativo. É
normalmente construída em aço forjado.
Costuma-se dividir a conectora em três partes: pé, corpo e cabeça. O pé da
conectora é a parte onde é instalado o mancal tipo bucha, destinado a receber o pino
do êmbolo; o corpo vem logo em seguida, e a cabeça é a parte onde fica o mancal
bipartido que articula no eixo de manivelas. A figura 4.12 mostra uma conectora
instalada em um êmbolo.
É comum as conectoras apresentarem um canal interno comunicando o mancal
bipartido com o inteiriço tipo bucha, destinado à circulação do óleo lubrificante do
mancal bipartido para o inteiriço tipo bucha.
35
O mancal do pé da conectora é
inteiriço, sendo a bucha normalmente
confeccionada em bronze. O mancal da
cabeça é formado por duas metades
semicirculares, alojando as bronzinas que
são construídas em aço e revestidas com
metal macio nas partes que entram em
contato com o eixo de manivelas.
O eixo de manivelas trabalha apoiado nos mancais fixos, os quais são dotados
de casquilhos substituíveis, construídos da mesma forma que os dos mancais móveis
das cabeças das conectoras ou bielas. Esses casquilhos, também chamados de
bronzinas, são lubrificados sob pressão. Conforme indicado na figura, as partes do eixo
de manivelas são:
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• engrenagem ou pinhão → instalada na extremidade do eixo de manivelas,
destina-se a transmitir seu movimento ao eixo de cames, normalmente por meio de um
trem de engrenagens, ou rodas dentadas e correntes;
• contrapesos → prolongamentos dos braços de manivela que servem para dar
suavidade ao movimento do eixo;
• braços de manivela ou cambotas → partes do eixo que ligam os pinos fixos e
móveis;
• munhões → partes do eixo que trabalham nos mancais fixos;
• canais de lubrificação → canais abertos no eixo para permitir o fluxo do óleo
lubrificante dos mancais fixos para os móveis;
• curvas de reforço → partes curvas nas junções dos munhões e moentes com
as cambotas;
• moentes → partes do eixo onde articulam os mancais das cabeças das
conectoras; e
• flange → extremidade do eixo em forma de disco onde é fixado o volante.
4.6.6 Volante
É um disco pesado fixado em
uma das extremidades do eixo de
manivelas. Sua finalidade é
armazenar parte da energia mecânica
produzida no motor durante o curso
útil (expansão), para vencer a
resistência dos tempos não motrizes,
principalmente o de compressão e de
alguns componentes acionados pelo
próprio motor. Como bombas
injetoras, válvulas de admissão e de Figura 4.14 – Volante e parte do um eixo de manivelas.
descarga, etc. É normalmente uma Fonte: DPC. Máquinas de Propulsão. Marítimo. Rio de
peça inteiriça nos motores pequenos, Janeiro. RJ. 2001.
podendo ser construído em duas
metades nos de maior porte. Sua
fixação numa das extremidades do
eixo de manivelas é feita
normalmente por meio de chaveta e
parafuso (s). O volante, mostrado
juntamente com parte do eixo de
manivelas na figura 4.14, pode
possuir ou não uma coroa dentada
denominada cremalheira do volante.
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Nos motores de pequeno porte, a cremalheira do volante serve para
permitir o engranzamento do pinhão do motor de arranque. Já nos
de médio e grande porte, com partida por injeção de ar comprimido
nos cilindros, serve para permitir o engranzamento do pinhão do
mecanismo da catraca.
4.7.1 Base
A base é a peça do motor de grande porte que serve de berço para o eixo de
manivelas, possuindo para tal os recessos apropriados para receber os casquilhos dos
mancais de sustentação do mesmo. Consiste de duas vigas longitudinais que se
estendem ao longo de todo o comprimento do motor, sendo-lhes ligadas as vigas
transversais que são posicionadas para sustentar cada trecho do eixo de manivelas.
Deve ser suficientemente rígida para suportar todo o peso do resto do motor e manter
alinhado o eixo de manivelas, o qual assenta-se nos mancais fixos instalados nos
recessos apropriados para recebê-los. Ao mesmo tempo, a base deve ser
suficientemente flexível para interagir com os jazentes onde ela é assentada e que
fazem parte da estrutura do navio. Como o casco do navio flexiona, se ela fosse muito
rígida, os parafusos de fixação que seguram o motor ao navio provavelmente
quebrariam, podendo levar a base à ruptura. A figura 4.15 mostra uma base de motor
marítimo de grande potência.
38
As principais funções da base do
motor são:
a) servir de plataforma para a
montagem das outras partes do motor;
b) prover um suporte rígido para
suportar os mancais e o eixo de
manivelas;
c) suportar as flutuações dos esforços
decorrentes da operação do motor e
transmitir a carga para o casco do navio; e
d) coletar o óleo lubrificante e retorná-lo
em seguida ao poceto, através de uma
grelha, para evitar que corpos estranhos
Figura 4.15 – Base de um motor de grande porte.
de consideráveis proporções passem para
Disponível em
HTTP:/www.marinediesels.info/2_stroke_engine_parts/
o mesmo.
crosshead.htm. Acesso em maio/2010.
39
d) peso da estrutura e das peças móveis;
e) reação ao torque vindo do hélice;
f) deflexões do casco devidas a cargas diferenciadas;
g) vibrações oriundas de variações de torque e de aplicação repentinas de carga; e
h) esforços térmicos devidos às mudanças das condições atmosféricas e de
temperatura do óleo lubrificante.
4.7.3 Cruzeta
Nos motores diesel de pequeno porte, a conectora articula diretamente no pino
do êmbolo; por isso mesmo, esse motores são classificados como tipo tronco. Neles,
os gases da combustão atuam sobre o êmbolo gerando uma força transversal que o
faz atritar fortemente nas paredes do cilindro. Durante o funcionamento do motor, a
direção dessa força muda de um lado para o outro. Como são motores de pouca
potência, esses esforços são toleráveis. Se algo assim ocorresse nos motores de
elevada potência, como os diesel de 2 tempos utilizados na propulsão dos grandes
navios mercantes, essas forças transversais seriam muito maiores e provocariam um
atrito excessivamente forte nos anéis de segmento, êmbolos e cilindros, diminuindo
sensivelmente o rendimento mecânico do motor.
40
Nos motores de grande
porte, entretanto, a conectora
não articula diretamente no
pino do êmbolo e sim no pino
de uma cruzeta. Daí serem
classificados como motores
tipo cruzeta. Como mostra a
figura 4.18, o êmbolo é fixado
a uma haste que por sua outra
extremidade é parafusada ao
pino da cruzeta, sendo que
neste articula o pé da
conectora.
Figura 4.18 – Cruzeta de um motor marítimo de grande porte.
Disponível em
HTTP:/www.marinediesels.info/2_stroke_engine_parts/crosshead.htm.
Acesso em maio/2010.
41
5 A DISTRIBUIÇÂO MOTORA E O SEU MECANISMO
42
Com base no exposto acima, pode-se definir distribuição motora como um
sistema capaz de garantir o correto momento do início e do termino dos períodos do
ciclo operativo do motor de que se trata.
Poder-se-ia, entretanto, pensar que o termo distribuição motora restringe-se
apenas à abertura e fechamento das válvulas de aspiração e de descarga e ao início
da injeção do combustível. Na realidade, o conceito de distribuição torna-se muito mais
amplo quando se trata, por exemplo, de um motor marítimo de grande porte, que além
de ser reversível, é normalmente dotado de um sistema de partida por injeção de ar
comprimido nos seus cilindros. Essas peculiaridades, entretanto, serão estudadas mais
adiante.
Por enquanto, faremos apenas um estudo básico da distribuição de um motor
diesel de 4 tempos, atentando para a figura 5.1.
43
5.2 Finalidade de cada componente do mecanismo de distribuição
São os seguintes os principais componentes de um mecanismo de distribuição
convencional empregado em motores de 4 tempos com suas respectivas finalidades:
• balancim - é uma peça que, articulando no eixo (11), fixo ao seu suporte, recebe
o movimento da vareta ou haste de acionamento e o transfere à válvula de admissão
ou de descarga. O balancim possui em uma de suas extremidades um parafuso com
porca para permitir o ajuste da folga entre a sua outra extremidade e o topo da haste
da válvula, quando a mesma encontra-se totalmente fechada. Essa folga visa prevenir
a válvula contra os efeitos da dilatação térmica causada pelo calor dos gases da
combustão. Se não houvesse essa folga, a dilatação linear da sua haste não deixaria
que ela fechasse completamente, chegando “inclusive” a impedir o funcionamento do
motor por falta de compressão suficiente. Atualmente, muitos motores de dois e de 4
tempos não possuem balancins para o acionamento das válvulas, sendo as mesmas
acionadas diretamente pelo eixo de cames, que no caso é instalado sobre o cabeçote
do motor (figura 5.2), ou por um sistema de comando hidráulico que será estudado em
seguida;
44
Figura 5.2 - Acionamento de válvulas feito diretamente pelo eixo de cames
Fonte: DPC. Sistemas de Máquinas I. CEFAQ F. Rio de Janeiro RJ. 2001.
45
Ainda com relação ao mecanismo
da distribuição, é importante destacar que
existem marcas de referência nas
engrenagens ou pinhões do mecanismo
de transmissão, para que durante a
montagem de um motor seja observada
rigorosamente a relação de posição entre
as mesmas. Se essa relação não for
observada, o motor ficará “fora de
ponto”, podendo funcionar muito mal ou,
algumas vezes, nem sequer entrar em
funcionamento.
Atente-se ainda para o fato de que
dificilmente aparecem apenas duas
Figura 5.3 – Acionamento mecânico de uma engrenagens no mecanismo de
válvula de descarga. distribuição. É comum aparecerem os
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna. chamados trens de engrenagens (mais
APMQ. Módulo 6. Rio de Janeiro. RJ. de duas).
46
5.4 Sistemas de transmissão por corrente, por correia e mista.
Já foi visto que a transmissão do movimento do eixo de manivelas ao eixo de
cames pode ser feita por engrenagens. Mas, além daquele, há os tipos por corrente,
por correia dentada e mista.
47
5.4.3 Sistema de transmissão mista (engrenagens + corrente)
48
5.5 Acionamento hidráulico das válvulas de descarga dos motores marítimos de
grande porte
Ao longo dos anos o motor diesel
vem passando por sucessivas
transformações tendo em vista a melhoria
do seu rendimento. Uma dessas
transformações, ocorrida há alguns anos,
foi a substituição do comando mecânico
pelo comando hidráulico de acionamento
de válvulas, que além de trazer maior
sensibilidade e precisão ao sistema,
reduziu sensivelmente o atrito e,
consequentemente, os custos com
combustível.
Como pode ser observado na
figura 5.9, a válvula de descarga opera
Figura 5.9 – Válvula de descarga para sistema de
comando hidráulico. dentro de uma caixa ou carcaça com
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna. espaços para a circulação da água de
APMQ. Módulo 6. Rio de Janeiro. RJ. 2001. resfriamento.
49
Figura 5.10 – Funcionamento da válvula de comando hidráulico.
Fonte: Christensen, Stanley G, Lamb´s Marine Diesel Engine, Eighth Edition.
Onde:
Ac = ângulo de calagem;
Nt = número de tempos; e
Nc = número de cilindros.
50
Por sua vez, a ordem de queima vem a ser a sequência com que as
combustões ocorrem nos cilindros do motor. Deve ser o mais salteada possível para
permitir uma boa distribuição de esforços ao longo do eixo de manivelas e contribuir
também com a remoção do excesso de calor das paredes dos cilindros. Por
convenção, a ordem de queima começa sempre do cilindro número 1. Assim, por
exemplo, podemos ter uma ordem de queima para um motor de 4 tempos com seis
cilindros em linha escrita da seguinte maneira: 1-5-3-6-2-4.
Solução:
n º de tempos x 180 º
Ac =
n º de cilindros
2 x 180º
Ac = = 180º
2
51
cilindro 2. Em outras palavras, enquanto o êmbolo do cilindro 1 estiver no PMS, no final
da compressão, o êmbolo do cilindro 2 estará no PMI, iniciando a compressão.
Logicamente a configuração do eixo só pode ser a mostrada em B.
4 x 180º
Ac = = 360º
2
OQ= 1-2
Solução:
n º de tempos x 180 º
Ac =
n º de cilindros
2 x 180º
Ac = = 120º
3
52
manivelas, é preferível posicionar a manivela do cilindro 3 a 120o da do cilindro 1 e a do
cilindro 2 a 120o da do cilindro 3. Isso resultaria na ordem de queima 1-3-2, que é bem
melhor do que a anterior. Logicamente, o traçado do eixo de manivelas também seria
modificado, como pode ser visto abaixo:
n º de tempos x 180 º
Ac =
n º de cilindros
4 x 180º
Ac = = 240º
3
53
5.8.5 Exercício resolvido:
Encontre o ângulo de calagem, a ordem de queima e a configuração mais
adequada para um motor de 4 tempos com 4 cilindros em linha.
Solução:
n º de tempos x 180 º
Ac =
n º de cilindros
4 x 180º
Ac = = 180º
4
Ordens de queima
possíveis para a disposição das manivelas mostrada acima:
OQ = 1-3-2-4
OQ = 1-4-2-3
Vejamos outra possibilidade de disposição das manivelas:
OQ = 1-2-3-4
OQ = 1-4-3-2
Vejamos agora se as manivelas fossem caladas como mostrado abaixo:
54
As possibilidades de ordens de queima seriam:
OQ = 1-2-4-3
OQ = 1-3-4-2
Obviamente dar-se-á preferência para a ordem 1-3-4-2, que, aliás, é a ordem de
queima mais encontrada nos motores de 4 tempos com 4 cilindros.
Pelo exposto até agora, podemos afirmar que qualquer que seja o número de
cilindros do motor:
Já vimos que a partir de 3 cilindros começa a haver uma certa flexibilidade com
relação ao posicionamento das manivelas.
55
n º de tempos x 180 º
Ac =
n º de cilindros
4 x 180º
Ac = = 180º
4
56
• Método 1.
Basta abrir as válvulas de prova (rubinetes) e girar o motor manualmente ou por meio
de um motor de partida e colocar o êmbolo do cilindro 1 no final da fase de
compressão. Isso é facilmente perceptível, pois com as válvulas abertas começará a
soprar o cilindro que estiver em compressão. Depois de se observar a compressão no
cilindro 1, continua-se o giro do motor e anota-se a sequência com que ocorrem as
demais compressões.
• Método 2.
Nesse método, basta observar a sequência com que ambas as válvulas de
aspiração e descarga de um mesmo cilindro fecham. Começando pelas do cilindro 1, é
só continuar o giro do motor e ir anotando a referida sequência.
• Método 3
Nos motores otto, essa ordem pode também ser determinada retirando-se as velas de
ignição e colocando em seus lugares um tampões de cortiça ou outro material
adequado e ir girando o motor, observando a sequência dos estampidos e anotando-se
a sequência a partir do cilindro 1.Esse método pode também ser aplicado em motores
diesel, retirando-se para tal os seus injetores.
• Método 4.
Utilizado em motores otto, basta retirar os cabos das velas, desatarraxá-las do
cabeçote e tornar a conectar os cabos nas mesmas fora dos cilindros, sem trocar as
posições das velas e dos cabos. Aí é só girar bem devagar o motor pela chave de
ignição e anotar os números dos cilindros na sequência com que as centelhas saltam
entre os eletrodos das mesmas. Obviamente devem-se manter os circuitos das velas
fechados com a massa do motor.
57
compressão. Por isso, o diagrama teórico da distribuição de um motor Diesel de 4
tempos toma a forma da figura 5.11.
5.10 Finalidades das cotas de avanços e atrasos (AAA, RFA, AAD e RFD)
Na prática as coisas não acontecem como descritas no item anterior. Para tornar
possível o funcionamento do motor com um rendimento satisfatório, tornam-se
indispensáveis as cotas de avanços e atrasos.
Para um melhor entendimento do que significam as cotas de avanços e
atrasos, na distribuição do motor, vejamos as suas respectivas definições.
58
• AAA – de acordo com a figura 5.12 A, o avanço à abertura da admissão é o
número de graus que falta para a manivela de um determinado cilindro atingir o seu
PMS, no instante em que a válvula de admissão inicia a sua abertura.
• RFA – de acordo com a figura 5.12 B, o retardamento ao fechamento da
admissão é o número de graus em que a manivela de um determinado cilindro se
encontra após o seu PMI, no instante em que a válvula de admissão termina o seu
fechamento.
59
Figura 5.13 A e B – Representação esquemática do AAD e do RFD.
60
5.11 Traçados dos diagramas práticos de distribuição dos motores diesel
5.11.1 Diagrama do motor diesel de 4 tempos
Como pode ser visto na figura 5.15, os avanços e atrasos fazem com que o
diagrama prático do motor diesel de 4 tempos assuma uma forma bastante
diferenciada da do diagrama teórico.
61
EXPANSÃO – sempre de olho no diagrama, observe que a fase de expansão começa
no PMS e termina alguns graus antes que a manivela chegue ao seu PMI. É o
chamado avanço à abertura da descarga (AAD). Logo, sua fórmula é a seguinte:
DESCARGA – ao olhar para o diagrama você logo percebe que a descarga é o maior
período do ciclo, porque além dos 180o, ainda conta com os graus do AAD e do RFD.
Assim, sua fórmula matemática é:
cv = AAA + RFD
É hora de você entender as razões dos avanços e atrasos. É bom você saber, desde
já, que as cotas de avanços e atrasos podem variar de motor para motor. Vejamos
então as principais razões de suas aplicações.
AAA - a válvula de admissão inicia sua abertura antes do êmbolo chegar ao PMS para
permitir um melhor enchimento do cilindro. Quanto mais ar fresco entrar no cilindro,
melhor será a queima. Essa questão de encher o máximo possível o cilindro é muito
importante, pois quanto maior for a carga de ar, maior potência o motor desenvolverá
por cilindrada.
RFA - para que a corrente de ar que entra no cilindro não se detenha, logo que o
êmbolo chegue ao PMI, adota-se o retardamento ao fechamento da admissão. Esse
atraso, juntamente com o avanço a que nos referimos se completam, em razão de uma
boa carga de ar no cilindro do motor.
62
dos gases, que já realizaram seu trabalho sobre o êmbolo, deixe o cilindro devido à
pressão ainda razoável reinante nos mesmos.
Com efeito, os combustíveis com alto ponto de ignição exigem mais tempo para
queimar, necessitando, pois, de um avanço maior. Com relação à velocidade,
dispondo-se de um determinado tempo para a queima, há necessidade de um avanço
maior, quanto maior for a velocidade do motor.
O diagrama da manivela, também conhecido como diagrama ou épura de distribuição
de um motor, pode apresentar diferentes formas. A menos usada, porém bastante
interessante, é a representada na figura 5.16. Observe que se trata do diagrama da
manivela de um motor diesel de 4 tempos. Como não poderia deixar de ser, o ciclo
inicia no ponto 1, que é o AAA, e termina no ponto 5, que é o RFD.
63
Para não ficarmos apenas com a idéia do
diagrama prático do motor diesel de 4
tempos, apresentamos na figura 5.17 o de
um motor de 2 tempos, dotado de janelas
de admissão e janelas de descarga, com
os seus respectivos períodos.
1. Expansão
2. Descarga
3. Lavagem e carga
4. Compressão
5. Injeção
A. (início da abertura da janela de admissão)
B. (término do fechamento da janela de admissão)
C. (início da abertura da janela de descarga)
D. (término do fechamento da janela de descarga)
E. (início da injeção).
64
descarga RFD; pode também ser definido como o breve período do ciclo em que as
válvulas de admissão e de descarga permanecem simultaneamente abertas.
O cruzamento de válvulas é próprio dos motores de quatro tempos, pois em
qualquer versão dos de 2 tempos aparecem janelas ao invés de válvulas de admissão.
65
g) divide-se então o arco formado no volante em duas partes iguais para se obter o
PMS. Aí, então, faz-se a marca pra valer, utilizando-se um punção ou outra ferramenta
apropriada. Por um procedimento similar faz-se a marca do PMI.
Com as marcas dos pontos mortos feitas no volante, podem ser feitas as do
AAA, RFA, AAD e RFD. Para isso vamos admitir que o manual do fabricante do motor
forneça os seguintes valores:
a) diâmetro do volante = 380 mm;
b) AAA = 5º;
c) RFA = 20º;
d) AAD = 38º; e
e) RFD = 6º.
Em primeiro lugar, toma-se o diâmetro (D) do volante, que neste caso é de 380
mm, e determina-se o número de milímetros que corresponde a cada grau da periferia
do volante. Para isto, basta aplicar a seguinte fórmula:
Assim,
3.14.15 x 380
Cada grau = = 3,316 mm.
360
Agora, para sabermos a quantos milímetros na periferia do volante corresponde
cada uma das cotas do nosso motor, basta multiplicar os números de graus por 3,316
mm.
66
Se tudo for feito conforme explicado, as marcas no volante deverão ficar
posicionadas conforme mostra a já referida figura.
67
6 CLASSIFICAÇÃO DOS MOTORES ALTERNATIVOS
• ciclo OTTO; e
• ciclo DIESEL.
• de 2 tempos; e
• de 4 tempos.
• de um cilindro;
• de dois cilindros;
• de três cilindros; e
• de quatro cilindros e assim sucessivamente.
O número de cilindros é, sem dúvida, um dado indispensável na classificação
dos motores alternativos de combustão interna. Entretanto, não se adotam expressões
como monocilíndrico, bicilíndrico, tricilíndrico, etc., até porque, a partir da classificação
de tricilíndrico, não seria possível quantificar adequadamente o número de cilindros dos
motores, pois sabemos que esse número pode hoje chegar a 20 ou até mais.
68
6.4 Quanto à disposição dos cilindros:
• em linha;
• em “V”;
• de cilindros radiais;
• de êmbolos opostos; e
• de cilindros opostos.
69
6.5 Quanto à velocidade:
• estacionários terrestres;
• terrestres automotivos; e
• de aviação e marítimos.
70
7 SISTEMA DE COMBUSTÍVEL
71
Os modernos motores dos navios de médio e grande porte consomem
quantidades enormes de combustível de baixa qualidade. Esses produtos são
normalmente entregues a bordo utilizando-se oleodutos, barcaças ou caminhões–
tanques, sendo normal a presença de impurezas como: sedimentos, escórias de solda,
água, borras, etc. Tanto quanto possível, essas impurezas devem ser eliminadas do
combustível, para não comprometer o funcionamento dos sistemas de injeção dos
motores diesel.
72
Um tanque de óleo diesel (que não aparece na figura) é utilizado durante os
regimes de manobra do motor, ou sempre que se achar necessário.
Os sistemas de transferência e tratamento do óleo pesado são constituídos dos
seguintes componentes:
• tanque de armazenamento de combustível - ao invés de um, há pelo menos 3
a bordo, sendo um lateral de BB, um lateral de BE e um central. São tanques
estruturais destinados ao armazenamento de grandes quantidades de combustível.
Possuem serpentinas de aquecimento a vapor ou óleo térmico, suspiro, tubo de
sondagem e elipse para inspeção e limpeza;
• bomba de transferência - tem por finalidade transferir o óleo combustível dos
tanques de armazenamento para os de decantação. Há sempre duas no sistema (uma
reserva da outra);
• tanques de decantação - no mínimo dois, um reserva do outro, estão situados
em um plano elevado na praça de máquinas. Eles permitem que o combustível seja
separado de uma boa parte das impurezas, pelo processo de decantação. Cada um
deles possui, normalmente, serpentinas de aquecimento, indicador de nível, suspiro,
elipse, válvula de admissão ou enchimento, e válvula de descarga, bem como uma
válvula de dreno para permitir a remoção da água e de alguma borra separadas no
processo de decantação ou sedimentação;
• bomba de alimentação dos centrifugadores - aspira o combustível de
qualquer um dos tanques de decantação e o envia para a alimentação do
centrifugador, através do aquecedor 9;
• aquecedor de óleo combustível - indispensável no sistema, permite que o
combustível seja aquecido na temperatura adequada ao processo de centrifugação;
• centrifugador purificador de combustível - é uma máquina de alta rotação
que utiliza a força centrífuga para processar, quase que instantaneamente o
combustível, utilizando para tal uma força milhares de vezes superior à da gravidade. O
centrifugador pode operar como purificador ou como clarificador. Quando o propósito
principal é remover água do óleo, ele deve trabalhar como purificador. Quando o
propósito principal é remover sedimentos, deve trabalhar como clarificador. Ocorre
que, quando um centrifugador trabalha como purificador, além da água, ele acaba
removendo também uma boa parte dos sedimentos presentes no óleo;
• centrifugador clarificador – a descarga do centrifugador purificador é enviada
para a admissão do centrifugador clarificador. É o chamado processo seriado ou em
série. O clarificador tem por finalidade clarear o óleo, o que ele consegue removendo o
restante dos sedimentos que o processo de purificação não conseguiu remover;
• tanque de serviço de óleo combustível – normalmente em número de dois,
destina-se a armazenar o combustível limpo para trabalhar no motor. Possui suspiro,
válvula de dreno, indicador de nível, válvula de enchimento, elipse e, na saída, uma
válvula de comunicação de fechamento rápido e de comando local ou a distância, para
permitir o corte do combustível para o motor, em situações emergenciais; e
• tanque de serviço de óleo diesel - esse tanque (11) armazena óleo diesel
limpo utilizado nos regimes de manobra do motor, ou em caso de desejar-se limpar a
73
rede de óleo pesado. Com exceção das serpentinas de aquecimento, possui
normalmente todos os componentes do tanque de serviço de óleo pesado, inclusive a
válvula de fechamento rápido para corte do combustível em situações de emergência.
1. tanque de combustível
2. válvula de comunicação
3. pré-filtro
4. bomba alimentadora
5. bomba injetora
6. comando manual da
bomba
7. filtro
8. injetor de combustível
9. linha de retorno
10. regulador de velocidade
11. tubo de retorno
74
• pré-filtro - como o nome sugere, é responsável pela primeira filtragem do
combustível; é normalmente transparente e possui uma válvula de dreno para possível
remoção de água e borra;
• bomba alimentadora - aspira o combustível do tanque e o envia sob pressão
para a admissão da bomba injetora. É acionada mecanicamente pelo próprio motor;
• comando manual da bomba alimentadora - utilizado quando se deseja fazer a
escorva (retirada de ar) do sistema;
• filtro de combustível - tem a finalidade de não deixar que impurezas sólidas no
combustível passem para os injetores. Há vários tipos de filtros, como os de feltro, os
de tela fina e os de papel prensado, sendo alguns deles descartáveis;
• bomba injetora de combustível - tem a finalidade de dosar a quantidade de
combustível, de acordo com a carga do motor, e enviá-lo em alta pressão para os
injetores. É constituída por um conjunto de 6 pequenas bombas alternativas, montadas
em uma única carcaça. O conjunto de bombas é acionado por um eixo de ressaltos,
que por sua vez é acionado pelo próprio motor por meio de engrenagens;
• injetor - também chamado de bico injetor, ou válvula de injeção, é o elemento
que introduz o combustível no cilindro de forma pulverizada; e
• linha de retorno - permite que a sobra de combustível do injetor retorne para o
sistema.
75
1. cilindro ou bucha
2. êmbolo
3. cremalheira
4. copeta ou esbarro superior da mola
5. copeta ou esbarro inferior da mola
6. mola de recuperação do êmbolo
7. encaixe do flange do êmbolo
8. flange do êmbolo
9. luva de regulagem
10. válvula de retenção (recalque).
11. luva de acoplamento
12. mola de válvula
Quando o êmbolo, no seu curso descendente descobre as janelas (figura 7.4 A),
o combustível penetra no cilindro. Ao movimentar-se para cima, o êmbolo cobre as
76
janelas do cilindro (figura 7.4 B), iniciando a compressão do óleo combustível. Este,
sob alta pressão, vence a resistência da mola da válvula de retenção na descarga da
bomba, levantando-a de sua sede e permitindo a descarga do combustível.
Quando o êmbolo alcança a posição mostrada na figura (7.4 C), o rebaixo
helicoidal descobre a janela de contorno e o combustível que estava sendo comprimido
escapa do cilindro pelo seguinte caminho: rasgo vertical, depois rebaixo helicoidal e
janela de contorno. Assim termina a injeção. Como a pressão no interior do cilindro cai
bastante, a válvula de retenção, na descarga da bomba, fecha imediatamente por ação
do seu peso, da sua mola e da pressão do óleo sobre ela.
77
A referida bomba apresenta diferenças acentuadas da bomba Bosch, muito
embora o êmbolo efetue também um movimento alternado, gerado pela ação da came
de acionamento da bomba. O controle do início e do fim da injeção, entretanto, é feito
de forma diferente, pois é realizado por uma válvula de admissão e por uma válvula de
saída ou descarga.
78
7.6 Montagem de uma bomba injetora
A montagem de uma bomba injetora exige um ambiente de trabalho
completamente limpo, sendo que para a limpeza dos componentes deve ser usado
óleo combustível limpo, pincéis e ar comprimido. Deve-se também ter o máximo
cuidado, especialmente no manuseio do conjunto êmbolo/camisa. A figura 7.7 mostra
uma vista explodida dos componentes de uma bomba Bosch utilizada em motores de
pequeno porte.
79
Figura 7.8 – Referencias para montagem de uma bomba Bosch.
Fonte: Manual de Oficina Motores Agrale Diesel
80
Figura 7.9 - Bomba injetora Bosch para motores de pequeno porte.
Fonte: Manual de Oficina Motores Agrale Diesel.
81
Sabe-se, entretanto, que a operação econômica do motor exige a correta
queima do seu combustível. Esta, por sua vez, depende da eficiência da pulverização,
da penetração e da turbulência. Se o combustível for excessivamente pulverizado, suas
partículas serão menores e terão energia cinética insuficiente para conduzi-las aos
espaços da câmara de combustão. A alta densidade do ar comprimido no cilindro do
motor cria uma elevada resistência ao movimento das partículas de combustível, as
quais tendem a se agrupar em torno do bico injetor de combustível reduzindo o
oxigênio durante a combustão. Assim, a razão da combustão será reduzida podendo
originar uma pós-queima. Se a pulverização for insuficiente, as partículas serão
maiores e terão mais energia cinética quando entrarem na câmara de combustão, o
que provocará uma maior propagação dentro da câmara, podendo atingir o restante
das paredes do cilindro. Isto causará uma baixa taxa de combustão e a possibilidade
de pós-queima. Um acúmulo de carbono ocorrerá em volta do topo do cilindro e no lado
da parede da coroa do êmbolo.
O grau de penetração depende da quantidade da pulverização. Esta, entretanto,
é obtida somente à custa da penetração proporcionada pelo tamanho dos furos
pulverizadores e pressão de injeção, desde que a viscosidade do combustível não
varie.
Tanto a pulverização quanto a penetração e a turbulência contribuem
decisivamente para a obtenção das melhores condições para a queima do combustível.
O principal objetivo é criar partículas suficientemente pequenas para queimar no curto
tempo disponível para tal e distribuí-las no interior de toda a câmara de combustão, de
modo que as partículas adjacentes não façam faltar oxigênio durante a combustão. A
penetração e a turbulência contribuem para a distribuição uniforme das partículas.
82
Figura 7.10 – Válvula de injeção de combustível.
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna. APMQ. Módulo 6. Rio de Janeiro, RJ 2001.
83
7.12.1 Exercício resolvido.
Determinar a velocidade teórica do combustível passando através dos furos da
válvula de injeção, se 100 cm3 de óleo combustível for injetado num período igual a 20º
de rotação do eixo de manivelas de um motor que funciona a 100 rpm, assumindo que
o injetor tem 8 furos com diâmetro de 0.9 mm e um coeficiente de descarga da ordem
de 0.8.
Solução:
A quantidade de combustível de 100 cm 3 = 0,0001 m 3
O tempo T é
100 20
T= x = 0,8333 s
60 360
A razão de injeção R é
0,0001
R= = 0,0012 m 3 / s
0,8333
A área efetiva S e é
2
π 1,0 −6
Se = x 8 x 0,8 = 5,02654 x 10
4 1000
A velocidade de injeção é
R 0,0012
V= = x 10 −6 = 240 m / s.
S e 5,02654
84
A figura 7.12 mostra um aparelho
de teste de válvulas de injeção. O sistema
consta essencialmente de um depósito
com filtro interno para combustível, uma
bomba de alta pressão, um manômetro e
dois tubos, um ligando o depósito à
bomba e o outro ligando esta à válvula a
ser testada.
O manômetro é de precisão e
permite a leitura dos valores de pressão a
Figura 7.12 - Teste de uma válvula de injeção.
que a válvula vai sendo submetida
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna.
APMQ. Módulo 6. Rio de Janeiro, RJ 2001.
durante o teste.
85
7.15 Prática da operação de escorva ou desaeração do sistema de injeção de
combustível
Escorvar um sistema de combustível consiste em remover todo e qualquer ar
que possa ter entrado no sistema e que impede o funcionamento do motor. Essa
operação pode ser levada a cabo de várias maneiras, sendo a mais comum aquela em
que a partir da válvula de entrada no motor, folgam-se as porcas das conexões da rede
de combustível (uma de cada vez) até que todo o ar seja expelido do sistema e apenas
combustível saia pela conexão de entrada no injetor. A partir da bomba injetora,
entretanto, tem-se que girar o eixo de manivelas do motor por meio do sistema de
arranque, ou acionar-se manualmente a bomba manual do motor, ou na falta desta,
acionar-se o tucho da bomba injetora com o auxílio de uma chapa ou até de uma chave
de fenda.
86
localizada entre duas faces de encosto no corpo da bomba. Na circunferência externa
da porca há uma engrenagem, na qual atua uma cremalheira que trabalha num guia
localizado no corpo da bomba.
Se, por meio da cremalheira VIT, o cilindro da bomba injetora for abaixado, as
janelas de admissão e descarga serão cobertas mais cedo pelo êmbolo, antecipando
assim o início da injeção. E como o curso do êmbolo não foi alterado, as janelas
também serão descobertas mais cedo antecipando também o fim da injeção. Dessa
maneira, haverá uma alteração no ponto de injeção, sem que seja alterada a
quantidade de combustível descarregada. Obviamente, a elevação do cilindro da
bomba proporcionará um efeito contrário, atrasando o ponto de injeção.
Para evitar frequentes mudanças na bomba durante as manobras do navio, o
sistema VIT é concebido de modo que não haja mudança do ponto de injeção até 40%
da MCR. Quando a carga do motor aumenta acima de 40%, inicia-se a atuação do
sistema VIT e o consequente avanço do ponto de injeção. Quando o motor atinge 85%
da MCR a pressão máxima de combustão é atingida. Então, a partir daí, os servos
retardam a injeção de modo que a pressão se mantém constante entre 85 e 100 da
MCR. A cerca de 90% da MCR obtém-se uma economia de 4 a 5 g/HPh.
Outro objetivo do VIT é a redução da emissão de gases poluentes como os
óxidos de nitrogênio, uma vez que o aumento das pressões melhora a combustão e
reduz a emissão de gases poluentes na atmosfera. A figura 7.15 mostra uma
comparação de dois sistemas de combustível, sendo um tradicional e o outro com VIT.
87
Figura 7.15 – Comparação entre os sistemas de injeção convencional e com VIT.
Disponível em http://www.marinediesels.info/.../MANBW_VIT_pump.htm. Acesso em maio/2010.
88
Nos motores mais novos, o funcionamento do VIT é eletropneumático. Nesse
sistema, o sinal o sinal de ar que vai para os atuadores da bomba de combustível é
implementado no interior do regulador eletrônico de velocidade como um sinal de 4 a
20 miliamperes. Este sinal é enviado para um conversor IP, que transforma o referido
sinal elétrico em pneumático, com saídas que variam de 0,5 a 5,0 bar (ajustes mínimo
e máximo do VIT). O sistema de controle eletropneumático apresenta sobre o
mecânico pneumático a vantagem de ter um “break point” variável. No mecânico
pneumático o referido ponto é fixo e no sistema eletropneumático varia com a pressão
do ar de lavagem. Se a pressão do ar de lavagem aumenta, a pressão de compressão
dentro do cilindro também aumenta. Significa dizer, que se não fossem feitos os ajustes
necessários, a pressão máxima de combustão no cilindro poderia atingir um valor
acima do ponto de projeto. Assim, o sistema eletropneumático altera o “break point”
para um menor percentual de carga e a pressão máxima é atingida antecipadamente,
mantendo-se nesse ponto até os 100% da carga. De forma semelhante, quando a
pressão de ar de lavagem cai, o “break point” aproxima-se dos 100% de carga, de
maneira que a pressão máxima ainda é atingida.
Entre o início da injeção e o início da combustão existe um período denominado
atraso à ignição. Quanto menor for o atraso, melhor será a qualidade da ignição do
combustível. Um atraso longo provoca um acúmulo de combustível sem queimar na
câmara de combustão, que quando entra em combustão fora do momento apropriado
para tal, causa um aumento brusco de pressão e um ruído forte e característico
conhecido como “batida diesel”. A figura 7.17 mostra as posições assumidas pelos
componentes do dispositivo de acionamento do VIT para diferentes situações de carga.
89
Figura 7.17 – Acionamento da cremalheira VIT em diferentes situações de carga.
Disponível em http://www.marinediesels.info/.../MANBW_VIT_pump.htm. Acesso em maio/2010.
90
Figura 7.18 – Sistema de injeção eletrônica utilizado em motores de pequeno porte.
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna. APMQ. Módulo 6. Rio de Janeiro.2001.
91
pressão de cerca de 200 bar para acionamento das válvulas de descarga e outro com
uma pressão de 1000 bar para o sistema de óleo combustível. Por seu turno, a MAN
B&W utiliza o sistema servo de óleo para acionamento dos lubrificadores de cilindros.
Ambos, entretanto, utilizam o computador para controlar a injeção de combustível e a
operação das válvulas de descarga e de ar de partida. Relativamente à injeção,
entretanto, os métodos utilizados pelos referidos fabricantes são diferentes. Como pode
ser observado na figura 7.19, a SULZER dota o seu motor de um coletor comum
usando um conjunto de bombas de êmbolos de débito variável acionado por came de
três lóbulos, que por sua vez recebe movimento do eixo de manivelas por meio de um
Figura 7.19 – Sistema de injeção eletrônica utilizado em motores Sulzer de grande porte.
92
O motor utiliza três válvulas de injeção por cilindro, mas em regimes de baixas
cargas, duas delas são colocadas fora de ação, contribuindo de forma significativa para
a redução do consumo de combustível e da emissão de gases tóxicos para o meio
ambiente. Além disso, a carga do motor pode ser reduzida a 10% em um regime de
apenas 7 rpm.
Figura 7.20 – Sistema de injeção eletrônica utilizado em motores Sulzer sem eixo de cames.
93
8 SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO
94
um para o eixo de cames, outro para a lubrificação das camisas dos cilindros, um para
o turbocompressor e outro para o regulador de velocidade. É claro que isso acontece
porque se procura obter os melhores resultados possíveis, utilizando-se lubrificantes
com propriedades específicas para cada tipo de trabalho.
. Mas além de desempenhar sua função principal, que é a de reduzir o atrito, o
lubrificante acaba realizando funções secundárias muito importantes para o motor.
Entre essas funções secundárias destacam-se as seguintes:
• resfriamento;
• vedação;
• limpeza;
• amortecimento de choques; e
• proteção contra ataques químicos.
95
• forçada;
• por salpico;
• por gravidade; e
• manual.
96
pressão para os bicos de arrefecimento (11) dos êmbolos. Portanto, nesse motor o óleo
lubrificante é também utilizado como agente de resfriamento dos êmbolos.
97
Figura 8.2 – Cárter de um motor de pequeno porte.
Fonte: DPC-CAD APMQ- Máquinas de Combustão Interna. Módulo 6. Rio de Janeiro-2000.
98
Bomba é o componente do sistema cuja finalidade é manter o lubrificante sob
pressão, circulando no sistema. Através de um ralo, na extremidade do tubo de sucção,
ela aspira óleo do cárter, ou do poceto, e o envia aos pontos do motor onde a
lubrificação se faz necessária. Pode ser acionada pelo próprio motor, como no caso
dos de pequeno porte, ou por motor elétrico, quando se trata de motores de médio e
grande porte. É daí que vem a denominação de bombas dependentes e
independentes do funcionamento do motor. O tipo de bomba mais empregado nos
sistemas de lubrificação forçada é o de engrenagens, mostrado na figura 8.4.
99
A bomba dispõe de uma válvula reguladora de pressão, que permite manter
constante a pressão do óleo no sistema. Em caso de elevação excessiva da pressão, a
válvula abre, comunicando a descarga com a admissão da bomba ou com o cárter,
mantendo a pressão desejada no sistema. As figuras 8.6 A e B mostram claramente
como isso ocorre.
Filtro é o dispositivo que tem por finalidade reter as impurezas sólidas menores,
que conseguem passar pelo ralo, garantindo o fornecimento de uma película de óleo
isenta de impurezas entre as peças a lubrificar. O filtro de óleo lubrificante é do tipo
descartável nos motores de pequeno porte, devendo ser substituído após um
determinado número de horas de funcionamento previsto no manual do fabricante, ou
sempre que se suspeita que ele se encontra incapacitado de realizar satisfatoriamente
a sua função. A figura 8.7 mostra um tipo de filtro de óleo lubrificante de óleo utilizado
em motores automotivos.
100
Nos motores de pequeno porte, pode aparecer uma válvula de alívio
que permite ao lubrificante passar por fora do elemento filtrante
sempre que a pressão exceder a um determinado valor. Isso
acontece quando o fluido está muito viscoso (por causa do frio), ou
quando o elemento do filtro encontra-se muito sujo.
Assim, a válvula de alívio, mostrada na figura 8.8, atua como uma proteção para
o motor, pois evita uma queda de pressão no sistema provocada pela redução do fluxo
de óleo. Com pouco lubrificante, o atrito entre as peças aumenta, a temperatura sobe,
o lubrificante superaquece, a viscosidade cai excessivamente e o material das peças
funde, principalmente o dos metais macios utilizados no revestimento das bronzinas
dos mancais.
101
A vantagem da utilização do filtro duplex é a de podermos comunicar
o filtro limpo e isolar o sujo para se proceder sua limpeza, sem
necessidade de parar o motor.
102
Como se trata de um resfriador de óleo do tipo de feixe tubular, a água salgada
passa pelo interior dos tubos, sendo estes envolvidos pelo lubrificante. Isso facilita a
limpeza e a remoção das incrustações que se acumulam no interior dos mesmos.
103
8.6 Emprego do poceto no sistema de lubrificação do motor de grande porte.
Os motores marítimos de grande porte utilizam vários sistemas de lubrificação,
cada um deles utilizando um óleo mais adequado às condições de trabalho. Entre
esses, podemos citar o dos mancais principais e da cruzeta, o do eixo de cames, o da
lubrificação dos cilindros, o do turbocompressor, e o do comando hidráulico das
válvulas de descarga. O fato de esses motores utilizarem diferentes tipos de
lubrificantes deve-se não apenas ao grande porte mas também a certas características
especiais próprias dos motores diesel de dois tempos empregados na propulsão como,
por exemplo, o fato de serem muito altos, de baixa rotação, possuírem cárter seco, e
outros.
Um enorme volume de óleo que, dependendo do porte do motor, pode até ultrapassar
os 1000.000 litros, é utilizado na lubrificação dos mancais fixos e das cruzetas, sendo
que na maioria dos navios parte do mesmo é utilizado no resfriamento dos êmbolos e
no acionamento de motores de reversão de marcha.
Assim, para comportar todo o óleo necessário para circular no motor, há
necessidade de se ter um grande tanque abaixo do mesmo denominado poceto. Esse
reservatório está localizado abaixo do nível do cárter, que no caso é do tipo seco.
Como esse grande volume de óleo não entra em contato com as paredes do cilindro, a
possibilidade de contaminação com resíduos da combustão praticamente não existe.
Todavia, esse lubrificante pode ser contaminado com água oriunda do sistema de
aquecimento em caso de furo na serpentina de aquecimento existente no interior do
poceto, ou por água do sistema de resfriamento do motor em decorrência de um
possível furo no resfriador de óleo do sistema. Na realidade, para minimizar os riscos
de contaminação com água do sistema de resfriamento, a pressão do óleo é ajustada
para ser um pouco maior do que a do referido fluido. Por essas razões, e pelo alto
custo do grande volume de óleo no sistema, o estado do lubrificante é monitorado por
meio de inspeções realizadas pelos operadores do motor e também por análises
laboratoriais realizadas em terra. Mas, além disso, o lubrificante é quase continuamente
purificado por um sistema de centrifugação que não aparece na figura.
104
Fugas de lubrificante no sistema do motor devem ser imediatamente
pesquisadas e sanadas para preservar a vida útil do motor e o meio
ambiente. A redução do nível de óleo no cárter ou poceto, assim como
a presença de óleo na água do mar ou do rio podem ser devidas a furo
(s) no (s) tubo (s) ou má vedação entre as placas do resfriador de óleo.
105
• não contamina o lubrificante do sistema principal com resíduos carbonosos da
combustão.
106
O lubrificador mecânico dispõe de uma pequena manivela, que
acionada manualmente, atua nos elementos de bombeio para fazer a
pré-lubrificação dos cilindros, antes da partida do motor.
107
9 SISTEMA DE RESFRIAMENTO
108
O resfriamento do motor é indispensável, mas não deve ser
excessivo, pois quanto mais o resfriamos mais reduzimos seu
rendimento térmico.
Através da válvula de fundo e do ralo, uma bomba acionada pelo próprio motor,
aspira a água do mar ou do rio e descarrega-a para o resfriador de óleo, de onde vai
para as câmaras de resfriamento apropriadas em volta dos cilindros e cabeçote do
motor, sendo em seguida descarregada para o mar ou rio. Como se pode perceber, um
sistema desses é extremamente simples e necessita apenas de uma válvula, um ralo,
uma bomba centrífuga ou alternativa, e de pequenas seções de tubos para a admissão
e descarga da água. É bastante empregado em embarcações miúdas.
109
9.2.2 Resfriamento indireto combinado por ar e água
A característica marcante de todos os sistemas de resfriamento do tipo indireto
é que nele são utilizados dois fluidos arrefecedores. O resfriamento indireto
combinado pode ser feito por água doce e ar ou por água doce e água salgada.
O resfriamento indireto combinado por água e ar é muito aplicado, não apenas
nos motores diesel automotivos, como também nos estacionários terrestres e na
maioria dos marítimos de pequeno porte, principalmente aqueles que nos grandes
navios são utilizados no acionamento de geradores de emergência, bombas de
incêndio, compressores de ar de emergência, e eixos propulsores de baleeiras. Nesse
sistema, uma bomba faz a água doce circular em volta das camisas dos cilindros e nas
câmaras de água existentes no cabeçote do motor, absorvendo o excesso de calor dos
mesmos e conduzindo-o para um reservatório multitubular denominado radiador, onde
o ar forçado sobre as aletas desses tubos remove da água de circulação do sistema o
excesso de calor absorvido no motor.
A bomba, o radiador e a válvula termostática são os principais componentes do
sistema. A bomba é normalmente do tipo centrífuga, sendo acionada pelo
próprio motor, como mostra a figura 9.2.
110
Figura 9.3 - Radiador e demais componentes de um sistema de resfriamento por água e ar.
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna. APMQ - Módulo 6. Rio de Janeiro, RJ:2001.
A válvula termostática, por sua vez, tem por finalidade controlar o fluxo da água
de resfriamento por dentro e por fora do radiador, quando a sua temperatura é muito
alta ou muito baixa para o sistema. Assim, ela deve manter a temperatura da água de
circulação dentro das condições desejadas. As figuras 9.4 A e 9.4 B mostram o sistema
de resfriamento com a válvula termostática nas condições de fechada e aberta.
Com a válvula fechada, como mostra a figura 9.4 A, a água não passa no
radiador e, portanto, volta ao motor sem ser resfriada pelo ar. Com a válvula aberta,
como indicado na figura 9.4 B, a água de circulação sai do motor e entra no radiador
111
onde é resfriada pelo ar induzido na colméia. Do radiador a água é aspirada novamente
pela bomba, que a envia ao bloco do motor para circular nas jaquetas em torno dos
cilindros, passar pelos espaços ocos do cabeçote e seguir novamente para o interior do
radiador.
No caso dos motores estacionários, a ventoinha do radiador funciona
continuamente e serve para aumentar o fluxo de ar através da colméia. No caso dos
motores automotivos modernos, o funcionamento da ventoinha, que é acionada por
motor elétrico, é controlado por um sensor de temperatura da água do motor. Com o
veículo em movimento, o próprio deslocamento permite a passagem da corrente de ar
através da colméia. Assim, a ventoinha pode entrar e sair automaticamente de
funcionamento, de acordo com a necessidade do sistema.
Com o veículo parado e o motor funcionando, a corrente de ar é insuficiente, e
por isso o sistema automático deve ligar a ventoinha e mantê-la funcionando até que a
temperatura da água atinja o valor desejado.
9.2.3 Resfriamento indireto combinado por água doce e água do mar (ou do rio)
É sem dúvida alguma o sistema mais empregado nos navios mercantes de
médio e grande porte. Nele, uma bomba centrífuga, acionada por motor elétrico ou pelo
próprio motor de combustão, faz circular água doce pelos espaços apropriados no
interior do bloco, cabeçotes e carcaça da turbina do moto. Essa água passa por dentro
de um aparelho denominado resfriador de água doce, onde troca calor com a água do
mar ou do rio que passa pelo interior dos tubos ou placas do mesmo, conforme o tipo
utilizado. Essa água é aspirada do mar ou rio por uma bomba centrífuga dependente
ou independente do motor, e descarregada em sequência para os resfriadores de ar,
óleo lubrificante e água doce, retornando novamente ao mar ou rio. A figura 9.5 mostra
um sistema de resfriamento simplificado utilizado em navios de médio e de grande
porte. Na referida figura, o trajeto da água do mar não contempla a circulação dos
resfriadores de ar nem tampouco o de óleo lubrificante.
O funcionamento do sistema é o seguinte: a bomba de água doce envia a água
para a parte inferior do bloco do motor; passando pelos espaços apropriados, ela sai
aquecida pela parte superior do mesmo e entra no resfriador para trocar calor com a
água do mar proveniente da bomba de água salgada. Do resfriador a água doce é
112
novamente aspirada pela bomba que a envia para o motor. Um tanque elevado,
denominado tanque de expansão e/ou compensação é comunicado com o sistema.
113
cuidados, as bombas do sistema devem ser cobertas pelo programa de manutenção
planejada do navio.
Por dentro desses tubos, passa a água doce de circulação do motor que, como
se sabe, é forçada por meio de uma bomba. Dessa maneira, os tubos do resfriador
trabalham mergulhados na água do mar ou do rio onde o navio navega. A principal
vantagem desse sistema é a sua simplicidade. Suas desvantagens, entretanto, são
consideráveis, pois:
• os tubos podem romper-se em caso de arraste no fundo;
• exige docagem para limpeza ou troca de tubos; e
• o atrito do feixe tubular com a água do mar ou do rio compromete a velocidade
do navio, aumentando o consumo de combustível.
114
mas numa cavidade feita à ré ou na lateral do casco do navio. Assim como o sistema
anterior, não necessita de bomba para circular a água do mar ou do rio.
115
Figura 9.9 – Sistema de resfriamento em separado para camisas, êmbolos e injetores.
Fonte: Adaptada de DPC. Máquinas de Combustão Interna. APMQ - Módulo 6. Rio de Janeiro. RJ, 2001.
Apesar de ter suas vantagens, e por isso mesmo ainda ser encontrado, esse
sistema de resfriamento em separado está desaparecendo dos navios de grande porte.
O sistema não deixa de ser interessante, pois permite que cada sistema de
resfriamento trabalhe com uma temperatura mais adequada ao seu propósito. Todavia,
o sistema torna-se complexo e dispendioso, triplica o número de tanques, bombas,
resfriadores, válvulas e outros acessórios, aumentando substancialmente o custo com
componentes e manutenção. Além disso, o resfriamento dos êmbolos por água vem
sendo preterido pelo resfriamento por óleo lubrificante, e os injetores dos navios
modernos de médio e grande porte não necessitam mais de resfriamento adicional,
uma vez que queimam óleo combustível pesado, que antes das bombas injetoras
alcançam temperaturas próximas de 150 ºC; mesmo assim ainda servem como agente
arrefecedor nos referidos componentes dos sistemas de injeção dos motores.
116
dos equipamentos, uma vez que podem ser construídos com materiais mais baratos,
além de reduzir bastante os custos com a manutenção do sistema de resfriamento
como um todo. O sistema central de resfriamento divide-se em dois subsistemas: o de
água doce e o de água do mar, sendo o segundo responsável pelo resfriamento do
primeiro. O de água doce, entretanto, é subdividido em dois sistemas: o de alta e o de
baixa temperatura, sendo o primeiro encarregado do resfriamento das jaquetas,
cabeçotes, êmbolos e injetores e o segundo do resfriamento do ar de lavagem, óleo
lubrificante e outros fluidos, assim como dos compressores de ar, mancais
intermediários do eixo propulsor, plantas frigoríficas e de ar condicionado, e outros. A
fim de facilitar a compreensão do funcionamento do referido sistema, apresentamos
isoladamente o circuito da água doce mostrado na figura 9.10, seguido do sistema de
água do mar apresentado na figura 9.11.
117
Figura 9.11 – Circuito da água do mar da Central de resfriamento.
Fonte: desenho do autor.
118
• Por outro lado, a bomba de água salgada tem por finalidade circular os
resfriadores que trabalham com água doce.
119
Figura 9.12 – Resfriamento do êmbolo por meio de tubo telescópico.
Fonte: de DPC. Máquinas de Combustão Interna. APMQ - Módulo 6. Rio de Janeiro. RJ, 2001.
O tubo interno (1), que é denominado telescópico, desliza dentro do outro tubo
(2), que é fixo.
Com o objetivo de evitar perdas de óleo e a consequente perda de pressão,
existe entre um e outro tubo uma peça (3) revestida com material antifricção, que além
de servir como guia ao tubo interno, assegura a estanqueidade necessária com relação
ao conduto fixo (2).
È importante lembrar que o arranjo de tubos telescópicos para o resfriamento
dos êmbolos varia entre os fabricantes de motores. Assim, por exemplo, nem sempre a
haste do êmbolo é utilizada como conduto para a subida e retorno do óleo ou água
(conforme o caso). A Sulzer, por exemplo, utiliza dois conjuntos de tubos telescópicos a
partir do próprio êmbolo, como mostra a figura 9.13. No caso, um dos tubos é utilizado
para conduzir a água de resfriamento até a coroa do êmbolo, enquanto o outro é
utilizado para o retorno do referido fluido.
120
Figura 9.13 – Tubos telescópicos montados em um êmbolo de um motor Sulzer.
Fonte: Manual do motor Sulzer RND.
121
temperatura verificada durante a passagem da água pelo interior do êmbolo, ou seja:
(t2 – t1) é da ordem de 14 ºC. Se utilizarmos o óleo lubrificante no resfriamento do
mesmo êmbolo e sob as mesmas condições de carga, a variação será de
aproximadamente 10 ºC. Assim, considerando Q a quantidade de calor removida do
êmbolo em um determinado tempo tem-se:
Q= peso do agente refrigerante usado em um tempo T x (t2 – t1) x calor específico.
Considerando o peso da água passado no êmbolo num tempo T igual a 1, a quantidade
de calor removida será:
Qa = 1.0 x 14 x 4.
Por outro lado, considerando que o peso do óleo lubrificante passando no êmbolo num
tempo T é W o, tem-se:
Qo = W o x 10 x 2.
Se a mesma quantidade de calor removida de um êmbolo resfriado por água tivesse
que ser removida por óleo lubrificante, teríamos:
Qo = Qa
Wo x 10 x 2 = 1.0 x 14 x 4,
ou seja:
1.0 x 14 x 4
Wo = = 2,8.
10 x 2
Isso mostra que para se obter o mesmo efeito do resfriamento com água são
necessárias quase três quantidades de óleo lubrificante.
122
10 SISTEMA DE SUPERALIMENTAÇÃO
123
Figura 10.1 - Motor de aspiração natural ou aspirado.
124
pelo compressor centrífugo (3), indo em seguida para o resfriador de ar (5) e,
posteriormente, para o caixão de ar que não aparece na figura. Por outro lado, os
gases de descarga dos cilindros do motor entram na turbina (4), e em seguida são
enviados para a atmosfera por meio do tubulão de descarga de gases (6).
125
de médio e grande porte, onde é extremamente importante instalar grandes potências
no menor espaço possível.
A superalimentação é tão importante que, atualmente, os únicos motores diesel
não superalimentados são aqueles em que a potência é tão pequena que não justifica
o custo da instalação de um dispositivo para aquele fim.
Comparando-se dois motores de mesma potência, sendo um de aspiração
natural e outro superalimentado, pode-se garantir que o segundo apresenta, pelo
menos, as seguintes vantagens em relação ao primeiro:
• menor volume;
• menor peso;
• maior rendimento; e
• menor preço.
126
Figura 10.5 – Sistema de alimentação com compressor de lóbulos.
Fonte: DPC.- CAD - APMQ- Módulo 6 de Máquinas de Combustão Interna . Rio de Janeiro, RJ: 2001.
127
para o lado do reservatório de óleo lubrificante da turbina, um suprimento de ar
comprimido é enviado pelo canal “x” para o selo tipo labirinto do rotor. O rotor da
unidade turbocompressora é sustentado pelos mancais (11) e (12), sendo um situado
no compressor e o outro na turbina. Esses mancais tanto podem ser de rolamento
quanto de deslizamento, embora os de rolamento sejam os mais usados. Eles são
facilmente acessados pelas extremidades do compressor e da turbina, e são instalados
com molas amortecedoras de vibração.
Com relação ao último item, as turbinas dos motores de porte muito pequeno
não possuem o referido sistema.
O resfriamento por água baixa consideravelmente a temperatura da carcaça da
turbina, mas apresenta as seguintes desvantagens:
• o resfriamento dos gases de descarga reduz a eficiência da turbina;
• o custo de construção da carcaça com jaquetas para água de resfriamento é
maior do que o das que não possuem essas câmaras d’água;
• há possibilidade de remoção de material quando as câmaras são limpas; e
128
• problemas podem ocorrer em caso de derrame de água no espaço do gás
causado por defeitos de fundição ou ruptura das paredes das jaquetas.
129
Figura 10.8 – Sistema superalimentação à pressão constante pelo lado dos gases.
Fonte: DPC.- CAD - APMQ- Módulo 6 de Máquinas de Combustão Interna . Rio de Janeiro, RJ: 2001.
130
O método de lubrificação por gravidade, representado na figura 10.9, é
aquele em que o óleo lubrificante chega aos mancais do turbo compressor por ação da
força da gravidade, muito embora o sistema necessite de uma bomba para transferir o
óleo lubrificante do tanque de armazenamento, situado num plano inferior na praça de
máquinas, para o tanque de gravidade que se encontra num plano bem elevado. O
funcionamento do sistema é o seguinte:qualquer uma das bombas (2) aspira o óleo
lubrificante do tanque de armazenamento (1) e o envia para o tanque de gravidade (4),
passando antes pelo resfriador (3) onde cede parte do calor absorvido nos mancais dos
turbocompressores para a água de resfriamento, cujo circuito não aparece na figura.
Do tanque de gravidade (4), que fica num plano bem elevado na praça de máquinas, o
lubrificante flui para os mancais dos turbocompressores (6). Depois de lubrificar os
mancais das unidades de superalimentação, o lubrificante retorna para o tanque de
armazenamento (1), passando antes pelos visores situados nas tubulações de saída de
cada unidade. .Há também uma linha de retorno (ou tubo ladrão) comunicando o
tanque de gravidade com o de armazenamento. O débito de qualquer uma das bombas
(2) tem de ser superior à demanda do lubrificante do tanque de gravidade para os
mancais, de maneira que com o motor em funcionamento o lubrificante esteja sempre
transbordando pela linha de retorno, o que pode ser observado de vários pontos da
praça de máquinas pelo visor instalado na referida linha.
131
pronta para entrar automaticamente em funcionamento no caso de haver problemas
com a que estiver operando.
132
atuam também como se fossem bombas alternativas nas baixas velocidades do motor.
Nas altas velocidades, entretanto, a ação de bombeamento reduz a eficiência
mecânica do motor. Por isso, o sistema dispõe de uma válvula borboleta que abre e
aumenta o volume do espaço livre, diminuindo a carga das bombas, o que aumenta a
eficiência mecânica e reduz o consumo de combustível do motor.
133
11 SISTEMA DE PARTIDA
134
motor, e o segundo de um pequeno punho que articula em um pino dentro de uma
cavidade no volante, que quando o motor está funcionando fica recolhido nessa
cavidade.
11.3 Sistemas de partida por motor pneumático, elétrico, hidráulico e por injeção
de ar comprimido nos cilindros
Com exceção do sistema de injeção de ar comprimido nos cilindros, os sistemas
acima mencionados funcionam de forma semelhante, pois todos eles valem-se da
aplicação de um dispositivo conhecido como “bendix”. Segue-se a descrição de cada
um deles.
135
desenvolver torques elevados compatíveis com as necessidades dos grupos diesel-
geradores de hoje que se encontram na faixa dos 700 a 1000 kVAs. Apresentam a
vantagem adicional de arrancar motores diesel com um número de cilindros inferior ao
mínimo exigido pelo sistema de partida por injeção de ar comprimido. Embora haja
variantes, o sistema pode apresentar-se como o mostrado na figura 11.2 Observe que
não está sendo representado o sistema de produção e armazenamento de ar
comprimido, o que não compromete a compreensão do funcionamento do sistema de
partida em estudo. Podemos, entretanto, ressaltar que o ar comprimido para
acionamento do referido sistema pode vir da própria ampola de ar de partida do motor
principal, passando antes por uma ou duas válvulas redutoras de pressão, isto porque,
dependendo do torque solicitado, pode-se dizer que a pressão necessária ao
funcionamento do motor pneumático encontra-se na faixa dos 8 a 14 bar. Feitas estas
observações, passemos à explicação do funcionamento do referido sistema.
136
apresentado é muito simples. Há, entretanto, tipos mais sofisticados como os que
utilizam um sistema de embreagem constituído por vários discos metálicos.
137
engrene nos dentes da coroa dentada ou cremalheira do volante do motor de
combustão.
Assim, o volante passa a girar e com ele o eixo de manivelas, até que o motor
entra em funcionamento pela queima do seu combustível. É nesse momento que o
volante do motor assume uma velocidade maior do que a que lhe é transmitida pelo
motor de partida. O pinhão, que é solidário à roda-livre, gira com maior velocidade.
Esse aumento do número de rotações não é transmitido ao induzido do motor de
partida por causa da ação da roda-livre. No momento em que o motor de combustão
entra em funcionamento, solta-se a chave elétrica e a solenóide deixa de ser
energizada. Logicamente, o disco de contato afasta-se das pastilhas. Como a corrente
do motor foi interrompida, o pinhão é obrigado a voltar para a sua posição inicial ou de
repouso.
Figura 11.4 - Motor e mecanismo “bendix” do sistema de partida por motor elétrico
Fonte: DPC. Motor Diesel. Curso para Motorista de Pesca. EPM. Rio de Janeiro. RJ: 1995
Cada tentativa de arranque não deve exceder a 10 segundos. Caso esse tempo
não seja suficiente, deve-se aguardar cerca de 30 segundos antes de tentar nova
partida. Esse procedimento é recomendado para não descarregar rapidamente a
bateria, uma vez que durante o arranque a amperagem no circuito é muito alta. Outro
138
procedimento importante é soltar o botão ou a chave elétrica de partida, assim que o
motor de combustão funcione, para não danificar o mecanismo de engranzamento do
motor de partida.
139
paredes do cilindro uma espécie de câmara onde trabalha um gás inerte (nitrogênio).
A câmara formada pelo outro lado do êmbolo e as paredes do cilindro é conectada à
bomba hidráulica e o motor hidráulico de partida. O óleo, vindo da bomba, empurra o
êmbolo para dar maior compressão ao nitrogênio na sua câmara. Quando a pressão
atinge aproximadamente 195 kgf/cm2, a carga do acumulador está completa. Nessa
altura, o êmbolo encontra-se praticamente na metade do cilindro. A válvula de
descompressão ou de controle envia a descarga da bomba hidráulica de volta ao
reservatório, impedindo ao mesmo tempo o fluxo do retorno do óleo do acumulador
para a bomba hidráulica. Nesse instante tem-se a pressão de óleo de 195 kg/cm2 no
acumulador, na linha para a válvula de descompressão, na linha da bomba manual e
no motor de partida.
O manômetro serve para indicar a pressão, que antes da partida deve ser de
aproximadamente de 195 bar (3000 psi ou 20700 kPa). Quando a válvula de controle é
acionada, o óleo é empurrado do acumulador pela ação do nitrogênio comprimido
sobre o êmbolo. Então, o fluxo de óleo é direcionado para o motor de arranque ou
partida, no qual a energia de compressão do fluido é convertida em energia mecânica
na engrenagem do motor de arranque que, devidamente engrenada na cremalheira do
volante, faz girar o eixo de manivelas do motor diesel.
140
O ar comprimido é obtido por compressores de dois estágios, sendo enviado
para as ampolas ou garrafas (no mínimo duas), que o armazenam na pressão de 25 ou
30 bar, conforme a do instalação. O funcionamento do sistema resume-se no seguinte:
uma tubulação conduz o ar comprimido da garrafa ao motor onde, depois de passar por
uma válvula mestra, acionada manual ou automaticamente, é injetado nos cilindros
motor (um de cada vez), obedecendo à sequência da ordem de queima do mesmo.
142
12 SISTEMA DE INVERSÃO DE MARCHA
143
molas do platô (5). O colar da embreagem (6) funciona, mas sem encostar-se ao garfo.
Assim, o eixo propulsor não gira.
Com o motor funcionando e a alavanca de comando (12) em ponto morto, o
disco de fricção (4) gira porque fica comprimido pelas molas do platô (5). O colar da
embreagem (6) funciona, mas sem encostar-se ao garfo. Assim, o eixo propulsor não
gira.
Tanto em marcha avante, quanto em marcha atrás, o platô da embreagem (5)
faz pressão sobre o disco de fricção (4), o qual é arrastado pelo volante do motor (2)
com a mesma velocidade deste.
144
10. Alavanca articulada da embreagem
11. Braço de comando da alavanca de embreagem
12. Alavanca de comando
13. Eixo de reversão
14. Garfo da engrenagem de comando central
15. Engrenagem de comando central
16. Engrenagem de marcha à ré
17. Engrenagem do comando de marcha à ré
18. Engrenagem intermediária de marcha à ré
19. Engrenagem de comando de marcha avante
20. Engrenagem de marcha avante
21. Flange de saída para o eixo propulsor
22. Eixo primário
O disco de fricção (4) é dotado de estrias internas que engrenam nas estrias
externas do eixo primário (22), obrigando-o a girar junto consigo.
Dentro da caixa de reversão, as estrias externas do eixo primário engrenam nas
estrias internas da engrenagem de comando central (15). Essa engrenagem, acionada
pela alavanca de comando (12), pode ser deslocada axialmente para um lado ou para
o outro, podendo ocupar as seguintes posições operacionais:
• ponto morto (conforme se apresenta na figura);
• marcha à ré (engranzada na engrenagem 17); e
• marcha avante (engranzada na engrenagem 19).
Como não poderia deixar de ser, as engrenagens da caixa de reversão são
lubrificadas, devendo o nível do lubrificante, no seu cárter, ser mantido dentro das
recomendações do fabricante.
145
Figura 12.2 – Caixa hidráulica de reversão e redução de marcha acoplada a um motor Scania.
Fonte: SANAVE – E/M ENVIRA.
Uma válvula seletora dirige o óleo sob pressão, o que engaja hidraulicamente a
embreagem desejada. A roda motriz com o coxim de borracha é ligada ao volante do
motor propulsor.
146
O eixo da engrenagem de propulsão a vante bem e a embreagem condutora da
reversão giram sempre no mesmo sentido do MCP. O eixo da embreagem de reversão
e a engrenagem conduzida da reversão giram sempre no sentido contrário ao do
motor. Quando a embreagem de propulsão for engatada, a engrenagem do eixo da
saída de força vai girar no sentido contrário ao de rotação do motor, devido ao
acoplamento da engrenagem com o pinhão de propulsão. No momento em que a
embreagem de reversão for engatada, a engrenagem do eixo de saída de força irá girar
no mesmo sentido do motor, devido ao acoplamento da engrenagem com o pinhão de
reversão.
Quando posicionada em neutro, todas as partes móveis do reversor marítimo
giram com as mesmas rotações do motor. O anel rotativo, montado sobre o volante,
liga o motor à caixa de reversão hidráulica. O coxim de borracha da roda motriz é
acoplado ao anel rotativo. A roda motriz é montada por ranhuras no eixo da
embreagem de propulsão. Os dentes internos dos discos de aço da embreagem
engatam nos dentes externos da engrenagem-cubo, a qual é diretamente ligada ao
eixo da embreagem de propulsão. É por essa razão que os discos de aço da
embreagem de propulsão giram no mesmo sentido e com as mesmas rotações do
motor. A engrenagem condutora da reversão é chavetada num setor cônico do eixo da
embreagem de propulsão. Esta engrenagem condutora está acoplada na engrenagem
conduzida da reversão, a qual é chavetada num setor cônico do eixo da embreagem de
reversão. A relação entre estas duas engrenagens é de 1:1. O eixo da embreagem de
reversão gira no sentido oposto e com as mesmas rotações do motor por causa desse
acoplamento. Os dentes internos dos discos de aço engrenam nos dentes internos da
engrenagem-cubo, a qual é ligada diretamente ao eixo da embreagem de reversão. Por
isso, os discos de aço da embreagem de reversão giram no sentido contrário e com as
mesmas rotações do motor propulsor. A bomba de óleo, acoplada ao eixo da
embreagem de reversão, gira também em sentido contrário e com as mesmas rotações
do motor. Porque tanto a embreagem de propulsão, quanto a embreagem de reversão
estão desengatadas, não encontramos outro fluxo de força na caixa de reversão.
Quando em propulsão as partes móveis da caixa, que giravam quando em
neutro, continuam girando. Todavia, no momento em que a embreagem de propulsão
for engatada, os discos de aço entrarão em contato firme com os discos de metal
sinterizado. Os dentes externos dos referidos discos viram o tambor da embreagem,
que é montado por ranhuras no pinhão de propulsão. Por isso mesmo, o pinhão de
propulsão girará no mesmo sentido e com as mesmas rotações do motor, quando a
embreagem de propulsão for engatada. O pinhão de propulsão vira a engrenagem do
eixo da saída de força, que é chavetada no seu eixo. O flange da saída de força é
montado com ranhuras no eixo da saída de força e, por isso, esse flange gira em
sentido contrário ao do motor quando em “propulsão”. O eixo da saída de força e seu
flange giram com rotações reduzidas, por causa da redução entre a engrenagem da
saída de força e o pinhão de propulsão.
Quando em reversão, todas as peças móveis da caixa, que giravam quando em
“neutro”, continuam girando. Entretanto, quando a embreagem de reversão é engatada,
147
os discos de aço entram em contato firme com os discos de metal sinterizado. Então os
dentes externos desses discos viram o tambor da embreagem, o qual é montado por
ranhuras no pinhão de reversão. Por isso mesmo, o pinhão de reversão gira em sentido
contrário e com as mesmas rotações do motor propulsor, quando a embreagem de
reversão é engatada. O pinhão de reversão gira a engrenagem do eixo da saída de
força que é chavetada no eixo. O flange da saída de força é montado com ranhuras no
eixo da saída de força e por isso esse flange gira no mesmo sentido do motor quando
em “reversão”. Tanto o eixo de saída de força quanto o seu flange giram com rotações
reduzidas por causa da redução entre a engrenagem da saída de força e o pinhão de
reversão.
A seguir, apresentamos a figura 12.4 mostrando uma vista explodida da caixa
hidráulica de reversão fabricada pela TWIN DISC, cujo funcionamento acabamos de
descrever. Não serão listados todos os seus componentes, e sim apenas os
necessários à compreensão da descrição geral que acabamos de fazer.
148
Figura 12.5 – Reversor/redutor ZF/220A.
Disponível em <http://www.simplicity-marine.com/ZF/ZF220A/Description.htm>ZF 220 A.
149
na Amazônia. Projetado para trabalhar em instalações com motores irreversíveis é um
propulsor que, mesmo com o motor funcionando, permite que o navio pare ou se
movimente para avante ou para a ré.
O controle do passo do hélice pode ser feito do local ou a distância do
passadiço, mais precisamente. Normalmente, para reduzir a alta rotação do motor
propulsor, o hélice de passo variável é instalado em um eixo acoplado a uma caixa
redutora, e não de reversão, como mostrado na figura 12.7.
Figura 12.7- Sistema de propulsão com MCP irreversível e caixa de redução de velocidade.
Fonte: DPC-EPM - Máquinas de Propulsão - Rio de Janeiro. RJ: 2004.
O hélice de passo controlado foi desenvolvido para obter-se uma alta eficiência
da potência propulsiva em quaisquer condições de carga e velocidade. Com o navio
completamente carregado, a propulsão requerida é, obviamente, muito maior do que
com o navio descarregado. Ajustando-se o ângulo das pás do hélice pode-se obter a
máxima eficiência e, naturalmente, uma maior economia de combustível.
Ao contrário do hélice de passo fixo, que é mais eficiente para uma determinada
condição de carga e velocidade, o de passo controlado devidamente ajustado pode ser
eficiente para uma ampla gama de velocidade de rotação, já que pode ser adaptado de
forma a absorver toda a potência que o motor é capaz de produzir em quase todas as
rotações. Uma vantagem muito significativa do hélice de passo controlado é a
significativa melhora nas condições de manobrabilidade do navio, pois o mesmo
propicia uma rápida mudança de direção de propulsão. A direção desse impulso pode
ser modificada em uma faixa de tempo que vai de 15 a 40 segundos. Outra vantagem
do hélice de passo controlado é que ele dispensa o uso de um motor reversível ou
mesmo de uma caixa de reversão.
Para melhor compreensão do funcionamento básico do sistema, vamos atentar
primeiramente para a figura 12.8, na qual aparecem os parafusos de fixação das pás
do hélice ao disco da manivela; este, por sua vez, pode ser facilmente observado na
figura 12.9.
150
Figura 12.8 - Hélice de passo controlado.
Fonte: UNITESTE, Marine Training Software. Engineering CBT, Operator Handbook Part 1& 2.
151
se que o motor não possui válvula de descarga na cabeça, como é o caso dos motores
atuais. Portanto, é dotado de janelas de admissão e de descarga, com um injetor
posicionado no centro do cabeçote. Observe-se também que o eixo de comando das
bombas injetoras possui dois excêntricos para cada uma delas e dois excêntricos para
cada elemento do distribuidor de ar, que no caso é do tipo alternativo. Assim, tanto a
bomba injetora quanto o elemento do distribuidor terão um excêntrico para marcha
avante e outro, para marcha atrás.
Os excêntricos são descalados certo número de graus um do outro e devem ser
ligados por uma espécie de rampa para evitar que durante o movimento axial do eixo,
nem o excêntrico da bomba injetora nem o do elemento do distribuidor de ar tropecem
nos tuchos dos mesmos.
Note-se que em uma das extremidades do eixo de cames é instalado um
êmbolo para trabalhar no interior de um cilindro hidráulico, que se comunica por um
lado com o depósito de marcha avante (V) e pelo outro com o depósito de marcha atrás
(Z). Esses cilindros são carregados com óleo hidráulico e são comunicados com redes
de ar comprimido que se alternam como canais de admissão e de drenagem de ar,
conforme o eixo deva ser movimentado axialmente num ou noutro sentido. Observe
também que, durante o movimento axial do eixo de cames, a sua engrenagem não se
desloca axialmente, pois, se assim fosse, ela desengrenaria da engrenagem
intermediária (21). Assim, o eixo pode se deslocar sem levar a engrenagem consigo,
graças a uma espécie de luva ou manga montada com folga axial em relação ao eixo.
Outra maneira de conseguir o mesmo efeito seria construir a engrenagem do eixo de
cames com uma espessura maior do que a da engrenagem da transmissão (21). Nesse
caso, a dita engrenagem deveria ser fixada ao eixo para se deslocar axialmente com
ele, mas sem desengrenar da engrenagem mencionada.
É importante lembrar que, nos navios modernos, o motor tanto pode ser operado
do local quanto a distância e, neste último caso, o referido controle é feito por um
sistema de comando constituído por uma série de componentes eletropneumáticos que
conferem maior segurança e praticidade ao sistema. Esses dispositivos, que não
aparecem na figura, modernizam mas não relegam o sistema estudado à condição de
obsoleto. Portanto, o funcionamento do sistema que está sendo descrito serve de base
para a compreensão dos sistemas mais atuais que utilizam o deslocamento axial do
eixo de cames. Vejamos, pois, o que acontece na parada, na reversão e na partida
do motor.
152
Figura 12.10 – Sistema de partida e reversão de marcha de um motor MAN de dois tempos.
Fonte: DPC. Máquinas de Combustão Interna. APMQ - Módulo 6, Rio de Janeiro, RJ: 2001.
Motor em reversão
Quando o volante de manobras (24) é girado para o setor marcado reversão, a
válvula reversora (29) é aberta e passa ar de controle para o registro de reversão (23).
Com esse registro na posição avante, o ar de controle é enviado ao depósito de óleo
(9) do mecanismo de reversão (12). A pressão de ar é aplicada na superfície desse
153
óleo, e o êmbolo do cilindro de reversão é mantido na posição correspondente à última
direção de propulsão usada.
Se desejarmos mesmo fazer a reversão, o registro inversor (23) deverá ser
posto na posição atrás (astern). Se, agora, o volante de manobras (24) for girado para
o setor marcado reversão, ar de controle passará para o depósito de óleo (10) e atuará
sob pressão na superfície do óleo nele contido, ao mesmo tempo em que o ar sob
pressão na superfície do óleo do depósito (9) é purgado através do registro de inversão
(23). O êmbolo ou pistão de reversão é então pressionado para a esquerda, levando
consigo o eixo de cames (17). Essa nova posição (toda para a esquerda) corresponde
à de marcha atrás, resultando com isso que a bomba injetora e o elemento do
distribuidor de ar de partida são ativados pelos excêntricos ou cames de marcha atrás.
Ao mesmo tempo, uma luva no eixo de cames moverá a haste (32). Quando termina o
procedimento de reversão, o volante é liberado. O motor estará então “predisposto” a
funcionar em marcha atrás e com uma nova ordem de queima dos cilindros.
Partida do motor
Por um giro adicional do volante de manobras (24) até o setor partida, a válvula
reversora (29) e a válvula de suprimento de ar (28) são fechadas e, além disso, a
válvula de purga é aberta. O espaço sobre o pistão da válvula principal de partida (2) é,
por isso mesmo, purgado e a válvula principal de ar de partida abre. Assim, o ar de
partida passa pela tubulação (3) para a válvula de arranque ou partida (6) na cabeça do
cilindro (5) e para o elemento do distribuidor de ar alternativo (15). Esse elemento
distribuidor, que está numa posição oposta em relação ao ressalto da came, é
pressionado para baixo pelo ar comprimido, abrindo desse modo o fornecimento do ar
para pilotar e, portanto, abrir a válvula de arranque ou partida (6). Ora, quando isso
acontece, o eixo de manivelas começa a girar juntamente com o de cames e, de
conformidade com a ordem de queima (para marcha atrás), as operações que
descrevemos vão se sucedendo, cada qual no seu devido tempo, até que o motor
esteja suficientemente embalado para que o volante de manobras (24) possa ser
girado para a posição combustível.
Depois que o motor começa a “queimar”, o giro no volante de manobras pode
ser continuado para além da marca combustível, aumentando-se assim a quantidade
de óleo injetada nos cilindros de acordo com a vontade do operador.
A figura 12.11 representa um outro arranjo para reversão de marcha pelo
deslocamento axial do eixo de cames. Dessa vez o método está sendo aplicado a um
motor propulsor de 4 tempos. O mecanismo pode parecer um pouco diferente, mas o
princípio de funcionamento é praticamente o mesmo do sistema que acabamos de
descrever.
154
Figura 12.11 – Arranjo de um sistema de reversão pelo deslocamento axial do eixo de cames.
Fonte: Christensen, G. Stanley - Lamb´s Questions and answers on the Marine Diesel Engine. Eighth
edition. 1992.
155
Figura 12.12 – Motor hidráulico de reversão montado no eixo de cames de um motor Sulzer.
Fonte\: Manual do motor Sulzer RND.
Quando o motor está funcionando, seja em marcha avante, seja em marcha
atrás, as palhetas do servomotor estão encostadas nos esbarros e o conjunto é
arrastado pela engrenagem intermediária que faz parte do trem de engrenagens da
distribuição do motor. A figura 12.13, extraída do manual de um motor Sulzer RL A 56,
ilustra melhor o que acabamos de descrever.
Quando se deseja fazer a reversão, o óleo hidráulico tem que ser pressurizado
nas pequenas câmaras formadas entre as palhetas do eixo e os seus esbarros e
drenado das outras duas. O óleo sob pressão, atuando nos lados apropriados das
palhetas, faz o eixo de cames girar até que as suas palhetas encostem-se aos seus
esbarros. É fácil compreender que os volumes dessas câmaras variam durante a
156
reversão e que o motor possui duas ordens de queima: uma para marcha avante e
outra para marcha atrás.
A figura 12.14 dá uma idéia melhor do funcionamento do servomotor hidráulico
de reversão. A válvula de controle do fluxo de óleo para o mesmo é atuada por meio de
outra controlada pneumaticamente, válvula esta que faz parte do sistema de controle
do motor. A referida válvula é mostrada em duas posições (a) e (b) para a operação do
motor em marcha avante e em marcha atrás. As passagens do óleo através do eixo de
cames são também mostradas em forma de linhas, juntamente com setas mostrando a
direção do fluxo do óleo durante a operação de reversão de marcha.
Figura 12.14 – Vista explodida do motor de reversão instalado em alguns motores de propulsão.
Fonte: Stanley, G Christensen. Lamb´s Questions and Answers on the Marine Diesel Engines. Eighth
Edition, 1992.
157
A figura 12.15 A mostra que o tucho subiu a rampa da came com o eixo de
cames movido no sentido anti-horário; isto é, para o início da injeção. Se o sentido de
rotação do motor for revertido nesse ponto, o ar comprimido entrará no cilindro
pneumático e o seu pistão será movido para a direita como indica a figura 12.15 B. O
tucho será então movimentado e esse movimento terminará na posição mostrada que
será o ponto correto para o funcionamento do motor em marcha atrás.
Figura 12.15 – Dispositivo de reversão de marcha de um motor MAN B&W da série MC.
Fonte: disponível em HTTP//www.marinediesels.co.ut. Acesso em maio/2010.
Deve-se levar em conta que a reversão do tucho só ocorre quando o motor está
girando. Se o motor for parado a partir do funcionamento em marcha à vante e for
partido em marcha atrás, o tucho da bomba injetora de combustível será movido na
partida do motor para girar e antes do combustível ser admitido por abertura do orifício
de admissão da bomba injetora.
Pode-se perceber nas referidas figuras a presença de um micro interruptor que
detecta se o tucho da bomba foi ou não todo movido. Se não, uma lâmpada indicadora
acenderá na sala de controle. Mas se o tucho não se mover devido digamos a um
possível problema de corrosão no cilindro servo, ainda assim o motor arrancará. Um
alarme será então acionado por um breve tempo. Permitir a partida do motor nesta
situação pode ser útil e interessante durante manobras em águas confinadas.
158
Dependendo da potência requerida, o navio pode ser dotado de um, dois ou três
propulsores azimutais, cada um deles acionado por um motor diesel irreversível de
quatro tempos. A figura 12.16 mostra, de forma simplificada, como o propulsor azimutal
é instalado a bordo dos navios mercantes.
figura
Como vimos, ele é acoplado ao MCP por meio de semieixos interligados por luvas
universais.
159
A figura 12.17 mostra os componentes internos do propulsor azimutal e seu
funcionamento pode ser descrito basicamente como segue: o propulsor recebe o
movimento da linha de eixos do motor por meio da flange do eixo acionador 2. Se a
embreagem 4 for acionada, o eixo horizontal gira e transmite, por meio de engrenagens
cônicas, o movimento de rotação para o eixo vertical do dispositivo. Por meio de uma
engrenagem situada na extremidade inferior do eixo vertical, o movimento de rotação é
transmitido à engrenagem montada no eixo horizontal em cuja extremidade é montado
o hélice responsável pela propulsão do navio. Entretanto, como todos os navios
precisam dar marcha avante e marcha atrás, torna-se necessário fazer com que o
hélice gire em torno do eixo vertical do dispositivo. Para que o eixo do hélice gire de 0º
a 360º, em torno do eixo vertical do dispositivo de propulsão utiliza-se um motor elétrico
ou hidráulico, com engrenagem planetária, conforme mostrado na figura 12.18.
160
REFERÊNCIAS
161
WIDLLE, A.J. Marine Engineering System. 1976.
ZF220A. Disponível em <http://www.simplicity- marine.com/ZF/ZF220A/Description.
htm.ZF 220 A>
162