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Julho, 2021
Cinética e Cálculo de Reatores 1
1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Uma reação homogênea é aquela que envolve apenas uma única fase. Uma reação
heterogênea envolve mais de uma fase, e a reação normalmente ocorre na interface entre as
fases. Uma reação irreversível é aquela que ocorre em apenas uma direção e continua naquela
direção até que um dos reagentes se esgote. Uma reação reversível, por outro lado, pode ocorrer
em ambas as direções, dependendo das concentrações dos reagentes e produtos relativamente
às concentrações de equilíbrio correspondentes. Uma reação irreversível comporta-se como se a
condição de equilíbrio não existisse. Estritamente falando, nenhuma reação química é
completamente irreversível, mas em muitas reações o ponto de equilíbrio está tão deslocado para
o lado dos produtos que elas são tratadas como reações irreversíveis.
As velocidades de reação relativas das várias espécies envolvidas na reação podem ser
obtidas a partir das razões dos coeficientes estequiométricos.
Seja a reação: aA + bB → cC + dD
𝑏 𝑐 𝑑
Então: 𝐴+ 𝑎
𝐵 → 𝑎
𝐶+ 𝑎
𝐷
Vemos que para cada mol de A que é consumido, c/a mols de C aparecem.
Então:
𝑐 𝑐
Velocidade de formação de C = c/a (Velocidade de consumo de A): 𝑟𝐶 = 𝑎 (−𝑟𝐴 ) = − 𝑎 𝑟𝐴
Profª Soraya Lira Alencar 2
Cinética e Cálculo de Reatores 1
aA + bB → cC + dD
−𝑟𝐴 −𝑟𝐵 𝑟𝐶 𝑟𝐷 𝑟𝐴 𝑟𝐵 𝑟𝐶 𝑟𝐷
Para a qual: = = = ou = = =
𝑎 𝑏 𝑐 𝑑 −𝑎 −𝑏 𝑐 𝑑
Nas reações químicas consideradas nos parágrafos seguintes, tomamos como base de
cálculo a espécie A, que é um dos reagentes que está sendo consumido como resultado da reação.
O reagente limitante é em geral escolhido como nossa base de cálculo. A velocidade de consumo
de A, –rA, depende da temperatura e da composição. Para muitas reações ela pode ser escrita
como o produto de uma constante de velocidade de reação, kA, e uma função das concentrações
(atividades) das várias espécies envolvidas na reação:
A equação algébrica que relaciona –rA com as concentrações das espécies é chamada
expressão cinética ou lei de velocidade. A velocidade específica da reação (também chamada de
constante de velocidade), kA, assim como a velocidade de reação, –rA, sempre diz respeito a uma
espécie em particular nas reações e, normalmente, deve ser referenciada com um subíndice
relacionado àquela espécie.
das concentrações das espécies reagentes individuais, cada uma delas elevada a uma potência
como,
como é escrita, nos dá uma rápida ideia da estequiometria da reação e então podemos escrever
a forma matemática da lei de velocidade.
REAÇÕES ELEMENTARES
A reação tem uma lei de velocidade elementar se a ordem de reação de cada espécie é
idêntica ao coeficiente estequiométrico de cada espécie para a reação como ela está descrita.
Para a reação A + B ↔ C + D, a lei de velocidade será:
Um grande número de reações tanto homogêneas quanto heterogêneas não segue leis
simples de velocidade de reação. Algumas vezes as reações apresentam expressões complexas
que não podem ser separadas em porções somente dependentes da temperatura e da
concentração.
Todas as leis de velocidade para reações reversíveis precisam ser reduzidas à relação
termodinâmica que relaciona as concentrações das espécies reagentes no equilíbrio. No equilíbrio,
a velocidade de reação é igual a zero para todas as espécies. Seja;
aA + bB cC + dD
c d
CCe C De
kC = a b
C Ae C Be
Para ilustrar como escrever as leis de velocidade para reações reversíveis consideraremos esta
reação como sendo elementar e reversível, simbolicamente;
2A B + C
-rA,DIRETA = kA C A2
Se multiplicarmos ambos os lados por –1, obtemos a expressão para a velocidade de formação
de A
rA,DIRETA = - kA C A2
rA,INVERSA = k-ACBCC
rA = - kA C A2 + k-ACBCC
Multiplicando ambos os lados por –1, obtemos a lei de velocidade para a velocidade de
consumo de A, -rA.
Foi o grande químico sueco Svante Arrhenius (1859-1927), agraciado com o Prêmio
Nobel, quem primeiramente sugeriu que a dependência da velocidade específica de reação, k,
com a temperatura pudesse ser correlacionada por uma equação do tipo:
𝐸𝑎
Equação de Arrhenius: 𝑘 = 𝑘0 𝑒 −𝑅𝑇
Onde:
Por que existe uma energia de ativação? Se os reagentes forem radicais livres que
essencialmente reagem imediatamente após a colisão, normalmente não se observa uma energia
de ativação. Contudo, para a maioria dos átomos e moléculas que sofrem reação existe uma
energia de ativação. Algumas das razões para que ocorra uma reação são:
1. As moléculas precisam de energia para distorcer ou estirar suas ligações, para que elas se
rompam e possam formar novas ligações.
2. As moléculas precisam de energia para vencer as forças repulsivas estéricas e forças repulsivas
eletrônicas na medida em que se aproximam.
A energia de ativação pode ser pensada como uma barreira à transferência de energia
(de energia cinética para energia potencial) entre as moléculas reagentes, e que precisa ser
ultrapassada. A ativação é a elevação mínima na energia potencial dos reagentes, que precisa ser
fornecida para transformar os reagentes em produtos. Este aumento pode ser provido pela energia
cinética das moléculas em colisão. Uma forma de visualizar a barreira a uma reação é através do
uso das coordenadas de reação. Essas coordenadas denotam a energia potencial mínima do
sistema como uma função do avanço ao longo da via de reação na medida em que passamos de
reagentes a intermediários e depois a produtos.
𝐸 1
𝑙𝑛 𝑘 = 𝑙𝑛 𝐴 − ( )
𝑅 𝑇
Vemos que a energia de ativação pode ser encontrada a partir do gráfico de ln k em função
de (1/T), o que é conhecido como gráfico de Arrhenius. Quanto maior a energia de ativação, maior
a sensibilidade da reação a variações de temperatura. Isto é, para grandes valores de E, um
aumento de apenas alguns poucos graus na temperatura pode aumentar grandemente o valor de
k e, portanto, aumentar a velocidade da reação.
A equação de Arrhenius pode ser colocada em uma forma mais útil encontrando-se a
velocidade específica de reação a uma temperatura T0, isto é:
𝑘(𝑇0 ) = 𝐴𝑒 −𝐸⁄𝑅𝑇0
E a uma temperatura T
𝑘(𝑇) = 𝐴𝑒 −𝐸⁄𝑅𝑇
𝐸 1 1
( − )
𝑘(𝑇) = 𝑘(𝑇0 )𝑒 𝑅 𝑇0 𝑇
Esta equação mostra que se nós conhecemos a velocidade específica de reação k(T 0) a
uma temperatura T0, e conhecemos a energia de ativação, E, podemos encontrar a velocidade
específica de reação k(T) em qualquer outra temperatura T, para essa reação.
Quando uma reação química possui uma baixa velocidade e se deseja de alguma forma
acelerar esta velocidade, existem várias maneiras pelas quais está ativação pode ser feita. As
formas mais comuns de ativação de uma reação química são através da variação da temperatura
ou a introdução de um catalisador no meio reacional.
O aumento da temperatura do meio reacional faz com que a energia cinética das espécies
químicas reagentes se eleve, o que normalmente acelera a quebra de ligações e a formação de
novas moléculas.
Uma lei muito antiga, dos primórdios do estudo da Cinética é a Lei de Van´t Hoff: “Um aumento de
10ºC na temperatura de reação provocará na duplicação de sua velocidade.”
Esta Lei hoje serve apenas como referencial, não possuindo precisão na maior parte das reações,
mas a sua ideia está correta, ou seja, um aumento de temperatura provoca um aumento de
velocidade da reação. E um aumento significativo na velocidade.
A Figura mostra que a energia de ativação é necessária, quer seja a reação exotérmica
ou endotérmica.
Catalisadores são substâncias que permitem acelerar uma reação sem serem
consumidas.
O catalisador não modifica o equilíbrio da reação, mas permite atingi-lo mais rapidamente, pois
ele modifica o mecanismo da reação, executando-a em uma sequência de etapas cujas energias
de ativação são todas bem inferiores à da reação não catalisada. A Figura representa a forma
visual do que ocorre.
2 ESTEQUIOMETRIA
O fato mais importante é que estas medidas são experimentais e dependem do tipo de
reator, mas também da análise dos reagentes e produtos. No reator batelada retira-se várias
pequenas amostras em diferentes intervalos de tempos e medem-se as concentrações de
desaparecimento dos reagentes ou de formação dos produtos. Por outro lado, no reator continuo,
medem-se as concentrações de desaparecimento de reagentes ou de formação de produtos ao
longo do reator. As técnicas de análise mais usadas são: titulometria,cromatografia líquida ou
gasosa, espectrocospia, condutividade térmica, espectrofotometria, dilatometria e pressão total.
Em geral procura-se determinar uma nova variável que relacione as concentrações dos
reagentes e produtos da reação, e, consequentemente, pode-se calcular a concentração de todos
os componentes. Definiremos assim o grau de avanço da reação para associarmos a conversão
de um determinado componente.
aA + bB rR + sS
Grau de Avanço
Note que neste caso, o grau de avanço é uma variável extensiva, medida em moles.
Tendo α , pode-se determinar o numero de moles instantâneo ou local de cada componente:
𝑁𝐴 = 𝑁𝐴0 − 𝑎𝛼
𝑏
𝑁𝐵 = 𝑁𝐵0 − 𝑏𝛼 = 𝑁𝐵0 − (𝑁𝐴0 − 𝑁𝐴 )
𝑎
𝑟
𝑁𝑅 = 𝑁𝑟0 + 𝑟𝛼 = 𝑁𝑅0 + (𝑁𝐴0 − 𝑁𝐴 )
𝑎
𝑠
𝑁𝑆 = 𝑁𝑆0 + 𝑠𝛼 = 𝑁𝑆0 + (𝑁𝐴0 − 𝑁𝐴 )
𝑎
𝐿𝑜𝑔𝑜: 𝑁𝑡 = 𝑁0 + (𝛥𝑣) 𝛼
𝛥𝑣 = 𝑠 + 𝑟 − 𝑏 − 𝑎
Onde:
𝑁𝐴0
Para encontrarmos as equações em função da conversão, multiplicamos as equações por: 𝑁𝐴0
𝑁 𝑏 𝑁 (𝑁𝐴0 − 𝑁𝐴 )
Teremos: 𝑁𝐵 = 𝑁𝐵0 𝑁𝐴0 − (𝑁𝐴0 − 𝑁𝐴 ) 𝐴0 Como: 𝑋𝐴 =
𝐴0 𝑎 𝑁 𝐴𝑜 𝑁𝐴0
𝑁 𝑏 𝑏
ΘB = 𝑁𝐵0 𝑁𝐵 = 𝛩𝐵 𝑁𝐴0 − 𝑁𝐴0 𝑋𝐴 Então: 𝑁𝐵 = 𝑁𝐴0 (𝛩𝐵 − 𝑋𝐴 )
𝐴0 𝑎 𝑎
Para sistemas de reação de misturas gasosas, é usual utilizar-se a pressão parcial como
parâmetro proporcional à concentração, desde que seja possível acompanhar a evolução da
pressão total do sistema a volume constante ou não.
𝑝𝐴 = 𝑦𝐴 𝑃
Onde:
𝑁𝐴
𝑦𝐴 = = 𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑝é𝑐𝑖𝑒 𝑞𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑎 𝐴
𝑁𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
O grau de extensão da reação pode ser relacionado com os números totais de moles
iniciais e final da equação:
𝑁𝑡 − 𝑁𝑡0
𝛼=
∆𝑣
Substituindo
𝑎 (𝑁𝑡 − 𝑁0 )
𝑝𝐴 = 𝑝𝐴0 − ∙ ∙ 𝑅𝑇
∆𝑣 𝑉
𝑁0 𝑁
𝑃𝑜 = ∙ 𝑅𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 = 0 e 𝑃 = ∙ 𝑅𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟
𝑉 𝑉
𝑎
𝑝𝐴 = 𝑝𝐴0 − ∆𝑣 (𝑃 − 𝑃0 )
Seja: aA + bB cC + dD
Para determinar o número de mols de cada espécie que permanece depois de NA0X mols
de A terem reagido, formamos a tabela estequiométrica (Tabela 1). Essa tabela estequiométrica
apresenta as seguintes informações:
A A
B B
C C
D D
Inertes I ----
________ ____________
Totais
O parâmetro δ nos informa a variação no número total de mols por mol de A reagido. O
número total de mols pode agora ser calculado com a equação:
onde:
etc.
𝑪𝑨 𝒎𝒐𝒍𝒆𝒔⁄𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒎𝒐𝒍𝒆𝒔
𝑭𝑨 = = =
𝒗 𝒍𝒊𝒕𝒓𝒐𝒔⁄𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒍𝒊𝒕𝒓𝒐
A A
B B
C C
D D
Inertes I -------
________ ____________
onde:
e
; etc.
Então:
-rA = f(X).
Uma situação na qual ocorre muito frequentemente uma variação na vazão volumétrica é
nas reações em fase gasosa, que não possuem um número igual de moles de produtos e
reagentes.
PV = ZNTRT
P TZ N
V = V0 0 T
P T0 Z 0 NT 0
Queremos agora expressar o volume V como uma função da conversão X. Lembrando a equação
para o número de moles total,
NT N
= 1 + A0 X = 1 + ya 0 X
NT 0 NT 0
Onde yA0 é a fração molar de A inicialmente presente. Se todas as espécies na reação geral estão
em fase gasosa, então:
Em símbolos,
d c b N A0
= + − − 1 = y A0
a a a NT 0
= yA0
Ficamos então,
Z
V = V0 0 (1 + X )
P T
P T0 Z0
Nos sistemas em fase gasosa que estudaremos a temperatura e pressão são tais que o fator de
compressibilidade não variará significativamente durante o curso da reação; portanto Z0 ≈ Z.
V = Vo(1 + A x A )
V x A =1 − V xA =0
A =
V xA =0
Resumindo: