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DIREITO
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ADMINISTRATIVO
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Material revisado em 02/06/2022

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DIREITO ADMINISTRATIVO
PODERES ADMINISTRATIVOS

PODER-DEVER .......................................................................................................................................... 3
ABUSO DE PODER .................................................................................................................................... 3
DECRETO E REGULAMENTO ..................................................................................................................... 6
TIPOS DE DECRETO................................................................................................................................... 6
RESERVA DA ADMNISTRAÇÃO ................................................................................................................ 7
CICLO DE POLÍCIA ................................................................................................................................... 14
ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA ....................................................................................................... 16
PRESCRIÇÃO ........................................................................................................................................... 17

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PODERES ADMINISTRATIVOS

Por interesse público secundário entende-se o interesse do próprio Estado,


enquanto sujeito de direitos e obrigações, ligando-se à noção de interesse do
erário.
Poderes orgânicos: são centros de imputação do Poder estatal, são
independentes e estruturais (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Poder Funcional (ou administrativo): são os instrumentos de trabalho com os
quais órgãos e entidades administrativas desenvolvem as suas tarefas.

o Rafael Carvalho Rezende Oliveira: os poderes administrativos são


prerrogativas instrumentais conferidos aos agentes públicos para que, no
desempenho de suas atividades, alcancem o interesse público

PODER-DEVER
O Estado e seus agentes possuem os poderes administrativos para buscar a
finalidade pública. Uma vez que tutelam interesses coletivos impõe-se aos
agentes uma série de deveres.
Não há para a autoridade administrativa o poder de exercer ou não as
“faculdades” que a lei lhe conferiu. Se há possibilidade de agir, deve-se
entender como um dever administrativo.
O “poder” está relacionado ao princípio da Supremacia do Interesse Público
enquanto o “dever” se comunica com a Indisponibilidade do Interesse Público.

ABUSO DE PODER
Ocorre quando a autoridade, embora competente para agir, ultrapassa os
limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas.
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O abuso de poder é uma conduta praticada sob duas formas: Excesso de Poder
e Desvio de Poder.

Excesso de poder: o agente


ultrapssa os limites da
competencia

Abuso de poder

Desvio de Poder: o agente exerce a


competencia nos limites, mas para
atingir finalidade diferente

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das


entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

a) incompetência;

b) vício de forma;

c) ilegalidade do objeto;

d) inexistência dos motivos;

e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de


nulidade observar-se-ão as seguintes normas:

a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se


incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;

b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância


incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à
existência ou seriedade do ato;

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato


importa em violação de lei, regulamento ou outro ato
normativo;
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d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria


de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é
materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao
resultado obtido;

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente


pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência.

PODER NORMATIVO
Podemos entender como a prerrogativa que a Administração detém para editar
atos administrativos gerais para fiel execução das leis. Pode ser exercido por
meio da delegação legislativa ou do próprio poder regulamentar.
Delegação Legislativa: possibilita a prática de ato normativo primário, com
força de lei.
Poder Regulamentar: é uma atividade administrativa de cunho normativo
secundário.
Funções para a norma regulamentar:
1. Dispor sobre o procedimento da administração nas relações que decorrerão
com os administrados quando da execução da lei;
2. Limitar a discricionariedade administrativa;
3. Caracterizar fatos, situações ou comportamentos enunciados na lei mediante
conceitos vagos;
4. Decompor analiticamente o conteúdo de conceitos sintético, mediante
discriminação integral do que neles de contém.
Justamente por isso que a validade das instruções normativas (atos normativos
secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos
normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções
internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma
exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciar-se-ão
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de ilegalidade e não de inconstitucionalidade. (STJ. REsp 993.164/MG, Rel.


Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 13/12/2010)
A atuação regulamentadora administrativa é legítima quando está restrita a
expedir normas complementares à ordem jurídico-formal vigente; em outras
palavras, quando configura exercício de função típica do Poder Executivo, qual
seja, a execução das leis. (STF; RMS 27666/DF. Dias Toffoli, Julgamento:
10/04/2012)

DECRETO E REGULAMENTO
Decreto é a forma e Regulamento é a matéria, o conteúdo.

o Regulamento: é o ato normativo emanado de poder regulamentar, com


fundamento de validade na lei.
o Decreto: é a forma de que se revestem os atos praticados pelo chefe do
poder executivo, o seu conteúdo pode variar.

O exercício do poder regulamentar via decreto é privativo do chefe do poder


executivo, é de sua exclusividade.

o Atos de regulamentação de 1º Grau: seriam os decretos regulamentares


o Atos de regulamentação de 2º Grau: seriam para explicitar o teor dos
primeiros, como instruções expedidas.

TIPOS DE DECRETO
Decretos de execução ou regulamentar: completa matéria constante em lei,
sem altera-la.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da


República:
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(...)
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IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como


expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

Decreto autorizado ou delegado: regulamenta a lei em face de sua


determinação expressa.
Decreto autônomo: independe da existência de uma lei, podendo criar uma
situação jurídica nova.
O art. 84, VI, “a” e “b” da CRFB/88 dispõe acerca dos decretos autônomos:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da


República:

(...)

VI – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal,


quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

Para fechar o assunto, vale ressaltar que a jurisprudência reconhece os


decretos autônomos do art. 84, VI, CF/88, mas tão somente estes, outros
decretos autônomos seriam inconstitucionais. (STF. AgRg no RMS 27.679/RS,
STJ – Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgamento 13.10.2009)

RESERVA DA ADMNISTRAÇÃO
São os espaços de atuação que o legislador constituinte outorgou para
regulamentação pela Administração Pública, nos quais é vedada a intromissão
do Poder legislativo, sob pena de inconstitucionalidade.
Categorias:
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o Reserva geral de administração: fundamenta-se no principio da


separação dos poderes e significa que a atuação de cada órgão estatal
não pode invadir ou cercear o núcleo essencial da competência dos
outros órgãos.
o Reserva especifica de administração: quando a Constituição destaca
determinadas matérias, submetendo-as à competência exclusiva do
Poder Executivo.

Portanto, o STF entende que as matérias que o legislador constituinte outorgou


para que a Administração Pública as regulasse, por meio de Decreto, não
podem ser modificados por lei de iniciativa do Poder Legislativo, em respeito
ao princípio constitucional da separação de poderes. Essas matérias estariam
albergadas pela reserva de regulamento. (STF. RE 427.574 ED, rel. min. Celso
de Mello, j. 13-12-2011)
O poder regulamentar não se confunde com o poder regulatório.
Poder Regulamentar:

o Competência privativa do chefe do Executivo;


o Envolve edição de normas gerais para fiel cumprimento da lei;
o Conteúdo político.

Poder Regulatório:

o Competência atribuída às entidades administrativas, com destaque para


as agencias reguladoras;
o Engloba o exercício de atividades normativas, executivas e judicantes.

PODER HIERÁRQUICO
Decorrem as prerrogativas de dar ordens, para organizar as atividades,
fiscalizar o cumprimento dos deveres de seus subordinados, rever suas
condutas, delegar e avocar atribuições.
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o Delegação: significa transferir parcela de competência da autoridade


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competente para outra, subordinada hierárquica ou não. É a extensão de


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atribuições de um órgão a outro da mesma hierarquia ou de hierarquia


inferior, desde que não sejam exclusivos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se


não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando
for conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se


à delegação de competência dos órgãos colegiados aos
respectivos presidentes.

o Avocação: significa o chamamento de parcela da competência do


subordinado pelo superior hierárquico. Avocação é a tomada temporária
de competência legalmente atribuída a um agente subordinado, por
outro agente de hierarquia superior.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por


motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.

● A Lei ainda dispõe acerca da competência indelegável:

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;


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III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou


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autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser


publicados no meio oficial.

§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes


transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração
e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo
conter ressalva de exercício da atribuição delegada.

§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela


autoridade delegante.

§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar


explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas
pelo delegado.

Súmula 510-STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência


delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

PODER DISCIPLINAR
O marco do inicio do exercício do poder disciplinar é justamente o fim do
hierárquico. A abertura de processo administrativo para apurar a
responsabilidade pela prática de uma irregularidade administrativa, encerra as
atividades do poder hierárquico.
Poder disciplinar se entende a prerrogativa outorgada à Administração Pública
para apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais
pessoas sujeitas à disciplina administrativa.
A sanção aplicada pelo poder disciplinar decorre de um vínculo especial entre
a administração pública e o indivíduo que está sendo penalizado.
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Na verdade, o poder disciplinar é um poder-dever, que obriga a autoridade


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pública a sancionar o infrator, caso a pena a ser aplicada esteja na esfera de sua
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competência. Para que você não fique com qualquer dúvida quanto a isso,
vejamos o que estabelece o art. 143 da Lei 8.112/90:

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade


no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.

Discricionariedade do Poder Disciplinar: o poder disciplinar é discricionário, isso


ocorre por causa da menor rigidez da legislação administrativa, quando
comparada à legislação penal. A legislação administrativa confere certa
liberdade (regrada, é verdade), para que a autoridade administrativa determine
a adequação da conduta ao descrito na Lei e escolha, motivadamente, a sanção
que deve ser aplicada ao agente.
Dever de Motivação: Nos atos de punição disciplinar sempre deverá haver
motivação, assim é aspecto formal imprescindível do ato a exposição dos
motivos, de fato e de direito, que levaram à aplicação da sanção disciplinar.

Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas


a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
que dela provierem para o serviço público, as
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
funcionais.

Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade


mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
sanção disciplinar.

No que diz respeito ao controle jurisdicional do processo administrativo


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disciplinar, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que compete ao Poder


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Judiciário apreciar, à luz dos princípios do contraditório, da ampla defesa e do


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devido processo legal, a regularidade do procedimento sem, contudo, adentrar


o mérito administrativo.

PODER DE POLÍCIA

Pode ser compreendido como a faculdade conferida ao Estado para restringir


o exercício de um direito individual em face de um potencial ou real benefício
decorrente dessa restrição para a sociedade.
Alexandre Mazza: poder de polícia é a atividade da Administração Pública,
baseada na lei e na supremacia geral, consistente no estabelecimento de
limitações à liberdade e propriedade dos particulares.
O conceito de poder de polícia é fornecido pelo art. 78 do Código Tributário
Nacional – CTN:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da


administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

o SENTIDO AMPLO: compreende toda e qualquer atuação estatal restritiva


à liberdade e à propriedade que tem por objetivo a satisfação de
necessidades coletiva.
o SENTIDO RESTRITO: o poder de polícia significa o exercício da função
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administrativa, fundada na lei, que restringe e condiciona o exercício de


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direitos e atividades privadas.


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o O objeto do poder de polícia deve ser não somente lícito, mas idôneo e
proporcional à ameaça da ordem jurídica. Importando, via de regra, o
poder de polícia em não restrições a direitos individuais, a sua utilização
não deve ser excessiva ou desnecessária, de modo a não configurar um
abuso de poder. (STJ. RMS 19.820/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira
Turma, julgado em 09/10/2007)

A expressão polícia representa um gênero, do qual existem três espécies


distintas: a policita administrativa, a policia judiciária e a policia de manutenção
da ordem pública:

o Policia Administrativa: incide sobre bens, direitos ou atividades, sendo


vinculada à prevenção de ilícitos administrativos;
o Policia Judiciária: incide sobre pessoas, é privativa de corporações
especializadas (que integram a segurança pública estatal), a exemplo da
policia civil;
o Polícia de manutenção da ordem pública: possui atuação tipicamente
preventiva, agindo de modo a não permitir que o ilícito penal se
configure, função que fica a cargo das polícias militares.
o Em matérias de competência comum entre os entes federativos, todos
exercerão o poder de polícia. É por isso que, por exemplo, embora o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT detenha
competência para a fiscalização do trânsito nas rodovias e estradas
federais, órgãos de fiscalização de outros entes federativos também
podem aplicar multas. (STJ. STJ. 1ª Seção. REsp 1588969-RS, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 28/02/2018)

o Você deve ficar atento a mais um detalhe: por vezes, uma mesma
atividade pode ser fiscalizada pelo poder de polícia de diversas áreas de
atuação. Por exemplo, os bancos são fiscalizados pelo PROCON em razão
de infração às normas de proteção do consumidor e pelo BACEN,
autarquia que possui competência privativa para fiscalizar e punir as
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instituições bancárias quando agirem em descompasso com a Lei n


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4.565/64. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1148225/AL, Rel. Min. Mauro


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Campbell Marques, julgado em 13/11/2012)

Outro caso interessante se refere ao exercício do poder de polícia em questões


referentes ao trânsito, é interessante saber se guardas municipais podem
realizar a fiscalização de trânsito e aplicar multas.
Após alguma polêmica, o STF definiu que é possível a fiscalização por guardas
municipais, isso porque a fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções
administrativas legalmente previstas, constitui mero exercício de poder de
polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não
policiais. (STF. RE 658570, Relator(a): Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno,
julgado em 06/08/2015)
Complementando o assunto, é bom conhecermos algumas súmulas que tratam
da competência em poder de polícia:

Súmula Vinculante 38: É competente o município para fixar o horário de


funcionamento de estabelecimento comercial.

Súmula Vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que
impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área.

Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da


competência da União.

CICLO DE POLÍCIA
CICLO DE POLÍCIA: O exercício do poder de polícia compreende quatro fases
distintas que se inserem no denominado ciclo de polícia:

o Legislação ou ordem de polícia: é o preceito legal que estabelece as


limitações para o exercício da atividade particular. A administração
proíbe o uso de bem ou o exercício de atividade sem a sua prévia
autorização;
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o Consentimento de polícia: é o ato administrativo por meio do qual a


administração verifica se a atividade ou o uso de propriedade estão
adequadas às ordens de polícia.
o Fiscalização de polícia: é a aferição da observância, pelo particular das
ordens e do consentimento de polícia;
o Sanção de polícia: é o ato administrativo que pune o desrespeito às
ordens ou ao consentimento de polícia.

Com efeito, segundo jurisprudência do STJ, o poder de polícia em sentido amplo


– conceituado como o dever estatal de limitar-se o exercício da propriedade e
da liberdade em favor do interesse público - vem sendo dividido em quatro
grupos: (i) legislação; (ii) consentimento; (iii) fiscalização; e (iv) sanção.
Para o mesmo STJ, somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização
são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do
poder de coerção do Poder Público. (STJ. REsp 817.534/MG, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 25/05/2010)
Observe, porém, que para o STF, é constitucional a delegação do poder de
polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da
Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em
regime não concorrencial. (STF. RE 633.782/MG, Rel. Luiz Fux. Repercussão
Geral. Julgado em 24/10/2020)
Atente-se, também, que o STJ reconhece a delegação do poder de polícia para
os conselhos profissionais. Assim, a atividade fiscalizatória exercida pelos
conselhos profissionais, decorrente da delegação do poder de polícia, está
inserida no âmbito do Direito Administrativo. (STJ. CC 127.761/DF, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 28/08/2013)
Há, ainda, um relevante precedente do STF em que, embora dizendo que o
poder de polícia não pode ser delegado, reconheceu tal atribuição para a OAB.
Segundo o STF, a fiscalização das profissões, por se tratar de uma atividade
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típica de Estado, que abrange o poder de polícia, de tributar e de punir, não


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pode ser delegada (ADI 1.717), excetuando-se a Ordem dos Advogados do


Brasil (ADI 3.026).
Esse julgado é interessante porque, segundo o STF, todos conselhos de
fiscalização profissional (CFM, CREA, CRESS, etc.) têm natureza jurídica de
autarquias federais (MS 22.643), assim: (i) estas entidades são criadas por lei,
tendo personalidade jurídica de direito público com autonomia administrativa
e financeira; (ii) exercem a atividade de fiscalização de exercício profissional
que, como decorre do disposto nos artigos 5º, XIII, 21, XXIV, é atividade
tipicamente pública; (iii) têm o dever de prestar contas ao Tribunal de Contas
da União (art. 71, II, CRFB/88).
Contudo, a OAB é exceção a esta regra, segundo o mesmo STF, a OAB não tem
natureza jurídica autárquica, sendo uma entidade “sui generis”, diferente de
tudo o mais que existe no ordenamento jurídico brasileiro.
Ainda assim, à OAB foi reconhecido o regular exercício do poder de polícia, o
poder de tributar e o poder de punir os profissionais da advocacia. (STF. MS
28469 AgR-segundo, Relator(a): Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
19/02/2013)

ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA


Discricionariedade: a Administração Pública dispõe de uma razoável liberdade
de atuação no que tange aos atos de polícia administrativa.
Coercibilidade: os atos de polícia são coercitivos na medida em que impõem
restrições ou condições que devem ser obrigatoriamente cumpridas pelos
particulares. A imposição coercitiva dos atos de polícia independe de prévia
autorização judicial.
Autoexecutoriedade: consiste na possibilidade assegurada à Administração de
utilizar os próprios meios de que dispõe para colocar em prática as suas
decisões, independentemente de autorização do Poder Judiciário. Nem todo
ato de polícia possui o atributo da autoexecutoriedade.
Destaque-se que nem todo ato de polícia possui o atributo da
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autoexecutoriedade. É o caso da multa que não pode ser satisfeita (adimplida)


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pela vontade unilateral da Administração e a respectiva cobrança é realizada,


normalmente, por meio da propositura da execução fiscal.

É importante destacar que a doutrina costuma dividir tal atributo em dois


conceitos:

o Executoriedade: assegura à Administração a prerrogativa de


implementar diretamente as suas decisões, independentemente de
autorização do Poder Judiciário, trata-se de um meio direto de coerção;
o Exigibilidade: assegura à Administração a prerrogativa de valer-se de
meios indiretos de coerção para obrigar o particular a cumprir uma
determinada obrigação.
o A autoexecutoriedade que goza o Poder Público não retira deste a
pretensão em valer-se de decisão judicial que lhe assegure a providência
fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas pela
Administração no exercício do poder de polícia são suficientes. (STJ. REsp
1651622/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 28/03/2017)

PRESCRIÇÃO
No âmbito federal o prazo é de 5 anos, com fundamento na Lei nº 9.873/99:

Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da


Administração Pública Federal, direta e indireta, no
exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração
à legislação em vigor, contados da data da prática do ato
ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia
em que tiver cessado.

§ 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo


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paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento


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ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou


mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo
da apuração da responsabilidade funcional decorrente da
paralisação, se for o caso.

§ 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da


Administração também constituir crime, a prescrição
reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
o

Art. 2º Interrompe-se a prescrição da ação


punitiva:

I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado,


inclusive por meio de edital;

II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do


fato;

III - pela decisão condenatória recorrível.

IV – por qualquer ato inequívoco que importe em


manifestação expressa de tentativa de solução
conciliatória no âmbito interno da administração pública
federal.

Ressalte-se que o prazo de cinco anos é contado a partir da prática do ato, salvo
nas situações de infração permanente ou continuada. Por fim, caso não haja lei
estadual ou municipal sobre o assunto, deverá ser aplicado o prazo
prescricional de 5 anos por força, não da Lei n. 9.873/99:

o Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem


assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual
ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos
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contados da data do ato ou fato do qual se originarem.


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o As disposições contidas na Lei 9.873/99 não são aplicáveis às ações


administrativas punitivas desenvolvidas por Estados e Municípios, pois o
seu art. 1º é expresso ao limitar sua incidência ao plano federal. Assim,
inexistindo legislação local específica, incide, no caso, o prazo
prescricional previsto no art. 1º do Decreto 20.910/32. (STJ. AgInt no
REsp 1409267/PR, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma,
julgado em 16/03/2017)

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