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LICENCIATURA EM QUÍMICA

ENERGIA DE DISSOLUÇÃO

Turma B – K3

Ana Beatriz Marchi de Aguiar - 1760653


Gabriel Brito Silva - 1762974
Guilherme Akira Hossotani Akiho - 1763628

QI1K3 - LABORATÓRIO

SÃO PAULO
03 DE ABRIL DE 2018
1. Introdução
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O conceito de energia se faz presente em muitos ramos tanto das ciências


exatas quanto das ciências biológicas, sendo possível de ser armazenada em
diferentes formas, tais como energia química, elétrica, térmica, cinética e muitas
outras; assim, a termoquímica é responsável pelo estudo das transformações de
energia química em térmica ou o oposto.
Na maioria das reações química ocorre uma absorção ou liberação de energia
na forma de calor, sendo ela sensível o suficiente para ocasionar uma mudança
significativa de temperatura ou não. Tal fato pode ser justificado pela variação da
energia interna na reação química, sendo elas classificadas como endotérmicas,
quando ocorre uma absorção de calor e consequentemente a queda da
temperatura; e exotérmicas, que liberam energia em forma de calor ao meio e
aumentam a sua temperatura. (ATKINS, 2012)
A medida dos calores envolvidos durante as reações químicas são muito
passíveis a erros se não forem realizados em meios adequados, como por exemplo
o uso de um calorímetro adequado, já que se não devidamente isolado, ocorre uma
troca de calor com o meio, interferindo, assim, nos dados coletados durante a
realização de experimentos. (WOLF et al, 2011)
Para o cálculo da variação de energia dentro de uma reação química é
necessário o uso de um calorímetro, em que a variação de 1ºC teria uma energia
equivalente a 1cal ou 4,184J, sendo tal valor obtido na variação de 1 grama de H2O
de 14,5ºC para 15,5ºC em pressão normal. (RUSSEL, 1994)

2. Objetivo
Determinar a capacidade calorífica de um calorímetro; determinar a variação
de entalpia de dissolução de cloretos de metais alcalinos em água e relacionar com
as energias reticulares e de hidratação.

3. Parte Experimental
3.1. Materiais
● Proveta;
● Calorímetro;
● Termômetro;
● Balança semi-analítica;
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3.2. Reagentes
● Solução de Ácido Clorídrico - HCl ;
● Solução de Hidróxido de Sódio – NaOH ;
● Cloreto de Lítio - LiCl ;
● Cloreto de Sódio - NaCl ;
● Cloreto de Potássio - KCl ;
● Água destilada.

Figura 1: Diagramas de Hommel das substâncias utilizadas nos procedimentos.


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Tabela 1: Legenda para Diamantes de Hommel.

3.3. Procedimento

3.3.1 – Determinação da capacidade calorífica do calorímetro


● Mediu-se numa proveta, 50mL de solução de ácido clorídrico 1,0mol/L e
depois ele foi colocado no calorímetro;
● Juntou-se 2 gotas de indicador fenolftaleína, agitou-se com cuidado e anotou-
se a temperatura, quando ela permaneceu constante;
● Mediu-se numa proveta, 50mL de solução de hidróxido de sódio 1,0mol/L e
depois ele foi colocado no calorímetro;
● Adicionou-se a solução de hidróxido de sódio à solução ácida contida no
calorímetro e se agitou. Os dados foram anotados.

3.3.2 – Determinação do ∆H de dissolução de cloretos de metais alcalinos


● Mediu-se numa proveta, 100mL de água destilada e depois ele foi colocado
no calorímetro, agitando com cuidado, até a temperatura se manter
constante;
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● Pesou-se numa balança semi-analítica, uma quantidade suficiente de um


cloreto para obter 100mL de solução 1,0mol/L do sal;
● Pegou-se informações dos outros grupos a respeitos dos outros cloretos;
● Adicionou-se o sal à água contida no calorímetro, agitou-se continuamente,
com cuidado. A temperatura foi anotada.

4. Resultados e Discussão
● Capacidade calorífica do calorímetro
Após medir, em uma proveta de 50ml, 50ml de solução de ácido clorídrico
(HCl), colocou-a no calorímetro junto a duas gotas de fenolftaleína, esperando
chegar a temperatura constante de 28ºC.
Em outra proveta, de 250ml, mensurou 50ml de solução de hidróxido de sódio
(NaOH) e mediu a temperatura antes de colocá-la junto ao ácido contido no
calorímetro, obtendo 28ºC.
Ao adicionar a solução de hidróxido de sódio à solução de ácido clorídrico
contida no calorímetro, mediu-se a temperatura de 34ºC.
A massa da solução final foi calculada com base nas densidades da solução
de hidróxido de sódio e da solução de ácido clorídrico, que são considerada 1g.cm -3
sendo correspondente a 100g.
1g 3
mHCl = 3 x 50cm = 50g
1cm
1g
mNaOH = x 50cm3 = 50g
1cm3
mtotal = 100g

Na+(aq) + OH-(aq) + H+(aq) + Cl-(aq) → H2O + Na+(aq) + Cl-(aq)


Com base no valores anteriores, sabendo que a reação de neutralização (∆H neutralização)
é de - 57,3 kJ.mol-1 e utilizando a estequiometria da reação para obter o valor de
mols formados (nH2O) de 1mol, foi possível obter qual era a capacidade calorífica do
calorímetro:
qreação = qsolução + qcalorímetro
qreação = nH2O x |∆Hneutralização|
qreação = 1mol. |-57,3| kJ.mol-1 = 57,3 kJ
qsolução = m x c x |∆t|
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qsolução = 100g x 4,184 J.g-1.ºC-1 x |34-28| ºC = 2510,4 J


qsolução = 2,5104J

qcalorímetro = C x |∆t|
q calorímetro
=C
¿ ∆t∨¿¿
qcalorímetro = 57,3 kJ - 2,5104kJ = 54,7896 kJ

C = 57, 2736 kJ/ |34-28| ºC = 9,1316 kJ.ºC-1

Ao colocar na solução de ácido clorídrico, a fenolftaleína não apresentou


mudança de coloração visto que o pH para liberação da cor rosa ocorre em meio
básico após o pH = 8. Por ser uma reação de neutralização, os produtos da reação
seriam água e íons aquosos Na +(aq) e Cl-(aq), sendo assim, não haveria manifestação
da coloração causada pela fenolftaleína, sendo assim uma coloração incolor o
resultado final, entretanto a solução apresentou a coloração rósea. Repetiu o
experimento, utilizando desta vez apenas proveta de 50mL para não ocorrer erro de
instrumento, obtendo os mesmos resultados quanto às temperaturas e à coloração
da solução.
Isso se deve pelas diferenças de molaridade dos reagentes (0,9643 mol
HCl/L e 0,9741 mol NaOH/L), havendo maior concentração de hidróxido de sódio
em 50mL do que de ácido clorídrico, sendo assim há maior concentração de OH -
que de H+, tornando o meio mais básico e resultando na coloração rósea da
fenolftaleína.

● ∆H de dissolução de cloretos de metais alcalinos

Após colocar 100ml de água destilada no calorímetro e agitá-la, obteve a


temperatura de 26ºC. Posteriormente, mediu-se 7,459g de cloreto de Potássio
(KCl), valor próximo a 0,1 mol.L-1.

74.55 g
0,1mol x = 7,455 g
1mol KCl
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Assim que adicionado o sal à água contida no calorímetro, a temperatura


abaixou, chegando a temperatura mínima de 25ºC.
A partir disso, sabendo que o calor específico do sal é 3,80 J.ºC -1 e o do calorímetro
é 4,184 J.ºC-1 e sabendo que a densidade da solução de cloreto de potássio é
1,05g.cm-3, foi possível calcular a energia de dissolução do KCl (∆Hdissol).

KCl(s)→K+(aq) + Cl-(aq)

|∆Hdissol| x n k+cl- = qsolução + qcalorímetro

m=dxV

-3 3
m = 1,05g.cm x 100 cm = 105g

qsolução = m x c x |∆t|=
qsolução = 105 g x 3,80 J.g-1.ºC-1 x |25-26| ºC
qsolução = 399 J

qcalorímetro = C x |∆t|
qcalorímetro =9,1316 kJ.ºC-1 x |25-26| ºC
qcalorímetro = 9,1316 kJ = 9.131,6 J

nk+cl-= 7,459g x 1 mol/ 74,55g = 0,10005 mol

(399+ 9131,6)J
¿ ∆ H dissol∨¿ = 95258 J.mol-1
0,10005 mol
|∆Hdissol| = 95,258 kJ.mol-1
● ∆H teórico de dissolução de cloretos de metais alcalinos
De acordo com dados teóricos, foi possível obter o valor teórico da dissolução:
Energia reticular (U) = 717 kJ.mol-1
Energia de hidratação K+ (∆Hhid k+) = - 361 kJ.mol-1
Energia de hidratação Cl- (∆Hhid cl-) = - 340 kJ.mol-1
Energia de hidratação total (∆Hhid) = - 701 kJ.mol-1
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∆Hdissol = U + ∆Hhid
∆Hdissol= 717 kJ.mol-1 - 701 kJ.mol-1 = 16 kJ.mol-1

(PRÓPRIO AUTOR, 2018)


Figura 2: Dissolução teórica do cloreto de potássio.

Comparando os valores dados no valor experimental e no valor teórico foi


possível observar que ambos os resultados deram positivo, indicando ser uma
dissolução endotérmica. Pode notar também que os valores obtidos foram muito
discrepantes, podendo associar essa discrepância a rudimentaridade do
calorímetro, pois é possível a interferência do meio ambiente; possível de calibração
do termômetro.

5. Conclusão
De acordo com os experimentos realizados, pôde-se concluir que a variação
de temperatura durante a dissolução de alguns sais pode variar tanto positivamente
quanto negativamente dependendo da quantidade de energia interna contida nos
reagentes e produtos da reação. Tal fato pode ser explicado por meio da quebra e
da formação de ligações químicas, em que no caso de uma variação de energia
negativa, o sistema ganha temperatura, sendo chamada de uma reação exotérmica;
e na positiva, ocorre uma perda de temperatura, sendo assim, endotérmica. E por
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meio de equações adequadas, tal variação pode ser calculada, assim, com o valor
obtido, saber quanto de energia que a reação necessita para que ocorra, ou quanto
ela libera, para que possa ser reaproveitada para outros fins.

6. Questionário
1. O que é energia de dissolução?
A Energia ou entalpia de dissolução é a soma de duas etapas na interação
entre um sólido e um líquido, que são:
a. Quebra do retículo cristalino - Ao ser adicionado um líquido para formar a
solução, é necessário quebrar o retículo cristalino, que é um aglomerado iônico bem
organizado e geometricamente definido. Para que isso ocorra, uma certa quantidade
de energia precisa ser recebida, essa se chama energia reticular e ela sempre será
positiva, já que a entalpia final é maior que a inicial e a temperatura do sistema
diminui.
b. Interação entre as partículas do soluto e o solvente - Para que essa interação
ocorra, é necessário liberar certa quantidade energia, chamada energia de
hidratação, visto que se perde calor, a temperatura do sistema aumenta e a entalpia
é negativa.
Assim, se a energia reticular for maior que a energia de hidratação, a
dissolução será endotérmica. Caso, ocorra o contrário, a dissolução será
exotérmica. (FOGAÇA, XXXX)

2. Por que o lítio apresenta maior tendência em formar compostos covalentes que
os demais elementos do seu grupo?
Porque, já que ele é o menor metal alcalino da família, seu elétron de
valência está mais próximo do núcleo e uma interação entre esse elétron e o núcleo
ocorre de maneira mais intensa, ficando o e- mais preso no átomo, dificultando sua
perda na forma de ligação iônica. Por isso, para ele, dependendo do ligante fica
mais fácil compartilhar do que doar. Uma outra explicação é que o Lítio se torna
muito polarizador, reagindo com substâncias muito polarizáveis, gerando uma forte
atração íon-dipolo.

3. Calcule a energia de dissolução do AgCl. Construa o ciclo de Haber-Born e


demonstre se a dissolução deste sal em água é endotérmica ou exotérmica.
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Dados: U AgCl = 916 kJ.mol-1 e ∆Hhid Ag+ = - 510 kJ.mol-1

Energia reticular (U) = 916 kJ.mol-1


Energia de hidratação Ag+ (∆Hhid k+) = - 510 kJ.mol-1
Energia de hidratação Cl- (∆Hhid cl-) = - 340 kJ.mol-1
Energia de hidratação total (∆Hhid) = - 850 kJ.mol-1

∆Hdissol = U + ∆Hhid
∆Hdissol= 916 kJ.mol-1 - 850 kJ.mol-1 = 66 kJ.mol-1

Por a energia de dissolução ser positiva, a dissolução será endotérmica,


conforme mostrado na figura abaixo:

(PRÓPRIO AUTOR, 2018)


Figura 2: Dissolução endotérmica do cloreto de Prata.

4. Comentar a influência da carga e do raio dos íons sobre a energia reticular dos
cloretos estudados.
A força de atração entre partículas carregadas de forma oposta é diretamente
proporcional ao produto das cargas. Uma carga maior significa que os íons são mais
atraídos, assim, quanto maior a carga, mais forte a atração e maior a energia de
rede.
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A força de atração entre partículas carregadas é inversamente proporcional à


distância entre elas. Os íons maiores significam que o centro da carga positiva
(núcleo do cátion) está mais distante da carga negativa (elétrons do ânion). Assim,
quanto maior o íon mais fraca a atração e menor a energia de rede.

5. Por que os elementos do Grupo 1 são:


a) Monovalentes?
São monovalentes porque só apresentam um elétron em sua camada mais
externa.

b) Essencialmente iônicos?
São essencialmente iônicos porque ao formarem compostos a diferença de
eletronegatividade é muito grande. Uma ligação covalente tende a zero e com 1,7 –
1,8 corresponde a aproximadamente 50% de caráter iônico.

c) Agentes redutores fortes?


Os elementos do grupo 1 possuem um elétron na camada mais externa,
sofrendo uma menor atração do núcleo, assim quando numa reação de oxirredução,
eles liberam o seu elétron mais fracamente ligado ao núcleo, reduzindo o agente
oxidante. Além disso, os metais deste grupo apresentam condutividade elétrica e
térmica elevadas são maleáveis e dúcteis e possuem pouco controle sobre seus
elétrons de valência. (CASAGRANDE, XXXX)

d) Apresentam os menores valores para a primeira Energia de Ionização nos


respectivos períodos?
Os átomos desse grupo são muito grandes e o elétron da camada de
valência é fracamente atraído pelo núcleo. Conforme se aumenta o período, o
tamanho dos átomos aumenta e o elétron fica da vez mais afastado do núcleo,
sendo facilmente retirado, diminuindo assim, sua energia de ionização.

7. Referências Bibliográficas
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______. Energia Reticular em Sólidos Iônicos. Disponível em:


<http://docente.ifsc.edu.br/michael.nunes/MaterialDidatico/Processos%20Qu
%C3%ADmicos/Qu%C3%ADmica%20Inorg%C3%A2nica/energia%20de
%20rede.pdf>. Acesso em: 16 de Abril de 2018.

ATKINS, P.W.: JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e


o meio ambiente. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

CASAGRANDE, Gleison. Metais. Disponível em:


<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA3ngAB/metais>. Acesso em: 04 de Abril
de 2018.

FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Entalpia de Solução. Disponível em:


<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/entalpia-solucao.htm>. Acesso em:
04 de Abril de 2018.

RUSSEL, J.B. Química Geral. 2ª ed São Paulo: Makron Books. Brasil Editora Ltda,
1994.

WOLF, Lúcia D.et al. Construção de um Calorímetro Simples para


Determinação da Entalpia de Dissolução. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/html/429/42921422004/>. Acesso em: 14 de Abril de 2018.

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