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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

Cinética de Materiais

Professores: Euler Araújo e Ledjane Barreto

Aluno:
Marcos Vinicius Silva Dos Santos

Relatório 2: EFEITO DA CONCENTRAÇÃO E TEMPERATURA NA


VELOCIDADE DE REAÇÃO

São Cristovão

Março de 2022
1. Introdução

A velocidade de uma reação química é a taxa em que a concentração das


espécies presentes na reação, diminui ou aumenta num intervalo de tempo. E as
definições, quanto a velocidade de uma reação, são dadas de modo empírico, através
dos monitoramentos de avanço da reação.[1]

O monitoramento das reações químicas é de extrema importância para que seja


possível entender e prever o comportamento de compostos, sínteses e
processamentos. Entre as técnicas mais comuns e de simples percepção para se
certificar quanto ao andamento de uma reação - se ela acontece ou não - é a
observação da mudança de coloração da solução. Observar o tempo dessa variação
de cor traz informações a respeito da velocidade de reação.[1]

Um exemplo de reação que pode ser monitorada por esse método é a dos íons
de permanganato e oxalato segundo a equação abaixo:

5C2CO42- + 2MnO4- + 16H+ -> 10CO2 + 2Mn2+ + 8H2O

Incolor Violeta Incolor

Onde o controle da reação se dará pelo consumo de permanganato, pois ele é o


único componente da reação que tem coloração, logo, enquanto ainda está presente
a solução ganha uma cor violeta, e conforme é consumido, ela volta a ser incolor.[2]

Conhecendo o tempo de duração da cor na solução e a concentração dos


reagentes, é possível plotar gráficos que trarão como componentes o valor da
constante de velocidade, a ordem da reação e, portanto, a lei de velocidade da
reação.[2]

2. Objetivos
Verificar o efeito da temperatura e da concentração sobre a velocidade de uma
reação. Usar os modelos de determinação de lei de velocidade para calcular ordem e
constante de velocidade da reação. Calcular a energia de ativação da reação
repetindo o experimento em várias temperaturas.
3. Metodologia
3.1. Materiais:
✔ Béquers de 50 e 250 mL;
✔ Proveta 10 e 100 mL;
✔ Pipeta graduada 5 ou 10 mL;
✔ Bastão de vidro;
✔ Manta de aquecimento;
✔ Termômetro;
✔ Cronômetro;
✔ Água destilada;
✔ Solução de ácido clorídrico 5,0 mol L-1;
✔ Solução de oxalato de amônia 0,5 mol L-1;
✔ Solução de permanganato de potássio 0,04 mol L-1;
3.2. Métodos:
A realização do experimento foi dividida em duas partes:
✔ 1ª Parte (Influência da Concentração): Monitoramento da reação com
variação de concentração.
Foram separados 4 béqueres de 250mL, enumerados, e em cada um deles
adicionados inicialmente 10mL de HCl, e, em seguida, mais 5mL de
oxalato de amônia com o auxílio de pipetas graduadas. Logo após, a
cada um dos béqueres foi adicionada água destilada nos volumes
mostrados na tabela 1. Por fim, com o auxílio da pipeta, foi medido um
volume de 4mL de permanganato de potássio (KMnO4), e com o
cronometro de celular foi marcado o tempo de descoração da solução
dos béqueres após receber o permanganato.

Tabela 1: Volume de água adicionada

Béquer 1 Béquer 2 Béquer 3 Béquer 4

0mL 50mL 100mL 150mL


Figura 1: Fases do experimento com Béquer 4. Fonte: Autor.

✔ 2ª Parte(Influência da Temperatura): Monitoramento da reação com


variação na temperatura da solução.
Em béqueres de 250mL foi realizado o mesmo procedimento da solução da
primeira parte. Em seguida, essas soluções foram aquecidas na manta
de aquecimento até as temperaturas descritas na tabela 2. Logo após,
foi medido 4mL de permanganato de potássio com o auxílio de uma
pipeta, e então contabilizado o tempo de descoração da solução após
receber o permanganato, em cada um dos béqueres com diferentes
temperaturas.

Tabela 2: Temperaturas das soluções

Béquer 1 Béquer 2 Béquer 3 Béquer 4

36,5°C 36°C 35,5°C 35,0°C

Figura 2: Fase do experimento com influência da temperatura. Fonte: Autor.


OBS.: Os dados foram coletados com o auxílio de cronômetro de celular e observação, sendo
feita a observação dos quatro béqueres por duas pessoas e talvez possa ter afetado
alguns procedimentos de observação, a exemplo do de coloração. Ademais, a
primeira parte do experimento foi feito com mais calma e os resultados foram melhor
explicados. Já a segunda parte não foi bem desenvolvida por falta de tempo e
ausência do meio do experimento de um dos participantes. Assim, a temperatura num
foi muito bem atingida (entre 35°C~36°C para todos os béqueres), por falta de tempo,
para ter um resultado mais consistente e melhor discutido.

4. Discussão e Resultados
Na equação balanceada a seguir mostra a reação estudada no experimento:

5𝐶2 𝑂42− + 2𝑀𝑛𝑂4− + 16𝐻+ → 10𝐶𝑂2 + 2𝑀𝑛2+ + 8𝐻2 𝑂

Sabendo que o 𝑀𝑛𝑂4− possui uma coloração violeta e todas as outras espécies
químicas não possuem coloração, tanto as dos reagentes como dos produtos, pode-
se associar à perda de coloração com o consumo dos reagentes uma vez que a
equação já está balanceada.
Na tabela 3 estão apresentados os dados coletados no experimento e o tempo
necessário para que a solução se torne totalmente incolor em diferentes
concentrações:

Tabela 3: Concentração por tempo necessário para total perda de coloração da reação.

Concentração X Descoramento
Concentração Tempo de
Número do béquer
de C2O4-(mol/L) descoramento (s)
1 0,167 21,18
2 0,038 75,08
3 0,022 166,60
4 0,015 215,30
No gráfico 1 se refere a primeira tentativa de linearização da reação
considerando ordem 0:
Gráfico 1: Linearização de ordem zero dos dados coletados, referente à tabela 3

O parâmetro utilizado para verificar a relação entre a curva obtida


experimentalmente e a linearização da mesma é o coeficiente de correlação, também
chamado de R-quadrado (R-Square). Por tanto quanto mais próximo esse valor for 1,
mais correlacionados estão as curvas (experimental e de linearização).
Tendo em vista esse parâmetro, pode-se observar que ≈ 0,53 não é uma
aproximação satisfatória. Portanto foi feita a linearização da primeira ordem, como
mostrada no gráfico 2:

Gráfico 2: Linearização de primeira ordem dos dados coletados, referente à tabela 3


Da mesma forma que no gráfico anterior foi analisado o valor de R-quadrado e
obteve-se um valor mais próximo de 1 (≈ 0,82). Para fins comparativos, ainda sim foi
feita a linearização referente a ordem 2, gráfico 2.

Gráfico 3: Linearização de segunda ordem dos dados coletados, referente à tabela 3

Neste terceiro gráfico foi obtido um valor de R-quadrado muito mais satisfatório
de ≈ 0,97, o que demonstra a forte correlação do gráfico experimental com sua
linearização. A partir das informações anteriores obtidas podemos determinar, então,
que a reação em questão diz respeito à uma reação de segunda ordem. Além desta
informação, a partir da tabela de linearização também é possível obter a inclinação da
reta, que se refere o valor da constante de velocidade da reação (k), também
chamada, no inglês, de Slope, que é: 𝑘 = 0,29363 𝑚𝑜𝑙−1 . 𝑠 −1 .
Logo, a velocidade da reação pode ser representada pela seguinte fórmula:
𝑣 = −0,29363[𝐶2 𝑂4 ]2

Na tabela 4, são listados o tempo que cada solução demorou para perder
totalmente a coloração conforme a sua respectiva temperatura mostrada ao lado:
Tabela 4: Tempo de descoramento da solução em função da temperatura

Descoramento X Temperatura
Tempo de
Número do béquer descoramento Temperatura
(s)
1 13,07 36,5°C
2 61,2 36°C
3 120,0 35,5°C
4 183,0 35°C

Nesta segunda etapa do experimento foi mantida a concentração do 𝐶2 𝑂4 e


variou-se as temperaturas das soluções para que pudesse ser observado o tempo
necessário para descoramento da solução. O gráfico 4 apresenta a linearização dos
dados juntamente com a tabela:

Gráfico 4: Linearização da temperatura da solução pelo tempo de descoramento com os valores obtidos dos
dados da tabela 4.

Pode-se observar, que de fato, conforme a temperatura aumenta, o tempo


necessário para que a reação se torne incolor diminui, mas neste gráfico não é muito
visível, pois as temperaturas estão muitos próximas e as concentrações são as
mesmas da parte 1 do experimento. Contudo, isso se dá devido ao aumento do
movimento das moléculas dos reagentes causado pelo aumento da temperatura, que
garante uma efetividade maior na quantidade de colisões. Com isso pode-se observar
que a constante de velocidade da reação (k) está fortemente relacionada com a
temperatura da reação.
5. Conclusão
Com a análise dos gráficos 1,2 e 3, foi possível perceber que a reação em
questão é de segunda ordem e, devido o valor de R-quadrado ser tão próximo de 1
(𝑘 = 0,97174) pode-se considerar a reação como elementar, ou seja, ela acontece
sem a formação de intermediários em uma só etapa. Além disso foi confirmado que
com o aumento de temperatura na reação é capaz de ocorrer mais colisões efetivas
e com isso aumentar a velocidade da reação diminuindo o tempo de descoramento
total.

6. Referencias
✔ ATKINS, P. W., DE PAULA, J., Físico-Química 2, 8ª edição, São Paulo.
Editora LTC
✔ Anotações feitas em sala.

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