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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Estudaremos a partir de agora o assunto “improbidade administrativa” o que está descrito
na lei 8.429/92, apesar de há muito ter sido publicada a considero atual e as bancas também,
pois o assunto é extremamente cobrado em provas de concurso público, portanto adotarei
neste material a leitura concomitante da lei com comentários sobre os artigos mais importantes
e jurisprudências frequentes em prova a fim de preparar você da melhor forma possível.
VAMOS LÁ!

A Constituição Federal de 1988 levou tão a sério a moralidade administrativa na conduta


de seus agentes que impôs algumas penalidades a quem agir contra a mesma e isso está
positivado no art. 37 §4º da nossa carta magna.

Como é um assunto muito abordado em provas, vamos memorizar: CRFB/88 art. 37 §4º
método mnemônico (Paris)

 Os atos de improbidade administrativa importarão na:


 P erda da função pública;
 A ção penal cabível;
 R essarcimento ao erário;
 I ndisponibilidade dos bens
 S uspensão dos direitos políticos;

OBS! Quero fazer duas observações:

 A primeira é de que qualquer questão de prova que disser que os atos de


improbidade importarão na cassação de direito políticos, você meu amigo e minha
amiga irá marca como errada, pois a constituição proíbe tal medida:

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos...

 A segunda é a observância em relação a troca de afirmação que as bancas adoram


fazer quanto a suspensão dos direitos políticos e perda da função pública. É
muito comum as provas de concurso público inverterem os termos, por exemplo,
afirmarem que é possível a pena de perda dos direitos políticos e suspensão da
função pública.

ATENÇÃO PARA O CORRETO QUE É:

 SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS;


 PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA.

MUDE SUA VIDA!


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Após termos analisado a base constitucional da improbidade, vale a pena ressaltar que o
que o referido artigo se trata de uma norma de eficácia limitada cabendo então a lei estipular
quais atos seriam esses, em 1992 tivemos a edição da lei 8.429 e a sua aplicabilidade não é
federal e sim nacional, ou seja, tem aplicabilidade na União, nos Estados, no Distrito Federal e
nos Municípios.

SUJEITO PASSIVO DO ATO DE IMPROBIDADE


Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
público, servidor ou não, CONTRA a Administração Direta,
Indireta ou Fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de
Território, de Empresa incorporada ao patrimônio público ou
de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta
lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta


lei os atos de improbidade praticados CONTRA o PATRIMÔNIO
de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos.

O primeiro artigo e seu parágrafo único vai nos dizer quem são as pessoas que podem
SOFRER os atos de improbidade, portanto esquematizei abaixo para que você não perca
nenhuma questão sobre o assunto, cuidado pois aqui estão sujeitos passivos dos atos de
improbidade.

 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA; (MUNICÍPIO, UNIÃO, DISTRITO FEDERAL,


ESTADO)

 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA; (FUNDAÇÃO PÚBLICA, AUTARQUIA,


SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, EMPRESA PÚBLICA)

 EMPRESAS INCORPORADAS ao patrimônio público ou de entidade cuja criação ou


custeio o erário haja concorrido ou concorra com MAIS DE 50% do patrimônio ou
da receita anual; (A segunda parte desse artigo tenta se basear na lei 4.717/65 que
é a lei de ação popular, portanto sua redação para o dia de hoje é um tanto quanto
mal escrito, mas na verdade ela só estava afirmando que as empresas públicas e as
sociedades de economia mistas que são as estatais poderão sofrer atos de
improbidade).

 O PATRIMÔNIO DE ENTIDADE que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal


ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o

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erário haja concorrido ou concorra com MENOS DE 50% do patrimônio ou da


receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
No parágrafo único encontra-se incluído o patrimônio de entidades que não compõe a
administração pública, seja direta ou indireta, são entidades privadas que o Estado se relaciona
através da sua função de fomento. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro diz que podem
ser incluídas nestas o sistema “S” chamados serviços sociais autônomos com Sesi, Senai, Sesc
temos também as organizações sociais de interesse público e as organizações sociais. Porém
temos que ter cuidado, pois no caso da ocorrência de um ato de improbidade contra o
patrimônio das entidades não teremos as sanções aplicadas em sua integridade, o texto
normativo afirma que a repercussão do ilícito recairá somente sobre o patrimônio público
que se encontram nessas entidades. A prestigiada professora diz que: “O que ultrapassar o
montante da contribuição dos cofres públicos, a entidade terá que pleitear por outra via
que não a ação de que trata a lei de improbidade administrativa”

SUJEITO ATIVO DO ATO DE IMPROBIDADE


Sujeito ativo é a agente público que pratica o ato de improbidade administrativa e, para
efeitos desta lei, será considerado como agente público todo aquele que exercer, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função.
Exemplos: Um auditor fiscal, um policial rodoviário federal, o empregado público, o
mesário o jurado, até mesmo um estagiário vinculado as pessoas jurídicas citadas o tópico
anterior, ou seja, agente público aqui deve ser enxergado no seu sentido amplo.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ
Administrativo. Processual civil. Agravo interno no recurso especial.
Improbidade administrativa. Inteligência do art. 2.º da Lei n.º 8.429/92.
ESTAGIÁRIA da Caixa Econômica Federal. Enquadramento no conceito de agente
público. Legitimidade para figurar no polo passivo da subjacente ação civil pública.
Agravo desprovido. 1. O art. 2.º da Lei n.º 8.429/92 dispõe: “Reputa-se agente
público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior” (entidades essas integrantes da
“administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada
ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
contribuído ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
anual” – art. 1.º do mencionado diploma). 2. Como já teve o ensejo de consignar
esta Corte, “o alcance conferido pelo legislador quanto à expressão ‘agente
público’ possui expressivo elastério, o que faz com que os sujeitos ativos
dos atos de improbidade administrativa não sejam apenas os servidores
públicos, mas, também, quaisquer outras pessoas que estejam de algum
modo vinculadas ao Poder Público”
(REsp1.081.098/DF, 1.ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 03.09.2009).

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E não para por aí, pois esta lei também será aplicada ao PARTICULAR, no que couber,
àquele que, mesmo NÃO sendo agente público:
 Induzem o agente à pratica do ato;
 Concorrem para o ato;
 Figuram como beneficiários do ato;

O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA entende que o termo “PARTICULAR” engloba tanto


uma pessoa física quanto jurídica.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ
Processual civil e administrativo. Recurso especial. Ação civil pública por ato de
improbidade. Violação ao artigo 535 do CPC inocorrente. Pessoa jurídica de direito
privado. Legitimidade passiva.1. Não há violação do artigo 535 do CPC quando o
acórdão, mesmo sem ter examinado individualmente cada um dos argumentos
trazidos pelo recorrente, adota fundamentação suficiente para decidir de modo
integral a controvérsia, apenas não adotando a tese defendida pelo recorrente,
manifestando-se, de maneira clara e fundamentada, acerca de todas as questões
relevantes para a solução da controvérsia, inclusive em relação às quais o recorrente
alega contradição e omissão. 2. Considerando que as PESSOAS JURÍDICAS
podem ser BENEFICIADAS E CONDENADAS por atos ímprobos, é de se
concluir que, de forma correlata, podem figurar no polo passivo de uma
demanda de improbidade, ainda que desacompanhada de seus sócios.
3.Recurso especial não provido
(STJ, 1. Turma, REsp 970393/CE,21.06.2012)

ATENÇÃOOOO!
Lembre-se, o particular NUNCA responderá por ato de improbidade se não
estiver envolvido com alguém que é agente público. Para que ele seja réu em um
processo por uma conduta improba é condição obrigatória que ele haja em conluio
com alguém que é agente público.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ
Jurisprudência Processual civil. Administrativo. Réu particular. Ausência de
participação conjunta de agente público no polo passivo da ação de improbidade
administrativa. Impossibilidade.1. Os arts. 1.º e 3.º da Lei 8.429/92 são expressos
ao prever a responsabilização de todos, agentes públicos ou não, que induzam ou
concorram para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficiem sob qualquer
forma, direta ou indireta. 2. Não figurando no polo passivo qualquer agente
público, NÃO HÁ COMO O PARTICULAR figurar sozinho como réu em Ação de
Improbidade Administrativa. 3. Nesse quadro legal, não se abre ao Parquet a via
da Lei da Improbidade Administrativa. Resta-lhe, diante dos fortes indícios de fraude
nos negócios jurídicos da empresa com a Administração Federal, ingressar com Ação

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Civil Pública comum, visando ao ressarcimento dos eventuais prejuízos causados ao


patrimônio público, tanto mais porque o STJ tem jurisprudência pacífica sobre a
imprescritibilidade desse tipo de dano.4. Recurso especial não provido
(STJ, 2.ªTurma, REsp1155992/PA,23.03.2010)

AGENTES PÚBLICOS E A LEI DE IMPROBIDADE


Assunto também cobrado em prova não com muita incidência, mas vale a pena o
comentário. Em relação aos agentes públicos detentores de cargos eletivos (agentes políticos)
como por exemplo: governadores, vereadores, senadores, deputados, etc. Todos responderão
sim pela lei 8.429/92 pelos atos de improbidade que cometerem. Muita atenção! Pois quando
este assunto é abordado em prova é muito comum a pergunta sobre se o Presidente da
República também responde pela lei de improbidade. Sua resposta deverá ser negativa, pois
nos termos da jurisprudência do STJ e também do Supremo Tribunal Federal o Presidente da
República quando comete ato de improbidade prática crime de responsabilidade e vai
responder perante o Senado e não no judiciário que é o local onde tramita um processo de
improbidade.

JURISPRUDÊNCIA DO STJ
Constitucional. Competência. Ação de improbidade contra Governador de
Estado. Duplo regime sancionatório dos agentes políticos: legitimidade. Foro por
prerrogativa de função: reconhecimento. Usurpação de competência do STJ.
Procedência parcial da reclamação. 1. EXCETUADA a hipótese de atos de
improbidade praticados pelo PRESIDENTE DA REPÚBLICA (art. 85, V), cujo
julgamento se dá em regime especial pelo Senado Federal (art. 86), não há norma
constitucional alguma que imunize os agentes políticos, sujeitos a crime de
responsabilidade, de qualquer das sanções por ato de improbidade previstas no art.
37, § 4.º. Seria incompatível com a Constituição eventual preceito normativo
infraconstitucional que impusesse imunidade dessa natureza
(STJ,CorteEspecial,Rcl2790/SC,04.03.2010).

JURISPRUDÊNCIA DO STF
Os agentes políticos, com EXCEÇÃO do Presidente da República,
encontram-se sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem
tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à
responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade. O foro
especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às
infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa
(STF, Tribunal Pleno, Pet3240 AgR/DF,10.05.2018).

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SUCESSORES DE UM AGENTE ÍMPROBO


Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
cominações desta lei até o limite do valor da herança.
Apesar de pequeno é um artigo muito cobrado em provas, lembre-se que o particular pode
sim responder por atos de improbidade, desde que se beneficie, concorra ou induza a prática
do ato de improbidade. Em relação ao sucessor o que temos é a possibilidade de que este,
mesmo não tendo conhecimento de que sua herança é fruto de um ato ímprobo, venha a sofrer
a perda da mesma caso ela seja fruto de um ato de improbidade. Mas lembre-se ele não poderá
ser prejudicado em seu patrimônio próprio, pois só perderá o que recebeu de herança.

PRINCÍPIOS NA LEI DE IMPROBIDADE


Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita
observância dos princípios de
 L EGALIDADE,
 I MPESSOALIDADE,
 M ORALIDADE E
 P UBLICIDADE

OBS! O princípio da EFICIÊNCIA NÃO está explícito na lei 8429/92, mas isso não quer
dizer que o mesmo não é aplicado até porque, a partir da Emenda Constitucional 19/98, o
referido princípio se tornou expresso no texto constitucional.
Caso ocorra lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do
agente ou de terceiros, DAR-SE-Á O INTEGRAL ressarcimento do dano.
No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os
bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar
enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. Aqui
temos uma medida cautelar para assegurar que ao final do processo haja bem insuficientes para
ressarcir ao erário pois é possível que o indiciado queira se desfazer dos seus bens justamente
para após a condenação não ter como quitar o referido débito.
OBS! A indisponibilidade de bens recairá sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento
ilícito.

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