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Química Analítica Quantitativa


DETERMINAÇÃO DO TEOR DE NaCl POR ARGENTIMETRIA

I - Objetivo:
Determinar a concentração e a pureza de uma amostra de NaCl através da
argentimetria.

II - Introdução teórica:
Os métodos volumétricos que se baseiam na formação de um composto pouco
solúvel são chamados de titulações de precipitação. Estas titulações são usadas
principalmente para análise de haletos (cloretos, brometos, iodetos) e de alguns íons
metálicos. Para que uma reação de precipitação possa ser usada, é preciso que ela se
processe em tempo relativamente curto e que o composto formado seja suficientemente
insolúvel.
Condições que devem obedecer o método de precipitação:
 O precipitado deve ser praticamente insolúvel.
 A formação do precipitado deve ter uma rapidez suficiente (não deve
verificar-se o fenômeno da formação de soluções sobressaturadas).
 Os resultados da titulação não devem ser muito modificados pelos
fenômenos de adsorção (coprecipitação).
 Deve haver possibilidade de se fixar o ponto de equivalência da titulação.
Dentre os métodos volumétricos de precipitação, os mais importantes são os que
empregam solução padrão de nitrato de prata. São chamados de métodos
argentimétricos. Existem três métodos distintos para a determinação de cloretos (nosso
caso) com íons prata: método de Mohr (formação de um sólido colorido), método de
Volhard (formação de um complexo solúvel) e o método de Fajans (mudança de cor
associada com adsorção de um indicador sobre a superfície de um sólido).
Argentimetria (ou Argentometria) consiste em determinar a concentração de uma
solução de um sal (solução-problema) cujo soluto forma um precipitado quando
adicionado à uma solução de nitrato de prata de concentração conhecida (solução-
padrão). Adiciona-se pequena quantidade de uma solução de cromato de potássio para
servir como indicador. No ponto final, quando a precipitação for completa, o primeiro
excesso de íons Ag reagirá com o indicador ocasionando a precipitação do cromato de
prata, vermelho. É um caso de titulometria de precipitação (segundo o método de
Mohr).
Ag + + Cl- AgCl (S)
+ 2-
2 Ag + CrO4 Ag2CrO4(S)
Teoricamente o Ag2CrO4 deveria começar precipitar no ponto de equivalência.
Neste ponto de titulação foi adicionada uma quantidade de prata igual à quantidade de
cloreto em solução, e consequentemente, trata-se de uma solução saturada de cloreto
de prata. Na prática, o ponto final ocorre um pouco além do ponto de equivalência.
Devido a necessidade de se adicionar um excesso de Ag + para precipitar Ag2CrO4 em
quantidade suficiente para ser notado visualmente na solução amarela, que já contém a
suspensão de AgCl.
Este é um caso de precipitação fracionada de dois sais pouco solúveis, o cloreto
de prata e cromato de prata. O cloreto de prata é o sal menos solúvel e, ainda mais, a
concentração inicial do íon cloreto é elevada; portanto, o cloreto de prata precipitará. No
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primeiro ponto em que o cromato de prata começa exatamente a precipitar, temos os
dois sais em equilíbrio com a solução. Por isso, um leve excesso da solução de nitrato
de prata deverá ser adicionado antes que a cor vermelha do cromato de prata seja
visível. Utilizamos na prática uma solução mais diluída (0,003 - 0,005 M) de cromato de
potássio, porque uma solução de cromato 0,001 - 0,002 M faz com que a solução
adquira uma cor alaranjada profunda, o que torna difícil a distinção do aparecimento do
cromato de prata.
O método de Mohr é um bom processo para se determinar cloretos em soluções
neutras ou não tamponadas, tal como em água potável.

EXEMPLO PRÁTICO: Suponhamos que se quer determinar a concentração de uma


solução de cloreto de sódio. Pipeta-se um determinado Volume V 1 cm3 da solução de
cloreto de sódio de normalidade desconhecida N 1. Transfere-se para um frasco,
adicionam-se algumas gotas de solução de K 2CrO4, que funciona como indicador. Em
seguida faz-se a titulação com uma solução de AgNO 3 em quantidade suficiente para
reagir com todo NaCl presente.
NaCl + AgNO3  AgCl  + NaNO3
observa-se, pela adição da primeira gota em excesso de solução de AgNO 3 o
aparecimento de uma coloração vermelha de Ag 2CrO4, devido à reação do K2CrO4 com
AgNO3 isto é, o fim da titulação. A normalidade da solução de NaCl será:
N1 = V2N2 (V1 N1 = V2N2 )
V1
OBS: K2CrO4 só reage com o AgNO3 depois que todo o NaCl tiver reagido porque o
AgCl é muito menos solúvel que Ag 2CrO4, e como em todas as reações químicas
primeiro precipita o composto menos solúvel, e só depois o mais solúvel.
EXEMPLO NUMÉRICO: 25 cm3 de uma solução de cloreto de sódio gastaram na
titulação 21,35 cm3 de solução de AgNO3 0,1 N. A normalidade da solução de NaCl
será: V1 = 25 mL V1N1 = V2N2
V2 = 21,35 mL
N2 = 0,1 N1 = 21,35 x 0,1 = 0,0854 N
25
III - Material necessário:
Aparelhagem Reagentes
- Balança - Solução padronizada de AgNO 3 0,1 eqg/L
- Bastão de vidro - Solução de K 2CrO4 0,025 - 0,005 mol/L
- Béquer - NaCl
- Vidro de Relógio
- Balão volumétrico de 500 mL
- Pipeta volumétrica de 1 mL
- Pipeta volumétrica de 25 mL
- Erlenmeyer de 250 mL (2)
- Bureta de 25 mL, com suporte e mufa
IV - Procedimento experimental:
1 - Pese 2,9 gramas de uma amostra de NaCl, dissolva em um béquer com água
destilada. Transfira para um balão volumétrico de 500 mL e completa o volume
com água destilada.
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2 - Retire do balão, com pipeta volumétrica, 25 mL de solução. Transfira para cada
um dos erlenmeyers. Pipete em cada frasco 1 mL da solução do indicador
(K2CrO4), Agite, observe e anote a coloração.
3- Carregue a bureta de 25 mL com solução-padrão AgNO 3. Abra e feche
rapidamente a torneira para que a solução encha totalmente o bico da torneira.
Acerte o menisco.
4- Titule cada uma das soluções de NaCl com solução padronizada de AgNO 3,
sob agitação constante, até que a cor vermelha formada pela adição de cada
gota desapareça cada vez mais lentamente (isto é uma indicação de que a
maior parte do cloreto está precipitada). Continue a adição gota a gota, até que
ocorra uma mudança de cor fraca, porém distinta. Esta cor castanha
avermelhada “fraca” deverá persistir após uma agitação forte.
5 - Leia na bureta e anote o volume de AgNO 3 consumido na titulação.
6 - Cálculos: Qual a concentração em g/L e em mol/L da amostra de NaCl?
Qual a pureza da amostra de NaCl?

V - Exercícios:

01- O que é volumetria de precipitação ? O que analisamos com estas titulações?

02- Por que este método volumétrico é chamado de precipitação? Por que é chamado
argentimetria?

03-Segundo a técnica volumétrica, devemos esperar 2 minutos, depois de retirar a gota


pendurada no bico da bureta, com papel de filtro e iniciar uma titulação. Por que?

04- Como se identifica o final de uma titulação argentimétrica?

05- Antes do ponto de equivalência, qual a cor e denominação do precipitado formado ?


O que é ponto de equivalência?

06- Por que se forma primeiro AgCl branco e finalmente Ag 2CrO4?

07- 0,40 g de cloreto de sódio de uma amostra impura foram dissolvidos em água e a
solução foi transferida para um balão volumétrico de 250 mL. A seguir foi
completado o volume com água destilada, 25 mL dessa solução foram pipetados e
transferidos para um erlenmeyer, ao qual foram adicionados gotas de Na 2CrO4 . A
solução foi titulada com solução 0,1 eqg/L de AgNO 3 , tendo sido gastos 6,25 mL na
titulação. Calcule o teor de NaCl na amostra analisada. Pergunta-se;
a) Concentração em eqg/L da solução de NaCl que foi titulada.
b) Concentração em eqg/L da solução no balão volumétrico.
c) Massa de NaCl nos 250 mL de solução.
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d) ____ de NaCl impuro contém ________ de NaCl puro, portanto o teor de
impurezas na amostra é igual a _______
e) No cálculo do teor em NaCl no NaCl impuro , admitimos que as impurezas não
reagem com o AgNO3. Assim , a única reação que ocorreu foi :________________
R – a) 0,025 eqg /L b) 0,025 eqg /L c) 0,3656 g d) 8,6 %
08- Quantos mL de AgNO3 8 eqg/L você precisa para dosar 8 mL de NaCl 3 N ?
R – 3 mL
09- 50 mL de uma solução de cloreto de sódio (NaCl) foram titulados com uma solução
de AgNO3 0,1 mol/L. Calcular a concentração da solução de NaCl, sabendo que
foram gastos 30,0 mL da solução de AgNO 3.
R – 0,06 eqg /L
10- 25,0 mL de uma solução de NaCl foram submetidos à titulação com uma solução
0,1 mpl/L de AgNO3. Calcule a concentração em g/L de NaCl, sabendo que foram
consumidos 20,0 mL da solução de AgNO3.
R – 4,68 g/L
11- 20,0 mL de uma solução de NaCl são retirados numa pipeta e transferidos para um
erlenmeyer. Essa solução exigiu, na titulação, 18,0 mL de uma solução 0,12 mol/L
de AgNO3. Calcule a concentração da solução de NaCl.
R – 0,108 mol/L
12-0,5 g de sal de cozinha são dissolvidos em água de modo que o volume da solução
seja de 100 mL. 25 mL dessa solução são recolhidos numa pipeta e submetidos à
titulação com solução-padrão de AgNO 3 0,1 M. Calcule o teor em NaCl do sal de
cozinha, sabendo que foram consumidos 20 mL da solução-padrão.
R – 93,6 %
13- Foram pesados 5,215 g de uma amostra de cloreto de potássio (KCl) técnico e
dissolvido em água suficiente para 500 mL. Dessa solução, uma alíquota de 25 mL
foi submetida à titulação com uma solução 0,1 M de AgNO 3. Sabendo que foram
consumidos, na titulação, 28 mL da solução de AgNO 3, calcule o teor em KCl da
amostra.
R – 80 %
14- Quantos gramas de KCl há em 250 mL de solução se, para a titulação de 25,00 mL
desta solução, se gastaram 34,00 mL de solução 0,1050 N de AgNO 3.
R – 2,666 g
15- Todo o íon cloreto contido em 25 mL de uma solução de cloreto de sódio foi
precipitado por 17,5 mL de uma solução N/10 de AgNO 3, em presença do K2CrO4
(indicador). Calcular a concentração da solução de cloreto de sódio, em termos de
eqg/L e em g/L.
R – 0,07 eqg /L ; 4,095 g/L
16- Em condições normais, um homem excreta em média 1200 mL de urina por dia.
Numa determinação, os cloretos de 10,0 mL de urina foram completamente
precipitados por 16,8 mL de solução 0,1 N de AgNO 3. Calcular a excreção urinária
de cloretos, em termos de miliequivalentes de cloreto de sódio por dia.
R – 201,6 mEqg
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17- 252 mg de uma amostra de NaCl necessitaram de 42,4 mL de uma solução 0,1 N
de AgNO3 para a precipitação completa do íon cloreto(Cl -1) sob a forma de AgCl,
usando-se K2CrO4 como indicador. Calcular a porcentagem de NaCl na amostra
analisada.
R – 98,4 %
18- Na determinação da prova de salinidade, 50 mL de uma amostra de água de
caldeira necessitaram de 30 mL de uma solução 0,2 eqg /L de AgNO 3 . Calcular a
concentração de cloretos na amostra, expressando o resultado em mg por litro.
R- 4260 mg/L
19- 100 mL de água necessitaram de 8,54 mL de solução 0,01 eqg /L de AgNO 3 para a
completa precipitação do íon Cl- nela contido. Qual a concentração de Cl - na água
analisada em ppm.
R – 30,3 mg/L.
20-Dissolvem-se 1,5 g de MgCl2. 6H2O comercial em 100 mL de água destilada. Uma
alíquota de 25 mL da diluição final exigiram 15,8 mL de solução N/20 de AgNO 3 para
precipitação completa. Qual a pureza do cloreto de magnésio analisado?
R – 85,53 %
21- Uma solução de cloreto de potássio é preparada dissolvendo-se 8,0 g do sal para
um litro de solução. 25 mL desta solução exigiram 23,25 mL de uma solução de
nitrato de prata para precipitar todo o cloreto na forma de cloreto de prata. Calcular a
normalidade e a concentração em gramas por litro da solução de nitrato de prata.
R – 0,115 eqg /L; 19,55 g/L

22- Que volume de solução de nitrato de prata 0,120 eqg /L é necessário para a
precipitação do íon cloreto contido em 0,250 g de uma amostra do sal comum
(NaCl) com 98,4% de pureza? Que massa de cloreto de prata se formará?
R – 35,04 mL ; 0,603 g AgCl

23- Qual é a normalidade e o fator de uma solução de AgNO 3 da qual 41,5 mL são
equivalentes a 245,7 mg de NaCl?
R – 0,1012 N; f = 1,102

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