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RELATÓRIO 5

Oxidação da Vitamina C

Membros: Elisander Munck


Mateus Moura Machado
Noelle de Oliveira Santos Rodrigues
Vitória Esteves Fabiano Alves

Setembro de 2023
1. Introdução

A cinética química é a área da físico-química que estuda a velocidade das


reações, sendo definida como a variação na concentração do reagente com o tempo
(equação 1). Analisando-se os fatores que podem influenciar a velocidade das
reações, temos a natureza química dos reagentes, na qual as características
específicas de cada reagente origina uma ampla faixa de velocidades. Temos a
superfície de contato, como pode ser observado experimentalmente comparando,
por exemplo, a velocidade de dissolução de um comprimido inteiro e um comprimido
triturado dentro de um recipiente com água. As moléculas de água entram em contato
apenas com a parte externa (superfície) do comprimido inteiro, assim, dissolverá mais
lentamente. Em contrapartida, no comprimido triturado as moléculas de água entram
em contato com todas as partes. Portanto, quanto maior a superfície de contato, maior
será a velocidade da reação. Já a concentração é outro fator, onde a velocidade
aumenta com o aumento da concentração dos reagentes. Além disso, ocorre
influência da temperatura, pois de maneira geral as velocidades das reações
aumentam com o aumento da temperatura, ou seja, há um aumento na agitação das
moléculas e, consequentemente aumenta as chances de ocorrer uma colisão efetiva.
A pressão é outro fator a se considerar e, apesar de afetar apenas as reações que
envolvem os gases, quanto maior a pressão, maior será a velocidade de reação. Por
fim, temos como um dos importantes fatores para o estudo da velocidade de reações
os catalisadores, que são agentes externos adicionados à reação de forma que ocorre
o aumento da velocidade, sem serem consumidos durante o processo, logo
permanecem inalterados ao final da reação. Portanto, os catalisadores são
responsáveis por diminuir a energia de ativação, diminuindo o complexo ativado.[3]

𝛥[ ] [𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙] − [𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙]
𝑉𝑚 = = (equação 1)
𝛥𝑡 𝑡𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 −𝑡𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

−𝛥[𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠]
𝑉𝑚 = (equação 2)
𝛥𝑡

𝛥[𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠]
𝑉𝑚 = (equação 3)
𝛥𝑡

A vitamina C (ácido ascórbico) é um nutriente solúvel em água e de extrema


importância para algumas funções vitais. Ajuda a fortalecer o sistema imunológico,
auxilia na produção do colágeno e na cicatrização de feridas e atua como um
antioxidante, protegendo as células dos danos dos radicais livres. Ao contrário de
algumas espécies de animais, os humanos não são capazes de produzir vitamina C,
portanto é necessário obter o suficiente da vitamina através de uma alimentação
balanceada e de suplementos.[4]
A dose diária indicada de ácido ascórbico é de 60 mg. Porém, algumas
pessoas necessitam de ingerir megas doses de vitamina C, ou seja, entre 250 -
10.000 mg por dia, a fim de prevenir o câncer, resfriado comum, entre outros. Na
prática em questão iremos estudar e avaliar a cinética da oxidação da vitamina C por
I2, como pode ser observado na reação representada na figura 1. Utiliza-se o amido
como indicador final para a reação, no entanto, quando a vitamina C não estiver
presente para sofrer oxidação, o I2 irá reagir com o indicador de amido e resultar numa
cor azul escura, característica do complexo amido-iodo formado. Contudo, será
possível determinar a concentração de vitamina C que está sendo consumida. [1]

Figura 1: Reação de oxidação da vitamina C (ácido ascórbico)

Fonte: Adaptado de apostila da disciplina de Laboratório de Equilíbrio e Cinética. [1]

Todavia, ao adicionar excesso de iodo, o mesmo irá reagir com o amido,


dificultando a determinação do final da oxidação da vitamina C. Para que não ocorra
tal problema (podendo assim afetar nos resultados), adiciona-se uma pequena
quantidade de I2, que ao oxidar a vitamina C, é reduzido a I -. Por fim, o íon iodeto é
oxidado pelo peróxido de hidrogênio (H2O2) empregado no procedimento
experimental, formando o I2.[1]

Figura 2: etapas lenta e rápida da oxidação da vitamina C.

Fonte: Adaptado de apostila da disciplina de Laboratório de Equilíbrio e Cinética. [1]

É importante ressaltar o significado do termo “taxa de reação” (velocidade de


reação). O químico mede as “taxas de reação”em termos da taxa de aparecimento de
um produto ou a taxa de desaparecimento de um reagente durante a oxidação. Na
prática será medido o tempo da reação ao invés da taxa de reação, nas quais as taxas
são proporcionais a 1/t. Por isso, a medida em que o tempo da reação fica menor, a
taxa de reação aumenta.[1]
2. Objetivos

O objetivo deste experimento é medir o tempo de reação da vitamina C e


determinar o efeito da concentração e da temperatura na velocidade da reação.

3. Materiais e equipamentos utilizados:

● Ácido ascórbico P.A;


● Iodeto de potássio;
● Solução de amido 1%(m/v);
● Pipeta graduada 10,00mL;
● Pipeta volumétrica 5,00 ml e 20ml;
● Béquer 50,0 ml;
● Balão volumétrico 100,00 ml;
● Solução de etanol 70%(v/v);
● Água destilada;
● Solução de peróxido de hidrogênio 3%(v/v).

4. Procedimento Experimental

Inicialmente, preparou-se 100 mL de uma solução estoque aquosa de ácido


ascórbico (vitamina C) 1% m/v. Para isso, foi pesado 1,005 g de ácido ascórbico e
transferido para o balão volumétrico de 100 mL, sendo posteriormente avolumado
com água destilada até o ajuste do menisco.
Após o preparo da solução estoque de ácido ascórbico foram preparadas as
soluções “A” e “B” conforme mostrado na tabela 1, após o preparo das soluções A e
B verteu-se a solução A na solução B. Vale ressaltar que as soluções previamente
preparadas se tratavam da solução alcoólica de 70% com I 2 1% (m/v) e KI 2% (m/v),
25 mL de uma solução 1% (m/v) de amido aquoso e 100 mL de solução de peróxido
de hidrogênio 3% (v/v).

Tabela 1: Soluções de vitamina C em concentrações diferentes.


Solução Vit. C/ mL I-/I2/ mL Água/mL H2O2/ mL Amido / mL

A1 5 5 30 - -

A2 5 5 45 - -

A3 5 5 60 - -

A4 5 5 75 - -

A5 5 5 90 - -

B1 - - 30 15 2

B2 - - 45 15 2

B3 - - 60 15 2

B4 - - 75 15 2

B5 - - 90 15 2

Fonte: Apostila Laboratório de Equilíbrio e Cinética.1

Posteriormente se foi vertido as soluções Ai e Bi (variando i de 1 a 5) em


béqueres diferentes, sendo observado o tempo de reação entre as substâncias, fato
evidenciado devido à mudança de cor da solução.
Por fim, se foi empregado as soluções A3 e B3, sendo as temperaturas destas
resfriadas ou aquecidas nas temperaturas de 5, 15, 25, 35 e 45°C. Após estas foram
misturadas e analisados o tempo de reação da mistura.

5. Resultados e discussão

Inicialmente, para o estudo da velocidade de oxidação da vitamina C, partindo


da solução aquosa de ácido ascórbico 1% (m/v), preparou-se soluções A e B com as
condições relatadas na Tabela 1. Dessa forma, as soluções A e B em diferentes
concentrações foram misturadas e o tempo foi cronometrado até que houvesse uma
mudança de coloração, com objetivo de estudar a velocidade de oxidação da vitamina
C em função da concentração.
Posto isso, fez-se necessário primeiramente calcular a concentração da
solução estoque de vitamina C. Sabendo que a massa molar do ácido ascórbico é
176,13 g mol-1 e foi pesado 1,005g do mesmo e dissolvido em em 100 mL de água
destilada, têm-se que a concentração da solução estoque (Cest) equivale a:
𝑚
𝐶𝑒𝑠𝑡 = (1)
𝑀𝑀 .𝑉

1,005 𝑔
𝐶𝑒𝑠𝑡 =
176,13 𝑔/𝑚𝑜𝑙 . 0,1 𝐿

𝐶𝑒𝑠𝑡 = 0,0571 𝑚𝑜𝑙 𝐿-1

Calculou-se a concentração em g L-1.


1,005 𝑔
𝐶𝑒𝑠𝑡 =
0,1 𝐿

𝐶𝑒𝑠𝑡 = 10,05 g L-1


A seguir, fez-se o cálculo da dissolução das amostras, para isso foi utilizada a
seguinte relação:
CA.VA=CS .VS
𝐶 𝐴 = 𝐶 𝑉𝑠 𝐴.𝑉 𝑠 (3)
Onde CA e VA equivalem à concentração e volume da amostra, enquanto Cs
e Vs equivalem à concentração e volume da solução estoque. Dessa maneira, C s =
0,0571 mol L-1, Vs = 5 mL e VA = soma dos volumes presentes na tabela 1.
Posteriormente, utilizou-se a seguinte expressão para o cálculo da velocidade
em mol.L-1s -1.
[𝑣𝑖𝑡 𝐶]
𝑣𝑖= (4)
𝑡

Tabela 2: Velocidade de oxidação da vitamina C em função da concentração.


Solução Conc. Vit. C Conc. Vit. C Tempo/ s Velocidade/ Velocidade/
mol L-1 g L-1 mol.L-1.s-1 g.L-1.s-1

Estoque 0,0571 10,05 147 0,000388 0,0684

A1 0,00713 1,256 197 0,0000362


0,00638

A2 0,00519 0,9136 195 0,0000262 0,00468

A3 0,00409 0,7178 328 0,0000124 0,00219

A4 0,00336 0,5912 378 0,00000888 0,00156

A5 0,00285 0,5025 454 0,00000629 0,00112

Fonte: Elaborada pelos autores.

A fim de determinar a ordem da reação, plotou-se um gráfico de log da


velocidade de reação versus log concentração da vitamina C, utilizado os dados
presentes na Tabela 2.
Figura 1: Gráfico de log v versus log [C6H8O6].
Fonte: Elaborado por autores.

Sendo assim, o ajuste linear crescente (R2) do gráfico observado na Figura 1,


que qualifica uma reação de primeira ordem, foi de 0,963. Tal ajuste foi considerado
razoável, visto que não apresentou um comportamento linear esperado.
Posteriormente, estudou-se a velocidade de oxidação da vitamina C em função
da temperatura, para isso, utilizou-se as soluções A3 e B3. Os dados foram
adicionados na Tabela 3.

Tabela 3. Velocidade de oxidação da vitamina C em função da temperatura.

Temperatura / ° C Tempo / s Velocidade / g.L-1. s Velocidade /


Mol. L-1. s-1

5 775 0,000926 0,00000526

15 460 0,00156 0,00000887

25 328 0,00219 0,0000124

37 110
0,00652 0,0000371

50 41 0,0175 0,0000995
Fonte: Elaborado pelo autor.

A tabela apresentada é coerente com a teoria cinética, a qual se baseia nas colisões
moleculares. O movimento de colisão entre as partículas está diretamente associado
com a energia cinética do sistema e o número de partículas presentes no sistema,
dessa forma o aumento da temperatura implica no aumento da energia cinética total
e o aumento da concentração dos reagentes implica no aumento da probabilidade de
choque entre as moléculas; o aumento da concentração dos reagentes e da energia
cinética total do sistema contribuem com um valor maior para a velocidade da reação,
sendo confirmado pelo tempo total da reação em temperaturas diferentes. [2]

Ademais, utilizando os dados presentes na Tabela 3, a fim de relacionar os


dados com a lei de Arrhenius, plotou-se o gráfico presente na Figura 2 de ln (1/t) em
s-1 versus 1/T em K-1.
Figura 2: Gráfico de ln (1/t) X 1/T para comparações com a lei de Arrhenius.

Fonte: Elaborado por autores.

A equação da reta pode ser relacionada com a equação de Arrhenius, dessa


forma o coeficiente angular da reta nos fornece o valor da energia de ativação da
reação realizada na prática.
𝐸𝑎
− = −6412,5 𝐾 (5)
𝑅

Ea = 6412,5 K x 8,314 J K-1 mol -1


0,239 𝑐𝑎𝑙
Ea = 53.313,5 J mol -1 x ( )
1𝑗

Ea = 12,74 kcal mol-1

Cálculo do erro relativo:


A energia de ativação encontrada na literatura é de 13,7 kcal/mol [2]. Dessa
forma foi calculado o valor do erro relativo da energia de ativação calculada no
experimento.
(12,74) − (13,80)
𝐸. 𝑅 (%) = ∗ 100% = 7,68%
(13,80)

6. Conclusão:

O experimento realizado possibilitou o entendimento da cinética das reações


envolvidas na oxidação da vitamina C. O término da reação é marcado pela oxidação
do amido pelo iodo, resultando a alteração de cor da solução trabalhada, no
experimento é retratado uma reação de primeira ordem cuja concentração dos
reagentes influencia na velocidade da reação.
No experimento foi estudado a influência da temperatura sobre a velocidade
de reação é possível dizer que a temperatura é um fator intrínseco para a velocidade
reacional, o aumento da temperatura implica o aumento da velocidade reacional. Ao
final do experimento foi calculado o valor em Kj/mol da energia de ativação da reação
através dos coeficientes da reta gerada e se obteve um erro de 7,68%, o qual pode
estar associado à cronometragem do tempo da reação, preparo das soluções
utilizadas na reação.

7. Referências

1. Apostila da disciplina QUI058 – Laboratório de Equilíbrio e Cinética, 2023.


2. MAZIN M | AL-ZUBAIDY, KHALIL R. A. Kinetic and prediction studies of
ascorbic acid degradation in normal and concentrated local lemon juice during
storage. Food Chemistry, volume 101, edição 1, página 254-259, 2007.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2006.01.024. Acesso em 19
de maio de 2023.
3. CHANG, Raymond. Físico-Química-: Para as Ciências Químicas e Biológicas.
AMGH Editora, 2009
4. Qual a dose vitamina C recomendado. Disponível em:
https://blog.bodyscience.pt/quantidade-de-vitamina-c/

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