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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

CAMPUS IV – ARAXÁ

TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA:
LEI DE BOYLE-MARIOTTE

Curso: Engenharia de Minas


Disciplina: Física Experimental
Professora: Sandra
Alunos: Eduardo Saldanha, Jéssica Lemos, Mariana Menezes, Nathália Sales
Período: 4° período
Data: 24 de junho de 2013
RESUMO

Este relatório tem o propósito de relatar o experimento executado durante a


disciplina de Física Experimental do curso de Engenharia de Minas no CEFET-MG campus
de Araxá. O experimento consistiu na observação do comportamento de um gás quando
submetido à determinada pressão em uma transformação isotérmica. Através da observação
foi possível a comparação entre o volume ideal e o volume real ocupado pelo gás. Com os
dados obtidos, gráficos foram feitos a fim de verificar a validade da Lei de Boyle-Mariotte.
Compararam-se os valores experimentais e teóricos, obtendo assim os erros ao longo do
experimento.

Palavras chaves: Boyle, Mariotte, Transformação Isotérmica.

INTRODUÇÃO

O gás é considerado como o estado mais simples da matéria, ocupando o volume


total do recipiente em que se encontra. Um gás pode ser considerado como um conjunto de
moléculas em movimento constante e aleatório, cujas velocidades aumentam com a
elevação de temperatura. O estado de um gás puro é definido a partir do volume V que ele
ocupa, do número de mols n que o constitui, da pressão p e da temperatura T em que ele se
encontra. Experimentalmente, verificou-se que são necessárias apenas três variáveis para
que uma quarta seja fixada. Sendo assim, a equação de estado é dada por:

p=f ( T , V , n ) (01)

Um exemplo importante de equação de estado é a equação de um gás perfeito:

nRT
p= (02)
V
onde R é uma constante. A equação de estado de um gás em baixa pressão foi
determinada a partir da combinação de várias leis empíricas. Uma destas leis foi formulada
por Robert Boyle em 1662 e confirmada por Mariotte em 1776. Durante os seus
experimentos, Boyle verificou que, para uma quantidade fixa de gás à uma temperatura
constante, a pressão exercida pelo mesmo e o volume ocupado eram inversamente
proporcionais. Sendo assim:

pV =constante K (n , T constantes )(03)

pressão de um gás confinado é a razão entre a força F exercida por todas as


moléculas de gás e a área A sujeita ao impacto destas moléculas:

F [N ]
p= (04)
A [m2 ]

A unidade de pressão N m−2 é denominada Pascal ( Pa). A unidade Pascal é cerca de


cinco a seis ordens menor que as pressões encontradas em práticas normais de laboratório,
sendo assim a conveniente unidade 1 atm ≅ 101325 Pa foi definida. A unidade de volume
definida pelo sistema internacional de medidas é o m, mas normalmente não é muito
utilizada em práticas laboratoriais visto que os volumes utilizados são pequenos. É muito
comum utilizar a unidade 1 L ≅1 d m3 e 1 ml ≅ 1 cm ³.

A figura 1 mostra a variação da pressão de um gás quando ocorre a variação de seu


volume. Cada curva do gráfico é correspondente a uma única temperatura, sendo assim
denominada isoterma. De acordo com Boyle, as isotermas dos gases são hipérboles, sendo
assim xy=constante. Verifica-se que a isoterma de maior temperatura é aquela que
encontra-se mais distante do eixo do gráfico.
Figura 1 - A dependência entre a pressão e o volume de uma quantidade constante de
gás perfeito, em diferentes temperaturas.

Uma investigação cuidadosa mostrou que a Lei de Boyle é aproximada para os


gases reais, visto que estes requerem equações mais complexas. Porém, quando se têm
pressões muito baixas, a equação dos gases ideais é uma excelente aproximação na
descrição do comportamento dos gases reais.

Experimentalmente verificou-se que a pressão total P é dada pela soma da pressão


atmosférica Po e da pressão manométrica p sendo esta devido à compressão produzida pelo
giro do manípulo, sendo assim:

P=P o+ p (05)

Inicialmente tem-se volume inicial V o de ar contido no interior de um conjunto


constituído por um manômetro, tubo de conexão, válvula e seringa. É girado o manípulo
em determinado número de voltas, obtendo-se uma variação ∆ V de volume, sendo o
volume final V 1 dado por:

V 1=V o−∆ V ( 06)


Nesta operação ocorre também um acréscimo de pressão ∆ p, sendo a pressão final
p1dada por:

p1= po + ∆ p (07)

De acordo com a equação (03) pode-se afirmar que:

po V o= p1 V 1 (08)

Utilizando-se as equações (06), (07) e (08) é possível obter a seguinte equação:

po V o=( p o +∆ p ) . ( V o−∆ V ) (09)

Desenvolvendo-se as multiplicações e isolando-se o volume inicial V o tem-se que:

∆V . ( po + ∆ p )
V o= (10)
∆p

OBJETIVOS

Os objetivos do presente experimento consistem em identificar o comportamento do


volume de um gás em função da pressão mantendo-se a temperatura constante. Através da
observação deste comportamento será possível a construção de um gráfico que representa a
relação da pressão exercida por um gás com o volume ocupado por ele. A relação inversa
será obtida a partir de um segundo gráfico. A partir dos resultados obtidos será possível
comprovar a validade da Lei de Boyle e Mariotte para a transformação isotérmica de
determinado gás.
PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

MATERIAIS

No desenvolvimento deste procedimento experimental, foram usados os seguintes


componentes do aparelho gascológico Emília EQ037C:

 01 tripé com haste e sapatas niveladoras (1)


 01 haste metálica com 400 mm (2)
 01 painel posicionador (3)
 01 parafuso micrométrico (4) com escala espelhada (5) e manípulo (6)
 01 seringa em vidro resistente com escala volumétrica (7)
 01 pinça de Hoffman (8)
 01 tubo de conexão (9)
 01 manômetro com fundo de escala 2 kgf/cm² ou 30 psi (10)

Figura 2 - Conjunto Emília com manômetro


MÉTODOS

Inicialmente, realizou-se a montagem do equipamento conforme a figura 2,


direcionando a atenção do operador para à vedação do equipamento. Abriu-se a válvula,
elevou-se o êmbolo e introduziu-se ar na seringa até obter-se um volume inicial V 0 de
aproximadamente 15 ml. A válvula foi fechada e posteriormente o manípulo girado até a
pressão de 0,5 kgf/cm². Esperou-se 60 segundos até que a pressão se mantivesse.
Posterior ao teste de vedação abriu-se a válvula, elevou-se o êmbolo e introduziu
certa quantidade de ar até a marcação de 15 ml na seringa. Girou-se o manípulo
gradualmente objetivando a compressão do gás. A cada leitura de pressão manométrica
completou-se três voltas do manípulo através da variação de volume ∆ V . Anotaram-se os
dados e observações, calculou-se a pressão total a cada conjunto de voltas e completou-se a
tabela 1. Posteriormente calculou-se o volume inicial V 0 obtendo-se o volume ocupado pelo
gás a cada etapa do experimento, completando-se a tabela 2.
Construíram-se gráficos a fim de se obter com maior clareza a relação de pressão e
volume. A partir dos gráficos obtidos completou-se a tabela 3 e obteve-se dados que
possibilitassem a verificação da validade da Lei de Boyle-Mariotte.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na primeira parte, durante a realização do teste de vedação, verificou-se que houve


uma pequena variação de pressão no manômetro, verificando-se um pequeno vazamento de
ar. Posteriormente ao teste de vedação abriu-se a válvula, elevou-se o êmbolo e introduziu
certa quantidade de ar até a marcação de 15 ml na seringa. Fechou-se a válvula e em
seguida girou-se o manípulo 3 vezes de modo que ocorresse a compressão do ar.
Experimentalmente verificou-se que a cada volta do manípulo, ocorria uma variação de
0,45 ml no volume do gás, sendo assim:

ml
∆ V =3 voltas × 0,45 =1,35 ml(11)
volta
Expressou-se o volume em função do volume inicial V 0 obtido e em função do
número de voltas do manípulo. Verificou-se a pressão manométrica correspondente a cada
conjunto de 3 voltas. Quando se iniciou o processo, o ar no interior da seringa estava
submetido a pressão atmosférica, sendo assim, calculou-se a pressão total de acordo com a
equação (05). Os dados obtidos estão representados na tabela 1:

Medida Volume Pressão Pressão


(ml) Manométrica Total
(kgf/cm²) (kgf/cm²)
0 V0 0,00 1,00

1 V0 – 1,35 0,05 1,05

2 V0 – 2,70 0,12 1,12

3 V0 – 4,05 0,20 1,20

4 V0 – 5,40 0,25 1,25

5 V0 – 6,75 0,40 1,40

6 V0 – 8,10 0,55 1,55

7 V0 – 9,45 0,65 1,65

Tabela 1 – Pressão em função do volume ocupado pelo gás

Posteriormente, através da equação (10), calculou-se o volume inicial V 0 do gás


confinado na seringa:

(1+0,65)
V 0 TEORICO =9,45. =23,98 ml(12)
1,65−1

Comparando-se o valor do volume inicial ideal do ar com o volume inicial real,


obteve-se o seguinte erro percentual:

|x−x| |15−23,98|
E% = ×100= x 100=37 , 45 % (13)
x 23,98
Posteriormente, substituiu-se o valor teórico obtido para V 0 na segunda coluna da
tabela 1 e obteve-se novamente o volume ocupado pelo gás em cada etapa do experimento.
Calculou-se P n .V n conforme a Lei de Boyle-Mariotte. Os dados obtidos estão
representados na tabela 2:

Medida Volume Pressão P n .V n


(ml) Total (ml.kgf/cm²)
(kgf/cm²)
0 23,98 1,00 23,98

1 22,63 1,05 23,81

2 21,28 1,12 23,94

3 19,93 1,20 23,91

4 18,58 1,25 23,22

5 17,23 1,40 24,12

6 15,88 1,55 24,61

7 14,53 1,65 23,97

Tabela 2 – Volume ocupado pelo gás a partir do volume ideal

Observando-se os valores encontrados na tabela 2, pode-se verificar que alguns


resultados obtidos da quarta coluna são próximos. Esse fato pode ser comprovado pela a
Lei de Boyle, que estabelece que em dada temperatura, o produto da pressão e do volume
de um gás é uma constante, de acordo com a equação (03).

No gráfico 1 é possível visualizar que a linha obtida é um pouco semelhante as


isotermas constituídas pelo produto da pressão e do volume, ou seja, quando há um
acréscimo de pressão, há uma redução de volume, e vice-versa. Tal fato confirma a Lei de
Boyle.

A curva não é idêntica, visto que no decorrer do experimento foram comprovados


os erros de escala, uma vez que os equipamentos não possuíam grande precisão. Outros
erros comprovados foram os erros sistemáticos, sendo estes decorrentes da estrutura do
equipamento, da ausência de qualificação do operador, fatos estes que provocaram o
vazamento durante o teste de vedação do recipiente.

O coeficiente linear dado pela equação do gráfico representa a pressão do sistema


quando o volume tende a zero. O valor de R ²=0,9663 indica que o desvio padrão foi
consideravelmente pequeno, o que torna aceitável os valores encontrados. Em oposição, os
valores do K e do volume inicial apresentaram erros significativos, sendo estes explicados
anteriormente.

GRÁFICO 1 - Pressão x Volume ideal


1.8
1.6
f(x) = − 0.07 x + 2.63
1.4 R² = 0.97
1.2
1
Pressão (kgf/cm²) 0.8
0.6
0.4
0.2
0
14 16 18 20 22 24 26
Volume Inicial (ml)

Posteriormente, calculou-se o inverso do volume ( V1 ) e completou-se a quarta


coluna da tabela 3:

Medida Volume Pressão Inverso do


(ml) Total Volume
(kgf/cm²) (1/V)
0 23,98 1,00 0,04

1 22,63 1,05 0,04

2 21,28 1,12 0,05

3 19,93 1,20 0,05


4 18,58 1,25 0,05

5 17,23 1,40 0,06

6 15,88 1,55 0,06

7 14,53 1,65 0,07

Tabela 3 – Calculo do inverso do volume


Com os dados da tabela 3, construiu-se o gráfico da pressão versus o inverso do
volume e calculou-se o valor da inclinação da curva:

GRÁFICO 2 - Pressão x 1/Volume


1.8
1.6 f(x) = 24.85 x − 0.05
1.4 R² = 0.99
1.2
1
Pressão (kgf.cm²) 0.8
0.6
0.4
0.2
0
0.04 0.05 0.05 0.06 0.06 0.07 0.07 0.08
Inverso do Volume (1/ml)

No gráfico 2 é possível perceber que o aumento da pressão ocorre com a redução do


volume, tornando válida a Lei de Boyle. Pode-se concluir que a equação de uma reta
representa a constante K de uma transformação isotérmica, sendo esta dada pela equação
(03). O coeficiente linear representa a pressão do sistema quando o inverso do volume
tende a zero. Assim, comprova-se mais uma vez que a pressão e o volume são grandezas
inversamente proporcionais.

O volume inicial é uma medida que depende de várias variáveis, como a variação do
volume, pressão e, portanto, deve-se calcular o erro de propagação.

V =f ( V , P ) (1 4 )
dV dP
∆V =
| | | |
dP0
. ∆ P+
dV 0
. ∆ V (15)

∆ V ( P 0+ ∆ P ) (V ¿¿ 0+ ∆V )
∆V = 2
. ∆ P+ P0 . ∆ V (16)¿
∆P V 02

∆ V =±25,32(17)

É importante ressaltar que o experimento se sujeitou erros sistemáticos, uma vez


que o equipamento utilizado apresentou uma pequena variação de pressão quando
verificou-se a sua vedação. Ocorreram erros também devido a má qualificação do operador
em relação à medição do manômetro. Tais erros podem ser eliminados utilizando um
equipamento adequado que não permita a variação de pressão quando fechado o tubo de
conexão, além do treinamento do operador.

CONCLUSÃO

Através do experimento foi possível uma maior aprendizagem a respeito da relação


entre a pressão e o volume em uma transformação isotérmica, ou seja, a uma temperatura
constante. Observou-se que durante a vedação do equipamento ocorreu um pequeno
vazamento, porém deu-se continuidade ao experimento uma vez que a orientadora permitiu.

Neste caso, foram localizados erros operacionais e erros propagação. O erro


operacional deu-se devido à falta de treinamento do operador no momento de observar os
resultados e em manusear a aparelhagem. Tal fato poderia ser minimizado com treinamento
prévio do operador. Outra causa do erro operacional é a possibilidade de erro estrutural do
equipamento, uma vez que sua estrutura pode apresentar defeitos que permitam a passagem
de ar. Este erro poderia ser evitado caso o experimento fosse realizado com uma
aparelhagem ideal.

Confirmou-se a validade da equação de Boyle e Mariotte, observada


experimentalmente através do aparelho gascológico Emília. Na prática foram satisfatórios
os resultados, visto que a variação obtida no produto entre a pressão e volume foi pequena
quando ela não deveria existir, uma vez que a Lei de Boyle-Mariotte afirma que o produto
entre eles é constante uma vez que são grandezas inversamente proporcionais.

Em geral os resultados foram satisfatórios, visto que o experimento alcançou todos


os objetivos propostos anteriormente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 CAMPOS, A.G; ALVES, E.S.; SPEZIALI, N.L. Física Experimental Básica na


Universidade. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006.
 CASTELLAN, G. Fundamentos de Físico-Química. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 2002.
 HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. v.2. Rio de
Janeiro: LTC, 2009.
 ISEP, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Laboratórios de Física:
Verificação da Lei de Boyle-Mariotte. Defi, Departamento de Física, 2009,
Disponível em: <http://www.dfi. isep.ipp.pt/uploads/ficheiros/1021.pdf>. Acesso
em 24 de junho de 2013.

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