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Olá! Meu nome é Dayana Sales, do perfil @corujinha_juridica, sou servidora do TJRJ. A minha preparação para concursos
começou desde muito cedo. Passei com 18 anos para Sargento Especialista da Aeronáutica. Minha formação militar foi
na Escola de Especialistas (EEAR), em Guaratinguetá-SP. Na época que prestei o concurso, para área de Eletricidade (tenho
formação em escola técnica – CEFET-RJ), eram 22 vagas nível Brasil. Passei em 7º lugar. Fiquei um bom tempo na FAB, fiz
faculdade de Direito, prestei alguns concursos (reprovei em uns e passei em outros) e finalmente tomei possei no TJRJ.
Tenho pós-graduação em Direito do Consumidor. Trabalhei cedida no TRF-1 e STF. Atualmente estou cursando um MBA
em Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching e uma pós em Psicologia Positiva. Minha vida é estudar, conhecer novos
assuntos, crescer como profissional e ajudar outras pessoas com a minha experiência.
A minha técnica de estudos é baseada no estudo ativo. O estudo ativo é aquele onde o estudante sai da posição passiva
e vai para ativa em busca das informações, criando os seus próprios materiais de estudos. Os meus resumos são feitos
em cima de anotações de cursinhos, de materiais em pdf, pesquisas em livros, manuais e blogs jurídicos, lives de
professores, Buscador do Dizer o Direito. Ou seja, uma miscelânea de informações registradas no formato de tabela. Fiz
assim porque acho uma forma mais simples de estudar e memorizar os principais tópicos de cada matéria.
Até então, eu não havia disponibilizado meus materiais na internet. Apenas um grupo de amigos tinham acesso. Alguns
colegas que usaram meus materiais tiveram êxito nos concursos que prestaram. Espero que você faça um bom uso desses
materiais. Estude, leia, faça questões, indague, pesquise, complemente esse material e ajuste para sua realidade. Vá atrás
das informações. Assuma uma posição de estudante ativo.
Por fim, quero também falar do meu novo projeto que vai ajudar muitas pessoas a destravar nos estudos e alcançar a tão
desejada aprovação nos concursos públicos e na OAB. Estou falando do Rotina de Estudos Sustentável. O treinamento é
para aqueles que querem aprender a estudar da forma correta e estratégica. Nesse treinamento, vamos trabalhar como
técnicas de estudos, organização, planejamento, otimização do tempo, controle de ansiedade, mindset de crescimento e
todas as dores e dificuldades que permeiam o universo dos estudos. Se você quer aprender a estudar de forma correta,
eficaz, estratégica – venha conhecer meu projeto. Me segue lá no insta @corujinha_juridica. Todos os dias têm post com
dicas valiosas sobre técnicas de estudos, produtividade, gerenciamento do tempo, planejamento.
Espero que os meus materiais possam ajudá-los a conquistar a tão sonhada vaga no serviço público ou na OAB. Estude e
confie no seu potencial! Tenha foco e disciplina! Adotem esse pensamento para a vida de vocês.
Nossos objetivos só podem ser alcançados através de um plano, no qual devemos acreditar fervorosamente e sobre o qual
devemos agir vigorosamente. Não há outro caminho para o sucesso (Pablo Picasso).
Temas Págs
Introdução ao Direito Administrativo 04
Princípios do Direito Administrativo 07
Organização Administrativa 29
Atos Administrativos 57
Poderes Administrativos 81
Controle Administrativo 100
Processo Administrativo 119
Responsabilidade Civil 141
Serviços Públicos 170
Parceria Público Privada - PPP 192
Intervenção Estado na Propriedade 203
Nova LIA 229
Bens Públicos 250
Agentes Públicos 257
Esquemas para FGV 307
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Este material foi atualizado até julho/2022.
Estado
Conceito É uma instituição política, social e juridicamente organizada, dotada de personalidade jurídica
própria de Direito Público que pode atuar tanto no direito público como no direito privado. Por
possuir o monopólio legítimo do uso da força, é o responsável pela organização e pelo controle
social.
Estado de Direito O principal critério para legitimação do Estado de Direito é a adequação dos atos administrativos
com o ordenamento jurídico. Esse critério se baseia em 3 pilares: tripartição dos poderes,
generalização do princípio da legalidade e universalidade da jurisdição (enseja o controle absoluto
de validade sobre as atividades do Estado).
Poderes do Estado A CF definiu o funcionamento de três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, que são
poderes estruturais e organizacionais do Estado.
Cada um desses poderes tem sua atividade principal, chamada de função típica e outras
secundárias, que são as funções atípicas.
Parte da doutrina prevê a existência da Função Política ou Função de Governo, que na visão de
CABM, abarca, por exemplo, a sanção e o veto de lei, a declaração de guerra, a decretação do
estado de calamidade pública.
As funções atípicas devem ser analisadas em caráter excepcional, pois decorrem do fato de que
a tripartição de poderes não tem caráter absoluto.
Estado Governo
Povo situado em determinado território e sujeito a um Elemento formador do Estado, não se confundindo com ele. No
governo. Organiza-se sob uma ordem jurídica por ele sentido subjetivo: cúpula diretiva do Estado responsável pela
posta. condução de suas atividades, ou seja, conjunto de poderes e
ESTADO = é a nação politicamente organizada detentora órgãos constitucionais. No sentido objetivo ou material:
de soberania. O ESTADO DE DIREITO é o estado atividade diretiva do Estado, se confunde com o complexo de
politicamente organizado, que obedece às suas próprias funções básicas do Estado.
leis. Elementos do Estado:
(i) POVO (elemento subjetivo);
(ii) TERRITÓRIO (elemento objetivo);
(iii) GOVERNO SOBERANO - independência na ordem
internacional e supremacia na ordem interna.
Funções do Estado
Função pública é o exercício de atividade em nome e interesse do POVO. No Brasil, não há exclusividade no exercício
dessas funções, não há uma rígida e absoluta divisão dos Poderes, mas sim preponderância na realização desta ou
daquela função.
Assim, embora os Poderes tenham funções precípuas (funções típicas), a própria Constituição autoriza que também
desempenhem funções que normalmente pertenceriam a Poder diverso (funções atípicas).
FUNÇÃO TÍPICA – é a função principal (preponderante) do poder, o motivo pelo qual o poder foi criado. EXEMPLO: legislativo
fazer lei e fiscalizar; Executivo administrar; judiciário julgar. Características das funções típicas:
✓ Função Legislativa – elaboração de leis (legiferante). É uma função abstrata. É uma função geral com repercussão erga
omnes. Única função que inova o ordenamento jurídico.
✓ Função Judiciária – consiste na solução de conflitos, aplicando coativamente as leis. É uma função concreta (exceto o
controle direto de constitucionalidade). É uma função indireta, porque depende de provocação. Não inova o ordenamento
jurídico. Produz imutabilidade jurídica, ou seja, a intangibilidade jurídica ou coisa julgada, isto é, somente a decisão judiciária
é definitiva.
✓ Função Executiva ou Administrativa – função administrativa – “aquela exercida pelo Estado ou por seus delegados,
subjacente à ordem constitucional e legal, sob regime de direito público, com vistas a alcançar os fins colimados pela ordem
jurídica” (Carvalho F.). É uma função concreta e direta, que não inova o ordenamento jurídico (MEDIDA PROVISÓRIA é uma
função atípica). É uma função capaz de ser revista, não produz coisa julgada. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA não é uma
verdadeira coisa julgada, mas sim a mera imutabilidade da decisão dentro da seara administrativa, não impedindo, contudo,
sua revisão pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF).
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✓ Função de Governo – São funções que não podem ser enquadradas em nenhuma das acima. É a função que regula a
atuação superior do Estado. Ex: estado de defesa ou de estado de sítio, iniciativa de lei, sanção e veto do presidente,
declaração de guerra, celebração de paz (mas há divergências quanto a essa classificação).
FUNÇÃO ATÍPICA – é a função secundária do poder. EXEMPLO: legislativo fazendo licitação; Executivo editando medida
provisória; judiciário fazendo licitação.
Divisão da Administração Pública
Pode ser dividida em:
a) ADMINISTRAÇÃO FORMAL ou ORGÂNICA ou SUBJETIVA = conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas destinadas à
execução das atividades administrativas. Compreende pessoas jurídicas (entidades), órgãos e agentes públicos incumbidos
de exercer a função administrativa.
O que é administração dialógica? Em sentido amplo, a administração dialógica diz respeito a qualquer intervenção do
particular na atividade estatal (ex1: audiências públicas em licitações; ex2: concessionárias de serviços públicos). Em sentido
restrito (entendimento adotado no Brasil), a adm. dialógica está presente nas hipóteses em que o particular dialoga com o
Estado sem finalidades lucrativas, tais como as entidades do Terceiro Setor (concessionárias de serviços públicos não
serviriam como exemplos).
Segundo ensina José dos Santos Carvalho Filho, para a identificação da função administrativa, os autores têm se valido de
critérios de três ordens:
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insuficiente, tendo em conta que nem todo o resto das atividades do Estado (com exclusão das
funções legislativa e jurisdicional) é direito administrativo.
Critério do Serviço Para essa escola, o direito administrativo estuda o serviço público. Na época desta escola, toda
Público atividade do estado era chamada de serviço público (inclusive, por exemplo, atividades comerciais,
industriais, etc). Mas esse conceito, por ser amplo demais, não prosperou.
Critério de distinção Para essa escola o direito administrativo não se preocupa com a atividade social do Estado, como,
da atividade jurídica p.ex., estudo de políticas públicas. O direito administrativo, segundo esta ideia, estuda as questões
do Estado e da jurídicas relacionadas à atividade do Estado. Esse critério foi aceito no Brasil, mas também tido por
atividade Social do insuficiente.
Estado
Critério da É o critério mais aceito no Brasil. Esse critério foi inserido no Brasil por Hely Lopes Meirelles e é o
Administração Pública mais adotado no Brasil. Para este autor: Direito Administrativo é um conjunto harmônico de
princípios e regras, que formam o regime jurídico administrativo e que rege os agentes, os órgãos
e as entidades no exercício da atividade administrativa, tendente a realizar, de forma direta,
concreta, e imediata os fins desejados pelo Estado. Assim, realizar os fins de forma:
- Direta = “atividade independente de provocação”. Com isso, afasta-se do conceito a atividade
indireta do estado, ou seja, aquela que depende de provocação: a função jurisdicional do Estado.
- Concreta = a atividade terá destinatários determinados, com efeitos concretos. Exclui-se, assim,
a função abstrata do Estado: a função legislativa.
- Imediata, o que é diferente de forma mediata, que é a atividade social. A função imediata diz
respeito à atividade jurídica do Estado.
Diógenes Gasparini elenca seis principais correntes que buscam identificar um conceito para o Direito Administrativo:
CRITÉRIO LEGALISTA É o conjunto de legislação administrativa.
CRITÉRIO DO PODER É o complexo de leis que disciplinam o exercício do Poder Executivo.
EXECUTIVO
CRITÉRIO DAS RELAÇÕES É a disciplina das relações jurídicas travadas entre a Administração Pública e os
JURÍDICAS particulares.
CRITÉRIO DO SERVIÇO É a disciplina jurídica dos serviços públicos.
PÚBLICO
CRITÉRIO FINALÍSTICO É o conjunto de atividades voltadas a executar os fins do Estado.
CRITÉRIO NEGATIVISTA Identifica o Direito Administrativo a partir de um critério residual ou por exclusão.
*(Atualizado em 02/02/2021) Direito Administrativo é o ramo jurídico que estuda a disciplina normativa da função
CRITÉRIO FUNCIONAL administrativa, independentemente de quem esteja encarregado de exercê-la: Executivo,
Legislativo, Judiciário ou particulares mediante delegação estatal. A doutrina majoritária
tem apontado no sentido de utilizar o critério funcional como o mais eficiente na definição
da matéria.
#OUSESABER: Qual a diferença de Administração Dialógica e Administração Monológica?
A Administração Dialógica é uma tendência no direito administrativo moderno, fundada no princípio da consensualidade,
que permite uma abertura de diálogo com os administrados, permitindo que haja uma legitimação efetiva da atuação
administrativa, tal como ocorre na realização de audiências públicas para colher as opiniões da sociedade civil sobre
determinado tema. Percebe-se, assim, uma participação efetiva de todos os agentes que venham a ser atingidos pela
atuação estatal. Esta forma de administração se opõe à chamada Administração Monológica, em que os administrados
atuam como meros espectadores na formação normativa, não estando aptos a contribuir efetivamente como co-
construtores das situações jurídicas que regerão a sua atuação. Nesta forma de administração predomina a imperatividade
da atuação estatal, resultando em decisões de viés unilateral, sem qualquer ingerência dos destinatários da norma em sua
pactuação.
Modernamente, entende-se a) Poder de polícia: consistente na limitação e condicionamento de direitos.
que à Administração Pública
cabe o exercício das b) Serviços públicos: função positiva que ganhou protagonismo com o fortalecimento do
seguintes funções ou tarefas: Constitucionalismo Social do século XX.
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d) Atividades de intervenção: na propriedade privada, no domínio econômico e no domínio
social. Em verdade, esta classificação já estava abrangida pelas anteriores, de maneira que
parte da doutrina não a reconhece como autônoma.
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Princípios da Administração Pública
Definição de Princípios
Conjunto harmônico de princípios que definem a lógica da atuação do ente público, a qual se baseia na existência
de limitações e prerrogativas em face do interesse público. Esses princípios guardam entre si essa lógica, devendo
haver, entre eles, um ponto de coincidência.
Supremacia do interesse público: é muito importante para o convívio social e pressuposto de existência de
qualquer sociedade, sendo um conceito determinável no caso concreto. Visa satisfazer o interesse público
propriamente dito, concedendo à Administração Pública algumas prerrogativas. Não está expresso na CF.
Exemplos de aplicação: atributos dos atos administrativos (presunção de legitimidade, autoexecutoriedade e
imperatividade), Poderes da Administração (poder de polícia), contratos administrativos (cláusulas
exorbitantes, art. 58 da Lei nº 8.666/93), intervenção na propriedade (requisição, art. 5º, XXV, CF,
desapropriação, art. 5º, XXIV, CF). Alguns autores, de forma minoritária, criticam o princípio sustentando que
este legitima os abusos e as arbitrariedades. Outros defendem que, na verdade, há incorreção na sua aplicação.
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P. da Supremacia Estabelece prerrogativas ao Estado na busca do interesse público, restringindo ou
do Interesse limitando interesses particulares.
Público sobre o
Privado O interesse público é supremo sobre o interesse particular, e todas as condutas estatais
têm por finalidade a satisfação das necessidades coletivas.
Obs: delegação não é renúncia, já que está implícita a chamada “cláusula de reserva” (o agente
delegante não transfere a competência, mas apenas a amplia, mantendo-se competente após
a delegação juntamente com o agente delegado).
P. da O administrador não pode dispor do interesse público e, por isso, são estabelecidas
Indisponibilidade algumas limitações ao Estado de forma a garantir a indisponibilidade.
do Interesse
Público O agente estatal não pode deixar de atuar, quando as necessidades da coletividade assim
exigirem, uma vez que suas atividades são necessárias à satisfação dos interesses do povo.
Decorre da existência do Estado de Direito, como uma pessoa jurídica responsável por criar
o direito, no entanto submissa ao ordenamento jurídico por ela mesmo criada e aplicável
a todos os cidadãos.
Não havendo previsão legal, está proibida a atuação do ente público e qualquer conduta
praticada ao alvedrio do texto legal será considerada ilegítima.
Ocorre que, segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo (Curso de Direito Administrativo,
26ª Ed., pág. 105 e 126-136), é possível apontar três restrições excepcionais ao princípio da
legalidade:
a) Medida provisória
b) Estado de defesa
c) Estado de sítio
Nesses três casos, deve a Administração atuar, mesmo que não haja lei regulamentando sua
atuação, o que revela a mitigação da obrigatoriedade do princípio da legalidade. O Prof. Celso
Antônio é uma administrativista de grande prestígio, então, fiquemos espertos à sua fala. Item
correto!
Não se confunde a legalidade, com o princípio da reserva legal que determina a aplicação
de determinada espécie normativa a um autuação definida no texto constitucional.
Haverá desvio de finalidade todas as vezes que o adm. público praticar o ato com a
intenção de prejudicar ou beneficiar alguém específico. Modernamente, a doutrina vem
dizendo que a impessoalidade também deverá ser enxergada sob a ótica do agente
público. É a chamada teoria do órgão como corolário do princípio da impessoalidade.
Quando o agente pratica um ato, não é a sua pessoa que está atuando, mas sim o Estado
por meio desse agente.
Ex: art. 37, §1º CF – não pode fazer constar na publicidade de governo símbolos que gerem
a promoção pessoal do agente (“essa obra é um presente do prefeito João” → quem está
executando a obra não é o agente, mas sim o Estado!!!).
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sanções a entidades federativas por ato de gestão anterior à assunção dos deveres
públicos.
Veja como o CESPE cobrou o assunto em 2016, na prova do TCE-PR: Quando a União firma
um convênio com um estado da Federação, a relação jurídica envolve a União e o ente
federado e não a União e determinado governador ou outro agente. O governo se alterna
periodicamente nos termos da soberania popular, mas o estado federado é permanente.
A mudança de comando político não exonera o estado das obrigações assumidas. Nesse
sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem entendido que a inscrição do nome de
estado-membro em cadastro federal de inadimplentes devido a ações e(ou) omissões de
gestões anteriores não configura ofensa ao princípio da administração pública
denominado princípio do(a) a) Intranscendência.
Segundo a posição que prevalece no STF, se a irregularidade no convênio foi praticada pelo
gestor anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir
o erário e corrigir as falhas (exs: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador,
ajuizou ações de ressarcimento contra o antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou
Município) não poderá ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União. Assim, segundo
esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a aplicação de
sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores. Segundo o Min. Luiz Fux, “não se pode inviabilizar a administração de quem foi
eleito democraticamente e não foi responsável diretamente pelas dificuldades financeiras que
acarretaram a inscrição combatida”.
Penso que seja a posição que prevalece no STF. A própria AGU admite esta tese: Súmula 46-
AGU: Será liberada da restrição decorrente da inscrição do município no SIAFI ou CADIN a
prefeitura administrada pelo prefeito que sucedeu o administrador faltoso, quando tomadas
todas as providências objetivando o ressarcimento ao erário.
*(Atualizado em 14/11/2020) #SELIGANAJURIS Poder Executivo não pode ser incluído nos
cadastros de inadimplentes da União por irregularidades praticadas pelos outros Poderes ou
órgãos autônomos. A imposição de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude de
pendências de órgãos dotados de autonomia institucional e orgânico-administrativa, tais
como o Ministério Público estadual, constitui violação do princípio da intranscendência, na
medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera orgânica
dessa instituição autônoma. O Poder Executivo não pode ser impedido de contratar
operações de crédito em razão do descumprimento dos limites setoriais de despesa com
pessoal por outros poderes e órgãos autônomos (art. 20, II, e 23, § 3º, da Lei de
Responsabilidade Fiscal). STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em
24/08/2020 (Info 991 – clipping).
Ex: Lei 8.112/90 art. 132 – estabelece que será aplicada a penalidade de demissão aos
servidores que praticarem uma conduta escandalosa ou incontinência na repartição
pública. A demissão do sujeito que se encontra na repartição fazendo sexo é corolário do
princípio da moralidade? NÃO!!! Nesse caso, a norma protege a moralidade social e não a
moralidade no trato da adm. pública.
Ora, se os recursos públicos são provenientes da sociedade, nada mais justo que os cidadãos
tenham conhecimento sobre como o dinheiro de seus impostos está sendo investido.
Assim, os agentes públicos e as organizações como um todo devem mostrar para a população
quais são as políticas públicas desenvolvidas, onde os recursos estão sendo utilizados e quais
os resultados dessas ações para a sociedade.
Para que a sociedade tenha conhecimento das ações do Estado, é fundamental que
haja transparência. No Brasil, vários mecanismos foram criados para dar mais transparência
à administração pública, alguns exemplos são:
1
Atenção Concursos Federais: ler na íntegra – Inf. 825 pág 5 -
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/05/info-825-stf.pdf
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Lei de Acesso à Informação (LAI): obriga os órgãos públicos a fornecerem informações de
interesse coletivo à qualquer cidadão, salvo poucos casos de sigilo.
Por meio da LAI, qualquer indivíduo pode solicitar à prefeitura de sua cidade, por exemplo,
informações sobre os gastos com educação, saúde ou cultura do seu município. Isso vale para
os três poderes: legislativo, executivo e judiciário, e também para todas as esferas de governo:
municipal, estadual, distrital e federal.
Além disso, a participação do cidadão pode ser muito importante no direcionamento mais
adequado dos recursos e na formulação das políticas públicas, pois é a sociedade o público-
alvo desses investimentos.
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qualquer dos poderes da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. A
regra geral é não configurar nepotismo a nomeação de parentes para cargos políticos; mas,
excepcionalmente, dependendo das circunstâncias do caso concreto, poderá, sim, a
nomeação ser caracterizada como nepotismo, hipótese em que será ilícita, por afronta à
Súmula Vinculante 13.
Ex: se ficar demonstrado que ela se deu exclusivamente por causa do parentesco (o
nomeado não possui qualquer qualificação profissional, curricular ou técnica que
justifique a sua escolha), ou como uma troca de favores, ou para burlar uma situação
anterior irregular, na qual aquele mesmo parente havia sido nomeado para um cargo
meramente administrativo, entre outras possibilidades em que fique patentemente
caracterizada a afronta aos princípios da moralidade e da impessoalidade
administrativas.
Info 706 STF: É inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do
nepotismo, permitindo que sejam nomeados para cargos em comissão ou funções
gratificadas de até 2 parentes das autoridades estaduais, além do cônjuge do Governador.
Info 786 STF: A Constituição do ES previu que é “vedado ao servidor público servir sob
direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil”. O STF deu interpretação
conforme à Constituição, no sentido de o dispositivo ser válido somente quando incidir
sobre cargos de provimento em comissão, função gratificada, cargos de direção e
assessoramento. O STF afirmou que essa vedação não pode alcançar os servidores
admitidos mediante prévia aprovação em concurso público, ocupantes de cargos de
provimento efetivo, o que violaria o art. 37, “e”, II CRFB, que garante o livre acesso aos
cargos, funções e empregos públicos aos aprovados em concurso público.
Info 815 STF: Não há nepotismo na nomeação de servidor para ocupar o cargo de assessor
de controle externo do Tribunal de Contas, mesmo que seu tio já exerça o cargo de
assessor-chefe de gabinete de determinado Conselheiro, especialmente pelo fato de que
o cargo do referido tio não tem qualquer poder legal de nomeação do sobrinho. A
incompatibilidade da prática enunciado na SV 13 com o art. 37 CF não decorre diretamente
da existência de relação de parentesco entre a pessoa designada e o agente político ou
servidor público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia
ou assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com relação de parentesco com quem
tenha potencial de interferir no processo de seleção.
Info 914 STF (2018): A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário
Municipal, por se tratar de cargo público de natureza política, por si só, não caracteriza
ato de improbidade administrativa. Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para
cargos públicos de natureza política, como, por exemplo, Secretário Municipal. Assim, a
jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido a
permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento
de que tal prática não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o
nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca
falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou
inidoneidade moral do nomeado. Vale ressaltar que a simples dissonância entre a área de
formação e a área fim do cargo não é suficiente, por si só, para se afirmar a inequívoca
ausência de razoabilidade da nomeação. Em outras palavras, o simples fato de a pessoa
nomeada não ser daquela área não é motivo, por si só, para se considerar que tenha havido
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nepotismo. Foi o caso do exemplo dado em que Maria (da área de enfermagem) foi
nomeada para Secretária de Assistência Social. O STF entendeu que não houve nepotismo.
Proíbe a edição de atos secretos pelo poder público, definindo a ideia de que a
administração deve atuar de forma plena e transparente.
Essa publicidade é necessária porque viabiliza o controle social dos atos administrativos.
Info 782 STF: É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela
Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes
vencimentos e vantagens pecuniárias.
Info STJ: Em regra, a imprensa e a população em geral têm o direito de ter acesso ao
extrato completo – incluindo tipo, data, valor das transações efetuadas e CNPJ dos
fornecedores – do cartão de pagamentos (cartão corporativo) do Governo Federal utilizado
por chefe de Escritório da Presidência da República. Tais dados poderiam ser recusados se
houvesse evidência de que a publicidade desses elementos colocaria em risco a segurança
do Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas famílias.
O IBGE está legalmente impedido de fornecer a quem quer que seja as informações
individualizadas que coleta, no desempenho de suas atribuições, para que sirvam de prova
em quaisquer outros procedimentos administrativos. STJ. 1ª Turma. REsp 1.353.602-RS,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 30/11/2017 (Info 617).
Uma prestação de serviços eficiente deve garantir uma célere solução de controvérsias,
razão pela qual a eficiência está diretamente ligada ao princípio da celeridade dos
processos administrativos.
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P. do Os processos administrativos deverão respeitar o contraditório e a ampla defesa.
Contraditório e da
Ampla Defesa É o direito conferido ao particular de saber o que acontece no processo administrativo ou
judicial de seu interessem bem como o direito de se manifestar na relação processual,
requerendo a produção de provas e provocando sua tramitação.
Ninguém pode ser processado e julgado sem ter amplo conhecimento dos fatos relatados
nesse processo e dos motivos que deram ensejo a sua instauração.
É importante que o direito à produção de provas não seja meramente formal, sendo
necessária a real avaliação da prova produzida pelo particular como instrumento a
influenciar a decisão do julgador, vedadas provas ilícitas e procrastinatórias.
Info 825 STF: A União, antes de incluir Estados-membros ou Municípios nos cadastros
federais de inadimplência (ex: CAUC, SIAF) deverá assegurar o devido processo legal, o
contraditório e a ampla defesa.
Exceções:
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a Constituição – Súmula Vinculante nº 5.
Servidor público tem direito de greve? DEPENDE!!! De acordo com o texto constitucional
(art. 142), os servidores militares (inclusive os estaduais) não têm direito de greve e nem
de sindicalização. Por outro lado, de acordo com o art. 37, os servidores civis têm direito
de greve e de sindicalização.
O direito de greve não é norma de eficácia plena (“será exercido nos termos e condições
de lei específica”). Enquanto não houver lei específica para regulamentar a greve dos
servidores públicos, há 2 correntes:
1ª corrente – Parte da doutrina defende que se trata de norma de eficácia contida e, por
isso, o servidor terá direito de greve imediatamente e norma posterior poderá conter seus
efeitos.
2ª corrente – STF – O direito de greve é norma de eficácia limitada, ou seja, o exercício
desse direito está limitado à edição de lei que o regulamente. Dentro desse contexto, o
STF, no julgamento de mandado de injunção impetrado em 2008, entende que, enquanto
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
não vier lei específica, a greve do servidor público deve ser exercida nos moldes da Lei
Geral de Greves (Lei 7.783).
Obs: Se a greve for lícita, o servidor, ainda que esteja em estágio probatório, poderá
exercer o direito de greve.
Obs 2: Segundo o STF, NÃO há direito à percepção dos dias não trabalhados durante a
greve lícita, pois a remuneração do servidor público tem caráter contraprestacional, salvo
quando a greve decorra de conduta ilícita da Administração.
Um serviço pode ser interrompido por inadimplemento do usuário? SIM!!! Nesse caso,
há regulamentação específica no art. 6º, §3º da Lei 8.987 (em caso de inadimplemento, é
possível a interrupção do serviço desde que haja prévio aviso, resguardados os interesses
da coletividade → a interrupção NÃO pode prejudicar interesses da coletividade – ex: não
é possível a interrupção de energia elétrica de um Hospital Público e do serviço de
Iluminação Pública).
Doutrina minoritária (Celso Antônio Bandeira de Mello) entende que NÃO é possível a
interrupção do serviço público, mesmo em caso de inadimplemento, sendo essa previsão
legal inconstitucional.
Ocupação Temporária de bens e substituição: O art. 58, V, da Lei nº 8.666/93, define que a A.
Pública poderá ocupar provisoriamente bens para evitar a interrupção da atividade pública nos
casos de serviços essenciais. Ao final do contrato de concessão de serviços públicos, se admite a
transferência dos bens das concessionárias que estejam atrelados à prestação de serviços. Instituto
conhecido como reversão dos bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
contrato, ocorre na hipótese da necessidade de acautelar a apuração administrativa de faltas
contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.
P. da Autotutela Esse princípio foi encampado pela Súmula 473 STF: a Adm. Pública tem o poder de rever
os seus próprios atos, independentemente de provocação. Trata-se, em verdade, de um
poder-dever.
É possível que a Adm. Pública reduza a extensão dos efeitos da anulação se a modulação
for a melhor solução para a defesa do interesse público e a segurança jurídica. Ainda não
se anula o ato administrativo se houver a possibilidade de convalidação ou ainda se
decorrido o prazo legal para tanto.
Art. 54 da Lei 9.784/99 → prazo decadencial de 5 anos para que a Administração anule
seus atos administrativos, quando geradores de efeitos favoráveis para os destinatários,
salvo comprovada má-fé.
Info 763 STF: A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de
interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento administrativo
que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.
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Info 833 STF: Uma determinada pessoa foi beneficiada por portaria com a anistia e após o
prazo de 5 anos, motivado por uma nota técnica da AGU, a Administração Pública decide
rever a concessão da anistia. Isso é possível? NÃO!!! Com base no art. 54 da Lei 9784/99,
teria decaído o prazo de 5 anos e, por isso, a Adm. Pública não poderia rever a concessão
da anistia, não tendo havido comprovada a má-fé do interessado. A nota técnica da AGU
não pode servir de fundamento para a anulação do ato administrativo para além do
prazo de 5 anos.
Info 839 STF: Servidor que recebeu auxílio-moradia apresentando declaração falsa de que
havia se mudado para outra cidade terá que ressarcir o erário e devolver os valores
recebidos mesmo que já se tenha passado mais de 5 anos desde a data em que o
pagamento foi autorizado.
Todas as vezes que o mérito administrativo extrapola os limites da lei, seja por atuação
que afronta expresso dispositivo legal, seja pela violação da razoabilidade, compete ao
judiciário, desde que provocado, sanar o vício da conduta estatal, determinando a
anulação do ato ilícito.
P. da Busca um equilíbrio entre o ato praticado e os fins a serem alcançados pela Adm. Pública.
Proporcionalidade
A proporcionalidade diz respeito à adequação entre meios e fins. O princípio da
proporcionalidade divide-se em 3 subprincípios:
(1) adequação (ou idoneidade): o ato estatal será adequado quando contribuir para a
realização do resultado pretendido (ex: STF considerou inconstitucional a exigência de
comprovação de “condições de capacidade” para o exercício da profissão de corretor de
imóveis, pois o meio – atestado de condições de capacidade – não promovia o fim –
controle do exercício da profissão);
(ii) necessidade (ou exigibilidade): caso existam 2 ou mais medidas para alcançar o fim
pretendido (interesse público), o poder público deve adotar a medida menos gravosa para
os direitos fundamentais (ex: invalidade da sanção máxima de demissão para o servidor
que pratica infração leve);
(iii) proporcionalidade em sentido estrito: ponderação, no caso concreto, entre o ônus
imposto pela atuação estatal e o benefício por ela produzido (relação custo-benefício).
Ex: STF considerou inconstitucional lei estadual que obrigou a pesagem de botijões de gás
no momento da venda para o consumidor com abatimento proporcional do preço do
produto, quando verificada a diferença a menor entre o conteúdo e quantidade
especificada no recipiente, pois a proteção do consumidor não autoriza a aniquilação do
princípio da livre iniciativa.
Obs: Alguns doutrinadores, de forma minoritária, defendem que o princípio da
razoabilidade é princípio expresso, pois se trata do devido processo legal em sua dimensão
substancial.
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P. da Motivação É um princípio implícito na CF e expresso no art. 2º da Lei 9.784/99.
Motivação Aliunde: consoante estabelece art. 50,§1º da Lei 9.784/99: A motivação deve
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste
caso, serão parte integrante do ato.
P. da Isonomia A isonomia, analisada formalmente, veda tratamento diferenciado às pessoas por motivos
de índole pessoal, de forma a garantir-se uma padronização de condutas do Estado em
relação aos cidadãos. Por seu turno, em seu aspecto material, a isonomia justifica
tratamento diferenciado como forma de igualar juridicamente aqueles que são desiguais
faticamente (ex: obrigatoriedade de se estabelecer um número de vagas em concursos
públicos destinadas aos portadores de deficiência – art. 5°, §2°, da lei 8.112/90).
Ademais, não se pode exigir nenhum outro critério para admissão de pessoal no serviço
público, sob pena de se violar a isonomia da competição.
Dessa forma, a Súmula 683 do Supremo Tribunal Federal define que qualquer outra
restrição, como por exemplo, de idade, para ingresso em cargo público, somente se
justifica se necessária ao exercício das funções do cargo a ser preenchido.
Segundo o STF, viola o princípio da igualdade a não realização por órgãos e entidades da
administração pública de processo seletivo para contratação de estagiário.
P. da Finalidade Pode-se definir que, de acordo com o p. da finalidade, a norma administrativa deve ser
interpretada e aplicada pelo agente público da forma que melhor garanta a realização do
fim público a que se dirige.
Divergência doutrinária:
1ª corrente – José dos Santos Carvalho Filho – Trata-se de manifestação do princípio da
impessoalidade. A impessoalidade impede a conduta estatal orientada no sentido de
beneficiar pessoa, devendo se ater, nas suas atuações a alcançar a finalidade pública.
2ª corrente – Celso Antônio Bandeira de Mello – Trata-se de princípio autônomo, que
determina que a norma administrativa deve ser interpretada e aplicada pelo agente do
Estado de forma que melhor garanta a realização do fim público a que se dirige. Nesse
sentido, o art. 2º, parágrafo único, XIII, da Lei 9.784 determina que o agente público deve
sempre realizar interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa da nova
interpretação.
Ademais, é relevante ressaltar que a aplicação do princípio da segurança jurídica deve ter
como base a boa-fé daqueles que se valiam da situação anterior para seu benefício, não
podendo configurar uma forma de beneficiar os particulares pela torpeza de suas
condutas. Trata-se do princípio de proteção à confiança.
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atendido? Os herdeiros da servidora deverão devolver o dinheiro? SIM!!! No caso de as
quantias indevidas terem sido pagas aos herdeiros do falecido, a situação deverá ser analisada
sob outro ângulo e merece uma conclusão diferente. Isso porque, nesse caso, os valores pagos
já não mais possuem caráter alimentar. Os salários ou proventos do servidor possuem
natureza alimentar somente em relação ao próprio servidor. Se ele já morreu, tais valores são
considerados como herança e herança não é remuneração nem aposentadoria. Logo, não é
uma verba alimentícia. Por não se estar diante de verbas de natureza alimentar, não é nem
mesmo necessário analisar se os herdeiros estavam ou não de boa-fé ao sacar o dinheiro. A
boa-fé aqui não importa. Os herdeiros têm o dever de restituir as quantias porque eles não
possuem nenhum direito sobre as verbas. O fundamento aqui para que ocorra a devolução
está baseado no princípio da proibição do enriquecimento sem causa, previsto no art. 884 do
CC.
2ª corrente – STF – NÃO!!! Info 923 STF (2018): Não deve ser determinada a devolução de
valores recebidos de boa-fé por servidor público, percebidos a título precário no período em
que liminar produziu efeitos. É desnecessária a devolução dos valores recebidos por liminar
revogada, em razão de mudança de jurisprudência. Também é descabida a restituição de
valores recebidos indevidamente, circunstâncias em que o servidor público atuou de boa-fé.
- EM RESUMO:
SITUAÇÃO TERÁ QUE
DEVOLVER?
1) Servidor recebe por decisão ADMINISTRATIVA depois NÃO
revogada
2) Servidor que recebe indevidamente valores em decorrência NÃO
de erro operacional da Administração
3) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois SIM
reformada (posição do STJ)
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4) Servidor recebe por decisão JUDICIAL não definitiva depois NÃO
reformada (obs: a reforma da liminar foi decorrência de (posição do
mudança na jurisprudência). STF)
5) Servidor recebe por sentença TRANSITADA EM JULGADO e NÃO
que posteriormente é rescindida
6) Herdeiro que recebe indevidamente proventos do servidor SIM
aposentado depois que ele morreu
P. da Presunção Até que o particular atingido pela atuação estatal prove em contrário, uma vez que as
de Legitimidade e presunções são relativas ou juris tantum, o ato administrativo estampa uma situação de
de Veracidade das fato real, ou seja, goza de fé publica e os fatos apresentados em sua prática presumem-se
Condutas Estatais verdadeiros, em conformidade com os fatos efetivamente ocorridos.
A presunção de veracidade diz respeito a fatos e causa a inversão do ônus da prova dos
fatos alegados no ato administrativo.
P. da Princípio da sindicabilidade: significa que todo ato administrativo pode se submeter a
Sindicabilidade algum tipo de controle. Vale lembrar que, no Brasil, vigora o princípio da inafastabilidade
da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV), de tal forma que toda lesão ou ameaça de direito
poderá ser controlada pelo Poder Judiciário. Além disso, a sindicabilidade também abrange
a autotutela, pois a própria Administração pode exercer controle sobre os seus próprios
atos, anulando os ilegais e revogando os inconvenientes e inoportunos.
Portanto, o princípio da sindicabilidade significa que os atos estão sujeitos a controle,
envolvendo inclusive o controle judicial.
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P. da Consiste no fortalecimento da atuação da Administração Pública por meio da participação
Consensualidade popular na formulação de políticas públicas, elaboração de normas e na tomada de decisões,
por meio de mecanismos e instrumentos do direito.
Enquanto na sua concepção clássica, estava vinculado à subordinação dos governantes à lei e
à constituição (legalidade), atualmente é necessário conferir uma maior legitimidade
democrática à atividade da Adm. Pública.
Exemplos na legislação:
- art. 39 da lei 8.666/93: determina a realização de audiência pública para licitações de grande
vulto.
- Estatuto da Cidade: estabelece instrumentos de participação popular para elaboração do
plano diretor e para gestão orçamentaria participativa.
- PPP: consulta pública para análise da minuta do edital e do contrato de concessão.
- Lei 13.460/2017: que dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos dos usuários
dos serviços públicos da adm pública.
Súmulas Súmula Vinculante 03: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
Importantes contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Súmula Vinculante 05: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar
não ofende a Constituição.
Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
Súmula 346 STF: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.
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Súmula 683 STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art.
7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.
Súmula 373 STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso
administrativo.
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De acordo com Rafael Maffini “administração pública dialógica” é uma noção jurídica pela qual se busca impor como condição
para a atuação administrativa a prévia realização de um verdadeiro e efetivo diálogo com todos aqueles que terão suas esferas
de direitos atingidas por essa atuação estatal.
Esta expressão – Administração Dialógica – ocorre com a criação de parcerias entre o Estado e o particular com o fito de
satisfazer as necessidades coletivas com a implantação e ampliação de políticas públicas. Para que ocorra o efetivo diálogo é
necessário que sejam implementadas políticas que privilegiam técnicas, métodos e instrumentos negociais, possibilitando que
o cidadão seja ouvido e possa, em grupo, definir os rumos da sociedade que integra.
Neste sentido, a Lei 8.666/93 traz previsão de participação popular, mediante consulta pública, para a realização de
procedimentos licitatórios cujo montante do contrato administrativo a ser celebrado apresenta-se como muito elevado.
Vejamos a redação da lei geral das licitações:
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for
superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório será iniciado,
obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida pela autoridade responsável com antecedência mínima de 15
(quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis
de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as
informações pertinentes e a se manifestar todos os interessados.
Outro exemplo legislado muito emblemático sobre a administração dialógica é o Estatuto das Cidades (Lei 10.257/2001) que
traz um capítulo inteiro denominado “Da Gestão Democrática da Cidade”. Assim está disposto neste diploma legal:
CAPÍTULO IV
DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos:
I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal;
II – debates, audiências e consultas públicas;
III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal;
IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
Além de consectário do direito fundamental à boa administração pública, a noção de administração pública dialógica pode ser
considerada também uma decorrência do princípio da segurança jurídica, mais especificamente da noção de proteção da
confiança ou das expectativas legítimas, conforme explica Rafael Maffini:
[…] a noção de “administração pública dialógica”, do qual se colocam em posição proeminente primados jurídicos de relevância
ímpar, tais como o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa, a noção de participação, entre outros aspectos
dotados de status constitucional, pode ser igualmente considerado uma decorrência lógica da noção de “proteção da
confiança”.
Desta forma, percebe-se que a moderna noção de Administração Pública é aquela que busca, na maior medida possível,
aproximar-se do cidadão, promovendo uma constante interlocução e diálogo com estes, aproveitando ao máximo essa
proximidade como forma de ampliar a eficiência administrativa e, sobretudo, realizar os direitos e garantias individuais dos
cidadãos.
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- Em regra, o prazo decadencial para que a Administração Pública anule atos administrativos inválidos é de 5 anos, aplicável
a todos os entes federativos, por força do princípio da isonomia (Info 1012 STF). É inconstitucional lei estadual que estabeleça
prazo decadencial de 10 (dez) anos para anulação de atos administrativos reputados inválidos pela Administração Pública
estadual. STF. Plenário
- Poder Executivo não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União por irregularidades praticadas pelos outros
Poderes ou órgãos autônomos - A imposição de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude de pendências de órgãos
dotados de autonomia institucional e orgânico-administrativa, tais como o Ministério Público estadual, constitui violação do
princípio da intranscendência, na medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera orgânica
dessa instituição autônoma. O Poder Executivo não pode ser impedido de contratar operações de crédito em razão do
descumprimento dos limites setoriais de despesa com pessoal por outros poderes e órgãos autônomos (art. 20, II, e 23, § 3º,
da Lei de Responsabilidade Fiscal). STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 –
clipping).
- A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que Estado-membro impugna inscrição em cadastros
federais desabonadores e/ou de restrição de crédito. (Info 991 STF)
- A Administração Pública promoverá a publicidade das arbitragens da qual seja parte, nos termos da Lei n. 12.527/2011 (Lei
de Acesso à Informação).
- O exercício da autotutela administrativa, para o desfazimento do ato administrativo que produza efeitos concretos favoráveis
aos seus destinatários, está condicionado à prévia intimação e oportunidade de contraditório aos beneficiários do ato.
- É possível ao Município obter certidão positiva de débitos com efeito de negativa quando a Câmara Municipal do mesmo ente
possui débitos com a Fazenda Nacional, tendo em conta o princípio da intranscendência subjetiva das sanções financeiras. STF.
Plenário. RE 770149, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 05/08/2020 (Repercussão
Geral – tema 743) (Info 993).
- A tomada de contas especial é a medida adequada para se alcançar o reconhecimento definitivo das irregularidades
detectadas. Só a partir daí é que se permite a inscrição do ente nos cadastros de restrição ao crédito organizados e mantidos
pela União. O processo de contas é essencial para a apuração de responsabilidades. Não se pode impor sanção sem anterior
identificação de responsáveis. STF. Plenário. ACO 2910 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 29/06/2020 (Info 988 – clipping).
- Mesmo depois de terem-se passado mais de 5 anos, a Administração Pública pode anular a anistia política concedida quando
se comprovar a ausência de perseguição política, desde que respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução
das verbas já recebidas (Info 668 STJ).
- O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza política, como são os cargos de Secretário Estadual e
Municipal (Info 952 STF).
- Em caso de irregularidades do Estado-membro em convênio federal, a União somente poderá inscrever o ente no SIAFI, no
CADIN e no CAUC após o término do processo de prestação de contas especial, observados os princípios constitucionais da
ampla defesa e do contraditório (Info 951 STF).
- Súmula 633-STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos administrativos
no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e municípios se inexistente
norma local e específica regulando a matéria. Importante. Aprovada em 12/06/2019.
- Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada em
irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos
eventualmente cometidos. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info 624).
- É inconstitucional lei estadual que preveja que o escritório de prática jurídica da Universidade Estadual deverá manter plantão
criminal nos finais de semana e feriados para atender pessoas hipossuficientes que sejam presas em flagrante. Esta lei viola a
autonomia administrativa, financeira, didática e científica assegurada às universidades no art. 207 da CF/88
(inconstitucionalidade material). Além disso, contém vício de iniciativa (inconstitucionalidade formal), na medida em que foi
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
usurpada a iniciativa privativa do Governador. STF. Plenário. ADI 3792/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2016 (Info
840).
- É necessária a observância da garantia do devido processo legal, em especial, do contraditório e da ampla defesa,
relativamente à inscrição de entes públicos em cadastros federais de inadimplência. Assim, a União, antes de incluir Estados-
membros ou Municípios nos cadastros federais de inadimplência (exs: CAUC, SIAF) deverá assegurar o devido processo legal, o
contraditório e a ampla defesa. STF. Plenário. ACO 1995/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/3/2015 (Info 779). STF. 1ª
Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016 (Info 825).
- Estado-membro não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União por irregularidades praticadas pelos outros
Poderes que não o Executivo O Estado só pode sofrer restrições nos cadastros de devedores da União por atos praticados pelo
Poder Executivo. Dessa forma, atos do Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e dos entes da
Administração Pública indireta (como as autarquias e as empresas públicas) não podem gerar sanções da União contra o Estado,
diante da ausência de ingerência direta do Executivo sobre eles. STF. Plenário. ACO 1612-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJe
13/2/2015. STF. Plenário. ACO 2099 AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/12/2015.
- É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do
valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. STF. Plenário. ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 23/4/2015 (repercussão geral) (Info 782).
- A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais. No entanto, se a invalidação do ato
administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento administrativo
que assegure o devido processo legal e a ampla defesa. Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios
atos não dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo. STF. 2ª Turma. RMS
31661/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/12/2013 (Info 732). STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 15/10/2014 (Info 763).
- O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a
Constituição Federal Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância do cargo ocorre
na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso público (art. 236, § 3º). O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99
não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. O art. 236, § 3º, da CF é uma norma
constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei 8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o concurso público
era obrigatório como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro. STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).
Questão discursiva
O Ministério Público do Estado do Amapá descumpriu os limites de gastos com pessoal. Em razão disso, a União proibiu o
Estado do Amapá de realizar operações de crédito e de receber transferências de recursos federais, com base no art. 23, § 3º
da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2001) Diante disso, o Estado do Amapá ajuizou ação cível originária,
no STF, contra a União alegando que a frustração da Lei de Responsabilidade Fiscal se deu no âmbito do Ministério Público
estadual, de modo a incidir o princípio da intranscendência das obrigações e sanções jurídicas. Sustentou que não se poderia
punir o Poder Executivo estadual em razão de descumprimento efetuado pelo Ministério Público estadual, que tem natureza
jurídica de órgão autônomo.
O STF acolheu a tese do Estado-membro? SIM.
O que é o princípio da intranscendência subjetiva das sanções? O princípio da intranscendência subjetiva significa que não
podem ser impostas sanções e restrições que superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não
tenham sido as causadoras do ato ilícito. Na jurisprudência do STF encontramos dois exemplos de aplicação desse princípio em
casos envolvendo inscrição de Estados e Municípios nos cadastros de inadimplentes da União:
1ª acepção: quando a irregularidade foi praticada pela 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma
gestão anterior entidade do Estado/Município ou pelos outros Poderes que
não o Executivo
Existem julgados do STF afirmando que, se a irregularidade Além do caso acima explicado, o princípio
no convênio foi praticada pelo gestor anterior e a gestão da intranscendência subjetiva das sanções pode ser aplicado
atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para também nas situações em que uma entidade
ressarcir o erário e corrigir as falhas (exs: apresentou todos estadual/municipal (ex: uma autarquia) descumpriu as regras
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os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de do convênio e a União inscreve não apenas essa entidade,
ressarcimento contra o antigo gestor etc.), neste caso, o como também o próprio ente (Estado/Município) nos
ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos cadastros restritivos.
cadastros de inadimplentes da União.
Assim, segundo esta acepção, o princípio
Também viola o princípio da intranscendência quando o
da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a
Estado-membro é incluído nos cadastros de inadimplentes da
aplicação de sanções às administrações atuais por atos de
União por irregularidades praticadas pelos outros Poderes
gestão praticados por administrações anteriores.
que não o Executivo ou por órgãos autônomos, como o
Segundo o Min. Luiz Fux, “não se pode inviabilizar a Ministério Público:
administração de quem foi eleito democraticamente e não
A imposição de sanções ao Executivo estadual em virtude de
foi responsável diretamente pelas dificuldades financeiras
pendências dos Poderes Legislativo e Judiciário locais
que acarretaram a inscrição combatida”.
constitui violação do princípio da intranscendência, na
Logo, deve-se aplicar o princípio medida em que o Governo do Estado não tem competência
da intranscendência subjetiva das sanções, impedindo que para intervir na esfera orgânica daquelas instituições, que
a Administração atual seja punida com a restrição na dispõem de plena autonomia institucional a elas outorgadas
celebração de novos convênios ou recebimento de por efeito de expressa determinação constitucional. STF.
repasses federais. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. AC Plenário. ACO 2995 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/02/2018.
julgados em 23/6/2015 (Info 791).
Assim, “o princípio da intranscendência subjetiva das
sanções inibe a aplicação de severas sanções às
administrações por ato de gestão anterior à assunção dos
deveres públicos.” (STF. 1ª Turma. ACO 3014 AgR, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 25/05/2018).
O STJ comunga também desse entendimento exigindo
sempre que a gestão sucessora tenha tomado as
providências cabíveis à reparação dos danos
eventualmente cometidos. Por isso, editou a súmula 615:
Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a
inscrição do município em cadastros restritivos fundada
em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão
sucessora, são tomadas as providências cabíveis à
reparação dos danos eventualmente cometidos.
Vale ressaltar, no entanto, que existem julgados do STF em
sentido contrário ao STJ, ou seja, dizendo que não se deve
acolher essa primeira acepção do princípio da
intranscendência. Veja:
(...) Inaplicabilidade do princípio da intranscendência
subjetiva das sanções para isentar pessoa jurídica de
direito público das consequências jurídicas da constatação
de irregularidades relacionadas a convênio firmado em
gestões anteriores, por força da incidência do princípio da
impessoalidade, que rege a Administração Pública, nos
termos do art. 37 da Lei Maior. STF. Plenário. ACO 3083,
Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/08/2020.
(Procurador de Paranavaí-PR FAUEL 2018) Viola o princípio da intranscendência subjetiva das sanções a inscrição de
Município em cadastro público de inadimplentes, com fundamento em inobservância de obrigações por parte de autarquia
municipal (Certo).
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Foi exatamente o que aconteceu no caso concreto. Por aplicação do princípio da intranscendência das obrigações e sanções, o
Poder Executivo não pode ser penalizado pelo descumprimento dos limites setoriais de gasto com pessoal previsto no art. 20,
II, da LRF, pelos Poderes Legislativo e Judiciário, pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público. Nestes casos, o Estado-
membro não pode ser penalizado com as consequências jurídicas previstas no art. 23, § 3º, da LRF considerando que o Poder
Executivo não dispõe de meios para controlar o cumprimento desses limites pelos demais poderes e órgãos dotados de
autonomia administrativa e financeira.
Organização Administrativa
Organização Administrativa
A organização administrativa é a estruturação do Estado. Seu estudo é o conhecimento acerca das pessoas, entidades e órgãos
que irão desempenhar a função administrativa para a formação do modelo do aparelho administrativo do Estado. Nesse
contexto, a expressão administração pública está sendo analisada em sentido material ou objetivo, ou seja, referindo-se à
função de administrar exercida pelo ente público na busca do interesse da coletividade.
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Teoria do Órgão
a) Teoria do mandato: existe um contrato de mandato entre o Estado e seu agente. Encontra-se superada, pois não tem
como o Estado manifestar vontade para celebrar contrato sem ter um primeiro agente.
b) Teoria da representação: Estado vai ser tratado como incapaz, necessitando, portanto, de um representante, tal como
ocorre na tutela e curatela. Tal teoria não pode ser aplicada no Brasil, pois a própria CF/88 fala sobre a responsabilidade
do Estado, sendo ele um sujeito capaz.
c) Teoria do órgão ou da imputação volitiva: O agente manifesta a vontade do Estado por imputação legal, confundindo-
se sua vontade com a do próprio Estado. Inspirada no alemão Otto Gierke, essa é a teoria adotada no Brasil. Assim, o
Brasil adota a teoria do órgão ou da imputação volutiva.
O jurista alemão Otto Gierke foi quem estabeleceu as linhas mestras da teoria do órgão e indicou como sua principal
característica o princípio da imputação volitiva. A teoria do órgão: Considera o órgão como parte da entidade e, com isso,
suas manifestações de vontade são consideradas como sendo da própria entidade.
DPE-SE-Defensor Público substituto-2012-CESPE) Entre as teorias que tratam da natureza jurídica da relação entre o
Estado e seus agentes, é amplamente adotada pela doutrina e jurisprudência brasileiras a teoria da representação. 1.
Errado. A teoria adotada é a do órgão ou da imputação volitiva.
(Procurador RS/2018) Assinale a alternativa correta quanto à “Teoria da Imputação Volitiva de Gierke” conforme
definição utilizada pela doutrina brasileira majoritária. - Estabelece que as pessoas jurídicas administrativas expressam a
sua vontade através de seus próprios órgãos, titularizados por seus agentes, na forma de sua organização interna.
Descentralização
Descentralização: ocorre quando acontece uma transferência de competências a uma pessoa jurídica distinta daquela
originalmente competente. Pode ser:
Política: é aquela que existe numa Federação, onde há uma repartição originária de competências.
#UMPOUCODEDOUTRINA: Princípio da especialização (ou da especialidade): o ente federado edita uma lei
estabelecendo competências específicas que foram originariamente a ele atribuídas, mas que passarão a ser exercidas por
uma pessoa jurídica distinta (uma entidade de sua administração indireta), partindo do pressuposto que essa
especialização propiciará maior capacitação para o desempenho daquelas competências.
Por colaboração ou delegação: é a transferência somente da execução de um serviço público a uma outra pessoa que se
concretiza por meio de um negócio jurídico (contrato de concessão ou permissão), por ato unilateral (autorização de
serviços públicos) ou também por lei. Aqui vale destacar que a delegação por meio de contrato sempre será efetivada por
prazo determinado. Já na delegação por ato administrativo não há prazo certo, em regra. Por fim, ressalta-se que a
concessão de serviço público só é possível para pessoas jurídicas, ao passo que pode haver permissão e autorização de
serviços públicos tanto para pessoas jurídicas quanto para pessoas físicas.
c. Superiores: são órgãos que possuem atribuições de direção, controle e decisão, mas que sempre estão
sujeitos ao controle hierárquico de uma chefia mais alta. Não têm autonomia administrativa, mas
possuem autonomia técnica. Ex.: Gabinetes e procuradorias.
Quanto à a. Central: tem atribuição em toda extensão da pessoa jurídica que ele integra. Ex: TJ/BA – órgão
esfera pertencente ao Estado, que exerce atribuição em todo a extensão do Estado da Bahia.
b. Local: tem competência restrita a determinado ponto da pessoa jurídica que ele integra. Ex: TRT Bahia
– órgão pertencente à União, que exerce atribuições somente no Estado da Bahia.
Quanto à a. Simples (ou unitário): possuem uma estrutura formada por única unidade orgânica, ou seja, possuem
estrutura um só centro de competência. Ex: Presidência da República, Assembleia Legislativa.
b. Compostos: reúnem outros órgãos ligados à sua estrutura, ensejando uma desconcentração e divisão
de atividades. Ex: Congresso Nacional é composto pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados.
Quanto à a. Singular: é o órgão que manifesta vontade pela manifestação de vontade de um agente, que é o seu
atuação chefe ou representante. Ex: Presidência da República.
funcional
b. Colegiado: é o órgão que manifesta vontade pela manifestação de vontade de um colegiado de
agentes. Ex: Assembleia Legislativa (é órgão simples colegiado).
Quanto às a. Ativo: são os órgãos que atuam diretamente no exercício da função administrativa, manifestando
funções vontade e praticando atos essenciais ao cumprimento dos fins dessa pessoa jurídica. Ex: Secretaria de
Saúde.
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b. Consultivo: são os órgãos que atuam na emissão de pareceres jurídicos, assumindo a função de
aconselhamento da atuação dos demais órgãos estatais. Ex: Ministério Público.
c. De controle: são os órgãos que atuam no controle dos demais órgãos e agentes públicos. Pode ser de
controle interno (no âmbito de um mesmo Poder do Estado – ex: CNJ dentro do Judiciário) ou de controle
externo (manifesta-se entre Poderes estatais diversos – ex: TCU quando efetiva o controle contábil da
Adm. Pública).
Teorias da a. Teoria do mandato: dispunha acerca do vínculo dos agentes públicos com o ente da Administração
manifestação como um vínculo contratual. Não prosperou, pois a relação do agente com o Estado não se reveste de
de vontade natureza contratual, mas sim legal.
dos órgãos
b. Teoria da representação: o agente público, por força de lei, atuaria como representante do poder
público, tal qual os curadores ou tutores de incapazes. Também não prosperou, pois não há duas
vontades independentes, já que a vontade do agente se confunde com a vontade do ente estatal, não
sendo possível vislumbrar dois interesses diversos. Além disso, não seria possível considerar a Adm.
Pública incapaz de exercer seus direitos e obrigações.
Administração Estudaremos cada um dos entes que compõem a Adm. Indireta, porém, de início, é importante frisar 4
Indireta regras aplicáveis a todos esses entes:
a) Personalidade jurídica própria: todos os entes têm pessoal, receita, autonomia administrativa,
responsabilidade e patrimônio próprios. Não se confundem com os entes da Adm. Pública Direta
responsáveis pela sua criação.
b) Criação e extinção dependem de lei específica: segundo o art. 37, XIX CF, a lei específica cria as
autarquias e a lei específica autoriza a criação das fundações públicas, empresas públicas e SEM. No caso
das autarquias, publicada a lei, a entidade está criada. Quando a lei autoriza a criação, a criação se dá
efetivamente com o registro dos atos constitutivos no cartório.
Obs: no caso da fundação pública, cada ente federativo terá que editar lei complementar, definindo as
suas áreas de atuação. A lei específica irá definir a finalidade específica de cada fundação.
c) Finalidade pública (sem fins lucrativos): o art. 173 CF dispõe expressamente que o Estado só pode
explorar atividade econômica por motivo de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo.
Ex: INSS é autarquia federal sujeita ao controle exercido pelo Ministério da Previdência. Um particular
requer um benefício perante um agente do INSS. O pedido é negado. É interposto recurso para o
dirigente do INSS (recurso hierárquico próprio).
Desde que haja previsão expressa, poderá ser apresentado recurso para o Ministério Supervisor (Adm.
Direta) → recurso hierárquico impróprio. Em razão desse controle finalístico, em geral, os dirigentes dos
entes da Adm. Indireta são livremente nomeados e exonerados pelos entes da Adm. Direta (são cargos
em comissão).
Autarquias São entidades que executam atividade pública propriamente dita (poder de polícia, serviços públicos,
etc). Por isso, tem personalidade jurídica de direito público e gozam de regime jurídico aplicável aos
entes da Adm. Direta, com as seguintes prerrogativas:
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✓ Imunidade tributária (art. 150, §2º CF – imunidade tributária recíproca);
✓ Privilégios processuais (prazo em dobro para qualquer manifestação e garantia da remessa
necessária);
✓ Bens públicos (garantias de imprescritibilidade, impossibilidade de usucapião e impenhorabilidade);
✓ Regra de pagamento por meio de precatórios ou RPV (art. 100 CF). Obs: a fila de precatório da
autarquia não se confunde com a fila de precatório do ente da Adm. Direta.
✓ Regime de pessoal estatutário;
Obs: 1º momento – Promulgação da CRFB/88: a redação originária do art. 39 exigiu a instituição por lei
do regime jurídico único (estatutário) para os servidores da Adm. Direta e das pessoas de direito público
da Adm. Indireta.
3º momento – Decisão liminar com efeitos “ex nunc” do STF na ADI 2135/DF: declarou inconstitucional
a redação conferida pela EC 19/98 ao art. 39 e, em razão do efeito repristinatório, voltou a vigorar a
redação originária do art. 39 (obrigatoriedade do regime jurídico único estatutário).
✓ As ações contra as autarquias prescrevem em 5 anos (Dec. 20.910/32);
✓ Responsabilidade civil objetiva (art. 37, §6º CF);
✓ Contratos administrativos (dependem de licitação e gozam das prerrogativas da Lei 8.666);
✓ Goza de garantia de duplo grau de jurisdição obrigatório (art. 496 do CPC). Obs: O duplo grau
obrigatório se aplica somente quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de
valor superior a: 1000 S.M para União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; 500
S.M para os E/DF/ respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam
capitais dos Estados e 100 S.M. para todos os demais municípios e respectivas autarquias e fundações
de direito público.
✓ O Poder Público está dispensado de efetivar o depósito de 5% sobre o valor da causa para a
propositura de ação rescisória, caso a ação seja julgada improcedente, consoante art. 968, §1º, CPC;
✓ Não se exige o adiantamento de custas processuais por parte dos Estados, mas há a exigência em
relação aos honorários periciais (súmula 232 STJ);
✓ Aplica-se o art. 100 da CF, mas terá sua própria fila de precatórios.
ATENÇÃO: RE 938837 (Info 862 STF – 2017): por maioria dos votos, o STF decidiu que o regime dos
precatórios para pagamentos de dívidas decorrentes de decisão judicial NÃO se aplica aos conselhos
profissionais. Apesar de os Conselhos de Fiscalização Profissional serem considerados autarquias
especiais, eles não participam do orçamento público, não recebem aporte do Poder Central nem se
confundem com a Fazenda Pública. Por essa razão, não se submetem ao regime de precatórios.
2. Agências reguladoras: são fruto do neoliberalismo (pós-regime militar), quando o Estado transferiu
para particulares a prestação de serviços públicos. As agências reguladoras foram criadas para fiscalizar
e normatizar a prestação de serviços públicos por particulares.
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Gozam de poder normativo (editar normas gerais e abstratas dentro dos limites da lei) por meio de
resolução, que obriga os prestadores do serviço (nunca obriga os usuários, particulares). Ex: ANATEL
edita uma resolução proibindo que os prestadores de serviço de telefonia cobrem assinatura fixa dos
usuários.
Obs: “Teoria da captura”: expressão utilizada pela doutrina para tratar de situações, em que a agência
reguladora foi “capturada pelo mercado”: ao invés de expedir normas para atender ao interesse público,
a agência reguladora acaba expedindo normas para beneficiar a empresa. Trata-se de disfunção da
agência reguladora (ato ilícito).
Obs2: A Lei 9.986/00 estabelece as normas gerais aplicáveis às agências reguladoras no âmbito federal,
no entanto, admite-se a criação dessas entidades pelos demais entes da Federação (Estados e
municípios).
Têm uma forma diferenciada de escolha dos dirigentes: são nomeados pelo Presidente da
República/Governador com aprovação do Senado Federal/Assembleia (art. 52, III, “f” CF e Lei
9.986/2000) e, após ser nomeado, cumpre mandato fixo, o que gera maior independência. Após sair do
cargo, o ex-dirigente precisa cumprir o período de quarentena (4 meses ou prazo maior definido na lei
específica da agência reguladora), durante o qual esse fica impedido de prestar serviços a qualquer
empresa regulada pela agência da qual ele era dirigente. Durante a quarentena, o ex-dirigente continua
recebendo a sua remuneração integral. Os servidores da agência reguladora seguem o regime estatutário
(apesar de a Lei 9.986/2000 prever o regime celetista).
b) Agências que fiscalizam atividades de fomento: executam suas atividades na regulação de atividades
eminentemente privadas que dependem de fiscalização estatal, por serem de interesse da coletividade,
como é o caso da difusão de cultura. Ex: ANCINE.
c) Agências que controlam a exploração de atividades econômicos: são autarquias especiais que atuam
na normatização da exploração de atividades econômicas de interesse da coletividade. Ex: ANP.
d) Agências que regulamentam serviços de utilidade pública: essas agências controlam serviços públicos
não exclusivos do Estado. Ex: ANS e ANVISA.
ATENÇÃO: ≠ Agências executivas = são autarquias comuns (e não em regime especial) ou fundações
públicas de direito público que, em razão de estarem ineficientes, firmam contrato de gestão com o
Ministério Supervisor (art. 37, §8º CF e art. 51 da Lei 9.649/98). Depois de celebrado o contrato de gestão,
por meio de decreto, a autarquia pode ser qualificada temporariamente como agência executiva, o que
lhe dá maior autonomia orçamentária e maior autonomia administrativa. Em troca, a agência executiva
precisará cumprir plano estratégico de reestruturação.
Agências Reguladoras
São autarquias em regime especial (possuem regime jurídico distinto daquele dispensado às demais autarquias) e que
foram criadas para exercer a regulação de atividades econômicas em sentido amplo.
#UMPOUCODEDOUTRINA:2 Nas lições de Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo, agências reguladoras são: “entidades
administrativas com alto grau de especialização técnica, integrantes da estrutura formal da administração pública,
instituídas como autarquias sob regime especial, com a função de regular um setor específico de atividade econômica ou
um determinado serviço público, ou de intervir em certas relações jurídicas decorrentes dessas atividades, que devem
atuar com a maior autonomia possível relativamente ao Poder Executivo e com imparcialidade perante as partes
interessadas (Estado, setores regulados e sociedade).”
- Características:
2
Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2017.
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A expressão “autarquia de regime especial” surge com as universidades federais;
Não há obrigatoriedade de adoção do regime especial (embora as diversas leis instituidoras de agências
reguladoras, pelo menos na esfera federal, até hoje adotaram, para todas, a forma de autarquia sob regime especial). As
agências reguladoras poderiam, simplesmente, ser órgãos (despersonalizados) especializados integrantes da estrutura da
própria administração direta.
No Brasil, as Agências Reguladoras surgem num contexto de transformar o Estado de patrimonialista para gerencial
(administração gerencial).
A função regulatória não surge com as agências reguladoras e nem é exclusiva delas. Vale destacar que, muito
antes das agências reguladoras, já existiam entidades integrantes da administração indireta com competências
regulatórias específicas como, por exemplo, o Banco do Brasil e o CADE.
Não se confundem com agências executivas, pois estas são autarquias ou fundações que se qualificam como
agência executiva por terem celebrado um contrato de gestão com a Administração e por terem um plano de
reestruturação, de acordo com ato discricionário privativo do Presidente da República (art. 51, Lei 9.649/98).
#NÃOCONFUNDA:
AGÊNCIAS REGULADORAS AGÊNCIAS EXECUTIVAS
Não se trata de uma nova espécie integrante da Não se trata de uma nova espécie integrante da
Administração Pública. Administração Pública.
São autarquias sob regime especial. Podem ser autarquias ou fundações públicas.
O grau de autonomia depende dos instrumentos Trata-se de qualificação formal, nos termos da lei nº
específicos que a respectiva lei instituidora estabeleça. 9.649/98, arts. 51 e 52.
Não existe a figura da desqualificação da agência A qualificação se dá por meio de Decreto e pode ocorrer a
reguladora. desqualificação da entidade (também por Decreto). Vale
lembrar que essa desqualificação não afeta a natureza da
entidade, que continua a ser uma autarquia ou fundação.
Atuam na área de regulação. Não é prevista uma área específica de atuação.
A lei instituidora pode prever ou não, a celebração do A celebração de contrato de gestão com o Poder Público é
contrato de gestão com o Poder Público. condição obrigatória para a obtenção da qualificação.
É possível uma agência reguladora ser qualificada como Uma autarquia qualificada como agência executiva pode
uma agência executiva, caso preencha os requisitos. ou não ser uma agência reguladora.
No Brasil, somente dois entes reguladores, a ANATEL (art. 21, XI da CF) e a ANP (art. 177, §2º, III, da CF),
possuem previsão constitucional específica. As demais agências reguladoras têm base exclusivamente nas leis que
as criam.
a) Função de regulamentação, normatização, fiscalização, controle – essa função é antiga, que o Estado já
desenvolvia. A novidade é a criação de uma pessoa jurídica com essa finalidade. O nome agência foi copiado do
governo norte-americano para dar mais credibilidade. Tem mais autonomia e liberdade que as demais pessoas
jurídicas. Poder normativo técnico – normas técnicas de caráter geral, com fundamento em delegação prevista na
própria lei. Deslegalização.
O poder regulamentar é um dos poderes administrativos que tem como propósito detalhar previsões legais genéricas.
Para a maioria dos autores, o poder regulamentar é de competência privativa do Chefe do Poder Executivo. O fundamento
constitucional do poder regulamentar é o art. 84, IV, da CF/88.
O fundamento do poder regulatório não é o art. 84, mas o art. 174 da CRF:
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
Há um certo ponto de contato entre poder regulamentar e poder regulatório, pois ambos têm a aptidão de detalhar
previsões legais genéricas. Isso porque o poder regulatório abrange a competência de uma Agência Reguladora esmiuçar
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previsões legais genéricas. Mas, mesmo nesse ponto de contato não há uma identidade absoluta entre os dois poderes,
pois o poder regulamentar acarreta um detalhamento de previsões legais genéricas que leva em consideração uma
avaliação política (que precisa se ater à lei, mas há certa discricionariedade política), enquanto que o exercício do poder
regulatório pressupõe uma discricionariedade técnica.
O poder regulatório não é apenas regular determinada matéria. Compreende também, por exemplo, a função
adjudicatória, que é a função de dirimir conflitos entre particulares, o poder de polícia, expedir atos de consentimento,
licenças e autorizações, dentre outras situações.
b) Nomeação ou investidura especial do dirigente da agência. Depende de sabatina do Senado. O Presidente aqui não
nomeia e exonera de forma livre. Trata-se de ato complexo (comunhão de vontades em órgãos diferentes).
*(Atualizado em 30/07/2020) #DEOLHONAJURIS: É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia
arguição e aprovação da Assembleia Legislativa para que o Governador do Estado nomeie os dirigentes das autarquias e
fundações públicas, os presidentes das empresas de economia mista e assemelhados, os interventores de Municípios, bem
como os titulares da Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado. STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min.
Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info 980).
#OUSESABER: No que consiste a teoria da captura? Segundo a doutrina, a Teoria da Captura trata da hipótese de quebra
de independência e autonomia das agências reguladoras, quando estas passam a favorecer os entes regulados, que são
economicamente mais fortes. Em outras palavras, os entes regulados capturam as agências reguladoras no intuito de
proteger seus interesses.
José dos Santos Carvalho Filho afirma que a Teoria da Captura tem o objetivo de evitar uma “vinculação promíscua entre
a agência, de um lado, e o governo instituidor ou os entes regulados, de outro, com flagrante comprometimento da
independência pública” (Manual de direito administrativo. Atlas, 2012, p. 485.) Essa captura pode ocorrer de duas formas:
pelo próprio setor público (ativa), quando há influência política de agentes públicos na atividade reguladora, retirando sua
independência; ou pelo setor privado (passiva), quando as empresas que prestam os serviços regulados interferem direta
ou indiretamente na atividade regulatória.
#DEOLHONATERMINOLOGIA: O que se entende por risco de captura?3 O Risco de Captura integra as características das
Agências Reguladoras, que possuem algumas restrições institucionais, sendo uma delas, a denominada "quarentena" dos
ex-dirigentes, previstas nas leis instituidoras das principais agências reguladoras brasileiras, como a ANATEL, ANEEL, ANP
e ANS. Os ex-dirigentes dessas agências, assim, ficam impedidos para o exercício de atividades ou de prestar qualquer
serviço no setor regulado pela respectiva agência, por um período de seis meses (nova lei das agências reguladoras),
contados da exoneração ou término do seu mandato. Desta forma, evita-se que a Agência possa atuar em prol dos
interesses das empresas reguladas, sendo que a expressão "risco de captura" pode ser ainda utilizada em sentido mais
amplo, abrangendo as principais situações em que se verifica, seja a ineficácia do órgão regulador, seja a contaminação de
sua atuação pelos interesses de alguma das partes interessadas nas relações concernentes à atividade regulada (Estado,
usuários e consumidores ou as empresas). Nessa acepção ampla, a "captura" descreve a situação em que o ente regulador
passa a atuar sem imparcialidade, favorecendo sistematicamente uma das partes envolvidas com a atividade regulada ou
passa a ser uma estrutura inoperante, meramente figurativa. Pode significar o risco de concussão (corrupção dos
dirigentes), como também, a captura por contaminação de interesses, em que o órgão regulador assume os valores e
interesses do regulado, como se fossem interesses da coletividade, a captura por insuficiência de meios, que ocorre
quando a atuação do agente regulador é inviabilizada pela ausência ou má qualidade de seus recursos e a captura pelo
poder político, situação que ocorre quando não existem os instrumentos legais capazes de assegurar a efetiva autonomia
da agência reguladora e ela passa a ser um mero agente dos interesses político-partidários dos governantes.4
3
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/82953/em-que-consiste-o-risco-de-captura-ariane-fucci-wady, por Ariane Fucci Wady. Consulta em 24/04/17.
4
Artigos importantes da Lei nº 9.986: Art. 5º O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente (CD I) e os demais membros do Conselho Diretor
ou da Diretoria (CD II) serão brasileiros, de reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para
os quais serão nomeados, devendo ser escolhidos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos
termos da alínea f do inciso III do art. 52 da Constituição Federal. Parágrafo único. O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente será
nomeado pelo Presidente da República dentre os integrantes do Conselho Diretor ou da Diretoria, respectivamente, e investido na função pelo prazo
fixado no ato de nomeação.
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c) Licitação. A lei nº 9.472/97 afirmou que as agências reguladoras não se submeteriam à lei nº 8.666, pois seguiriam
procedimento próprio definido pela própria agência, abrangendo as modalidades de pregão e a consulta. A lei foi objeto
da ADI 1668 e o STF disse que as agências reguladoras se submetem sim à lei nº 8.666, seguindo o seu procedimento, mas
também podem adotar a modalidade pregão e a consulta. A modalidade específica de agência reguladora é a consulta,
vez que o pregão tem lei própria (10.520/02) e pode ser adotado por outros órgãos da administração. Ressalta-se, todavia,
que ainda não houve regulamentação da modalidade consulta.
d) Regime de pessoal: atualmente, os servidores do quadro efetivo das agências reguladoras são ocupantes de cargos
públicos e estão submetidos ao regime estatutário. Contudo, nem sempre foi assim. Antigamente, a Lei nº 9986/00 previa
a existência de emprego público (CLT) + cargos em comissão (estatutário). A ADI 2.310-1/DF suspendeu a eficácia de tal
dispositivo legal por meio de decisão cautelar, argumentando que as agências reguladoras, por desempenharem função
exclusiva de Estado, não poderiam prescindir da ocupação de cargos públicos, com direitos e garantias a eles inerentes.
Em razão disso, foi editada a MP 155/2003, que revogou expressamente o dispositivo legal, passando a adotar o regime
estatutário, próprio dos cargos públicos. Essa MP foi convertida na Lei 10.871/2004 e, com isso, a ADI 2310 foi extinta.
e) autonomia decisória: “além da questão já abordada quanto aos dirigentes das Agências Reguladoras, há também outra
característica destas que lhe dão a denominação de Autarquias em regime especial, como a possibilidade de mediarem
conflitos entre os regulados. Explica-se. Fato é que a função de resolver conflitos, em que pese típica, não é exclusiva do
Poder Judiciário, sendo tal função exercida atipicamente pelos demais poderes da Federação. As Agências Reguladoras,
Autarquias Especiais, também têm como peculiaridade a possibilidade de solver conflitos dos particulares exercentes da
atividade regulada, bem como entre estes e o próprio Poder Público. Como Autarquias, as Agências Reguladoras não se
subordinam hierarquicamente à Administração Direta, mas, de outra banda, são submetidas ao denominado controle
finalístico pela vinculação. Nesse passo, há entendimento de que cabe recurso administrativo impróprio para o Ministério
à qual se vincula a Agência, desde que haja previsão legal autorizativa.”5
Nesse ponto, convém destacar outra novidade trazida pela Lei n. 13.848/2019:
As agências reguladoras são autorizadas a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de ajustamento de
conduta com pessoas físicas ou jurídicas sujeitas a sua competência regulatória, aplicando-se os requisitos do art. 4º-A da
Lei nº 9.469/97:
Art. 4º-A. O termo de ajustamento de conduta, para prevenir ou terminar litígios, nas hipóteses que envolvam interesse
público da União, suas autarquias e fundações, firmado pela Advocacia-Geral da União, deverá conter:
I - a descrição das obrigações assumidas;
II - o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações;
III - a forma de fiscalização da sua observância;
IV - os fundamentos de fato e de direito; e
V - a previsão de multa ou de sanção administrativa, no caso de seu descumprimento.
Art. 6º O mandato dos Conselheiros e dos Diretores terá o prazo fixado na lei de criação de cada Agência. Parágrafo único. Em caso de vacância no curso
do mandato, este será completado por sucessor investido na forma prevista no art. 5o.
Art. 8º O ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência, por um
período de seis meses, contados da exoneração ou do término do seu mandato. § 1o Inclui-se no período a que se refere o caput eventuais períodos
de férias não gozadas. §2o Durante o impedimento, o ex-dirigente ficará vinculado à agência, fazendo jus a remuneração compensatória equivalente
à do cargo de direção que exerceu e aos benefícios a ele inerentes. § 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao ex-dirigente exonerado a pedido, se
este já tiver cumprido pelo menos seis meses do seu mandato.§ 4o Incorre na prática de crime de advocacia administrativa, sujeitando-se às penas
da lei, o ex-dirigente que violar o impedimento previsto neste artigo, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, administrativas e civis§ 5o Na
hipótese de o ex-dirigente ser servidor público, poderá ele optar pela aplicação do disposto no § 2o, ou pelo retorno ao desempenho das funções de
seu cargo efetivo ou emprego público, desde que não haja conflito de interesse.
Art. 9º Os Conselheiros e os Diretores somente perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo
administrativo disciplinar. Parágrafo único. A lei de criação da Agência poderá prever outras condições para a perda do mandato.
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Parágrafo único. A Advocacia-Geral da União poderá solicitar aos órgãos e entidades públicas federais manifestação sobre
a viabilidade técnica, operacional e financeira das obrigações a serem assumidas em termo de ajustamento de conduta,
cabendo ao Advogado-Geral da União a decisão final quanto à sua celebração.
Enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de ajustamento de conduta, ficará suspensa, em relação aos fatos
que deram causa a sua celebração, a aplicação de sanções administrativas de competência da agência reguladora à pessoa
física ou jurídica que o houver firmado.
Se for celebrado um TAC entre um dos legitimados para a ACP e uma empresa que atua no serviço regulado, a agência
deverá ser comunicada.
A agência reguladora deverá ser comunicada quando da celebração do termo de ajustamento de conduta a que se refere
o § 6º do art. 5º da Lei nº 7.347/85 (Lei da ACP), caso o termo tenha por objeto matéria de natureza regulatória de sua
competência.
Ex: a ANATEL deverá ser comunicada caso seja celebrado um TAC entre o MP e uma empresa de telefonia celular.
f) autonomia econômico financeira: "o modelo de agências reguladoras comporta a atribuição de autonomia financeira,
por meio de garantia de receitas vinculadas. Isso significaria a possibilidade de manutenção de sua estrutura e de seu
funcionamento sem dependência de disputas políticas sobre a distribuição de verbas orçamentárias.”6
Fundações Públicas São formadas pela destinação de um patrimônio público à criação de uma nova pessoa jurídica,
então, se está diante de fundações que dependem de lei específica para sua criação, têm finalidade
pública e integram à Administração Indireta do ente instituídor.
A fundação é uma pessoa jurídica formada pela destinação de um patrimônio. As fundações podem
ser privadas (constituídas com patrimônio privado e regidas pelo CC) ou públicas (constituídas pela
destinação de patrimônio público, fazendo parte da Administração).
6 JUSTEN FILHO, Marçal- Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Editora Fórum, 14ª ed.2009
38
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
EMPRESA PÚBLICA SOC. DE ECONOMIA MISTA
CAPITAL O capital é 100% público (pertencente a O capital é MISTO, sendo que a maioria do
quaisquer entidades da Adm. Direta ou Adm. capital com direito a voto deve pertencer ao
Indireta), sendo que a maioria do capital poder público (entidade da Adm. Direta ou
precisa pertencer a ente federativo. Não da Adm. Indireta).
admitem participação societária de
particulares.
FORMA SOCIETÁRIA Podem ser constituídas sob qualquer forma Sociedade anônima (S/A)
societária admitida em Direito.
DESLOCAMENTO DE Desloca a competência em razão da pessoa Não desloca a competência para a Justiça
COMPETÊNCIA DAS para a Justiça Federal. Federal (Súmula 556 STF).
AÇÕES PARA A JF Ex: ação contra a CEF é julgada na Justiça Ex: ação contra a Petrobrás tramita, em
(art. 109, I, CF) Federal. regra, na Justiça Estadual, a não ser que a
União ingresse no feito como assistente ou
opoente.
Empresas Estatais
REGIME JURÍDICO APLICÁVEL
As empresas estatais (EP ou SEM) são criadas (e extintas) mediante autorização de lei específica. A criação se dá
efetivamente com o registro dos atos constitutivos. Submetem-se ao controle finalístico pelos entes da Adm. Direta
(supervisão ministerial).
Além disso, as empresas estatais são pessoas jurídicas de direito privado. Isso significa dizer que NÃO se aplicam a elas
as prerrogativas e garantias públicas. A CF estabelece que as empresas estatais seguem o mesmo regime aplicável às
empresas privadas no que diz respeito:
(i) às obrigações fiscais (não gozam de nenhum privilégio fiscal que não seja extensível à empresa privada);
(ii) às obrigações trabalhistas (os servidores das estatais são regidos pela CLT, não seguem o regime jurídico único aplicável
às entidades da Adm. Direta e às autarquias). Segundo a Súmula 390 TST, os servidores das empresas estatais não gozam
de estabilidade. No entanto, segundo o STF, apesar de não terem estabilidade, a dispensa desses empregados precisa ser
feita mediante motivação, pois se trata de ato administrativo;
(iii) às obrigações civis e comerciais (celebram contratos privados);
(iv) obrigações processuais (não têm nenhum privilégio processual que não seja extensível às empresas privadas).
Exceção jurisprudencial: segundo o STF, a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) presta serviço postal, que é
atividade exclusiva de Estado indelegável. Por isso, a ECT, apesar de ter sido criada antes da CF/88 como empresa pública,
goza de regime de Fazenda Pública (tem imunidade tributária, privilégios processuais, etc).
STF: A INFRAERO goza de imunidade tributária recíproca no exercício de sua atividade de infraestrutura aeroportuária.
Info 888 STF (2018): As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa de execução
via precatório.
(Info 858). ATENÇÃO: Embora sejam pessoas jurídicas de direito privado, essas empresas estatais fazem parte da Adm.
Pública. Por isso, essas EP e SEM precisam respeitar os princípios inerentes à Adm., que estabelecem limitações ao Estado.
Ex: os contratos de EP, apesar de serem privados, em regra, dependem de licitação.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Ex2: os servidores da SEM, apesar de serem celetistas, devem ser aprovados mediante concurso público, não podem
acumular cargos e, a princípio, devem respeitar o teto remuneratório (salvo se a estatal não receber dinheiro público nem
para custeio, nem para pagamento de pessoal → nesses casos, a estatal pode pagar salário acima do teto).
Nesse sentido, fala-se que o REGIME JURÍDICO DAS ESTATAIS É HÍBRIDO OU MISTO (não gozam das prerrogativas públicas,
mas se sujeitam a todas as limitações aplicáveis ao Estado).
FINALIDADES
a) Prestação de serviço público (descentralização): nesse caso, o regime jurídico se aproxima mais do Direito Público (ex:
responsabilidade civil é objetiva; bens atrelados à prestação do serviço são impenhoráveis).
b) Exploração de atividade econômica de interesse do Estado: mesmo nessas hipóteses, a finalidade é pública (não é
possível criar empresa estatal com finalidade de lucro). O art. 173 CF dispõe que o Estado só pode explorar atividade
econômica quando for necessário: (i) a relevante interesse coletivo; ou (ii) à garantia da segurança nacional. Nesse caso,
o regime jurídico se aproxima mais do Direito Privado (ex: responsabilidade civil regida pelo direito privado; bens são
passíveis de penhora). Ex: Banco do Brasil (SEM) foi criado para realizar uma regulamentação interna do mercado
financeiro.
REGIME DE BENS
Somente são públicos os bens das pessoas jurídicas de direito público, ou seja, independentemente do objeto da entidade,
seus bens são privados. Especificadamente em relação as prestadoras de serviço público, os bens que estejam vinculados
diretamente na prestação do serviço público sujeitam-se, total ou parcialmente, ao regime jurídico de direito público. Ex:
impenhorabilidade e imprescritibilidade.
REGIME DE FALÊNCIA
A princípio, o regime de falência e recuperação judicial NÃO se aplica às empresas estatais (art. 2º da Lei 11.101/05).
Porém, o art. 173 CF diz que as empresas estatais que exploram atividade econômica seguem o mesmo regime das
empresas privadas no que tange às obrigações comerciais, inclusive o regime falimentar. Portanto, o regime de falência
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
e recuperação judicial será aplicado às empresas estatais que exploram atividade econômica. Trata-se de interpretação
conforme da Lei 11.101/05.
RESPONSABILIDADE CIVIL
Se a estatal prestar serviço público, ela seguirá a regra do art. 37, §6º CF e o Estado terá responsabilidade subsidiária
quando o dano for causado por essa entidade. Se a estatal for exploradora de atividade econômica, a responsabilidade
civil será regida pelo Direito Civil, que determinará os casos em que a responsabilidade será objetiva ou subjetiva. Nesse
caso, o Estado não responde subsidiariamente.
Info 755 STF: É CONSTITUCIONAL lei estadual que condiciona a nomeação dos dirigentes de AUTARQUIAS e FUNDAÇÕES
à prévia aprovação da Assembleia Legislativa. Por outro lado, é INCONSTITUCIONAL exigir essa prévia aprovação da ALE
se os dirigentes forem de EMPRESAS PÚBLICAS e SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.
Infos 812 e 858 STF (2017): As sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado
e de natureza não concorrencial (ex: SEM prestadora de serviços de abastecimento de água e saneamento que prestava
serviço público primário e em regime de exclusividade sem objetivo de lucro e com o capital social majoritariamente
estatal) submetem-se ao regime de precatório. Segundo o STF, para que a SEM goze dos privilégios da Fazenda Pública, é
necessário que ela não atue em regime de concorrência com outras empresas e que não tenha objetivo de lucro.
Info 853 STF (2017): É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão
desta pela União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório (art. 100, caput e § 1º, da Constituição Federal).
Info 942 STF (2019): IMPORTANTE!!! A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia
mista exige autorização legislativa e licitação. Por outro lado, não se exige autorização legislativa para a alienação do
controle de suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de licitação,
desde que siga procedimentos que observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37 da CF/88,
respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade.
Por que existe esse tratamento diferenciado para a alienação do controle societário das subsidiárias e controladas?
Porque é desnecessária a autorização legislativa expressa para a criação de subsidiárias quando houver autorização
legislativa da criação de empresa pública ou sociedade de economia mista e nesta constar permissão genérica da
possibilidade de criação de subsidiárias (ADI 1649). Assim, não se exige lei específica para autorizar a criação de subsidiária
e, pelo princípio do paralelismo das formas, também não se exige lei específica para a sua alienação.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Entidades do São os chamados entes de cooperação ou paraestatais: entidades que não integram a Administração
Terceiro Pública, atuando ao lado do Estado. São entidades privadas sem finalidade lucrativa, que atuam na
Setor prestação de serviços de interesse público.
As paraestatais criam vínculos com o poder público para receber benefícios, submetendo-se ao controle
do Estado. A doutrina costuma chamada isso de “administração dialógica” (diálogo travado entre o
Estado e o particular para auxiliar na prestação de serviços de interesse público).
Obs: O foro competente para processar e julgar as causas que envolvem as entidades do Terceiro Setor,
inclusive aquelas que formalizam parcerias com a União, é a Justiça Estadual. Em relação, aos Serviços
Sociais Autônomos, que recebem recursos federais (contribuições sociais) a questão foi consolidada pela
Súmula 516 STF, que também está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual.
De acordo com Rafael Maffini “administração pública dialógica” é uma noção jurídica pela qual se busca
impor como condição para a atuação administrativa a prévia realização de um verdadeiro e efetivo
diálogo com todos aqueles que terão suas esferas de direitos atingidas por essa atuação estatal.
Esta expressão – Administração Dialógica – ocorre com a criação de parcerias entre o Estado e o particular
com o fito de satisfazer as necessidades coletivas com a implantação e ampliação de políticas públicas.
Para que ocorra o efetivo diálogo é necessário que sejam implementadas políticas que privilegiam
técnicas, métodos e instrumentos negociais, possibilitando que o cidadão seja ouvido e possa, em grupo,
definir os rumos da sociedade que integra.
Neste sentido, a Lei 8.666/93 traz previsão de participação popular, mediante consulta pública, para a
realização de procedimentos licitatórios cujo montante do contrato administrativo a ser celebrado
apresenta-se como muito elevado. Vejamos a redação da lei geral das licitações:
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas
ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o
processo licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida pela
autoridade responsável com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a
publicação do edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização,
pelos mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as
informações pertinentes e a se manifestar todos os interessados.
Outro exemplo legislado muito emblemático sobre a administração dialógica é o Estatuto das Cidades (Lei
10.257/2001) que traz um capítulo inteiro denominado “Da Gestão Democrática da Cidade”. Assim está
disposto neste diploma legal:
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos:
III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal;
Além de consectário do direito fundamental à boa administração pública, a noção de administração pública dialógica
pode ser considerada também uma decorrência do princípio da segurança jurídica, mais especificamente da noção
de proteção da confiança ou das expectativas legítimas, conforme explica Rafael Maffini:
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
[…] a noção de “administração pública dialógica”, do qual se colocam em posição proeminente primados jurídicos de
relevância ímpar, tais como o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa, a noção de participação, entre
outros aspectos dotados de status constitucional, pode ser igualmente considerado uma decorrência lógica da noção
de “proteção da confiança”.
Desta forma, percebe-se que a moderna noção de Administração Pública é aquela que busca, na maior
medida possível, aproximar-se do cidadão, promovendo uma constante interlocução e diálogo com estes,
aproveitando ao máximo essa proximidade como forma de ampliar a eficiência administrativa e,
sobretudo, realizar os direitos e garantias individuais dos cidadãos.
ENTIDADES DE APOIO
São entidades privadas, sem fins lucrativos criadas por particulares (sem a necessidade de lei). Atuam ao
lado dos hospitais públicos ou universidades públicas, auxiliando a atividade dessas entidades na
pesquisa, no ensino, na extensão, no apoio aos próximos servidores.
Ex: ao lado da Universidade Federal da Bahia, temos a FAPEX (fundação privada de apoio à pesquisa e à
extensão universitária).
Muitas vezes, essas entidades são criadas pelos próximos servidores, podendo ser: cooperativas,
associações ou fundações privadas. Essas entidades através da celebração de convênios criam vínculos
jurídicos com o Estado, tornando-as entidades de apoio de forma a receber verba orçamentária pública
e se beneficiar com a cessão de bens e servidores das entidades públicas que auxiliam.
Submetem-se ao controle do Tribunal de Contas e da entidade da Adm. Pública. As contratações feitas
dependem de procedimento licitatório simplificado.
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As OS podem ter uma rubrica orçamentária própria (especificamente destacada para elas) e gozam da
cessão de bens públicos (por meio de permissão de uso) e servidores.
Além do controle do Tribunal de Contas, as OS se submetem a um controle interno, tendo em vista que
o Conselho de Administração (conselho responsável por dirigir e organizar a OS) das OS tem a participação
obrigatória de agentes públicos.
As organizações sociais podem ser contratadas, com dispensa de licitação, para prestarem serviço a
órgãos e entidades da Administração Pública (art. 24, XXIV Lei 8.666/93). Desse modo, quando a
Administração contratar serviços a serem prestados pelas OS, está dispensada de licitar, desde que aquela
atividade esteja prevista no contrato de gestão.
As OS não precisam realizar concurso público para a contratação de seu pessoal, porém o STF exigiu que
as OS, quando forem contratar seus funcionários, deverão fazer um procedimento objetivo e impessoal.
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Juris - São constitucionais os incisos III e VII do art. 8º-A, da Lei 9.986/2000
selecionadas
(Buscador) A Lei nº 9.986/2000 dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras. Os art. 8º-A
prevê algumas pessoas que são proibidas de integrar o Conselho Diretor ou a Diretoria Colegiada das
agências reguladoras. Veja as hipóteses dos incisos III e VII: Art. 8º-A. É vedada a indicação para o Conselho
Diretor ou a Diretoria Colegiada: III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical; VII - de membro
de conselho ou de diretoria de associação, regional ou nacional, representativa de interesses patronais ou
trabalhistas ligados às atividades reguladas pela respectiva agência.
O STF declarou que esses incisos são constitucionais. É constitucional dispositivo legal que veda a
indicação de pessoa que exerça cargo em organização sindical ou que seja membro de conselho ou
diretoria de associação patronal ou trabalhista para a alta direção das agências reguladoras. STF.
Plenário. ADI 6276/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).
É constitucional a Lei Complementar nº 179/2021, que definiu os objetivos e conferiu autonomia ao Banco
Central do Brasil, além de ter tratado sobre a nomeação e a exoneração de seu presidente e de seus
diretores.
STF. Plenário. ADI 6696/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 26/8/2021 (Info 1027).
- É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de empresa
pública em programa de desestatização
O art. 37, XIX, da CF/88 afirma que é necessária a edição de uma lei específica para se autorizar a instituição
de uma sociedade de economia mista ou uma empresa pública. Para que ocorra a desestatização da
empresa estatal também necessária lei específica ou basta uma autorização genérica prevista em lei que
veicule programa de desestatização? A Lei nº 9.491/97 tratou sobre o Programa Nacional de
Desestatização e autorizou a desestatização de empresas estatais. Essa lei genérica é suficiente? Em regra,
sim. É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de empresa
pública em programa de desestatização. Não se aplica o princípio do paralelismo das formas. Exceção: em
alguns casos a lei que autorizou a criação da empresa estatal afirmou expressamente que seria necessária
lei específica para sua extinção ou privatização. Nesses casos, obviamente, não é suficiente uma lei
genérica (não basta a Lei nº 9.491/97), sendo necessária lei específica. STF. Plenário. ADI 6241/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/2/2021 (Info 1004).
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- Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado pode adotar o regime celetista para
contratação de seus empregados (Info 997 STF).
- Petrobrás pode criar subsidiárias e, em seguida, alienar o controle acionário delas sem licitação e sem
autorização legislativa específica Caso concreto: a Petrobrás elaborou um plano de desinvestimento por
meio do qual ela decidiu vender 8 refinarias. Para isso, a Petrobrás criou subsidiárias que passaram a ser
as proprietárias dessas refinarias e, em seguida, o controle acionário dessas subsidiárias será alienado, sem
licitação e sem prévia autorização legislativa. Desse modo, na prática, é como se a Petrobrás estivesse
alienando as refinarias. O STF afirmou que essa prática é legítima. A específica autorização legislativa
somente é obrigatória na hipótese de alienação do controle acionário de sociedade de economia mista
(empresa-mãe). Não há necessidade dessa prévia e específica anuência para a criação e posterior alienação
de ativos da empresa subsidiária, dentro de um elaborado plano de gestão de desinvestimento, voltado
para garantir maiores investimentos e, consequentemente, maior eficiência e eficácia da empresa-mãe.
Isso porque a inexistência de expressa proibição ou limitação de alienação societária em relação à
autorização legislativa genérica para a criação de subsidiárias corresponde à concessão, pelo Congresso
Nacional ao Poder Executivo, de um importante instrumento de gestão empresarial, para garantir a
eficiência e a eficácia da sociedade de economia mista no cumprimento de suas finalidades societárias.
Portanto, na criação ou extinção de subsidiárias, o preceito maior de gestão empresarial que deve ser
seguido é garantir a melhor atuação, eficiência e eficácia da empresa-mãe. STF. Plenário. Rcl 42576 MC/DF,
rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/9 e 1º/10/2020 (Info
993).
- Enunciado 8 da I Jornada de Direito Administrativo: O exercício da função social das empresas estatais
é condicionado ao atendimento da sua finalidade pública específica e deve levar em conta os padrões de
eficiência exigidos das sociedades empresárias atuantes no mercado, conforme delimitações e orientações
dos §§ 1º a 3º do art. 27 da Lei 13.303/2016.
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suspensão da hierarquia administrativa, por autovinculação do órgão superior, em relação ao objeto
acordado, para substituí-la por uma regulação contratual, nos termos do art. 3º da referida Lei.
- Enunciado 25 da I Jornada de Direito Administrativo: A ausência de tutela a que se refere o art. 3º, caput,
da Lei 13.848/2019 impede a interposição de recurso hierárquico impróprio contra decisões finais
proferidas pela diretoria colegiada das agências reguladoras, ressalvados os casos de previsão legal
expressa e assegurada, em todo caso, a apreciação judicial, em atenção ao disposto no art. 5º, XXXV, da
Constituição Federal.
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- Enunciado 38 da I Jornada de Direito Administrativo: A realização de Análise de Impacto Regulatório
(AIR) por órgãos e entidades da Administração Pública federal deve contemplar a alternativa de não
regulação estatal ou desregulação, conforme o caso.
- Treinador ou instrutor de tênis não precisa ser inscrito no Conselho Regional de Educação Física (Info
667 STJ).
- É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição e aprovação da Assembleia
Legislativa para que o Governador do Estado nomeie os dirigentes das autarquias e fundações públicas,
os presidentes das empresas de economia mista e assemelhados, os interventores de Municípios, bem
como os titulares da Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado. STF. Plenário. ADI 2167/RR,
rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info
980 STF).
- A anuidade cobrada pela OAB possui natureza tributária? Os Tribunais Superiores divergem sobre o
tema: STJ: NÃO Os créditos decorrentes da relação jurídica travada entre a OAB e os advogados não
compõem o erário e, consequentemente, não têm natureza tributária. STJ. 1ª Turma. REsp 1574642/SC,
Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/02/2016. STF: SIM As anuidades cobradas pelos conselhos
profissionais caracterizam-se como tributos da espécie contribuições de interesse das categorias
profissionais, nos termos do art. 149 da Constituição da República. STF. Plenário. RE 647885, Rel. Edson
Fachin, julgado em 27/04/2020.
- As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais (Info 676 STJ).
- A fundação instituída pelo Estado pode estar sujeita ao regime público ou privado, a depender do
estatuto da fundação e das atividades por ela prestadas A qualificação de uma fundação instituída pelo
Estado como sujeita ao regime público ou privado depende: i) do estatuto de sua criação ou autorização e
ii) das atividades por ela prestadas. As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação,
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quando definidas como objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder
público, podem se submeter ao regime jurídico de direito privado. STF. Plenário.RE 716378/SP, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Info 946).
- Decreto não pode extinguir colegiado previsto em lei (Info 944 STF)
- Serviços sociais autônomos não devem figurar no polo passivo de ação proposta pelo contribuinte
discutindo a exigibilidade das contribuições sociais (Info 646 STJ).
- É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 23/3/2017 (Info 858). É inconstitucional determinação judicial que decreta a constrição de bens
de sociedade de economia mista prestadora de serviços públicos em regime não concorrencial, para fins
de pagamento de débitos trabalhistas. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público não
concorrencial está sujeita ao regime de precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impossibilitada de sofrer
constrição judicial de seus bens, rendas e serviços, em respeito ao princípio da legalidade orçamentária
(art. 167, VI, da CF/88) e da separação funcional dos poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III). STF. Plenário.
ADPF 275/PB, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/10/2018 (Info 920).
- Os Correios têm o dever jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados - A
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem o dever jurídico de motivar, em ato formal, a
demissão de seus empregados. STF. Plenário. RE 589998 ED/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
10/10/2018 (repercussão geral) (Info 919).
- Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos
consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. Em relação ao Ministério Público e aos
entes políticos, que têm comofinalidades institucionais a proteção de valores fundamentais, como a
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defesacoletiva dos consumidores, não se exige pertinência temática e representatividadeadequada. STJ.
3ª Turma. REsp 1509586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626).
- É constitucional a previsão de que a ANVISA pode proibir produtos e insumos em caso de violação da
legislação ou de risco iminente à saúde, inclusive cigarros com sabor e aroma (Info 889 STF).
- Carros dos conselhos profissionais não podem ser registrados como veículos oficiais (Info 619 STJ).
- MPF não possui legitimidade para ajuizar ACP contra Município pedindo que sejam realizadas
audiências públicas antes do envio do projeto de Lei do Plano Diretor
O Ministério Público Federal é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública que visa à anulação da
tramitação de Projeto de Lei do Plano Diretor de município, ao argumento da falta de participação popular
nos respectivos trabalhos legislativos. No caso concreto, o MPF ajuizou ACP contra o Município de
Florianópolis e a União argumentando que o Poder Executivo Municipal teria encaminhado à Câmara de
Vereadores o projeto de Lei do Plano Diretor da cidade sem a realização das necessárias audiências
públicas, o que violaria o Estatuto da Cidade. O STJ entendeu que a legitimidade para essa demanda seria
do Ministério Público estadual (e não do MPF). STJ. 1ª Turma.REsp 1687821-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 07/11/2017 (Info 616).
- A divulgação do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS pela CGU tem mero caráter
informativo, não sendo determinante para que os entes federativos impeçam a participação, em licitações,
das empresas ali constantes. STJ. 1ª Seção.MS 21750-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
25/10/2017 (Info 615).
- Associação de Municípios e Prefeitos não possui legitimidade ativa para tutelar em juízo direitos e
interesses das pessoas jurídicas de direito público. STJ. 1ª Seção.REsp 1503007-CE, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 14/6/2017 (Info 610).
- Técnico de futebol não precisa ser inscrito no Conselho Regional de Educação Física (Info 607 STJ).
- Portaria interministerial produzida, em conjunto, por dois Ministérios não pode ser revogada por
portaria posterior editada por apenas uma das Pastas (Info 597 STJ).
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- O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica própria, detém legitimidade
autônoma para ajuizar mandado de segurança contra ato do Governador do Estado em defesa de sua
autonomia institucional. Ex: mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o
repasse dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848).
- Não há violação do princípio da legalidade na aplicação de multa previstas em resoluções criadas por
agências reguladoras, haja vista que elas foram criadas no intuito de regular, em sentido amplo, os serviços
públicos, havendo previsão na legislação ordinária delegando à agência reguladora competência para a
edição de normas e regulamentos no seu âmbito de atuação. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 825776/SC,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016.
- Os Conselhos Profissionais são criados por lei e possuem personalidade jurídica de direito público,
exercendo uma atividade tipicamente pública, qual seja, a fiscalização do exercício profissional. Os
Conselhos são dotados de poder de polícia e poder arrecadador. STF. 1ª Turma. MS 28469, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 09/06/2015.
- Para que o Conselho Profissional demita um servidor seu, é necessário processo administrativo? SIM.
Como os Conselhos de Fiscalização Profissional têm natureza jurídica de autarquia, devem ser aplicados
aos seus servidores os arts. 41 da CF/88 e 19 do ADCT, razão pela qual não podem ser demitidos sem a
prévia instauração de processo administrativo. Assim, o servidor de órgão de fiscalização profissional não
pode ser demitido sem a prévia instauração de processo administrativo disciplinar. STF. 2ª Turma. RE
838648 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 07/04/2015. Exceção: OAB (STF ADI 3026).
- Os Conselhos de Fiscalização Profissional, se forem de âmbito nacional, podem ajuizar ADI, ADC e
ADPF? NÃO. Os Conselhos Federais de Fiscalização Profissional (ex: Conselho Federal de Corretores de
Imóveis – COFECI) não podem propor ações de controle concentrado de constitucionalidade porque não
estão no rol do art. 103 da CF/88, que é taxativo. Os conselhos de fiscalização profissional têm como função
precípua o controle e a fiscalização do exercício das profissões regulamentadas, exercendo, portanto,
poder de polícia, atividade típica de Estado, razão pela qual detêm personalidade jurídica de direito
público, na forma de autarquias. Sendo assim, tais conselhos não se ajustam à noção de entidade de classe,
expressão que designa tão somente aquelas entidades vocacionadas à defesa dos interesses dos membros
da respectiva categoria ou classe de profissionais. STF. Plenário. ADC 34 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 05/03/2015. STF. Plenário. ADPF 264 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2014. Exceção: o
Conselho Federal da OAB é legitimado para propor ADI, ADC e ADPF (art. 103, VII, da CF/88).
- É CONSTITUCIONAL lei estadual que prevê que os dirigentes de determinada agência reguladora somente
poderão ser nomeados após previamente aprovados pela Assembleia Legislativa. Por outro lado, é
INCONSTITUCIONAL a lei estadual que estabelece que os dirigentes de agência reguladora somente
poderão ser destituídos de seus cargos por decisão exclusiva da Assembleia Legislativa, sem qualquer
participação do Governador do Estado. Essa previsão viola o princípio da separação dos poderes (at. 2º da
CF/88). STF. Plenário. ADI 1949/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/9/2014 (Info 759).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
- Os serviços sociais autônomos precisam realizar concurso público para contratar seu pessoal? NÃO. Os
serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem a
Administração Pública, mesmo que desempenhem atividade de interesse público em cooperação com o
ente estatal, NÃO estão sujeitos à observância da regra de concurso público (art. 37, II, da CF/88) para
contratação de seu pessoal. Obs.: vale ressaltar, no entanto, que o fato de as entidades do Sistema “S” não
estarem submetidas aos ditames constitucionais do art. 37, não as exime de manterem um padrão de
objetividade e eficiência na contratação e nos gastos com seu pessoal. STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 17/9/2014 (repercussão geral) (Info 759).
- Os Conselhos Profissionais, para contratarem "funcionários", precisam fazer concurso público? SIM.
Como os Conselhos Profissionais são autarquias exercendo uma atividade tipicamente pública (fiscalização
do exercício profissional), precisam respeitar a regra do art. 37, II, da CF/88, que exige concurso público
para a contratação de servidores. Assim, quando os Conselhos de Fiscalização Profissional vão fazer a
contratação de seu pessoal é imprescindível a realização de concurso público. STF. 1ª Turma. MS 28469,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/06/2015. STF. 2ª Turma. RE 758168 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 24/06/2014. Exceção: OAB. O STF decidiu que a OAB, quando vai contratar seus empregados,
não precisa realizar concurso público (STF ADI 3026). Vale ressaltar que a contratação de empregados
pelos conselhos profissionais pode ser feita pela CLT: O art. 58, § 3º da Lei nº 9.649/98 prevê o seguinte: §
3º Os empregados dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos pela legislação
trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição, transferência ou deslocamento para o quadro
da Administração Pública direta ou indireta. Essa previsão é constitucional. Os Conselhos Profissionais,
enquanto autarquias corporativas criadas por lei com outorga para o exercício de atividade típica do
Estado, tem maior grau de autonomia administrativa e financeira, constituindo espécie sui generis de
pessoa jurídica de direito público não estatal, a qual não se aplica a obrigatoriedade do regime jurídico
único preconizado pelo art. 39 da CF/88 (regime jurídico único). Em razão da natureza peculiar dos
Conselhos Profissionais, permite-se o afastamento de algumas das regras ordinárias impostas às pessoas
jurídicas de direito público. STF. Plenário. ADC 36, Rel. Cármen Lúcia, Rel. p/ Acórdão Alexandre de Moraes,
julgado em 08/09/2020.
- O Conselho de Fiscalização Profissional pode ajuizar ação civil pública? SIM. O art. 5º da Lei nº 7.347/85
(Lei da ACP) elencou o rol dos legitimados concorrentes para a propositura de ação civil pública, nos quais
se incluem as autarquias, em cuja categoria estão os Conselhos profissionais. STJ. 2ª Turma. REsp
1388792/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/05/2014.
- Os recursos geridos pelos serviços sociais autônomos são considerados recursos públicos? NÃO.
Segundo entende o STF, os serviços sociais autônomos do denominado sistema “S”, embora
compreendidos na expressão de entidade paraestatal, são pessoas jurídicas de direito privado, definidos
como entes de colaboração, mas não integrantes da Administração Pública. Assim, quando o produto das
contribuições ingressa nos cofres dos Serviços Sociais Autônomos, perde o caráter de recurso público. STF.
Plenário. ACO 1953 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/12/2013.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
- Os serviços sociais autônomos gozam de imunidade tributária? SIM. O art. 150, VI, “c” da CF/88 prevê
que as instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, gozam de imunidade tributária
quanto aos impostos, desde que atendidos os requisitos previstos na lei. As entidades do chamado
“Sistema S”, tais como SESI, SENAI, SENAC e SEBRAE, também gozam de imunidade porque promovem
cursos para a inserção de profissionais no mercado de trabalho, sendo consideradas instituições de
educação e assistência social. Se o SENAC adquire um terreno para a construção de sua sede, já havendo
inclusive um projeto nesse sentido, deverá incidir a imunidade nesse caso considerando que o imóvel será
destinado às suas finalidades essenciais. STF. 1ª Turma. RE 470520/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
17/9/2013 (Info 720).
- Os serviços sociais autônomos gozam das prerrogativas processuais inerentes à Fazenda Pública (ex.:
prazo em dobro para recorrer)? NÃO. As entidades paraestatais não gozam dos privilégios processuais
concedidos à Fazenda Pública. STF. AI 841548 RG, julgado em 09/06/2011.
- De quem é a competência para julgar as causas envolvendo os serviços sociais autônomos? Em regra,
a competência é da Justiça Comum Estadual. STF. RE 414375/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
31/10/2006. Súmula 516-STF: O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito a jurisdição da justiça
estadual.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
4) Os conselhos de fiscalização profissionais não podem registrar seus veículos como oficiais porque compõem a
administração pública indireta e o §1º do art. 120 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB autoriza apenas o registro de
veículos oficiais da administração direta.
5) Os conselhos profissionais têm poder de polícia para fiscalizar as profissões regulamentadas, inclusive no que concerne
à cobrança de anuidades e à aplicação de sanções.
6) A partir da vigência da Lei n. 12.514/2011, o fato gerador para a cobrança de anuidades de órgão de fiscalização
profissional é o registro no conselho e não mais o efetivo exercício da profissão.
7) As anuidades devidas aos conselhos profissionais constituem contribuição de interesse das categorias profissionais, de
natureza tributária, sujeita a lançamento de ofício.
8) O prazo prescricional para cobrança de anuidades pagas aos conselhos profissionais tem início somente quando o total
da dívida inscrita atingir o valor mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades, conforme disposto no art. 8º da Lei n.
12.514/2011.
9) A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, embora possua natureza jurídica especialíssima, submete-se ao disposto no art.
8º da Lei n. 12.514/2011, que determina que os conselhos de classe somente executarão dívida de anuidade quando o total
do valor inscrito atingir o montante mínimo correspondente a 4 (quatro) anuidades.
10) Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de Fiscalização Profissional.
(Súmula n. 66/STJ)
11) Não se aplica o art. 20 da Lei n. 10.552/2002, que determina o arquivamento provisório das execuções de pequeno
valor, às execuções fiscais propostas pelos conselhos regionais de fiscalização profissional.
12) Em execução fiscal ajuizada por conselho de fiscalização profissional, seu representante judicial possui a prerrogativa
de ser pessoalmente intimado. (Recurso Repetitivo - Tema 580)
EDIÇÃO N. 136: CONSELHOS PROFISSIONAIS - II
1) O registro no conselho de fiscalização profissional está vinculado à atividade básica ou à natureza dos serviços prestados
pela empresa, por força do que dispõe o art. 1º da Lei n. 6.839/1980.
2) A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da delegação do poder de polícia, está
inserida no âmbito do direito administrativo, não podendo ser considerada relação de trabalho e, de consequência, não
está incluída na esfera de competência da Justiça Trabalhista.
3) O benefício da isenção do preparo, conferido aos entes públicos previstos no art. 4º, caput, da Lei n. 9.289/1996, é
inaplicável aos conselhos de fiscalização profissional. (Recurso Repetitivo - Tema 625)
4) A atividade de músico é manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de expressão, de modo que a
exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil - OMB, bem como de pagamento de anuidade para o exercício de
tal profissão, torna-se incompatível com a Constituição Federal de 1988.
5) As empresas de factoring convencional não precisam ser registradas nos conselhos regionais de administração, visto que
suas atividades são de natureza eminentemente mercantil, ou seja, não envolvem gestões estratégicas, técnicas e
programas de execução voltados a um objetivo e ao desenvolvimento de empresa.
6) O exame de suficiência instituído pela Lei n. 12.249/2010, que alterou o art. 12, § 2º, do Decreto-Lei n. 9.295/1946, será
exigido de contadores e de técnicos em contabilidade que completarem o curso após a vigência daquela lei.
7) O ato do Conselho de Contabilidade, que requisita dos contadores e dos técnicos livros e fichas contábeis de seus clientes,
não viola os princípios da privacidade e do sigilo profissional, já que visa à fiscalização da atividade contábil dos profissionais
nele inscritos.
8) Os Conselhos Regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e autuar as farmácias e as drogarias quanto ao
cumprimento da exigência de manter profissional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período de
funcionamento dos respectivos estabelecimentos. (Súmula n. 561/STJ) (Recurso Repetitivo - Tema 715)
9) É facultado aos técnicos de farmácia, regularmente inscritos no Conselho Regional de Farmácia, a assunção de
responsabilidade técnica por drogaria, independentemente do preenchimento dos requisitos previstos no art. 15, § 3º, da
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Lei n. 5.991/1973, c/c o art. 28 do Decreto n. 74.170/1974, entendimento que deve ser aplicado até a entrada em vigor da
Lei n. 13.021/2014. (Recurso Repetitivo - Tema 727)
10) Não estão sujeitas a registro perante o respectivo Conselho Regional de Medicina Veterinária, nem à contratação de
profissionais nele inscritos como responsáveis técnicos, as pessoas jurídicas que explorem as atividades de comercialização
de animais vivos e de venda de medicamentos veterinários, pois não são atividades reservadas à atuação privativa de
médico veterinário.
11) Não há comando normativo que obrigue a inscrição de professores e de mestres de artes marciais, ou mesmo de danças,
de capoeira e de ioga, nos Conselhos de Educação Física, porquanto, à luz do que dispõe o art. 3º da Lei n. 9.696/1998,
essas atividades não são próprias dos profissionais de educação física.
12) O registro de restaurantes e de bares no Conselho Regional de Nutrição e a presença de profissional técnico
(nutricionista) não são obrigatórios, pois a atividade básica desses estabelecimentos não é a fabricação de alimentos
destinados ao consumo humano (art. 18 do Decreto n. 84. 444/1980), nem se aproxima do conceito de saúde trazido pela
legislação específica.
Atos Administrativos
Atos Administrativos
Atos administrativos significam manifestação do exercício da função administrativa, que sob regime de
direito público, objetiva a aquisição, conservação, transformação, transmissão ou extinção de direitos para a
consecução do interesse público (Agostin Gordillo).
É todo ato praticado pela Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes, no exercício da função
administrativa (estando excluídos deste conceito os atos políticos), sob o regime de direito público, ou seja,
gozando o ato de todas as prerrogativas estatais, diferente do que ocorre com os atos privados da
Administração e, por fim, manifestando vontade do poder público em casos concretos ou de forma geral,
não se confundindo com meros atos de execução de atividade.
#ATENÇÃO - Ato da administração: A doutrina costuma utilizar a expressão “ATOS DA ADMINISTRAÇÃO” para
se referir aos atos que a administração pública pratica quando está despida de prerrogativas públicas, quando
está atuando em igualdade jurídica com os particulares, o que decorre, por exemplo, quando ela atua como
agente econômico. Os “atos da administração” são regidos predominantemente pelo direito privado.
*#OUSESABER: Qual a diferença entre ato administrativo, ato político e ato de gestão?
Os atos administrativos caracterizam-se como manifestações unilaterais do Estado ou de quem lhe faça as
vezes, sob o regime jurídico de direito público, voltado à produção de efeitos jurídicos (criativos, modificativos
ou extintivos), sendo tais atos passíveis de controle pelo Poder Judiciário. Os atos praticados pela Administração
Pública podem ser atos administrativos, atos políticos ou atos de gestão. Os primeiros, já conceituados acima,
são praticados em fiel observância à lei, estando a ela subordinados, sendo regidos pelo regime jurídico de
direito público.
Os atos políticos são aqueles atos praticados com fundamento direto na Constituição, com alto grau de
discricionariedade, atinentes ao comando da nação, representando muitas vezes opções ideológicas, como, por
exemplo, se dá com o veto de uma lei e a declaração de guerra.
Atos de gestão, por sua vez, são os praticados pela Administração em posição de igualdade com os particulares,
despindo-se, portanto, do poder de império. Podem ser dados como exemplo, a alienação de um imóvel público
inservível, ou a doação sem encargo de determinado bem não destinado às finalidades do órgão.
Atos da Administração
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Atos Políticos ou Na prática, não podem ser considerados atos da Administração.
de governo Quando há o exercício da função política e podem exercê-la os membros do Legislativo,
do Judiciário e do Executivo.
Atos Privados São os atos da Administração Pública regidos pelo direito privado.
Atos Materiais Atos de mera execução de atividade. Também chamados de fatos administrativos, já que
não manifestam a vontade do Estado.
Atos Atos por meio dos quais a Administração Pública atua, no exercício da função
Administrativos administrativa , sob o regime de direito público e ensejando manifestação de vontade do
Estado ou de que, lhe faça às vezes.
Finalidade Finalidade é tudo aquilo que se busca proteger com a prática do ato administrativo.
Finalidade Genérica: é o atendimento ao interesse público x Finalidade Específica: é
definida em lei estabelecer qual a finalidade de cada ato especificadamente.
Na hipótese de ser violada a finalidade específica, mesmo que o agente esteja buscando o
interesse público, há o desvio de finalidade.
A finalidade é sempre elemento vinculado do ato no que tange à finalidade específica, para
a doutrina moderna, podendo ser discricionário se analisarmos a finalidade genérica que é
o interesse coletivo (conceito jurídico indeterminado).
VUNESP (TJM/SP 2016): Os motivos e a finalidade indicados na lei, bem como a causa do
ato, fornecem as limitações ao exercício de discrição administrativa e, portanto, estão
sujeitos ao controle judicial.
» Abuso de poder ≠ desvio de poder ≠ excesso de poder: abuso é o gênero, que
compreende o desvio e o excesso de poder. Quando houver desvio de poder, há abuso
qualitativo em ato administrativo. No excesso de poder, há abuso quantitativo em fato
administrativo.
Ex de desvio de poder: decreto expropriatório por vingança política (interesse não público) →
a qualidade do ato possui um vício.
Ex de excesso de poder: na imissão da posse, há excesso no uso de força policial → o abuso se
dá na quantidade de força empregada no fato.
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Forma Forma é a exteriorização do ato, determinado por lei.
Qual é o princípio que informa a forma no direito público? Para o direito privado, a forma,
em regra, é livre e, excepcionalmente, solene (princípio da liberdade das formas). Já no
direito público, a forma, em regra, é solene (princípio da solenidade das formas) e,
excepcionalmente, livre.
A eventual alteração ou revogação do ato administrativo devem observar o princípio da
simetria das formas, ou seja, a forma utilizada na edição do ato deve ser a mesma para a
sua alteração ou revogação. A simetria das formas, porém, não tem caráter absoluto,
podendo ser relativizada nas relações administrativas sujeitas à hierarquia.
Os atos administrativos, de regra, devem ser praticados por escrito, ainda que não haja
determinação legal nesse sentido, e, em vernáculo, ou seja, em língua portuguesa.
Silêncio Administrativo: Doutrina majoritária diz que não produz qualquer efeito. O silêncio
aqui se representa como ilicitude sanável por meio de provocação ao Poder Judiciário.
Atenção: Ressalvadas as hipóteses em que o próprio texto legal definir que a ausência de
conduta ensejará a aceitação tácita de determinado fato ou até mesmo a negativa pelo
decurso de tempo.
Vício no elemento forma: configura ilegalidade passível de anulação da conduta. Não
gerando prejuízo ao interesse público e nem a terceiros e desde que mantido o interesse
público, o vício de forma é sanável.
Atenção: em algumas situações, o vício de forma é insanável por atingir diretamente o
próprio conteúdo do ato, como ocorre por ex. nas situações em que seja expedida uma
instrução normativa por um determinada Secretaria, declarando a utilidade pública de um
bem imóvel para fins de desapropriação. Nestes casos, a legislação exige a prática de um
decreto, expedido pelo Presidente da República e o desrespeito à forma atinge diretamente
os direitos e garantias do particular atacado pelo ato.
A forma só não será elemento vinculado, se a lei estabelecer mais de uma forma possível
ou for silente.
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Ex: art. 50, I da Lei 9.784/99 – atos administrativos que neguem, limitem ou afetem direitos
e interesses devem ser motivados.
Info 529 STJ: O vício consistente na falta de motivação de portaria de remoção ex officio de
servidor público pode ser convalidado, de forma excepcional, mediante a exposição, em
momento posterior, dos motivos idôneos e preexistentes que foram a razão determinante
para a prática do ato, ainda que estes tenham sido apresentados apenas nas informações
prestadas pela autoridade coatora em mandado de segurança impetrado pelo servidor
removido. De fato, a remoção de servidor público por interesse da Administração Pública
deve ser motivada, sob pena de nulidade. Entretanto, consoante entendimento
doutrinário, nos casos em que a lei não exija motivação, não se pode descartar alguma
hipótese excepcional em que seja possível à Administração demonstrar de maneira
inquestionável que: o motivo extemporaneamente alegado preexistia; que era idôneo para
justificar o ato; e que o motivo foi a razão determinante da prática do ato. Se esses três
fatores concorrem, há de se entender que o ato se convalida com a motivação ulterior.
Outra questão importante é a chamada Teoria dos Motivos Determinantes. Segundo essa
teoria, toda vez que o agente público não está obrigado a motivar o ato e, mesmo assim,
expõe os seus motivos, ele estará vinculado aos motivos que expôs, sujeitando-se à
invalidação do ato pela Adm. Pública ou pelo Judiciário, caso o administrado comprove a
não correspondência dos motivos com a realidade. Isso porque, o motivo presume-se
legítimo e, por isso, o ônus da prova de comprovar o contrário é do administrado. VER REsp
1280729.
Objeto Objeto é aquilo que o ato dispõe, é o efeito causado pelo ato administrativo no mundo
jurídico, em virtude de sua prática.
Segundo a doutrina majoritária, o objeto é o conteúdo do ato, o fim pretendido.
Ex: o conteúdo do ato que demite o servidor é punir aquele que cometeu a infração
funcional, rompendo o seu vínculo com a Administração.
O objeto pode ser classificado em:
a) Objeto indeterminado (discricionário): a lei não define de maneira exaustiva o objeto do
ato administrativo, conferindo margem de liberdade ao administrador.
Ex: na autorização para uso privativo de bem público, a legislação confere discricionariedade
ao administrador para delimitar o conteúdo do ato, decidindo sobre a extensão da área a ser
ocupada, o prazo, as contrapartidas, etc.
b) Objeto determinado (vinculado): a lei delimita o conteúdo do ato administrativo sem deixar
espaço para análises subjetivas por parte do agente público.
Ex: licença para dirigir veículo automotor em todo o território nacional, sendo vedado ao
administrador limitar o conteúdo do ato.
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Quais são os requisitos para que o objeto seja tido como válido?
a) Possibilidade: o objeto não pode ser materialmente impossível. Ex: concessão de uso de
bem público na Lua → o objeto é impossível e o ato seria inválido por impossibilidade de
objeto.
Elementos Competência, finalidade e forma são sempre elementos vinculados, ou seja, a lei os
Discricionários disciplina de forma objetiva.
e Vinculados Motivo e objeto, em regra, são elementos discricionários.
Atenção: a finalidade será discricionária sempre que for analisada em seu aspecto genérico.
Forma também admitirá uma margem de escolha conferida ao administrador, sempre que
não houver forma definida em lei ou quando o texto legal estipular mais de uma forma
possível.
Todos os elementos do ato administrativo estão adstritos aos limites impostos pela lei,
mesmo os que são considerados discricionários.
Os elementos motivo e objeto do ato administrativo discricionário compõem o seu mérito,
sob o que não pode haver controle por parte do Poder Judiciário;.
Qual é a diferença entre o atributo anterior e esse? A diferença está na distinção entre
os planos da validade e eficácia. Isso porque, a presunção de legitimidade e legalidade
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
tem a ver com presunção de validade. Já a imperatividade, relaciona-se com a produção
de efeitos (plano da eficácia).
Exigibilidade O ato administrativo deve ser cumprido pelo administrado (sob pena de imposição de
meios coercitivos indiretos – ex: aplicação de multa), independentemente de ordem
judicial.
A partir do momento que se tem um ato editado em conformidade com a lei, o seu
cumprimento pode ser exigido pela Administração Pública. Esta característica guarda
grande relação com a imperatividade, por isso, inclusive, alguns autores, como José dos
Santos Carvalho Filho, analisam tal aspecto dentro da imperatividade.
É uma das características mais importantes do ato, e significa que ele, assim que
praticado, já pode ser imediatamente executado e seu objeto imediatamente alcançado.
O ato, por si só, é capaz de gerar direitos e obrigações, submetendo todos aqueles que
estão sob sua incidência.
Tipicidade Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade
que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Fases de Constituição do Ato Administrativo
Perfeição A existência do ato administrativo decorre do cumprimento das etapas necessárias à
formação do ato.
Ato perfeito não é retratável, mas pode ser revisado e até anulado em face do princípio
da autotutela (súmulas 346 e 473 STF).
Validade A regularidade do ato é aferida quando todas as etapas realizadas estiverem de acordo
com a lei.
No silêncio da lei, não pode haver atuação administrativa, haja vista a aplicação da estrita
legalidade em matéria de Direito Administrativo.
A validade de um ato só é avaliada se ele for ao menos existente (perfeito).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Ex: nomeação de Ministros do STF, que depende da indicação do chefe
do Executivo e da aprovação do Senado.
Ex2: Di Pietro – Decreto que é assinado pelo Chefe do Executivo e
referendado pelo Ministro de Estado.
Quanto ao grau de Atos Mesmo regulamentados por lei, admitem uma análise de pressupostos
liberdade Discricionários subjetivos pelo agente estatal.
Obs: Controle judicial da discricionariedade administrativa
(oportunidade e conveniência): Segundo a literalidade da Súmula 473
STF e Hely Lopes Meirelles, isso não existe, ou seja, o mérito
administrativo é imune ao controle do Poder Judiciário, sob pena de
afronta ao princípio da separação de poderes. Entretanto, essa posição
em doutrina é controvertida.
Atos são aqueles definidos em lei que não confere ao agente público qualquer
Vinculados margem de escolha. Preenchidos os requisitos definidos na norma
aplicável, o agente público tem o dever de praticar o ato, não podendo
se eximir de sua responsabilidade.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Atos de Praticados como forma de dar andamento à atividade administrativa ,
Expediente não configuram manifestação de vontade do Estado , mas sim, a
execução de condutas previamente definidas.
Quanto à função da Ato há uma declaração de vontade da Administração, voltada para a
vontade administrativo obtenção de determinados efeitos jurídicos definidos em lei. Ex.
propriamente demissão, tombamento, requisição.
dito e puro
Mero ato há uma declaração de opinião (parecer), conhecimento (certidão) ou
administrativo desejo (voto num órgão colegiado).
Quanto aos Atos Gerais atingem todas as pessoas que se encontram na mesma situação; são os
destinatários atos normativos praticados pela Administração, como regulamentos,
portarias, circulares, instruções, deliberações, regimentos.
Atos são os que produzem efeitos jurídicos no caso concreto. Ex. Nomeação,
Individuais demissão, tombamento, servidão administrativa, licença, autorização.
Ato Perfeito é aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já
Quanto à completou todo o seu ciclo de formação. Não se confunde com a
exequibilidade validade, que diz respeito à conformidade do ato com a lei. O ato pode
ter completado seu ciclo de formação, mas ser inválido e vice-versa.
Ato é o que não está apto a produzir efeitos jurídicos, porque não completou
Imperfeito o seu ciclo de formação. Ex. quando falta publicação, homologação,
aprovação etc, requisitos exigidos para a validade de determinado ato. O
prazo de prescrição, administrativa ou judicial, não começa a correr
enquanto o ato não se torna perfeito.
Ato Pendente é o que está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir
efeitos. Distingue-se do imperfeito porque já completou o seu ciclo de
formação e está apto a produzir efeitos; estes ficam suspensos até que
ocorra a condição ou termo.
Ato é o que já exauriu seus efeitos. Ele se torna definitivo, não podendo ser
Consumado impugnado, quer na via administrativa, quer na via judicial; quando
muito, pode gerar responsabilidade civil, administrativa ou criminal.
Quanto aos efeitos Ato é aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito
Constitutivo ou uma situação do administrado. É o caso da permissão, autorização,
dispensa, aplicação de penalidade, revogação.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Tem característica de norma geral e abstrata para destinatários indeterminados, porém
determináveis. O que separa os atos normativos da lei é o fato deles não seguirem o
processo clássico legislativo do art. 59 CF. São projetados para produzir efeitos externos.
São atos que precisam estar baseados em lei e consequentemente cabe controle de
legalidade. Ex: decretos, regulamentos, regimentos e resoluções.
1. Regulamentos: trata-se de ato normativo privado do chefe do Pode Executivo,
apresentado por meio de expedição de Decreto.
Regulamentos Executivos: não tem a intenção de inovar o ordenamento jurídico, sendo
praticado unicamente para complementação do texto legal.
Regulamentos Autônomos: substitutos da lei e não facilitadores de sua aplicação, uma vez
que são editados sem contemplar qualquer previsão legal anterior.
Atenção: a doutrina majoritária vem-se posicionando no sentido de que, com a inserção do
art. 84, inciso VI, da CF/88, existem, no Brasil, duas únicas hipóteses de regulamentos
autônomos constitucionalmente admitidos.
Decretos: competência exclusiva do chefe do Poder Executivo (é o que os diferencia dos
regulamentos). São destinados a situações gerais ou individuais. Em regra, têm a função de
complementação e regulamentação da lei. Existem hipóteses de decreto autônomo (art. 84,
VI CF):
(i) para a organização da Administração Pública desde que não implique aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
(ii) para extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
3. Regimentos: são atos normativos de função interna. Só se dirigem a quem deve executar o
serviço ou realizar a atividade funcional, ou seja, não geram obrigações para os particulares
em geral.
#FUNDEP (MP/MG 2017): Deliberações são atos emanados, em regra, de órgãos colegiados e
caracterizam-se como atos simples coletivos, ao passo que as resoluções são atos normativos
individuais, provenientes de autoridades do alto escalão administrativo e têm natureza
derivada.
Atenção: as agência reguladoras possuem poder normativo que se restringe ao âmbito técnico
da prestação do serviço e expedem os atos por meio de manifestação do seu Conselho
Diretivo.
Atos Organizam a prestação do serviço, por meio de normas que se aplicam internamente aos
Ordinatórios órgãos pertencentes à estrutura administrativa, ensejando a manifestação do Poder
Hierárquico da Administração. Não geram direitos adquiridos aos seus destinatários.
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1. Portarias: são atos internos, emitidos por chefes de órgãos e repartições públicas para seus
subordinados. São determinações gerais ou especiais (ex: designação de servidores para
cargos).
2. Instruções: são normas gerais e abstratas para a organização interna das repartições,
emanadas por seus chefes. Definem o modo como o subalterno deve executar seu serviço.
3. Avisos: para dar notícias ou conhecimentos de assuntos da Adm.
4. Circulares: transmissão de ordens uniformes com caráter concreto para subordinados.
5. Ordem de Serviço: determinação para os subordinados da maneira de conduzir
determinado serviço com caráter geral e concreto.
Ex: por intermédio de uma ordem se serviço o Procurador-Chefe pode determinar a forma de
distribuição de processos na procuradoria.
6. Ofício: ato pelo qual os agentes administrativos se comunicam. São as cartas oficiais.
7. Despacho: expressa a decisão da autoridade administrativa sobre assuntos de interesse
individual e coletivo, submetidos à sua apreciação. Podem ser decisões finais ou
interlocutórias.
Atos Negociais São acordos da Adm. Pública com os particulares. Como não há igualdade entre as partes
acordantes, fala-se em negócio jurídico e não em contrato, pois a Administração manifesta
unilateralmente a sua concordância à pretensão do administrado.
1. Licença: ato unilateral, VINCULADO e DEFINITIVO, que faculta àquele que preenche os
requisitos legais o exercício de uma atividade. A licença deve ser obrigatoriamente deferida se
o particular preencher os requisitos. É ato DECLARATÓRIO, ou seja, reconhece o direito
subjetivo do particular, habilitando o seu exercício. Ex: licença para construir; licença para
dirigir; licença para exercer profissão regulamentada.
Atos São os atos administrativos que estabelecem opiniões e conclusões do ente estatal. Não
Enunciativos estão sujeito à análise de mérito ou legalidade, não produzindo efeitos imediatos.
Pareceres: emite-se a opinião de órgão consultivo do Poder Público, sobre assunto de sua
competência. Atenção: pode ser facultativo ou obrigatório (é indispensável à regularidade do
ato). O parecer não tem natureza vinculante.
Atos Punitivos São os que contém uma sanção imposta pela Adm. àqueles que infringem disposições legais,
regulamentares ou ordinatórias dos bens e serviços públicos. Visam a punir e reprimir as
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infrações administrativas ou a conduta irregular dos servidores. Ex: multas, interdição de
atividades e destruição de coisas e demolição administrativa.
Extinção Ocorre pelo desaparecimento do beneficiário (ex: falecimento do servidor extingue a relação
Subjetiva funcional).
Extinção Ocorre quando desaparece o objeto da relação jurídica (ex: extinção do ato adm. que
Objetiva determina a reforma de um edifício após esse edifício ser demolido por inundação).
Extinção por a) Renúncia: é a extinção do ato que já iniciou a produção dos seus efeitos por vontade
manifestação de unilateral do particular (ex: exoneração a pedido do servidor).
vontade do b) Recusa: é a extinção antes da produção de seus efeitos (ex: recusa em utilizar bem público
particular objeto de autorização de uso).
Extinção por a) Caducidade: ocorre quando a situação contemplada no ato administrativo não é mais
manifestação da tolerada pela nova legislação. Trata-se de ilegalidade superveniente por alteração legislativa
vontade da (não imputada ao beneficiário). Incide exclusivamente sobre atos discricionários e precários,
Administração que não geram direitos subjetivos aos particulares, pois os atos vinculados geram direito
adquirido.
Obs: A caducidade do ato administrativo NÃO se confunde com a caducidade do contrato
administrativo, pois a última fundamenta-se no descumprimento do contrato ou das normas
jurídicas pelo concessionário, possuindo natureza sancionatória (art. 38 da Lei 8.987/95).
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Obs: O Poder Judiciário no exercício de função administrativa atípica pode revogar os seus
próprios atos administrativos discricionários (ex: concessão de férias para magistrados). A
revogação deve ser precedida da oitiva do interessado, tendo em vista a ampla defesa e o
contraditório.
Enquanto a anulação possui caráter vinculado, a revogação denota atuação discricionária do
poder público, na forma do art. 53 da Lei 9.784/99.
A revogação produz efeitos prospectivos (ex nunc) e não acarreta, em regra, direito à
indenização, pois dela resulta a extinção de atos discricionários que não geram direitos
subjetivos aos beneficiários. Porém, existem situações excepcionais que podem justificar a
indenização ao administrado a partir de princípios jurídicos, com destaque para a confiança
legítima (ex: revogação da permissão qualificada antes do prazo estipulado).
A revogação do ato revogador (“revogação da revogação”) NÃO acarreta efeitos
repristinatório, salvo disposição expressa em contrário. NÃO podem ser revogados:
✓ Atos vinculados;
Obs: Discussão acerca da possibilidade de revogação da licença para construir – 2 posições:
1ª posição – STF – Possibilidade de revogação da licença para construir, ANTES de iniciada a
obra com indenização ao administrado.
2ª posição – Carvalhinho – Impossibilidade de revogação da licença para construir, tendo em
vista o seu caráter vinculado, cabendo ao poder público desapropriar o direito de construir do
administrado (desapropriação do direito).
✓ Atos que exauriram os seus efeitos ou com prazo expirado;
✓ Atos preclusos no processo administrativo: no proc. administrativo, a edição de novo ato
acarreta a preclusão do anterior, que não pode mais ser revogado.
✓ Atos que geram direitos adquiridos (Súmula 473 STF);
✓ “Meros atos administrativos”: segundo a doutrina majoritária, os “meros atos
administrativos” (ex: certidões, atestados e pareceres) não podem ser revogados, pois os seus
efeitos estão estabelecidos em lei.
Convalidatória Trata-se do salvamento do ato administrativo que apresenta vícios sanáveis. O ato de
ou Sanatória convalidação produz efeitos ex tunc (retroativos). Pressupõe a ponderação entre o princípio
da legalidade e outros princípios igualmente constitucionais (segurança jurídica, boa-fé,
confiança legítima, etc).
» Atos nulos e anuláveis: Há controvérsia na doutrina quanto à aplicação da dicotomia “ato
nulo x anulável” ao Direito Administrativo – 2 posições:
1ª posição – Hely Lopes Meirelles – Teoria monista = os atos administrativos ilegais são
sempre nulos, sendo inaplicável ao Direito Administrativo a teoria da nulidade relativa ou da
anulabilidade.
2ª posição – Carvalhinho, Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Mello – Teoria dualista = os
atos administrativos ilegais podem ser nulos ou anuláveis quando os vícios forem
respectivamente insanáveis ou sanáveis.
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Vícios insanáveis = são os relacionados ao motivo, ao objeto (quando único) e à finalidade.
NÃO será possível a convalidação por vontade da Administração nas seguintes hipóteses:
a) Má-fé do administrado;
b) Vícios insanáveis;
c) Lesão ao interesse público (art. 55 da Lei 9.784/99);
d) Prejuízos a terceiros (art. 55 da Lei 9.784/99).
» Espécies de convalidação:
1. Convalidação voluntária: Depende da manifestação de vontade da Adm. Pública. Tem como
modalidades:
a) Ratificação: é a convalidação do ato que possui vícios de competência e de forma;
b) Reforma: refere-se ao vício em um dos objetos do ato. O agente público retira o objeto
inválido e mantém o objeto válido.
Ex: ato que concede 2 benefícios remuneratórios para determinado servidor que, em verdade,
fazia jus a apenas 1. A autoridade competente exclui o benefício concedido irregularmente e
preserva o outro benefício regular.
c) Conversão: refere-se ao vício em um dos objetos do ato, mas aqui ocorre o acréscimo de
novo objeto.
Ex: ato que nomeia 3 servidores para atuarem em determinada comissão disciplinar.
Constatado que um dos nomeados era irmão do agente investigado, a autoridade competente
exclui o integrante da comissão, substituindo-o por outro agente e mantém os demais
nomeados.
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Ratificação Se a autoridade que convalida o ato é a mesma que praticou.
Confirmação Se a convalidação é feita por autoridade superior.
Reforma Incide sobre o ato válido que é aperfeiçoado, por razões de conveniência e oportunidade, para
que melhor atenda aos interesses públicos. A reforma se distingue da convalidação, afinal esta
recai sobre atos ilegais, e aquela, sobre atos legais.
Conversão Atinge ato inválido, mudando-o para outra categoria, para que se aproveitem os efeitos
produzidos.
Atos Estão fora do ordenamento jurídico, em virtude da violação de princípios básicos que norteiam
Inexistentes a atuação das pessoas dentro de determinada sociedade. Esses atos não podem ser
convalidados. Também, não podem ser garantidos efeitos pretéritos produzidos, mesmo em
relação a terceiros de boa-fé.
Atos Nulos São aqueles declarados em lei como tais. A retirada produz efeitos ex tunc. Não podem ser
convalidados. Podem ser garantidos alguns efeitos pretéritos produzidos em relação a
terceiros de boa-fé.
Atos Anuláveis Possuem vícios que admitem conserto, podendo ser assim convalidado.
Atos Irregulares Sofrem vício material irrelevante, mediante o desrespeito de normas internas de
padronização, não ensejando a nulidade do ato, mas tão somente a responsabilização do
agente público que o praticou.
Teoria da A nomeação do servidor sem concurso público é nula, mas os atos praticados são válidos, em
Aparência atenção ao princípio da segurança jurídica. Não há devolução de salários, já que os serviços
foram prestados.
“Doutrina Chenery” e a Insindicabilidade do Mérito nos Atos Administrativos Técnicos do Estado Brasileiro
Tema de extrema importância, não apenas do ponto de vista da praxe forense mas também na preparação para
exames discursivos de concursos públicos, a “Doutrina Chenery” foi exposta no inteiro teor do AgInt no AgInt na
SLS 2.240-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 7/6/2017, DJe 20/6/2017 (STJ, Informativo 605).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Trata-se de teoria proveniente do Direito Anglo-Saxão que envolve a temática do controle jurisdicional de atos
administrativos, em especial na hipótese de escolhas políticas governamentais que se transmudem seja em atos
administrativos discricionários, seja em atos de governo.
Os atos administrativos discricionários, segundo a abalizada doutrina do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello
(“Curso de Direito Administrativo Brasileiro”, Malheiros Editores) podem sofrer controle judicial tanto em seu
motivo quanto em seu objeto, e tal controle circunscreve-se tão somente à legalidade do ato, não se podendo
apreciar seu mérito, sob pena de violação ao princípio constitucional da divisão funcional do poder (Constituição
do Brasil, art. 2º – também chamado, a meu ver atecnicamente, de “princípio da separação de poderes”).
Nesse sentido, o saudoso Prof. Diogo de Figueiredo Moreira Neto (“Curso de Direito Administrativo”, Ed.
Forense) cunha a expressão Princípio da Insindicabilidade do Mérito Administrativo para designar a norma
segundo a qual o mérito não pode ser alvo de controle judicial, sendo de exclusivo controle por parte da
Administração Pública, por meio do sistema de autotutela administrativa (v. STF, Súmulas 343 e 473).
Além dos atos administrativos discricionários, disciplinados pelo Direito Administrativo, também posso mencionar
a existência dos chamados atos de governo, que não possuem disciplina por parte do ramo administrativista da
Ciência Jurídica, por não se submeterem a seus lindes; são, nesse sentido, disciplinados pelo Direito Constitucional
e pela Ciência Política, por se tratarem de atos de império (ius imperii) ligados à dinâmica do Poder político, com
fraca limitação jurídica.
A Doutrina Chenery, nesse sentido, lida com atos administrativos discricionários e atos de governo especialmente
fundamentados em prévias pesquisas técnicas, realizadas por servidores ou equipes políticas detentoras
de expertise (especialização) na área objeto do ato.
Dessa forma, além de ser o mérito de tais atos insindicável per se, pelas razões supraexpostas, ainda se pode
acrescentar que o Poder Judiciário não possui a expertise necessária para compreender as consequências
econômicas e políticas de uma decisão que invada o mérito administrativo de tais medidas, sejam elas
disciplinadas pelo Direito Administrativo (atos discricionários) ou pelo Direito Constitucional e Ciência Política
(atos de governo).
Exemplo próximo de tal variante da insindicabilidade diz respeito aos atos emanados pelas Agências Reguladoras,
autarquias especiais que possuem relativa independência (parafraseando a eminente Prof. Maria Sylvia Zanella
Di Pietro) e atribuição para publicarem atos administrativos normativos de caráter técnico. Nesse sentido,
segundo a Doutrina Chenery, por representarem medidas de natureza jurídico-política subsidiadas por complexas
pesquisas técnicas de uma entidade que possui expertise na matéria, não podem ser alvo de controle judicial de
seu conteúdo, mas tão somente de seus aspectos formais e legais.
Tema muito importante para os concursos das carreiras da Advocacia Pública em sentido amplo (AGU, PGEs,
PGMs, Procuradorias Autárquicas, Advocacia Estatal), pode ser exigido pelas bancas examinadoras ou, se incluído
como subsídio em respostas a questões discursivas, promover majoração de sua nota pela demonstração de
conhecimento ao examinador.
Discorrendo sobre o tema, Fernanda Marinela assim relata: “Para a doutrina majoritária, o silêncio administrativo
não produz nenhum efeito, salvo quando a lei – reconhecendo o dever da Administração de agir, atribui esse
resultado, admitindo-se, nesse caso, a possibilidade de uma anuência tácita, ou até, de efeito denegatório do
pedido, contrariando o interesse de peticionário. Nessas hipóteses – em que a lei atribui efeito ao silêncio – o
mesmo não decorre do silêncio, e sim da previsão legal.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Segundo essa orientação, o silêncio não é ato jurídico e, por conseguinte, não é ato administrativo, porque ambos
dependem de uma declaração jurídica, de uma manifestação, faltando, assim, a condição para a sua existência,
que é a exteriorização da vontade.” (Direito Administrativo, 11 ed., pág. 344)
*#OUSESABER: o móvel dos atos administrativos é a situação real que justifica a edição legítima do ato
administrativo. Certo ou errado?
ERRADO. O móvel é a vontade pessoal, psíquica, não real como prevê o item, que move o agente público na
elaboração dos atos administrativos. A distinção do móvel para o motivo é evidente, visto que neste há a
explicitação real da situação que justifica a edição do ato, ao passo que o móvel implica na motivação pessoal,
que nem sempre se coaduna com o real desiderato do ato administrativo.
No entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, o móvel é importante apenas para os atos discricionários
que exigem a análise subjetiva do agente na escolha entre as opções de atuação conferidas pela legislação. A
contrario sensu, o móvel seria irrelevante para os atos vinculados, pois a validade desses atos dependeria
apenas da compatibilidade formal entre os elementos do ato e aqueles que foram enumerados na lei. Rafael
Rezende discorda desse entendimento, defendendo que o móvel seria apto a invalidar também os atos
vinculados, pois mesmos nestes haveria uma mínima margem de escolha do gestor a ser colmatada pelo móvel.
#APROFUNDAMENTO #OUSESABER: Aplica-se o venire contra factum proprium aos atos da Administração?
Quais são os requisitos? Primeiramente, há se destacar que se aplica o princípio venire contra factum proprium
contra os atos da Administração Pública, pois a boa-fé objetiva irradia seus efeitos para todo o ordenamento
jurídico. É esse, inclusive, o entendimento do STJ, consoante divulgado no julgado do RMS 20572/DF, de Rel. Min
Laurita Vaz.
Consoante Rafael Carvalho, possui 3 requisitos: a) identidade subjetiva e objetiva: o ato anterior e o ato
posterior emanam da mesma Administração e são produzidos no âmbito da mesma relação jurídica; b) a conduta
anterior é válida e unívoca: capaz de gerar a confiança (expectativa legítima) na outra parte da relação jurídica;
e c) atuação contraditória: incompatibilidade do ato posterior com o ato anterior. É possível mencionar alguns
exemplos de aplicação da teoria dos atos próprios no Direito Administrativo: nulidade da imposição de multa de
trânsito por irregularidade no veículo, constatada em fiscalização realizada pela Secretaria de Trânsito na saída
do pátio de DETRAN, logo depois de o veículo ser vistoriado e devidamente licenciado; imposição ao Município
de proceder ao loteamento dos imóveis alienados pelo próprio Ente municipal aos particulares, sendo descabida
a pretensão de anulação dos contratos de compra e venda.
O efeito atípico reflexo do ato atinge terceiros estranhos a sua prática. O efeito atípico prodrômico do ato, por
sua vez, ocorre nos atos complexos ou compostos, e surge antes do ato concluir seu ciclo de formação,
consubstanciando-se em situação de pendência de alguma outra formalidade.
Marinela explica que o efeito prodrômico do ato se dá, por exemplo, quando a primeira autoridade se manifesta
e surge a obrigação de um segundo também fazê-lo, constatado neste meio tempo; o efeito prodrômico
independe da vontade do administrador e não pode ser suprimido. Vale dizer que a expressão efeito prodrômico
também é utilizada no processo penal como característica da sentença. Nesta disciplina do Direito, efeito
prodrômico da sentença se relaciona com a vedação da reformatio in pejus, seja ela direta ou indireta, na hipótese
de recurso exclusivo do réu.
A anulação deve ocorrer quando há um vício no ato, relativo à legalidade ou legitimidade (ofensa à lei ou ao
direito como um todo). É sempre um controle de legalidade e nunca de mérito. Pelo fato de se tratar de um ato
inválido, os efeitos retroagem ao momento da prática do ato (ex tunc). Por sua vez, a revogação é a retirada de
um ato válido do mundo jurídico, mas que, segundo critério discricionário da administração, tornou-se
inoportuno ou inconveniente (controle de mérito). Os efeitos são prospectivos (ex nunc), respeitando-se os
direitos adquiridos.
Embora haja divergência na doutrina, os Tribunais Superiores são uníssonos em afirmar que se trata de um ato
administrativo complexo, uma vez que apenas se aperfeiçoa com o controle de legalidade por parte do Tribunal
de Contas, sendo necessária, portanto, a manifestação dos dois órgãos para que, de fato, o ato passe a existir.
Neste contexto, passados 5 anos (STF, invocando o princípio da isonomia, entendeu que o mais correto seria
aplicar, por analogia, o prazo de 5 anos do art. 1º do Decreto 20.910/1932), a contar da chegada do processo
da concessão inicial de aposentadoria à respectiva Corte de Contas, sem que haja controle de legalidade por
parte deste órgão, considera-se definitivamente registrado, em atenção ao princípio da segurança jurídica e da
confiança legítima, não cabendo mais à administração desconstituí-lo.
Trata-se de efeitos atípicos que podem ser produzidos pelo ato administrativo. O efeito reflexo repercute perante
terceiros não contemplados pelo ato, isto é, atingem pessoas estranhas à relação jurídica que se trava entre a
Administração e o sujeito passivo do ato. Já o efeito prodrômico ou preliminar ocorre nos atos complexos ou
compostos, e surge antes do ato concluir o seu ciclo de formação, consubstanciando-se em situação de pendência
de alguma outra formalidade, como no caso em que a primeira autoridade se manifesta e surge a obrigação de
um segundo também fazê-lo, constatado nesse meio tempo.
(!) Esse entendimento do STF, sobre prazo de 5 anos da chegada do processo ao TCU, vale tanto para o Tribunal
de Contas da União como para os Tribunais de Contas estaduais. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).
A jurisprudência trazia uma exceção a súmula vinculante 3 do STF (Nos processos perante o Tribunal de Contas
da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão): se o Tribunal de Contas tivesse demorado mais do que 5
anos para analisar a concessão inicial da aposentadoria, ele teria que permitir contraditório e ampla defesa ao
interessado. Essa exceção deixou de existir com o julgamento do RE 636553/RS. O STF passou a dizer que, se o
Tribunal de Contas demorar mais que 5 anos para julgar a aposentadoria, reforma ou pensão, o ato é considerado
definitivamente registrado.
-A anulação ou revogação do ato administrativo decorre do princípio da autotutela, s segundo o qual a
Administração tem o poder-dever de controlar seus próprios atos, com a possibilidade de anular aqueles que
forem ilegais e revogar os que se mostrarem inconvenientes ou inoportunos, sem precisar recorrer ao Poder
Judiciário.
Existem duas súmulas do STF que preveem esse princípio:
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Quando os referidos atos implicam invasão da esfera jurídica dos interesses individuais de seus administrados, é
obrigatória a instauração de prévio processo administrativo, no qual seja observado o devido processo legal e os
corolários da ampla defesa e do contraditório. STJ. 1ª Turma. AgInt no AgRg no AREsp 760.681/SC, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 03/06/2019.
A Lei nº 9.784/99 (art. 54) estabelece um prazo decadencial para a revisão de atos administrativos no âmbito da
Administração Pública federal, ou seja, um prazo para o exercício da autotutela.
Qual o prazo de que dispõe a Administração Pública federal para anular um ato administrativo ilegal?
Regra 5 anos, contados da data em que o ato foi praticado.
Exceção 1 Em caso de má-fé.
Se ficar comprovada a má-fé, não haverá prazo, ou seja, a Administração Pública
poderá anular o ato administrativo mesmo que já tenha se passado mais de 5 anos.
Exceção 2 Em caso de afronta direta à Constituição Federal.
O prazo decadencial de 5 anos do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o
ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal.
Trata-se de exceção construída pela jurisprudência do STF. Não há previsão na lei
desta exceção 2.
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).
(!) Será inconstitucionalidade da Lei estadual que preveja prazo de 10 anos. STF. Plenário. ADI 6019/SP, Rel. Min.
Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12/4/2021 (Info 1012). É inconstitucional por violar
o princípio da igualdade, a maioria dos Estados-membros aplica o prazo quinquenal para anulação de atos
administrativos, seja por previsão em lei própria ou por aplicação analógica do art. 54 da Lei nº 9.784/99. Logo,
“não há fundamento constitucional que justifique a situação excepcional do Estado de São Paulo, justamente o
mais rico e certamente um dos mais eficientes da Federação, impondo-se o tratamento igualitário nas relações
Estado-cidadão”. Somente são admitidas exceções ao princípio da isonomia quando houver fundamento razoável
baseado na necessidade de remediar um desequilíbrio específico entre as partes.
Cuidado! Essa lei não invadiu a competência privativa da União para legislar sobre contratos administrativos
(art.22,XXVII,CF), está inserida na competência constitucional dos Estados-membros para legislar sobre direito
administrativo (art. 25, § 1º, CF/88). A forma federativa de Estado adotada pela Constituição não admite que seja
editada uma lei nacional sobre processo administrativo. Isso afrontaria a autonomia dos entes federativos. Cada
ente possui autonomia para estruturar a sua organização e a sua forma de atuação (art. 25, CF/88).
(!) Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de
atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos
estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria. (princípio para aplicação:
razoabilidade e proporcionalidade)
a) Presunção de Legitimidade: Decorre do Princípio da Legalidade. Todo e qualquer ato administrativo deve ter
tido como verdadeiro e conforme o Direito. Essa presunção admite prova em contrário.
b) Imperatividade: É a qualidade que certos atos administrativos têm para constituir situações de observância
obrigatória em relação aos seus destinatários, independentemente da respectivas concordância ou
aquiescência.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
c) Exigibilidade: É a característica do ato administrativo que impele o destinatário à obediência das obrigações
por ele impostas, sem necessidade de qualquer apoio judicial. Em razão disso, o Estado pode exigir e obter
dos destinatários do ato administrativo o cumprimento da obrigação ou do dever imposto, sem auxílio de
ordem judicial.
d) Autoexecutoriedade: A autoexecutoriedade, ou simplesmente executoriedade, é o atributo do ato
administrativo que dá ensejo à Administração Pública de, diretamente e imediatamente, executá-lo. Para a
execução da decisão administrativa o Poder Público não necessita recorrer ao Poder Judiciário.
e) Tipicidade: É o atributo pelo o qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente
pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende
alcançar existe um ato definido em lei.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
O ato administrativo é o modo de expressão das decisões tomadas por órgãos e autoridades da Administração
Pública, que produz efeitos jurídicos, modificando, extinguindo direitos, ou impondo restrições e obrigações.
O ato administrativo deve ser editado com observância do Princípio da Legalidade. Para ser válido, além da
observância do Princípio da Legalidade, o ato administrativo precisa ser editado pelo agente competente, ter
forma adequada, objeto definido, precisa ser motivado e possuir uma finalidade. Um ato administrativo,
entretanto, embora dotado de ilegalidade, pode ser mantido pela Administração Pública, através da utilização
do instituto da sanatória.
A ratificação é o ato por meio do qual é expurgado ou corrigido um defeito relativo à competência, declarando-
se sua validade desde o momento em que foi editado. Não podem ser ratificados atos cuja competência para
edição é de competência exclusiva de autoridades indicadas na CF.
A conversão é o ato editado com aproveitamento de elementos válidos de outro ato primitivamente dotado de
ilegalidade, para a mesma finalidade deste, com retroação dos seus efeitos ao momento da edição do ato original.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Determinada empresa, após ter se sagrado vencedora de um certame licitatório, celebrou um contrato para
execução de obras com determinado estado da federação. Porém, no curso da obra, a empresa cometeu várias
faltas contratuais, atrasando injustificadamente o início da obra, paralisando-a diversas vezes sem justa causa,
além de não atender às determinações regulares da autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
execução. Em razão disso, a autoridade competente determinou a instauração de processo administrativo para
apuração das faltas, resultando na rescisão contratual pela inexecução do contrato, tendo sido garantida a prévia
defesa.
Ademais, o processo em questão foi remetido ao Secretário Estadual de Obras Públicas que decidiu aplicar a sanção
de “declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os
motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que
aplicou a penalidade”. Tomando a situação hipotética como base, elabore um texto dissertativo, com fundamento
na legislação, doutrina e jurisprudência, abordando os seguintes tópicos:
1. Conceito e exemplos do poder disciplinar; [valor: 1,20 ponto]
2. Distinção entre poder de polícia e poder disciplinar; [valor: 1,20 ponto]
3. A possibilidade de a empresa em questão firmar contrato com outro ente da federação, diverso do que lhe
aplicou a sanção em questão. [valor: 1,40 ponto]
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
A doutrina conceitua o poder disciplinar como instrumento disponibilizado à Administração Pública para apurar
infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, em
razão da existência de um vínculo de natureza especial. Assim, além dos funcionários públicos, particulares que
celebram contratos com o Poder Público e alunos de instituições públicas, por exemplo, sujeitam-se ao referido
poder administrativo. Destarte, tanto a Lei n.° 8.112/90 quanto a Lei n.° 8.666/93 estabelecem processo
administrativo e sanções disciplinares, aplicáveis nos casos de infrações às obrigações e deveres estabelecidos nas
normas de conduta, aos sujeitos regidos pelas relações jurídicas que regulam.
Por outro lado, cabe distinguir o poder de polícia do poder disciplinar. O Poder de Polícia se impõe aos particulares
independentemente da existência de vínculo de natureza especial, ou seja, ultrapassa o âmbito interno da
Administração Pública. No exercício de tal poder, pode-se impor obrigações e deveres, limitando o exercício de
um direito, interesse ou liberdade em prol do interesse público, conforme estabelece o art. 78 do Código Tributário
Nacional. Já o Poder Disciplinar é conferido ao Poder Público para punir irregularidades praticadas por seus
servidores ou pessoas submetidas à disciplina administrativa.
O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que a sanção de declaração de inidoneidade para contratar
com o Poder Público possui efeito extensivo e pode ser invocada por todos os Entes federados, pois, se uma
empresa foi punida em razão do cometimento de faltas graves, a sua contratação pelos demais Entes colocaria em
risco o interesse público.
Entretanto, a doutrina se divide acerca do assunto em questão. A primeira corrente doutrinária assevera que as
sanções possuem efeitos restritivos, limitando-se ao Ente estatal em que foram aplicadas, tendo em vista a
autonomia federativa e o princípio da competitividade aplicável às licitações (os sancionados seriam afastados dos
certames). A segunda faz distinção entre as sanções de suspensão temporária de participação em licitação, que
se restringiria ao Ente sancionador, e a de declaração de inidoneidade, que se estenderia às demais entidades
políticas. Por fim, a terceira posição defende que ambas sanções são extensíveis e podem ser invocadas por todos
os Entes federados.
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Poderes da Administração
Introdução – Poderes da Administração
Os poderes administrativos são poderes-deveres e são instrumentais. A intenção do surgimento do Direito
Administrativo era o de limitar o poder do Estado. Por isso, os poderes são instrumentos dados ao poder
público para que ele alcance o interesse público e todas as vezes que o adm. público extrapola esse caráter
instrumental, ele estará agindo ilegitimamente (ocorre o chamado abuso de poder).
Para a busca do interesse público, a Administração Pública dispõe de poderes e deveres, que são exercidos
com base nos princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público.
Ambos são ligados aos direitos e garantias fundamentais, que são verdadeiros instrumentos de proteção dos
indivíduos contra o arbítrio estatal. Ao lado das prerrogativas, temos os deveres administrativos, que são as
sujeições a que os administradores estão submetidos.
São prerrogativas que a ordem jurídica reconhece à Administração Pública para que possua instrumentos,
tendo em vista a concretização do interesse público e a prevenção do bem comum.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Uso e Abuso de Poder
A ordem jurídica impõe à Administração o dever de garantir o bem comum. Para isso, reconhece à Administração
PODERES e PRERROGATIVAS, que deve usar seus poderes e suas prerrogativas de acordo com a lei e o Direito
(princípio da legalidade).
O abuso de poder pode decorrer de condutas comissivas – quando o ato administrativo é praticado fora dos
limites legalmente postos ou de condutas omissivas – situações nas quais o agente público deixa de exercer uma
atividade imposta a ele por lei, ou seja, quando se omite no exercício de seus deveres. O abuso de poder divide-
se em:
Excesso de poder: ocorre quando o agente pratica o ato extrapolando a competência definida em lei (é vício
sanável);
Desvio de poder: ou desvio de finalidade: é vício de finalidade, que ocorre quando o agente pratica o ato
buscando atingir finalidade diversa da prevista em lei (é vício insanável).
(MPE-SC – 2013) O abuso de poder tanto pode revestir a forma comissiva como a omissiva, porque ambas são
capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do administrado. O excesso de poder, como forma de
abuso de poder, torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. O desvio de finalidade ou de poder, tal como definido na
Ação Popular, apresenta-se como causa de nulidade dos atos da Administração.
Abuso de poder
O excesso de poder ocorre em casos nos quais a O desvio de poder estará presente sempre que o
autoridade pública atua fora dos limites de sua agente do Estado praticar o ato, até mesmo dentro
competência, ou seja, exorbita ou extrapola a dos limites da competência a ele conferida, mas
competência que lhe foi atribuída, praticando atos que visando a alcançar outra finalidade que não aquela
não estão previamente estipulados por lei. Trata-se, prevista em lei.
portanto, de vício de competência a tornar nulo o ato
administrativo praticado.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Efeitos dos Abuso de Poder: Agindo com abuso de poder, por qualquer de suas formas, o agente submete sua
conduta à revisão, judicial ou administrativa. A invalidação da conduta abusiva pode dar-se na própria esfera
administrativa (autotutela) ou através de ação judicial – inclusive por MS e ação popular.
ATENÇÃO: Ainda que o ato administrativo seja discricionário, ele fica sujeito a controle jurisdicional no que diz
respeito à sua adequação com a lei, nunca na análise meritória. Assim, o juiz pode controlar os limites do mérito
administrativo, uma vez que são impostos pela lei, através dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
que surgem como instrumentos de controle, evitando excesso de poder e condutas desarrazoadas pelo
administrador.
Conceitos jurídicos indeterminados ou vagos postos na lei traduzem uma discricionariedade do administrador
(ex: a lei diz que a Adm. Pública pode dissolver uma passeata em caso de tumulto para garantir a paz pública →
O que é “tumulto”? O que é “paz pública”? Trata-se de conceitos jurídicos indeterminados, que serão analisados
caso a caso pelo administrador). Em se tratando de exercício discricionário, como a discricionariedade decorre da
lei, se, a pretexto de praticar um ato discricionário, o administrador público extrapola os limites da lei, o Poder
Judiciário pode controlá-lo no que tange aos aspectos da legalidade. É vedado, porém, que o Judiciário controle
o mérito administrativo, substituindo os critérios de oportunidade e conveniência do administrador.
ATENÇÃO: Qual é o limite do mérito nos conceitos jurídicos indeterminados? Na razoabilidade!!! O Judiciário
pode controlar o ato em caso de atuação desarrazoada do adm. público, pois isso configura ilegalidade por
violação ao princípio da razoabilidade. O grande problema é o chamado ativismo judicial, quando o Judiciário
extrapola os limites da sua atuação.
Poderes Administrativos
Poder Normativo Trata-se do poder que a Adm. Pública tem de editar normas gerais e abstratas (atos
ou Regulamentar normativos), dentro dos limites estabelecidos na lei. Existem vários atos normativos, tais
como resoluções, deliberações, instruções normativas, entre outros.
Um desses atos que merece atenção é o regulamento, também chamado de decreto
regulamentar, ato privativo do chefe do Poder Executivo. Por isso, para a doutrina moderna
a expressão “poder regulamentar” (poder de expedir regulamentos) é apenas uma das
espécies de poder normativo. No direito comparado, temos uma subdivisão dos
regulamentos em:
- executivos: expedido para fiel execução da lei;
- autônomos: expedido para substituir a lei, quando esta faltar.
No Brasil, a princípio, NÃO é autorizada a expedição de regulamento autônomo. No entanto,
o art. 84, VI, CF prevê algumas hipóteses que autorizam a edição excepcional de
regulamento autônomo, quais sejam:
a) extinção de cargo público, desde que vago;
b) tratamento de matéria de organização administrativa, desde que não gere despesas e não
crie nem extinga órgãos públicos.
Poder É o poder que a Adm. Pública tem de organização e estruturação interna da atividade. Entre
Hierárquico órgãos e agente de uma MESMA pessoa jurídica, pode-se falar em manifestação de poder
hierárquico. Essa hierarquia justifica a anulação de atos administrativos praticados por
agentes subordinados e a possibilidade de delegação e a avocação de competência.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
ATENÇÃO: Entre pessoas jurídicas diversas, não há hierarquia!!!
Vinculação ou Tutela Administrativa: vinculação entre os entes da Adm. Direta e Indireta
que permite àquela controlar os atos desta. Essa relação não se funda na hierarquia, mas sim
na criação por meio de lei dos entes descentralizados do Poder Público.
Avocação Delegação
Desde que as atribuições não sejam da É a extensão de atribuições de um órgão a
competência exclusiva do órgão
outro de mesma hierarquia ou de hierarquia
subordinado, o chefe poderá chamar para inferior, desde que não sejam exclusivas. A
si, de forma temporária, a competência que
delegação também é exercida de forma
deveria inicialmente ser exercida pelo temporária. Nesse sentido, é importante
agente subalterno. Saliente-se, dessa salientar que a delegação não configura uma
forma, que a avocação é a tomada transferência, mas sim uma extensão ou
temporária de competência legalmente ampliação de competência, ou seja, o
atribuída a um agente subordinado, por agente delegante não perde a competência
outro agente de hierarquia superior. delegada. É designada cláusula de reserva
essa regra de manutenção da competência
A avocação de competência dentro de uma pelo agente, mesmo após a delegação, e
mesma linha hierárquica é chamada de: esta cláusula está implícita nos atos
avocação vertical. (TCE-RO 2019) administrativos de delegação.
ATENÇÃO: O STF considera como autoridade coatora o agente que praticou o ato, ainda que
o tenha feito por delegação, conforme dispõe a súmula 510.
Poder Disciplinar É o poder de apurar infrações. Aplicando sanções e penalidades por parte do Poder Público
a todos aqueles que possam ter vínculo de natureza especial com o Estado (servidores ou
não, normalmente por relação hierárquica ou contratual). Não é possível a aplicação desse
poder a particulares, por não possuírem vínculo com a Administração.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
ATENÇÃO: Nem toda sanção decorre do poder disciplinar!!! Isso porque, o poder disciplinar
é o poder de aplicar penalidades àqueles que têm um vínculo especial com a Adm. Pública
(ex: multa aplicada a particular que celebrou contrato com a Adm. por desrespeitar uma
previsão contratual; ex2: servidor público sofre uma sanção disciplinar por descumprir regra
prevista no Estatuto). Esse vínculo especial pode decorrer de contrato administrativo ou da
própria hierarquia decorrente de vínculo funcional com a Adm.
O poder disciplinar deve ser precedido de procedimento que assegure ao particular o devido
processo legal, o contraditório e a ampla defesa. Todo e qualquer ato de aplicação de
penalidade, deve ser SEMPRE motivado. Para a doutrina tradicional (Hely Lopes Meirelles),
os atos decorrentes do poder disciplinar são praticados, em regra, no exercício de
competência discricionária. A discricionariedade, no entanto, não é ampla, no que tange à
opção entre sancionar ou não o agente infrator.
Em verdade, a Adm. Pública, uma vez tendo o conhecimento de um fato, não tem a escolha
se vai punir ou não o infrator. A discricionariedade fica limitada à extensão da sanção. Ex: em
se tratando de infração praticada por um servidor público, o ente público tem a obrigação de
instaurar o PAD. A discricionariedade fica adstrita ao tempo que se estenderá uma penalidade
de suspensão, haja vista a Lei 8.112/90 autorizar sua aplicação por até 90 dias.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
• A portaria de instauração do PAD prescinde de minuciosa descrição dos fatos imputados,
sendo certo que a exposição pormenorizada dos acontecimentos se mostra necessária
somente com o indiciamento do servidor.
• No PAD a alteração da capitulação legal imputada ao acusado não enseja nulidade, uma
vez que o indiciado se defende dos fatos nele descrito e não dos enquadramentos legais.
• O PAD deve ser conduzido por comissão composta de servidores estáveis no atual cargo
que ocupam e não apenas no serviço público.
• Da revisão do PAD não pode resultar agravamento da pena imposta.
Poder de Polícia
É o poder que a Administração tem de restringir o exercício de liberdades individuais e o uso/gozo/disposição
da propriedade privada, sempre para adequá-los ao interesse público. É uma atividade tipicamente administrativa
e aplica-se a todos os particulares, sem necessidade de demonstração de qualquer vínculo de natureza especial.
É a prerrogativa do poder público de, calcado na lei, definir parâmetros de uso e gozo dos direitos de liberdade e
propriedade individuais, na busca do interesse público. Poder de polícia não gera dever de indenizar, pois ele não
retira um direito, ele define a forma de exercê-lo.
Polícia Polícia Judiciária visa a prevenção e a repressão à prática de ilícitos criminais e que tem seu
Administrativa x estudo situado nas disciplinas de Direito Processual Penal, incidindo sobre as pessoas. Já a
Polícia Judiciáriapolícia administrativa, estabelecida no art. 78 CTN, incide sobre bens e direitos,
condicionando-os à busca pelo interesse da coletividade.
Discricionariedade A doutrina tradicional entende que uma das características ou atributos do poder de polícia é
e Vinculação do a discricionariedade. Todavia, o poder de polícia não será sempre discricionário, haja vista a
Poder de Polícia possibilidade de previsão legal de atos vinculados decorrentes do exercício do poder de
polícia.
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Natureza dos atos A doutrina tradicional costumava apontar o poder de polícia como um poder negativo, haja
do Poder de vista o fato de que os atos decorrentes dessa atividade encerram a exigência de abstenções a
Polícia particulares. Como regra, os atos do poder de polícia estabelecem obrigações de não fazer ou
tolerar. Porém, modernamente, vêm-se admitindo atos positivos decorrentes do exercício do
poder de polícia, ou sejam determinadas situações, com previsão legal expressa, o Poder
Púbico determinar obrigações de fazer aos particulares em decorrência dos atos de polícia.
Delegação dos É pacífico o entendimento de que os atos que manifestam expressão do Poder Público, como
Atos de Poder de Polícia Administrativa, não podem ser delegados porque ofenderiam o equilíbrio entre os
Polícia particulares em geral e colocariam em risco a ordem social. Contudo, parte da doutrina admite
a delegação em situações específicas, certos atos materiais que precedem a atos jurídicos de
polícia podem ser praticados por particulares, por delegação ou simples contrato de prestação
de serviços. Nesses casos, não seriam delegados os atos de polícia em si, mas tão somente
atividades materiais de execução. Desta forma, a delegação de poder de polícia em si é
proibido, permite-se apenas a delegação da execução.
ATENÇÃO: O STF ao julgar a ADI Nº 1717 declarou que os conselhos reguladores de profissão
têm natureza jurídica de autarquia, uma vez que atuam no exercício do poder de polícia, ao
estabelecer restrições ao exercício de liberdade profissional e que tal poder é indelegável a
particulares.
Dentro desse contexto, considerando que o poder de polícia é parcialmente delegável, alguns
autores nacionais dividem a atividade em 4 ciclos:
1º) Ordem de polícia (é indelegável!!!) – consiste na imposição de restrições aos particulares,
dentro dos limites da lei, independentemente da sua concordância. Ex: casos em que se veda
a aquisição de armas de fogo.
2º) Fiscalização de polícia (admite delegação!!!): possibilidade de controlar as atividades
submetidas ao poder de polícia, com o intuito de verificar seu cumprimento, podendo, para
tanto, se valer de inspeções, análise de documentos, etc. STF: é possível a contratação de
empresas privadas para a instalação de radares, extração de multas e encaminhamento
para o Estado. Nesse caso, não há delegação do poder de polícia propriamente dito, mas tão
somente de alguns aspectos materiais necessários à execução do poder de polícia. Esses
aspectos materiais que admitem delegação correspondem às fases de fiscalização e
consentimento de polícia.
3º) Consentimento de polícia (admite delegação!!!): hipóteses em que a lei autoriza o
exercício de determinada atividade condicionada à aceitabilidade estatal. Ex: autorizações e
licenças.
4º) Sanção de polícia (é indelegável!!!): aplicação de penalidades nas situações em que se
verifica o descumprimento das normas impostas pelo poder público, justificando a
culminação de sanções, como multas e embargos de obras, por ex. (Aqui houve mudança de
entendimento pelo STF – Hj é delegável);
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Rege-se pelo Direito Administrativo. Rege-se pelo Direito Processual Penal.
Quem exerce
O poder de polícia é exercido pelos órgãos e entidades da Administração Pública. Vale
ressaltar que, em alguns casos, o poder de polícia pode ser exercido por órgão que também
exerça o poder de polícia judiciária. Ex: quando a Polícia Federal faz a fiscalização das
empresas de segurança privada ou quando emite passaporte.
Modalidades de exercício
PREVENTIVO REPRESSIVO
Poder de polícia preventivo ocorre Poder de polícia repressivo ocorre quando a
quando a Administração Pública Administração Pública impõe sanções
estabelece normas prevendo que o administrativas ao particular que pratica um
particular somente poderá exercer ilícito administrativo.
determinado direito se cumprir algumas Vale ressaltar que a aplicação dessa sanção não
exigências. depende do Poder Judiciário, podendo ser
aplicada diretamente pela própria
Administração. A isso chamamos de
autoexecutoriedade.
Ex: licença para dirigir, autorização para Ex: interdição do estabelecimento comercial,
porte de arma de fogo etc. apreensão de mercadorias etc.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Controle judicial
Os atos de poder de polícia são atos administrativos e poderão ter a sua validade impugnada
no Poder Judiciário pelas pessoas eventualmente prejudicadas.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
radares de velocidade nas vias públicas. Isso porque esta é apenas uma atividade de apoio ao
poder de polícia. A imposição da multa continuaria sendo privativa do Estado.
Em suma, segundo esse julgado do STJ:
•o poder de polícia é uma atividade típica do Estado, não podendo ser delegada a particulares.
Ex: imposição de multa de trânsito.
•as atividades de apoio ao poder de polícia podem ser delegadas. Ex: instalação de radares.
Voltando ao caso concreto: Para o STF, a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte
– BHTRANS pode ser delegatária do poder de polícia de trânsito, inclusive quanto à aplicação
de multas, porquanto se trata de estatal municipal de capital majoritariamente público, que
presta exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não
concorrencial, consistente no policiamento do trânsito da cidade de Belo Horizonte. A posição
do STF foi a que prevaleceu, devendo ser adotada nas provas.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Modernamente a discricionariedade administrativa está sendo entendida de forma ampla, abarcando não
apenas a ideia do mérito administrativo, mas também de conceitos indeterminados e, ainda, a sua compreensão
a partir de princípios.
O Poder Judiciário, quando chamado a emitir o controle jurisdicional sobre os atos administrativos, deve
primeiramente apreciar cada um dos seus elementos, para poder perceber que tipo de ato praticado se trata –
vinculado ou discricionário. Estando diante de um ato administrativo vinculado, o magistrado irá efetivar o
controle jurisdicional tendo por base a legalidade. Será apreciada a compatibilização da prática administrativa
com o preceituado em lei (exame externo dos atos administrativos).
Já se for um ato discricionário, é pacífico na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que não é devido
ao judiciário apreciar o mérito administrativo, mas existe a possibilidade de análise do ato para evitar
arbitrariedades. Há, portanto, a possibilidade de o Judiciário verificar, à luz da legalidade (das normas e dos
princípios constitucionais inspiradores da função administrativa) a validade dos atos administrativos
discricionário, apreciando-os de forma limitada.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
11) Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas intrinsecamente ao serviço prestado pelas
empresas ao consumidor, incidirá a Taxa de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do Instituto
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a regularidade desses
equipamentos.
12) É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários decorrente do
poder de polícia atribuído à Comissão de Valores Mobiliários - CVM, visto que os efeitos da Lei n. 7.940/89 são de
aplicação imediata e se prolongam enquanto perdurar o enquadramento da empresa na categoria de beneficiária
de incentivos fiscais.
13) Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento
das Atividades de Fiscalização - FUNDAF têm natureza jurídica de taxa, tendo em vista que o seu pagamento é
compulsório e decorre do exercício regular de poder de polícia.
As operadoras de cartão de Existem dois tipos de instituições que podem emitir cartões de crédito:
crédito em sentido estrito 1) instituições financeiras, que emitem e administram cartões próprios ou de
passam a ser reguladas e terceiros e concedem financiamento direto aos portadores;
fiscalizadas pelo Conselho 2) operadoras de cartão de crédito em sentido estrito, que são empresas não
Monetário Nacional e pelo Banco financeiras que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros, que
não financiam os seus clientes.
Central apenas após a edição da
MP 615/2013
As instituições financeiras que emitem e administram cartões próprios ou de
terceiros (primeiro tipo acima) já eram fiscalizadas pelo Bacen, nos termos do
art. 10, IX, da Lei nº 4.595/64. Por outro lado, as operadoras de cartão de crédito
em sentido estrito só passaram a ser reguladas e fiscalizadas pelo CMN e pelo
Bacen após a edição da MP 615/2013.
Vale ressaltar que as calçadas são consideradas bens públicos, como bens
de uso comum do povo (art. 99, I, do Código Civil). A ninguém é lícito
ocupar espaço público (no caso, a calçada), exceto se estritamente
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
conforme a legislação e após regular procedimento administrativo. Se o
apossamento do espaço urbano público ocorre ilegalmente, incumbe ao
administrador, sob risco de cometimento de improbidade e infração
disciplinar, fazer a imediata demolição de eventuais construções
irregulares e a desocupação de bem turbado ou esbulhado. STJ. 2ª Turma.
REsp 1846075-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020
(Info 671).
O termo “bombeiro civil” pode Profissionais de empresas privadas que exerçam atividade de prevenção
ser utilizado pelos profissionais e combate ao incêndio podem adotar a nomenclatura “bombeiro civil”.
de empresas privadas atuantes O art. 2º da Lei nº 11.901/2009 dispõe que são “bombeiros civis” os
no ramo empregados contratados tanto por empresas públicas quanto privadas
que exerçam atividade de prevenção e combate ao incêndio.
A Lei nº 12.664/2012 não revogou a Lei nº 11.901/2009, mas apenas
proibiu o uso de uniformes que possuam insígnias, distintivos e emblemas
representativos das instituições públicas. STJ. 1ª Turma. REsp 1.549.433-
DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 09/04/2019 (Info 648).
Agência de turismo que faça A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações
câmbio é equiparada à de câmbio é equiparada a instituição financeira e subordina-se à regular
instituição financeira e está intervenção fiscalizatória do Banco Central.
sujeita à fiscalização do BACEN
Consideram-se instituições financeiras as pessoas jurídicas públicas ou
privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
propriedade de terceiros (art. 17 da Lei nº 4.595/64). STJ. 1ª Turma. REsp
1.434.625-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/04/2019 (Info 647).
Obs: esse mesmo entendimento pode ser aplicado para a seara dos crimes
contra o Sistema Financeiro Nacional (art. 1º, I, da Lei nº 7.492/86): STJ.
5ª Turma. RHC 9.281/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe 30/10/2000.
Apreensão de veículo utilizado O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto n. 3.179/1999 (redação original),
no carregamento de madeira quando permite a liberação de veículos e embarcações mediante
sem autorização pagamento de multa, não é compatível com o que dispõe o art. 25, § 4º,
da Lei n. 9.605/1998; entretanto, não há ilegalidade quando o referido
dispositivo regulamentar admite a instituição do depositário fiel na figura
do proprietário do bem apreendido por ocasião de infração nos casos em
que é apresentada defesa administrativa - anote-se que não se está
defendendo a simplória liberação do veículo, mas a devolução com a
instituição de depósito (e os consectários legais que daí advêm),
observado, entretanto, que a liberação só poderá ocorrer caso o veículo
ou a embarcação estejam regulares na forma das legislações de regência
(Código de Trânsito Brasileiro, p. ex.). STJ. 1ª Seção. REsp 1.133.965-BA,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/04/2018 (Info 625).
Fiscalização prévia do camarão É obrigatória a prévia fiscalização do camarão in natura, ainda que na
in natura condição de matéria-prima, antes do beneficiamento em outros Estados
da Federação, podendo tal atividade ser realizada no próprio
estabelecimento rural onde se desenvolve a carcinicultura.
STJ. 1ª Turma.REsp 1536399-PI, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
08/02/2018 (Info 620).
A administração pública possui Um dos atributos do poder de polícia é a autoxecutoriedade. Isso significa
interesse de agir para tutelar em que a Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar
juízo atos em que ela poderia seus atos e decisões, sem precisar de prévia autorização judicial.
atuar com base em seu poder de
polícia A Administração, contudo, pode, em vez de executar o próprio ato,
ingressar com ação judicial pedindo que o Poder Judiciário determine essa
providência ao particular.
Ante a omissão do órgão Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que
estadual na fiscalização o outorgante da licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de
IBAMA pode exercer o seu poder polícia administrativa, porque não se pode confundir competência para
de polícia administrativa licenciar com competência para fiscalizar. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp
1484933/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 21/03/2017.
Não cabe ao Banco Central O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar
fiscalizar o Serasa a atividade das instituições financeiras. O Serasa não é uma instituição
financeira, considerando que não exerce coleta, intermediação nem
aplicação de recursos financeiros, nem a custódia de valor de propriedade
de terceiros, seja como atividade principal ou acessória.
Logo, não é da atribuição do Banco Central a fiscalização das atividades do
Serasa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 1/12/2016 (Info 595).
O IBAMA possui interesse A atividade fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente
jurídico e pode exercer poder de concede ao IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer seu poder de
polícia administrativa ambiental polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado em área cuja
dentro de área cuja competência competência para o licenciamento seja do Município ou do Estado.
para o licenciamento seja do Nos termos da legislação federal de regência, a competência concorrente
Município ou do Estado. (rectius: competência comum) não inibe a atuação do IBAMA, ainda mais
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
não tendo havido a interferência de órgão ambiental local. STJ. 2ª Turma.
REsp 1560916/AL, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 06/10/2016.
A ANVISA deve exigir que as A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA deve exigir, na
fabricantes dos produtos rotulagem dos produtos alimentícios, a advertência da variação de 20%
alimentícios advirtam, no rótulo, nos valores nutricionais. STJ. 2ª Turma. REsp 1537571-SP, Rel. Min.
que os valores nutricionais ali Herman Benjamin, julgado em 27/09/2016 (Info 677).
informados podem ter uma
variação de até 20% em relação
aos números apresentados
O PROCON possui poder de O PROCON detém poder de polícia para impor multas (art. 57 do CDC)
polícia para impor sanções decorrentes de transgressão às regras ditadas pela Lei n.º 8.078/90.
administrativas relacionadas à Assim, a sanção administrativa aplicada pelo PROCON reveste-se de
violação do CDC legitimidade, em virtude de seu poder de polícia (atividade administrativa
de ordenação) para cominar multas relacionadas à transgressão do CDC.
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1594667/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 04/08/2016.
Atribuição para classificar como Se a ANVISA classificou determinado produto importado como
medicamento produto importado "cosmético", a autoridade aduaneira não poderá alterar essa classificação
para defini-lo como "medicamento". Incumbe à ANVISA regulamentar,
controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde
pública (art. 8º da Lei nº 9.782/99). Assim, é da Agência a atribuição de
definir o que é medicamento e o que é cosmético. STJ. 1ª Turma. REsp
1.555.004-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
16/2/2016 (Info 577).
As ações propostas pelo A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais não pode
profissional contra o poder de ser incluída entre as competências estabelecidas no art. 114 da
polícia realizado pelo Conselho Constituição Federal, uma vez que não há relação de trabalho entre o
Profissional são julgadas pela Conselho de Fiscalização Profissional e os profissionais perante ele
Justiça Federal comum (e não registrados. O que há entre eles é uma relação de natureza estatutária
pela Justiça do Trabalho) (isto é, regrada por atos normativos, e não por contrato), pertencente ao
domínio do Direito Administrativo. Desse modo, se o profissional (ex:
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médico) não concorda com uma determinação do respectivo Conselho
(ex: CRM) e decide ingressar com ação judicial questionando a medida, tal
demanda não é de competência da Justiça do Trabalho, mas sim da Justiça
Federal comum. STJ. 1ª Seção. CC 127.761/DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 28/08/2013.
O PROCON tem competência O PROCON é órgão competente para aplicar multa à Caixa Econômica
para aplicar multa à Caixa Federal em razão de infração às normas de proteção do consumidor, pois
Econômica Federal por infração sempre que condutas praticadas no mercado de consumo atingirem
às normas do Código de Defesa diretamente os consumidores, é legítima sua atuação na aplicação das
do Consumidor, sanções administrativas previstas em lei, decorrentes do poder de polícia
independentemente da atuação que lhe é conferido.
do Banco Central do Brasil
A atuação do PROCON não inviabiliza, nem exclui, a atuação do BACEN,
autarquia que possui competência privativa para fiscalizar e punir as
instituições bancárias quando agirem em descompasso com a Lei n.º
4.565/64, que dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias,
Bancárias e Creditícias. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1148225/AL, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 13/11/2012.
Súmulas sobre o poder de polícia: Súmula Vinculante 38: É competente o município para fixar o horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.
Súmula vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei
municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do
mesmo ramo em determinada área.
Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao
público, é da competência da União.
Súmula 312-STJ: No processo administrativo para imposição de multa de
trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da
pena decorrente da infração.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do
processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de
promover a execução da multa por infração ambiental.
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Controle da Administração Pública
Conceito de Controle da Administração Pública
Pode-se conceituar controle administrativo como o conjunto de instrumentos definidos pelo ordenamento
jurídico a fim de permitir a fiscalização da atuação estatal por órgãos e entidades da própria Administração
Pública, dos Poderes Legislativo e Judiciário, assim como pelo povo diretamente, compreendendo ainda a
possibilidade de orientação e revisão da atuação administrativa de todas as entidades e agentes públicos,
em todas as esferas de poder.
O controle é fundamental para dar legitimidade à atuação do poder público, garantindo a adequação das
condutas dos agentes públicos às necessidades da sociedade, de forma a permitir uma maior eficiência na
execução das atividades públicas.
É o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder de
FISCALIZAÇÃO e de REVISÃO da atividade administrativa em qualquer das esferas de poder.
Palavras-chave: Fiscalização + Revisão.
Fundamentos: Legalidade e eficiência.
Finalidade: Interesse público.
Quanto à Controle É aquele exercido dentro de um mesmo Poder, por meio de órgãos
extensão do Interno especializados (art. 74 CF) ou entre órgãos de uma mesma entidade quando
controle manifesta relação de hierarquia ou entre órgãos de entidades diferentes (ex:
controle que a adm. direta exerce sobre a adm. indireta de um mesmo
poder).
Por Vinculação Decorre do poder exercido pela adm. direta sobre as entidades
descentralizadas, não se caracterizando como subordinação hierárquica,
mas tão somente como uma espécie de supervisão. Restringe-se à verificação
do enquadramento do ente descentralizado às disposições definidas na lei
específica responsável pela sua criação, de forma a analisar se o ente cumpre
suas finalidades estatutárias.
Controle Administrativo
Trata-se de controle exercido pela própria Administração Pública em relação a suas condutas, em decorrência
do poder da autotutela. Não se pode esquecer de que a Administração Pública deve ser analisada enquanto
órgão e entidade que atua no exercício da função administrativa, o que determina a possibilidade de
manifestação deste controle nos outros poderes do Estado que não o Poder Executivo.
Com efeito, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, quando atuam, atipicamente, no exercício da função
administrativa, deverão exercer o controle dos seus atos, sendo este considerado um controle administrativo.
Imagine-se, a título de exemplo, que um determinado tribunal, em virtude de análise de mérito, determinou a
revogação de edital de licitação publicado para aquisição de bens e serviços necessários ao regular
funcionamento do órgão.
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Os meios de controle administrativo são a supervisão ministerial sobre as entidades personalizadas que
integram a Administração Indireta (também chamado de controle finalístico) e o controle hierárquico típico
dos órgãos da administração direta.
A cada um dos poderes foi conferida uma parcela da autoridade soberana do Estado. Para a
convivência harmônica entre esses poderes existe o mecanismo de controles recíprocos (checks
and balances). Esse mecanismo, contudo, não chega ao ponto de autorizar a instauração de
processo administrativo disciplinar por órgão representante de um poder para apurar a
responsabilidade de ato praticado por agente público de outro poder.
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Recursos Administrativos
De acordo com Maria Sylvia Zanella DI PIETRO, os recursos administrativos são todos os
mecanismos a disposição dos particulares para provocar o reexame de algum ato praticado
pelo Poder Público.
A garantia recursal, em processos administrativos, não pode ser submetida à exigência de depósito prévio ou
de caução, haja vista o fato de que isso restringiria o acesso à ampla defesa.
Na seara administrativa, NÃO há vedação da reformatio in pejus, ou seja, uma decisão proferida em sede de
recurso administrativo poderá piorar a situação do recorrente, em respeito ao princípio da verdade material e
da legalidade estrita da atuação administrativa.
Após a tramitação do processo em todas as instâncias, legalmente permitidas, estará formada a coisa julgada
administrativa. A expressão coisa julgada administrativa designa tão somente situação que não poderá ser
objeto de discussão na esfera administrativa, já que sempre haverá a possibilidade de se recorrer às vias
judiciais.
Recurso hierárquico O recurso hierárquico impróprio é dirigido à autoridade que não possui posição de
impróprio superioridade hierárquica em relação a quem praticou o ato recorrido, mas tão
somente a possibilidade de controle em decorrência de vinculação. Trata-se, neste
caso, de recurso que decorre do poder de supervisão ministerial, dependendo de
expressa previsão legal para que seja interposto regularmente. Ex: recurso contra
decisão tomada por autarquia, que seja endereçado ao Ministro da pasta à qual a
entidade recorrida está vinculada.
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Controle Legislativo
O controle legislativo poderá ser exercido de ofício ou mediante provocação de particulares interessados que
terão o poder de representar aos órgãos controladores com denúncias de irregularidades.
Controle Trata-se de controle efetivado pelo próprio parlamento diretamente, mediante
Parlamentar manifestação do Congresso Nacional, ou por meio de uma de suas casas. As hipóteses
Direto estão espraiadas no texto constitucional e podem ser exemplificadas, a saber:
I. Compete ao Congresso Nacional autorizar o Presidente da República a declarar guerra,
a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar.
II. Somente o Congresso poderá autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República
a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias.
III. É competência do Congresso a suspensão dos atos normativos do Chefe do Executivo
que extrapolem o poder regulamentar, invadindo seara de lei.
IV. O Congresso também é responsável por julgar anualmente as contas prestadas pelo
Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo.
V. É de competência do Senado Federal processo e julgamento do Presidente e do Vice
Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como dos Ministros de
Estado e dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles, após autorização da Câmara dos Deputados para
recebimento da denúncia e instauração do processo.
VI. A Carta Magna prevê ainda a criação de comissões parlamentares de inquérito - CPI's.
VII. O Congresso Nacional tem o poder de sustar contratos, mediante parecer apresentado
pelo Tribunal de Contas da União.
Exemplos de
Controle
Legislativo Direto
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Controle O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do Poder Legislativo no controle externo. Tem
exercido pelos competência para fiscalização de quaisquer entidades públicas, incluindo as contas do
Tribunais de Ministério Público, Legislativo e Judiciário, assim como para efetivar seu controle sobre
Contas entidades privadas que utilizem dinheiro público para execução de suas atividades.
2. Fiscalizadora:
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Ex: realização de inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo
e Judiciário, bem como das entidades responsáveis pela gestão dos recursos públicos (art.
71, IV CF).
Ex 2: fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, ao Estado, ao DF ou
Município (art. 71, VI CF). Sobre o tema:
3. Julgadora:
É a prerrogativa para julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos da Administração Direta e Indireta, bem como as contas
daqueles que deram causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público (art. 71, II CF).
Obs: No decorrer dos julgamentos efetivados, o TC poderá declarar, incidenter tantum, a
inconstitucionalidade de leis e normas (Súmula 347 STF).
4. Registro:
Os Tribunais de Contas apreciam, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão
de pessoal, a qualquer título, na Adm. Direta e Indireta, excetuadas as nomeações para
cargos comissionados, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório (art. 71, III CF).
5. Sancionadora:
O texto constitucional admite a aplicação de sanções pelos Tribunais de Contas aos
responsáveis por ilegalidade da despesa ou irregularidade de contas (art. 71, VIII CF). A Lei
8.443/93 (Lei Orgânica do TCU) prevê algumas prerrogativas sancionatórias, tal como a
declaração de inidoneidade por até 5 anos ao licitante que frauda licitação (art. 46).
6. Corretiva:
Os TC podem determinar a correção de irregularidades administrativas, assinalando prazo
para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, quando constatada ilegalidade (art. 71, IX CF). Em caso de desatendimento, o
Tribunal poderá sustar a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara
dos Deputados e ao Senado Federal (art. 71, X CF).
7. Ouvidoria:
É a atribuição de receber denúncias de irregularidades ou ilegalidades apresentadas por
qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato (art. 74, §2º CF).
Controle Judicial Inicialmente, cumpre ressaltar que, no que tange ao controle da Administração Pública, o
Direito Brasileiro adotou o sistema de jurisdição única, em detrimento ao sistema do
contencioso administrativo.
B) AÇÃO POPULAR
É remédio constitucional, regulamentado no art. 5°, LXXIII CF, proposta por qualquer
cidadão que, embora não tenha sido diretamente lesado pelo ato que ele pretende anular,
considere o ato lesivo ao interesse coletivo.
Ressalte-se não haver prerrogativa de foro para julgamento da ação popular, sendo assim,
a ação tramitará, necessariamente, perante juiz singular, competindo à justiça federal a
análise do feito, nas hipóteses previstas no art. 109 CF. Em caso contrário, a ação será
proposta perante juiz estadual.
Info 605 STJ (2017): A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de
transporte público urbano viola a ordem pública, mormente nos casos em que houver,
por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada para
fixação dos preços era técnica. Segundo a “DOUTRINA CHENERY”, o Poder Judiciário não
pode anular um ato político adotado pela Administração Pública sob o argumento de que
ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo questões
técnicas e complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios
adotados pela Administração são corretos ou não. Assim, as escolhas políticas dos órgãos
governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, NÃO podem
ser invalidadas pelo Poder Judiciário.
C) HABEAS DATA
Trata-se de ação constitucional, prevista no art. 5°, LXXII CF, que visa à garantia do direito
fundamental à informação. Com efeito, a ação é cabível sempre para garantir o direito à
informação acerca da pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de
entidades governamentais ou de caráter público.
Além disso, também é cabível para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo e também para a anotação nos
assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas
justificável, e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
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A petição inicial deve ser instruída com a prova de que o agente público se recusou a
prestar as informações, ou não o fez no prazo de 10 dias - situação em que se configura a
recusa tácita. Em casos de acréscimo e retificação de informações, a recusa tácita ocorre
após 15 dias sem manifestação do poder público.
Info 609 STJ (2017): A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do plantão de
24 horas em Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude não constitui abuso de poder,
tampouco extrapola o controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário. O STJ considerou que, ao
não se oferecer plantão 24 horas na Delegacia especializada de apuração dos atos infracionais, houve
violação à CF/88, ao art. 172 do ECA e também ao item 12.1 das Regras de Beijing considerando que, fora
do horário de funcionamento da Delegacia, os jovens infratores serão submetidos às unidades policiais
comuns, onde estarão expostos ao contato com presos maiores de idade. A decisão governamental de
encerrar o plantão na Delegacia não é uma escolha aceitável do Estado sob os aspectos moral e ético,
representando induvidosa preterição de uma prioridade imposta pela Constituição Federal, além de
conduta contrária à lei e ao tratado internacional, constituindo, portanto, hipótese na qual se admite que o
Poder Judiciário intervenha legitimamente no caso mesmo em se tratando de um ato discricionário.
E) MANDADO DE INJUNÇÃO
O art. 5°, LXXI CF define, que "conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.
Com efeito, trata-se de ação especial proposta com a finalidade de se evitar que a omissão
legislativa cause prejuízos ou obste o exercício de direitos e garantias constitucionalmente
previstas no texto constitucional.
F) DEMAIS AÇÕES É possível a propositura de ADI, seja ela por ação ou omissão, da ADC,
além da ADPF.
Ato INTERNA Podem ser assim conceituados os atos praticados, na estrutura interna dos Tribunais ou
CORPORIS das Casas do Poder Legislativo, dentro dos limites de sua competência definida por lei,
para a instituição de normas internas. Em tais casos, a doutrina costuma afirmar que,
diante da ampla discricionariedade atribuída a estas condutas, como forma de garantia da
separação de Poderes, não é possível a análise destes atos por decisão jurisdicional, salvo
em casos de lesão direta ou ameaça de lesão a direitos individuais, quando, então, não se
admite o afastamento do controle judicial.
Questão de A prova discursiva da banca CEBRASPE exigiu que o candidato redigisse um texto
prova discursiva dissertativo explicando ‘as modalidades de controle administrativo, legislativo e
Oficial de Justiça jurisdicional exercidas no Brasil’, bem como incluísse ‘dois exemplos de cada uma delas.
TJ-RJ (2021) Nota-se que este conteúdo é muito pertinente para o seu estudo, bem como é muito
frequente em provas para esta área de atuação.
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Redigir Para abordar as modalidades de controle administrativo, legislativo e jurisdicional
dissertativo exercidas no Brasil, o candidato deve discorrer que Controle Administrativo
explicando ‘as
modalidades de Os mecanismos de controle da administração pública mostram-se imprescindíveis para
controle regular a prestação dos serviços públicos e para o próprio funcionamento do regime
administrativo, democrático. No âmbito do controle interno exercido por cada Poder, evidencia-se a
legislativo e prerrogativa de autotutela conferida aos Poderes da República. No tocante ao controle
jurisdicional recíproco exercido entre os Poderes, revela-se o sistema de freios e contrapesos
exercidas no estabelecidos pela Constituição Federal de 1988.
Brasil’, bem
como incluísse Nesse prisma, o controle administrativo é o que tem como fonte a própria administração
‘dois exemplos originária do ato sob exame. Pode ser exercido pelo Poder Executivo, pelo Poder
de cada uma Legislativo e pelo Poder Judiciário, já que a sua característica principal é a capacidade de
delas. fiscalização dentro da mesma estrutura de poder. Materializa-se por meio do poder de
autotutela de que dispõe a administração para sindicar e rever os atos por ela emanados.
Poder ser exemplificado pela possibilidade de apresentação de recursos administrativos,
pela atuação de órgãos correcionais, pelo controle decorrente do poder hierárquico, pela
resolução de processos administrativos, entre outros.
O controle jurisdicional, por sua vez, manifesta-se pela fiscalização, realizada pelo Poder
Judiciário, dos atos emanados pelos Poderes Executivo e Legislativo, além daqueles
oriundos de seus próprios órgãos. Pode ser exemplificado pelo manejo de ações judiciais
em que são questionados atos dos demais poderes, tais como mandado de segurança. A
ação popular, a ação civil pública, o habeas corpus, o habeas data, entre outros.
A finalidade do controle é a de assegurar que a Administração atue em consonância com os princípios que lhe
são impostos pelo ordenamento jurídico, para que atenda aos interesses e necessidades da coletividade.
CLASSIFICAÇÃO
QUANTO À Controle Administrativo: a Administração pode exercer controle sobre seus atos, é o
NATUREZA chamado poder de autotutela que pode ocorrer mediante provocação ou, ainda, de
DO ÓRGÃO ofício
CONTROLADOR
Controle Legislativo: é executado pelo Poder Legislativo diretamente – também chamado
de controle parlamentar direto - ou mediante auxílio do Tribunal de Contas.
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Controle Judicial: é realizado pelo Poder Judiciário, mediante provocação de qualquer
interessado. Esse tipo de controle somente atua nos aspectos de legalidade dos atos
administrativos.
QUANTO AO Controle por subordinação: é aquele realizado por autoridade hierarquicamente superior
ÂMBITO a quem praticou o ato.
DE ATUAÇÃO
Controle por vinculação: decorre do poder exercido pela administração direta sobre as
entidades descentralizadas. Não se confunde com a subordinação, eis que entre pessoas
diferentes não há hierárquica
QUANTO À Controle de Legalidade: tem o intuito de analisar se o ato administrativo foi praticado em
NATUREZA conformidade com o ordenamento jurídico. Pode ser exercido pela própria
DO CONTROLE Administração Pública, de ofício ou mediante provocação, no exercício do poder de
autotutela, bem como pelo Poder Judiciário, desde que provocado, ou mesmo
pelo Poder Legislativo, em alguns casos previstos na CRFB/88. O resultado do controle
de legalidade é a anulação do ato
CONTROLE ADMINISTRATIVO
É o controle realizado pela própria administração pública sobre seus próprios atos. Destaca-se
que esse poder decorre do poder de autotutela exercido pelos órgãos administrativos do Poder
Executivo, bem como pelos Poderes Legislativo e Judiciário
MEIOS DE Controle hierárquico é exercido no âmbito de uma mesma pessoa jurídica administrativa,
CONTROLE com o intuito de ordenar e coordenar atividades, além de atuar na orientação e revisão
de atos administrativos viciados ou inoportunos e inconvenientes ao interesse público.
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Supervisão ministerial se manifesta entre pessoas jurídicas diferentes, sendo também
designado como controle finalístico, ou tutela administrativa. Esse controle depende de
norma legal que imponha os limites e a forma de exercício
ÓRGÃOS DE Controladoria Geral: é o órgão de controle dos entes federativos e atuam com ampla
CONTROLE prerrogativa de investigação com a finalidade de garantir maior transparência e
INTERNO moralidade na prestação de contas públicas.
Conselho Nacional de Justiça (CNJ): é órgão do Poder Judiciário, composto por quinze
membros com mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo presidido pelo
presidente do Supremo Tribunal Federal. Os demais membros serão nomeados pelo
Presidente da República mediante aprovação do Senado Federal.
MEIOS DE Representação: é o ato por meio do qual o particular requer a anulação de ato lesivo ao
PROVOCAÇÃO interesse público. O peticionante não é necessariamente prejudicado pelo ato, mas haja
DA representado o interesse coletivo.
ADMINISTRAÇÃ
O Reclamação: o particular prejudicado visa anular o ato administrativo que causou
prejuízos diretamente
Recursos: para combater uma decisão por motivo de ilegalidade, seja por motivo de
mérito.
RECURSOS
O direito ao duplo grau de julgamento na esfera administrativa é garantido sobretudo pela Súmula
Vinculante nº 21 do STF que considera inconstitucional qualquer lei que exija depósito prévio ou caução para
interposição de recursos administrativos.
Na seara administrativa, não há vedação da reformatio in pejus, em razão do princípio da verdade material
CONTROLE LEGISLATIVO
O controle legislativo, também denominado de controle parlamentar, é o controle realizado
pelos órgãos do legislativo ou por comissões parlamentares sobre os atos do Poder
Executivo.
ESSE CONTROLE Controle político que analisará as decisões sob o aspecto da discricionariedade,
SE oportunidade e conveniência do interesse público
PAUTA EM DOIS
CRITÉRIOS: Controle financeiro que é exercido pelo Tribunal de Contas
CONTROLE É o controle realizado pelo Congresso Nacional, ou por uma das casas de forma direta. Esse
PARLAMENTAR controle é realizado nos moles previstos pela Constituição de 1988 sob pena de violação
DIRETO ao princípio da separação dos poderes.
CONTROLE COM O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do Poder Legislativo no controle externo, auxiliando
AUXÍLIO DO a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
TRIBUNAL entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
DE CONTAS economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas
CONTROLE O Brasil adotou o sistema inglês ou sistema de jurisdição única, o qual estabelece que é
JUDICIAL competência do Poder Judiciário, quando provocado, resolver as lides em caráter de
definitividade
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A figura do OMBUDSNAN
O Ombudsman é uma figura presente no controle da Administração Pública em diversos países, principalmente da
Europa, de onde se extrai os principais aspectos deste instituto. Em uma tradução livre, a palavra significa “procurador”,
haja vista que o termo ombud significa “representar alguém” e man significa homem. Neste sentido, o ombudsman seria
uma pessoa ou órgão com a função de representação da coletividade (ou do parlamento) no controle da Administração
Pública.
O instituto foi criado na Suécia, fruto das condições econômicas desfavoráveis do país, da monarquia e da participação
em muitas guerras. Neste contexto, o parlamento criou a figura do justitie-ombudsman, pessoa eleita pelo próprio
parlamento, com a atribuição de supervisionar o cumprimento das leis pelos funcionários do Estado.
No Brasil, embora a Constituição Federal não tenha previsto expressamente, a institucionalização do ombudsman
ocorreu em alguns Estados, porém, com nome diverso. Em Curitiba-PR, por exemplo, surgiu com a nomenclatura de
“Ouvidor Geral”. Em Minas Gerais, a Constituição Estadual previu a criação, por lei complementar, da “Ouvidoria do
Povo”, órgão auxiliar do Poder Legislativo na fiscalização dos serviços públicos estaduais (art. 268).
Ademais, pode-se extrair o fundamento de criação do Ombudsman do próprio Estado Democrático de Direito e do
princípio republicano, haja vista a necessidade de se preservar e garantir os direitos fundamentais, as leis e os princípios
de direito. Suas atribuições envolvem a função de vigilância do cumprimento das leis, dos princípios e dos direitos
fundamentais por parte da Administração Pública.
Entretanto, é importante destacar que o controle realizado pelo Ombudsman sobre a Administração Pública possui
natureza meramente administrativa, e não contenciosa ou jurisdicional, uma vez que suas decisões não vinculam o
Poder Público.
Desta maneira, as decisões do Ombudsman possuem caráter meramente persuasivo, não podendo invadir a seara da
Administração Pública (autotutela) nem a seara do Poder Judiciário, não possuindo poderes para realizar a invalidação
ou revogação de atos administrativos.
Por este motivo, possui competência apenas para emitir recomendações e suas decisões não vinculam a Administração
Pública. No entanto, sua atuação se fundamento em seu poder de persuasão, possuindo uma força moral para induzir a
Administração Pública a tomar as decisões corretas na defesa da legalidade, da legitimidade e dos direitos fundamentais.
Pode-se verificar ainda que a Constituição Federal, embora não o tenha feito expressamente, reconheceu a função de
Ombudsman ao Ministério Público, haja vista o seu papel de destaque na defesa da ordem jurídica e do patrimônio
público.
Mas é importante ressaltar: a função de Ombudsman não se encontra nas atribuições para promover a ação penal, mas
na atribuição de defesa da ordem jurídica.
Trata-se de reconhecimento do Ministério Público como verdadeiro representante do povo na defesa da legalidade e
dos seus direitos fundamentais.
A aparente dificuldade de compatibilizar a função meramente persuasiva do Ombudsman com o Ministério Público é
facilmente superada, haja vista que compete ao parquet emitir recomendações ministeriais visando à melhoria dos
serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe
promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis (art. 6º, XX, LC 75/93).
Trata-se de documento persuasivo que expõe, em ato formal, razões fáticas e jurídicas uma determinada violação da lei
ou dos princípios de direito, recomendando uma conduta a ser adotada pelo destinatário.
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Outra vantagem do Ministério Público é que seus membros são escolhidos por meio de Concurso Público e não por
eleição do parlamento, o que torna o procedimento mais isonômico e justo, evitando designações políticas.
Teoria do Fato
CONCEITO: Segundo esta teoria, as situações jurídicas consolidadas pelo decurso do tempo,
Consumado
amparadas por decisão judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da segurança
jurídica e da estabilidade das relações sociais (STJ. REsp 709.934/RJ). Assim, de acordo com essa
posição, se uma decisão judicial autorizou determinada situação jurídica e, após muitos anos,
constatou-se que tal solução não era acertada, ainda assim não deve ser desconstituída para que
não haja insegurança jurídica. Em suma, seria uma espécie de convalidação da situação pelo
decurso de longo prazo.
A Teoria do Fato Consumado é admitida pela jurisprudência no caso de posse em cargo público por
força de decisão judicial provisória? Maria deve continuar no cargo? NÃO. O STF entende que a
posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório não implica
a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em
concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor constitucional que prepondera sobre o interesse
individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança
legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial. STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753).
Trata-se de um princípio que ganhou destaque inicialmente na Alemanha, por volta da década de 50.
Segundo esse princípio, os comportamentos adotados pelo Estado, em virtude da presunção de
legitimidade, geram no particular a confiança de que são atos legais. Logo, o administrado não pode
ser prejudicado caso esse ato seja desfeito (revogado ou anulado) já que, de boa-fé, acreditou
(confiou) que eram legítimos.
O princípio da proteção da confiança legítima está relacionado com a boa-fé e com o princípio da
segurança jurídica.
O princípio proteção da confiança legítima é adotado pelo STF em algumas situações? SIM. O STF
reconhece o princípio da confiança legítima, por exemplo, quando, por ato de iniciativa da própria
Administração, decorrente de equivocada interpretação da lei ou dos fatos, o servidor recebe
determinada vantagem patrimonial ou alguma condição jurídica melhor. Nesses casos, o servidor
tinha a legítima confiança de que aquela vantagem era legítima.
Assim, mesmo que fique, posteriormente, constatada a ilegitimidade dessa verba, esse servidor não
será obrigado a restituí-la, considerando que a recebeu de boa-fé e exigir que ele devolvesse violaria
o princípio da confiança legítima.
E por que o STF não aplica o princípio da proteção da confiança legítima para os casos de posse em
cargo público por força de medida judicial provisória posteriormente revogada? Porque nesses
casos a nomeação e a posse no cargo ocorrem por iniciativa, provocação, requerimento do próprio
particular interessado e contra a vontade da Administração Pública que, inclusive, contesta o pedido
feito na Justiça.
Logo, não há que se falar em legítima confiança do administrado já que não foi a Administração
Pública quem praticou o ato nem reconheceu o direito.
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Em situações envolvendo concurso público não faz sentido invocar-se o princípio da proteção da
confiança legítima, haja vista que o candidato beneficiado com a decisão não desconhece que o
provimento jurisdicional tem natureza provisória e que pode ser revogado a qualquer momento,
acarretando automático efeito retroativo.
Vale ressaltar, por fim, que a concessão da tutela antecipada corre por conta e responsabilidade do
requerente.
O servidor que teve a sua posse tornada sem efeito em virtude da revogação da decisão anterior
terá que devolver as verbas recebidas? Em nosso exemplo, João terá que restituir a remuneração
que percebeu ao longo desses anos? NÃO. Isso porque a remuneração possui caráter alimentar que,
como regra, é irrepetível. Além disso, se fosse exigida a devolução haveria enriquecimento ilícito por
parte do Estado considerando que o servidor trabalhou durante esse período.
A jurisprudência, tanto desta Corte quanto do STF, está firmemente orientada no sentido
de rejeitar a invocação da teoria do fato consumado para consolidar situação constituída
por força de liminar posteriormente cassada, sob pena de perpetuar situação contrária à
lei. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 42.386/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
15/05/2014.
Não há falar em aplicação da teoria do fato consumado nas hipóteses em que a participação
do candidato no concurso foi autorizada por medida judicial precária. (...) STJ. 5ª Turma.
AgRg nos EDcl no RMS 30.094/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/08/2014.
A novidade é que agora o STF decidiu o tema sob a sistemática da repercussão geral, a tendência é
que os demais Tribunais passem a adequar seus acórdãos a esse entendimento.
SINTETIZANDO:
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório
não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia
aprovação em concurso público (CF, art. 37, II), valor constitucional que prepondera sobre o
interesse individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio da
proteção da confiança legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial. Em suma,
não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo público por
força de decisão judicial provisória posteriormente revista. STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753).
117
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Processo Administrativo
Material atualizado – Lei 14.210/2021 (sobre decisão coordenada no âmbito da Adm Pública Federal)
Processo Administrativo
Configura-se por uma serie concatenada de atos administrativos, respeitando uma ordem posta por lei, com
uma finalidade específica, ensejando a prática de um ato final.
O processo administrativo não depende de provocação de terceiros para ser iniciado, uma vez que o princípio
da autotutela, garantido à Administração Pública, admite que os processos se iniciem ex officio.
Finalidades do Instrumento de controle
Processo Garantia da democracia
Administrativo Diminuição dos encargos
Aperfeiçoamento da atuação estatal
Finalidade de documentar a atividade estatal
Princípios aplicáveis ao Processo Administrativo
P. da Oficialidade ou Ainda que o processo administrativo tenha se iniciado por iniciativa particular, não
Impulso Oficial depende de manifestação deste para seu impulso, ou seja, a movimentação do
processo incumbe ao poder público que deve atuar independentemente de
provocação do interessado.
Devido Processo Legal Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Contraditório e ampla É o direito conferido ao particular de saber o que acontece no processo administrativo
defesa ou judicial de seu interesse, bem como o direito de se manifestar na relação
processual, requerendo a produção de provas e provocando a sua tramitação.
Instrumentalidade das A forma é o instrumento para alcance dos objetivos do ato. Por isso, o vício de forma
Formas é sanável quando não gerar prejuízo, desde que mantido o interesse público face à
aplicação do referido princípio.
Informalismo ou Em matéria processual, são obrigatórias as formalidades indispensáveis à segurança
Formalismo Necessário jurídica do cidadão que devem ser observados pela Administração Pública na
condução do feito.
Verdade Real Busca o conhecimento do fato efetivamente ocorrido, a verdade absoluta.
Gratuidade Os processos administrativos são gratuitos, não havendo cobrança de custas,
emolumentos ou ônus sucumbenciais aos particulares envolvidos. É vedada a
Administração Pública a cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas
em lei.
Legalidade O administrador público só pode atuar quando a lei autorizar essa atuação. Não
havendo previsão legal, está proibida a atuação do ente público.
Motivação É dever imposto ao ente estatal de indicar os pressupostos de fato e de direito que
determinaram a prática de atos administrativos.
Princípios previstos na Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
Lei 9.784/99 legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito; II - atendimento a fins de interesse
geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei; III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a
promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV - atuação segundo padrões éticos de
probidade, decoro e boa-fé; V - divulgação oficial dos atos administrativos,
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição ; VI - adequação entre
meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII -
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indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII -
observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX -
adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza,
segurança e respeito aos direitos dos administrados; X - garantia dos direitos à
comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à
interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
situações de litígio; XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas
as previstas em lei; XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo
da atuação dos interessados; XIII - interpretação da norma administrativa da forma
que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação.
Aplicação Subsidiária
No âmbito da União é a lei 9.784/99 que estabelece todas as normas atinentes aos processos
administrativos, sendo aplicável aos Estados ou Municípios em que não tenham legislação sobre a matéria
conforme o entendimento do STJ.
Toda vez que houver uma legislação específica tratando de determinado processo administrativo, a lei
9.784/99 será aplicada somente de forma subsidiária a este regramento.
Atenção: para aplicação de penalidades de servidores públicos, é imposta a aplicação da lei 8.112/90 que é
específica para tais procedimentos.
Início do Processo
O início do processo pode ser iniciado por provocação do interessado ou de ofício, por interesse da
Administração Pública.
É vedada à Administração Pública a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor
orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
Em situações excepcionais, a provocação pode ser feita verbalmente.
Admite-se que mais de um interessado formule pedidos idênticos, em um único documento formal, salvo
disposição em contrário em leis específicas.
Competência A competência para prática dos atos administrativos deve ser definida em lei ou em ato
Administrativa administrativo geral, sendo tratada pela lei como irrenunciável, imprescritível e
insuscetível de prorrogação.
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É admitida por lei a delegação e avocação de competência, desde que de forma
temporária e excepcional, devendo ser justificadas.
A delegação de competência é ato discricionário representada pela extensão de
competência efetivada de um agente para outro de mesma hierarquia ou de hierarquia
inferior, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou
territorial.
O agente delegado é a autoridade coatora em casos de impetração de MS em face do ato
praticado por delegação (art. 14,§3º, Lei 9.784/99 e súmula 510 STF).
A avocação é a possibilidade conferida ao agente público de, em situações excepcionais,
devidamente justificadas, tomar para si, temporariamente, a competência de agente
subordinado.
Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente
a exigir.
Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização
e a assinatura da autoridade responsável.
Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na
qual tramitar o processo. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento
prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado
se outro for o local de realização.
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O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do
interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
A intimação deverá conter: I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa; II -
finalidade da intimação; III - data, hora e local em que deve comparecer; IV - se o intimado deve comparecer
pessoalmente, ou fazer-se representar; V - informação da continuidade do processo independentemente do
seu comparecimento; VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento.
A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado. No caso de interessados
indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de
publicação oficial.
As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do
administrado supre sua falta ou irregularidade.
O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
direito pelo administrado.
Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de
deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu
interesse.
Lei 14.210/2021 Acrescenta o Capítulo XI-A à Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, para dispor sobre a
decisão coordenada no âmbito da administração pública federal.
Art. 49-A
Da Decisão Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as decisões administrativas que
Coordenada exijam a participação de 3 (três) ou mais setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas
mediante decisão coordenada, sempre que:
§ 2º (VETADO).
§ 3º (VETADO).
I - de licitação;
Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir direito a voz, será deferida
por decisão irrecorrível da autoridade responsável pela convocação da decisão coordenada.
Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser intimados na forma do art.
26 desta Lei.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável pela elaboração de
documento específico sobre o tema atinente à respectiva competência, a fim de subsidiar
os trabalhos e integrar o processo da decisão coordenada.
Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo abordará a questão objeto da
decisão coordenada e eventuais precedentes.
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão coordenada deverá ser
manifestado durante as reuniões, de forma fundamentada, acompanhado das propostas
de solução e de alteração necessárias para a resolução da questão.
Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao objeto da convocação.
Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada será consolidada em ata, que
conterá as seguintes informações:
IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das propostas de atos
governamentais relativos ao objeto da convocação;
§ 2º (VETADO).
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União, do qual deverão constar,
além do registro referido no inciso IV do caput deste artigo, os dados identificadores da
decisão coordenada e o órgão e o local em que se encontra a ata em seu inteiro teor, para
conhecimento dos interessados.”
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VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte
integrante do ato. (motivação aliunde)
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva
ata ou de termo escrito.
Recursos O prazo para interposição do recurso é de 10 dias, salvo disposição em contrário.
Administrativos É encaminhado primeiramente, com pedido de reconsideração, a autoridade que proferiu
a decisão e, se dentro do prazo de 5 dias não houver reconsideração, esse é direcionado à
autoridade superior.
O recorrente deverá expor os fundamentos do pedido do reexame, podendo ainda juntar
os documentos que julgar convenientes.
A parte contrária será intimada para apresentar razões em 5 dias.
Prazo para julgamento: 30 dias + 30 (desde que justificado) – trata-se de prazo impróprio,
pois o seu desrespeito não gera nulidade do processo, salvo se causar prejuízo de defesa
mas pode gerar responsabilidade do agente causador (súmula 592 STJ).
O limite de tramitação de um processo na esfera administrativa, nos moldes da lei é de 3
instâncias. Após essas 3 instâncias ocorre o que a doutrina denomina coisa julgada
administrativa.
Não Sempre que for interposto recurso fora do prazo.
recebimento Se for apresentado após exaurida a esfera administrativa.
do recurso e Ou interposto por quem não seja legitimado para tanto.
seus efeitos Interposto perante órgão incompetente, sendo indicado ao recorrente a autoridade
administrativos competente e devolvido o prazo para recurso.
Atenção: o não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever, de ofício.
O ato ilegal, desde que não ocorrida a preclusão administrativa.
Da Reformatio Não há vedação a reformatio in pejus de uma decisão de recurso administrativo poderá
in Pejus piora a situação do recorrente, em respeito ao princípio da verdade material e da
legalidade estrita da atuação administrativa.
Da Revisão Não se trata de recurso, mas sim de novo processo no qual a administração proferirá outra
decisão sobre a mesma matéria.
Depende da alegação de fatos novos a serem analisados pela autoridade julgadora que
justifiquem o entendimento de inadequação da penalidade aplicada, não havendo prazo
para interposição.
Aqui é vedada a reformatio in pejus.
Contagem de Assim, como no processo civil, os prazos começam a correr a partir da data da cientificação
Prazos do ato oficial, excluindo-se da contagem o dia do seu início e incluindo-se o do vencimento.
Qual o prazo de que dispõe a Administração Pública Federal para anular um ato administrativo ilegal?
Regra 5 anos, contados da data em que o ato foi praticado.
Exceção 1 Em caso de má-fé.
Se ficar comprovada a má-fé, não haverá prazo, ou seja, a Adm. Pública poderá anular o ato
administrativo mesmo que já tenha se passado mais de 5 anos.
Exceção 2 Em caso de afronta direta à Constituição Federal
O prazo decadencial de 5 anos do art. 54 da Lei 9.784/99 não se aplica quando ao ato anulado
afronta diretamente a CF. Trata-se de exceção comstruída pela jurisprudência do STF. Não há
previsão na lei dessa exceção (Info 741 STF).
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Processo Administrativo Disciplinar
É cediço que os agente públicos que praticam atos infracionais se sujeitam, pelos atos praticados, a sanções de
natureza penal, civil e administrativa, sendo que as instâncias são independentes entre si e, desta forma, a
decisão proferida em uma dessas instâncias não interfere nas demais.
Sindicância Procedimento inquisitorial, no qual não se exige a garantia do contraditório, por meio
Investigatória ou do qual o Poder Público deverá formar o seu conhecimento acerca do cometimento ou
Preparatória não de infrações administrativas de servidores públicos.
Jamais ensejará a aplicação direta de penalidade, mas pode ensejar a instauração de
processo administrativo disciplinar, para aplicação de sanção ao servidor faltosos ou a
instauração de uma sindicância contraditória. Em casos de infrações mais leves,
puníveis com advertência ou sanção por até 30 dias.
Não tem previsão expressa em lei e decorre de uma leitura sistemática da lei 9.784/99.
Sindicância Processo administrativo simplificado, suficiente e adequado para aplicação das
Contraditória ou penalidades de advertência ou suspensão por até 30 dias (arts. 143 e 145 da Lei
Acusatória 8.112/90).
Deve respeitar o contraditório e a ampla defesa, sob pena de ser declarada ilegal.
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Prazo máximo de duração de 30 dias + 30 dias (critério da autoridade superior). O prazo
é impróprio.
Este pode resultar: (1) arquivamento do processo; (2) aplicação de penalidade e (3)
instauração de PAD ( no caso de se apurar, no bojo da sindicância, infração mais grave,
praticada pelo servidor público).
Se a sindicância concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, cópia dos
autos serão encaminhadas ao MP, independentemente da imediata instauração do
processo disciplinar.
Processo Afastamento preventivo (art. 147 da lei 8.112/90): medida acautelatória utilizada pela
Administrativo autoridade administrativa se a permanência do servidor no cargo puder atrapalhar o
Disciplinar (PAD) andamento do processo, pelo prazo máximo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias,
mantida obrigatoriamente sua remuneração integral.
A instauração do PAD interrompe o prazo prescricional para aplicação da penalidade
administrativa.
Para o STJ a interrupção é de 140 dias, depois desse prazo reinicia normalmente a
contagem.
A verdade sabida não está mais presente, pois nenhuma penalidade pode ser aplicada
sem processo, mesmo que o PAD seja mais simplificado.
Fases do Processo Administrativo Disciplinar
Instauração Designa-se uma comissão formada por 3 servidores estáveis que não sejam cônjuges
ou parentes até o 3º grau civil do acusado.
O presidente, indicado pela autoridade competente, deve ser detentor de cargo ou ter
nível de escolaridade igual ou superior do acusado. Terá um secretário servidor
designado pelo seu presidente.
A instauração para apuração de infrações é o ato administrativo vinculado, não
podendo ser dispensando pela autoridade.
O STJ entende que a portaria que designa a comissão e a instaura o PAD não precisa
trazer uma descrição minuciosa dos fatos, inclusive como forma de evitar uma
presunção de culpabilidade do servidor.
A jurisprudência do STJ vem admitindo a apuração de denúncias anônimas, desde que
narrem fatos objetivamente e de forma plausível.
Inquérito Inquérito Administrativo: o inquérito se divide em 3 momentos: instrução probatória,
Administrativo a defesa e a elaboração do relatório pela comissão do processo.
Provas Atenção: um servidor estava respondendo a um processo judicial e, ao mesmo tempo,
a um processo administrativo disciplinar. No bojo do processo judicial, foi determinada
licitamente a interceptação telefônica. É possível que essa prova seja emprestada o
processo administrativo, levando-se em conta que foi regularmente realizada na esfera
judicial? Em processo administrativo não se admite interceptação telefônica, mas não
há óbice para prova emprestada, desde que tenha sido produzida regularmente no
processo judicial.
Prazos O réu terá 10 dias para apresentação de defesa, sendo-lhe assegurada a vista do
processo na repartição pública.
Se o acusado não for encontrado e a citação ocorrer por edital, publicado no DOU e em
jornal de grande circulação na localidade do último domicílio conhecido, o prazo para
apresentação de defesa será de 15 dias.
Havendo 2 ou + acusados no mesmo processo, o prazo de defesa será de 20 dias (prazo
comum).
O prazo para defesa poderá ser prorrogado em dobro, para diligências ditas
indispensáveis e caso o indiciado se recurse em apor o ciente na cópia de citação.
Havendo revelia, um defensor dativo será designado.
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O defensor dativo não precisa ser, necessariamente, advogado, mas deve ter cargo ou
nível de escolaridade igual ou superior ao acusado.
Após a defesa, a comissão elabora um relatório opinativo.
O STF manifestou entendimento recente de que o relatório da comissão não é
vinculante.
Julgamento A autoridade julgadora proferirá o julgamento, no processo administrativo, em um
prazo máximo de 20 dias e, quando a infração estiver capitulada como crime, o
processos disciplinar será remetido ao MP para instauração da ação penal, ficando
transladado na repartição.
Atenção! O prazo de duração do PAD é de 60 dias + 60 dias – até a elaboração do
relatório, depois a autoridade terá mais 20 dias para julgamento, sendo tais prazos
impróprios.
Impugnações Administrativas do Julgamento
Pedido de É julgado pela própria autoridade que efetivou o julgamento do processo e não pode
Reconsideração ser feito novamente após o seu julgamento.
Recurso Dirigido à autoridade superior àquela que proferiu a decisão impugnada.
O pedido de reconsideração e o recurso deverão ser interpostos no prazo de 30 dias.
O pedido de reconsideração e o recurso deverão ser despachados no prazo de 5 dias e
decididos em 30 dias.
pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição, a
qual não pode ser relevada pela administração, por se tratar matéria de ordem pública.
Revisão Não tem prazo para interposição.
O seu requisito está na alegação de fatos novos ou na inadequação da penalidade.
Fato novo é aquele que ainda não foi analisado no processo.
Se falecido, ausente ou desaparecido o servidor, a lei permite expressamente que a
revisão do processo seja requerida por qualquer pessoa da família e, em casos, de
incapacidade, o respectivo curador será responsável por fazer o requerimento da
revisão.
O requerimento das revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou a
autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente
do órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.
O prazo prescricional é de 5 anos para a demissão, cassação de aposentadoria e
disponibilidade e 120 dias para os demais (art. 110 da Lei 8.112/90).
A lei veda reformatio in pejus.
Processo Sumário
Introdução É mais célere e se enquadra nos casos de aplicação de penalidades por abandono de
cargo, inassiduidade habitual e também acumulação ilegal de cargos.
Facilidade de comprovação da materialidade das irregularidades.
O prazo máximo de duração é de 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias.
Comissão Composta por 2 servidores estáveis
Fase Instrutória Após comprovação, a comissão lavrará, até 3 dias após a publicação do ato que a
constitui, termo de indiciação, em que serão transcritas as informações necessárias,
bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de
sua chefia imediata, para, no prazo de 5 dias, apresentar defesa escrita, assegurando
vista do processo na repartição.
Defesa Deve ser apresentada em prazo menor.
Relatório Deve indicar o respectivo dispositivo legal violado e remeter o processo à autoridade
instauradora, para julgamento.
Abandono de Ausência intencional do servidor por mais de 30 dias consecutivos.
Cargo É vedada a acumulação remunerada de cargos e empregos públicos.
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Atenção: Exceções previstas na CF/88: 2 cargos de professor; 2 de profissionais de
saúde com profissão regulamentada; a acumulação de 1 cargo técnico ou científico
mais 1 cargo de professor, devendo sempre haver compatibilidade de horários.
A materialidade aqui se dá pela indicação precisa do período de ausência intencional
do servidor ao serviço superior a 30 dias.
Inassiduidade Falta ao serviço, sem causa justificada, por 60 dias interpoladamente, durante o
Habitual período de 12 meses.
Acumulação Ilegal É vedada a acumulação remunerada de cargos e empregos públicos.
de Cargos Atenção: Exceções previstas na CF/88: 2 cargos de professor; 2 de profissionais de
saúde com profissão regulamentada; a acumulação de 1 cargo técnico ou científico
mais 1 cargo de professor, devendo sempre haver compatibilidade de horários.
Antes da instauração do processo, o servidor será notificado para fazer a opção entre
os cargos ocupados, dentro do prazo legal de 10 dias, ou até o último da do prazo para
a defesa, sendo exonerado automaticamente do outro cargo.
O art. 142, § 1º da Lei nº 8.112/90 prevê que o prazo prescricional da ação disciplinar “começa a correr da data em que o fato
se tornou conhecido”. O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para
instaurar o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e não a ciência de qualquer autoridade da Administração Pública. STJ. 1ª
Seção. MS 20.615/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 08/03/2017.
10) A ausência de termo de compromisso de membro de comissão processante não implica nulidade do PAD, uma
vez que tal designação decorre de lei e recai, necessariamente, sobre servidor público, cujos atos funcionais gozam
de presunção de legitimidade e de veracidade.
11) É possível a substituição de membros da comissão processante, desde que respeitados, quanto aos membros
designados, os requisitos insculpidos no art. 149 da Lei n. 8.112/1990.
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
competente, observado o disposto no § 3º do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante
de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
12) As alegações de imparcialidade e de suspeição de membro da comissão processante devem estar fundadas em
provas, não bastando meras conjecturas ou suposições desprovidas de qualquer comprovação.
13) A imparcialidade de membro de comissão não fica prejudicada tão somente por este compor mais de uma
comissão processante instituída para apuração de fatos distintos que envolvam o mesmo servidor.
14) Declarações prestadas à mídia por autoridade pública, acerca de irregularidades cometidas por servidores
públicos a ela subordinados, não ensejam, por si só, a nulidade do PAD.
15) A simples oitiva de membro da comissão processante, da autoridade julgadora ou da autoridade instauradora
como testemunha ou informante no bojo de outro processo administrativo ou até mesmo penal que envolva o
investigado não enseja, por si só, o reconhecimento da quebra da imparcialidade.
16) Na composição de comissão de processo administrativo disciplinar, é possível a designação de servidores
lotados em órgão diverso daquele em que atua o servidor investigado, não existindo óbice nas legislações que
disciplinam a apuração das infrações funcionais.
17) Em regra, a instauração de processo administrativo disciplinar contra servidor efetivo cedido dar-se-á no órgão
em que tenha sido praticada a suposta irregularidade (cessionário), devendo o julgamento e a eventual aplicação
de sanção ocorrer no órgão ao qual o servidor efetivo estiver vinculado (cedente).
A instauração de processo administrativo disciplinar pelo órgão cessionário para a apuração de responsabilidade de
servidor a ele cedido não impede a atuação do órgão cedente, a quem compete prosseguir na investigação e aplicar
a penalidade cabível (STJ. 1ª Seção. MS 17.590/DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 11/12/2019).
18) Compete ao Ministro de Estado da Educação a instauração de procedimento administrativo disciplinar e a
aplicação de penalidades previstas na Lei n. 8.112/1990 contra servidor integrante do quadro de pessoal de
Universidade Pública Federal, por força do disposto nos Decretos n. 3.035/1999 e n. 3.669/2000.
19) A participação de membro do Ministério Público em conselho da polícia civil torna nulo o procedimento
administrativo disciplinar instaurado para processar e para julgar servidor público estadual, por prática de ato
infracional.
20) A convalidação de atos, determinada pelo Supremo Tribunal Federal - STF na ADPF n. 388, não alcança aqueles
produzidos no âmbito de processo administrativo disciplinar declarado nulo em razão da participação de membro
do Ministério Público em conselho da polícia civil estadual.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
21) O superintendente regional de Polícia Federal é competente para designar os membros de comissão
permanente de disciplina, bem como para determinar a abertura de procedimento administrativo disciplinar no
âmbito da respectiva superintendência.
22) A designação de comissão temporária para promover processo administrativo disciplinar é legítima, nos termos
da Lei n. 8.112/1990, já que a existência de comissão permanente para a apuração de faltas funcionais só é exigida
para os casos determinados em lei.
23) Os policiais rodoviários federais se sujeitam às disposições da Lei n. 8.112/1990, que nada dispõe sobre a
necessidade de ser permanente a comissão que conduz o processo administrativo disciplinar instaurado para apurar
responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições.
24) A designação de comissão temporária para promover processo administrativo disciplinar contra servidor
policial federal viola os princípios do juiz natural e da legalidade, a teor da Lei n. 4.878/1965, que exige a condução
do procedimento por comissão permanente de disciplina.
25) A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
(Súmula Vinculante n. 5/STF)
Assim, a presença de advogado em PAD é facultativa. O acusado pode ser acompanhado por advogado se assim desejar. No
entanto, não é obrigatório que o processado tenha a assistência jurídica. Logo, caso não tenha sido auxiliado por advogado,
tal circunstância não gera a nulidade do PAD.
Vale ressaltar que a SV 5 refere-se ao típico processo administrativo disciplinar, ou seja, aquele que tramita no âmbito da
Administração Pública. A SV 5 não se aplica aos procedimentos administrativos disciplinares realizados em sede de execução
penal. Nesses procedimentos é imprescindível a existência de defesa técnica, sob pena de afronta aos princípios do
contraditório e da ampla defesa, aos ditames da LEP e à legislação processual penal (STJ. 5ª Turma. HC 517.663/MG, Rel. Min.
Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado em 01/10/2019).
26) É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo
juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. (Súmula n. 591/STJ)
27) A decretação de nulidade no processo administrativo depende da demonstração do efetivo prejuízo para as
partes, à luz do princípio pas de nullité sans grief.
28) O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver
demonstração de prejuízo à defesa. (Súmula n. 592/STJ)
29) As instâncias administrativa e penal são independentes entre si, salvo quando reconhecida a inexistência do fato
ou a negativa de autoria na esfera criminal.
A sentença proferida no âmbito criminal somente repercute na esfera administrativa quando reconhecida a inexistência
material do fato ou a negativa de sua autoria. Assim, se a absolvição ocorreu por ausência de provas, a administração não está
vinculada à decisão proferida na esfera penal (STJ. 2ª Turma. REsp 1323123/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
07/05/2013).
30) É possível haver discrepância entre a penalidade sugerida pela comissão disciplinar e a aplicada pela autoridade
julgadora desde que a conclusão lançada no relatório final não guarde sintonia com as provas dos autos e a sanção
imposta esteja devidamente motivada.
31) A Administração Pública, quando se depara com situação em que a conduta do investigado se amolda às
hipóteses de demissão ou de cassação de aposentadoria, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos
gravosa por se tratar de ato vinculado.
32) Não há falar em ofensa ao princípio da proporcionalidade e da razoabilidade quando a única reprimenda prevista
para a infração disciplinar apurada é a pena de demissão.
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33) A autoridade administrativa pode aplicar a pena de demissão quando, em processo administrativo disciplinar, é
apurada a prática de ato de improbidade por servidor público, tendo em vista a independência das instâncias civil,
penal e administrativa.
34) A Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) não revogou, de forma tácita ou expressa, os
dispositivos da Lei n. 8.112/1990, em relação aos processos administrativos disciplinares.
35) É possível utilizar a Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.492/1992), em interpretação sistemática, para
definir o tipo previsto no art. 132, IV, da Lei n. 8.112/1990 e justificar a aplicação de pena de demissão a servidor.
36) Na esfera administrativa, o proveito econômico auferido pelo servidor é irrelevante para a aplicação da
penalidade no processo disciplinar, pois o ato de demissão é vinculado (art. 117 c/c art. 132 da Lei n. 8.112/1990),
razão pela qual é despiciendo falar em razoabilidade ou proporcionalidade da pena.
37) A demonstração do ânimo específico de abandonar o cargo público que ocupa (animus abandonandi) é
necessária para tipificar conduta de servidor como prática de infração administrativa de abandono de cargo.
38) A pena de cassação de aposentadoria prevista nos art. 127, IV, e art. 134 da Lei n. 8.112/1990 é constitucional
e legal, inobstante o caráter contributivo do regime previdenciário.
39) O fato de o acusado estar em licença para tratamento de saúde não impede a instauração de processo
administrativo disciplinar, nem mesmo a aplicação de pena de demissão.
40) Em caso de inobservância de prazo razoável para a conclusão de processo administrativo disciplinar, não há falar
em ilegalidade na concessão de aposentadoria ao servidor investigado.
41) Quando o fato objeto da ação punitiva da administração também constituir crime, o prazo prescricional no
âmbito administrativo disciplinar será regido pela pena cominada em abstrato (art. 109 do Código Penal - CP),
enquanto não houver sentença penal condenatória, e pela pena aplicada em concreto, após o trânsito em julgado
ou o não provimento do recurso da acusação (art. 110, § 1º, c/c art. 109 do CP).
Lei nº 8.112/90: Art. 142. (...) § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares
capituladas também como crime.
Vale ressaltar que o prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às infrações disciplinares também capituladas como
crime independentemente da apuração criminal da conduta do servidor. Assim, para se aplicar a regra do § 2º do art. 142 da
Lei nº 8.112/90 não se exige que o fato esteja sendo apurado na esfera penal (não se exige que tenha havido oferecimento de
denúncia ou instauração de inquérito policial) (STJ MS 20.857-DF, julgado em 22/05/2019).
42) O deferimento de provimento judicial que determine à autoridade administrativa que se abstenha de concluir
procedimento administrativo disciplinar suspende o curso do prazo prescricional da pretensão punitiva
administrativa.
43) É possível o imediato cumprimento da penalidade aplicada na conclusão de processo administrativo disciplinar,
uma vez que os recursos administrativos e os pedidos de reconsideração, em regra, não possuem efeito suspensivo
automático.
44) É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.
(Súmula n. 19/STF)
45) Reconhecida a nulidade de PAD pela existência de vício insanável, antes do seu julgamento, não há que se falar
em reformatio in pejus quando a segunda comissão processante opina por penalidade mais gravosa.
46) Meras alegações de que existe fato novo não têm o condão de abrir a via da revisão do processo administrativo
disciplinar, sendo indispensável a comprovação da existência de fatos novos, desconhecidos ao tempo do PAD.
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47) Da revisão do PAD não poderá resultar agravamento da sanção aplicada, em virtude da proibição do bis in
idem e da reformatio in pejus.
Julgado um Processo Administrativo Disciplinar instaurado contra servidor público federal, a revisão da conclusão só poderá
acontecer em duas hipóteses:
a) existência de vício insanável no PAD, que o torne nulo; e
b) surgimento de fatos novos que justifiquem o abrandamento da penalidade ou a declaração da inocência do servidor.
48) É cabível recurso administrativo hierárquico em face de decisão prolatada em Processo Administrativo
Disciplinar - PAD.
EDIÇÃO N. 147: PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - VI
1) Não caracteriza cerceamento de defesa no PAD a ausência de interrogatório para a qual contribuiu o próprio
investigado, ante a impossibilidade de favorecimento a quem deu causa à alegada nulidade.
2) É dispensada a intimação pessoal do servidor representado por advogado, sendo suficiente a publicação da
decisão proferida no PAD no Diário Oficial da União.
3) Diante do silêncio da Lei n. 8.112/1990 e demais diplomas legais sobre processo administrativo disciplinar, deve
ser observada a regra dos art. 26, § 2º, e art. 41 da Lei n. 9.784/1999 que impõe o prazo de, no mínimo, três dias
úteis entre a notificação do servidor e a realização de prova ou de diligência ordenada no PAD, sob pena de
nulidade.
4) A não realização da oitiva de testemunha não constitui cerceamento de defesa no PAD quando há o esgotamento
das diligências para sua intimação ou ainda, quando intimada, a testemunha tenha deixado de comparecer à
audiência.
5) A falta de intimação de advogado constituído para a oitiva de testemunhas não gera nulidade se intimado o
servidor investigado.
6) A simples ausência de servidor acusado ou de seu procurador não macula a colheita de depoimento de
testemunha no PAD, desde que pelo menos um deles tenha sido intimado sobre a realização da audiência.
7) Em processo administrativo disciplinar, a falta de intimação do servidor público após a apresentação do relatório
final pela comissão processante não configura ofensa às garantias do contraditório e da ampla defesa por ausência
de previsão legal.
8) O indeferimento de produção de provas pela comissão processante, não causa nulidade do Processo
Administrativo Disciplinar - PAD, desde que motivado nos termos do art. 156, §§ 1º e 2º, da Lei n. 8.112/1990.
Art. 156 (...) § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, meramente protelatórios,
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer de conhecimento especial de
perito.
9) É possível o aproveitamento de prova produzida em processo administrativo disciplinar declarado nulo para a
instrução de novo PAD, desde que seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, e que o vício que ensejou
referida nulidade não recaia sobre a prova que se pretende aproveitar.
10) A acareação entre os acusados, prevista no § 1º do art. 159 da Lei n. 8. 112/1990, não é obrigatória, competindo
à comissão processante decidir sobre a necessidade de sua realização quando os depoimentos forem colidentes e a
comissão não dispuser de outros meios para a apuração dos fatos.
11) É dispensável a transcrição integral de diálogos colhidos em interceptação telefônica no âmbito do PAD, pois tal
obrigatoriedade não encontra amparo legal.
132
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12) O exame de sanidade mental do servidor (art. 160 da Lei n. 8.112/1990) só é imperativo na hipótese em que
haja dúvida razoável de que o investigado tivesse, ao tempo dos fatos, condições de assumir a responsabilidade
funcional pelos atos a ele atribuídos.
13) A preexistência de doença mental ao tempo do cometimento dos fatos apurados no processo administrativo
disciplinar impede a aplicação da pena disciplinar se constatada, por qualquer meio, a absoluta inimputabilidade
do agente.
14) Em matéria de demissão por enriquecimento ilícito (art. 132, IV, da Lei 8. 112/1990 c/c art. 9º, VII, da Lei
8.429/1992), compete à administração pública comprovar o incremento patrimonial significativo e incompatível
com as fontes de renda do servidor no PAD e ao servidor acusado o ônus de demonstrar a licitude da evolução
patrimonial constatada pela administração, sob pena de configuração de improbidade administrativa.
15) O fato de o servidor ter prestado anos de serviços ao ente público, e de possuir bons antecedentes funcionais,
não é suficiente para amenizar a pena a ele imposta se praticadas infrações graves a que a lei, expressamente, prevê
a aplicação de demissão.
16) A regra do crime continuado (art. 71 do Código Penal) não incide por analogia sobre o PAD, porque a aplicação
da legislação penal ao processo administrativo restringe-se aos ilícitos que, cometidos por servidores, possuam
também tipificação criminal.
Súmula 650-STJ: A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para aplicar ao servidor pena
diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 132 da Lei nº 8.112/90.
Aprovada em 22/09/2021
Juris selecionada do - Não há nulidade do PAD pela suposta inobservância do direito à não autoincriminação,
Dizer o Direito quando a testemunha, até então não envolvida, noticia elementos que trazem para si
responsabilidade pelos episódios em investigação Caso concreto: foi instaurado PAD para
apurar a conduta de João, servidor do INSS. Pedro, outro servidor da autarquia que
trabalhava no mesmo setor do investigado, foi convocado para depor na condição de
testemunha, tendo assinado termo de compromisso de dizer a verdade. Ocorre que Pedro
não apenas confirmou as imputações feitas contra João, mas também confessou que
participou dos ilícitos em apuração. Ao final do PAD, João e Pedro foram demitidos. Pedro
alegou que que o PAD que originou sua demissão se encontraria eivado de ilicitude,
considerando que foi obrigado a produzir provas contra si mesmo. Não houve nulidade.
Quando o servidor foi chamado, ele não era investigado. Ele prestou voluntariamente seu
depoimento e, em nenhum momento, insurgiu-se contra isso, o que permite concluir que,
também voluntariamente, ele dispensou o uso da faculdade de não incriminar a si próprio.
Logo, ele não pode, posteriormente, invocar o direito ao silêncio considerando que, por
sua própria vontade, apontou, durante sua oitiva, fatos que atraíram para si a
responsabilidade solidária pelos ilícitos em apuração. STJ. 1ª Seção. MS 21205-DF, Rel.
Min. Sérgio Kukina, julgado em 14/10/2020 (Info 682).
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quando a apuração tratar de fatos distintos. STJ. 1ª Seção. MS 22.019/DF, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 27/05/2020.
- A estabilidade prevista no art. 149 da Lei nº 8.112/90 deve ser no cargo, não sendo
suficiente que o membro da comissão goze de estabilidade no serviço público O art. 149
da Lei nº 8.112/90 determina que a comissão condutora do processo administrativo
disciplinar seja composta por servidores estáveis e se exige que, no momento da
designação, estes já tenham atingido a estabilidade no desempenho do cargo que exercem
e que os legitima participar da comissão. Não haverá, contudo, nulidade do PAD se, no
caso concreto, a Administração Pública, ao perceber o vício formal, substituiu o servidor
em estágio probatório por outro estável, sem aproveitar qualquer ato decisório do
servidor substituído. Isso porque, nesta hipótese, não terá havido qualquer prejuízo
concreto à defesa. STF. 2ª Turma. RMS 32357/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
17/3/2020 (Info 970).
- Na portaria de instauração do PAD não é necessário que seja feita uma exposição
detalhada dos fatos que serão apurados Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do
processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem
apurados. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
- Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no artigo 142 da Lei 8.112/90 iniciam-
se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento
administrativo tomar conhecimento do fato, interrompendo-se com o primeiro ato de
instauração válido, sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar, e volta a fluir
por inteiro após decorridos 140 dias desde a interrupção. • Importante. • Aprovada em
12/06/2019.
- CGU tem competência para aplicar pena de demissão a servidor do Poder Executivo
Federal mesmo que ele estivesse cedido para a Câmara dos Deputados (Info 629 STJ).
- No PAD, a alteração da capitulação legal imputada ao acusado não enseja nulidade, uma
vez que o indiciado se defende dos fatos nele descritos e não dos enquadramentos legais
(STJ).
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da instrumentalidade das formas (pas de nullité sans grief). STJ. 3ª Seção. RO nos EDcl nos
EDcl no MS 11.493/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 25/10/2017.
- É possível PAD contra servidor público federal que pratica ilegalidade durante sua gestão
em fundação privada de apoio à Universidade Federal (Info 613 STJ).
- A Súmula Vinculante 5 continua válida. O STF rejeitou proposta da OAB que pretendia o
cancelamento do verbete. Após a edição da SV 5, não houve mudança na legislação, na
jurisprudência ou na percepção da sociedade a justificar a revisão ou o cancelamento do
enunciado. A súmula vinculante deve ter certo grau de estabilidade, somente devendo ser
cancelada ou revista em caso de superveniência de fatos suficientemente relevantes.
Assim, a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a CF. STF. Plenário. PSV 58/DF, julgado em 30/11/2016 (Info 849).
- O art. 170 da Lei nº 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração disciplinar,
é possível que a prática dessa conduta fique registrada nos assentos funcionais do
servidor. O STF e STJ entendem que esse art. 170 é INCONSTITUCIONAL por violar os
princípios da presunção de inocência e da razoabilidade. STF. Plenário. MS 23262/DF, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014 (Info 743). STJ. 1ª Seção. MS 21598-DF, Rel. Min.
Og Fernandes, julgado em 10/6/2015 (Info 564).
- Depois do servidor já ter sido punido, é possível que a Administração, com base na
autotutela, anule a sanção anteriormente cominada e aplique uma nova penalidade
mais gravosa? NÃO. A decisão administrativa que põe fim ao processo administrativo, à
semelhança do que ocorre no âmbito jurisdicional, possui a característica de ser definitiva.
Logo, o servidor público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente
para que sua pena seja agravada mesmo que fique constatado que houve vícios no
processo e que ele deveria receber uma punição mais severa. Assim, a anulação parcial do
processo administrativo disciplinar para adequar a penalidade aplicada ao servidor,
consoante pareceres do órgão correspondente, ensejando aplicação de sanção mais grave
ofende o devido processo legal e a proibição da reformatio in pejus. Obs: o
posicionamento acima tem por base a Súmula 19 do STF, que dispõe: “É inadmissível
segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a
primeira.” STJ. 3ª Seção. MS 10950-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/5/2012.
STJ. 1ª Seção. MS 11749/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/06/2014.
- A SV 14 NÃO pode ser aplicada para os casos de sindicância, que objetiva elucidar o
cometimento de infrações administrativas. Pela simples leitura da súmula percebe-se que
a sindicância não está incluída em seu texto, já que não se trata de procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária. STF. 1ª Turma.
Rcl 10771 AgR/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/2/2014 (Info 734).
- Deve ser aplicada a penalidade de destituição de cargo em comissão na hipótese em que
se constate que servidor não ocupante de cargo efetivo, valendo-se do cargo, tenha
indicado irmão, nora, genro e sobrinhos para contratação por empresas recebedoras de
verbas públicas, ainda que não haja dano ao erário ou proveito pecuniário e
independentemente da análise de antecedentes funcionais. STJ. 1ª Seção. MS 17811-DF,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/6/2013 (Info 526).
- A prova colhida mediante autorização judicial e para fins de investigação ou processo
criminal pode ser utilizada para instruir procedimento administrativo punitivo. Assim, é
possível que as provas provenientes de interceptações telefônicas autorizadas
judicialmente em processo criminal sejam emprestadas para o processo administrativo
disciplinar. STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834). STJ. 1ª Seção. MS 16146-DF, Rel.
Min. Eliana Calmon, julgado em 22/5/2013.
- Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele deverá ser apresentado ao
servidor processado para que este possa impugná-lo? Existe previsão na Lei nº 8.112/90
de alegações finais a serem oferecidas pelo servidor após o relatório final ter sido
concluído? NÃO. Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações
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finais após o relatório final de processo administrativo disciplinar. Inexiste previsão na Lei
nº 8.112/1990 de intimação do acusado após a elaboração do relatório final da comissão
processante. STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834). STJ. 1ª Seção. MS 18090-DF, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523).
- Deve ser aplicada a penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver
proveito econômico indevido em razão do cargo, independentemente do valor auferido
(no caso, eram apenas R$ 40,00). Isso porque não incide, na esfera administrativa, o
princípio da insignificância quando constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei
8.112/1990. STJ. 1ª Seção. MS 18090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
8/5/2013 (Info 523).
- Não deve ser paralisado o curso de processo administrativo disciplinar apenas em função
de ajuizamento de ação penal destinada a apurar criminalmente os mesmos fatos
investigados administrativamente. As esferas administrativa e penal são independentes,
não havendo falar em suspensão do processo administrativo durante o trâmite do
processo penal. STJ. 1ª Seção. MS 18090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
8/5/2013 (Info 523).
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Responsabilidade Civil do Estado
Fundamento da Responsabilidade
O surgimento e a evolução do Estado de Direito faz nascer a ideia de que a Administração Pública se submete ao
direito posto, assim como os demais sujeitos de direito da sociedade. Esse dever de ressarcir particulares por danos
causados é manifestação da responsabilidade extracontratual, haja vista o fato de que não decorre de qualquer
contrato ou vínculo anterior com o sujeito indenizado.
Histórico/ Evolução
Fase da Não se admitia a responsabilidade do Estado pelos atos praticados. Essa fase perdurou
Irresponsabilidade durante toda a fase do absolutismo, quando vigorava a máxima the king can do no wrong. O
Estado criava o direito e, por isso, não havia submissão dele ao direito. Atenção: No Brasil, não
tivemos a fase de irresponsabilidade.
Responsabilidade Sempre que a lei previsse aquela situação especificamente, o Estado responderia
com Previsão (responsabilidade dependia de previsão legal específica). O Estado cria o direito, mas se
Legal submete ao direito que ele mesmo cria, já que o ordenamento jurídico é uno e se aplica a todos.
Teoria da A responsabilidade do Estado passou a ser objetiva (os elementos que caracterizam essa
Responsabilidade responsabilidade são objetivos, quais sejam: conduta lícita ou ilícita praticada por agente
Objetiva público, dano e nexo de causalidade).
Ex2: ônibus atropela um pedestre que estava atravessando a rua (vítima não é usuária do serviço público prestado).
NÃO HÁ DIFERENÇA: segundo o STF, seja a vítima usuária ou não usuária do serviço público prestado, a
responsabilidade da empresa e do Estado continua sendo objetiva.
ATENÇÃO: As empresas públicas e soc. de economia mista só respondem objetivamente por aplicação do art. 37,
§6º CF quando criadas para a prestação de serviço público.
E quando a empresa estatal explora atividade econômica? Nesse caso, aplica-se a responsabilização com base no
Direito Privado (irá variar de acordo com a atividade por ela exercida – ex: Banco do Brasil quando atua com cliente
é considerado relação de consumo → responsabilidade é obje va por aplicação do CDC).
Dano Para se ter a responsabilidade civil do Estado não basta a existência de dano econômico. Em todos
os casos, deve se tratar de dano JURÍDICO, ou seja, dano a um bem jurídico protegido pelo direito,
ainda que se trate de dano exclusivamente moral.
Atenção! Teoria do Duplo Efeito dos Atos Administrativos: o mesmo ato administrativo pode vir a
causar um dano específico/anormal para determinada pessoa e para outra não causar dano passível
de indenização. Aqui não se pode embasar um pedido de indenização no fato de outrem ter sido
indenizado, ainda que pelo mesmo fato.
Nexo de É a comprovação de que a conduta deu causa do dano. Adota-se a TEORIA DA CAUSALIDADE
Causalidade ADEQUADA (ou da interrupção do nexo causal): para que haja responsabilidade civil do Estado, é
preciso demonstrar que a conduta do agente foi suficiente , POR SI SÓ, causar o dano, ou seja, o
dano não decorreu de outras situações.
As hipóteses mais famosas de interrupção do nexo causal são chamadas pela doutrina de
excludentes de responsabilidade, quais sejam:
a) Caso fortuito
b) Força maior
c) Culpa exclusiva da vítima (obs: na situação de culpa concorrente entre a vítima e o ente público,
não é possível a exclusão da responsabilidade, porém haverá redução do valor indenizatório a ser
pago pelo Estado).
Info 640 STJ (2019): Concessionária de rodovia NÃO responde por roubo e sequestro ocorridos nas
dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários. A segurança que
a concessionária deve fornecer aos usuários diz respeito ao bom estado de conservação e sinalização
da rodovia. Não tem, contudo, como a concessionária garantir segurança privada ao longo da
estrada, mesmo que seja em postos de pedágio ou de atendimento ao usuário. O roubo com
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
emprego de arma de fogo é considerado um fato de terceiro equiparável a força maior, que exclui
o dever de indenizar. Trata-se de fato inevitável e irresistível e, assim, gera uma impossibilidade
absoluta de não ocorrência do dano.
Cuidado! O STF já reconheceu a responsabilidade civil da concessionária que administra a rodovia
por FURTO ocorrido em seu pátio: STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 8/5/2018 (Info 901).
Teoria do Risco Alguns doutrinadores adotam a teoria do risco integral e enxergam o Estado como garantidor
Integral universal. Essa teoria não admite as excludentes de responsabilidade. O direito brasileiro adota
a teoria do risco administrativo. Porém, a doutrina majoritária aponta a aplicação da teoria do
risco integral nas seguintes situações excepcionais:
✓ Dano decorrente de atividade nuclear exercida pelo Estado ou autorizada pelo mesmo. A
responsabilidade é objetiva e o risco integral abarca os danos comissivos e omissivos, nesse
caso.
✓ Dano ao meio ambiente, quanto aos atos comissivos do agente público.
Obs: Em relação aos atos omissivos, o STJ vem se posicionando a favor de que a teoria do risco
integral ainda se aplica. No entanto, a responsabilidade objetiva do Estado será de execução
subsidiária, sendo necessário o prévio esgotamento das tentativas de cobrança de indenização
do poluidor direto.
✓ Acidente de trânsito: decorre do seguro obrigatório DPVAT. Nesses casos, o Estado não figura
no polo passivo da ação judicial. A ação é proposta em face de alguma seguradora que arcará
com os prejuízos, utilizando os valores do seguro obrigatório (dinheiro público).
✓ Crimes ocorridos a bordo de aeronaves que estejam sobrevoando o espaço aéreo brasileiro.
✓ Danos decorrentes de ataques terroristas.
O valor a ser arbitrado como dano moral deverá incluir um caráter punitivo?
NÃO. É inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo
imediato, pois a punição é função que incube ao direito penal e administrativo.
Assim, não há que se falar em danos punitivos (punitive damages) no caso de danos ambientais,
haja vista que a responsabilidade civil por danos ambientais prescinde da culpa e revestir a
compensação de caráter punitivo propiciaria o bis in idem (pois, como firmado, a punição
imediata é tarefa específica do direito administrativo e penal).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
#OUSESABER: Muito se fala hoje na teoria do risco social(apenas um aspecto específico da
teoria do risco integral) – o foco da responsabilidade seria a vítima e não o autor do dano, de
modo que a reparação estaria a cargo de toda sociedade – socialização dos riscos. Sempre no
intuito de que a vítima não deixe de receber a indenização.
Assim, o art. 23 da Lei da Copa configura a chamada “teoria do risco social”, uma vez que se
trata de risco extraordinário assumido pelo Estado, mediante lei, em face de eventos
imprevisíveis, em favor da sociedade como um todo.
Responsabilidade A responsabilidade por omissão do Estado é SUBJETIVA, que se baseia na chamada culpa do
por Omissão do serviço ou culpa anônima (é preciso demonstrar que o dano decorreu da má prestação do
Estado serviço ou da prestação ineficiente ou da prestação atrasada).
Ex: Estado não se responsabiliza por um assalto ocorrido na rua, pois se trata de omissão
genérica; por sua vez, se responsabiliza se o assalto ocorrer em frente a uma delegacia, pois se
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trata de omissão específica.Com efeito, a responsabilização dependa da ocorrência de ato
omissivo ilícito.
Ex: fui assaltado na rua, o Estado responde? NÃO!!! O Estado presta o serviço de segurança
pública dentro dos limites do possível e o Estado não é garantidor universal.
Ex2: Maria é assaltada na frente da delegacia de polícia, os policiais assistiram e nada fizeram →
nesse caso, o Estado responde em decorrência da ineficiência do serviço prestado!!!
Ex3: um menino morador de uma favela sai na rua, que estava alagada, pega leptospirose e
morre – o Estado responde? A princípio, NÃO! Para que haja responsabilidade do Estado é
preciso demonstrar que o fato de estar alagado decorreu da má prestação de algum serviço
público (ex: bueiros estavam entupidos por má prestação do serviço de esgoto).
Info 553 STJ: Foi encontrado um cadáver humano em decomposição em um dos reservatórios
de água que abastece a cidade. Ficou configurada a responsabilidade subjetiva por omissão da
concessionária, decorrente de falha do dever de efetiva vigilância do reservatório de água. Além
disso, restou caracterizada a falha na prestação do serviço, indenizável por dano moral, quando
a companhia não garantiu a qualidade da água distribuída à população.
Info 900 STF (2018): A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui
responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas
dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88.
Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem
na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da
concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária
e, em seguida, conduziram-no até o escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos
depois, ao retornar da autuação para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido
furtado. O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária
responsável pela rodovia a indenizar a transportadora. O Supremo reconheceu a
responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no
dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço.
No entanto, em alguns casos, o Brasil adota a chamada TEORIA DO RISCO CRIADO OU TEORIA
DO RISCO SUSCITADO: em determinadas situações, o Estado cria uma situação de risco e dessa
situação de risco decorre um dano → nesses casos, a responsabilidade é OBJETIVA.
Ex: um preso mata outro em uma prisão → a situação presídio é uma situação de risco criada
pelo Estado e, por isso, o Estado responde objetivamente.
Ex2: preso foge do presídio e logo após a fuga assalta a casa do lado → Estado responde
objetivamente.
Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos foragidos;
exceção: quando demonstrado nexo causal direto
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade
civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema
prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticada. STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de
Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).
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Imagine a seguinte situação hipotética: João cumpria pena, em regime fechado, em um
presídio. Em 10/03/2010, ele conseguiu fugir e ficou escondido na casa de um amigo. Três meses
depois da fuga, João juntou-se a uma organização criminosa e eles foram praticar um roubo a
mão armada. João atirou em uma das vítimas que acabou morrendo. Alguns dias depois, João
foi encontrado e preso, tendo retornado à unidade prisional. Os familiares da vítima ajuizaram
ação de indenização por danos morais e materiais contra o Estado alegando que o Poder Público
também é responsável pelo evento tendo em vista que foi omisso e deixou de exercer vigilância
do preso que estava sob a sua custódia.
Requisitos da responsabilidade civil do Estado
A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público é objetiva e baseia-se na teoria do risco administrativo.
Para a configuração do dever de indenizar é necessário o preenchimento dos seguintes
requisitos: a) ocorrência do dano; b) ação ou omissão administrativa; c) existência de nexo
causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa; e d) ausência de causa excludente da
responsabilidade estatal.
A responsabilidade civil do Estado em caso de omissão também é objetiva? SIM. A
jurisprudência do STF tem entendido que também é objetiva a responsabilidade civil decorrente
de omissão, seja das pessoas jurídicas de direito público, seja das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público. Nesse sentido: No tocante ao art. 37, § 6º, da Carta
Magna, o entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria encontra-se
firmado no sentido de que as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público respondem objetivamente por suas ações ou omissões em face de reparação de danos
materiais suportados por terceiros. TF. 1ª Turma. ARE 1043232 AgR, Rel. Alexandre de Moraes,
julgado em 01/09/2017.
Responsabilidade objetiva não é absoluta O princípio da responsabilidade objetiva não é
absoluto. Como se adota a teoria do risco administrativo, o Estado poderá eximir-se do dever de
indenizar caso prove alguma causa excludente de responsabilidade: a) caso fortuito ou força
maior; b) culpa exclusiva da vítima; c) culpa exclusiva de terceiro.
Ausência de causalidade direta
Não há como se reconhecer nexo causal entre uma suposta omissão genérica do Poder Público
e o dano causado, e, consequentemente, não é possível imputar responsabilidade objetiva ao
Estado. No caso concreto, devem ser analisados:
a) o intervalo entre fato administrativo e o fato típico (critério cronológico); e
b) o surgimento de causas supervenientes independentes (v.g., formação de quadrilha), que
deram origem a novo nexo causal, contribuíram para suprimir a relação de causa (evasão do
apenado do sistema penal) e efeito (fato criminoso).
Confira o seguinte julgado do STF que, apesar de antigo, é emblemático:
A responsabilidade do Estado, embora objetiva, não dispensa, obviamente, o requisito, também
objetivo, do nexo de causalidade entre a ação ou a omissão atribuída a seus agentes e o dano
causado a terceiros.
Em nosso sistema jurídico, a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade e a teoria do dano
direto e imediato, também denominada teoria da interrupção do nexo causal.
O dano decorrente do assalto por uma quadrilha de que participava um dos evadidos da prisão
não foi o efeito necessário da omissão da autoridade pública que o acórdão recorrido teve como
causa da fuga dele, mas resultou de concausas, como a formação da quadrilha, e o assalto
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ocorrido cerca de vinte e um meses após a evasão. STF. 1ª Turma. RE 130764, Rel. Moreira Alves,
julgado em 12/05/1992.
A doutrina vem entendendo que essa teoria está presente todas as vezes que o Estado tiver
alguém ou alguma coisa sob sua CUSTÓDIA (omissão específica).
Ex: 2 meninos estão no recreio de uma escola pública; um deles pega uma lapiseira, enfia no
olho do outro e arranca → o Estado responde obje vamente, porque essas crianças estão sob a
custódia, guarda do Estado.
Ex2: um preso queria passar o dia dos pais com o pai; é concedida a saída temporária para esse
preso; logo após que o rapaz sai do presídio, vai para o shopping, estupra uma criança e mata a
mãe → o Estado responde obje vamente.
Importante!!! Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter
em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de
sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os
danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig.
Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral)
(Info 854).
Obs: Teoria da conditio sine qua non: para que haja responsabilidade do Estado, nas situações
de custódia, é preciso demonstrar que a custódia é uma condição sem a qual não haveria o
dano. Por isso, é preciso diferenciar o fortuito interno (o Estado responde) do fortuito externo
(o Estado não responde).
Ex: durante o horário de tomar sol de um preso, cai um raio na sua cabeça e ele morre → o
Estado pode alegar caso fortuito e força maior para negar indenização à família desse preso?
SIM!!! Trata-se de fortuito externo (em qualquer outro lugar, poderia cair um raio e matar a
pessoa).
Ex: uma moça foi visitar o namorado no presídio; houve uma rebelião no presídio, a moça é pega
como refém e estuprada diversas vezes → o Estado pode alegar caso fortuito e força maior para
negar indenização? NÃO!!! Trata-se de fortuito interno.
ATENÇÃO: Apesar de tudo o que foi explicado anteriormente, o STF e o STJ entendem que
suicídio de preso gera a responsabilidade objetiva do Estado. Crítica: segundo o Prof. Matheus
Carvalho, essa situação não decorre da custódia (a custódia não é condição sem a qual o dano
não ocorreria, pois, o sujeito poderia se matar com o lençol em qualquer outro lugar).
7#ORAL #DPE/DPU
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#DIZERODIREITO #IMPORTANTE
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios
os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico8, é de sua
responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos,
inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig.
Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral)
(Info 854).
Qual o padrão normal de serviço? Não confundir com ideal. Para se determinar esse padrão
normal tem que se ter como parâmetro a reserva do possível. (ADPF 45)
Hoje a jurisprudência reconhece outra hipótese de responsabilidade: quando o Estado cria um
risco. É uma ação e, portanto, responsabilidade objetiva. Ex. defeito do semáforo. Ex. Preso que
fugiu do presídio e mata uma pessoa. O Estado responde. O Estado criou o risco. Ele responde
objetivamente. Quando o Estado cria um presídio no meio da cidade ele cria esse risco e é
responsável por ele. Se o preso foge do presídio e a 200km mata uma pessoa. O Estado
responde? Sim, mas com base na Teoria Subjetiva. Ex. Preso mata o outro no presídio.
Responde? Sim, com base na responsabilidade objetiva, pois a superlotação é a criação de um
risco por parte do Estado. O que se observa é uma transição para o reconhecimento da
responsabilidade objetiva nos casos também de omissão.
Não é cabível indenização por danos morais/estéticos em decorrência de lesões sofridas por
militar das Forças Armadas em acidente ocorrido durante sessão de treinamento, salvo se ficar
demonstrado que o militar foi submetido a condições de risco excessivo e desarrazoado. STJ. 1ª
Turma. AgRg no AREsp 29.046-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 21/2/2013 (Info
515).
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Alguns julgados antigos do STJ entendem ser possível a aplicação deste instituto no Direito Público (aqui não é
obrigatória, mas uma possibilidade). Já a doutrina majoritária defende a vedação da denunciação à lide, pois, ao
colocar o agente no processo, ocorrerá uma aplicação do mérito, discutindo-se o dolo e a culpa, quebrando a
garantia da vítima.
Discute-se a possibilidade de denunciação à lide ao agente público em situações nas quais haja propositura de ação
de reparação em face do Estado em razão da conduta praticada pelo agente – 2 correntes:
1ª corrente – STJ – Admite-se a denunciação à lide, pois isso gera economia processual.
2ª corrente – STF e doutrina administrativista – Não admite a denunciação da lide, pois a denunciação da lide geraria
uma ampliação subjetiva do mérito da ação (passaria a ter que discutir dolo e culpa, elementos subjetivos),
acarretando ao autor-vítima manifesto prejuízo à celeridade na prestação jurisdicional.
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente
público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de
serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).
Prazo Prescricional • Qual é o prazo de prescrição para a propositura da ação de reparação civil em face do
para propositura Estado?
de ação O art. 1º do Dec. 20910/32 e o art. 1º-C da Lei 9.494/97 preveem que a ação de reparação civil
indenizatória em em face da Fazenda Pública prescreve em 5 anos. O problema é que o art. 206, §3º, V CC/02
face do Estado passou a prever que as ações de reparação civil prescrevem em 3 anos.
Divergência:
1ª corrente – O CC/02 é lei posterior mais benéfica e, por isso, aplica-se o prazo prescricional
de 3 anos nas ações de reparação civil contra a Fazenda Pública.
2ª corrente – STJ e doutrina majoritária – O CC é lei geral e lei geral não revoga lei especial. Por
isso, aplica-se o prazo de 5 anos, contados da ocorrência do dano, para a ação de reparação civil
em face do Estado.
Atenção! Para as provas de concursos, melhor seguir o entendimento de que o prazo
prescricional é de 5 anos, com base na lei específica, por ser entendimento jurisprudencial mais
aceito.
Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais
decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos
durante o regime militar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 10/03/2021, DJe 15/03/2021.
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Quando o agente público atua em nome do Estado e causa um dano a terceiro, a ação de
regresso do Estado em face do agente prescreve em 3 anos (art. 206, §3º, V CC). A
imprescritibilidade do art. anteriormente citado não se estende às ações de regresso.
Pelo simples fato da obra: o simples fato de a obra existir poderá vir a causar um dano particular.
Nestes casos é irrelevante saber quem está executando a obra. Ocorrendo o prejuízo, ter-se-á a
responsabilidade objetiva do Estado.
Responsabilidade REGRA: irresponsabilidade do Estado por atos jurisdicionais, pois a decisão judicial reflete uma
por Atos parcela de soberania do Estado e é recorrível e não indenizável.
Jurisdicionais
Exceção (art. 5º, LXXV CF): O Estado indenizará aquele que ficar preso:
(1) por erro judiciário: a PPL é potencialmente danosa e, por isso, no momento em que o Estado
assume o risco de privar a liberdade das pessoas, ele acaba se responsabilizando (resp. objetiva)
pelos potenciais danos que esse risco pode gerar.
Obs: as prisões cautelares têm fundamentos específicos e, por isso, é possível que o sujeito seja
privativamente preso e posteriormente, ao final do processo, seja absolvido. Isso não gera
direito à indenização!!!
Obs2: é possível ao Estado propor ação de regresso em face do juiz. A doutrina entende que a
resp. do magistrado depende da comprovação de dolo (parte da doutrina entende que também
haverá resp. do magistrado nos casos de culpa com erro inescusável/grosseiro).
(2) além do tempo fixado em sentença: não é ato jurisdicional, é ato administrativo exercido
posteriormente à decisão judicial. Logo, como decorre da má execução da atividade pública
administrativa, aplica-se o art. 37, §6º CF.
Responsabilidade Em regra, não há responsabilidade do Estado por danos decorrentes de leis e regulamentos,
por Atos por serem normas de caráter geral, dirigidas a toda a coletividade.
Legislativos
Em duas situações, contudo, admite-se o dever de indenizar: Leis de efeitos concretos e lei
declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle concentrado.
Responsabilidade Info 680 STF: É possível a responsabilização de advogado público pela emissão de parecer de
do Parecerista natureza opinativa, desde que reste configurada a existência de culpa ou erro grosseiro.
Obs: No caso de parecer vinculante, o parecerista responde solidariamente com o
administrador pela prática do ato, não sendo necessário demonstrar culpa ou erro grosseiro.
Info 952 STF: Assessor jurídico NÃO pode ser responsabilizado criminalmente pela pura emissão
de parecer. No processo licitatório, não compete à assessoria jurídica averiguar se está presente
a causa de emergencialidade, mas apenas se há, nos autos, decreto que a reconheça. Não se
pode exigir do assessor jurídico conhecimento técnico de todas as áreas. Sua função é zelar pela
lisura sob aspecto formal do processo, de maneira a atuar como verdadeiro fiscal de
formalidades, somente.
Responsabilidade Tema curioso é a responsabilidade civil do Estado por atos de multidões. Será que há dever de
por atos de indenizar? De acordo com Rafael Carvalho (2015), “em regra, os danos causados por atos de
multidões multidões não geram responsabilidade civil do Estado, tendo em vista a inexistência do nexo de
causalidade, pois tais eventos são praticados por terceiros (fato de terceiro) e de maneira
imprevisível ou inevitável (caso fortuito/força maior).
Questões Discursivas
Analista Judiciário – TJ AL/2018/ FGV
Três veículos automotores se envolveram em uma colisão: o veículo A, conduzido por seu proprietário Antônio, o
veículo B, conduzido por seu proprietário Bernardo, e o veículo C, de propriedade da Autoescola Lua Brilhante e
conduzido, na ocasião, pelo aluno Cláudio. Em razão da colisão, os três veículos sofreram avarias, sem que os
condutores tivessem se ferido Convencido de que a responsabilidade pelo acidente foi, em igual medida, do
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
condutor Bernardo e do aluno Cláudio, Antônio, que, por força do acidente, deixou de comparecer a uma entrevista
de emprego, ajuizou demanda em que postulava a condenação de ambos a lhe pagarem as verbas ressarcitórias
dos
danos materiais alegadamente sofridos, e bem assim as verbas reparatórias dos danos morais que entendeu ter
experimentado, requerendo, quanto a esse último pleito, que o juiz arbitrasse o valor que reputasse adequado à
hipótese. Analisando a petição inicial, concluiu o juiz pela ilegitimidade passiva de Cláudio, determinando, de
imediato, a sua exclusão do feito, embora tenha ordenado a citação de Bernardo. O magistrado não designou a
audiência prévia de conciliação, por reputá-la, a priori, inviável. Regularmente citado, Bernardo ofertou
contestação no prazo legal, além de promover a denunciação da lide em relação à Autoescola Lua Brilhante,
atribuindo-lhe a responsabilidade exclusiva pelo acidente. Nesse cenário, responda justificadamente:
a) Qual é a espécie da responsabilidade civil atribuída a Bernardo e a da imputada à Autoescola Lua Brilhante? Qual
a diferença entre elas?
b) Faz jus o autor à reparação de danos morais?
c) O não comparecimento de Antônio à entrevista de emprego teve o condão de lhe gerar algum dano material?
d) Qual a natureza da decisão que excluiu do processo o réu Cláudio? Cabe recurso para impugná-la?
e) Agiu corretamente o magistrado ao proceder, de imediato, ao juízo positivo de admissibilidade da demanda, no
tocante ao réu Bernardo, tendo em vista o modo como foi formulado o pedido de reparação dos danos morais?
Qual a espécie de cumulação entre os pedidos formulados?
f) A denunciação da lide promovida pelo réu Bernardo foi medida processual adequada?
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
No caso em tela, tem-se um clássico exemplo de responsabilidade civil aquiliana, ou extracontratual, que é aquela
decorrente de uma situação da vida na qual não há uma relação jurídica anterior entre os envolvidos no fato (por
exemplo, um contrato ou relação institucional).
Em regra, a responsabilidade aquiliana é subjetiva, já que decorre da regra geral prevista no art. 927, caput, do Código
Civil. Assim, a responsabilidade de Bernardo em relação a Antônio é subjetiva, cabendo a este provar o dolo ou, ao
menos, a culpa daquele.
Por outro lado, o veículo de propriedade da autoescola faz parte de uma atividade que naturalmente pode causar
danos a terceiros, já que se baseia em atividade que tem por fim justamente ensinar indivíduos que não têm perícia
a dirigir um veículo automotor. Dessa forma, a responsabilidade será objetiva, tendo em vista a expressa disposição
do parágrafo único do art. 927 do Código Civil, segundo o qual haverá o dever de reparar danos independentemente
de culpa nos casos em que a atividade desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, em risco aos
direitos ou bens de outrem.
Nessas condições, o responsável (objetivamente) será a Autoescola Lua Brilhante, e não o aluno Cláudio, que
naturalmente não detinha condições de guiar o veículo, sendo equiparado a um incapaz para o fato em apreço.
A reparação por danos morais é devida quando há um dano à imagem ou à honra da vítima. Tendo em vista que o
autor aparentemente apenas sofreu danos materiais, parece não ser cabível a indenização por danos morais.
Contudo, ressalva-se a hipótese de ter experimentado algum dissabor em razão de ter faltado à entrevista de emprego
(por exemplo, se sua imagem junto ao mercado de trabalho tiver sido notoriamente prejudicada); porém, não é o que
parece ter sido exposto no enunciado da questão. A falta à entrevista de emprego pode ter gerado danos materiais
ao autor, já que foi impedido de ter acesso a uma possível vaga laborativa. Trata-se da chamada teoria da perda de
uma chance, que vem ganhando relevância nos últimos tempos. O mais difícil, porém, é conseguir mensurar o
montante exato do dano, bem como se a vítima teria uma chance real e razoável de preenche-la.
A exclusão de determinado réu do processo que prosseguirá em face dos demais tem natureza de decisão
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interlocutória, vez que ela não tem o condão de encerrar toda a fase cognitiva do procedimento comum (art. 203, §
2º, do CPC). Ademais, o art. 1.015, VII do CPC expressamente prevê o cabimento de agravo de instrumento em face
da decisão que exclui litisconsorte, de modo que esse será o recurso cabível para desafiar a decisão em comento.
O magistrado parece ter agido corretamente ao exercer o juízo de admissibilidade positivo no que tange ao réu
Bernardo. Por ter sido comprovadamente um dos envolvidos no acidente, ele é parte legítima para figurar na
demanda, de modo que não pode ser excluído, a priori, por ilegitimidade passiva.
Além disso, a cumulação de pedidos formulada na inicial é a simples, pois os pedidos de reparação por danos materiais
e por danos morais são independentes, e o autor espera ver ambos julgados procedentes. Veja-se que a denunciação
da lide não parece ser adequada no caso em tela.
Por fim, em sede de repercussão geral não é cabível a denunciação da lide. A ação por danos causados por agente
público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo
parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
ou culpa.
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente
público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de
serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
A responsabilidade civil do Estado é um tema polêmico, que sempre traz diversos questionamentos. A regra geral está
prevista no art. 37, § 6º, da CRFB, segundo o qual os entes públicos (suas autarquias, fundações e prestadoras,
ainda que empresas privadas, de serviços públicos) serão responsáveis pelos danos que seus agentes causarem a
terceiros.
Boa parte da doutrina e jurisprudência pátrias defende a tese de que aquele dispositivo prevê a responsabilidade
objetiva do Estado. Ou seja: uma vez comprovado o nexo de causalidade entre a conduta do agente (lícita ou
ilícita) e o dano sofrido por terceiro, o Estado terá a obrigação de indenizar, independentemente de qualquer
elucubração acerca de eventual dolo ou culpa do agente público.
Contudo, é importante ressaltar que a tese da responsabilidade objetiva não é aplicada em todas as situações. Por
regra, ela é muito bem aceita em condutas comissivas de agentes estatais, bem como em atos negociais
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(contratos, por exemplo). Por outro lado, o enunciado em comento trata de dois atos de império por excelência: a
elaboração de lei e a realização de controle de constitucionalidade pelo Judiciário. Em primeiro lugar, um particular
jamais pode entender que o Município é responsável por um ato que depende da vontade soberana de dois Poderes:
o Executivo, que deveria enviar o projeto de lei, e o Legislativo, que aprovará o projeto após discussões e deliberações
de diversos membros.
O processo legislativo não é ato negocial, pois configura verdadeiro ato de império (tal como a declaração de guerra
e o exercício da diplomacia, ainda que comercial), sobre o qual não se pode responsabilizar o ente público, sob pena
de engessar toda e qualquer elaboração legislativa. O que se admite, em casos bastante excepcionais, é a
responsabilização por leis de efeitos concretos, desde que os prejuízos e o nexo de causalidade sejam provados
inequivocamente pelo particular (o que não parece ser o caso em tela).
Ademais, a mera demora no processo legislativo não implica em omissão legislativa nesse caso. A jurisprudência até
reconhece, em remotas hipóteses, a responsabilidade estatal, mas apenas se houver obrigação prevista
constitucionalmente para o envio (e não aprovação) do projeto de lei, desde que seja essencial para a disciplina e/ou
tutela de direitos. No enunciado em comento, nenhum desses requisitos está presente, uma vez que existia mera
expectativa do particular que o agente público conseguisse (por meios políticos) a aprovação de projeto que lhe seria
favorável.
No que tange à declaração de inconstitucionalidade, igualmente se está diante de um ato de império, neste caso do
Poder Judiciário. As decisões judiciais, em regra, não ensejam qualquer responsabilidade do Estado por se
tratarem de atos apolíticos e neutros, mas passíveis de impugnação inclusive por terceiros que demonstrem interesse
jurídico em sua reforma.
Excepcionalmente admite-se a mitigação dessa regra nas hipóteses de erro judiciário grave, em que haja a lesão a
direitos humanos (por exemplo, a privação da liberdade decretada em processo criminal). Não se vislumbra, também,
responsabilidade do Município na declaração da inconstitucionalidade da lei. A aprovação de ato legislativo é uma
conduta legítima de qualquer esfera de governo, apresentando-se como clássico ato de império, não passível de
indenização. O que o particular poderia requerer, em remotíssima hipótese, seria a responsabilização direta do agente
público, em nome deste, mas devendo provar o dolo específico em causar o vício que deu origem à
inconstitucionalidade.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
Ao longo dos anos, três foram as principais teorias que trataram da evolução da responsabilidade civil do Estado: na
primeira fase vigeu a teoria da irresponsabilidade; na segunda fase as teorias civilistas, abarcando a teoria dos atos
de império e de gestão que evolui para a teoria da culpa civil ou da responsabilidade subjetiva; e, por fim, na terceira
fase as teorias publicistas, compreendendo as teorias da culpa administrativa ou culpa do serviço público e a teoria
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do risco, desdobrada em risco administrativo e risco integral. Neste contexto, aplica-se a teoria do risco administrativo
a fim de responsabilizar o Estado pelo dano causado pelo seu agente Zé Moleza, a qual serve de fundamento para a
responsabilidade objetiva, isto é, o Estado responderá objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, independentemente, da demonstração de dolo ou culpa.
Os requisitos para a demonstração da responsabilidade estatal são: o fato administrativo, sendo assim considerado
como qualquer forma de conduta comissiva, legítima ou ilegítima, atribuída ao Poder Público, ainda que o agente
estatal atue fora de suas funções, mas a pretexto de exercê-las; o dano material ou moral e o nexo de causalidade
entre o fato administrativo e o evento lesivo (relação de causa e efeito).
A responsabilidade de Zé Moleza será apurada por ação regressiva (responsabilidade subjetiva, na modalidade culpa
comum), desde que já tenha ocorrido o trânsito em julgado da ação indenizatória em face do Estado. Por se tratar de
uma ação de natureza cível, pode ser ajuizada mesmo que o vínculo entre o agente público e a administração pública
tenha sido alterado ou extinto (por exemplo, exoneração, disponibilidade, etc.).
Vamos aprofundar a temática... A banca CESPE adora cobrar nas suas provas objetivas e discursivas
a) Teoria da Irresponsabilidade do Estado: adotada na época do Estado Absolutista - The king can no wrong –
significando que o Estado dispõe de autoridade incontestável sobre os seus súditos; a responsabilização do Estado
colocaria o príncipe no mesmo nível do súdito.
b) Teorias Civilistas (duas fases): (1) teoria dos atos de império e gestão e (2) teoria da culpa civil ou da
responsabilidade subjetiva. Os atos de império são os atos praticados pela Administração com todas as
prerrogativas de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular, por esses atos o Estado não
responde; os atos de gestão são os praticados em situação de igualdade com os particulares, para conservação e
desenvolvimento do patrimônio público e para gestão de seus serviços, rege-se a responsabilidade pelo direito
comum. A teoria da culpa civil ou da responsabilidade subjetiva: resultou da superação da distinção entre os atos
de império e de gestão. Passou-se a aceitar a responsabilidade do Estado desde que demonstrada a culpa do
funcionário. Essa teoria abrandou a irresponsabilidade e serviu de inspiração ao art. 15 do C/2016.
c)Teoria Publicistas: passaram a aplicar os princípios do direito público. Tem inspiração no famosos caso
BLANCO***, ocorrido em 1873, no qual se entendeu que a responsabilidade do Estado não pode reger-se por
princípio do CC, e sim por regras especiais do direito público. Modalidades:
*** O caso Blanco No ano de 1872, a menina Agnes Blanco foi atropelada pelo vagonete da Companhia Nacional de Manufatura do
Fumo (o fumo era explorado pelo Estado). Em razão disso, o pai de Agnes entrou com uma ação pedindo uma indenização para o Estado
Francês e nesta ação, o pai falava que queria uma indenização porque o dano tinha decorrido de um serviço público prestado pelo
Estado. Houve um conflito de competências que foi resolvido pelo Tribunal de Conflitos Francês. A questão era a seguinte: a ação
deveria ser julgada pela justiça comum francesa ou ela deveria ser julgada pelo contencioso administrativo? O Tribunal de Conflitos se
pronunciou nos seguintes termos “Em razão dessa responsabilidade decorrer de uma prestação de serviço público, esta
responsabilidade é uma responsabilidade especial, diferente daquela constante do código civil”. Então pela primeira vez se ouve falar
de uma responsabilidade civil do Estado diferenciada daquela prevista no código civil francês.
Teoria da culpa do serviço público ou teoria da culpa administrativa ou teoria do acidente administrativo:
leva em consideração, não a culpa do funcionário, mas a culpa anônima do serviço público (“faute”): o
serviço público não funcionou, funcionou mal ou funcionou atrasado. O Estado responde. (Aplicada quando
o dano decorrer de um ato omissivos do Estado)
Teoria do Risco: serve de fundamento para a responsabilidade objetiva do Estado, baseada no princípio da
igualdade de todos perante os encargos sociais. Desdobra-se em Teoria do Risco Administrativo: qualificado
pelo seu efeito de permitir a contraprova de excludente da responsabilidade (aplicada quando o dano
decorre de atos comissivos ou omissões específicas do Estado) e Teoria do Risco Integral: inexiste a
possibilidade de a administração alegar qualquer tipo de excludente de responsabilidade. Alguns autores
aplicam no caso de danos ambientais e acidentes nucleares e terrorismo.
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Elementos ou Requisitos da Responsabilidade do Estado:
a) Ocorrência do fato administrativo: sendo assim considerado como qualquer forma de conduta comissiva, legítima
ou ilegítima, atribuída ao Poder Público, ainda que o agente estatal atue fora de suas funções, mas a pretexto de
exercê-las.
b) Nexo de causalidade: entre o fato administrativo e o evento lesivo. Há que se demonstrar a relação de causa e
efeito entre a conduta do Estado e o dano sofrido.
c) dano de terceiro, que deve ser anormal e específico.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
Inicialmente, cumpre salientar que, em regra, a responsabilidade civil do estado por atos ilícitos comissivos é uma
responsabilidade objetiva, na forma do art. 37, §6º da CF/88, sendo composta por três elementos – conduta, nexo de
causalidade e dano, e pautada em dois principais fundamentos, quais sejam: teoria do risco administrativo e princípio
republicano.
O princípio republicano é o primeiro fundamento da responsabilidade civil, justamente por prever que não existem
atos pelos quais o Estado não possa ser responsabilizado, contrapondo a irresponsabilidade estatal adotada à época
da monarquia.
A teoria do risco administrativo, por sua vez, fundamenta a responsabilidade objetiva na medida em que prevê que,
quando o Estado assume o exercício de uma função administrativa, deve assumir também os riscos inerentes à função
por ele desempenhada, trazendo para si o dever de indenizar, independentemente da demonstração de dolo ou
culpa. É, inclusive, tal teoria que admite a alegação de eventuais excludentes da responsabilidade civil, em razão da
quebra do nexo causal.
155
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Em relação aos elementos da responsabilidade objetiva do estado, é importante tecer algumas considerações: a
conduta pode ser ilícita ou lícita (esta com fundamento também na repartição dos encargos sociais), bastando que
seja apenas consciente e volitiva, o que se justifica pela adoção da Teoria do Órgão ou Teoria da Imputação Volitiva.
O resultado danoso pode englobar danos morais, materiais e estéticos, sendo certo que a fixação da indenização deve
ser feita com base na extensão dos danos suportados pela vítima, sendo ilegal a tarifação para a indenização por
danos morais. E, por fim, o nexo causal consiste na relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado danoso
causado à vítima.
Ressalta-se que, pela teoria do risco administrativo, há três hipóteses que excluem o nexo causal: culpa exclusiva da
vítima – em que a vítima, sozinha, dá causa ao evento danoso, sem nenhuma contribuição, ativa ou passiva, por parte
do Estado; fato exclusivo de terceiro – quando o dano decorre da atuação de um terceiro, sem vínculo jurídico com o
estado; e caso fortuito ou força maior, sendo que parte da doutrina diferencia tais hipóteses afirmando que força
maior consiste em um evento imprevisível e inevitável da natureza, ao passo que caso fortuito consiste em um evento
imprevisível e inevitável do homem.
Para esta doutrina, o caso fortuito ainda pode ser interno ou externo, sendo que somente o caso fortuito externo
exclui o nexo causal e, consequentemente, a responsabilidade estatal. Deve-se trazer à baila que a responsabilidade
do Estado por atos omissivos é um tema de grande divergência. Isso porque, para o STJ e para a doutrina majoritária
(Celso Antônio Bandeira de Melo, Carvalhinho, Di Pietro), a responsabilidade civil do estado por omissão é, em
regra, subjetiva, devendo demonstrar a culpa lato sensu. Em outras palavras: para a doutrina em peso, só haveria
responsabilidade estatal por atos omissivos se restasse demonstrada a negligência do Estado no descumprimento do
dever legal de impedir o resultado.
No entanto, vem ganhando força no Supremo Tribunal Federal o entendimento de que a responsabilidade civil do
Estado por atos omissivos será objetiva, desde que haja uma omissão específica do Estado, ou seja, desde que se
trate de um dever concreto, específico e individualizado de agir, com previsibilidade e evitabilidade do resultado e
independentemente da demonstração de negligência estatal.
No caso em tela, não há que se invocar o fato exclusivo de terceiro para afastar a responsabilidade do estado. Isso
porque, à luz do entendimento do STF, haverá responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de
crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando demonstrado o nexo causal direto entre o
momento da fuga e a conduta praticada, como ocorreu in casu, já que a morte da vítima decorreu diretamente da
violência empregada no contexto da fuga de Rodrigo.
Na análise da existência ou não da responsabilidade, deve-se ainda analisar, como critério cronológico, o intervalo
entre o fato administrativo e o fato típico que, no presente caso, ocorreram no mesmo dia, bem como o eventual
surgimento de causas supervenientes independentes (v.g., formação de quadrilha), que, no caso, sequer existem, de
modo a concluir que o nexo causal entre a fuga e a prática do crime permanece intacto. Por esse motivo, é
perfeitamente viável a responsabilidade objetiva do Estado em face dos familiares de Gustavo, tanto por danos
morais como por danos materiais, em razão do dever específico do Estado de impedir que a fuga ocorresse.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
A regra, aceita no direito moderno, é a de que os danos causados aos indivíduos em decorrência exclusivamente de
tais atos não acarreta a responsabilidade civil do Estado, já que, na verdade, são tidos como atos praticados por
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terceiros. Sequer existe pressupostos da responsabilidade objetiva do Estado, seja pela ausência da conduta
administrativa, seja por falta de nexo causal entre atos estatais e o dano. Pela rapidez que os atos ocorrem, não se
pode atribuir seus efeitos a qualquer ação ou omissão do Poder Público. Ocorre, porém, em certas situações, se torna
notória a omissão do Poder Público, porque teria ele a possibilidade de garantir o patrimônio das pessoas e evitar os
danos provocados pela multidão. Assim, ocorre uma conduta omissiva do Estado. Trata-se de uma omissão culposa.
Aqui incide a responsabilidade civil do Estado.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
Todo aquele que causa dano mediante a prática de ato ilícito possui o dever de repará-lo. Tal lógica é aplicável não
apenas aos particulares, como também ao Estado, que deve pautar sua atuação sempre visando o interesse público e
o bem comum.
Nesse sentido, o art. 37, §6º, da Constituição Federal preconiza que “pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros”.
Assim, discute-se, doutrinariamente, a possibilidade de responsabilização do Estado pela prática de atos jurisdicionais,
prevalecendo o entendimento de que, via de regra, os atos tipicamente jurisdicionais não podem ser objeto de
reparação.
Desse modo, a independência funcional dos magistrados, a previsão da recorribilidade das decisões judiciais e a
soberania estatal presente no exercício da função jurisdicional limitariam a responsabilização estatal aos casos
expressamente previstos no ordenamento jurídico.
Contudo, a Constituição Federal prevê uma exceção, prescrevendo que “o Estado indenizará o condenado por erro
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença”. Com efeito, a responsabilidade do Estado,
em casos como o descrito acima, pode se dar por erro judiciário, quando deverá ser demonstrado o erro grosseiro, o
dolo ou a culpa do magistrado, bem como por abuso do prazo de prisão fixado na sentença.
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Quanto à jurisprudência dos tribunais superiores, há decisões que não reconheceram a responsabilidade estatal pela
prisão cautelar sucedida de absolvição, na medida em que, ausente o excesso de prazo, inexiste ato ilícito e, por
conseguinte, erro judiciário na custódia preventiva decretada, tratando-se de atuação pautada no estrito
cumprimento do dever legal.
Conforme prevê a Constituição Federal, é assegurado ao Estado, nos casos de responsabilização civil estatal, o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Sobre o tema em apreço, havia divergência entre o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça. Este já
havia decidido no sentido de permitir o ajuizamento diretamente ao servidor que causou o dano, enquanto aquele
não permitia a responsabilização “per saltum” do agente público, isto é, sem antes acionar o Estado, com fundamento
na teoria da dupla garantia. Recentemente, porém, foi fixada a tese, em sede de repercussão geral pelo STF, de que
“a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa” (STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 14/8/2019 (repercussão geral - Info 947)
Destarte, considerando que os agentes públicos atuam como “longa manus” do Estado, segundo a teoria do órgão,
de Otto von Gierke, ocorre a imputação volitiva, de modo que os atos praticados por estes são imputados à respectiva
pessoa estatal a que pertença o servidor.
Sendo assim, o dispositivo constitucional que assegura a responsabilização estatal se constitui numa dupla garantia.
Primeiro, ao particular que poderá obter do Estado, cuja capacidade de pagamento é maior do que a do servidor
público praticante do ato, a reparação dos danos causados, independentemente da comprovação de dolo ou culpa.
Segundo, ao servidor público, que só poderá ser responsabilizado, comprovada sua atuação dolosa ou culposa, em
ação regressiva proposta pelo Estado.
Responsabilidade civil (extracontratual) do Estado e a teoria do risco social – tema pouco explorado na doutrina
(curso EBEJI)
Questão: Levando em consideração o Direito Administrativo Brasileiro e com base na responsabilidade civil
(extracontratual) do Estado, fale sobre a teoria do risco social.
O tema da “teoria do risco social” tomou vulto quando em repercussão geral o Supremo Tribunal Federal – STF
analisou a constitucionalidade da Lei Geral da Copa (Lei n. 12.663/2012) na Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI
n.º 4976.
O art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1988 – CF/88 não esgota a matéria relacionada à responsabilidade civil
imputável à Administração, constituindo, tão somente, segundo o magistério de José dos Santos Carvalho Filho, um
“mandamento básico sobre o assunto”.
Isso significa que em situações especiais de grave risco para a população ou de relevante interesse público pode o
Estado ampliar a respectiva responsabilidade por danos decorrentes de sua ação ou omissão, para além das balizas
do supramencionado dispositivo constitucional, inclusive por lei ordinária (como fez a Lei Geral da Copa), dividindo os
ônus decorrentes dessa extensão com toda a sociedade.
O que se veda, em verdade, é que uma lei contrarie o dispositivo constitucional no sentido de determinar que a
responsabilidade da União não será objetiva (sem análise de dolo ou culpa). Afinal, a responsabilização de entes
públicos em sua forma objetiva já vigora entre nós desde a Constituição de 1946 e assim deve continuar a ser.
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A Teoria do Risco Social possui como foco da responsabilidade civil a vítima e não o autor do dano, de modo que a
reparação estaria a cargo de toda a coletividade, dando ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos – sempre
com o intuito de que o lesado não deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido.
APROFUNDAMENTO (COMENTÁRIOS DO MEDIADOR):
O assunto proposto na questão é tema recente e pouco explorado nos livros de Direito Administrativo. Muitos alunos
ainda nem ouviram falar do assunto.
O tema da “teoria do risco social” tomou vulto quando em repercussão geral o STF analisou a constitucionalidade da
Lei Geral da Copa (Lei n. 12.663/2012) na ADI 4976.
Vejamos o teor do art. 23: “Art. 23. A União assumirá os efeitos da responsabilidade civil perante a FIFA, seus
representantes legais, empregados ou consultores por todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em
função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos eventos, exceto se e na medida em que a FIFA
ou a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano”. Foi durante a análise desse artigo em questão que a
expressão “Teoria do Risco Social” apareceu.
Segundo a Teoria do Risco Social o foco da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a
reparação estaria a cargo de toda a coletividade, dando ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos – sempre
com o intuito de que o lesado não deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido. Sendo assim, o Estado
responde ainda que os danos não lhe sejam imputáveis.
Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que “o ponto extremo da responsabilidade do Estado e para o qual vai a
caminho é a teoria do risco social, segundo cujos termos esta se promove mesmo com relação a danos não
imputáveis à ação do Poder Público”.
Essa teoria é nova e não faz parte da “teoria do risco administrativo” e nem do “risco integral”, uma vez que o art. 37,
§ 6º, da CF não esgota a matéria relacionada à responsabilidade civil imputável à Administração, constituindo, tão
somente, segundo o magistério de José dos Santos Carvalho Filho, um “mandamento básico sobre o assunto”.
Isso significa que em situações especiais de grave risco para a população ou de relevante interesse público pode o
Estado ampliar a respectiva responsabilidade por danos decorrentes de sua ação ou omissão, para além das balizas
do supramencionado dispositivo constitucional, inclusive por lei ordinária (como fez a Lei Geral da Copa), dividindo os
ônus decorrentes dessa extensão com toda a sociedade.
Se o estado tem o dever de cuidar da harmonia e da estabilidade sociais, e o dano provém justamente da quebra
dessa harmonia e estabilidade, seria dever do estado repará-lo. Com tal teoria, prescinde-se inclusive da conduta
humana atribuída ao estado, através de seus agentes, para lhe responsabilizar.
Portanto, concluo deixando uma dica: estude sobre a teoria do risco social! Para tanto, sugiro a leitura:
http://blogodireitobrasileiro.blogspot.com.br/2014/10/no-que-consiste-teoria-do-risco-social.html
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI_4976_VOTO_MRL.pdf
#JÁCAIU #EVAICONTINUARCAINDO:
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
tem o dever de vigilância sobre alguém e não evitar o dano). No primeiro caso a responsabilidade é subjetiva
(policial assiste ao assalto e nada faz) e no segundo caso objetiva.
Dano moral – indenização – juros de mora desde o evento danoso e correção monetária do arbitramento.
Preso foge e mata alguém – STF – não há nexo de causalidade direto e imediato. Só há responsabilidade nos
casos em que os crimes são cometidos na fuga do preso ou quando o Estado tenha agido com culpa gravíssima,
como quando deixa alguém fugir várias vezes da prisão, sem que haja regressão do regime prisional.
No caso de contratos administrativos, a empresa que executa a obra responde subjetivamente e
diretamente. Não há responsabilidade do Estado
Suicídio – em hospital – Responsabilidade subjetiva. Em hospital psiquiátrico – resp. objetiva. Prisão –
objetiva. Essa temática foi objeto de questão da prova do TJDFT/2016: Ao propor a seguinte situação hipotética:
“Uma pessoa absolutamente incapaz foi internada em hospital psiquiátrico integrante da administração pública
estadual, para tratamento de grave doença psiquiátrica. Um mês depois da internação, durante o período
noturno, foi constatado que essa pessoa faleceu, após cometer suicídio nas dependências do hospital”, a banca
CESPE considerou correta a seguinte alternativa: “O estado poderá ser acionado e condenado a ressarcir os danos
morais causados aos genitores do interno, já que tinha o dever de garantir a vida e a saúde do paciente,
respondendo objetivamente pelas circunstâncias do óbito”.
Lesão corporal de policial não fardado a sua ex mulher, utilizando arma da corporação – Estado não
responde.
Pensão para os filhos e viúva do lesado – filhos até 25 anos e esposa até a data em que o de cujus completaria
65 anos. STJ vem aumentado essa idade, em vista do aumento da expectativa de vida.
Não há impedimento à instauração de ação regressiva após a cessão do exercício no cargo ou função por
disponibilidade, aposentadoria, exoneração ou demissão.
As empresas privadas que prestem serviço público respondem objetivamente.
#DICA: O que se entende por pedágio de masmorra? Segundo expressão utilizada pelo STJ em pedido de
indenização por danos morais ajuizada por presidiário em face de maus-tratos sofridos durante a sua estadia na
penitenciária, a condenação do Estado à indenização por danos morais individuais como remédio isolado arrisca
a instituir uma espécie de pedágio-masmorra, deixando a impressão de que ao Poder Público, em vez de garantir
direitos inalienáveis e imprescritíveis de que são titulares por igual todos os presos, basta pagar aos prisioneiros
que disponham de advogado para postular em seu favor, uma espécie de bolsa-indignidade, pela ofensa diária,
continuada e indesculpável aos mais fundamentais dos direitos, assegurados constitucionalmente. No caso,
argumentou-se que não se tratava da incidência da cláusula da reserva do possível nem de assegurar o mínimo
existencial, mas sim da necessidade urgente de aprimoramento das condições do sistema prisional, que deverá
ser feito por meio de melhor planejamento e estruturação física, e não apenas mediante pagamento pecuniário
e individual aos apenados. No caso, inclusive, que era patrocinado pela Defensoria Pública, consignou-se que
esse órgão teria mecanismos mais eficientes e efetivos para contribuir com a melhoria do sistema prisional,
dentre os quais o próprio ajuizamento de ACP (@estudos_defensoria).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Não há direito de regresso, portanto, não é cabível a execução regressiva
proposta pela Eletrobrás contra a União em razão da condenação das mesmas ao pagamento das diferenças na
devolução do empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica ao particular contribuinte da exação.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.576.254-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/06/2019 (recurso repetitivo
– Tema 963) (Info 655)
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
1) Os danos morais decorrentes da responsabilidade civil do Estado somente podem ser revistos em sede de recurso
especial quando o valor arbitrado é exorbitante ou irrisório, afrontando os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade.
2) O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações de responsabilidade civil em face do Estado por ilícitos
praticados por seus agentes é a data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
3) As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais ocorridas durante o regime militar são
imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932.
4) O prazo prescricional das ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública é quinquenal (Decreto n.
20.910/1932), tendo como termo a quo a data do ato ou fato do qual originou a lesão ao patrimônio material ou
imaterial. (Recurso Repetitivo - Tema 553)
5) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência
na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.
Polêmica. Acredito que deve ser lida como verdadeira se a “omissão for genérica, com base na culpa anônima”
(multidões, enchentes, vendaval). Porém, se a omissão for específica, em que há um dever de garante, a
responsabilidade seria objetiva (exs: presidiários, pessoas internadas em hospitais públicos, estudantes de escolas
públicas).
6) Há responsabilidade civil do Estado nas hipóteses em que a omissão de seu dever de fiscalizar for determinante
para a concretização ou o agravamento de danos ambientais.
A responsabilidade do Estado por dano ao meio ambiente decorrente de sua omissão no dever de fiscalização é de
caráter solidário, mas de execução subsidiária, na condição de devedor-reserva.
Há responsabilidade do Estado ainda que, por meios apenas indiretos, contribua para a consolidação, agravamento
ou perpetuação dos danos experimentados pela sociedade. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1362234/MS, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 05/11/2019.
7) A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes
estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.
8) É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em razão de tiroteio ocorrido
entre policiais e assaltantes.
9) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de custodiado em unidade prisional.
Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é
responsável pela morte de detento. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016
(Repercussão Geral – Tema 592) (Info 819).
10) O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso ocorrido no interior de estabelecimento prisional.
O STF decidiu que a responsabilização objetiva do Estado em caso de morte de detento somente ocorre quando
houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal (RE
841526/RS).
Não haverá responsabilidade civil do Estado se o Tribunal de origem, com base nas provas apresentadas, decide que
não se comprovou que a morte do detento foi decorrente da omissão do Poder Público e que o Estado não tinha
como montar vigilância a fim de impedir que o preso ceifasse sua própria vida.
Tendo o acórdão do Tribunal de origem consignado expressamente que ficou comprovada causa impeditiva da
atuação estatal protetiva do detento, rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta omissão do Poder Público
e o resultado danoso. STJ. 2ª Turma. REsp 1305259/SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/02/2018.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
11) O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo
quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.
12) A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância
contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida tão
somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima. (Recurso Repetitivo - Tema 517)
13) No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas, impondo a redução
da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária do transporte ferroviário descumpre o
dever de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta
negligente no tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; e
(ii) a vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local inapropriado. (Recurso Repetitivo - Tema
518)
14) Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de quebra de instituição
financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco Central no mercado de capitais.
15) A existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei n. 6.880/1980) não isenta a responsabilidade do
Estado pelos danos morais causados em decorrência de acidente sofrido durante as atividades militares.
16) Em se tratando de responsabilidade civil do Estado por rompimento de barragem, é possível a comprovação de
prejuízos de ordem material por prova exclusivamente testemunhal, diante da impossibilidade de produção ou
utilização de outro meio probatório.
17) É possível a cumulação de benefício previdenciário com indenização decorrente de responsabilização civil do
Estado por danos oriundos do mesmo ato ilícito.
18) Nas ações de responsabilidade civil do Estado, é desnecessária a denunciação da lide ao suposto agente público
causador do ato lesivo.
Juris Selecionada Dizer o Direito
Em regra, o Estado O Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a profissional de
responde de forma objetiva imprensa ferido, por policiais, durante cobertura jornalística de manifestação
pelos danos causados a pública em que ocorra tumulto ou conflito, desde que o jornalista não haja
profissional de imprensa descumprido ostensiva e clara advertência quanto ao acesso a áreas definidas
ferido, por policiais, durante como de grave risco à sua integridade física, caso em que poderá ser aplicada a
cobertura jornalística de excludente da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
manifestação pública
Tese fixada pelo STF: “É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a
profissional da imprensa ferido por agentes policiais durante cobertura
jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais e
manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da
vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e
clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua
integridade física”.
STF. Plenário. RE 1209429/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 10/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1055)
(Info 1021).
As ações de indenização Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e
por danos morais e materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos
materiais decorrentes de fundamentais ocorridos durante o regime militar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
perseguição, tortura e 10/03/2021, DJe 15/03/2021.
prisão, por motivos
políticos, ocorridas durante
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
o regime militar, são
imprescritíveis
Em regra, o Estado não tem Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a
responsabilidade civil por responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime
atos praticados por presos praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o
foragidos; exceção: quando nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário.
demonstrado nexo causal RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes,
direto julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).
Enunciado 40 da I Jornada Nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública aplica-se o prazo
de Direito Administrativo prescricional quinquenal previsto no Decreto nº 20.910/1932 (art. 1º), em
CJF/STJ detrimento do prazo trienal estabelecido no Código Civil de 2002 (art. 206, § 3º,
V), por se tratar de norma especial que prevalece sobre a geral.
O art. 927, parágrafo único, Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do
do Código Civil pode ser Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente
aplicado para a perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva. STJ. 2ª Turma.
responsabilidade civil do REsp 1869046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020 (Info 674).
Estado
Para que o Município seja Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos
responsável por acidente decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação
em loja de fogos de artifício, de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a
é necessário comprovar que licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de
ele violou dever jurídico conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo
específico de agir particular. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
(concedeu licença sem as Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366)
cautelas legais ou tinha (Info 969).
conhecimento de
irregularidades que estavam
sendo praticadas pelo
particular)
Não há culpa concorrente No caso em que o município promove queima de fogos nas festividades de ano
dos pais por danos novo e deixa, nas proximidades do local onde ocorreu o evento, restos de
causados a menor por explosivos sem qualquer proteção, não há falar em culpa concorrente dos pais
restos de fogos de artifício pelos danos causados ao seu filho.
deixados em logradouro
público sem proteção pelo Nesta situação, não se pode imputar aos pais responsabilidade por ter permitido
Município que o filho brincasse em logradouro público, especialmente naquele onde
ocorreu as festividades de ano novo. Não havia nenhum elemento indicativo de
que era proibido o acesso ao local do acidente ou que o município tenha
163
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prevenido o acesso à área pública. Assim, não há culpa concorrente dos pais,
tendo sido a conduta do município causa exclusiva para a ocorrência do dano.
STJ.2ª Turma. REsp 1837378/RO, Rel. Min Herman Benjamin, julgado em
10/12/2019.
A União não tem A União não tem responsabilidade pelos prejuízos supostamente causados à
responsabilidade pelos indústria de brinquedos nacional pela redução do imposto de importação de
prejuízos supostamente brinquedos na década de 1990 (Info 963 STF)
causados à indústria de
brinquedos nacional pela
redução do imposto de
importação de brinquedos na
década de 1990
Pretensão dos acionistas de Pretensão dos acionistas de serem indenizados pela União e pela Petrobrás pelos
serem indenizados pela União prejuízos causados em decorrência da desvalorização dos ativos da Companhia,
e pela Petrobrás pelos por conta da Lava Jato, deverá ser ajuizada na Justiça Federal de 1ª instância (e
prejuízos causados em não por arbitragem) (Info 664 STJ)
decorrência da desvalorização
dos ativos da Companhia, por
conta da Lava Jato, deverá ser
ajuizada na Justiça Federal de
1ª instância (e não por
arbitragem)
A vítima somente poderá A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos
ajuizar a ação de indenização causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa
contra o Estado; se este for jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima
condenado, poderá acionar o para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável
servidor que causou o dano
nos casos de dolo ou culpa. STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco
em caso de dolo ou culpa; o
ofendido não poderá propor a Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).
demanda diretamente contra o
agente público
Se a Eletrobrás e a União Não há direito de regresso, portanto, não é cabível a execução regressiva
foram condenadas a pagar proposta pela Eletrobrás contra a União em razão da condenação das mesmas ao
valores decorrentes do pagamento das diferenças na devolução do empréstimo compulsório sobre o
empréstimo compulsório consumo de energia elétrica ao particular contribuinte da exação.
sobre consumo de energia
STJ. 1ª Seção. REsp 1576254-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
elétrica e a Eletrobrás quitou
toda a dívida com o particular, 26/06/2019 (recurso repetitivo – Tema 963) (Info 655).
ela não poderá pedir o
ressarcimento da União
O Estado responde, O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores
objetivamente, pelos danos oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o
causados por notários e dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de
registradores improbidade administrativa. O Estado possui responsabilidade civil direta,
primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de registro, no exercício
de serviço público por delegação, causem a terceiros. STF. Plenário. RE
842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info
932).
164
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
União não tem o dever de União não tem o dever de indenizar indústrias nacionais prejudicadas com a
indenizar indústrias redução das alíquotas do imposto de importação (Info 634 STJ)
nacionais prejudicadas com
a redução das alíquotas do
imposto de importação
165
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concessionária garantir segurança privada ao longo da estrada, mesmo que seja
em postos de pedágio ou de atendimento ao usuário.
Estado deve indenizar preso Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter
que se encontre em em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento
situação degradante jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição,
a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados
aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red.
p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info
854).
Indenização por danos O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica
morais a anistiado político prevista na Lei nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na
esfera judicial, indenização por danos morais pelo mesmo episódio político.
Inexiste vedação para a acumulação da reparação econômica com indenização
por danos morais, porquanto se tratam de verbas indenizatórias com
fundamentos e finalidades diversas: aquela visa à recomposição patrimonial
(danos emergentes e lucros cessantes), ao passo que esta tem por escopo a tutela
da integridade moral, expressão dos direitos da personalidade.
STJ. 1ª Turma. REsp 1485260-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 5/4/2016
166
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(Info 581).
Ações contra pessoa É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito
jurídica de direito privado proponha ação de indenização contra concessionária de serviço público de
prestadora de serviço transporte coletivo (empresa de ônibus). O fundamento legal para esse prazo está
público no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e também no art. 27 do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp
1277724-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/5/2015 (Info 563).
União não tem legitimidade A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos
passiva em demanda que decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante
envolve erro médico e SUS atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei
8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS
é do Município, a quem compete responder em tais casos. STJ. 1ª Seção. EREsp
1388822-RN, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/5/2015 (Info 563).
Termo inicial da prescrição Determinada pessoa foi presa e torturada por policiais. Foi instaurado inquérito
de pretensão indenizatória policial para apurar o ocorrido. Qual será o termo de início da prescrição da ação
decorrente de tortura e de indenização por danos morais?
morte de preso • Se tiver sido ajuizada ação penal contra os autores do crime: o termo inicial da
prescrição será o trânsito em julgado da sentença penal.
• Se o inquérito policial tiver sido arquivado (não foi ajuizada ação penal): o termo
inicial da prescrição da ação de indenização é a data do arquivamento do IP.
STJ. 2ª Turma.
Lei estadual e pensão para É inconstitucional lei estadual (distrital) que preveja o pagamento de pensão
cônjuges de falecidos por especial a ser concedida pelo Governo do Estado (Distrito Federal) em benefício
crimes hediondos: dos cônjuges de pessoas vítimas de crimes hediondos, independentemente de o
inconstitucionalidade autor do crime ser ou não agente do Estado. Tal lei amplia, de modo desmesurado
(irrazoável), a responsabilidade civil do Estado prevista no art. 37, § 6º, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 1358/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/2/2015 (Info
773).
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de água. Além disso, restou caracterizada a falha na prestação do serviço,
indenizável por dano moral, quando a Companhia não garantiu a qualidade da
água distribuída à população. O dano moral, no caso, é in re ipsa, ou seja, o
resultado danoso é presumido. STJ. 2ª Turma. REsp 1492710-MG, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 16/12/2014 (Info 553).
Responsabilidade da União O STF reconheceu que a União deve indenizar companhia aérea que explorava os
por plano econômico e serviços de aviação sob o regime de concessão, pelos prejuízos causados
congelamento de tarifas decorrentes de plano econômico que determinou o congelamento das tarifas de
(“caso Varig”) aviação.
Danos morais decorrentes As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura
de tortura no regime militar: ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis.
imprescritível Não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto
20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp 1374376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 25/6/2013 (Info 523).
Servidor obrigado a pedir No caso em que o servidor público foi impedido irregularmente de acumular dois
exoneração por conta de cargos públicos em razão de interpretação equivocada da Administração Pública,
interpretação equivocada de o Estado deverá ser condenado e, na fixação do valor da indenização, não se deve
acumulação ilícita tem aplicar o critério referente à teoria da perda da chance, e sim o da efetiva
direito à indenização extensão do dano causado, conforme o art. 944 do CC. STJ. 2ª Turma. REsp
1308719-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/6/2013 (Info
530).
Enquanto não declarada a Deve ser extinto o processo, sem resolução do mérito, na hipótese de ação em
nulidade do registro que se pretenda obter do Estado, antes de declarada a nulidade do registro
imobiliário, o Estado não imobiliário, indenização por dano decorrente de alegada fraude ocorrida em
pode ser responsabilizado, Cartório de Registro de Imóveis.
civilmente, por eventual
fraude ocorrida no Cartório Nessa situação, falta interesse de agir, pois, antes de reconhecida a nulidade do
de Registro de Imóveis registro, não é possível atribuir ao Estado a responsabilidade civil pela fraude
alegada. Isso porque, segundo o art. 252 da Lei 6.015/73, o registro, enquanto
não cancelado, produz todos os efeitos legais, ainda que, por outra maneira,
prove-se que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido. STJ. 1ª Turma.
REsp 1366587-MS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/4/2013 (Info
523)
Lesões sofridas por militar Não é cabível indenização por danos morais/estéticos em decorrência de lesões
das forças armadas em sofridas por militar das Forças Armadas em acidente ocorrido durante sessão de
treinamento treinamento, salvo se ficar demonstrado que o militar foi submetido a condições
de risco excessivo e desarrazoado. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 29046-RS, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 21/2/2013 (Info 515).
Vale ressaltar, no entanto, que, se for reconhecido que houve excesso, será
possível a condenação por danos morais e o argumento de que os militares são
regidos por lei específica não é suficiente para isentar o dever de
responsabilidade: A existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei
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6.880/80) não isenta a responsabilidade do Estado, prevista no art. 37, § 6º, da
Constituição Federal, por danos morais causados a servidor militar em
decorrência de acidente sofrido durante atividade no Exército.
É possível a cumulação de indenização por dano moral com os proventos da
reforma de servidor militar.
Serviços Públicos
Será considerado serviço público toda atividade executada pelo Estado de forma a promover à sociedade uma
comodidade ou utilidade, usufruída individualmente pelos cidadãos, visando ao interesse público, gozando das
prerrogativas decorrentes da supremacia estatal e sujeições justificadas pela indisponibilidade do interesse público.
Principais distinções Obra Pública A obra pública é uma atividade estanque, com projeto que
entre a prestação de determina o início e o fim das atividades.
serviço público Poder de Polícia Trata-se de atuação restritiva do poder público, diferente da
propriamente dita e as prestação do serviço que é medida ampliativa.
demais atividades Exploração de Quando o ente estatal atua no mercado, explorando atividade
executadas pelo Estado. Atividade Econômica econômica, submete-se às normas de direito privado, não se
beneficiando das prerrogativas do poder público.
170
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
implícito na CF, devendo o prestador manter a execução da atividade, somente se admitindo
que faça paralelamente a cobrança judicial dos valores não pagos.
Atenção! Será ilegal a paralisação do serviço público por inadimplemento do usuário caso
enseje a interrupção de um serviço essencial à coletividade (ex: corte no fornecimento de
energia elétrica de um hospital em virtude de inadimplemento).
STJ: a iluminação pública é serviço essencial à segurança da coletividade, razão pela qual não
pode ser interrompido por motivo de inadimplemento.
A participação dos usuários dos serviços públicos, por força do art. 18 da Lei, se dará por meio dos Conselhos de
Usuários, que são órgãos consultivos com a atribuição de: acompanhar os serviços prestados; participar das
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avaliações desses serviços; propor melhorias; definir diretrizes para o atendimento adequado; e acompanhar e
avaliar a atuação do ouvidor. O Conselho será composto pelos usuários, e prezará pela pluralidade.
A Avaliação Continuada é dirigida pelo próprio órgão da Administração, e consiste em uma pesquisa de
satisfação anual. Além disso, haverá um ranking das entidades que mais recebem reclamações, que servirá de
subsídio para reorientar os serviços prestados, especialmente no que se refere à Carta de Serviços ao Usuário.
Obs: Aplica-se subsidiariamente o disposto nesta Lei aos serviços públicos prestados por particular (art. 1º, §3º).
A concessionária é fornecedora de serviços usufruídos por particulares e, como tal, não pode se eximir de
respeitar as normas definidas para a proteção do consumidor.
É garantia do particular o recebimento de serviço adequado, respeitando a eficiência e isonomia na sua
prestação, em obediência às regras de modicidade das tarifas e cortesia pelos executantes.
Hipóteses de faixa de consumo – segundo o STJ, é válido o escalonamento da tarifação: paga menos o
consumidor com menos gasto, tendo em vista a política de ação afirmativa (inclui aqueles que ficariam alijados
do serviço, onerando diferentemente as pessoas). Nesse sentido, prevê a Súmula 407 do STJ, que legitima a
cobrança de tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo. Aqui, afasta-
se o CDC, em que o usuário deve pagar exatamente pelo valor consumido.
As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, são obrigadas a oferecer ao consumidor e
ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de 6 datas opcionais para escolherem os dias de
vencimentos de seus débitos.
A concessionária deverá divulgar em seu sítio eletrônico, de forma clara e de fácil compreensão pelos usuários,
tabela com o valor das tarifas praticadas e a evolução das revisões e reajustes realizados nos últimos 5 anos.
Direitos do usuário:
✓ Receber o serviço adequado;
✓ Receber, do poder concedente e da concessionária, todas as informações necessárias à defesa dos seus
interesses individuais ou coletivos.
Obrigações do usuário:
✓ Levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de que tenha conhecimento;
✓ Comunicar às autoridades os atos ilícitos praticados pela concessionária na prestação do serviço.
Atenção: Mesmo quando o Estado transfere a titularidade do serviço, ele se mantém responsável pelos danos
decorrentes da atividade, de forma subsidiária, sempre que o prestador direto não puder arcar com as
indenizações decorrentes dos prejuízos causados na execução da atividade.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Classificações importantes sobre Serviços Públicos
Quanto à a) Serviços públicos exclusivos, não delegáveis: serviços que somente podem ser prestados
possibilidade de diretamente pelo Estado, não se admitindo a transferência a particulares. Ex: art. 21, X CF –
delegação serviço postal (em razão da impossibilidade de delegação, segundo o STF, a Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos executa serviço público por outorga, ostentando regime idêntico ao da
Fazenda Pública) e correio aéreo nacional. Ex dados pela doutrina: administração tributária e
organização administrativa.
b) Serviços públicos exclusivos delegáveis: serviços que devem ser necessariamente prestados
pelo Estado, que pode realizar essa prestação diretamente ou mediante delegação. Ex: art. 21,
XI CF – serviços de transporte público e energia elétrica.
c) Serviços públicos de delegação obrigatória: devem ser prestados pelo Estado e
necessariamente devem ser delegados a particulares. Ex: serviços de radiodifusão sonoro e
radiodifusão de sons e imagens (art. 223 CF).
d) Serviços públicos não exclusivos do Estado: o Estado presta esses serviços e o particular
também o faz, sem a necessidade de delegação. Segundo a doutrina mais moderna, tais serviços,
quando prestados pelo particular, não ostentam a qualificação de serviços públicos
propriamente ditos, sendo, portanto, designados serviços de utilidade pública ou serviços
impróprios. O STF já se manifestou no sentido de que esses serviços públicos não exclusivos,
quando prestados por particulares, são serviços de relevância pública. Ex: serviços de saúde,
educação e previdência → são prestados pelo particular, somente mediante fiscalização do
Estado e também serão prestados pelo Estado obrigatoriamente.
Forma de a) Serviços uti singuli: é possível mensurar o quanto cada usuário usufrui desse serviço e, por
fruição pelos isso, a cobrança pode ser feita mediante o pagamento de taxas ou tarifas. Podem ser designados
usuários como serviços divisíveis. Esses serviços divisíveis podem ainda ser subclassificados em:
i. Compulsórios: são essenciais à coletividade, de forma que não podem ser abdicados pelos
destinatários. Nesses casos, a cobrança deverá ser efetivada mediante taxa e se admite a
cobrança da “taxa mínima” pelo simples fato de estar o serviço à disposição do usuário.
ii. Facultativos: podem ou não ser utilizados pelos usuários. Somente é possível a cobrança
pelo serviço efetivamente prestado, sendo que a contraprestação deve ser feita mediante
tarifas ou preços públicos, não ostentando natureza tributária.
b) Serviços uti universi: são serviços que não podem ser divididos em sua utilização, ou seja,
não é possível saber quanto cada usuário utilizou. Esses serviços são custeados pela receita geral
decorrente da arrecadação dos impostos. São serviços indivisíveis. Ex: serviços de iluminação
pública e de limpeza pública.
Quanto à forma a) Serviços públicos próprios: somente podem ser prestados pelo Estado de forma direta (entes
de prestação da Adm. Direta ou Indireta) ou mediante delegação a particulares (contratos de concessão e
permissão);
b) Serviços públicos impróprios: não obstante sejam essenciais à coletividade, podem ser
executados por particulares sem a necessidade de delegação pelo ente estatal. São os serviços
públicos não exclusivos de Estado.
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Em sentido contrário, segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, são comerciais ou industriais
aquelas atividades que são prestadas pelo poder público, diretamente ou mediante delegação,
com a finalidade de satisfazer algumas necessidades do particular de natureza econômica, como
serviços de transporte ou telecomunicações.
Concessão de Configura-se a transferência da prestação de serviços públicos para particulares, pelo ente
Serviços público a pessoas jurídicas ou consórcios de empresas que demonstrem capacidade para
Públicos desempenhar a atividade transferida por sua conta e risco.
É obrigatório o procedimento licitatório realizado na modalidade concorrência,
independentemente do valor contratado a ser firmado.
Enseja somente a delegação da atividade, ou seja, a descentralização por colaboração.
A empresa concessionária será remunerada pelas tarifas que cobrará aos usuários, não lhe
sendo devida qualquer contraprestação pelo ente estatal.
Concessão simples: são contratos cujo objeto se resume à transferência da execução do serviço
público para o particular;
Concessão precedida de obra (art. 2º, III da Lei 8.987/95): nesses casos, o particular deverá
executar a obra às suas expensas, sendo remunerado, posteriormente, pela exploração do
serviço decorrente da obra.
Poder É o ente federativo responsável pela execução da atividade delegada. São entes da
Concedente Administração Direta (União, Estado, Municípios, DF).
Excepcionalmente, a lei atribui o poder de delegar serviços públicos a entidades da
administração indireta, como é o caso do poder atribuído a ANATEL e ANEEL por lei para atuar
numa concessão como poder concedente de serviço público.
Ademais, os consórcios públicos, instituídos pela lei 11.107/05, poderão atuar como poder
concedente em relação aos serviços de sua responsabilidade, desde que o faça mediante
autorização prevista no contrato de consórcio público.
Direitos e Como titular dos serviços delegados, tem o dever de zelar pela adequada prestação de forma a
Obrigações do satisfazer as necessidades dos usuários e garantir uma execução eficiente. Será
Concedente subsidiariamente responsável por todos os danos causados na execução de um serviço público.
Encargos do ✓ Regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanentemente a sua prestação;
Poder ✓ Aplicar as penalidades regulamentares e contratuais;
Concedente ✓ Intervir na prestação do serviço, sempre que houver indícios de irregularidades na empresa
contratada;
✓ Extinguir a concessão (poder de rescisão unilateral);
✓ Homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas;
✓ Cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares e cláusulas contratuais;
✓ Zelar pela boa qualidade do serviço;
✓ Declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do serviço ou obra pública,
promovendo desapropriações, diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária
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(obs: nesses casos, o ente estatal somente efetiva a declaração de utilidade pública, competindo
à concessionária executar a desapropriação);
✓ Declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins de instituição de servidão
administrativa, os bens necessários à execução de serviço ou obra pública, promovendo-a
diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a
responsabilidade pelas indenizações cabíveis.
✓ Estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservação do meio-ambiente e
conservação.
✓ Incentivar a competitividade.
✓ Estimular a formação de associações de usuários para defesa de interesses relativos ao
serviço.
Concessionária É o particular que celebra o contrato administrativo, tornando-se executor do serviço público
descentralizado.
Não goza de qualquer benefício da Fazenda Pública.
O contrato de concessão de serviços públicos somente pode ser celebrado com pessoas
jurídicas ou consórcios de empresas, não se admitindo a assinatura da avença com pessoa física.
Ao particular contratado deverá ser garantida a manutenção da margem de lucro inicialmente
pactuada, mesmo diante de situações que desequilibrem a avença de forma inesperada.
Obrigações da ✓ Prestar serviço adequado;
Concessionária ✓ Manter em dia o inventário e o registro de bens vinculados à concessão;
✓ Prestar contas da gestão do serviço ao poder concedente e aos usuários;
✓ Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláusulas contratuais;
✓ Permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso;
✓ Promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder concedente;
✓ Zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação do serviço;
✓ Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros, uma vez que a prestação é feita por conta e
risco da empresa contratada (art. 25 da Lei 8.987/95).
Responsabilida Em relação à responsabilidade civil das concessionárias, aplica-se o art. 37, §6° CF. Nestes casos
de Civil das em que o particular prestador do serviço causa o dano por conduta de seus agentes a
Concessionárias responsabilidade da concessionária é objetiva e o Estado tem responsabilidade subsidiária (e
objetiva). Ou seja, somente é possível a responsabilização do Estado após o esgotamento das
tentativas de pagamento por parte da empresa pelos prejuízos causados, uma vez que a
concessionária executa o serviço público por sua conta e risco.
STF: ainda que o dano seja causado a terceiro, NÃO USUÁRIO do serviço público, a
responsabilidade também será objetiva.
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Procedimento Licitatório
Sobre o A concessão de serviços públicos é precedida de licitação na modalidade concorrência,
Procedimento necessariamente, com algumas ressalvas trazidas pela Lei 9.074/95.
Licitatório A Lei 8987/95 prevê que, no edital da concorrência, para contratos de concessão de serviços
públicos, é possível se estabelecer a inversão de fases da habilitação e classificação.
Além disso, a forma de escolha do vencedor não segue as normas da Lei 8666/93. De fato,
os tipos de licitação não se resumem à análise de menor preço ou melhor técnica.
O poder concedente recusará propostas manifestamente inexequíveis ou financeiramente
incompatíveis com os objetivos da licitação.
O único critério definido em lei, para desempatar o procedimento licitatório, em casos de
contratos de concessão de serviço público é a nacionalidade da empresa participante do
certame.
É possível a participação do procedimento licitatório de empresas consorciadas, mesmo
antes de firmado o acordo, desde que apresentada a comprovação de compromisso, público
ou particular, de constituição de consórcio.
Modalidades A Lei 9.074/95 (arts. 27 e 29) criou o Programa Nacional de Desestatização e determina que
Licitatórias os serviços públicos que estejam elencados neste programa podem ser delegados mediante
Diferenciadas contratos de concessão, sendo que, nestes casos, a modalidade licitatória a ser utilizada
poderá ser o leilão.
Do mesmo modo, há uma peculiaridade a ser observada nos contratos de concessão de
serviços públicos de radiodifusão de sons e imagens (televisão) e radiodifusão sonora (rádio).
Em tais casos, não há aplicabilidade das disposições da Lei 8.987/95, consoante estabelecido
em seu artigo 41, devendo ser observada a definição constitucional (art. 223 CF).
Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para
estes serviços, com observância do princípio da complementariedade dos sistemas privados,
público e estatal, dependendo a negativa de aprovação, de no mínimo, 2/5 do Congresso
Nacional, em votação nominal (art. 223 CF).
Prazos para concessão e permissão: 10 anos para as emissoras de rádio e 15 anos para as de
TV.
O cancelamento da concessão ou da permissão, antes de vencido o prazo: depende de
decisão judicial.
Formalização Os contratos de concessão se diferenciam dos demais contratos de execução de serviços pelo
dos Contratos fato de que a remuneração da empresa concessionária não é feita pela Administração Pública,
de Concessão mas sim pela exploração do serviço concedido.
do Serviço A concessão de serviço público é um contrato administrativo e, como tal, se submete ao
Público regime geral dos contratos previsto na Lei 8.666/93 com todas as suas obrigações e garantias
(ex: estão implícitas nos contratos de concessão as cláusulas exorbitantes).
Nos contratos de concessão de serviço público precedido da execução de obra pública, devem,
ainda, estar prevista cláusulas que estipulem os cronogramas físico-financeiros de execução
das obras vinculadas à concessão e que exijam garantia do cumprimento, pela concessionária,
das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.
Intervenção Ocorre, quando, ao fiscalizar, o poder concedente descobre indícios de irregularidades.
Haverá nomeação do agente público que atuará como interventor, o qual ficará responsável
pela gestão da empresa, enquanto se instaura processo administrativo para apuração das
supostas irregularidades apontadas.
A nomeação deve ser feita por meio de decreto expedido pelo chefe do Poder Executivo.
Depois da nomeação, a Administração deve instaurar o processo administrativo em até 30
dias.
Esse processo terá duração máxima de 180 dias.
Se não for verificada nenhuma irregularidade na empresa concessionária, a administração do
serviço será devolvida à mesma. Caso contrário, sendo descoberto o cometimento de
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irregularidades que configurem inadimplemento contratual, será decretada a caducidade do
contrato.
Duração do O contrato de concessão, como regra, não gera despesas ao Estado e, por conseguinte, não
Contrato depende de previsão de lei orçamentária, não precisando, portanto, obedecer ao prazo de
duração do crédito orçamentário. A desvinculação ao art.57 da Lei 8.666/93 não significa
celebração de contrato de concessão de serviços por prazo indeterminado.
Radiofusão sonora: o prazo de duração será 10 anos.
Radiofusão de sinais e imagens: o prazo de duração será de 15 anos.
Arbitragem A Lei 11.196/05 alterou as disposições da Lei 8.987/95, admitindo-se a celebração de cláusulas
compromissórias e compromissos arbitrais para solução das controvérsias ocorridas no bojo de
contratos de concessão de serviços públicos.
Subconcessão Para que seja possível a subconcessão, ou seja, para que seja subcontratado o objeto do
contrato de concessão firmado, ou para que se admita a transferência do controle acionário
da concessionária, é indispensável a anuência do poder concedente, sob pena de configurar-
se inadimplemento sujeito à declaração de caducidade do contrato (art. 27 da Lei 8.987/95).
Não pode ocorrer logo após o término da licitação, o que pode ensejar uma fraude ao certame
por meio da criação de uma “empresa de fachada” somente para participação de
procedimento.
Requisitos para anuência: A empresa que assumirá o serviço público deverá atender às
exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal
necessárias à assunção do serviço, assim como se comprometerá a cumprir todas as cláusulas
do contrato em vigor.
A legislação admite que desde que haja regulamentação prévia no contrato de concessão, o
poder concedente poderá autorizar a assunção do controle da concessionária por seus
financiadores para promover sua reestruturação financeira e assegurar a não interrupção da
prestação dos serviços. Nestes casos, o Estado exigirá dos financiadores que atendam às
exigências de regularidade jurídica e fiscal.
No que tange à subconcessão, a lei determina que, além da autorização específica pelo poder
concedente, deverá ser precedida de procedimento licitatório na modalidade concorrência.
Sendo assim, o entendimento adotado pela doutrina majoritária é no sentido de que a Lei
8.987/95 veda a subcontratação, nos moldes definidos pela legislação contratual civil, sendo
somente possível a transferência do objeto do contrato (ainda que parcial) mediante
procedimento licitatório realizado pelo Poder Público concedente.
Remuneração A empresa concessionária deverá ser remunerada, majoritariamente ou integralmente,
da mediante a cobrança de tarifas dos usuários do serviço cuja prestação lhe foi transferida.
Concessionária
Tarifas Deve respeitar o princípio da modicidade.
Será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão
previstas nesta lei, no edital e no contrato.
Não será subordinada à legislação específica anterior.
Somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à
existência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário.
A lei prevê a possibilidade de revisão de tarifas, diante de situações excepcionais que
aumentem os custos da prestação do serviço e também, nos moldes do contrato, para evitar
a corrosão do valor auferido em virtude da inflação do período conforme art. 9º,§2º, da Lei
8.987/95.
Há aplicação das teorias do fato da administração e do fato do príncipe.
Há possibilidade de o edital prever outras fontes provenientes de receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas
a favorecer a modicidade das tarifas.
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As fontes de receitas alternativas devem ser consideradas para aferição do inicial equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, ensejando uma diminuição proporcional do valor das
tarifas a serem pagas pelos usuários dos serviços.
Qualquer política que vise à redução das tarifas deve ser acompanhadas de forma alternativa
do pagamento ao prestador do serviço ou redução de encargos contratuais para se evitar o
desequilíbrio do contrato firmado.
Extinção do Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e
Contrato privilégios transferidos ao concessionário. Da mesma forma, haverá a imediata assunção do
serviço pelo poder concedente, o que autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo
poder concedente, de todos os bens reversíveis. Hipóteses de extinção do contrato de concessão
de serviços público:
a) Advento do termo contratual: escoamento do prazo negocial.
b) Encampação: ocorre todas as vezes em que há a retomada do serviço pelo poder concedente,
quando não há mais interesse público na manutenção do contrato, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento de indenização ao particular por todos os prejuízos
decorrentes (art. 37 da Lei 8.987/95);
c) Caducidade: rescisão unilateral do contrato justificada por motivo de inadimplemento do
particular contratado (ver hipóteses no art. 38, §1º da Lei 8.987/95). A caducidade se dá por meio
da edição de um decreto, pelo chefe do Poder Executivo, no qual se instaura um processo
administrativo, em respeito ao contraditório e ampla defesa. Uma vez declarada a caducidade do
contrato de concessão, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou
com empregados da concessionária.
d) Rescisão: 2 situações:
1ª) rescisão consensual: decorrente de acordo firmado entre as partes (distrato);
2ª) rescisão judicial: a ser requerida pela concessionária diante do inadimplemento contratual
do poder público (art. 39 da Lei 8.987/95).
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e) Anulação: é a extinção do contrato administrativo em virtude de ilegalidade originária. A
medida pode ser definida pela própria Administração Pública, no exercício de seu poder de
autotutela ou por decisão judicial.
f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no
caso de empresa individual: decorre do fato de que os contratos administrativos, em geral, são
celebrados intuito personae, não sendo possível a sua manutenção diante da ausência do
contratado.
Obs: Contratos firmados ANTES da edição da Lei 8.987/95 → consideram-se válidos pelo prazo
fixado no contrato ou no ato de outorga, salvo se foram celebrados sem licitação, na vigência da
CF de 1988, casos em que deve ser declarada sua nulidade originária. Da mesma forma, devem
ser extintas as concessões firmadas sem prévio procedimento licitatório, ainda que anteriores à
CF, desde que os serviços ou obras a serem executadas não tenham se iniciado ou estejam
paralisados, na data de edição da Lei 8.987/95.
Info 885 STF (2017): A concessionária NÃO tem direito adquirido à renovação do contrato de
concessão de usina hidrelétrica. A União possui a faculdade de prorrogar ou não o contrato de
concessão, tendo em vista o interesse público, não se podendo invocar direito líquido e certo a
tal prorrogação. Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativo insere-se no campo da
discricionariedade. A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação dos contratos de concessão
de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à aceitação expressa de determinadas
condições. Se estas são recusadas pela concessionária, a Administração Pública não é obrigada a
renovar a concessão. A Lei nº 12.783/2013 pode ser aplicada para a renovação de contratos
ocorrida após a sua vigência mesmo que a assinatura do pacto original tenha ocorrido antes da
sua edição.
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Da Intervenção – Art. 32
O poder concedente poderá INTERVIR na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do
serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
A intervenção será feita por meio de DECRETO do poder concedente, que conterá: a designação do
interventor, o prazo de intervenção e os objetivos e limites da medida.
O poder concedente tem o prazo de 30 dias para instaurar procedimento administrativo para comprovar
as causas determinantes da medida e apurar a responsabilidade, assegurado o direito de ampla defesa.
Caso tenha sido apurado e comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e
regulamentares será declarada a nulidade, devendo ser imediatamente devolvido à concessionária e ciom
direito à indenização.
O procedimento administrativo deverá ser concluído em 180 dias, sob pena de ser considerada inválida a
intervenção.
Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a adminstração do serviço será devolvida à
concessionária, precedida de intervenção de contas pelo interventor, que responderá pelos atos praticados
durante a sua gestão.
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Julgados Importantes
Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão da exploração de serviços de transporte coletivo de
passageiros - Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo pressupõe prévia
licitação. STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 854) (Info 982 – clipping)
Veja que a tese fixada afirma que, em regra, é necessária a prévia licitação, mas que esta pode ser dispensada em situações
excepcionais, devidamente comprovadas.
No acórdão não se detalhou quais seriam essas situações excepcionais.
O que chamo atenção é para a redação que pode constar na prova objetiva. Veja que ambas as assertivas abaixo são corretas:
• Incumbe ao Poder Público, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos.
• Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo pressupõe prévia licitação.
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++ (Procurador do TCU 2015) Pode o Estado ser o titular exclusivo de um serviço público sem ter o dever de prestá-lo diretamente ou
por meio de criatura sua, pois são admitidos legalmente os regimes de concessão ou permissão com a transferência do exercício da
atividade por entidades privadas, tendo o Estado, nesses casos, o dever de fiscalizar a qualidade do serviço prestado. (certo)
É possível o corte da energia elétrica por fraude no medidor, desde que cumpridos alguns requisitos
Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde
que apurado em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do fornecimento do
serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao
período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90 (noventa) dias após o
vencimento do débito, sem prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive
antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação. STJ. 1ª Seção. REsp 1412433-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 634). NOVIDADE LEGISLATIVA - Lei nº 14.015/2020 Alterou a Lei nº 8.987/95 e a Lei nº
13.460/2017 para deixar mais explícito que é possível a interrupção do serviço público em caso de inadimplemento do usuário,
desde que ele seja previamente avisado.
Comentários do julgado
A relação entre a concessionária de energia elétrica e o consumidor final é uma relação de consumo? Aplica-se o Código de Defesa
do Consumidor para esse contrato?
SIM. A relação entre concessionária de serviço público e o usuário final dos serviços públicos essenciais, tais como energia elétrica, é
consumerista, sendo cabível a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1061219/RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/08/2017.
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1.a) Não se admite o corte para débitos antigos (consolidados)
Importante deixar claro que não é permitido que a concessionária suspenda o fornecimento do serviço se os débitos forem antigos
(consolidados no tempo). Repito: o corte de serviços essenciais, como água e energia elétrica, pressupõe o inadimplemento de conta
regular, relativa ao mês do consumo:
O corte de serviços essenciais, tais como água e energia elétrica, pressupõe o inadimplemento de conta regular, sendo inviável,
portanto, a suspensão do abastecimento em razão de débitos antigos. STJ. 1ª Turma.AgRg no Ag 1320867/RJ, Rel. Min. Regina Helena
Costa, julgado em 08/06/2017.
Se o débito é antigo (ex: estamos em dezembro/2018) e a dívida é de janeiro/2018, a concessionária deverá buscar a satisfação de seu
crédito pelas chamadas “vias ordinárias de cobrança” (exs: protestar o débito, inscrever nos cadastros restritivos, propor ação de
cobrança etc.).
1.b) A obrigação de pagar a conta de energia elétrica é de natureza pessoal (não é propter rem)
Ex: Carlos compra a casa de João. Ocorre que João vendeu a casa, mas deixou um débito de três meses da conta de energia. A
concessionária ingressou com uma ação de cobrança contra Carlos alegando que, como comprou a casa, passou a ser o devedor,
considerando tratar-se de obrigação propter rem. Para piorar o cenário, a concessionária suspendeu o fornecimento de “luz”.
A concessionária não agiu corretamente neste caso. Isso porque o débito de energia elétrica (assim como o de água) é de natureza
pessoal, não se vinculando ao imóvel. Não se trata, portanto, de obrigação propter rem. Desse modo, o consumidor não pode ser
responsabilizado pelo pagamento de serviço de fornecimento de energia elétrica utilizado por outra pessoa (em nosso exemplo, João).
A obrigação de pagar por serviço de natureza essencial, tal como água e energia, não é propter rem, mas pessoal, isto é, do usuário
que efetivamente se utiliza do serviço. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 45.073/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
02/02/2017.
3) Recuperação de consumo por responsabilidade atribuível ao consumidor (corte administrativo por fraude no medidor)
É possível o corte da energia elétrica nos casos de dívidas decorrentes de fraude no medidor?
Sim, mas desde que cumpridos os seguintes requisitos:
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3.1) a responsabilidade do consumidor pela fraude deverá ser devidamente apurada, conforme procedimento estipulado pela ANEEL
(agência reguladora), assegurando-se ampla defesa e contraditório. Em outras palavras, a suposta fraude no medidor de consumo de
energia não poderá ser apurada unilateralmente pela concessionária.
O tema é atualmente disciplinado pelos arts. 129 e 130 da Resolução normativa 414/2010-ANEEL.
3.2) deverá ser concedido um aviso prévio ao consumidor;
3.3) a suspensão administrativa do fornecimento do serviço deve ser possibilitada quando não forem pagos débitos relativos aos
últimos 90 dias da apuração da fraude, sem prejuízo do uso das vias judiciais ordinárias de cobrança. Isso porque o reconhecimento
da possibilidade de corte do serviço de energia elétrica pelas concessionárias deve ter limite temporal de apuração retroativa.
Ex: ficou comprovado que João fraudou o medidor de energia elétrica há 1 ano e que, portanto, durante os últimos 12 meses pagou a
menos do que deveria. A concessionária poderá determinar o corte do serviço e só religará a energia se o consumidor pagar a dívida.
No entanto, para religar não se exige o pagamento dos 12 meses, mas apenas dos últimos 90 dias. Assim, se João pagar os últimos
90 dias, a concessionária deverá religar a energia. Os outros 9 meses que faltaram deverão ser cobrados pela concessionária pelas
vias ordinárias.
3.4) deve ser fixado prazo razoável de, no máximo, 90 dias após o vencimento da fatura de recuperação de consumo, para que a
concessionária possa suspender o serviço.
Esse quarto requisito tem como fundamento o § 2º do art. 172 da Resolução normativa 414/2010-ANEEL:
Art. 172 (...)
§ 2º É vedada a suspensão do fornecimento após o decurso do prazo de 90 (noventa) dias, contado da data da fatura vencida e não
paga, salvo comprovado impedimento da sua execução por determinação judicial ou outro motivo justificável, ficando suspensa a
contagem pelo período do impedimento.
Tese fixada:
Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde
que apurado em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do fornecimento
do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente
ao período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90 (noventa) dias após o
vencimento do débito, sem prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida,
inclusive antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.412.433-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 634).
#DOD PLUS
Outros entendimentos jurisprudenciais que são importantes sobre o tema:
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações,
desde que precedido de notificação
É legítima a interrupção do fornecimento de energia elétrica por razões de ordem técnica, de segurança das instalações, ou ainda, em
virtude do inadimplemento do usuário, quando houver o devido aviso prévio pela concessionária sobre o possível corte no
fornecimento do serviço. STJ. 1ª Turma. REsp 1270339/SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 15/12/2016.
É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à integridade física do usuário
A suspensão do serviço de energia elétrica, por empresa concessionária, em razão de inadimplemento de unidades públicas essenciais
- hospitais; pronto-socorros; escolas; creches; fontes de abastecimento d'água e iluminação pública; e serviços de segurança pública -
, como forma de compelir o usuário ao pagamento de tarifa ou multa, despreza o interesse da coletividade. STJ. 2ª Turma. AgRg no
AREsp 543.404/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/02/2015.
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que
precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população
A legitimidade do corte no fornecimento do serviço de telefonia quando inadimplentes entes públicos, desde que a interrupção não
atinja serviços públicos essenciais para a coletividade, tais como escolas, creches, delegacias e hospitais. STJ. 1ª Turma. EDcl no REsp
1244385/BA, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 13/12/2016.
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalecem
os interesses de proteção à vida e à saúde
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Quando o devedor for ente público, não poderá ser realizado o corte de energia indiscriminadamente em nome da preservação do
próprio interesse coletivo, sob pena de atingir a prestação de serviços públicos essenciais, tais como hospitais, centros de saúde,
creches, escolas e iluminação pública. STJ. 2ª Turma. AgRg no Ag 1329795/CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/10/2010.
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da
dívida
O débito de energia elétrica/água é de natureza pessoal, não se vinculando ao imóvel. Não se trata, portanto, de obrigação propter
rem. Desse modo, o consumidor não pode ser responsabilizado pelo pagamento de serviço de fornecimento de energia elétrica
utilizado por outra pessoa.
A obrigação de pagar por serviço de natureza essencial, tal como água e energia, não é propter rem, mas pessoal, isto é, do usuário
que efetivamente se utiliza do serviço. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 45.073/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
02/02/2017.
É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito e ofensa aos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais
Comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos costumes (art. 187 do Código Civil).
A concessionária, ao suspender o fornecimento de energia elétrica em razão de um débito de R$ 0,85, não agiu no exercício regular
de direito, e sim com flagrante abuso de direito. Aplicação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. STJ. 1ª Turma. REsp
811.690/RR, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 18/05/2006.
O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre outra unidade de
consumo do usuário inadimplente (ilegalidade do chamado “corte cruzado”)
Por ser a interrupção no fornecimento de energia elétrica medida excepcional, o art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95 deve ser
interpretado restritivamente, de forma a permitir que o corte recaia apenas sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre outros
imóveis de propriedade do inadimplente. STJ. 1ª Turma. REsp 662.214/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 06/02/2007.
NOVIDADE LEGISLATIVA - Lei nº 14.015/2000
Alterou a Lei nº 8.987/95 e a Lei nº 13.460/2017 para deixar mais explícito que é possível a interrupção do serviço público em caso de
inadimplemento do usuário, desde que ele seja previamente avisado. Veja a redação legal:
Confira os dispositivos inseridos na Lei nº 13.460/2017:
Art. 5º O usuário de serviço público tem direito à adequada prestação dos serviços, devendo os agentes públicos e prestadores de
serviços públicos observar as seguintes diretrizes:
(...)
XVI – comunicação prévia ao consumidor de que o serviço será desligado em virtude de inadimplemento, bem como do dia a partir do
qual será realizado o desligamento, necessariamente durante horário comercial.
Parágrafo único. A taxa de religação de serviços não será devida se houver descumprimento da exigência de notificação prévia ao
consumidor prevista no inciso XVI do caput deste artigo, o que ensejará a aplicação de multa à concessionária, conforme
regulamentação.
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• É vedado que o desligamento ocorra em dia de feriado, véspera de feriado, sexta-feira, sábado ou domingo.
• Caso o consumidor queira regularizar a situação e pagar as contas em atraso, a concessionária poderá cobrar uma taxa de religação
do serviço. Essa taxa de religação, contudo, não será devida se a concessionária cortou o serviço sem prévia notificação.
• Assim, se a concessionária não comunicou previamente o consumidor do corte ela estará sujeita a duas consequências:
a) terá que pagar multa;
b) não poderá cobrar taxa de religação na hipótese do cliente regularizar o débito.
Decisão que suspende reajuste das tarifas de transporte público urbano viola a ordem pública # doutrina Chenery
A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano viola a ordem pública, mormente nos casos
em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada para fixação dos preços era técnica.
Segundo a “doutrina Chenery”, o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado pela Administração Pública sob o
argumento de que ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo questões técnicas e complexas, os
Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios adotados pela Administração são corretos ou não. Assim, as escolhas
políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo
Poder Judiciário. STJ. Corte Especial. AgInt no AgInt na SLS 2240-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/6/2017 (Info 605).
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Com relação à controvérsia sobre a revisão de preços de transporte coletivo, o STF possui precedentes dizendo que "o reajuste de
tarifas do serviço público é manifestação de uma política tarifária, solução, em cada caso, de um complexo problema de ponderação
entre a exigência de ajustar o preço do serviço às situações econômicas concretas do seguimento social dos respectivos usuários ao
imperativo de manter a viabilidade econômico-financeiro do empreendimento do concessionário" (RE 191.532-SP, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, Primeira Turma, DJ 29/8/1997).
Assim, a interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano não pode ser admitida como medida
liminar por violar gravemente a ordem pública.
Os atos administrativos praticados pelo Poder Público gozam de presunção de legitimidade, sendo considerados válidos até prova
definitiva em sentido contrário.
Vale ressaltar, ainda, que, no caso concreto, a Fazenda Pública esclareceu que a metodologia adotada para fixação dos preços era
técnica.
Desse modo, a cautela impede que seja sustada a recomposição tarifária estipulada pelo Poder Público. Postura tão drástica deveria
ocorrer somente após a constatação, sem dúvidas, de que, de fato, existe uma ilegalidade. Isso, contudo, somente pode ser atestado
após a devida instrução, com o decurso da tramitação completa do processo judicial originário.
Doutrina Chenery
Neste julgamento, a Min. Laurita Vaz mencionou um importante tema, que é a chamada “doutrina Chenery”.
A “doutrina Chenery” (Chenerydoctrine) surgiu a partir de um julgamento da Suprema Corte norte-americana (SEC v.
CheneryCorp., 318 U.S. 80, 1943).
Segundo essa teoria, o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado pela Administração Pública sob o
argumento de que ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo questões técnicas e
complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios adotados pela Administração são corretos ou
não. Assim, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade,
não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário.
A “doutrina Chenery”é bem explicada por um autor norte-americano chamado Richard Posner, que trata sobre a análise
econômica do Direito, ou seja, sobre os reflexos econômicos das decisões judiciais (EconomicAnalysisof
Law. FifthEdition.New York: Aspen Law and Business, 1996).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Tudo que você precisa saber para sua prova!
Análise da O art. 18, I, II e III da Lei 9.472/97 é compatível com os arts. 21, XI, e 48, XII, da CF/88 A competência atribuída
constitucionalidade ao chefe do Poder Executivo para expedir decreto em ordem a instituir ou eliminar a prestação do serviço em
da Lei 9.472/97 regime público, em concomitância ou não com a prestação no regime privado, aprovar o plano geral de
outorgas do serviço em regime público e o plano de metas de universalização do serviço prestado em regime
público está em perfeita consonância com o poder regulamentar previsto no art. 84, IV, parte final, e VI, da
Constituição Federal.
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A ANATEL não pode disciplinar procedimento licitatório simplificado por meio de norma de hierarquia inferior
à Lei Geral de Licitações, sob pena de ofensa ao princípio da reserva legal. Por isso, são inconstitucionais as
expressões “simplificado” e “nos termos por ela regulados” do art. 119, da Lei nº 9.472/97. STF. Plenário. ADI
1668/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/2/2021 (Info 1007).
O art. 12 dessa Lei proíbe que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cobrem contraprestação
das concessionárias pelo direito de passagem em vias públicas, faixas de domínio e outros bens
públicos de uso comum na instalação de infraestrutura e redes de telecomunicações.
O regramento do direito de passagem previsto no art. 12, caput, da Lei Geral das Antenas (Lei nº
13.116/2015) se insere no âmbito da competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações (art. 22, IV, da CF/88) e sobre normas gerais de licitação e contratação
administrativa (art. 22, XXVII, da CF/88). O art. 12 da Lei Geral das Antenas respeita os princípios
constitucionais da eficiência e da moralidade administrativa.
Do ponto de vista material, não é compatível com a ordem constitucional vigente o entendimento
de que o direito de propriedade — mesmo que titularizado por ente político — revista-se de
garantia absoluta.
Logo, não se pode dizer que essa restrição imposta pelo art. 12 tenha violado o direito constitucional
de propriedade. STF. Plenário. ADI 6482/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/2/2021 (Info
1006).
É possível o corte Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no aparelho medidor
da energia elétrica atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos princípios do contraditório e da
por fraude no ampla defesa, é possível o corte administrativo do fornecimento do serviço de energia elétrica,
medidor, desde mediante prévio aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado
que cumpridos correspondente ao período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que
alguns requisitos executado o corte em até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito
de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive
antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação.
STJ. 1ª Seção. REsp 1412433-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/04/2018 (recurso
repetitivo) (Info 634).
NOVIDADE LEGISLATIVA - Lei nº 14.015/2020 Alterou a Lei nº 8.987/95 e a Lei nº 13.460/2017 para
deixar mais explícito que é possível a interrupção do serviço público em caso de inadimplemento
do usuário, desde que ele seja previamente avisado.
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A concessionária A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina
não tem direito hidrelétrica. A União possui a faculdade de prorrogar ou não o contrato de concessão, tendo em
adquirido à vista o interesse público, não se podendo invocar direito líquido e certo a tal prorrogação.
renovação do
contrato de Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativo insere-se no campo da discricionariedade.
concessão A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação dos contratos de concessão de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica à aceitação expressa de determinadas condições. Se
estas são recusadas pela concessionária, a Administração Pública não é obrigada a renovar a
concessão.
A Lei nº 12.783/2013 pode ser aplicada para a renovação de contratos ocorrida após a sua vigência
mesmo que a assinatura do pacto original tenha ocorrido antes da sua edição. STF. 2ª Turma. RMS
34203/DF e AC 3980/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 21/11/2017 (Info 885).
Decisão que A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano viola a
suspende reajuste ordem pública, mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento
das tarifas de de que a metodologia adotada para fixação dos preços era técnica. Segundo a “doutrina Chenery”,
transporte público o Poder Judiciário não pode anular um ato político adotado pela Administração Pública sob o
urbano viola a argumento de que ele não se valeu de metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo
ordem pública questões técnicas e complexas, os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios
adotados pela Administração são corretos ou não. Assim, as escolhas políticas dos órgãos
governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser
invalidadas pelo Poder Judiciário. STJ. Corte Especial. AgInt no AgInt na SLS 2240-SP, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 7/6/2017 (Info 605).
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A contraprestação do Poder Público não pode Ex: contrato firmado com uma determinada empresa
ultrapassar 70%, salvo se estabelecida por lei para que ela execute a construção de um presídio
específica, sob pena de desnaturar o caráter de federal, ficando, posteriormente, responsável pela
concessão de serviço público (art. 10, §3° da Lei prestação do serviço penitenciário. Nesses casos, a
11.079/04). cobrança das tarifas pela prestação da atividade será
feita diretamente à Administração que se apresenta
como usuária do serviço.
A lei estabelece que essas avenças devem prever a prestação de serviços públicos como objeto do contrato,
ainda que não seja objeto único. Sendo assim, NÃO será possível a celebração de um contrato de concessão
especial somente para a execução de obras públicas ou fornecimento de bens à Administração (art. 2°, §4°
da Lei 11.079/04).
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Em contrapartida, serão compartilhados os ganhos decorrentes da redução do risco
de créditos de financiamento firmado pelo parceiro privado. Isso porque, no
momento em que a administração participa como responsável solidária, os custos
da prestação do serviço caem no que tange à concessão de empréstimos com
financeiras.
Financiamento do A Administração Pública não disponibilizará recursos financeiros para custeio integral
Setor Privado dos empreendimentos contratados, cabendo ao parceiro privado efetivar os
investimentos necessários à prestação do serviço e eventual execução de obra.
Pluralidade Além da amortização dos seus investimentos e obtenção de lucros, mediante a
Compensatória exploração do serviço concedido, o parceiro privado tem a garantia de percepção de
valores pagos pelos cofres públicos, como forma de viabilizar economicamente os
empreendimentos a serem executados, para satisfação dos interesses da sociedade.
✓ Ordem bancária: o parceiro público disponibiliza valores específicos em
estabelecimento bancário para que o parceiro privado utilize para cumprimento das
finalidades contratuais;
✓ Cessão de créditos não tributários (ex: derivados de indenizações devidas por
terceiros à fazenda pública);
✓ Outorga de direitos em face da Administração Pública;
✓ Outorga de direitos sobre bens públicos dominicais: o particular poderá ter a ele
transferida a renda decorrente de locações e concessões onerosas de uso efetivadas
pelo parceiro público.
Garantias do Inicialmente, nos moldes definidos pela Lei 8.666/93, admite-se que o ente estatal
Parceiro Público exija garantias do parceiro privado para a celebração do contrato de concessão
especial. A garantia, como regra, pode ser definida em valor não superior a 5% do
montante do acordo e poderá ser prestada, a critério do contratado particular,
mediante pagamento em dinheiro, por meio de seguro garantia, fiança bancária ou
por Títulos da Dívida Pública.
Ocorre que uma peculiaridade se apresenta nas PPPs, qual seja a possibilidade de
se exigir uma garantia ao parceiro público. A lei definiu um rol meramente
exemplificativo, de formas de prestação de garantia que poderão ser estipuladas à
escolha do parceiro público.
Primeiramente, a lei prevê a possibilidade de vinculação de receitas, desde que
respeitadas as disposições constitucionais, haja vista o impedimento de vinculação,
a princípio, de receitas decorrentes de pagamentos de impostos (art 167, IV CF).
A legislação prevê a possibilidade de garantia mediante a instituição ou utilização
de fundos especiais previstos em lei, assim como a contratação de seguro-garantia
desde que seja celebrado com companhias seguradoras que não sejam controladas
pelo Poder Público de forma direta. Por fim, a caução poderá ser prestada por
organismos internacionais ou instituições financeiras contanto que não sejam
entidades controladas pelo Poder Público, assim como garantias prestadas por
fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade.
Diretrizes da Lei PPP Eficiência no cumprimento das missões de Estado;
(art. 4º da Lei Respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes
11.079/04) privados incumbidos da sua execução;
Indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de
polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;
Responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
Transparência dos procedimentos e das decisões;
Repartição objetiva de riscos entre as partes;
Sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.
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Obs: A Lei 11.079/04 dispõe ainda que as controvérsias decorrentes dos contratos de
PPPs podem ser resolvidas por meio da arbitragem.
Procedimento Assim como ocorre em todos os contratos de concessão de serviços públicos, as
Licitatório PPPs devem ser precedidas de licitação, na modalidade concorrência.
O texto da lei determina que a abertura do procedimento licitatório somente será
autorizada se forem cumpridos alguns requisitos, quais sejam:
✓ Autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que
demonstre a conveniência e a oportunidade da contratação;
✓ A autoridade pública deve comprovar que as despesas criadas ou aumentadas não
afetarão as metas de resultados fiscais previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal;
✓ O certame deve ser precedido de elaboração de estimativa do impacto orçamentário-
financeiro nos exercícios em que deva vigorar o contrato;
✓ A minuta de edital e de contrato será submetida à consulta pública, mediante
publicação na imprensa oficial, em jornais de grande circulação e por meio eletrônico;
✓ Prévia licença ambiental ou expedição das diretrizes para o licenciamento ambiental
do empreendimento, na forma do regulamento, sempre que o objeto do contrato
exigir.
A Lei 11.079/04 define que o julgamento poderá ser precedido de etapa de
qualificação de propostas técnicas, desclassificando-se os licitantes que não
alcançarem a pontuação mínima.
A Lei 11.079/04 acrescenta a possibilidade de previsão editalícia estipulando a
edição de lances verbais, dentro do procedimento da concorrência.
Assim como ocorre nos contratos de concessão regidos pela lei 8.987/95, nas
concessões especiais, o edital poderá prever a inversão da ordem das fases de
habilitação e julgamento.
Sociedade de A PPP deve ser gerida por uma sociedade de propósito específico, a qual deve ter
Propósito Específico sido criada previamente à celebração do contrato, ficando responsável, além da
gestão, pela implantação da parceria.
Criada pelo ente público e pelo parceiro privado, com a única finalidade de
implantar e gerir a contratação.
Deverá obedecer a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e
demonstrações financeiras padronizadas, conforme definido em regulamento.
A sociedade pode ser companhia, inclusive de capital aberto, com a negociação de
valores mobiliários em mercado de ações.
A lei determina que o Poder Público não pode deter a maioria de capital social
votante desta entidade específica, salvo em casos de aquisição da maioria daquele
capital por instituição financeira controlada pelo Poder Público, quando houver
inadimplemento de contratos de financiamento.
Obs: Os contratos de PPP poderão prever os requisitos e condições em que o
parceiro público autorizará a transferência do controle ou a administração
temporária da sociedade de propósito específico aos seus financiadores e
garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, com o objetivo de
promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação
dos serviços.
Normas aplicadas O capitulo VI da Lei 11.079/04 foi editado para estabelecer disposições aplicáveis
no âmbito federal somente às parcerias firmadas no âmbito da União Federal. Inicialmente, a
para os contratos de legislação determina que será instituído, por decreto, órgão gestor de PPPs federais,
PPS com competência para definir os serviços prioritários para execução no regime
dessas parcerias, disciplinar os procedimentos para celebração desses contratos,
autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital, assim como para apreciar os
relatórios de execução dos contratos.
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A legislação define ainda a criação de uma entidade garantidora dos contratos
firmados no âmbito federal. Nesse sentido, a União, seus fundos especiais, suas
autarquias, suas fundações públicas e suas empresas estatais dependentes ficam
autorizadas a participar, no limite global de seis bilhões de reais, em Fundo
Garantidor de PPPs - FGP que terá por finalidade prestar garantia de pagamento de
obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, distritais,
estaduais ou municipais, em virtude das parcerias, tendo natureza privada e
patrimônio próprio separado do patrimônio dos cotistas.
Obs: O parceiro privado não poderá acionar o Fundo Garantidor a qualquer
momento, devendo ser demonstrado o inadimplemento do parceiro público, de
forma reiterada (art. 18, §5° Lei 11.079/04). Em tais casos, após a quitação de débito
da Administração Pública pelo FGP, a entidade estará sub-rogada nos direitos do
parceiro privado.
Além disso, os contratos de concessão especiais devem respeitar limites de gastos
para que sejam celebrados no âmbito da União (art. 22 Lei 11.079/04).
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Permissão do Serviço Público
Segundo o STF, não há qualquer distinção entre concessão e permissão de serviço público, no que tange à sua
natureza, podendo, ambos serem considerados contratos administrativos. Diferenças entre concessão de
serviços públicos e permissão de serviços públicos:
CONCESSÃO PERMISSÃO
1. Modalidade licitatória Modalidade concorrência Admite outras modalidades de licitação,
dependendo do valor contratado.
2. Contratado Pessoas jurídicas ou consórcios de Pessoa jurídica ou pessoa física.
empresas.
3. Autorização legislativa Depende de autorização legislativa Dispensa lei específica, salvo algumas
expressa para sua celebração. permissões de natureza especial.
Forma de delegação de serviço público a particulares que executarão a atividade por sua conta e risco,
mediante cobrança de tarifas dos usuários que serão responsáveis pela sua remuneração.
O contrato poderá ser firmado com qualquer pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
desempenho.
Contrato de adesão de natureza precária (art. 40, da Lei 8.987/95 c/c art. 175 da CF e ADI 1491).
Todavia, em virtude da natureza contratual da permissão dos serviços públicos, fica mitigada a precariedade
definida pela lei, gerando direito a indenização do permissionário, em casos de rescisão precoce do
contrato.
Consórcios Públicos
Noções O consórcio público não é um contrato administrativo, já que neste há vontades divergentes
Iniciais das partes contratantes. As vontades dos entes consorciados são convergentes: há a gestão
associada dos entes federados que se unem para prestação de serviços de interesse
comum.
Os consórcios podem ser formados por entes federativos de esferas de governo diferentes.
Todavia, a lei dispõe que a União somente participará de consórcios públicos em que
também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados.
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Lei 14026/2020: Aplicam-se aos convênios de cooperação, no que couber, as disposições
relativas aos consórcios públicos.
O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia
subscrição de protocolo de intenções.
O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação, mediante lei, do
protocolo de intenções.
A ratificação realizada após 2 anos da subscrição do protocolo de intenções dependerá de
homologação da assembleia geral do consórcio público.
É dispensado da ratificação acima – o ente da federação que, antes de subscrever o
protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação em consórcio público.
A retirada do ente da federação do consórcio público dependerá de ato formal de seu
representante na assembleia geral.
Contrato de Programa: obrigações que um ente da federação constitui para com outro ente
da federação ou com outro consórcio público. O contrato de programa continuará vigente
mesmo quando extinto o consórcio público ou convênio de cooperação que autorizou a
gestão associada de serviços públicos.
Lei 14.026/2020: Os contratos de prestação de serviços públicos de saneamento básico
deverão observar o art. 175 da CF, vedada a formalização de novos contratos de programas
para esse fim.
Formalização A criação do consórcio forma uma nova pessoa jurídica que não se confunde com os entes
do Consórcio consorciados.
Essa nova pessoa jurídica instituída pelo consórcio poderá ter personalidade jurídica de
direito público ou personalidade de direito privado.
Em sendo criada como pessoa de direito privado, terá a designação de consórcio público e
será regido pelo direito civil, aplicando-se a ela as normas que regem as associações
privadas, com algumas ressalvas decorrentes da aplicação dos princípios inerentes à
atuação administrativa. Nesses casos, a entidade não será integrante da Administração
Pública, no entanto, será formada com verba estatal, ficando, portanto, sujeita ao controle
efetivado pelo Tribunal de Contas, além de respeitar as normas de impessoalidade e
isonomia de suas contratações (art. 6º da Lei 11.107/05).
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Por sua vez, se ela for criada sob o regime de direito público, recebe o nome de associação
pública (espécie de autarquia) e faz parte da Adm. Indireta de cada um dos entes
consorciados.
Como o texto constitucional determina serem as autarquias entidades criadas por lei
específica, logo, quando os entes federativos firmam o acordo, em verdade, está sendo
celebrado somente o protocolo de intenções. Posteriormente, este protocolo será enviado
ao Poder Legislativo de cada um dos entes consorciados, como projeto de lei, e, da
ratificação do protocolo de intenções, é formalizado o consórcio.
A doutrina majoritária somente admite a criação do consórcio após a edição de todas as
leis. O ente consorciado estará excluído do consórcio se não ratificar o contrato de rateio
no prazo de lei (2 anos). Após este prazo, a ratificação do contrato de rateio depende de
homologação da assembleia geral do consórcio.
O protocolo de intenções deve definir o número de votos que cada ente da Federação
consorciado possui na assembleia geral, sendo assegurado, ao menos, 1 voto a cada ente
consorciado.
Contrato de Define parcela de contribuição de cada um dos entes, sendo firmado com o protocolo de
Rateio intenções.
Formalizado em cada exercício financeiro.
Seu prazo de vigência não será superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos
contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e
ações contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços público0s
custeadas por tarifas ou outros preços públicos.
O recurso deste não pode ser aplicado em atendimento de despesas genéricas, inclusive
transferências ou operações de crédito.
A execução das receitas e despesas do consórcio púbicos deverá obedecer às normas de
direito financeiro aplicáveis às entidades públicas.
Objetivos A legislação estabelece que, para atingir a finalidade pública, os consórcios públicos
poderão firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios,
contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo.
Da mesma forma, é garantido ao consórcio público a possibilidade de promover
desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade
pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público.
Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer atividades de
arrecadação de tarifas e outros preços públicos.
Para fins de execução de suas atividades, o consórcio poderá atuar como poder concedente,
delegando serviços mediante a celebração de contratos de concessão e permissão de
serviços públicos.
Contratos Inicialmente, cumpre lembrar que, como entidade formada por entes federativos e
celebrados custeada pelo dinheiro público, para celebrar contratos, o consórcio público (seja ele de
pelo direito público ou privado) deve realizar procedimento licitatório.
consórcio
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As hipóteses de dispensa de licitação, em virtude de contratações de pequeno valor,
encontram-se previstas no art. 24, §1º da Lei 8.666/93.
Os valores para definição da modalidade licitatória não seguem a regra geral: para licitações
realizadas por consórcios públicos formados por até 3 entes federativos, os valores serão
duplicados e, em caso de consórcios formados por mais de 3 entes, os valores serão
triplicados.
O art. 24, XXVI da lei dispensa as licitações quando o consórcio público estiver contratando
com os entes formadores do consórcio, sejam os entes da administração direta ou suas
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. São os
chamados contratos de programa.
Alteração e A lei prevê a possibilidade de retirada de um ente federativo do consórcio, desde que seja
Extinção do realizada mediante a edição de ato formal de seu representante na assembleia geral.
Consórcio Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira somente serão
revertidos ou retrocedidos no caso de expressa previsão no contrato de consórcio público
ou no instrumento de transferência ou de alienação.
Segundo o art. 12 da Lei 11.107/05, a alteração ou a extinção de contrato de consórcio
público dependerá de instrumento aprovado pela assembleia geral, ratificado mediante
lei por todos os entes consorciados.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Participação popular, mediante consulta pública, para realizar procedimentos licitatórios de valores muito
altos (art. 39, da Lei 8.666/93).
Administração do diálogo auxilia numa prestação de serviço mais eficiente.
Pode ser considerada também uma decorrência do princípio da segurança jurídica, mais especificadamente
da noção de proteção da confiança ou das expectativas legítimas.
Administração moderna é aquela que se aproxima dos cidadãos, estabelecendo um diálogo entre órgãos e
entidades estatais e os particulares de forma a garantir um maior aproveitamento na execução das
atividades públicas, visando uma maior eficiência na prestação de serviço.
Súmulas do STF
Súmula Vinculante nº2: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre
sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
Súmula Vinculante nº 12: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art.
206, IV, da Constituição Federal.
Súmula Vinculante nº 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal.
Súmula Vinculante nº 27: Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de
serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem
opoente.
Súmula Vinculante nº 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e
outra.
Súmula nº 157: É necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação, pelos Estados,
de empresa de energia elétrica
Súmula nº 344: Sentença de primeira instância concessiva de habeas corpus, em caso de crime praticado em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União, está sujeita a recurso ex officio
Súmula nº 477: As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados,
autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante,
em relação aos possuidores.
Súmula nº 516: O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça estadual.
Súmula nº 545: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles,
são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as
instituiu.
Súmula nº 670: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Súmulas do STJ
Súmula nº 356: É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
201
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Súmula nº 391: O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência
efetivamente utilizada.
Súmula nº 407: É legítima a cobrança da tarifa de água, fixada de acordo com as categorias de usuários e as
faixas de consumo.
Súmula nº 506: A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o usuário de telefonia
decorrentes de relação contratual.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Vedações Não se admite desapropriação de direitos personalíssimos – tais como: honra,
intimidade, liberdade.
Não é suscetível a desapropriação a moeda corrente no país.
Não se admite a desapropriação de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas.
A súmula 479 do STF define que as margens dos rios navegáveis são de domínio público,
insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização. Ou seja, não
pode ser objeto de desapropriação.
Pressupostos da
Desapropriação (art. DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE/NECESSIDADE PÚBLICA : A utilidade pública está
5º, XXIV, CF/88) regulada pelo art. 5º do Dec. 3365/41. São situações em que o Estado desapropria o
bem para, ele mesmo, utilizar (ex: para executar uma obra ou prestar um serviço
público). Segundo a doutrina moderna, a necessidade pública, apesar de não prevista
no referido decreto, seria uma situação de utilidade pública em havendo urgência.
Desapropriação Depende da existência de uma situação de utilidade ou necessidade pública, ou, ainda,
Comum da demonstração de uma hipótese de interesse público.
Precedida de pagamento de valor indenizatório prévio, justo e em dinheiro.
Valor de mercado + danos emergentes + lucros cessantes com correção monetária.
Se a desapropriação for efetivada na via judicial, a estes valores serão acrescidos
honorários advocatícios e, quando couber os juros moratórios e compensatórios.
Somente serão indenizadas as melhorias feitas até a data da declaração de utilidade
pública ou interesse social, com exceção das benfeitorias úteis e necessárias, pagas
ainda que executadas após esta data.
STJ: Em caso de divergência entre a área registrada e a área real do imóvel, a
indenização será calculada somente sobre o espaço constante no registro.
Imóvel com cobertura vegetal deve ser indenizado com base em valor específico se o
proprietário demonstrar que explora economicamente os recursos vegetais.
Débitos com a Fazenda Pública: desde que estes valores já estejam inscritos e
ajuizados, se admite a dedução do quantum indenizatório para pagamento das dívidas.
Se em decorrência da desapropriação o particular sofrer um dano extraordinário:
poderão ser cumuladas, no mesmo processo, a indenização decorrente da intervenção
supressiva e aquela que decorre da responsabilidade civil do Estado.
Desapropriação Especial Urbana
Conceito A Desapropriação especial urbana (art. 182 CF, regulamentado pelo Estatuto da Cidade –
Lei 10.257): trata-se de situação em que um imóvel urbano não está cumprindo a função
social prevista no plano diretor da cidade. Nesse caso, a CF prevê algumas medidas a serem
tomadas pelo poder público municipal, de forma sucessiva:
(i) notificação do proprietário para que ele faça o parcelamento ou a edificação do terreno
(depois de notificado, ele tem 1 ano para apresentar o projeto e a partir daí mais 2 anos
para dar início às obras);
203
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
(ii) ultrapassados os prazos anteriores, o poder público irá fazer incidir o IPTU com alíquota
progressiva no tempo, durante 5 anos (extrafiscalidade). Obs. A alíquota não pode
ultrapassar 15%, sob pena de ser considerada confisco. Ademais, de um ano para o outro,
a alíquota somente poderá aumentar o dobro em relação à alíquota anterior;
(iii) após, caso o particular continua a não atender da função social à sua propriedade, o
poder público poderá proceder à desapropriação, em que a indenização é paga
INTEGRALMENTE em títulos de dívida pública resgatáveis em até 10 anos (é a chamada
desapropriação-sanção). Atenção! A referida desapropriação só pode ser feita pelo
PODER PÚBLICO MUNICIPAL (apenas os municípios que têm plano diretor).
Plano Diretor Deverá atender as exigências definidas no Plano Diretor da cidade, de forma a atender
a sua função social (art. 182 da CF/88).
Aprovado por lei municipal.
Deve ser revisto a cada 10 anos, pelo menos.
Obrigatório para todas as cidades que possuam mais de 20.000 habitantes, nas cidades
que sejam integrantes de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas, assim
como nas ares de especial interesse turístico e nos municípios inseridos na área de
influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambienta, de
âmbito regional ou nacional e nas cidades incluídas no cadastro nacional de municípios
com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamento gerando grande impacto,
inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos.
Decretação da Com o pagamento da indenização mediante a entrega de títulos da dívida pública de
Desapropriação emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10
Especial Urbana anos, em parcelas iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais de 6% a.a.
É desapropriação sanção.
Após tudo isso, o Município deverá aproveitar o imóvel no prazo máximo de 5 anos,
diretamente pelo poder Público ou por meio de alienação ou concessão a terceiros.
Desapropriação Especial Rural
Conceito Desapropriação especial rural (arts. 184 a 186 CF): ocorre quando o imóvel não cumpre a
função social da propriedade rural. O imóvel será desapropriado para fins de reforma
agrária (a destinação do bem é vinculada, ou seja, o Estado não pode depois dar nenhuma
outra destinação a ele).
O art. 186 CF traz algumas regras cumulativas que fazem com que a função da propriedade
rural esteja atendida, tais como utilização racional e adequada do solo (produtividade),
respeito ao meio ambiente, entre outros.
Atenção: é necessário um decreto declarando o imóvel como de interesse social.
Não podem ser Segundo o art. 185 CF, são INSUCETÍVEIS de desapropriação para fins de reforma agrária:
expropriados ➢ a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário
não possua outra;
➢ a propriedade produtiva (mesmo que descumpra a função social por outro motivo do
art. 186 CF).
Essa desapropriação também tem caráter sancionatório (desapropriação-sanção) e por
isso a indenização é paga em títulos de dívida agrária resgatáveis, a partir do 2º ano de
emissão, em até 20 anos. O texto constitucional prevê, porém, que as BENFEITORIAS
ÚTEIS E NECESSÁRIAS serão pagas em DINHEIRO (#JÁCAIUTJRJ).
Somente o PODER PÚBLICO FEDERAL (UNIÃO) tem legitimidade para se valer dessa
desapropriação especial rural.
Informações Extras As benfeitorias úteis e necessárias anteriores à declaração expropriatória, serão
indenizadas em dinheiro.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Estarão isentos de impostos federais, estaduais e municipais, as operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Desapropriação Confisco
Conceito Desapropriação específica, que, a lei não prevê o pagamento de qualquer espécie
Situações Temos 3 situações:
(1) bens imóveis utilizados para a plantação de psicotrópicos ilícitos → segundo o STF,
ainda que somente parte do terreno seja utilizado para a plantação, a desapropriação
incide sob toda a propriedade registrada.
Info 851 STF (2016): A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser
afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in
vigilando ou in eligendo (ex: ele pode provar, por exemplo, que foi esbulhado ou até
enganado pelo possuidor ou pelo detentor).
Atenção! Para que haja a sanção do art. 243, não se exige a participação direta do
proprietário no cultivo ilícito. No entanto, apesar disso, trata-se de medida sancionatória,
exigindo-se algum grau de culpa para sua caracterização. Assim, mesmo que o
proprietário não tenha participado diretamente, mas se agiu com culpa, deverá ser
expropriado. Caberá ao proprietário provar que não agiu com culpa.
(2) bens imóveis utilizados para a exploração de trabalho escravo, na forma da lei → a
jurisprudência entende que se trata de norma de eficácia limitada, devendo ser editada
lei para definir os seus limites. Nas 2 primeiras situações, os imóveis serão destinados para
fins de reforma agrária e para programas de habitação popular (destinação vinculada).
(3) bens móveis utilizados para o tráfico de drogas → esses bens serão destinados para
fundo especial de combate ao tráfico ou recuperação de viciados (destinação vinculada).
Somente o PODER PÚBLICO FEDERAL (UNIÃO) tem legitimidade para se valer dessa
expropriação.
Bens passíveis de Desapropriação
Só é possível desapropriar o que é passível de apropriação (ex: semoventes podem ser desapropriados).
# O município pode desapropriar bem de empresa pública federal (não é bem público)? SIM, desde que haja
autorização do Congresso Nacional.
Procedimento da Desapropriação
Não sendo possível solucionar o problema na via administrativa, a lei determina que seja realizado o
procedimento na via judicial.
Competência para desapropriar: (1) legislativa: exclusiva da União. Lei complementar poderá autorizar os
estados a legislar sobre questões específicas. (2) declaratória: a atribuição para declarar a utilidade ou
necessidade pública e o interesse social dos bens privados para fins de desapropriação será, concorrente, de
todos os entes federativos. Não se admite que determinado ente da federação desaproprie bem privado situado
em outro estado.
Fase Declaratória O Estado declara a utilidade pública/necessidade pública ou o interesse social. A
competência declaratória é dos ENTES FEDERATIVOS (União, Estados, municípios ou DF)
205
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
por meio de decreto expropriatório (ato privativo do Chefe do Executivo) ou por meio de
lei de efeitos concretos (feita pelo Legislativo).
Exceções: A declaração também pode ser feita pela ANEEL (Agência Nacional de Energia
Elétrica, agencia reguladora) e pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Trânsito, autarquia), limitados às suas atividades.
É possível que haja ACORDO em relação ao valor indenizatório e, nesse caso, a execução
ocorre na via administrativa. José dos Santos Carvalho Filho entende que, nessa hipótese,
a desapropriação se opera como uma compra e venda (Matheus Carvalho discorda, pois, a
desapropriação é forma de aquisição originária, ao contrário da compra e venda). Mesmo
depois de concluído o acordo, se o particular entender que a indenização não foi tão justa,
ele pode propor ação judicial para pleitear o suplemento do valor indenizatório.
Se NÃO HOUVER ACORDO, a execução se dará na via judicial por meio da propositura de
ação de desapropriação pelo ente expropriante (ação de rito especial – Dec. Lei 3.365). O
particular é chamado a contestar o feito (no mérito, a única matéria de defesa admitida é
o valor indenizatório**).
O Estado pode requerer liminar de imissão provisória na posse do bem, DESDE QUE seja
feita declaração de urgência com validade de 120 dias e haja depósito em juízo do valor
incontroverso (art. 15 Dec. Lei 3.365). Efetivado o depósito, o particular tem o direito de
levantar 80% do valor (20% ficam como garantia do juízo). Caso o particular levante 100%,
haverá a presunção de que ele concordou com o valor (o processo é extinto).
Com o trânsito em julgado da sentença, ocorre a aquisição originária da propriedade pelo
poder público.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
ATENÇÃO AO CASO CONCRETO!!! Imaginemos que no requerimento de liminar de imissão
provisória na posse do bem, o Estado deposite o valor de 100 mil reais. O particular, então,
poderá levantar 80 mil reais (os outros 20 mil ficarão em garantia do juízo). Na sentença,
porém, o juiz entende que o valor justo a ser pago é de 200 mil reais. Nesse momento, o
particular poderá levantar os outros 20 mil reais, que fazem parte da indenização justa e
em dinheiro. Porém, a diferença de 100 mil reais, por ser proveniente de decisão judicial,
só poderá ser paga por meio de ordem cronológica de pagamento de PRECATÓRIO.
Incidem sobre o valor não pago proveniente de decisão judicial (no exemplo acima, 100 mil
reais). Inscrito o precatório até julho de um ano (ex: julho de 2017), ele deverá ser pago até
31 de dezembro do ano seguinte (ex: 31 de dezembro de 2018). Se pago até esse prazo, o
poder público não estará em mora e não haverá incidência de juros de mora. Logo, os juros
moratórios só podem começar a incidir a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao que o
precatório deveria ter sido pago e não foi (SV 17).
Obs: Quando se tratar de entidade executora que não se submete ao pagamento por
precatório (ex: concessionário de serviço público), o termo inicial para a incidência de juros
moratórios será o trânsito em julgado da decisão judicial.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
# O ente expropriante pode desistir da ação de desapropriação? SIM!!! Essa questão foi
tema do Info 596 STJ (2017):
É possível que o expropriante desista da ação de desapropriação? SIM, é possível a
desistência da desapropriação a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde
que:
a) ainda não tenha havido o pagamento integral do preço (pois nessa hipótese já terá se
consolidado a transferência da propriedade do expropriado para o expropriante); e
b) o imóvel possa ser devolvido sem que ele tenha sido alterado de forma substancial (que
impeça sua utilização como antes era possível). É ônus do expropriado provar a existência
de fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação. STJ. 2ª Turma. REsp
1.368.773-MS, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, julgado
em 6/12/2016 (Info 596).
A desapropriação é uma forma originária de aquisição da propriedade. Isso porque ela não
provém de nenhum título anterior, e, por isso, o bem expropriado vai para o novo
proprietário livre de quaisquer ônus que sobre ele incidissem antes.
Desse modo, os débitos tributários incidentes sobre o imóvel expropriado relativos a um
período anterior à desapropriação deverão ser cobrados do expropriado.
Caducidade A legislação prevê um prazo de caducidade do ato declaratório que se ultrapassado tem
por consequência a ocorrência da perda dos efeitos do ato declaratório em razão do
decurso do tempo sem que seja efetivada a desapropriação, não se admitindo que o
poder público promova a execução.
A caducidade é contada a partir da data da expedição do decreto e seu prazo varia de
acordo com a natureza da declaração expropriatória.
Declaração de utilidade ou necessidade publica decai após 5 anos.
Declaração de interesse social decai após 2 anos.
Imissão Provisória A lei permite que o ente expropriante tenha a posse provisória do bem antes de
na Posse finalizada a ação de desapropriação.
208
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Requisitos:
(1) Declaração de urgência por parte do expropriante, que poderá ser feita, inclusive,
no ato declaratório de utilidade pública ou interesse social.
(2) Depósito de valor incontroverso da indenização, em juízo, como forma de garantia
de pagamento mínimo.
Atenção: após a declaração de urgência - o Estado tem 120 dias para requere ao juízo a
imissão provisória, fazendo o depósito do valor incontroverso em juízo, sob pena de
decair a declaração de urgência.
Se perdido o prazo, a declaração não pode ser renovada.
A imissão deverá ser registrada no registro de imóveis competente e o proprietário do
bem tem direito de levantar parte do valor depositado pelo Estado.
O proprietário não pode usufruir da sua propriedade, excluindo-se também a obrigação
de pagamento de tributos referentes a bem, como o IPTU.
Se após a imissão, o Poder Público desistir da desapropriação, pagará por qualquer dano
no imóvel.
Direito de Extensão
Surge quando a desapropriação de parte da propriedade esvazia o conteúdo econômico da área que não foi
desapropriada.
Com isso o particular poderá requerer ao poder público que efetive a desapropriação sobre todo o bem,
incluindo na área que não lhe será útil isoladamente, calculando-se a indenização sobre todo o espaço do bem.
A desapropriação pode incidir sobre um bem (desapropriação total) ou sobre parte de um bem (desapropriação
parcial).
Em caso de desapropriação parcial, a área remanescente (não desapropriada) precisa ser passível de utilização
pelo proprietário, pois, caso contrário, surgirá ao ex-proprietário o direito de extensão. Ou seja, o proprietário
poderá exigir, nessas situações em que a área remanescente restar inutilizável isoladamente, que o poder
público indenize a totalidade da área.
Nos casos de imóveis rurais, a jurisprudência vem entendendo que qualquer área menor que um módulo fiscal
é presumidamente inaproveitável.
Nos casos de propriedade urbana, a inutilidade precisará ser comprovada caso a caso.
Atenção! O direito de extensão pode ser requerido no bojo da contestação de uma desapropriação, pois isso
representa uma discussão quanto ao valor indenizatório.
Desapropriação Indireta
Ocorre nas situações em que o Estado invade o bem privado sem respeitar os procedimentos administrativos
administrativos e judiciais inerentes à desapropriação. Também conhecida como apossamento administrativo.
A desapropriação indireta é, na prática, um esbulho, uma invasão do Estado sobre o bem do particular, sem
respeitar nenhum procedimento expropriatório. Embora se trate de um esbulho ilícito do poder público, depois
que o Estado dá destinação pública ao bem, incide sobre o bem a supremacia do interesse público sobre o
interesse privado. Nesse sentido, o particular só poderá pleitear indenização por perdas e danos (art. 35 Dec.-
Lei 3.365/41) em ação de indenização por desapropriação indireta ou por apossamento administrativo.
Estado invadiu bem do particular em nov/2014. O particular descobriu em nov/15 e propôs uma ação em jan/16.
A ação transitou em julgado em out/2017, determinando o pagamento de uma indenização no valor de 300 mil
reais pelo bem esbulhado. Incide juros compensatórios? Na forma do art. 15-A, §3º Dec.-Lei 3.365/41, SIM!!!
Os juros compensatórios incidem desde a data do esbulho (nov/2014), no percentual de 12% a.a. sobre o valor
de 300 mil reais (Súmula 618 STF).
A desapropriação indireta é muito comum nas situações em que o Estado, a pretexto de estabelecer uma
intervenção restritiva, impede totalmente o uso do bem. Ex: Estado diz que precisará instalar postes no meu
terreno para permitir a utilização de energia elétrica pela comunidade. Ocorre que são instalados postes por
todo o terreno, impedindo que eu usufrua da propriedade do bem. Não se trata, portanto, de servidão
administrativa, mas sim de verdadeira desapropriação indireta.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Qual é o prazo de prescrição para as ações indenizatórias? A desapropriação indireta não configura ato
administrativo de constrição do poder público e, por isso, não se aplica o prazo de 5 anos previsto no art. 10,
parágrafo único, Dec-Lei 3.365/41. Assim, na forma da Súmula 119 STJ, a ação de desapropriação indireta
prescreveria em 20 anos (prazo da usucapião extraordinária no CC/16). Ocorre que, segundo o art. 1.238 CC/02,
a usucapião extraordinária ocorre no prazo de 15 anos ou de 10 anos, caso o possuidor dê função social à
propriedade. Nesse sentido, considerando que o Estado sempre dá destinação pública ao bem, ele irá usucapir
o bem em 10 anos (art. 1.238, p.ú. CC) e, por isso, entende a jurisprudência atual do STJ que o prazo prescricional
da ação de desapropriação indireta é de 10 anos.
Retrocessão
Retrocessão é a retomada do bem somente, porque o ente estatal desapropriou o bem privado e não conferiu
a ele qualquer finalidade pública.
Conforme a doutrina majoritária, trata-se de uma faculdade de direito real de propriedade que se traduz na
prerrogativa de reaver o bem que foi possuído injustamente a terceiros.
Ex: Estado desapropria para construir uma escola e, passados 3 meses do fim do procedimento expropriatório,
por motivo de interesse público superveniente, o Estado opta por construir um hospital → trata-se desvio de
finalidade, o qual é chamado de TREDESTINAÇÃO (alteração de destinação originária do bem). No caso
narrado, temos uma TREDESTINAÇÃO LÍCITA (ocorre quando o Estado mantém a busca pelo interesse público,
alterando somente a finalidade específica do ato), que NÃO enseja direito de retrocessão. Isso é possível nas
desapropriações comuns, NÃO se admitindo, a priori, nas desapropriações especiais (têm finalidade vinculada)
e nos casos de desapropriação para fins de parcelamento popular para pessoas de baixa renda (art. 5º, §3º Dec-
Lei 3.365/41).
Ex2: Estado desapropria para construir uma escola e, passado algum tempo do fim do procedimento
expropriatório, nada é feito. O Estado, então, decide vender o bem a terceiro → trata-se de TREDESTINAÇÃO
ILÍCITA ou ADESTINAÇÃO. Nesses casos, surge ao exproprietário o DIREITO DE RETROCESSÃO (direito de
retomar a propriedade do bem sob a alegação de que o Estado não deu destinação pública ao bem).
** Controvérsia → O direito de retrocessão pode ser oposto a terceiro?
Parte da doutrina administrativista (majoritária) defende que a retrocessão é direito real e, por isso, o ex-
proprietário pode buscar o bem nas mãos de quem quer que esteja (direito de sequela).
Outra parte da doutrina defende que a retrocessão tem natureza de direito pessoal, não podendo ser oposto a
terceiro (ex-proprietário no exemplo anterior teria direito apenas a pleitear perdas e danos do Estado). Isso
porque, a desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade. Tem por base o CC/02, que trata a
retrocessão no capítulo referente aos direitos de natureza pessoal (art. 519 CC).
Maria Sylvia Zanella Di Pietro ainda entende que se trata de direito misto (real e pessoal).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Jurisprudência em Teses do STJ – EDIÇÃO N. 46: DESAPROPRIAÇÃO
1) A indenização referente à cobertura vegetal deve ser calculada em separado do valor da terra nua quando
comprovada a exploração dos recursos vegetais de forma lícita e anterior ao processo expropriatório.
2) As regras dispostas nos arts. 19 e 33 do CPC, quanto à responsabilidade pelo adiantamento dos honorários
periciais, se aplicam às demandas indenizatórias por desapropriação indireta, eis que regidas pelo procedimento
comum.
Os artigos mencionados referem-se ao CPC/1973.
Os arts. 19 e 33 do CPC/1973 correspondem aos arts. 82 e 95 do CPC/2015.
3) Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros
compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas (Súmula n. 131/STJ)
4) A intervenção do Ministério Público nas ações de desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária
é obrigatória, porquanto presente o interesse público.
5) A ação de desapropriação direta ou indireta, em regra, não pressupõe automática intervenção do Ministério
Público, exceto quando envolver, frontal ou reflexamente, proteção ao meio ambiente, interesse urbanístico ou
improbidade administrativa.
6) A imissão provisória na posse do imóvel objeto de desapropriação, caracterizada pela urgência, prescinde de
avaliação prévia ou de pagamento integral, exigindo apenas o depósito judicial nos termos do art. 15, § 1º, do
Decreto-Lei n. 3.365/1941.
7) Superada. Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n. 1.577,
de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma
da súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal. (Súmula n. 408/STJ)
Em 2018, o STF julgou o mérito da ADI 2332/DF e resolveu alterar a decisão liminar que havia tomado em 2001.
O STF, ao julgar em definitivo a ADI 2332/DF, decidiu que é constitucional o percentual fixo de 6% previsto no
art. 15-A do DL 3.365/41. Veja a redação do dispositivo:
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse
social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do
bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano
sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros
compostos. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)
Assim, o Plenário do STF reconheceu a constitucionalidade do percentual de juros compensatórios de 6% ao ano
para remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na posse de seu bem previsto no art.
15-A do DL 3.365/41. STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902).
Com essa decisão estão superadas as Súmulas 618 do STF e 408 do STJ.
8) Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação
de uso da propriedade. (Súmula n. 56/STJ)
9) Superada. A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros compensatórios, pois eles
restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de
renda, considerando a possibilidade de o imóvel ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e
adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista. (Recurso Repetitivo - Tema 280)
Os §§ 1º e 2º do art. 15-A do DL 3.365/41 preveem o seguinte:
211
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Art. 15-A (...)
§ 1º Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida
pelo proprietário. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)
§ 2º Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência
na exploração iguais a zero. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)
O Plenário do STF, ao julgar a ADI 2332/DF, em 17/5/2018 (Info 902), declarou a constitucionalidade desses
dispositivos.
Assim, a Corte concluiu que, para o Poder Público ser condenado ao pagamento dos juros compensatórios, é
necessário o cumprimento dos seguintes requisitos:
a) ter ocorrido imissão provisória na posse do imóvel;
b) a comprovação pelo proprietário da perda da renda sofrida pela privação da posse;
c) o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência na exploração superiores a zero.
10) Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na
desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel, calculados, nos dois casos, sobre o valor da
indenização corrigido monetariamente.
11) Na desapropriação, a base de cálculo dos juros compensatórios é a diferença entre os 80% do preço ofertado
e o valor do bem definido judicialmente.
12) Nas hipóteses em que o valor da indenização fixada judicialmente for igual ou inferior ao valor ofertado
inicialmente, a base de cálculo para os juros compensatórios e moratórios deve ser os 20% (vinte por cento) que
ficaram indisponíveis para o expropriado.
13) O termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o dia 1º de janeiro do exercício seguinte àquele
em que o pagamento deveria ser feito. (Recurso Repetitivo - Tema 210)
14) Nas ações de desapropriação não há cumulação de juros moratórios e juros compensatórios, eis que se trata
de encargos que incidem em períodos diferentes: os juros compensatórios têm incidência até a data da expedição
do precatório original, enquanto que os moratórios somente incidirão se o precatório expedido não for pago no
prazo constitucional. (Recurso Repetitivo - Temas 210 e 211).
EDIÇÃO N. 49: DESAPROPRIAÇÃO - II
1) O valor da indenização por desapropriação deve ser contemporâneo à data da avaliação do perito judicial.
2) Em se tratando de desapropriação, a prova pericial para a fixação do justo preço somente é dispensável quando
há expressa concordância do expropriado com o valor da oferta inicial.
3) Em ação de desapropriação, é possível ao juiz determinar a realização de perícia avaliatória, ainda que os réus
tenham concordado com o valor oferecido pelo Estado.
4) A revelia do desapropriado não implica aceitação tácita da oferta, não autorizando a dispensa da avaliação,
conforme Súmula n. 118 do extinto Tribunal Federal de Recursos.
5) Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, constatar-se que a área medida do bem é maior
do que a escriturada no Registro de Imóveis, o expropriado receberá indenização correspondente à área
registrada, ficando a diferença depositada em Juízo até que, posteriormente, se complemente o registro ou se
defina a titularidade para o pagamento a quem de direito.
212
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
6) Na desapropriação é devida a indenização correspondente aos danos relativos ao fundo de comércio.
7) A imissão provisória na posse não deve ser condicionada ao depósito prévio do valor relativo ao fundo de
comércio eventualmente devido.
8) A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária (Súmula n.
354/STJ).
9) Não incide imposto de renda sobre as verbas decorrentes de desapropriação (indenização, juros moratórios e
juros compensatórios), seja por necessidade ou utilidade pública, seja por interesse social, por não constituir
ganho ou acréscimo patrimonial. (Recurso Repetitivo - Tema 397)
10) O valor dos honorários advocatícios em sede de desapropriação deve respeitar os limites impostos pelo artigo
27, § 1º, do Decreto-lei 3.365/41 - qual seja: entre 0,5% e 5% da diferença entre o valor proposto inicialmente
pelo imóvel e a indenização imposta judicialmente. (Recurso Repetitivo - Tema 184)
11) O pedido de desistência na ação expropriatória afasta a limitação dos honorários estabelecida no art. 27, §
1º, do Decreto nº 3.365/41.
12) São aplicáveis às desapropriações indiretas os limites percentuais de honorários advocatícios constantes do
art. 27, § 1º, do Decreto-Lei n. 3.365/1941.
13) O prazo para resgate dos TDAs complementares expedidos para o pagamento de diferença apurada entre o
preço do imóvel fixado na sentença e o valor ofertado na inicial pelo expropriante tem como termo a quo a data
da imissão provisória na posse, de acordo com o prazo máximo de vinte anos para pagamento da indenização
estabelecido pelo art. 184 da CF/88.
14) O promitente comprador tem legitimidade ativa para propor ação cujo objetivo é o recebimento de verba
indenizatória decorrente de ação desapropriatória, ainda que a transferência de sua titularidade não tenha sido
efetuada perante o registro geral de imóveis.
15) O possuidor titular do imóvel desapropriado tem direito ao levantamento da indenização pela perda do seu
direito possessório.
16) Nas desapropriações realizadas por concessionária de serviço público, não sujeita a regime de precatório, a
regra contida no art. 15-B do Decreto-Lei n. 3.365/41 é inaplicável, devendo os juros moratórios incidir a partir
do trânsito em julgado da sentença.
17) Superada. A ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos, nos termos da Súmula 119 do STJ e na
vigência do Código Civil de 1916, e em 10 anos sob a égide do Código Civil de 2002, observando-se a regra de
transição disposta no art. 2.028 do CC/2002.
213
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
STJ. 1ª Seção. REsp 1.757.352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo –
Tema 1109) (Info 671).
Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte
anos).
Limitação É uma intervenção de caráter GERAL E ABSTRATO, expedida por meio de leis ou atos
Administrativa administrativos gerais.
É determinada unilateralmente pelo Poder Público, mediante a edição de lei, e visa
satisfazer os interesses da sociedade.
Decorrem do exercício do poder de polícia do Estado, limitando o uso da propriedade.
Aplica-se a todos os bens (quantidade indeterminada) que se adequam a determinada
situação fática. Ex: Gabarito de prédio na beira-mar (quem mora na beira-mar só pode
construir até determinada altura).
A limitação administrativa, em regra, não causa dano específico a ninguém e, por isso, NÃO
é indenizável, salvo se comprovado dano excepcional diferenciado.
A limitação administrativa opera efeitos ex nunc (não retroativos), ou seja, aplica-se apenas
para frente.
Atenção! Em 2001, o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01) criou em seu art. 25 o direito de
preempção público.
Por meio de lei específica municipal, o município pode determinar algumas áreas como
áreas de preempção por até 5 anos, informando que se qualquer pessoa quiser vendê-las,
primeiro deverá oferecê-las ao poder público (tem o prazo de 30 dias para exercer o seu
direito de preferência, sob pena de recusa tácita).
Se o proprietário alienar o bem para terceiro sem respeitar o direito de preempção, o
município poderá anular a venda e adquirir o imóvel pelo valor da venda ou pelo valor venal
do imóvel utilizado para cálculo do IPTU.
Transcorrido esse prazo, o município só pode declarar a área novamente como de
preempção depois de decorrido 1 ano de carência.
O direito de preempção nada mais é do que uma espécie de limitação administrativa.
A limitação administrativa afeta o caráter absoluto do direito de propriedade (a utilização
do bem fica limitada às disposições postas pela Administração).
Indenização: Por não gerar danos específicos, não enseja o dever de indenização do
proprietário do bem, inicialmente. Entendimento do STJ: Vem reconhecendo este direito,
mormente nos casos em que a aquisição do bem pelo particular se dê antes da existência
da restrição. No entanto, deve-se aplicar a prescrição quinquenal própria das ações contra
a Fazenda Pública.
Sempre que, a pretexto de instituir uma limitação administrativa, o ente estatal torne
impossível a utilização do bem pelo proprietário, a medida, na verdade, se configurará uma
situação de desapropriação indireta, ensejando o dever de indenizar do pode público.
Servidão A servidão administrativa é um direito real incidente sobre BEM IMÓVEL ESPECÍFICO. Deve
Administrativa ser registrada na matrícula do imóvel.
O instituto se configura na utilização de um bem privado pelo ente estatal para a prestação
de um determinado serviço público ou execução de atividade de interesse público.
Decorre do poder de polícia do Estado, que sujeira o direito de propriedade dos cidadãos,
ao cumprimento da função social.
O imóvel privado é o bem serviente e o serviço público é o bem dominante.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Ex: poder público precisa colocar um poste no seu terreno para passar energia elétrica →
servidão administrativa. Se houver dano, caberá indenização ao particular. Essa indenização
deve ser calculada PREVIAMENTE.
O procedimento da servidão é muito parecido com o de desapropriação: fase declaratória
e fase executória (na via administrativa, quando instituída mediante acordo, ou na via
judicial, quando o particular não concordar com o valor indenizatório).
Servidão instituída por lei → tratada no capítulo referente a tombamento!!!
A servidão administrativa tem caráter perpétuo, ou seja, é instituída por prazo
indeterminado (pelo tempo que for necessário).
A servidão administrativa afeta o caráter exclusivo do dto de propriedade (Estado utiliza o
bem junto com o particular, ou seja, o proprietário não o usufrui mais exclusivamente).
Info 614 STJ (2017): O compartilhamento de infraestrutura de estação rádio base de
telefonia celular por prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo
caracteriza servidão administrativa, não ensejando direito à indenização ao locador da
área utilizada para instalação dos equipamentos.
O direito de uso previsto no art. 73 da Lei nº 9.472/97 constitui-se como servidão
administrativa instituída pela lei em benefício das prestadoras de serviços de
telecomunicações de interesse coletivo, constituindo-se direito real, de natureza pública, a
ser exercido sobre bem de propriedade alheia, para fins de utilidade pública, instituído com
base em lei específica.
Considerando a característica de servidão administrativa do compartilhamento de
infraestrutura, só haveria de cogitar-se em indenização se houvesse redução do potencial
de exploração econômica do bem imóvel. Logo, não houve ilícito contratual na conduta da
empresa que fez o compartilhamento de sua infraestrutura para outra prestadora de
serviços de telecomunicações.
Ex: João possui um terreno na beira da estrada. Ele celebrou contrato de locação com a
Embratel permitindo que a empresa instalasse, em seu imóvel, uma torre e uma antena de
telecomunicações. Alguns meses depois, a Embratel permitiu que a TIM compartilhasse de
sua infraestrutura. João ajuizou ação de indenização alegando que o contrato de locação
proíbe que a locatária faça a sublocação do imóvel para outra empresa. Ele não terá direito
à indenização.
215
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
A requisição goza do atributo de auto-executoriedade, podendo ser determinada pelo
poder público, independentemente da concordância do particular ou de decisão judicial.
A requisição administrativa pode recair sobre BENS MÓVEIS, BENS IMÓVEIS E SERVIÇOS.
Ex de requisição administrativa de serviços (Celso Antonio Bandeira de Mello): em caso de
guerra, o Estado pode requerer o serviço dos reservistas. Caso o sujeito morra, caberá
indenização posterior.
# Bens consumíveis fungíveis: Em caso de iminente perigo, admite-se que o Estado
requisite bens consumíveis, desde que fungíveis, pois posteriormente poderá devolver bem
idêntico.
Ocupação Intervenção por meio da qual o ente público utiliza determinado bem privado por prazo
Temporária de determinado, para satisfazer necessidades de interesse público, podendo se dar de forma
Bens gratuita ou remunerada.
Tradicionalmente, quando falamos de ocupação temporária de bens, lembramos do Dec.-
Lei 3.365, que regulamenta da ocupação temporária de terrenos vizinhos de obras públicas
– o Estado poderá temporariamente utilizar bens privados às obras públicas como meio de
apoio, para alocação de maquinário e assentamento dos funcionários da obra.
Ex: Estado irá executar uma obra pública e para tanto precisa ocupar temporariamente os
terrenos vizinhos para colocar o maquinário, o espaço para que os pedreiros irão descansar,
etc.
Não há perigo iminente, mas tão somente uma necessidade pública de o Estado usar
determinado bem por prazo específico.
Podemos pensar em outras situações de ocupação temporária, tal como a ocupação
temporária de escola privada como zona eleitoral durante as eleições.
A indenização, em princípio, não será devida. Porém, se a utilização do bem pelo poder
público causar prejuízos ao proprietário, deverá ser garantida a reparação dos danos.
Tombamento Trata-se de intervenção restritiva da propriedade que visa a proteção do meio ambiente,
no que tange ao patrimônio histórico, artístico e cultural.
O tombamento pode ser realizado de ofício ou mediante provocação do proprietário do
bem (tombamento voluntário).
Pode ser total (incidindo sobre todo o bem) ou parcial (ex: no Pelourinho, o tombamento
incide somente sobre as fachadas das casas).
Pode incidir sobre BENS MÓVEIS e BENS IMÓVEIS, bastando demonstrar a sua relevância
histórica e cultural. Apenas incide sobre BENS CORPÓREOS (Maria Sylvia Di Pietro é a única
que defende que o tombamento pode incidir sobre bens incorpóreos).
Tem caráter perpétuo (por prazo indeterminado).
O tombamento provisório nada mais é do que uma medida cautelar de natureza
administrativa (para evitar que o proprietário do bem destrua os aspectos culturais e
históricos do bem durante o processo administrativo).
O tombamento provisório é gerado pela simples notificação no processo administrativo e
produz os mesmos efeitos do definitivo, apenas dispensa a transcrição no registro de
imóveis.
O mesmo bem pode ser tombado várias vezes, pois cada ente federativo tem seu livro do
tombo. Assim, se de interesse local, será tombado pelo Município; se de interesse regional,
pelo Estado; se de interesse nacional, pela União.
O ato de tombamento gera algumas obrigações ao proprietário, quais sejam:
o Obrigações de fazer: dever de conservar o bem na forma como o bem se encontra
(proprietário é responsável por todas as benfeitorias necessárias). Caso justifique que não
tem condições financeiras para essa conservação, deverá o proprietário informar ao poder
público a necessidade de conservação.
216
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Obs: O direito de preferência, previsto no Dec.-Lei 3.345, no caso de alienação de bens
tombados, foi revogado pelo NCPC, salvo no caso de alienação judicial por hasta pública.
o Obrigações de não fazer: obrigação de não destruir e nem de alterar os aspectos históricos,
artísticos e culturais do bem. Qualquer reforma do bem depende de autorização específica
do poder público. A regra é que o bem tombado móvel não pode sair do país.
Exceção: pode sair do país por curto período de tempo, desde que haja justificativa e
autorização do poder público (ex: exposições e feiras internacionais).
o Obrigações de tolerar: tolerar a fiscalização do Estado no bem tombado.
# Servidão instituída por lei:
A doutrina costuma apontar que o tombamento gera uma servidão administrativa nos
terrenos vizinhos ao bem tombado. Isso porque, os prédios vizinhos não podem impedir
nem visualização, nem o acesso ao bem tombado.
O problema é que, na prática, essa servidão tem todas as características de uma limitação
administrativa: é geral e abstrata (atinge todos os bens vizinhos) e afeta o caráter absoluto
do dto de propriedade.
PORÉM, deve ser considerada como servidão administrativa em provas, já que temos as
figuras dos bens servientes (imóveis vizinhos) e do bem dominante (bem tombado).
Também é possível a visualização de servidão administrativa em relação aos imóveis
vizinhos de aeroportos (não podem construir até determinada altura).
Como regra, o tombamento é intervenção na propriedade que não gera direito adquirido à
indenização, pois não configura um efetivo prejuízo ao proprietário.
A indenização é cabível quando ensejar esvaziamento do valor econômico do bem,
configurando uma verdadeira desapropriação indireta.
Também será passível de indenização, quando o tombamento ensejar gastos
desproporcionais para manutenção do bem.
O tombamento é efetivado mediante procedimento administrativo, respeitando o
contraditório e a ampla defesa, ressalvados os casos de tombamento voluntário.
É no livro do tombo que são registrados todos os bens de interesse histórico, artístico e
cultural.
O serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional avalia se o bem deve ser tombado e,
concluindo pelo interesse na propriedade, notificará o proprietário para anuir o
tombamento, dentro do prazo de 15 dias, a contar do recebimento da notificação, ou para,
se o quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de impugnação.
O tombamento definitivo será registrado no livro do tombo e, em caso de bens imóveis,
ainda deverá ser procedido ao registro no cartório de RGI.
O tombamento de bens no IPHAN depende de homologação do Ministro de Estado da
Educação e Cultura, após parecer do respectivo Conselho Consultivo nos moldes da Lei
6.292/75.
Tombamento x Servidão Administrativa: Parte da doutrina acredita que o tombamento se
configura uma espécie de servidão administrativa, de natureza especial. A doutrina
majoritária diz que tombamento e servidão não se confundem. O tombamento é uma
espécie autônoma de intervenção na propriedade privada, com a intenção específica de
proteção ao patrimônio histórico, artístico e cultural, não se confundindo com a servidão
ou limitação administrativa.
Juris selecionada É possível o ajuizamento de ACP alegando que o particular que recebeu a indenização na
no Buscador do desapropriação não era o seu real proprietário mesmo que já tenham se passado 2 anos do
DOD trânsito em julgado da ação de desapropriação
I - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação desapropriatória
não obsta a propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público para discutir a
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
dominialidade do bem expropriado, ainda que já se tenha expirado o prazo para a Ação
Rescisória;
II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só serão devidos caso
haja devido pagamento da indenização aos expropriados. STF. Plenário. RE 1010819/PR, Rel.
Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/5/2021
(Repercussão Geral – Tema 858) (Info 1019).
Desapropriação para fins de reforma agrária e área de reserva legal - Não se encontrando
averbada no registro imobiliário antes da vistoria, a reserva florestal não poderá ser excluída
da área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da produtividade do imóvel
rural. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1301751/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
08/04/2014 (Info 539). STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1505446/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 15/03/2021.
Se, quando o proprietário adquiriu o imóvel, já havia a restrição administrativa ele não
poderá pedir indenização, salvo se se tratar de negócio jurídico gratuito ou se for vulnerável
econômico
Em regra, quem adquire bem anteriormente atingido por restrição administrativa não é parte
legítima, por carência de efetivo prejuízo, para, com fundamento em desapropriação direta ou
indireta, ingressar com ação indenizatória contra o Estado.
Nessas condições, querer agir em nome do credor primitivo, postulando lesão que não sofreu,
afronta os princípios da boa-fé objetiva, da proibição de enriquecimento sem causa e da
moralidade, representando, não o exercício de um direito, mas a invocação abusiva do direito.
Observam-se duas exceções, em numerus clausus, para a regra geral:
• quando a transferência da propriedade for realizada por negócio jurídico gratuito;
• quando o adquirente for sujeito vulnerável, na acepção de indivíduo incontestavelmente
pobre ou humilde. Em ambos os casos há presunção relativa de boa-fé objetiva, de moralidade
e de inexistência de enriquecimento sem causa. STJ. 1ª Seção. REsp 1750660/SC, Rel. Min.
Gurgel De Faria, Rel. p/ Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 10/03/2021 (Tema
Repetitivo 1004).
218
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Súmula 408-STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a
Medida Provisória 1.577 de 11/06/1997 devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e a
partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula 618 do Supremo Tribunal Federal.
Imóvel improdutivo e não cabimento de juros compensatórios
Tese revisada no Tema Repetitivo n. 280/STJ
Tese original: A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros
compensatórios, pois esses restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a
perda antecipada, mas também a expectativa de renda, considerando a possibilidade do
imóvel ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido
com o recebimento do seu valor à vista.
Tese revisada: Até 26/9/1999, data anterior à edição da MP n. 1901-30/1999, são devidos
juros compensatórios nas desapropriações de imóveis improdutivos.
Imóvel que não pode ser explorado economicamente e não cabimento de juros
compensatórios
Tese revisada no Tema Repetitivo n. 281/STJ
Tese original: São indevidos juros compensatórios quando a propriedade se mostrar
impassível de qualquer espécie de exploração econômica seja atual ou futura, em decorrência
de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do local onde se situa a
propriedade.
Tese revisada: Mesmo antes da MP n. 1901-30/1999, são indevidos juros compensatórios
quando a propriedade se mostrar impassível de qualquer espécie de exploração econômica
atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou fáticas.
Tese revisada:
i) A partir de 27/9/1999, data de edição da MP n. 1901-30/1999, exige-se a prova pelo
expropriado da efetiva perda de renda para incidência de juros compensatórios (art. 15-A, §
1º, do Decreto-Lei n. 3365/1941); e
ii) Desde 5/5/2000, data de edição da MP 2027-38/2000, veda-se a incidência dos juros
compensatórios em imóveis com índice de produtividade zero (art. 15-A, § 2º, do Decreto-Lei
n. 3365/1941).
Cancelada a tese fixada no Tema Repetitivo n. 283/STJ Cancelamento do Tema Repetitivo n.
283/STJ
Tese cancelada: Para aferir a incidência dos juros compensatórios em imóvel improdutivo,
deve ser observado o princípio do tempus regit actum, assim como acontece na fixação do
percentual desses juros. Publicada a medida liminar concedida na ADI 2.332/DF (DJU de
13.09.2001), deve ser suspensa a aplicabilidade dos §§ 1º e 2º do artigo 15-A do Decreto-lei n.
219
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
3.365/41 até que haja o julgamento de mérito da demanda.
Não configura desapropriação indireta quando o Estado se limita a realizar serviços públicos
de infraestrutura em gleba cuja invasão por particulares apresenta situação consolidada e
irreversível Não se imputa ao Poder Público a responsabilidade integral por alegada
desapropriação indireta quando, em gleba cuja ocupação por terceiros apresenta situação
consolidada e irreversível, limita-se a realizar serviços públicos de infraestrutura, sem que
tenha concorrido para o esbulho ocasionado exclusivamente por particulares. Assim, na
medida em que o Poder Público não pratica o ato ilícito denominado “apossamento
administrativo” nem, portanto, toma a propriedade do bem para si, não deve responder pela
perda da propriedade em desfavor do particular, ainda que realize obras e serviços públicos
essenciais para a comunidade instalada no local. STJ. 2ª Turma. REsp 1770001-AM, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 05/11/2019 (Info 660).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Não cabimento de restituição pelo expropriado dos honorários periciais Nas ações de
desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária descabe a restituição, pelo
expropriado sucumbente, de honorários periciais aos assistentes técnicos do INCRA e do MPF.
STJ. 1ª Turma. REsp 1306051-MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
08/05/2018 (Info 626).
É possível o tombamento por ato legislativo e o Estado pode tombar bem da União O princípio
da hierarquia verticalizada, previsto no Decreto-Lei 3.365/1941, não se aplica ao tombamento,
disciplinado no Decreto-Lei 25/1937. A lei de tombamento apenas indica ser aplicável a bens
pertencentes a pessoas físicas e pessoas jurídicas de direito privado e de direito público
interno. Ademais, o tombamento feito por ato legislativo possui caráter provisório, ficando o
tombamento permanente, este sim, restrito a ato do Executivo. Por fim, o tombamento
provisório por ato legislativo não precisa ser precedido de notificação prévia da União,
exigência restrita ao procedimento definitivo promovido pelo Executivo estadual. STF.
Plenário. ACO 1208 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 24/11/2017 (não divulgado em
info).
Possibilidade de o proprietário afastar a sanção do art. 243 da CF/88 se provar que não teve
culpa A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que
o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo. STF.
Plenário. RE 635336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2016 (repercussão geral)
(Info 851).
Desapropriação para fins de reforma agrária e área de reserva legal Não se encontrando
averbada no registro imobiliário antes da vistoria, a reserva florestal não poderá ser excluída
da área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da produtividade do imóvel
rural. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1301751/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
08/04/2014 (Info 539).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Desapropriação indireta não se confunde com limitação administrativa A limitação
administrativa distingue-se da desapropriação, uma vez que nesta há transferência da
propriedade individual para o domínio do expropriante, com integral indenização; e naquela
há apenas restrição ao uso da propriedade imposta genericamente a todos os proprietários,
sem qualquer indenização. Não há desapropriação indireta sem que haja o efetivo
apossamento da propriedade pelo Poder Público. Desse modo, as restrições ao direito de
propriedade impostas por normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico, não
constituem desapropriação indireta. A edição de leis ambientais que restringem o uso da
propriedade caracteriza uma limitação administrativa, cujos prejuízos causados devem ser
indenizados por meio de uma ação de direito pessoal, e não de direito real, como é o caso da
ação contra a desapropriação indireta. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1359433/MG, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 12/03/2013).
Se, quando o proprietário adquiriu o imóvel, já havia a limitação administrativa ele não poderá
pedir indenização A responsabilização do Estado na indenização decorrente de limitação
administrativa somente ocorre se a aquisição do imóvel tiver ocorrido antes da restrição
administrativa. STJ. 1ª Seção. AR 2075/PR, Rel. Min. Denise Arruda, Rel. p/ Acórdão Min.
Humberto Martins, julgado em 27/5/2009.
Súmula nº 23: Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede
a declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra não se
incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada.
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Súmula nº 157: É necessária prévia autorização do Presidente da República para
desapropriação, pelos Estados, de empresa de energia elétrica.
Súmula nº 415: Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela
natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção
possessória.
Súmula nº 416: Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização
complementar além dos juros.
Súmula nº 476: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o Poder desapropriante, imitido
na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos.
Súmula nº 652: Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Dl. 3.365/41 (Lei da
Desapropriação por utilidade pública).
Súmula nº 668: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda
Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o
cumprimento da função social da propriedade urbana.
Súmulas do STJ:
Súmula nº 56: Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros
compensatórios pela limitação de uso da propriedade.
Súmula nº 67: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma
vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo
pagamento da indenização.
Súmula nº 102: A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações
expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei.
225
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Súmula nº 113: Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão
na posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
Súmula nº 354: A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins
de reforma agrária.
Art. 5º Art. 5o
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
§ 4º Os bens desapropriados para fins de utilidade pública e os direitos decorrentes da
respectiva imissão na posse poderão ser alienados a terceiros, locados, cedidos,
arrendados, outorgados em regimes de concessão de direito real de uso, de concessão
comum ou de parceria público-privada e ainda transferidos como integralização de
fundos de investimento ou sociedades de propósito específico. (LEI 14273/21)
Lei 9.074/1995
Art. 2º A outorga para exploração indireta de ferrovias em regime de direito privado será exercida
mediante autorização, na forma da legislação específica.
Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos
arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente.
Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio
de entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
entes públicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo.
Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o servidor público
e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º desta Lei.
No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o
particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio,
contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de cooperação ou ajuste
administrativo equivalente.
As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade.
As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade
administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública de que
trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.
Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade que conhecer dos fatos representará
ao Ministério Público competente, para as providências necessárias.
A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na hipótese
de alteração contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão
societária.
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração
falsa sobre qualquer dado técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos
a qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei.
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Art. 10 Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
Dos Atos de omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio,
Improbidade apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no
Administrativa art. 1º desta Lei, e notadamente:
que Causam
Prejuízo ao I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida incorporação ao patrimônio
Erário particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes
Dica: *permitir, do acervo patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei;
conceder,
230
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
realizar, liberar, II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
celebrar, doar – ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,
quem ganha é sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
outra pessoa –
por isso é III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
prejuízo ao educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
erário entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior
ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar
garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
forma para a sua aplicação irregular;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos
ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular
de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela
administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fiscalização e na análise das prestações
de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas
sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem
o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 11 Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
Dos Atos de administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de
Improbidade imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
Administrativa
que Atentam III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
Contra os permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou colocando
Princípios da em risco a segurança da sociedade e do Estado;
Administração
Pública IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para a
segurança da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das
condições para isso, com vistas a ocultar irregularidades;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação
oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
serviço.
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XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de publicidade
que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover
inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de atos, de programas, de obras,
de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos.
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto
nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplicação
deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do agente público o fim de obter
proveito ou benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade.
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante ao bem jurídico
tutelado para serem passíveis de sancionamento e independem do reconhecimento da
produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos.
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por parte dos
detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por
parte do agente.
233
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Das Penas – art. 12
Enriquecimento ● perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
Ilícito – art. 9º ● perda da função pública;
● suspensão dos direitos políticos até 14 ano;
● pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial;
● proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 14 anos
Lesão ao Erário ● perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
art. 10 circunstância;
● perda da função pública;
● suspensão dos direitos políticos até 12 anos;
● pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano;
● proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 12 anos;
Princípios ● pagamento de multa civil de até 24 vezes o valor da remuneração percebida pelo
Art. 11 agente;
● proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 anos;
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Perda da Função A sanção da perda da função pública atinge apenas o vínculo de mesma qualidade e natureza
Pública que o agente público ou político detinha com o poder público na época do cometimento da
infração.
Sanções
aplicadas a PJ
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As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto
de 2013 (Lei Anticorrupção), deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem.
A sanção de proibição de contratação com o poder público deverá constar do Cadastro Nacional
de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) - observadas as limitações territoriais contidas em
decisão judicial.
As sanções previstas somente poderão ser executadas após o trânsito em julgado da sentença
condenatória.
Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos políticos, computar-se-
á retroativamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da
sentença condenatória.
Atos de menor No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção limitar-se-
ofensa aos bens á à aplicação de multa, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos.
jurídicos
tutelados
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Sobre perda de
Aposentadoria
A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data
em que o agente público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo
dentro do prazo determinado ou que prestar declaração falsa.
Pedido de
Indisponibilidade
de Bens
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Procedimento Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja
Administrativo e instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
do Processo A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do
Judicial – art. 14 representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que
tenha conhecimento.
A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta
não contiver as formalidades estabelecidas. A rejeição não impede a representação ao
Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
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Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração
dos fatos, observada a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável
ao agente.
A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho
de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de
improbidade.
O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
representante para acompanhar o procedimento administrativo.
O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo poderá ser
formulado independentemente da representação de que trata o art. 7º desta Lei.
Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo
incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
internacionais.
O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo apenas será
deferido mediante a demonstração no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de
risco ao resultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabilidade da
ocorrência dos atos descritos na petição inicial com fundamento nos respectivos elementos
de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.
A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o
contraditório prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver
outras circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência ser
presumida.
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Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indisponíveis não
poderá superar o montante indicado na petição inicial como dano ao erário ou como
enriquecimento ilícito.
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei, no que for cabível, o regime da
tutela provisória de urgência da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil).
A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens imóveis,
bens móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades
simples e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência desses, o
bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a subsistência do acusado e a
manutenção da atividade empresária ao longo do processo.
O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens do réu a que se refere o caput deste
artigo, observará os efeitos práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de
acarretar prejuízo à prestação de serviços públicos.
A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta pelo Ministério
Público e seguirá o procedimento comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei.
Agora com a nova lei de improbidade não pode mais ser proposta por pessoa jurídica
interessada.
§ 4º-A A ação deverá ser proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa
jurídica prejudicada.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
§ 5º A propositura da ação artigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
A petição inicial será rejeitada nos casos do CPC, bem como quando não preenchidos os
requisitos a que se referem os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando
manifestamente inexistente o ato de improbidade imputado.
Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação
dos requeridos para que a contestem no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo
na forma do art. 231 do CPC.
Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação
caberá agravo de instrumento.
Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá decisão na qual indicará com precisão
a tipificação do ato de improbidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado
modificar o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor.
Para cada ato de improbidade administrativa, deverá necessariamente ser indicado apenas
um tipo dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei.
Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as partes serão intimadas a especificar
as provas que pretendem produzir.
Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de improbidade administrativa que: I
- condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na petição inicial; II- condenar o
requerido sem a produção das provas por ele tempestivamente especificadas.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica interessada será intimada para, caso
queira, intervir no processo.
§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação civil pública caberá agravo
de instrumento.
Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre os fatos de que trata a ação, e a
sua recusa ou o seu silêncio não implicarão confissão.
A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos atos
administrativos praticados pelo administrador público ficará obrigada a defendê-lo
judicialmente, caso este venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a
decisão transite em julgado.
Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento, inclusive da decisão que rejeitar
questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação.
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de
agentes privados.
Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo considerará
a personalidade do agente, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social
do ato de improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da rápida solução
do caso.
Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do
Tribunal de Contas competente, que se manifestará, com indicação dos parâmetros.
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O acordo poderá ser celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso da
ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória.
A sentença proferida nos processos a que se refere esta Lei deverá, além de observar o
disposto no art. 489 CPC:
g) os antecedentes do agente;
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, quando for o caso, a sua
atuação específica, não admitida a sua responsabilização por ações ou omissões para as
quais não tiver concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais
indevidas;
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objetivos que justifiquem a
imposição da sanção.
A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não configura ato de improbidade.
Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata esta Lei.
A sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao
ressarcimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos,
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências atinentes à liquidação do dano
deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da sentença de
procedência da ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação do dano
e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento do patrimônio público ou à perda
ou à reversão dos bens, sem prejuízo de eventual responsabilização pela omissão verificada.
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.
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As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar ou de receber
incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte)
anos.
Disposições Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou
Finais terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado
pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o
trânsito em julgado da sentença condenatória.
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas.
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§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão considerados pelo juiz quando
tiverem servido de fundamento para a conduta do agente público.
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão
colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os
fundamentos de absolvição previstos no art. 386 CPP.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a
requerimento de autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo
com o disposto no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimento
investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito policial.
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido ao investigado a
oportunidade de manifestação por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas
alegações e auxiliem na elucidação dos fatos.
Prescrição
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Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos,
contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que
cessou a permanência.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período,
mediante ato fundamentado submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial,
conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30
(trinta) dias, se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal
que confirma sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão
condenatório ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão
condenatório ou que reforma acórdão de improcedência.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a
interrupção relativas a qualquer deles estendem-se aos demais.
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e
políticos que atuem com prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa.
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não haverá adiantamento de custas, de
preparo, de emolumentos, de honorários periciais e de quaisquer outras despesas.
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§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação de
improbidade se comprovada má-fé.
Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de suas
fundações, serão responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de
1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
É possível a homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito da ação de improbidade
administrativa em fase recursal.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A controvérsia diz respeito à possibilidade da homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito
da ação de improbidade administrativa em fase recursal, em decorrência da alteração advinda com a Lei n.
13.964/2019, denominada "Pacote Anticrime", que alterou o § 1º do art. 17 da Lei n. 8.429/1992, in verbis: 1º As
ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei.
O referido diploma legal também introduziu o § 10-A ao art. 17 da LIA, com a seguinte redação: Havendo a
possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contestação,
por prazo não superior a 90 (noventa) dias.
A partir do panorama normativo antes mencionado, a jurisprudência da Primeira Turma do STJ vem possibilitando
a homologação de tais avenças em sede recursal.
Não é demais ressaltar que a Lei n. 14.230/2021, que alterou significativamente o regramento da improbidade
administrativa, incluiu o art. 17-B à Lei n. 8.429/1992, trazendo previsão normativa explícita quanto à possibilidade
do acordo em exame até mesmo no momento da execução da sentença. (Info 728 STJ)
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Bens Públicos
A doutrina tradicional dividia a expressão “domínio público” em 2 espécies:
Sentido Amplo é o chamado “domínio eminente”, que nada mais é do que o poder que o Estado
exerce sobre todos os bens que se encontram no território nacional (não interessa se
são bens públicos ou privados), justificando a possibilidade de tombamento,
servidões, etc. É a soberania estatal.
Classificação
Quanto à sua destinação a) Bens de uso comum do povo: são os bens que o Estado conserva com a finalidade
de serem utilizados pela sociedade em geral. A utilização ordinária/comum desses
bens NÃO depende de consentimento do poder público, ou seja, é livre a sua
utilização. Ex: praças, ruas, praias, etc.
Obs: O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for
estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem (art. 103
CC).
b) Bens de uso especial: são os bens que o Estado conserva com finalidade pública
específica.
#CESPE → Cemitérios públicos e mercados municipais são considerados bens públicos
de uso especial.
#CESPE → Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis,
corpóreas ou não, que a administração utiliza para a realização de suas atividades e
finalidades.
Bens de uso especial indireto: são bens que não são utilizados diretamente pelo
Estado, mas a sua utilização pela soc. em geral não é livre, pois eles são afetos a uma
finalidade específica. Ex: terras indígenas (finalidade de proteção da cultura indígena)
e terras públicas utilizadas para a proteção do meio ambiente.
c) Bens dominicais (ou dominiais): são os bens que pertencem ao Estado (pj de direito
público), mas que não têm destinação pública. Ex: terras devolutas.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
A afetação de um bem pode se dar pelo simples uso no interesse público, não dependendo de formalidade.
Também pode se dar por meio de lei ou de ato administrativo.
Porém, a desafetação NÃO pode se dar pelo simples desuso, necessitando para tanto da edição de lei ou ato
administrativo.
Importante! Em se tratando de bens de uso especial, a doutrina costuma dizer que os bens podem ser desafetados
por lei, por ato administrativo e também por fatos da natureza que impeçam a sua utilização específica (ex:
incêndio destrói escola pública).
IMPORTANTE!!! Info 594 STJ (2017): Particular que ocupa bem público dominical poderá
ajuizar ações possessórias para defender a sua permanência no local?
1) Particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face do PODER
PÚBLICO: NÃO é possível. Não terá direito à proteção possessória. Não poderá exercer
interditos possessórios porque, perante o Poder Público, ele exerce MERA DETENÇÃO.
A interpretação que reconhece a posse nos bens dominicais deve ser conciliada com a regra
que veda o reconhecimento da usucapião nos bens públicos (Súmula 340 do STF; arts. 183, §
3º e 192 da CF/88; art. 102 do CC), permitindo se concluir que, apenas um dos efeitos
jurídicos da posse - a usucapião - é que será limitado, devendo ser mantida, no entanto, a
possibilidade de invocação dos interditos possessórios pelo particular. Nos bens do
patrimônio disponível do Estado (dominicais), despojados de destinação pública, permite-
se a proteção possessória pelos ocupantes da terra pública que venham a lhe dar função
social.
Não Onerabilidade Bens públicos não admitem constrição extrajudicial, ou seja, não podem incidir direitos reais
de garantia (penhor, anticrese, hipoteca).
Inalienabilidade Os bens públicos podem ser, excepcionalmente, alienados, desde que respeitada as
Relativa ( ou condições definidas em lei. As condições são:
Alienabilidade
Condicionada) 1º) Desafetação: bens afetados não podem ser alienados!!! Por isso, os bens de uso comum
e de uso especial, enquanto conservarem essa condição, são inalienáveis. Obs: Existem bens
de uso comum que não são passíveis de desafetação, pois são bens de uso comum pela sua
própria natureza, tais como os terrenos às margens de rios navegáveis (Súmula 479 STF).
2º) Declaração de interesse público;
3º) Avaliação prévia do bem;
4º) Licitação.
5º) Se o bem for IMÓVEL, é necessária ainda lei específica autorizando a alienação.
a) Autorização de uso de bem público: é ato administrativo unilateral, discricionário e precário, por meio do qual
se permite ao particular exercer uma utilização especial, anormal, privativa do bem público. Não gera direito
adquirido (pode ser desfeito sem direito à indenização). É feita no INTERESSE DO PARTICULAR (ex: pessoa quer
casar na praia)!
b) Permissão de uso de bem público: é ato administrativo unilateral, discricionário e precário. Não gera direito
adquirido (pode ser desfeito sem direito à indenização). É feita também no INTERESSE PÚBLICO (ex: pessoa quer
montar uma feirinha de artesanato na praia → o Estado tem interesse na difusão da cultura). Na permissão de uso,
a doutrina entende que, apesar de ser ato administrativo, sempre que houver mais de um interessado, o ente
público terá que licitar!
c) Concessão de uso de bem público: é contrato administrativo e, por isso, não tem natureza precária.
Normalmente, a concessão de uso é feita nas situações em que o particular irá investir na utilização do bem (ex:
restaurante em uma universidade pública). O contrato, se for extinto antes do prazo, gera direito à indenização.
#CESPE → O STJ possui jurisprudência firme e consolidada no sentido de que a cobrança em face de
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO pelo uso de solo, subsolo ou espaço aéreo é ILEGAL (seja para a instalação
de postes, dutos ou linhas de transmissão, por exemplo), uma vez que:
a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da sociedade – razão pela qual não cabe a fixação de preço público;
e
b) a natureza do valor cobrado não é de taxa, pois não há serviço público prestado ou poder de polícia exercido.
Bens em Espécie
O art. 20 CF define quais são os bens pertencentes à UNIÃO e é regulamento pelo Dec-Lei 9.760.
* Mar territorial é bem público federal;
* Recursos naturais encontrados na ZEE e na plataforma continental pertencem à União;
251
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
* Terrenos de marinha e seus acrescidos pertencem à União; Atenção! Faixa de fronteira é indispensável à garantia
da segurança nacional (bens privados terão que respeitar algumas restrições), mas NÃO pertence à União.
* Terras indígenas pertencem à União;
* Terras devolutas necessárias à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais
de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei (exceção à regra geral);
* Rios que vêm de outro país, os que vão para outro país e os que banham mais de um Estado da federação
pertencem à União (exceção à regra geral);
* Potenciais de energia hidráulica pertencem à União, ainda que estejam localizados em rios estaduais. O art. 26
CF define quais são os bens pertencentes aos ESTADOS-MEMBROS.
* Terras devolutas pertencem aos Estados-membros onde estejam localizadas;
* Rios e correntes de água pertencem aos Estados onde estejam localizados.
INFO 873 STF (2017). BENS PÚBLICOS. NÃO SE PODE CARACTERIZAR AS TERRAS OCUPADAS PELOS INDÍGENAS
COMO DEVOLUTAS As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da CF/88) e,
portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de domínio do Estado-membro.
Caso concreto: O Estado de Mato Grosso ajuizou contra a União e a Funai ação ordinária de indenização por
desapropriação indireta, sob a alegação de que as rés teriam incluído, dentro do perímetro de áreas indígenas,
terras devolutas que pertenceriam ao Estado autor. Em outras palavras, Mato Grosso alegou que a União, no
momento de fazer a demarcação de terras indígenas, utilizou parte de terras devolutas que pertenceriam ao
Estado, razão pela qual ele deveria ser indenizado por isso.
O pedido foi aceitou pelo STF? NÃO!!! O STF julgou improcedente a ação. Os laudos antropológicos juntados aos
autos deixaram claro que as áreas em questão eram habitadas historicamente por indígenas. Diante disso, o STF
reconheceu que a titularidade das terras não é do Estado do Mato Grosso, sendo indevida, portanto, a indenização
pleiteada.
Vale ressaltar que, desde a Constituição de 1934 é reconhecida a proteção da posse dos indígenas das terras que
tradicionalmente ocupam. Assim, desde a Carta de 1934, não se pode caracterizar as terras ocupadas pelos
indígenas como devolutas.
INFO 862 STF (2017). BENS PÚBLICOS. CONTINUAM PERTENCENDO À UNIÃO OS TERRENOS DE MARINHA
SITUADOS EM ILHA COSTEIRA QUE SEJA SEDE DE MUNICÍPIO
A EC 46/2005 NÃO interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da Constituição Federal, sobre
os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas costeiras sede de Municípios.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
EC 46/2006
A exceção 2 acima prevista para as ilhas costeiras foi instituída pela EC 46/2005.
Redação originária da CF/88 Redação atual (dada pela EC 46/2005)
Art. 20. São bens da União: Art. 20. São bens da União:
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas IV – as ilhas fluviais e lacustres das zonas limítrofes
limítrofes com outros países; as praias com outros países; as praias marítimas; as ilhas
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, oceânicas e as costeiras, excluídas destas as que
excluídas destas as áreas referidas no art. 26, II; contenham sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
Quando a EC 46/2005 foi editada surgiu um debate acerca de sua influência sobre os terrenos de marinha.
Os terrenos de marinha pertencem à União (art. 20, VII, da CF/88). No entanto, surgiu uma corrente defendendo
que, por força da EC 46/2005, se o terreno de marinha estiver situado dentro da ilha costeira, então neste caso ele
teria deixado de ser terreno de marinha e teria passado a pertencer ao Município.
Essa tese foi acolhida pelo STF? Os terrenos de marinha situados em ilhas costeiras que forem sede de Município
deixaram de pertencer à União?
NÃO!!! Uma interpretação sistemática do texto constitucional conduz à conclusão de que a alteração introduzida
no inciso IV do art. 20 pela EC 46/2005 não teve a intenção de mudar a propriedade dos terrenos de marinha
que continuaram previstos normalmente no inciso VII como sendo bens da União.
Juris do Buscador Enunciado 2 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: O administrador público está
Dizer o Direito autorizado por lei a valer-se do desforço imediato sem necessidade de autorização judicial,
solicitando, se necessário, força policial, contanto que o faça preventivamente ou logo após a
invasão ou ocupação de imóvel público de uso especial, comum ou dominical, e não vá além do
indispensável à manutenção ou restituição da posse (art. 37 da Constituição Federal; art. 1.210,
§ 1º, do Código Civil; art. 79, § 2º, do Decreto-Lei n. 9.760/1946; e art. 11 da Lei n. 9.636/1998).
Continuam pertencendo à União os terrenos de marinha situados em ilha costeira que seja sede
de Município A EC 46/2005 não interferiu na propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da
Constituição Federal, sobre os terrenos de marinha e seus acrescidos situados em ilhas costeiras
sede de Municípios. STF. Plenário. RE 636199/ES, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/4/2017
(repercussão geral) (Info 862).
Súmulas de Bens Súmula 619 STJ - A ocupação indevida de bem público configura mera detenção,
Públicos de
natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e
benfeitorias.
Súmula 103-STJ: Incluem-se entre os imóveis funcionais que podem ser vendidos os
administrados pelas forças armadas e ocupados pelos servidores civis. • Aprovada em
19/05/1994, DJ 26/05/1994. • Válida.
Súmula 479-STF: As margens dos rios navegáveis são domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização. • Válida. • Segundo o STJ, o
entendimento exposto na súmula 479 do STF não é absoluto e deve ser mitigado quando
comprovado que o particular possui um justo título sobre a área desaproprianda. Assim,
o particular desapropriado poderá receber indenização por eventuais benfeitorias
situadas em terrenos marginais dos rios navegáveis quando as tiver realizado em imóvel
de seu domínio, assim reconhecido, legitimamente, pelo Poder Público. Caso não possua
justo título, logicamente, não serão indenizáveis as benfeitorias (STJ AgRg no REsp
1302118/MG, julgado em 17/05/2012).
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Jurisprudência em Teses do STJ – EDIÇÃO N. 124: BENS PÚBLICOS
1) Os bens integrantes do acervo patrimonial de sociedades de economia mista sujeitos a uma destinação pública
equiparam-se a bens públicos, sendo, portanto, insuscetíveis de serem adquiridos por meio de usucapião.
2) Os imóveis administrados pela Companhia Imobiliária de Brasília - Terracap são públicos e, portanto,
insuscetíveis de aquisição por meio de usucapião.
3) O imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação - SFH, porque afetado à prestação de serviço público,
deve ser tratado como bem público, não podendo, pois, ser objeto de usucapião.
4) É possível reconhecer a usucapião do domínio útil de bem público sobre o qual tinha sido, anteriormente,
instituída enfiteuse, pois, nessa circunstância, existe apenas a substituição do enfiteuta pelo usucapiente, não
havendo qualquer prejuízo ao Estado.
5) É incabível a modificação unilateral pela União do valor do domínio pleno de imóvel aforado, incidindo somente
a correção monetária na atualização anual do pagamento do foro na enfiteuse de seus bens (art. 101 do Decreto-
Lei n. 9760/1946).
6) As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam, apenas, o uso,
permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.
(Súmula n. 477/STF)
Vale ressaltar, no entanto, que são bens da União apenas as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras
(art. 20, II, da CF/88).
7) Terras em faixas de fronteira e aquelas sem registro imobiliário não são, por si só, terras devolutas, cabendo
ao ente federativo comprovar a titularidade desses terrenos.
8) O descumprimento de encargo estabelecido em lei que determinara a doação de bem público enseja, por si só,
a sua desconstituição.
9) A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção
ou indenização por acessões e benfeitorias. (Súmula n. 619/STJ)
Importante fazer a seguinte distinção:
1) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face do PODER PÚBLICO:
• Não terá direito à proteção possessória.
• Não poderá exercer interditos possessórios porque, perante o Poder Público, ele exerce mera detenção.
2) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face de outro PARTICULAR:
• Terá direito, em tese, à proteção possessória.
• É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois
entre ambos a disputa será relativa à posse.
10) Construção ou atividade irregular em bem de uso comum do povo revela dano presumido à coletividade,
dispensada prova de prejuízo em concreto.
11) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.
(Súmula n. 496/ STJ) (Recurso Repetitivo - Tema 419)
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Agentes Públicos
Agentes Públicos
Qualquer pessoa que age em nome do Estado é um agente público, independentemente de vínculo jurídico,
ainda que atue sem remuneração e transitoriamente. Assim, uma vez que o Estado que está atuando por via
do sujeito, responderá pelos atos praticados, sendo a responsabilidade objetiva do Estado nos moldes do art.
37,§6º da CF.
Todos os particulares contratados sob o regime de cargo temporário, nos moldes do art. 37, IX da CF, são
considerados agentes públicos e exercem função pública.
Particulares em Particulares em colaboração: são particulares que não têm vínculo direto com a
Colaboração Administração (nem de natureza política, nem de natureza administrativa), mas exercem
função pública. Podem ser:
✓ Designados: atuam por convocação do poder público → são os agentes honoríficos, tais
como os jurados e mesários;
✓ Voluntário;
✓ Credenciados: representam o Estado em determinado ato ou atuam mediante
convênio, tal como o médico privado que atua em convênio com o SUS ou
✓ Delegados: atuam por delegação do Estado, tais como os agentes das concessionárias
e permissionárias de serviços públicos e titulares das serventias de cartório.
Servidores Estatais Servidores estatais ou agentes administrativos: são aqueles que atuam no exercício da
ou Agentes função administrativa. Podem ser:
Administrativos ✓ Temporários: contratados com base no art. 37, IX CF para prestação de serviço
temporário de excepcional interesse público. Segundo o STF, temos 3 requisitos para a
contratação de servidor temporário:
(i) regulamentação do serviço temporário na lei da respectiva carreira, definindo o prazo
máximo de contratação;
(ii) existência de interesse público;
(iii) caráter excepcional da contratação, sob pena de burla ao concurso público.
Info 858 STF (2017): São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a
autorização legislativa genérica para contratação temporária e a permissão de
prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias.
A contratação de servidor temporário NÃO é contrato de emprego e, por isso, as
controvérsias que surgirem serão julgadas pela Justiça Comum e não pela Justiça do
Trabalho.
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✓ Celetistas: exercem atividade permanente do órgão mediante aprovação em concurso
público (de provas ou de provas e títulos, v.g. art. 37, II CF). Obs: O concurso público tem
validade de ATÉ 2 anos, prorrogável por igual período, segundo a CF (edital do concurso
irá definir o prazo). O candidato aprovado dentro do nº de vagas previsto no edital tem
direito subjetivo a ser nomeado. Hipóteses de direito subjetivo à nomeação:
- Outra situação que geraria direito subjetivo seria a nomeação de candidato classificado
em posição posterior (Súmula 15 STF). Ex: 28º candidato é nomeado e o 27º não é.
- Além disso, as desistências também geram direito sujeito à nomeação. Segundo o STF, é
constitucional a cláusula de barreira em concurso público (ex: “passam para a 2ª fase todos
os que tirarem a nota mínima 6, porém só pode passar o nº máximo de 300 pessoas”), o
que decorre do p. da eficiência e da economicidade. Além disso, é possível a realização de
exame psicotécnico desde que haja previsão em lei e critérios objetivos no edital (SV 44).
- Os celetistas NÃO adquirem estabilidade (não se aplica o art. 41 CF, que apenas é
aplicável somente para os detentores de cargos públicos e não de empregos públicos).
- Info 840 STF (2016): O art. 19 do ADCT da CF/88 previu que os servidores públicos que
estavam em exercício há pelo menos 5 anos quando a Constituição Federal foi
promulgada, deveriam ser considerados estáveis, mesmo não tendo sido admitidos por
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
meio de concurso público. Desse modo, quem ingressou no serviço público, sem concurso,
até 05/10/1983 e assim permaneceu, de forma continuada, tornou-se estável com a
edição da CF/88. É inconstitucional Constituição estadual ou lei estadual que amplie a
abrangência do art. 19 do ADCT e preveja estabilidade para servidores públicos admitidos
sem concurso público mesmo após 05/10/1983 (5 anos antes da CF/88).
** Estabilidade é uma garantia dada ao servidor no sentido de que ele só pode perder o
cargo público em hipóteses expressamente previstas no art. 41 CF:
1) em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
2) mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
3) mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
Além disso, o art. 169 CF também prevê a possibilidade de perda do cargo/exoneração por
motivo de corte de gastos do ente federativo (o servidor tem a garantia de extinção do
cargo dele, só podendo ser criado outro igual ou similar depois de 4 anos e o direito de
indenização no valor de 1 remuneração para cada ano de serviço prestado).
Obs: Alguns agentes públicos não gozam de estabilidade, mas sim de vitaliciedade
(garantia maior). O agente vitalício só pode perder o cargo mediante sentença judicial
transitada em julgado. A vitaliciedade só pode ser adquirida nas carreiras da magistratura,
Ministério Público e Tribunal de Contas (ingresso mediante concurso público, após 2 anos
de efetivo exercício, ou indicação política nos moldes da CF – ex: eleição pelo quinto
constitucional –, imediatamente no momento em que entrar em exercício).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
A criação de empregos A criação de cargos públicos deve
públicos deve ser feita ser feita mediante lei de iniciativa
mediante lei e, pelo princípio do Poder cuja estrutura o cargo
da simetria das formas, se integrará.
exige esta mesma regra para Compete ao Presidente da
extinção. República, mediante decreto,
dispor acerca da extinção de
cargo e funções públicas, quando
vagos (art. 84, VI, CF).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Portadores de Necessidades Especiais
A lei 8.112/90 reserva até 20% das vagas aos portadores de deficiência, desde que se trate de deficiência que
não impeça o exercício da função do cargo a ser assumido.
O STJ, em julgados esparsos, estabeleceu que o edital deve respeitar um percentual mínimo de 5% das vagas
destinadas a estes candidatos.
Exame Psicotécnico
Súmula 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º,
XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
O entendimento sumulado deve ser ampliado, não somente para restrição referente a idade, mas também
em relação ao sexo (masculino ou feminino), altura mínima, entre outras restrições.
Somente a lei pode estabelecer os limites e requisitos para acesso aos cargos públicos, não devendo ser
substituída por mera regulamentação editalícias – STF.
Além da exigência da previsão legal, a doutrina e a jurisprudência vêm-se orientando no sentido de que a
realização do exame psicoteste deve ser definida no edital do concurso com regras objetivas que justifiquem
a aptidão ou não para o exercício do cargo.
Após o resultado acerca da aptidão ou não para o exercício das funções, deve ser concedido ao candidato
prazo para interposição do recurso administrativo da decisão.
Atividade Jurídica
Para o ingresso nas carreiras de Magistratura e do Ministério Público, qualquer tempo de atividade, ainda
que na área jurídica, não poderá ser assumido como tal, caso tenha sido exercido antes da colação de grau
como bacharel em direito – Resolução nº 75 do CNJ.
STF decide que pós-graduação conta como atividade jurídica!
Vedação ao Nepotismo
Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.
Em respeito ao p. da moralidade e da impessoalidade das nomeações, é exigido que o agente não possua
vínculo familiar com o nomeante. Trata-se de requisito negativo de acesso e que deve ser tratado com cuidado.
O STJ definiu que a nomeação de parentes nos moldes vedados da súmula vinculante 13, além de configurar
ato ilícito, pode ser rotulado como improbidade administrativa.
É inaplicável a vedação ao nepotismo quando se tratar de nomeação de agentes para o exercício de cargos
políticos.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Poderão concorrer às vagas aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso
público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pelo IBGE.
A vigência da lei 12.990/14 será de 10 anos, conforme o art. 6º da lei.
Estabilidade
Cargos Efetivos Aprovados mediante concurso público e passíveis da aquisição de estabilidade. Estes
contam com maior garantia visto que a nomeação é feita em caráter definitivo e quando
preenchido os requisitos definidos na CF, adquirirão estabilidade.
Cargos em Não adquirem estabilidade, pois são cargos de livre nomeação e exoneração, assim
Comissão definidos na Constituição.
Observações Após a aquisição da estabilidade, o servidor público somente perderá o cargo nas
hipóteses previamente definidas na CF.
A estabilidade é adquirida pelos detentores do cargo público efetivo, não sendo
previstas para aqueles que ocupam emprego público ou para aqueles detentores de
cargos em comissão.
Empregos Públicos Os empregados públicos, a princípio, serão contratados para a prestação de serviços nas
entidades privadas da Adm. Indireta e, portanto não gozam das prerrogativas de direito
público.
A dispensa do empregado público se configura ato administrativo e, como tal, depende
de motivação, inclusive pelo fato de restringir direitos de particulares, sendo
imprescindível, portanto, garantia de contraditório e ampla defesa (entendimento não
pacificado).
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
O cargo do servidor estável será extinto sendo vedada, ao ente estatal, a criação de cargo, empregou ou função
com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de 4 anos.
O servidor estável exonerado perceberá uma indenização que corresponde a um mês de remuneração para
cada ano de serviço público prestado.
Atenção: a demissão é a perda do cargo com caráter punitivo. Já a exoneração é a perda do cargo, sem caráter,
de penalidade, ocorrendo por situações definidas na legislação.
Direito de Os servidores militares não têm direito de greve nem de sindicalização, por expressa
Greve do vedação constitucional (art. 142, IV). A vedação se estende aos policiais civis, conforme
Servidor entendimento do STF.
Público Aos servidores públicos civis, o direito de greve está garantido pelo art. 37, VII, da CF/88 e
será exercido nos limites definidos em lei específica.
A doutrina majoritária e a jurisprudência do STF entendem que o direito de greve dos
servidores públicos decorre de uma norma de eficácia limitada, pois mesmo tendo direito
constitucional, o exercício desta garantia fica limitado à edição de lei específica que a
regulamente.
O STF determinou que, enquanto não houver lei específica a regulamentar a greve dos
servidores, será utilizada a lei de greve geral (lei 7.783/89) para o exercício deste direito.
A greve pode, desde que seja realizada licitamente, ser exercida, inclusive por servidores
que estejam em estágio probatório.
O STF, em 2016, decidiu que “ a Administração Pública deve proceder ao desconto dos dias
de paralisação decorrente do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em
virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em
caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público.”
Ao terminar a movimentação grevista, ficará sujeito à compensação pelos dias parados, sob
pena de ressarcimento ao erário percebidos.
A Justiça do Trabalho terá legitimidade para julgar as greves realizadas pelos empregados
públicos. Em relação aos servidores estatutários, detentores de cargos efetivos, a
competência será da justiça comum. Já quando o movimento for nacional ou abarcar mais
de um ente federativo, a competência é do STJ.
Aos servidores públicos, em geral, é garantido o direito, não somente à greve, mas também
a sindicalização.
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Ex2: READAPTAÇÃO = provimento derivado horizontal (ocorre quando o sujeito sofre uma limitação na
capacidade física ou mental, devendo ser readaptado em outro cargo compatível com essa limitação sofrida). Na
readaptação, existe uma garantia de equivalência de vencimentos.
Ex3: REVERSÃO = retorno ao cargo público do servidor aposentado. O exemplo clássico que costuma cair em
prova é: sujeito é aposentado por invalidez; cessados os motivos que justificaram a aposentadoria, ele volta ao
cargo público. NÃO SE PODE REVERTER DEPOIS DOS 75 ANOS DE IDADE (idade da aposentadoria compulsória).
Ex4: REINTEGRAÇÃO (exclusiva de servidores estáveis) = ocorre quando há a anulação do ato de demissão. O
servidor é reintegrado e tem direito a indenização por tudo que ele deixou de ganhar em virtude da demissão
nula. Caso o cargo esteja ocupado por outra pessoa, o servidor demitido ilicitamente será reintegrado e a outra
pessoa será reconduzida ao cargo de origem SEM direito à indenização. Se a recondução não for possível, o
servidor será aproveitado em cargo compatível e se não houver cargo compatível vago, ele será posto em
disponibilidade remunerada.
Ex5: RECONDUÇÃO (exclusiva de servidores estáveis) = retorno ao cargo de origem SEM direito à indenização.
Ocorre em 2 hipóteses:
1) se há a reintegração do anterior ocupante do cargo;
2) se houver a inaptidão no estágio probatório de outro cargo.
Ex6: APROVEITAMENTO (exclusiva de servidores estáveis) = retorno ao cargo público do servidor que estava em
disponibilidade (art. 41, §3º CF → se o cargo público for ex nto ou declarado desnecessário, o servidor estável
será posto em disponibilidade remunerada proporcionalmente ao tempo de serviço). Obs: Caso surja cargo vago
compatível, o servidor estável em disponibilidade será obrigatoriamente aproveitado.
Hipóteses de a) Falecimento;
Vacância do b) Aposentadoria;
Cargo Público c) Exoneração: não tem finalidade punitiva;
d) Demissão: tem finalidade punitiva;
e) Promoção;
f) Readaptação;
g) Posse em cargo inacumulável com o anterior → de acordo com o texto cons tucional, é
vedada a acumulação de cargos e empregos públicos (abrange tanto os servidores
estatutários, quanto os celetistas e os temporários), SALVO:
✓ 2 cargos de professor;
✓ 2 cargos de profissionais de saúde (inclusive das carreiras militares) com profissão
regulamentada;
✓ 1 cargo técnico ou científico (cargos que exigem formação técnica e cargos de nível superior)
+ 1 cargo de professor;
✓ 1 cargo efetivo + 1 cargo de vereador;
✓ 1 cargo de juiz/promotor + 1 cargo de professor.
Obs: Para que qualquer acumulação seja válida, é preciso comprovar a COMPATIBILIDADE
DE HORÁRIOS (ou seja, que o exercício de uma função não impede o exercício da outra).
Segundo o STF, deve-se respeitar o máximo de 60 horas semanais, sob pena de
comprometimento da eficiência, o que impede a acumulação.
Obs2: TETO REMUNERATÓRIO (art. 37, XI CF) → Em 2017, o STF mudou o seu
entendimento: no caso de acumulação de cargos, o teto deverá ser observado
isoladamente em cada cargo.
Obs3: NÃO se pode acumular provento de aposentadoria do regime próprio com
remuneração da atividade, salvo em 3 exceções que serão a aqui expostas.
Ex: Procurador da Fazenda Nacional não pode se aposentar como tal e fazer um concurso
para Procurador do Estado para acumular os proventos da aposentadoria do primeiro com
a remuneração do segundo.
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EXCEÇÕES:
1) Se os cargos forem acumuláveis na atividade;
2) Proventos de aposentadoria com a remuneração de cargo em comissão;
3) Proventos de aposentadoria com a remuneração de qualquer cargo eletivo.
** Hipóteses excepcionais em que a remoção a pedido NÃO pode ser negada (remoção é ato vinculado):
1) Deslocamento de ofício do cônjuge (ou companheiro, v.g. art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei nº 8.112/90)
→ O STJ exige coabitação; O STF entende que se um cônjuge, empregado de SEM ou EP, for deslocado no interesse
da estatal, o outro cônjuge não pode ter negado o seu pedido de remoção;
O STF entende que se 2 pessoas são casadas e cada qual passa em determinado concurso em locais diferentes,
NÃO há direito à remoção.
Info 598 STJ (2017): A “teoria do fato consumado" NÃO pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor
público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que
tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do
julgamento de mérito. Em outras palavras, se a pessoa consegue uma decisão provisória garantindo a ela a
remoção e, posteriormente, esta decisão é revogada, esta remoção terá que ser desfeita mesmo que já tenha se
passado muitos anos;
2) Remoção por motivo de saúde do servidor, do seu cônjuge/companheiro ou do seu dependente econômico
(necessidade de laudo médico oficial);
A expressão “remuneração” (sinônimo: vencimentos) abrange o vencimento básico do cargo + todas as vantagens
pecuniárias permanentes.
SV 16: Para fins de salário mínimo, o que importa é a remuneração total do servidor (que não pode ser inferior ao
salário mínimo) e não o vencimento básico.
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A remuneração do servidor público é IRREDUTÍVEL (obs: é possível diminuir o vencimento e aumentar uma
gratificação e vice-versa, desde que o valor final da remuneração continue o mesmo).
Essa irredutibilidade de remuneração é com relação ao VALOR NOMINAL (cifra). NÃO há garantia de
irredutibilidade do valor real.
Outra garantia é a REVISÃO GERAL ANUAL DA REMUNERAÇÃO (art. 37, X CF), o que visa a manter o poder de
compra (valor real). A jurisprudência vem dizendo que se a Adm. Pública não fizer essa revisão, não tem como o
juiz conceder o pagamento de uma indenização ao servidor lesado (representaria uma revisão sem previsão legal,
o que não é admitido).
Atenção! A EC 19/98 (art. 39, §4º CF) criou o pagamento efetivado por meio de SUBSÍDIO, cujo valor é pago em
PARCELA ÚNICA, não admitindo acréscimos patrimoniais. A única coisa que pode aumentar o valor do subsídio
são as verbas indenizatórias (crítica ao auxílio-moradia na Magistratura, concedido independentemente da
comprovação da sua utilização com moradia, o que desconfigura o seu caráter indenizatório e representa burla
ao texto constitucional). O subsídio pode ser implementado, facultativamente, pela Adm. para qualquer carreira
por meio de lei, PORÉM para algumas carreiras essa implementação é obrigatória (1) para os agentes políticos; 2)
para os membros da Advocacia Pública; 3) para os membros da Defensoria Pública; 4) membros dos Tribunais de
Contas e 5) membros da Polícia). A priori, o subsídio segue as regras gerais da remuneração.
Info 852 STF (2016): O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de
férias e décimo terceiro salário. Segundo o Min. Luís Roberto Barroso, o regime de subsídio é incompatível apenas
com o pagamento de outras parcelas remuneratórias de natureza mensal, o que não é o caso do décimo terceiro
e das férias, que são verbas pagas a todos os trabalhadores e servidores, com periodicidade anual.
Info 947 STF (2019): O § 4º do art. 39 da CF/88 prevê que os servidores remunerados pelo regime de subsídio
recebem “parcela única” mensal, sendo “vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
verba de representação ou outra espécie remuneratória”.
Vale ressaltar, no entanto, que o art. 39, § 4º, da CF/88 não estabelece uma vedação absoluta ao pagamento de
outras verbas além do subsídio.
O modelo de remuneração por subsídio tem por objetivo evitar que atividades “normais” exercidas pelo servidor
público, ou seja, atividades que são inerentes ao cargo que ele ocupa (e que já são remuneradas pelo subsídio)
sejam também remuneradas com o acréscimo de outras parcelas adicionais.
Dito de outra forma: o subsídio remunera o servidor pelas atividades que ele realiza e que são inerentes ao seu
cargo, ou seja, as atividades “normais” de seu cargo. O art. 39, § 4º ,proíbe que este servidor receba outras verbas
(além do subsídio) para exercer essas atividades “normais”.
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Essa gratificação somente seria inconstitucional se ficasse demonstrado que estaria havendo um duplo
pagamento pelo exercício das mesmas funções normais do cargo.
TETO DE REMUNERAÇÃO (art. 37, XI CF): é o subsídio do Ministro do Supremo Tribunal Federal. Aplica-se a todos
os servidores públicos estatutários ou celetistas, seja da Adm. Direta ou da Adm. Indireta. No entanto, a CF no seu
art. 37, §9º faz uma ressalva: as EP e SEM, que NÃO recebam recurso público para despesa com pessoal e nem
para custeio em geral, NÃO PRECISAM RESPEITAR ESSE TETO.
A própria CF cria, ainda, alguns SUBTETOS:
➢ Municípios → subteto deve ser fixado em Lei Orgânica Municipal e esse subteto será o subsídio do Prefeito;
➢ Estados → subteto deve ser fixado na Cons tuição Estadual e esse subteto variará de acordo com o Poder ao
qual o servidor está vinculado:
Gratificação de Função
De início, é preciso ter em mente que todo cargo público é definido em lei e a lei atribui uma função a esse cargo.
Ex: a função de um procurador da Fazenda Nacional é realizar o consultivo do Ministério da Fazenda, defender a
União nas causas fiscais, promover execuções fiscais, etc. Por essa função, o sujeito recebe uma remuneração.
Existem funções, porém, que dependem da confiança direta e pessoal do gestor público, quais sejam: as de
direção, de chefia e de assessoramento. Para tanto, foram criadas as funções de confiança e os cargos em
comissão.
Funções de confiança = são FUNÇÕES (de direção, chefia ou assessoramento) SEM CARGO dentro da estrutura
organizacional da Adm. Só podem ser conferidas a PESSOAS QUE JÁ SEJAM DETENTORAS DE CARGO EFETIVO. O
sujeito receberá a remuneração pelo cargo ocupado + gratificação de função.
Cargos em comissão = são cargos, cuja função é de confiança (de direção, chefia ou assessoramento → NÃO se
admite para funções técnicas!). O cargo em comissão pode ser entregue a PARTICULARES ou SERVIDORES
EFETIVOS (nesse caso, o servidor se afasta do cargo efetivo para exercer o cargo em comissão). A lei de cada
carreira definirá um percentual mínimo de cargos em comissão que serão preenchidos por servidores de carreira.
Os cargos em comissão são cargos de livre nomeação e livre exoneração (o detentor de cargo efeito, quando
exonerado, retorna ao cargo efetivo).
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Afastamento para o As ausências dos servidores públicos são tratadas pela lei e podem ser resumidas em:
exercício de férias, licenças, concessões e afastamentos. Um afastamento, em especial, merece
mandato eletivo atenção, pois encontra-se previsto na CF: é o afastamento para o exercício de mandato
eletivo (art. 38 CF e art. 94 Lei 8.112).
Mandado eletivo Providência a ser tomada
Mandato no âmbito federal, Obrigatoriamente será afastado do cargo efetivo
estadual ou distrital
Prefeito Afastado do cargo efetivo, porém, poderá optar pela
remuneração deste.
Vereador Se houver compatibilidade de horários, é possível
cumular.
Não havendo compatibilidade de horários, a CF
determina que o sujeito seja afastado do cargo
efetivo, podendo, porém, optar pela remuneração
deste.
Nas hipóteses em que o sujeito é afastado do cargo efetivo, durante o período de
cumprimento do mandato eletivo, o sujeito continua contribuindo para o regime próprio
de previdência como se estivesse em atividade, pois todo o tempo de afastamento será
contado para fins de aposentadoria. Além disso, a lei regulamenta que o tempo de
afastamento é contado como tempo de serviço para todos os efeitos (para remoção,
disponibilidade, promoção por antiguidade), SALVO para fins de promoção por
MERECIMENTO.
Jurisprudência em Teses do STJ
EDIÇÃO N. 73: SERVIDOR PÚBLICO - REMUNERAÇÃO
1) A questão relativa à indenização por omissão legislativa, decorrente da falta de encaminhamento de lei que
garanta aos servidores públicos o direito à revisão geral anual dos seus vencimentos (art. 37, X, da Constituição
Federal), tem natureza constitucional, razão pela qual não pode ser apreciada em sede de recurso especial.
O STF definiu a seguinte tese:
O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no
inciso X do art. 37 da CF/88, não gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se
pronunciar, de forma fundamentada, acerca das razões pelas quais não propôs a revisão. STF. Plenário. RE 565089
/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/9/2019 (Repercussão Geral –
Tema 19) (Info 953).
2) Não compete ao Poder Judiciário equiparar ou reajustar os valores do auxílio-alimentação dos servidores
públicos.
3) É indevida a devolução ao erário de valores recebidos de boa-fé, por servidor público ou pensionista, em
decorrência de erro administrativo operacional ou nas hipóteses de equívoco ou má interpretação da lei pela
administração pública. (Recurso Repetitivo - Tema 531)
A matéria referente à devolução ao erário de valores recebidos de boa-fé pelo servidor público, quando pagos
indevidamente por erro operacional da Administração Pública, foi afetada pela Primeira Seção do STJ ao rito dos
recursos especiais repetitivos (REsp 1.769.306/AL e REsp 1.769.209/AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJE
02/05/2019 - Tema 1.099).
4) É de 200 horas mensais o divisor adotado como parâmetro para o pagamento de horas extras aos servidores
públicos federais, cujo cálculo é obtido dividindo-se as 40 horas semanais (art. 19 da Lei n. 8.112/90) por 6 dias
úteis e multiplicando-se o resultado por 30 (total de dias do mês).
267
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
5) O pagamento do adicional de penosidade (art. 71 da Lei n. 8.112/90) depende de regulamentação do Executivo
Federal.
6) A incorporação de quintos decorrentes do exercício de funções comissionadas aos vencimentos de servidores
públicos federais somente é possível até 28.2.1995, enquanto que, no interregno de 1.3.1995 a 11.11.1997 a
incorporação devida seria de décimos, sendo indevida qualquer concessão a partir de 11.11.1997, data em que a
norma autorizadora da incorporação foi expressamente revogada pela Medida Provisória n. 1.595-14, convertida
na Lei n. 9.527/1997 (art. 15).
7) Os efeitos do Decreto n. 493/92, que regulamentou o pagamento da Gratificação Especial de Localidade - GEL,
devem retroagir à data em que se encerrou o prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 17 da Lei n. 8.270/91.
8) É legítimo o tratamento diferenciado entre professores ativos e inativos, no que tange à percepção da
Gratificação de Estímulo à Docência - GED, instituída pela Lei n. 9.678/1998, tendo em vista a natureza da
gratificação, cujo percentual depende da produtividade do servidor em atividade.
9) A lei que cria nova gratificação ao servidor sem promover reestruturação ou reorganização da carreira não tem
aptidão para absorver índice de reajuste geral.
10) A fixação ou alteração do sistema remuneratório e a supressão de vantagem pecuniária são atos comissivos
únicos e de efeitos permanentes, que modificam a situação jurídica do servidor e não se renovam mensalmente.
11) A contagem do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança contra ato que fixa ou altera
sistema remuneratório ou suprime vantagem pecuniária de servidor público inicia-se com a ciência do ato
impugnado.
12) Não cabe o pagamento da ajuda de custo prevista no art. 53 da Lei n. 8.112/90 ao servidor público que
participou de concurso de remoção.
13) É devida ao servidor público aposentado a conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada, ou não
contada em dobro para aposentadoria, sob pena de enriquecimento ilícito da administração.
14) O prazo prescricional de cinco anos para converter em pecúnia licença-prêmio não gozada ou utilizada como
lapso temporal para jubilamento tem início no dia posterior ao ato de registro da aposentadoria pelo Tribunal de
Contas.
É pacífico o entendimento do STJ no sentido de que o termo inicial para a contagem do prazo prescricional, no
caso de pedido de indenização de licença-prêmio ou das férias não gozada vencidas, convertidas em pecúnia, é a
data da aposentadoria ou da exoneração do servidor, pois nesse momento rompeu-se a relação funcional com a
Administração Pública. STJ. 1ª Seção. Rcl 39.265/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 11/03/2020.
15) Os efeitos da sentença trabalhista, quanto ao reajuste de 84,32%, referente ao IPC Índice de Preços ao
Consumidor de março de 1990, têm por limite temporal a Lei n. 8.112/90, que promoveu a transposição do regime
celetista para o estatutário.
16) O termo inicial da prescrição do direito de pleitear a indenização por férias não gozadas é o ato de
aposentadoria do servidor.
17) É possível a supressão do índice de 26,05% relativo à URP - Unidade de Referência de Preços de 1989
incorporado em decorrência de sentença trabalhista transitada em julgado, pois a eficácia desta está adstrita à
data da transformação dos empregos em cargos públicos e ao consequente enquadramento no Regime Jurídico
Único.
268
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18) A Vantagem Pecuniária Individual VPI possui natureza jurídica de Revisão Geral Anual, devendo ser estendida
aos Servidores Públicos Federais o índice de aproximadamente 13,23%, decorrente do percentual mais benéfico
proveniente do aumento impróprio instituído pelas Leis n. 10.697/2003 e 10.698/2003.
19) Os candidatos aprovados em concurso público para os cargos da Polícia Civil do DF e da Polícia Federal fazem
jus, durante o programa de formação, à percepção de 80% dos vencimentos da classe inicial da categoria.
EDIÇÃO N. 76: SERVIDOR PÚBLICO - II
1) É legítimo o ato da Administração que promove o desconto dos dias não trabalhados pelos servidores públicos
participantes de movimento grevista.
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de
greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a
compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
27/10/2016 (Repercussão Geral – Tema 531) (Info 845).
2) É vedado o cômputo do tempo do curso de formação para efeito de promoção do servidor público, sendo,
contudo, considerado tal período para fins de progressão na carreira.
3) O tempo de serviço prestado às empresas públicas e sociedades de economia mista somente pode ser
computado para efeitos de aposentadoria e disponibilidade.
4) O direito de transferência ex officio entre instituições de ensino congêneres conferido a servidor público federal
da administração direta se estende aos empregados públicos integrantes da administração indireta.
5) Os efeitos da sentença trabalhista têm por limite temporal a Lei n. 8112/90, que promoveu a transposição do
regime celetista para o estatutário, inexistindo violação à coisa julgada, ao direito adquirido ou ao princípio da
irredutibilidade de vencimentos.
6) A pensão por morte do servidor público federal é devida até a idade limite de 21 (vinte e um) anos do
dependente, salvo se inválido, não cabendo postergar o benefício para os universitários com idade até 24 (vinte e
quatro) anos, ante a ausência de previsão normativa.
7) Não é possível o registro de penas nos assentamentos funcionais dos servidores públicos quando verificada a
ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do Estado, por força do entendimento do Supremo Tribunal Federal
de que o art. 170 da Lei n. 8.112/90 viola a Constituição Federal.
O art. 170 da Lei nº 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a infração disciplinar, é possível que a prática
dessa conduta fique registrada nos assentos funcionais do servidor.
O STF decidiu que esse art. 170 é inconstitucional por violar os princípios da presunção de inocência e da
razoabilidade. STF. Plenário. MS 23262/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014 (Info 743).
8) A abertura de concurso de remoção pela administração revela que a existência de vaga a ser preenchida pelo
servidor aprovado é de interesse público.
9) A investidura originária não se enquadra no conceito de deslocamento para fins da concessão da licença para
acompanhar cônjuge com exercício provisório.
10) É lícita a cassação de aposentadoria de servidor público, não obstante o caráter contributivo do benefício
previdenciário.
11) O termo inicial para o pagamento dos proventos integrais devidos na conversão da aposentadoria proporcional
por tempo de serviço em aposentadoria integral por invalidez é a data do requerimento administrativo.
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12) A concessão de aposentadoria especial aos servidores públicos será regulada pela Lei n. 8.213/91, enquanto
não editada a lei complementar prevista no art. 40, § 4º, da CF/88.
Súmula vinculante 33-STF: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência
social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição
de lei complementar específica.
Vale ressaltar que a Reforma da Previdência (EC 103/2019) alterou a redação do § 4º do art. 40:
ANTES DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA:
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos
pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de
servidores:
I - portadores de deficiência;
II - que exerçam atividades de risco;
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
DEPOIS DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA:
Art. 40 (...)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios em regime próprio
de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar.
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente
socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art.
52 e os incisos I a IV do caput do art. 144.
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação.
Frederico Amado defende que as aposentadorias especiais no RPPS eram uma determinação constitucional “agora
passaram “a ser um ato discricionário do legislador, ao inserir expressamente no texto constitucional a expressão
‘poderão’, o que é um lamentável retrocesso.” (Curso de Direito e Processo Previdenciário. Salvador: Juspodivm,
p. 1.516).
Caso esse entendimento prevaleça, a tese 1 e SV 33 perderiam sentido. No entanto, penso que não será essa
posição que irá ser adotada pelo STF. O fato de ter sido utilizado o verbo “poderão” não significa que passou a
existir uma discricionariedade considerando que a aposentadoria para pessoas que laboram em condições
especiais é um reconhecimento constitucional que deve ser considerado direito fundamental, de regulamentação
e implementação obrigatórias.
13) Superada. A limitação da carga horária semanal para servidores públicos profissionais de saúde que acumulam
cargos deve ser de 60 horas semanais.
270
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita
ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na Constituição
Federal.
O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo
cumprimento deverá ser aferido pela administração pública. STF. Plenário. ARE 1246685, Rel. Min. Min. Dias
Toffoli, julgado em 19/03/2020 (Repercussão Geral – Tema 1081).
14) O Auxiliar Local que prestou serviços ininterruptos para o Brasil no exterior, admitido antes de 11 de dezembro
de 1990, submete-se ao Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União (art. 243 da Lei n. 8.112/1990).
15) A Lei n. 8.112/90, quando aplicada aos servidores do Distrito Federal por força da Lei Distrital n. 197/91, assume
status de lei local, insuscetível de apreciação em sede de recurso especial, atraindo o óbice da Súmula n. 280/STF.
Vantagens
São parcelas pecuniárias acrescidas ao vencimento dos servidores públicos em virtude de condição fática
previstas em lei.
Indenização: forma de reparar gastos feitos na prestação da atividade pública. Não é acréscimo patrimonial,
possuindo natureza ressarcitória.
Diária Indenização paga ao servidor público que se desloca temporariamente para prestação de
serviço público.
Se o deslocamento da sede for atribuição permanente do cargo, o servidor não faz jus à
percepção de diárias. Assim como se deslocar dentro da mesma região metropolitana,
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente
instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição
e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo
se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas
para os afastamentos dentro do território nacional.
O servidor receberá somente ½ (meia) diária quando o deslocamento não exigir pernoite fora
da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas
por diárias.
O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, deve restituí-
las à Adm. Pública, integralmente, no prazo máximo de 5 dias.
O servidor, também, deverá devolver os valores percebidos a mais se o prazo de
deslocamento for menor.
Ajuda de Paga ao servidor público que se desloca da sede, de forma permanente, no interesse da Adm.
Custo Pública.
Vedado o duplo pagamento de indenização no caso de cônjuge também servidor.
Valor definido pela administração pública que corresponde a 1 mês de remuneração do
servidor.
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É devido para aquele que, não sendo servidor público, for nomeado para exercer cargo em
comissão em sede diferente da localidade em que tenha residência.
Não cabe para aquele que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato
eletivo.
Deve restitui-la se não se apresentar na nova sede no prazo de 30 dias.
Em caso de morte do servidor na nova sede, à sua família são assegurados ajuda de custo e
transporte para a localidade de origem, desde que requerido dentro do prazo de 1 ano,
contado do óbito.
Não é devida ajuda de custo nos casos em que houver remoção do servidor, a pedido,
inclusive nas hipóteses em que o deslocamento é garantido independentemente do
interesse da Adm. Pública.
Transporte É a indenização paga ao servidor público que realizar as despesas com a utilização de meio
próprio de locomoção para execução de serviços públicos externos, por força das atribuições
do cargo.
Auxílio Indenização paga ao servidor público que tenha se deslocado de sua sede, para exercer
Moradia cargos em comissão DS 4, 5, 6, ou cargos de natureza especial ou ainda, cargos de Ministros
de Estado.
Não pode ultrapassar 25% do valor do cargo em comissão.
Requisitos:
Não exista imóvel funcional disponível para uso do servidor;
O cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional, assim como a
disponibilização de imóvel ao cônjuge ou companheiro;
O servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário,
promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no
município aonde exerce o cargo;
Nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia;
O servidor que tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em
comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores –
DAS, níveis 4, 5 e 6, de natureza especial, de Ministro de Estado ou equivalentes;
O município do qual assuma o cargo em comissão ou fç de confiança não se enquadre
dentro das mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião;
O servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no município, nos últimos 12
meses, aonde for exercer o cargo em comissão ou fç de confiança;
O deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação de
cargo efetivo;
O deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
Gratificações
Gratificação Trata-se de gratificação paga ao agente público pelo exercício de uma função de direção,
de Função chefia e assessoramento.
Gratificação Paga ao servidor, até o dia 20 de dezembro de cada ano, na proporção de 1/12 avos da
Natalina remuneração de dezembro para cada mês de serviço público prestado.
A fração igual ou superior a 15 dias será considerada com um mês integral.
O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina, proporcionalmente aos meses de
exercício, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração.
Gratificação É paga ao servidor público pelo exercício de atividades não inerentes ao exercício do seu
por encargo cargo.
de curso ou Hipóteses:
concurso Ao servidor que atuar como instrutor em curso de formação, desenvolvimento ou de
treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal;
272
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Àquele que participar de banca examinadora ou de comissão de provas orais, para
análise curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de questões
de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;
Ao que participar de logística de preparação e realização de concurso público
envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e
avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as
atribuições permanentes.
Aos agentes que participarem de aplicação, fiscalização ou avaliação de provas de
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades.
Será paga por hora de atividade.
A retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 horas de trabalhos anuais.
Se justificados devidamente e previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
entidade, o valor máximo da hora trabalhada corresponderá: 2,2%, em se tratando de
atividade de instrutor em curso de formação ou examinador de bancas de concurso público
realizado pelo órgão estatal e 1,2%, sem se tratando de atividades de aplicação, fiscalização
de provas de concurso ou coordenação e planejamento destas atividades, incluindo a
organização de estrutura logística.
Adicionais
São acréscimos patrimoniais regulamentados no art. 61, incisos IV a VIII, da Lei 8.112 e que depõem de uma
certa situação fática que sejam garantidos aos servidores, não se configuram vantagem pessoal. São eles:
adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas, penosas, adicional de férias, pelo exercício de
horas extras e de horas noturnas.
Férias
O servidor tem direito a 30 dias de férias por ano (civil).
Para que possa gozar do primeiro período de férias, o servidor deve ter 12 meses de exercício consoante
disposto no art. 77 da lei.
No interesse da Administração é possível acumulação de período de férias, por no máximo 2 períodos.
As férias do servidor público podem ser parceladas em até 3 períodos de férias (a pedido do servidor e a
critério da Administração). No entanto, o adicional de férias (1/3 da remuneração do mês das férias) não é
parcelado, sendo pago de uma única vez, antes do primeiro período.
Caso o servidor seja exonerado antes de usufruir de seu período de férias, fara jus a este pagamento de forma
proporcional, com acréscimo do adicional de 1/3 (STF).
As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna,
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarado pela autoridade
máxima do órgão ou entidade. O restante do período interrompido será gozado de uma só vez.
Licenças
Licença por motivo Para sua concessão, faz-se necessário o preenchimento de 3 requisitos:
de doença familiar (1) Pessoa da família doente, podendo ser assim considerado cônjuge ou companheiro,
dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva
as suas expensas e conste do seu assentamento funcional.
(2) O doente depende da assistência direta do servidor, não sendo possível o auxílio
por outra pessoa da família e
(3) Impossibilidade do servidor, ao mesmo tempo, prestar a assistência devida ao
familiar enfermo e exercer sua função pública, nem mesmo mediante
compensação de horários, permitida na lei.
273
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
Comprovados os requisitos, o servidor tem direito à licença por até 60 dias com
remuneração , limite esse que inclui as prorrogações necessárias. Terminado esse
período, pode prorrogar por até 90 dias, sem remuneração. Evidentemente, cada nova
prorrogação exige a comprovação de todos os requisitos anteriormente analisados.
Concedida a licença por motivo de doença de membro da família, outra só poderá ser
concedida após 12 meses, ainda que não usufruído todo o período permitido.
Licença por motivo Ocorre quando o cônjuge do servidor é deslocado para qualquer lugar do território
de afastamento de nacional ou do exterior, ou para exercício de mandato eletivo, no poder executivo ou
cônjuge legislativo.
A licença não tem prazo definido em lei, podendo ser concedida por tempo
indeterminado e, durante o período de licença, o servidor não fará jus ao recebimento
de sua remuneração.
Caso o cônjuge também seja servidor público e esteja se deslocando no interesse da
Adm. Pública, a lei regulamenta a possibilidade de exercício provisório.
É ato vinculado segundo entendimento do STJ.
Para atividade Essa licença se divide em 2 momentos:
política O primeiro vai da escolha do sujeito, na convenção partidária, até a véspera do registro
da candidatura na Justiça Eleitoral (neste período, a licença é concedida sem
remuneração).
O segundo vem com o registro da candidatura e segue até 10 dias após as eleições
(neste período, a licença será concedida com remuneração, não podendo ultrapassar
3 meses).
Para prestação de A licença será concedida para prestação de atividade militar e dura o tempo do serviço
serviço militar militar.
Terminado o serviço, o servidor terá, nos moldes da legislação federal, o prazo máximo
de 30 dias, sem remuneração, para retornar ao cargo público.
Por motivo de Trata-se de licença imotivada.
interesse É discricionária e precária.
particular Concedida no máximo de 3 anos, improrrogáveis, e sem que o servidor faça jus à
percepção de sua remuneração.
Para capacitação A cada 5 anos de efetivo exercício no serviço público o servidor tem direito a até 3
meses de licença para participar de curso de capacitação profissional, no interesse da
Administração. Esses 3 meses não configuram uma garantia, mas sim o limite definido
ao servidor público. Dessa forma, se o curso do qual o servidor decidiu participar. Tiver
duração de 2 meses, este será o prazo de sua licença.
Os períodos são inacumuláveis, não sendo admitido que, após 10 anos de exercício, a
licença chegue a 6 meses.
Sem prejuízo da remuneração do servidor.
Para cálculo do período de 5 anos, será computado todo o tempo de exercício do cargo,
no serviço público federal, inclusive o compreendido no estágio probatório, não
obstante a licença possa ser concedida ao servidor durante o período do estágio.
Para desempenho Somente serão licenciados os servidores eleitos para os cargos de direção ou
de mandato representação e entidades de classes de servidores, assim considerado o desempenho
classista de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional,
sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda,
para participar de gerencia ou administração em sociedade cooperativa constituída por
servidores públicos para prestar serviços a seus membros.
Não é remunerada e dura o tempo do mandato classista, sendo que a lei permite a
prorrogação se houver reeleição *uma única vez.
Atenção As três primeiras podem ser concedidas no estágio probatório, mas suspendem a
contagem do estágio.
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A quarta pode ser concedida no estagio probatório, mas não suspende a contagem do
estágio.
As três últimas não podem ser concedidas no estágio probatório.
Afastamentos
Afastamento para Afastamento do exercício de atividades em cargos efetivos aos servidores eleitos para
o exercício de as funções com representatividade popular.
mandato eletivo Se o cargo público para qual foi eleito o servidor for de âmbito federal, estadual ou
distrital, o servidor será afastado do cargo efetivo e receberá a remuneração (subsídio)
do cargo eletivo.
Nos cargos eletivos de mandato municipal para Prefeito, será afastado o servidor
público, mas poderá optar pela remuneração do cargo efetivo que ocupava.
Se o cargo for de vereador o afastamento depende da compatibilidade de horários
entre os cargos (efetivo e eletivo).
Poderá ser concedido a qualquer servidor efetivo, mesmo durante o período de estágio
probatório.
O servidor afastado deve continuar contribuindo para o regime próprio de previdência
do servidor e o tempo de afastamento será computado como tempo de serviço público
para todos os efeitos, menos para fins de promoção por merecimento.
Afastamento para O servidor público poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade
servir a outro dos poderes da U/E/DF e M, para exercício em cargo em comissão ou fç de confiança,
órgão ou entidade além de situações previstas em lei específica. A cessão será realizada por meio de
portaria, a qual deverá ser publicada em DOU.
Sendo a cessão para órgãos ou entidades dos E/DF/M, o ônus da remuneração será do
órgão da remuneração ou entidade cessionária, sendo mantido o ônus para o cedente
nos demais casos.
A cessão para outro órgão ocorre somente para o exercício de cargos em comissão de
DAS 4, 5 ou 6 ou, ainda, cargos de natureza especial.
A cessão nas EP ou SEM, que recebem recursos de Tesouro Nacional, depende de
autorização específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos
casos de ocupação de cargo em comissão ou fç gratificada.
Afastamento para Ocorre mediante autorização do Presidente da República, Presidente dos órgãos do
estudos ou missão Poder Legislativo e Presidente do STF.
no exterior A ausência não excederá a 4 anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
período, será permitida nova ausência.
Ao retornar não pode ser exonerado a pedido ou gozar de licença por interesse
particular, pelo mesmo tempo que ficou afastado, salvo se optar por ressarcir ao erário
por todas as despesas tidas com seu afastamento.
O servidor que for afastado para prestar serviços em Organismos Internacionais que
tenha cooperação do país, não receberá remuneração.
Afastamento para Com respectiva remuneração.
participação em A pós-graduação stricto sensu, nos termos da lei, abrange mestrado, doutorado e pós-
programa de pós- doutorado.
graduação stricto Para realização de Programas de Pós- Pós-Graduação Strictu
sensu no Brasil programas de Mestrado e Doutorado Sensu
Doutorado
- Aos servidores titulares de - Aos servidores titulares de - Terão que permanecer no
cargos efetivos no cargo efetivo no respectivo exercício de suas funções
respectivo órgãos ou órgão ou entidade há pelo após o seu retorno por um
entidade. menor 4 anos, incluindo período igual ao do
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- Não tenham se afastado período de estágio afastamento concedido, ou
por licença para tratar de probatório. ressarcir o órgão ou
assuntos particulares para - Não tenham se afastado entidade dos gastos
gozo de licença capacitação por licença para tratar efetivados com o seu
ou com fundamento neste assuntos particulares ou aperfeiçoamento.
artigo nos 2 anos anteriores com fundamento nesta - O ressarcimento ao erário
à data da solicitação de justificativa, nos 4 anos também, deve ser feito se o
afastamento. anteriores à data da servidor não obtiver o
- Os servidores deverão ter, solicitação de afastamento. título.
no mínimo 3 anos para
mestrado e 4 para
doutorado, incluindo o
período do estágio
probatório.
Concessões
Situações nas quais o servidor pode se ausentar do serviço, sendo considerada a ausência como efetivo
exercício.
1 dia de ausência Doação de sangue
Até 2 dias Alistamento eleitoral
8 dias Casamento e
Luto pelo falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos,
enteado, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
Horário Especial Será concedido horário especial ao servidor estudante, quando comprovada a
incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
do cargo, sendo que, neste caso, será exigida a compensação de horário no órgão ou
entidade que tiver exercício, respeitada a duração semana do trabalho.
Será garantido o horário especial ao servidor público federal que tenha cônjuge, filho
ou dependente portador de deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso,
compensação de horário, não se admitindo a diminuição da carga horária atribuída aos
agentes da carreira.
Ao servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta
médica oficial. Sendo, nestes casos, o benefício garantido independentemente de
compensação de horário.
Regime Disciplinar
Trata da possibilidade de aplicação de penalidades na esfera administrativa.
Obs: As sanções de natureza patrimonial estendem-se aos herdeiros do servidor falecido, nos limites da herança
transferida.
No âmbito da Lei 8.112 (art. 142), vislumbramos as seguintes penalidades:
1. Demissão: prescreve em 5 anos, contados do momento em que a Adm. Pública toma conhecimento do fato
(quando a Adm. Pública, por meio dos seus agentes, genericamente considerados, toma conhecimento do fato →
não é necessário que o agente competente para a aplicação da penalidade tome conhecimento).
2. Cassação de aposentadoria e cassação de disponibilidade: prescreve em 5 anos, contados do momento em
que a Adm. Pública toma conhecimento do fato.
3. Destituição de cargo em comissão ou função de confiança: prescreve em 5 anos, contados do momento em
que a Adm. Pública toma conhecimento do fato.
4. Suspensão: até 90 dias. Prescreve em 2 anos.
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5. Advertência: prescreve em 180 dias.
Todas as penalidades aplicadas ao servidor público serão registradas em seu assentamento individual.
O STF tem entendimento que é inconstitucional o art. 170 da lei 8.112/90, que determina que se a punibilidade
do servidor público for extinta devido à prescrição da pretensão punitiva, o fato deverá ser registrado em seu
assentamento individual, posto que sua redação viola o princípio da presunção de inocência.
ATENÇÃO!!! Se a infração for também capitulada como crime, NÃO se aplica os prazos prescricionais da Lei 8.112,
mas sim os do Código Penal. Por um único ato infracional, o servidor pode ser punido na esfera penal, na esfera
civil e na esfera administrativa, sendo essas esferas, como regra, independentes entre si.
Ex: Lei 8.112 diz que insubordinação grave é punível com demissão. A princípio, a insubordinação grave não é
crime. O sujeito será absolvido na esfera penal por atipicidade do fato e poderá ser demitido na esfera
administrativa.
EXCEÇÕES: Se o sujeito for ABSOLVIDO NA ESFERA PENAL por INEXISTÊNCIA DO FATO ou por NEGATIVA DE
AUTORIA, isso ensejará obrigatoriamente a ABSOLVIÇÃO NAS ESFERAS CIVIL E ADMINISTRATIVA.
Demissão Deve ser aplicada pelo Presidente da República, Presidente das Casas do Poder Legislativo e
dos Tribunais Federais e PGR, de acordo com o órgão ou o Poder ao qual o servidor esteja
vinculado nos moldes do art. 141 da lei 8.112/90.
Situações que ensejam a demissão – art.132
Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade
da função pública: é vedado seu retorno ao serviço público federal, ainda que após
aprovação em concurso público, pelo prazo de 5 anos.
Participar de gerência ou administração de sociedade privada: esta vedação não se aplica à
participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a
União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
cooperativa constituída para prestar serviços aos seus membros. Não se considera infração,
se o servidor estiver em gozo de licença para o trato de interesses particulares, observada a
legislação em conflito.
Atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se
tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de
cônjuge ou companheiro: é vedado seu retorno ao serviço público federal, ainda que após
aprovação em concurso público, pelo prazo de 5 anos.
Receber propinas, comissão, presente ou vantagens de qualquer espécie.
Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro.
Praticar usura sob qualquer de suas formas, seja na repartição ou fora dela.
Proceder de forma desidiosa.
Utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares.
Crimes contra a administração pública: não poderá retornar ao serviço público federal.
Abandono de cargo: ausência do servidor público por mais de 30 dias consecutivos,
intencionalmente.
Inassiduidade habitual: deixar de comparecer ao serviço público por 60 dias interpolados,
no prazo de 12 meses, sem que haja justificativa plausível de sua ausência.
Improbidade administrativa: não poderá mais retornar ao serviço público federal. Implica a
indisponibilidade dos bens do servidor até o completo ressarcimento ao erário público pelos
danos causados.
Incontinência pública e conduta escandalosa.
Insubordinação grave em serviço.
Ofensa física em serviço.
Aplicação irregular de dinheiro público.
Revelação de segredo do qual se apropriou do cargo.
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Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional: não poderá mais retornar
ao serviço público federal. Implica a indisponibilidade dos bens do servidor até o completo
ressarcimento ao erário público pelos danos causados.
Corrupção: não poderá mais retornar ao serviço público federal. Implica a indisponibilidade
dos bens do servidor até o completo ressarcimento ao erário público pelos danos causados.
Acumulação ilegal de cargos: a demissão pode decorrer de procedimento sumário.
O prazo de prescrição da sanção será de 5 anos, contados do momento em que que
administração toma conhecimento do fato.
Cassação de Sanção aplicada aos servidores públicos que esteja aposentados ou em disponibilidade e
Aposentadoria que tenham cometido, na atividade alguma das sanções previstas em lei, puníveis com
e Cassação de demissão.
Disponibilidade O prazo de prescrição da sanção será de 5 anos, contados do momento em que que
administração toma conhecimento do fato.
Suspensão Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias.
Exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função
e com o horário de trabalho.
Reincidência em infração punível com advertência.
As penalidades de advertência e suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso
de 3 e 5 anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver nesse período,
praticado nova infração disciplinar.
A competência para aplicação da penalidade será autoridade imediatamente inferior àquela
que é competente para aplicação da penalidade de demissão, se a suspensão for por mais
de 30 dias. Em casos de suspensão por até 30 dias, o chefe da repartição é competente para
a aplicação da pena.
O prazo de prescrição para aplicação da sanção será de 2 anos, contado do momento em
que a administração toma conhecimento do fato.
Não pode ultrapassar 90 dias e, no interesse da administração, pode ser substituída por um
multa de 50% da remuneração do servidor.
Recusa à inspeção médica: a lei determina a penalidade de suspensão, com finalidade
coercitiva. A suspensão pode ser aplicada por, no máximo, 15 dias.
Destituição de Será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e demissão.
Cargo em Que não se confunda com a exoneração de servidores comissionados, porque a destituição
Comissão e é sanção e deve ser aplicada mediante procedimento administrativo disciplinar em que se
Destituição de assegure o contraditório e a ampla defesa.
Fç de Confiança A competência para aplicação da penalidade será da autoridade que nomeou o agente para
o exercício do cargo ou fç e o prazo de prescrição para aplicação da penalidade será de 5
anos, contados do momento em que a administração tomar conhecimento do fato.
Advertência É a sanção administrativa mais leve.
A competência para aplicação da penalidade é do chefe da repartição.
Hipóteses:
Ausentar-se do serviço, durante o horário normal de expediente, sem prévia autorização do
chefe imediato.
Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da
repartição pública.
Recusar fé aos documentos públicos.
Opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de
serviço.
Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição.
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Cometer a pessoa estranha à repartição. Fora dos casos previstos em lei, o desempenho de
atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado.
Coagir ou aliciar subordinados no sentido de se filiarem-se a associação profissional ou
sindical ou a partido político.
Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fç de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente até o segundo grau civil.
Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
O prazo de prescrição para aplicação de penalidade de advertência será de 180 dias,
contados do momento em que a administração tomar conhecimento do fato infracional.
Processo Nenhuma sanção administrativa pode ser aplicada sem prévio processo administrativo
Administrativo (processo administrativo disciplinar – PAD ou procedimento administrativo simplificado –
sindicância).
A lei prevê uma MEDIDA CAUTELAR (art. 147) que pode ser efetivada na via administrativa: a
cautelar de afastamento preventivo REMUNERADO do servidor por ATÉ 60 DIAS, prorrogáveis
por + 60 (prazo peremptório → terminado o prazo, o servidor retorna ao cargo público). Trata-
se de cautelar que visa a resguardar a lisura da instrução processual no PAD. Nesse caso, a Adm.
Pública precisa demonstrar que a manutenção do agente no cargo pode atrapalhar o
andamento regular do processo. Esse afastamento tem natureza de medida assecuratória e não
punitiva (por isso, é remunerado).
A INSTAURAÇÃO do PAD se dá com a portaria que designa a comissão processante (art. 149).
Essa portaria NÃO precisa fazer uma descrição minuciosa dos fatos, segundo o STJ. A comissão
do PAD é composta por 3 servidores públicos ESTÁVEIS, que NÃO podem ser parentes até o 3º
grau civil, nem cônjuge ou companheiro do acusado. O Presidente da comissão deve ter cargo
ou nível de escolaridade igual ou superior ao do acusado. Passa-se, então, à fase de INQUÉRITO
ADMINISTRATIVO, que se divide em:
a) Instrução Processual: todos os meios de prova (testemunhal, pericial, depoimento do
acusado, etc), obtidos licitamente, podem ser produzidos no PAD, inclusive a PROVA
EMPRESTADA (Súmula 591 STJ). Isso porque, um dos princípios dos processos administrativos é
a busca pela verdade real.
O particular tem o direito de participar da produção probatória (ex: reinquirir testemunhas,
apresentar assistente pericial, etc).
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SV 5: dispensa a defesa técnica (ausência de advogado por vontade do particular não gera a
nulidade do PAD).
b) Defesa: a princípio, o prazo para a apresentação de defesa é de 10 dias (esse prazo pode ser
dobrado havendo a justificativa de necessidade de diligências).
Exceções:
- Se o particular não for encontrado, a citação será feita por edital e o prazo para a defesa passa
a ser de 15 dias;
- Se houver mais de um acusado no mesmo processo, o prazo será de 20 dias.
NÃO apresentada defesa, ocorre a REVELIA. No processo administrativo, NÃO se admitem as
presunções geradas como efeitos da revelia no processo civil. Aqui, se o réu for revel, será
designado um defensor dativo (deve ter cargo ou nível de escolaridade igual ou superior ao do
acusado; não precisa ser advogado).
Apresentada a defesa (pelo acusado ou pelo defensor dativo), o processo segue para a
elaboração de um relatório pela comissão processante.
Impedimento:
a) aquele que participou dos atos anteriores do PAD (ex: como testemunha, perito, etc);
b) aquele que esteja litigando (administrativa ou judicialmente) com o interessado no processo;
c) aquele que tenha interesse direto ou indireto na solução da causa.
Suspeição: aquele que tem amizade íntima ou inimizade notória com o acusado.
Nesses casos, quem tem competência para se declarar impedido ou suspeito é a própria
autoridade que teria competência para proferir a decisão. Caso a autoridade, sabendo da
situação de impedimento ou suspeição, não se declare como tal, estará cometendo falta grave
para fins disciplinares.
Proferido o julgamento, é possível que haja IMPUGNAÇÃO na via administrativa mediante
RECURSO, PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO e REVISÃO.
Recurso = deve ser interposto no prazo de 30 dias. O recurso será dirigido à autoridade que
proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à
AUTORIDADE SUPERIOR.
Revisão (art. 174) = é um NOVO processo administrativo para revisar o processo anterior. NÃO
tem prazo, ou seja, o pedido de revisão pode ser feito a qualquer tempo, desde que o sujeito
tenha fatos novos a serem alegados (ex: não pode fazer pedido de revisão, alegando que a
decisão foi injusta). Da revisão, é VEDADA A REFORMATIO IN PEJUS (art. 182, parágrafo único).
Info 884 STF (2017): Se no curso de um processo administrativo FEDERAL é praticado ato
contrário aos interesses da parte, o prazo de 120 dias para impetração de mandado de
segurança somente se inicia quando a parte for intimada diretamente, na forma do § 3º do art.
26 da Lei nº 9.784/99.
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18) Compete ao Ministro de Estado da Educação a instauração de procedimento administrativo disciplinar e a
aplicação de penalidades previstas na Lei n. 8.112/1990 contra servidor integrante do quadro de pessoal de
Universidade Pública Federal, por força do disposto nos Decretos n. 3.035/1999 e n. 3.669/2000.
19) A participação de membro do Ministério Público em conselho da polícia civil torna nulo o procedimento
administrativo disciplinar instaurado para processar e para julgar servidor público estadual, por prática de ato
infracional.
20) A convalidação de atos, determinada pelo Supremo Tribunal Federal - STF na ADPF n. 388, não alcança aqueles
produzidos no âmbito de processo administrativo disciplinar declarado nulo em razão da participação de membro
do Ministério Público em conselho da polícia civil estadual.
21) O superintendente regional de Polícia Federal é competente para designar os membros de comissão
permanente de disciplina, bem como para determinar a abertura de procedimento administrativo disciplinar no
âmbito da respectiva superintendência.
22) A designação de comissão temporária para promover processo administrativo disciplinar é legítima, nos termos
da Lei n. 8.112/1990, já que a existência de comissão permanente para a apuração de faltas funcionais só é exigida
para os casos determinados em lei.
23) Os policiais rodoviários federais se sujeitam às disposições da Lei n. 8.112/1990, que nada dispõe sobre a
necessidade de ser permanente a comissão que conduz o processo administrativo disciplinar instaurado para
apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições.
24) A designação de comissão temporária para promover processo administrativo disciplinar contra servidor
policial federal viola os princípios do juiz natural e da legalidade, a teor da Lei n. 4.878/1965, que exige a condução
do procedimento por comissão permanente de disciplina.
25) A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
(Súmula Vinculante n. 5/STF)
Assim, a presença de advogado em PAD é facultativa. O acusado pode ser acompanhado por advogado se assim
desejar. No entanto, não é obrigatório que o processado tenha a assistência jurídica. Logo, caso não tenha sido
auxiliado por advogado, tal circunstância não gera a nulidade do PAD.
Vale ressaltar que a SV 5 refere-se ao típico processo administrativo disciplinar, ou seja, aquele que tramita no
âmbito da Administração Pública. A SV 5 não se aplica aos procedimentos administrativos disciplinares realizados
em sede de execução penal. Nesses procedimentos é imprescindível a existência de defesa técnica, sob pena de
afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa, aos ditames da LEP e à legislação processual penal (STJ.
5ª Turma. HC 517.663/MG, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado
em 01/10/2019).
26) É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada
pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. (Súmula n. 591/STJ)
27) A decretação de nulidade no processo administrativo depende da demonstração do efetivo prejuízo para as
partes, à luz do princípio pas de nullité sans grief.
28) O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver
demonstração de prejuízo à defesa. (Súmula n. 592/STJ)
29) As instâncias administrativa e penal são independentes entre si, salvo quando reconhecida a inexistência do
fato ou a negativa de autoria na esfera criminal.
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A sentença proferida no âmbito criminal somente repercute na esfera administrativa quando reconhecida a
inexistência material do fato ou a negativa de sua autoria. Assim, se a absolvição ocorreu por ausência de provas,
a administração não está vinculada à decisão proferida na esfera penal (STJ. 2ª Turma. REsp 1323123/SP, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 07/05/2013).
30) É possível haver discrepância entre a penalidade sugerida pela comissão disciplinar e a aplicada pela autoridade
julgadora desde que a conclusão lançada no relatório final não guarde sintonia com as provas dos autos e a sanção
imposta esteja devidamente motivada.
31) A Administração Pública, quando se depara com situação em que a conduta do investigado se amolda às
hipóteses de demissão ou de cassação de aposentadoria, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena
menos gravosa por se tratar de ato vinculado.
32) Não há falar em ofensa ao princípio da proporcionalidade e da razoabilidade quando a única reprimenda
prevista para a infração disciplinar apurada é a pena de demissão.
33) A autoridade administrativa pode aplicar a pena de demissão quando, em processo administrativo disciplinar,
é apurada a prática de ato de improbidade por servidor público, tendo em vista a independência das instâncias
civil, penal e administrativa.
34) A Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) não revogou, de forma tácita ou expressa, os
dispositivos da Lei n. 8.112/1990, em relação aos processos administrativos disciplinares.
35) É possível utilizar a Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.492/1992), em interpretação sistemática, para
definir o tipo previsto no art. 132, IV, da Lei n. 8.112/1990 e justificar a aplicação de pena de demissão a servidor.
36) Na esfera administrativa, o proveito econômico auferido pelo servidor é irrelevante para a aplicação da
penalidade no processo disciplinar, pois o ato de demissão é vinculado (art. 117 c/c art. 132 da Lei n. 8.112/1990),
razão pela qual é despiciendo falar em razoabilidade ou proporcionalidade da pena.
37) A demonstração do ânimo específico de abandonar o cargo público que ocupa (animus abandonandi) é
necessária para tipificar conduta de servidor como prática de infração administrativa de abandono de cargo.
38) A pena de cassação de aposentadoria prevista nos art. 127, IV, e art. 134 da Lei n. 8.112/1990 é constitucional
e legal, inobstante o caráter contributivo do regime previdenciário.
39) O fato de o acusado estar em licença para tratamento de saúde não impede a instauração de processo
administrativo disciplinar, nem mesmo a aplicação de pena de demissão.
40) Em caso de inobservância de prazo razoável para a conclusão de processo administrativo disciplinar, não há
falar em ilegalidade na concessão de aposentadoria ao servidor investigado.
41) Quando o fato objeto da ação punitiva da administração também constituir crime, o prazo prescricional no
âmbito administrativo disciplinar será regido pela pena cominada em abstrato (art. 109 do Código Penal - CP),
enquanto não houver sentença penal condenatória, e pela pena aplicada em concreto, após o trânsito em julgado
ou o não provimento do recurso da acusação (art. 110, § 1º, c/c art. 109 do CP).
Lei nº 8.112/90: Art. 142. (...) § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações
disciplinares capituladas também como crime.
Vale ressaltar que o prazo prescricional previsto na lei penal se aplica às infrações disciplinares também capituladas
como crime independentemente da apuração criminal da conduta do servidor. Assim, para se aplicar a regra do §
2º do art. 142 da Lei nº 8.112/90 não se exige que o fato esteja sendo apurado na esfera penal (não se exige que
tenha havido oferecimento de denúncia ou instauração de inquérito policial) (STJ MS 20.857-DF, julgado em
22/05/2019).
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42) O deferimento de provimento judicial que determine à autoridade administrativa que se abstenha de concluir
procedimento administrativo disciplinar suspende o curso do prazo prescricional da pretensão punitiva
administrativa.
43) É possível o imediato cumprimento da penalidade aplicada na conclusão de processo administrativo disciplinar,
uma vez que os recursos administrativos e os pedidos de reconsideração, em regra, não possuem efeito suspensivo
automático.
44) É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.
(Súmula n. 19/STF)
45) Reconhecida a nulidade de PAD pela existência de vício insanável, antes do seu julgamento, não há que se falar
em reformatio in pejus quando a segunda comissão processante opina por penalidade mais gravosa.
46) Meras alegações de que existe fato novo não têm o condão de abrir a via da revisão do processo administrativo
disciplinar, sendo indispensável a comprovação da existência de fatos novos, desconhecidos ao tempo do PAD.
47) Da revisão do PAD não poderá resultar agravamento da sanção aplicada, em virtude da proibição do bis in
idem e da reformatio in pejus.
Julgado um Processo Administrativo Disciplinar instaurado contra servidor público federal, a revisão da conclusão
só poderá acontecer em duas hipóteses:
a) existência de vício insanável no PAD, que o torne nulo; e
b) surgimento de fatos novos que justifiquem o abrandamento da penalidade ou a declaração da inocência do
servidor.
48) É cabível recurso administrativo hierárquico em face de decisão prolatada em Processo Administrativo
Disciplinar - PAD.
EDIÇÃO N. 147: PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - VI
1) Não caracteriza cerceamento de defesa no PAD a ausência de interrogatório para a qual contribuiu o próprio
investigado, ante a impossibilidade de favorecimento a quem deu causa à alegada nulidade.
2) É dispensada a intimação pessoal do servidor representado por advogado, sendo suficiente a publicação da
decisão proferida no PAD no Diário Oficial da União.
3) Diante do silêncio da Lei n. 8.112/1990 e demais diplomas legais sobre processo administrativo disciplinar, deve
ser observada a regra dos art. 26, § 2º, e art. 41 da Lei n. 9.784/1999 que impõe o prazo de, no mínimo, três dias
úteis entre a notificação do servidor e a realização de prova ou de diligência ordenada no PAD, sob pena de
nulidade.
4) A não realização da oitiva de testemunha não constitui cerceamento de defesa no PAD quando há o
esgotamento das diligências para sua intimação ou ainda, quando intimada, a testemunha tenha deixado de
comparecer à audiência.
5) A falta de intimação de advogado constituído para a oitiva de testemunhas não gera nulidade se intimado o
servidor investigado.
6) A simples ausência de servidor acusado ou de seu procurador não macula a colheita de depoimento de
testemunha no PAD, desde que pelo menos um deles tenha sido intimado sobre a realização da audiência.
7) Em processo administrativo disciplinar, a falta de intimação do servidor público após a apresentação do relatório
final pela comissão processante não configura ofensa às garantias do contraditório e da ampla defesa por ausência
de previsão legal.
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8) O indeferimento de produção de provas pela comissão processante, não causa nulidade do Processo
Administrativo Disciplinar - PAD, desde que motivado nos termos do art. 156, §§ 1º e 2º, da Lei n. 8.112/1990.
Art. 156 (...) § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, meramente
protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer de conhecimento
especial de perito.
9) É possível o aproveitamento de prova produzida em processo administrativo disciplinar declarado nulo para a
instrução de novo PAD, desde que seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, e que o vício que ensejou
referida nulidade não recaia sobre a prova que se pretende aproveitar.
10) A acareação entre os acusados, prevista no § 1º do art. 159 da Lei n. 8. 112/1990, não é obrigatória, competindo
à comissão processante decidir sobre a necessidade de sua realização quando os depoimentos forem colidentes e
a comissão não dispuser de outros meios para a apuração dos fatos.
11) É dispensável a transcrição integral de diálogos colhidos em interceptação telefônica no âmbito do PAD, pois
tal obrigatoriedade não encontra amparo legal.
12) O exame de sanidade mental do servidor (art. 160 da Lei n. 8.112/1990) só é imperativo na hipótese em que
haja dúvida razoável de que o investigado tivesse, ao tempo dos fatos, condições de assumir a responsabilidade
funcional pelos atos a ele atribuídos.
13) A preexistência de doença mental ao tempo do cometimento dos fatos apurados no processo administrativo
disciplinar impede a aplicação da pena disciplinar se constatada, por qualquer meio, a absoluta inimputabilidade
do agente.
14) Em matéria de demissão por enriquecimento ilícito (art. 132, IV, da Lei 8. 112/1990 c/c art. 9º, VII, da Lei
8.429/1992), compete à administração pública comprovar o incremento patrimonial significativo e incompatível
com as fontes de renda do servidor no PAD e ao servidor acusado o ônus de demonstrar a licitude da evolução
patrimonial constatada pela administração, sob pena de configuração de improbidade administrativa.
15) O fato de o servidor ter prestado anos de serviços ao ente público, e de possuir bons antecedentes funcionais,
não é suficiente para amenizar a pena a ele imposta se praticadas infrações graves a que a lei, expressamente,
prevê a aplicação de demissão.
16) A regra do crime continuado (art. 71 do Código Penal) não incide por analogia sobre o PAD, porque a aplicação
da legislação penal ao processo administrativo restringe-se aos ilícitos que, cometidos por servidores, possuam
também tipificação criminal.
➢ É solidário: não existe uma correlação lógica obrigatória entre aquilo que o servidor contribuiu e o que ele
receberá a título de benefício (alguns contribuem mais e recebem menos e vice-versa). O sistema é solidário: todos
contribuem para a manutenção do sistema e o sistema garantirá a subsistência dos segurados.
➢ É contributivo: no âmbito do serviço público, não interessa o tempo de serviço para a aposentadoria. A
aposentadoria é calculada pelo tempo de contribuição. Por isso, o texto constitucional admite a chamada
“contagem recíproca do tempo de contribuição”: todo tempo de contribuição em qualquer regime pode ser
aproveitado para o RPPS.
Ex: Matheus aos 18 anos começou a dar aula em cursinho de inglês e contribuiu durante 2 anos para o RGPS. Dos
20 aos 21 anos, ficou sem contribuir. Dos 21 aos 23 anos, era técnico do MPU e contribuiu para o RPPS da União.
Aos 23 anos, tornou-se Procurador do Estado em Goiás, quando contribuía para o IPASGO (regime próprio dos
servidores estaduais de GO). Aos 24 anos, tornouse Procurador da Fazenda Nacional e contribui, desde então, para
o RPPS da União. No momento em que se aposentar, Matheus poderá aproveitar todas as contribuições realizadas
(em qualquer regime), pois os regimes se compensam posteriormente. Ocorre que, desde os 23 anos, Matheus
também dá aula de Direito Administrativo, contribuindo para o RGPS → esse tempo poderá ser aproveitado?
NÃO!!! A CF autoriza a contagem recíproca do tempo de contribuição, porém veda a contagem simultânea de
tempo de contribuição, ou seja, o mesmo tempo, em que ele esteja contribuindo para 2 regimes, não pode ser
aproveitado para dobrar em um só.
➢ Aposentadoria decorrer de doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei (no âmbito federal, temos o
art. 186 Lei 8.112). Segundo o STF, o rol da lei é TAXATIVO!
Obs: É possível a conversão da aposentadoria com proventos proporcionais para a aposentadoria com proventos
integrais? SIM, desde que haja o advento posterior de doença, contagiosa ou incurável prevista em lei!
2ª) Aposentadoria compulsória: ocorre aos 75 anos de idade (homem ou mulher), com PROVENTOS
PROPORCIONAIS ao tempo de contribuição. O sujeito NÃO tem direito a continuar contribuindo para melhor a
aposentadoria dele, porque aos 75 anos ele estará automaticamente aposentado (o ato é meramente declaratório,
retroagindo à data em que o sujeito completou 75 anos).
3ª) Aposentadoria voluntária: 10 anos de serviço público, sendo que os últimos 5 anos devem ser no cargo em
que a aposentadoria aconteceu. Pode ser com:
➢ PROVENTOS INTEGRAIS: - Homem: 60 anos de idade + 35 anos de contribuição; - Mulher: 55 anos de idade +
30 anos de contribuição.
Obs: Se o sujeito exerceu todo o tempo de contribuição em atividade vinculada ao MAGISTÉRIO (ensino infantil,
fundamental e/ou médio – Professores universitários estão FORA!), ele poderá se aposentar com 5 anos a menos
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tanto na idade, quanto no tempo de contribuição (homem = 55 anos de idade + 30 de contribuição; mulher = 50
anos de idade + 25 anos de contribuição).
Se o sujeito cumprir todos os requisitos e preferir não se aposentar, ele faz jus a um abono de permanência (no
valor da contribuição previdenciária paga por ele), enquanto permanecer no serviço público.
CONTRIBUIÇÃO
A CF estabelece o percentual mínimo de contribuição de 11% e esse valor incide sobre toda a remuneração do
servidor.
EC 41/2003:
a) Passou a determinar que os servidores inativos (aposentados e pensionistas) também contribuem para o RPPS
diante da solidariedade do sistema, apenas naquilo que o provento de aposentadoria ultrapassar o teto do RGPS.
O inativo que sofrer de doença incapacitante, porém, só irá contribuir naquilo que a aposentadoria ultrapassar o
dobro do teto do RGPS;
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b) Implantação do teto do RGPS no RPPS → trata-se de norma de eficácia limitada: os entes federativos primeiro
precisam criar um Regime Complementar de Previdência Pública para os seus servidores (RCPP), que é facultativo
(o empregado que quiser complementar a contribuição para que possa complementar o provento de
aposentadoria tem a opção de contribuir para esse regime complementar). No âmbito da União, esse RCPP foi
criado em 2013;
c) Acabou-se com a integralidade (o servidor tinha a garantia de que no momento em que ele se aposentasse, o
provento da aposentadoria seria igual ao valor da última remuneração) e com a paridade** (era a garantia do
servidor aposentado de paridade com o servidor da ativa) no âmbito da Adm. Pública.
** Hoje, o servidor público inativo tem direito a uma revisão geral anual dos seus proventos para manter o seu
poder de compra, desvinculado do servidor em atividade (art. 40, 8º CF).
289
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A licença paternidade será de 5 dias consecutivos com possibilidade de prorrogação por mais
15 dias, desde que requerido pelo servidor em até 2 dias uteis após o evento, conforme o
art. 208 do Decreto 8737/16.
Licença por Com remuneração integral.
Acidente de Dano físico ou mental relacionado, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo
Serviço exercido.
Se necessitar de tratamento especializado, é garantido o tratamento em instituição privada,
à conta de recursos públicos, desde que provado ao ciente no prazo de 10 dias ( prorrogáveis
se as circunstancias exigir).
Equiparação legal:
Dano decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor em exercício do cargo;
Dano sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.
Assistência à Aos segurados e aos dependentes.
Saúde Compreende a assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica.
A diretriz básica é a ação preventiva.
Benefícios dos Dependentes
Pensão por A partir da lei 13135/15, a pensão não se divide em mais vitalícia ou temporária. Ou seja, os
Morte valores agora são divididos igualmente entre os beneficiários, não havendo divisão em
grupos.
Fazem jus à pensão:
A pessoa separada judicialmente ou divorciada, com percepção de pensão alimentícia
definida judicialmente;
O companheiro ou companheira designado que comprove união estável como entidade
familiar;
Os filhos do enteado, ou menores tutelados até 21 anos de idade, ou, se inválidos, enquanto
durar a invalidez, ou, ainda, que possua deficiência intelectual/mental na forma do
regulamento;
A mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor;
O irmão, até 21 anos, e o inválido, enquanto durar a invalidez, ou ainda que possua
deficiência intelectual ou mental na forma do regulamento, desde que comprove
dependência econômica com o servidor.
Atenção: A legislação dispõe que o enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
mediante declaração do servidor e desde que comprovada dependência econômica, na
forma estabelecida pelo regulamento.
Para fins de cálculo de pensão, os valores serão divididos igualmente entre os beneficiários,
não havendo divisão de grupos.
Exclui-se do rol de dependentes o menor sob guarda, assim como a pessoa designada, maior
de 0 anos, a portadora de deficiência e a pessoa designada, até 21 anos ou, se inválida,
enquanto durar a invalidez, que viviam na dependência econômica do servidor.
Salienta-se que a existência de cônjuge do falecido, de pessoa separada judicialmente ou
divorciada, com percepção de pensão alimentícia definida judicialmente, de companheiro ou
(a) designado que comprove união estável como entidade familiar, ou de filhos e enteados
até 21 anos de idade, ou, se inválidos, enquanto durar a invalidez, excluem a percepção do
benefício da mãe e do pai que comprovem dependência econômica do servidor e do irmão
órfão, até 21 anos, e o inválido enquanto durar a invalidez, que comprovem dependência
econômica do servidor.
Auxílio Caso em que o servidor ativo esteja sofrendo penalidade de reclusão.
Reclusão Cessa assim que for posto em liberdade.
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2/3 da Prisão em flagrante ou preventiva
remuneração Terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido ao
final da ação penal.
Metade da Condenação, por sentença definitiva, desde que a pena não
remuneração determine a perda do cargo.
Auxílio- Devido à família do servidor falecido na atividade ou aposentado ou àquele que comprovar
Funeral ter custeado o funeral.
Valor referente aos gastos efetivos, chegando ao máximo a 1 mês de remuneração ou
provento.
Em caso de acumulação de cargos, o auxílio será pago somente em razão do cargo de maior
remuneração.
Pago no prazo de 48 horas ( procedimento sumaríssimo).
Assistência à Nos mesmos moldes definidos no tópico referente à saúde do servidor público ativo ou
Saúde inativo.
INFO 853 STF (2017). APOSENTADORIA. APROVEITAMENTO DO TEMPO TRABALHADO COMO ALUNO APRENDIZ
O servidor que trabalhou como "aluno-aprendiz" pode utilizar este período como tempo de serviço para fins de
aposentadoria? Sim, no entanto, para isso é necessário que ele apresente certidão do estabelecimento de ensino
frequentado.
INFO 853 STF (2017). APOSENTADORIA. JUIZ FEDERAL QUE COMPLETOU OS REQUISITOS PARA SE APOSENTAR
QUANDO AINDA VIGORAVA O ART. 192, I, DA LEI 8.112/90 TEM DIREITO DE SE APOSENTAR COM PROVENTOS
DE DESEMBARGADOR
A redação originária do art. 192, I, da Lei nº 8.112/90 previa que o servidor público federal, ao se aposentar, deveria
receber, como proventos, a remuneração da classe superior a que pertencia. Esse art. 192 foi revogado em 1997
pela Lei nº 9.527.
Determinado Juiz Federal completou os requisitos para se aposentar em 1994. No entanto, optou por continuar
trabalhando até 2010, quando pediu a aposentadoria. O STF entendeu que, como ele preencheu os requisitos para
se aposentar em 1994, ou seja, antes da Lei nº 9.527/97, ele teria direito à regra prevista no art. 192, I, da Lei nº
8.112/90.
INFO 854 STF (2017). APOSENTADORIA. NÃO SE APLICA A APOSENTADORIA COMPULSÓRIA PARA TITULARES DE
SERVENTIAS JUDICIAIS NÃO ESTATIZADAS NÃO OCUPANTES DE CARGO PÚBLICO E QUE NÃO RECEBAM
REMUNERAÇÃO DOS COFRES PÚBLICOS
Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos titulares de serventias judiciais
não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam remuneração
proveniente dos cofres públicos.
INFO 859 STF (2017). ABONO DE PERMANÊNCIA. MAGISTRADO QUE ESTAVA RECEBENDO ABONO DE
PERMANÊNCIA E FOI PROMOVIDO TERÁ DIREITO DE CONTINUAR PERCEBENDO O BENEFÍCIO
A ocupação de novo cargo dentro da estrutura do Poder Judiciário, pelo titular do abono de permanência, não
implica a cessação do benefício.
Ex: determinada pessoa ocupa o cargo de Desembargador do Trabalho e está recebendo abono de permanência;
se ela for promovida ao cargo de Ministro do TST, terá direito de continuar recebendo o abono, não sendo
necessário completar cinco anos no cargo de Ministro para requerer o benefício.
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INFO 862 STF (2017). SERVIDORES PÚBLICOS. SE A PESSOA ACUMULAR LICITAMENTE DOIS CARGOS PÚBLICOS
ELA PODERÁ RECEBER ACIMA DO TETO
Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37,
XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância
do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.
Ex: se determinado Ministro do STF for também professor da UnB, ele irá receber seu subsídio integral como
Ministro e mais a remuneração decorrente do magistério. Nesse caso, o teto seria considerado especificamente
para cada cargo, sendo permitido que ele receba acima do limite previsto no art. 37, XI da CF se considerarmos
seus ganhos globais.
Se o teto fosse para o conjunto das duas remunerações, haveria um desestímulo à acumulação de cargos que é
permitida pelo texto constitucional, o que traria prejuízos inclusive para a eficiência administrativa. A incidência
do teto sobre os dois cargos geraria enriquecimento sem causa do Poder Público porque o servidor iria trabalhar
e não teria direito à remuneração integral de um dos cargos. Ademais, isso poderia provocar situações contrárias
ao princípio da isonomia, já que poderia conferir tratamento desigual entre servidores públicos que exerçam
idênticas funções.
INFO 868 STF (2017). POSSE TARDIA EM CARGO PÚBLICO POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL. A NOMEAÇÃO TARDIA
A CARGO PÚBLICO EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL NÃO GERA DIREITO À PROMOÇÃO RETROATIVA
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuía eficácia
retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a
tempo e modo, a nomeação (repercussão geral).
Caso concreto: João foi aprovado em todas as provas teóricas do concurso de Defensor Público, no entanto, foi
eliminado no exame psicotécnico, fato ocorrido no ano de 2013. O candidato ingressou com ação ordinária
questionando os critérios utilizados no teste psicotécnico aplicado. O pedido de tutela provisória antecipada,
contudo, foi negado. Todos os demais candidatos aprovados tomaram posse. A ação foi julgada procedente em
todas as instâncias, mas a Fazenda Pública sempre recorria e João ainda não havia tomado posse. Somente em
2017, quando houve o trânsito em julgado, ele foi nomeado e empossado. Significa que, enquanto os demais
candidatos foram nomeados e estavam trabalhando desde 2013, João, mesmo tendo direito, só conseguiu
ingressar no serviço público 5 anos mais tarde. Inconformado com a situação, João propôs ação de indenização
contra o Poder Público alegando que teria direito de receber, a título de reparação, o valor da remuneração do
cargo referente ao período de 2013 até 2017.
# O pedido de indenização formulado por João encontra amparo na jurisprudência? O candidato que teve
postergada a assunção em cargo por conta de ato ilegal da Administração tem direito a receber a remuneração
retroativa?
• Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado por decisão judicial sob o argumento de que houve
demora na nomeação. Dito de outro modo, a nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial
não gera direito à indenização.
• Exceção: será devida indenização se ficar demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi nomeado logo
por conta de uma situação de arbitrariedade flagrante.
# E quanto aos efeitos funcionais, o candidato terá direito? Suponhamos o seguinte: os candidatos que tomaram
posse em 2013 já passaram do estágio probatório e foram promovidos de Defensores Públicos de 3ª classe para
Defensores Públicos de 2ª classe. João deveria ter tomado posse em 2013 juntamente com eles, mas isso só acabou
ocorrendo em 2017 por erro da Administração Pública. A sentença reconheceu que João tem direito à nomeação
com eficácia retroativa à data em que os demais candidatos na mesma situação foram nomeados (2013). Isso
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significa que João terá direito de assumir já como Defensor Público de 2ª classe (“promovido”), assim como os
outros estão atualmente? NÃO!!! A promoção ou a progressão funcional, a depender do caráter da movimentação,
se vertical ou horizontal, não se resolve apenas mediante o cumprimento do requisito temporal. Pressupõe a
aprovação em estágio probatório e a confirmação no cargo, bem como o preenchimento de outras condições
indicadas na legislação ordinária.
INFO 906 STF (2018). GREVE. CONSTITUCIONALIDADE DE DECRETO ESTADUAL QUE REGULAMENTA AS
PROVIDÊNCIAS A SEREM ADOTADAS EM CASO DE GREVE
O Governador da Bahia editou um decreto prevendo que, em caso de greve, deverão ser adotas as seguintes
providências: a) convocação dos grevistas a reassumirem seus cargos; b) instauração de processo administrativo
disciplinar; c) desconto em folha de pagamento dos dias de greve; d) contratação temporária de servidores; e)
exoneração dos ocupantes de cargo de provimento temporário e de função gratificada que participarem da greve.
O STF decidiu que este Decreto é constitucional. Trata-se de decreto autônomo que disciplina as consequências
— estritamente administrativas — do ato de greve dos servidores públicos e as providências a serem adotadas
pelos agentes públicos no sentido de dar continuidade aos serviços públicos. A norma impugnada apenas prevê a
instauração de processo administrativo para se apurar a participação do servidor na greve e as condições em que
ela se deu, bem como o não pagamento dos dias de paralisação, o que está em consonância com a orientação
fixada pelo STF no julgamento do MI 708. É possível a contratação temporária excepcional (art. 37, IX, da CF/88)
prevista no decreto porque o Poder Público tem o dever constitucional de prestar serviços essenciais que não
podem ser interrompidos, e que a contratação, no caso, é limitada ao período de duração da greve e apenas para
garantir a continuidade dos serviços.
INFO 907 STF (2018). SERVIDORES PÚBLICOS. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA QUE EQUIPARA
REMUNERAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS
A Constituição do Estado do Ceará previa que deveria ser assegurado “aos servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas as
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.” O STF decidiu que é
inconstitucional a expressão “das autarquias e das fundações”. Isso porque a equiparação remuneratória entre
servidores, a teor da redação originária do art. 39, § 1º, da CF/88, restringiu-se aos servidores da administração
direta, não mencionando os entes da administração indireta, como o faz a norma impugnada. Além disso, o
dispositivo estadual não foi recepcionado, em sua integralidade, pela redação atual do art. 39 da Constituição
Federal, na forma EC 19/1998.
INFO 907 STF (2018). SERVIDORES PÚBLICOS. CONSTITUCIONALIDADE DE NORMA DA CE QUE ASSEGURA
EQUIPARAÇÃO SALARIAL PARA PROFESSORES COM IGUAL TITULAÇÃO, RESPEITANDO-SE O GRAU DE ENSINO
EM QUE ESTIVEREM ATUANDO
A Constituição do Estado do Ceará prevê que deverá ser assegurada isonomia salarial para docentes em exercício,
com titulação idêntica, respeitando-se o grau de ensino em que estiverem atuando. O STF decidiu que essa regra
é constitucional e que não ofende o art. 37, XIII, da CF/88. Isso porque não há, no caso, equiparação salarial de
carreiras distintas, considerando que se trata especificamente da carreira de magistério público e de docentes com
titulação idêntica.
INFO 907 STF (2018). SERVIDORES PÚBLICOS. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS DA CONSTITUIÇÃO
ESTADUAL QUE TRATAM SOBRE REMUNERAÇÃO E DIREITOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS SEM QUE EXISTAM
PREVISÕES SEMELHANTES NA CF/88
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São inconstitucionais os arts. 154, § 2º; 167, XII e XIII, §§ 1º e 2º; e 174, da Constituição do Estado do Ceará, e os
arts. 27 e 28 do seu ADCT. Tais dispositivos tratam de remuneração e direitos de servidores públicos, que, por não
encontrarem similares na CF/88, somente poderiam ser veiculados por meio de lei de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo. São previsões específicas que não tratam da organização e estruturação do Estado-membro ou de seus
órgãos, mas que versam sobre o regime jurídico de servidores públicos. O STF entende que a Constituição Estadual
não pode prever vantagens para os servidores públicos, como é o caso da licença especial e de eventuais
acréscimos quando da aposentadoria, salvo se isso estiver expressamente previsto também na Constituição
Federal. Se a Constituição Estadual prevê direitos para os servidores públicos sem respaldo na CF/88, isso significa
uma violação à iniciativa privativa do Governador do Estado para legislar sobre servidores públicos. Trata-se de
uma manobra para “engessar” o chefe do Poder Executivo, havendo, portanto, violação à separação dos poderes.
INFO 907 STF (2018). SERVIDORES PÚBLICOS. NÃO É COMPATÍVEL COM A CF/88 A NORMA DE CE QUE
ESTABELECE QUE O SERVIDOR PÚBLICO INATIVO DEVERÁ RECEBER OBRIGATORIAMENTE A MAIS DO QUE
PERCEBIA NA ATIVA
A Constituição do Estado do Ceará previa que o servidor, ao se aposentar, deveria receber, como proventos, o
valor pecuniário correspondente ao padrão de vencimento imediatamente superior ao da sua classe funcional, e,
se já ocupasse o ultimo escalão, faria jus a uma gratificação adicional de 20% sobre a sua remuneração. O STF
decidiu que essa previsão não era considerada materialmente inconstitucional à época da edição da Carta, uma
vez que a superação da remuneração em atividade era tolerada na redação original da CF. Porém, essa regra não
foi recepcionada pela EC 20/98 que proibiu a superação do patamar remuneratório da atividade e a
impossibilidade de incorporação da remuneração do cargo em comissão para fins de aposentadoria (art. 40, §§ 2º
e 3º, da CF/88).
INFO 911 STF (2018). CONCURSO PÚBLICO / SERVIDORES PÚBLICOS. NÃO SE PODE CASSAR A APOSENTADORIA
DO SERVIDOR QUE INGRESSOU NO SERVIÇO PÚBLICO POR FORÇA DE PROVIMENTO JUDICIAL PRECÁRIO E SE
APOSENTOU DURANTE O PROCESSO, ANTES DA DECISÃO SER REFORMADA
Em regra, não produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público decorrentes de decisão judicial
tomada à base de cognição não-exauriente. Em outras palavras, não se aplica a teoria do fato consumado para
candidatos que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. Trata-
se do entendimento firmado no RE 608482/RN (Tema 476). A situação é diferente, contudo, se a pessoa, após
permanecer vários anos no cargo, conseguiu a concessão de aposentadoria. Neste caso, em razão do elevado grau
de estabilidade da situação jurídica, o princípio da proteção da confiança legítima incide com maior intensidade.
Trata-se de uma excepcionalidade que autoriza a distinção (distinguish) quanto ao leading case do RE 608482/RN
(Tema 476).
INFO 598 STJ (2017). PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. COMPETÊNCIA PARA INSTAURAR E JULGAR PAD
RELACIONADO COM SERVIDOR CEDIDO
A INSTAURAÇÃO de processo disciplinar contra servidor efetivo cedido deve ocorrer, preferencialmente, no órgão
em que tenha sido praticada a suposta irregularidade (isso se justifica para facilitar a colheita das provas). Por
outro lado, o JULGAMENTO e a eventual APLICAÇÃO DE SANÇÃO só podem ocorrer no órgão ao qual o servidor
efetivo estiver vinculado. Ex: João é servidor efetivo (técnico judiciário) do TJDFT e foi cedido para um cargo em
comissão no STJ. Quando ainda estava prestando serviços no STJ, João praticou uma infração disciplinar. A
instauração do PAD deverá ser feita preferencialmente pelo STJ. Por outro lado, o julgamento do servidor e
aplicação da sanção deverão ser realizados obrigatoriamente pelo TJDFT.
INFO 600 STJ (2017). SERVIDORES PÚBLICOS. NÃO SE PODE CASSAR A APOSENTADORIA DO SERVIDOR QUE
INGRESSOU NO SERVIÇO PÚBLICO POR FORÇA DE PROVIMENTO JUDICIAL PRECÁRIO E SE APOSENTOU DURANTE
O PROCESSO, ANTES DA DECISÃO SER REFORMADA
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Se o candidato tomou posse por força de decisão judicial precária e esta, posteriormente, é revogada, ele perderá
o cargo, mesmo que já o esteja ocupando há muitos anos. Não se aplica, ao caso, a teoria do fato consumado.
Nesse sentido: STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral)
(Info 753). A situação será diferente se ele se aposentou antes do processo chegar ao fim. Imagine que o candidato
tomou posse no cargo por força de decisão judicial precária. Passaram-se vários anos e ele, após cumprir todos os
requisitos, aposentou neste cargo por tempo de contribuição. Após a aposentadoria, a decisão que o amparou foi
reformada. Neste caso, não haverá a cassação de sua aposentadoria. Nas palavras do STJ: quando o exercício do
cargo foi amparado por decisões judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do julgamento final de
mandado de segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e após legítima contribuição ao sistema,
a denegação posterior da segurança que inicialmente permitira ao servidor prosseguir no certame não pode
ocasionar a cassação da aposentadoria. STJ. 1ª Seção. MS 20.558-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
22/2/2017 (Info 600).
Se o impetrante ainda estivesse exercendo o cargo na ativa quando transitou em julgado o mandado de segurança,
então, neste caso, ele deveria ser afastado do serviço público, aplicando-se o entendimento do STF que não
admite, em tais casos, a teoria do fato consumado.
No entanto, neste segundo caso, a situação é diferente, porque o impetrante já estava aposentado quando veio a
decisão desfavorável. Assim, embora o vínculo de trabalho fosse precário, o autor da ação pagou mensalmente as
contribuições previdenciárias e completou todos os requisitos necessários para a aposentadoria, de forma que o
vínculo previdenciário foi consolidado.
INFO 600 STJ (2017). SERVIDORES PÚBLICOS. O VALOR DO ABONO DE PERMANÊNCIA DEVERÁ SER LEVADO EM
CONSIDERAÇÃO NA CONVERSÃO DA LICENÇA-PRÊMIO EM PECÚNIA
O abono de permanência insere-se no conceito de remuneração do cargo efetivo, de forma a compor a base de
cálculo da licença-prêmio não gozada.
INFO 600 STJ (2017). CONCURSO PÚBLICO. AÇÃO QUESTIONANDO CRITÉRIOS DO PSICOTÉCNICO PREVISTOS NO
EDITAL DEVE SER PROPOSTA CONTRA A ENTIDADE QUE PROMOVEU O CONCURSO (E NÃO CONTRA A
INSTITUIÇÃO CONTRATADA)
Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da subjetividade
dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva será da entidade
responsável pela elaboração do certame. Ex: o Estado do ES abriu concurso para agente penitenciário. O CESPE foi
contratado para realizar as provas. João inscreveu-se no certame e foi aprovado nas provas teóricas, tendo sido,
contudo, reprovado no exame psicotécnico. Diante disso, João quer ajuizar ação ordinária questionando os
critérios de avaliação do exame psicotécnico previstos no edital sob o argumento de que eles eram subjetivos. Essa
ação terá que ser proposta contra o Estado do ES (e não contra o CESPE). STJ. 1ª Turma. REsp 1.425.594-ES, Rel.
Min. Regina Helena Costa, julgado em 7/3/2017 (Info 600).
INFO 602 STJ (2017). LICITAÇÃO. PROIBIÇÃO DO ART. 9º, III, DA LEI 8.666/93 PERMANECE MESMO QUE O
SERVIDOR ESTEJA LICENCIADO
Se um servidor público for sócio ou funcionário de uma empresa, ela não poderá participar de licitações realizadas
pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado este servidor público (art. 9º, III, da Lei nº 8.666/93).
Ex: suponhamos que a empresa X tem, em seu quadro de pessoal, João, um servidor do Ministério da Saúde. Isso
significa que esta empresa não poderá participar de licitações promovidas por este Ministério.
O fato de o servidor estar licenciado do cargo não afasta a referida proibição, considerando que, mesmo de licença,
ele não deixa possuir vínculo com a Administração Pública.
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INFO 602 STJ (2017). PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. APLICAÇÃO DE CRIME CONTINUADO NO PAD
Há fatos ilícitos administrativos que, se cometidos de forma continuada pelo servidor público, não se sujeitam à
sanção com aumento do quantum sancionatório previsto no art. 71, caput, do CP. Existe polêmica se a
continuidade delitiva, que é prevista no Código Penal, pode ser aplicada ao processo administrativo disciplinar. Há
decisão do STJ não admitindo.
Obs: Neste julgado o STJ não afirmou expressamente se a continuidade delitiva pode ou não ser aplicada ao PAD.
Isso porque, no caso concreto, mesmo que se admitisse o instituto, os requisitos não estariam preenchidos.
INFO 603 STJ (2017). CONCURSOS PÚBLICOS. O ESPELHO DE PROVA, COM A MOTIVAÇÃO DA AVALIAÇÃO DO
CANDIDATO, DEVE SER APRESENTADO ANTES OU DURANTE A DIVULGAÇÃO DO RESULTADO, SOB PENA DE
NULIDADE
A banca examinadora do certame, por ocasião da divulgação dos resultados das provas, deve demonstrar, de
forma clara e transparente, que os critérios de avaliação previstos no edital foram devidamente considerados, sob
pena de nulidade da avaliação. As informações constantes dos espelhos de provas subjetivas representam a
motivação do ato administrativo, consistente na atribuição de nota ao candidato. Essa motivação deve ser
apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se permita a motivação
posterior, isso pode dar ensejo para que se fabriquem, forjem ou criem motivações. Não é legítima a conduta da
banca examinadora de divulgar o espelho de provas com a motivação das notas após ser contestada na via judicial
ou administrativa. Destaque-se também que não há fundamentação válida se a banca apenas divulga critérios
muito subjetivos e a nota global dos candidatos, desacompanhados do padrão de resposta e das notas atribuídas
para cada um dos critérios adotados. STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/4/2017
(Info 603).
Obs: Vale ressaltar que tais informações que deverão constar nos espelhos das provas subjetivas como forma de
atribuição de nota ao candidato representam a “motivação do ato administrativo”. Essa motivação do ato
administrativo é uma exigência expressa dos arts. 2º e 50, III e § 1º, da Lei nº 9.784/99, que trata do processo
administrativo no âmbito federal.
INFO 603 STJ (2017). CONCURSOS PÚBLICOS. O GRAVE ERRO NO ENUNCIADO – RECONHECIDO PELA PRÓPRIA
BANCA EXAMINADORA – CONSTITUI FLAGRANTE ILEGALIDADE APTA A ENSEJAR A NULIDADE DA QUESTÃO
O STF, em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, firmou a seguinte tese: "Não compete ao
Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos
candidatos e notas a elas atribuídas" (RE 632.853). Do voto condutor do mencionado acórdão, percebe-se que a
tese nele constante buscou esclarecer que o Poder Judiciário não pode avaliar as respostas dadas pelo candidato
e as notas a eles atribuídas se for necessário apreciar o conteúdo das questões ou os critérios utilizados na
correção, exceto se flagrante a ilegalidade. Ao analisar uma prova para o cargo de assessor do MPRS, o STJ decidiu
anular uma das questões discursivas pelo fato de que ela possuía um grave erro no enunciado, o que prejudicou o
candidato na elaboração de sua resposta. No enunciado da questão constou a expressão “permissão de saída”,
mas na verdade o examinador queria saber sobre a “saída temporária”, tanto que a resposta padrão do gabarito
envolvia este segundo instituto. Houve, portanto, uma troca dos conceitos. A própria comissão examinadora
reconheceu que houve o erro no enunciado, mas afirmou que isso não atrapalhou os candidatos e, por isso,
manteve as notas. O STJ, contudo, não concordou com isso e anulou a questão. Se a própria banca examinadora
reconhece o erro na formulação da questão, não se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório
argumento de que referido erro não influiria na análise do enunciado pelo candidato. Vale ressaltar que o STJ
afirmou que esta anulação não contraria o que decidiu o STF no julgamento do RE 632.853 por duas razões:
1) o candidato não está buscando que o Poder Judiciário reexamine o conteúdo da questão ou o critério de
correção para decidir se a resposta dada por ele está ou não correta. Em outras palavras, não se quer que recorrija
296
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a prova. O que o impetrante pretende é que seja reconhecido que o enunciado da questão apresenta um erro
grave insuperável.
2) o STF decidiu que, em regra, não é possível a anulação de questões de concurso, salvo se houver ilegalidade a
permitir a atuação do Poder Judiciário. Em outras palavras, existe uma “exceção” à tese fixada no RE 632.853. E,
no presente caso, estamos diante de uma flagrante ilegalidade da banca examinadora. STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-
RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/4/2017 (Info 603).
INFO 630 STJ (2018). CONCURSO PÚBLICO. SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS + NECESSIDADE DO PROVIMENTO +
INEXISTÊNCIA DE RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA = DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO
O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação caso surjam
novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja manifestação inequívoca da administração sobre a
necessidade de seu provimento e não tenha restrição orçamentária.
INFO 630 STJ (2018). SERVIDORES PÚBLICOS. SÃO IMPRESCRITÍVEIS AS AÇÕES DE REINTEGRAÇÃO EM CARGO
PÚBLICO QUANDO O AFASTAMENTO SE DEU EM RAZÃO DE PERSEGUIÇÃO POLÍTICA PRATICADA NA ÉPOCA DA
DITADURA MILITAR
São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão de atos de
exceção praticados durante o regime militar. Ex: João era servidor da ALE/PR. Em 1963, João foi demitido em razão
de perseguição política perpetrada na época da ditadura militar. Em 2011, João ajuizou ação ordinária contra o
Estado do Paraná pedindo a sua reintegração ao cargo. Esta pretensão é considerada imprescritível considerando
que envolve a efetivação da dignidade da pessoa humana. Vale ressaltar, contudo, que a imprescritibilidade da
ação que visa reparar danos provocados pelos atos de exceção não implica no afastamento da prescrição
quinquenal sobre as parcelas eventualmente devidas ao autor. Não se deve confundir imprescritibilidade da ação
de reintegração com imprescritibilidade dos efeitos patrimoniais e funcionais dela decorrentes, sob pena de
prestigiar a inércia do Autor, o qual poderia ter buscado seu direito desde a publicação da Constituição da
República. Em outras palavras, o recebimento dos “atrasados” ficará restrito aos últimos 5 anos contados do
pedido.
Jurisprudência em Teses do STJ
EDIÇÃO N. 9: CONCURSOS PÚBLICOS - I
1) A banca examinadora pode exigir conhecimento sobre legislação superveniente à publicação do edital, desde
que vinculada às matérias nele previstas.
2) O Poder Judiciário não analisa critérios de formulação e correção de provas em concursos públicos, salvo nos
casos de ilegalidade ou inobservância das regras do edital.
Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas
dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas.
Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com
o previsto no edital do certame. STF. Plenário. RE 632853, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/04/2015
(repercussão geral) (Info 782).
3) A limitação de idade, sexo e altura para o ingresso na carreira militar é válida desde que haja previsão em lei
específica e no edital do concurso público.
4) Somente a lei pode estabelecer limites de idade nos concursos das Forças Armadas, sendo vedado, diante do
princípio constitucional da reserva legal, que a lei faculte tal regulamentação a atos administrativos expedidos pela
Marinha, Exército ou Aeronáutica.
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5) A aferição do cumprimento do requisito de idade deve se dar no momento da posse no cargo público e não no
momento da inscrição.
Superada, em parte. Penso que a tese continua válida para a idade mínima. A idade mínima deve ser comprovada
na data da posse. Entretanto, a idade máxima deve ser comprovada no momento da inscrição no certame. Isso
porque é impossível se antever, com certeza, a data em que será realizada a fase final do concurso ou a posse.
Nesse sentido:
O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser
comprovado no momento da inscrição no certame. STF. 2ª Turma. RE 962116 AgR, Rel. Celso de Mello, julgado em
16/12/2016. STJ. 1ª Turma. RMS 48.366/AC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/05/2017.
6) O edital é a lei do concurso e suas regras vinculam tanto a Administração Pública quanto os candidatos.
7) O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos
deficientes. (Súmula n. 377 do STJ)
Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim de
disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
8) A exigência de exame psicotécnico é legítima quando prevista em lei e no edital, a avaliação estiver pautada em
critérios objetivos e o resultado for público e passível de recurso.
Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público.
9) Constatada a ilegalidade do exame psicotécnico, o candidato deve ser submetido a nova avaliação, pautada por
critérios objetivos e assegurada a ampla defesa.
10) A exigência de teste de aptidão física é legítima quando prevista em lei, guardar relação de pertinência com as
atividades a serem desenvolvidas, estiver pautada em critérios objetivos e for passível de recurso.
11) É vedada a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no caso de incapacidade temporária,
salvo previsão expressa no edital.
Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em
razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no
edital permitindo essa possibilidade. STF. Plenário. RE 630733/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2013
(Repercussão Geral – Tema 335) (Info 706).
EXCEÇÃO: as candidatas gestantes possuem (Tese 12 abaixo).
12) É possível a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no caso de gravidez, sem que isso
caracterize violação do edital ou do princípio da isonomia.
É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização,
independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF. Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (Repercussão Geral – Tema 973).
13) O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude da
existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado ou extinta pela
prescrição da pretensão punitiva.
Essa tese deve ser lida em harmonia com o entendimento do STF:
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso
público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a ação penal. STF.
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Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 (Repercussão Geral – Tema 22) (Info
965).
14) O entendimento de que o candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação
social, em virtude da existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado
ou extinta pela prescrição da pretensão punitiva não se aplica aos cargos cujos ocupantes agem stricto sensu em
nome do Estado, como o de delegado de polícia.
Essa tese deve ser lida em harmonia com o entendimento do STF:
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso
público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a ação penal. STF.
Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 (Repercussão Geral – Tema 22) (Info
965).
A partir do voto do Min. Roberto Barroso, é possível que apontemos algumas conclusões sobre o tema:
• Em regra, não é permitida a eliminação de candidato a concurso público pelo simples fato de ele responder a
inquérito ou a ação penal. Isso viola os princípios da presunção de inocência, da liberdade profissional e da ampla
acessibilidade aos cargos públicos.
• É possível, no entanto, que a lei preveja, para determinados cargos públicos, a exigência de qualificações mais
restritas e rígidas ao candidato, como, por exemplo, as carreiras da magistratura, das funções essenciais à justiça
— Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública — e da segurança pública.
• Para esses cargos, é possível que a lei preveja a eliminação do candidato que tenha contra si condenação
definitiva ou condenação de órgão colegiado (ainda que sujeita a recurso). Vale ressaltar também que é necessário
que exista uma relação de incompatibilidade entre a natureza do crime e as atribuições do cargo. Logo, a lei não
pode prever, de forma genérica, que toda condenação penal deva ensejar a proibição do indivíduo de se candidatar
a concurso público.
15) O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude da
existência de registro em órgãos de proteção ao crédito.
16) O candidato pode ser eliminado de concurso público quando omitir informações relevantes na fase de
investigação social.
17) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança, na hipótese de exclusão do
candidato do concurso público, é o ato administrativo de efeitos concretos e não a publicação do edital, ainda que
a causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.
18) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado segurança, na hipótese em que o
candidato aprovado em concurso público não é nomeado, é o término do prazo de validade do concurso.
19) O encerramento do concurso público não conduz à perda do objeto do mandado de segurança que busca aferir
suposta ilegalidade praticada em alguma das etapas do processo seletivo.
EDIÇÃO N. 11: CONCURSOS PÚBLICOS - II
1) O candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital tem direito subjetivo a ser nomeado no
prazo de validade do concurso.
O candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas previsto no edital tem direito subjetivo à
nomeação (STF. Plenário. RE 598099, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 10/08/2011 Repercussão Geral – Tema 161).
2) A desistência de candidatos convocados, dentro do prazo de validade do concurso, gera direito subjetivo à
nomeação para os seguintes, observada a ordem de classificação e a quantidade de vagas disponibilizadas.
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Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
3) Superada. A abertura de novo concurso, enquanto vigente a validade do certame anterior, confere direito
líquido e certo a eventuais candidatos cuja classificação seja alcançada pela divulgação das novas vagas.
REGRA: o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo durante o prazo de
validade do certame anterior não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das
vagas previstas no edital.
EXCEÇÃO:
Haverá direito à nomeação se o candidato conseguir demonstrar, de forma cabal:
• que existe inequívoca necessidade de nomeação de aprovado durante o período de validade do certame; e
• que está havendo preterição arbitrária e imotivada por parte da administração ao não nomear os aprovados.
O STF fixou a seguinte tese:
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade
do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas
previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração,
caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade
de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo
candidato.
Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes
hipóteses:
a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e
c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a
preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima. STF.
Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (Repercussão Geral – Tema 784) (Info 811).
4) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui mera expectativa de direito à
nomeação, que se convola em direito subjetivo caso haja preterição na convocação, observada a ordem
classificatória.
5) A simples requisição ou a cessão de servidores públicos não é suficiente para transformar a expectativa de
direito do candidato aprovado fora do número de vagas em direito subjetivo à nomeação, porquanto
imprescindível a comprovação da existência de cargos vagos.
6) O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui mera expectativa de direito à
nomeação, que se convola em direito subjetivo caso haja preterição em virtude de contratações precárias e
comprovação da existência de cargos vagos.
Essa tese deve ser lida com cautela.
O simples fato de ter havido contratação precária não gera, automaticamente, direito à nomeação e não serve
para demonstrar a existência de cargos vagos.
(...) 3. No que tange à contratação precária, “o Supremo Tribunal Federal (ADI 3.721/CE, Tribunal Pleno, Rel.
Ministro Teori Zavascki, DJe de 12.8.2016) entende válida a contratação temporária, quando tiver por finalidade
evitar a interrupção da prestação do serviço, isso sem significar vacância ou a existência de cargos vagos. Assim, a
contratação temporária de terceiros não constitui, pura e simplesmente, ato ilegal - nem é indicativo da existência
de cargo vago, para o qual há candidatos aprovados em cadastro reserva -, devendo ser comprovada, pelo
candidato, a ilegalidade da contratação ou a existência de cargos vagos.” (STJ. 2ª Turma. RMS 62.484/MG, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 05/03/2020)
A contratação temporária para atender à necessidade transitória de excepcional interesse público, consoante o
art. 37, IX, da Constituição da República, não tem o condão, por si só, de comprovar a preterição dos candidatos
300
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
regularmente aprovados e a existência de cargos efetivos vagos (STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 59.697/MG, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 06/02/2020).
7) Não ocorre preterição na ordem classificatória quando a convocação para próxima fase ou a nomeação de
candidatos com posição inferior se dá por força de cumprimento de ordem judicial.
8) A surdez unilateral não autoriza o candidato a concorrer às vagas reservadas às pessoas com deficiência.
Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim de
disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
9) Deverão ser reservadas, no mínimo, 5% das vagas ofertadas em concurso público às pessoas com deficiência e,
caso a aplicação do referido percentual resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro
número inteiro subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das vagas ofertadas, conforme art.
37, §§ 1º e 2º, do Decreto n. 3.298/99, e art. 5º, §2º, da Lei n. 8.112/90.
10) O candidato sub judice não possui direito subjetivo à nomeação e à posse, mas à reserva da respectiva vaga
até que ocorra o trânsito em julgado da decisão que o beneficiou.
11) A nomeação ou a convocação para determinada fase de concurso público após considerável lapso temporal
entre uma fase e outra, sem a notificação pessoal do interessado, viola os princípios da publicidade e da
razoabilidade, não sendo suficiente a publicação no Diário Oficial.
12) Não se aplica a teoria do fato consumado na hipótese em que o candidato toma posse em virtude de decisão
liminar, salvo situações fáticas excepcionais.
Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no cargo, sob
fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse em decorrência de execução
provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precária, supervenientemente revogado ou
modificado. STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (Repercussão Geral –
Tema 476) (Info 753).
Cuidado. Em regra, o STJ acompanha o entendimento do STF e decide que é inaplicável a teoria do fato consumado
aos concursos públicos, não sendo possível o aproveitamento do tempo de serviço prestado pelo servidor que
tomou posse por força de decisão judicial precária, para efeito de estabilidade. Contudo, em alguns casos, o STJ
afirma que há a solidificação de situações fáticas ocasionada em razão do excessivo decurso de tempo entre a
liminar concedida e os dias atuais, de maneira que, a reversão desse quadro implicaria inexoravelmente em danos
desnecessários e irreparáveis ao servidor.
Em outras palavras, o STJ entende que existem situações excepcionais nas quais a solução padronizada ocasionaria
mais danos sociais do que a manutenção da situação consolidada, impondo-se o distinguishing, e possibilitando a
contagem do tempo de serviço prestado por força de decisão liminar, em necessária flexibilização da regra. STJ. 1ª
Turma. AREsp 883574-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
13) É legítimo estabelecer no edital de concurso público critério de regionalização.
14) É legítimo estabelecer no edital de concurso público limite de candidatos que serão convocados para as
próximas etapas do certame (Cláusula de Barreira).
É constitucional a regra denominada “cláusula de barreira”, inserida em edital de concurso público, que limita o
número de candidatos participantes de cada fase da disputa, com o intuito de selecionar apenas os concorrentes
mais bem classificados para prosseguir no certame. STF. Plenário. RE 635739/AL, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 19/2/2014 (Repercussão Geral – Tema 376) (Info 736).
301
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
15) O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o
concurso público. (Súmula n. 266/STJ)
Atenção. A Súmula 266-STJ não se aplica para concursos da magistratura e MP:
A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz ou membro do MP deve
ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 655265/DF, rel.
orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 13/4/2016 (Repercussão Geral – Tema 509)
(Info 821).
Vale ressaltar também que existem alguns julgados do STF admitindo que a lei e o edital exijam os requisitos para
o cargo no momento da inscrição. Nesse sentido:
O Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência no sentido de que o limite de idade, quando regularmente fixado
em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição do certame
(STF. 1ª Turma. ARE 840592 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/06/2015).
16) Nos concursos públicos para ingresso na Magistratura ou no Ministério Público a comprovação dos requisitos
exigidos deve ser feita na inscrição definitiva e não na posse.
Nesse sentido: STF. Plenário. RE 655265/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado
em 13/4/2016 (Repercussão Geral – Tema 509) (Info 821).
17) A prorrogação do prazo de validade de concurso público é ato discricionário da Administração, sendo vedado
ao Poder Judiciário o reexame dos critérios de conveniência e oportunidade adotados.
EDIÇÃO N. 15: CONCURSOS PÚBLICOS - III
1) A Administração atua com discricionariedade na escolha das regras do edital de concurso público, desde que
observados os preceitos legais e constitucionais.
2) A exoneração de servidor público em razão da anulação do concurso pressupõe a observância do devido
processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
3) O candidato que possui qualificação superior à exigida no edital está habilitado a exercer o cargo a que prestou
concurso público, nos casos em que a área de formação guardar identidade.
4) O Ministério Público possui legitimidade para propor ação civil pública com o objetivo de anular concurso
realizado sem a observância dos princípios estabelecidos na Constituição Federal.
5) A nomeação tardia do candidato por força de decisão judicial não gera direito à indenização.
Essa tese deve ser lida em harmonia com o entendimento do STF:
Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob
fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.
STF. Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
26/2/2015 (Repercussão Geral – Tema 671) (Info 775).
6) O servidor não tem direito à indenização por danos morais em face da anulação de concurso público eivado de
vícios.
7) O militar aprovado em concurso público e convocado para a realização de curso de formação tem direito ao
afastamento temporário do serviço ativo na qualidade de agregado.
302
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
8) O provimento originário de cargos públicos deve se dar na classe e padrão iniciais da carreira, conforme a
legislação vigente na data da nomeação do servidor.
9) A Administração Pública pode promover a remoção de servidores concursados, sem que isso caracterize, por si
só, preterição aos candidatos aprovados em novo concurso público.
10) Há preterição de candidatos aprovados se as vagas regionalizadas estabelecidas no edital de concurso público
forem preenchidas por remoção lançada posteriormente ao início do certame.
11) O candidato aprovado dentro do número de vagas que requer transferência para o final da lista de classificados
passa a ter mera expectativa de direito à nomeação.
EDIÇÃO N. 103: CONCURSO PÚBLICO - IV
1) O Poder Judiciário não pode substituir a banca examinadora do certame e tampouco se imiscuir nos critérios de
atribuição de notas e de correção de provas, visto que sua atuação se restringe ao controle jurisdicional da
legalidade do concurso público e da observância do princípio da vinculação ao edital.
2) A divulgação, ainda que a posteriori, dos critérios de correção das provas dissertativas ou orais não viola, por si
só, o princípio da igualdade, desde que os mesmos parâmetros sejam aplicados uniforme e indistintamente a todos
os candidatos.
Atenção. Existe julgado em sentido contrário:
Não é legítima a conduta da banca examinadora de divulgar o espelho de provas com a motivação das notas após
ser contestada na via judicial ou administrativa. STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 20/4/2017 (Info 603).
3) O provimento originário em concurso público não permite a invocação do instituto da remoção para
acompanhamento de cônjuge ou companheiro, em razão do prévio conhecimento das normas expressas no edital
do certame.
4) A administração pública pode anular, a qualquer tempo, o ato de provimento efetivo flagrantemente
inconstitucional, pois o decurso do tempo não possui o condão de convalidar os atos administrativos que afrontem
a regra do concurso público.
5) A investidura em cargo público efetivo submete-se a exigência de prévio concurso público, sendo vedado o
provimento mediante transposição, ascensão funcional, acesso ou progressão.
Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na
qual anteriormente investido.
6) Na hipótese de abertura de novo concurso público dentro do prazo de validade do certame anterior, o termo
inicial do prazo decadencial para a impetração do mandado de segurança por candidatos remanescentes é a data
da publicação do novo edital.
7) A nomeação ou a posse tardia de candidato aprovado em concurso público, por força de decisão judicial, não
configura preterição ou ato ilegítimo da Administração Pública a justificar uma contrapartida indenizatória, salvo
situação de arbitrariedade flagrante.
8) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de decisão judicial, à qual atribuída
eficácia retroativa, não gera direito às promoções e às progressões funcionais que alcançariam caso a nomeação
houvesse ocorrido a tempo e a modo.
303
Resumo Tabelado de Direito Administrativo – Siga @corujinha_juridica
9) A vedação de execução provisória de sentença contra a Fazenda Pública inserida no art. 2º-B da Lei n.
9.494/1997 não incide na hipótese de nomeação e de posse em razão de aprovação em concurso público.
Art. 2º-B. A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação,
equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu
trânsito em julgado.
10) A contratação de servidores sem concurso público, quando realizada com base em lei municipal autorizadora,
descaracteriza o ato de improbidade administrativa, em razão da ausência de dolo genérico do gestor público.
11) O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o saldo respectivo quando declarado nulo seu
contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em concurso público. (Súmula n. 466/STJ) (Recurso
Repetitivo - Tema 141)
EDIÇÃO N. 115: CONCURSO PÚBLICO - V
1) A Justiça do Trabalho não tem competência para decidir os feitos em que se discutem critérios utilizados pela
administração para a seleção e a admissão de pessoal em seus quadros, uma vez que envolve fase anterior à
investidura no emprego público.
2) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas visando a obtenção de prestações trabalhistas, nas
hipóteses em que o trabalhador foi admitido na administração pública pelo regime celetista, antes da Constituição
Federal de 1988 e sem concurso público.
3) As contratações temporárias celebradas pela administração pública, na vigência da Constituição Federal de
1988, ostentam caráter precário e submetem-se à regra do art. 37, inciso IX, não sendo passíveis de transmutação
de sua natureza eventual pelo decurso do tempo.
4) Não ocorre a decadência administrativa prevista no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 em situações de evidente
inconstitucionalidade, como é o caso de admissão de servidores sem concurso público.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
5) Não é possível estender a estabilidade excepcional do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
- ADCT aos servidores contratados sem concurso público após a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração
direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos
cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público.
6) A contratação de servidores temporários ou o emprego de servidores comissionados, terceirizados ou
estagiários, por si sós, não caracterizam preterição na convocação e na nomeação de candidatos advindos de
concurso público, tampouco autorizam a conclusão de que tenham automaticamente surgido vagas correlatas no
quadro efetivo, a ensejar o chamamento de candidatos aprovados em cadastro de reserva ou fora do número de
vagas previstas no edital.
7) Ocorrida a vacância na titularidade da serventia extrajudicial na vigência da atual Constituição Federal, o
provimento de novo titular deve ser realizado por meio de concurso público, nos termos do art. 236, § 3º, da
CF/1988.
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Art. 236 (...) § 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos,
não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção,
por mais de seis meses.
8) O direito à liberdade de crença, assegurado pela Constituição, não pode criar situações que importem
tratamento diferenciado - seja de favoritismo, seja de perseguição - em relação a outros candidatos de concurso
público que não professam a mesma crença religiosa.
9) É ilegítima a previsão de edital de concurso público que exige o prévio registro na Delegacia Regional do Trabalho
como condição para que os graduados em Letras ou em Secretariado Bilíngue exerçam a atividade de Secretário-
Executivo.
10) A investigação social em concursos públicos, além de servir à apuração de infrações criminais, presta-se a
avaliar idoneidade moral e lisura daqueles que desejam ingressar nos quadros da administração pública.
11) Em concursos públicos, a inaptidão na avaliação psicológica ou no exame médico exige a devida
fundamentação.
12) É indevida a acumulação de proventos de duas aposentadorias, de cargos públicos não acumuláveis na
atividade, ainda que uma delas seja proveniente do reingresso no serviço público mediante aprovação em
concurso, antes da Emenda Constitucional n. 20/98.
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FGV tem cobrado nas últimas provas
Fiquem ligados!
O TERCEIRO SETOR (também chamado de Paraestatais ou Administração Dialógica) são entidades privadas que
atuam ao lado do estado seeeemmmm fins lucrativos (porém, controlados pelo Tribunal de Contas). Nenhuma delas
integram a administração pública nemmm presta serviço público, apenas atuam com a finalidade de INTERESSE
PÚBLICO. Divide-se em:
Chamamento Público -
--> publicação do
edital no site do órgão
interessado ---> e
classificação das
propostas, que terão
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os
seguintes requisitos:
a) habilitação da
entidade;
c) 1, 2, ou 3 anos de
existência
d) experiência no
objeto;
e) capacidade técnica
e operacional;
→ Contrato de gestão: firmado quando a parceria ocorre com uma organização social,
nos termos da Lei 9.637/1998.
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Revogação Retirada se dá por razões de conveniência e oportunidade.
Caducidade Retirada se dá porque uma norma jurídica posterior tornou inviável a permanência da situação
antes permitida pelo ato.
Contraposição Retirada se dá pela edição posterior de atos cujos efeitos se contrapõem ao anteriormente
ou Derrubada emitido.
Renúncia Retirada se dá porque o próprio beneficiário abriu mão de uma vantagem de que desfrutava.
Reforma Incide sobre o ato válido que é aperfeiçoado, por razões de conveniência e oportunidade, para
que melhor atenda aos interesses públicos. A reforma se distingue da convalidação, afinal esta
recai sobre atos ilegais, e aquela, sobre atos legais.
Conversão Atinge ato inválido, mudando-o para outra categoria, para que se aproveitem os efeitos
produzidos.
Atos Estão fora do ordenamento jurídico, em virtude da violação de princípios básicos que norteiam
Inexistentes a atuação das pessoas dentro de determinada sociedade. Esses atos não podem ser
convalidados. Também, não podem ser garantidos efeitos pretéritos produzidos, mesmo em
relação a terceiros de boa-fé.
Atos Nulos São aqueles declarados em lei como tais. A retirada produz efeitos ex tunc. Não podem ser
convalidados. Podem ser garantidos alguns efeitos pretéritos produzidos em relação a
terceiros de boa-fé.
Atos Anuláveis Possuem vícios que admitem conserto, podendo ser assim convalidado.
Atos Irregulares Sofrem vício material irrelevante, mediante o desrespeito de normas internas de
padronização, não ensejando a nulidade do ato, mas tão somente a responsabilização do
agente público que o praticou.
Teoria da A nomeação do servidor sem concurso público é nula, mas os atos praticados são válidos, em
Aparência atenção ao princípio da segurança jurídica. Não há devolução de salários, já que os serviços
foram prestados.
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FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
ANULAÇÃO: esta ocorre quando o ato administrativo está eivado pelo vício da ilegalidade,
podendo ocorrer tanto pela própria Administração, quanto pelo Judiciário, seja em atos
vinculados ou discricionários, tem efeitos ex tunc (via de regra), ou seja, retroagem os seus
efeitos, pois do ato não se originam direitos.
REVOGAÇÃO: esta ocorre quando um ato administrativo discricionário legal (válido) deixa de ser
conveniente ou oportuno para a Administração. Não pode o Judiciário revogar atos
administrativos, pois a revogação envolve juízo de valores, os quais não podem ser realizados pelo
Judiciário, sob pena de ferir a separação dos poderes. Os efeitos da revogação são ex nunc, ou
seja, não retroagem, pois o ato foi plenamente válido até a data de sua revogação, preservando
os direitos adquiridos até então.
CADUCIDADE: ocorre quando norma jurídica posterior torne ilegal a situação jurídica antes
autorizada. Exemplo: caducidade de permissão para construção em área que foi declarada de
preservação ambiental.
RENÚNCIA: ocorre quando o próprio beneficiário abre mão da vantagem que tinha com o ato
administrativo
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constituem objeto de delegação de serviço público ou celebram contrato de gestão com o ministério
de concessão para exploração de bem público; supervisor.
A contraprestação do Poder Público não pode Ex: contrato firmado com uma determinada empresa
ultrapassar 70%, salvo se estabelecida por lei para que ela execute a construção de um presídio
específica, sob pena de desnaturar o caráter de federal, ficando, posteriormente, responsável pela
concessão de serviço público (art. 10, §3° da Lei prestação do serviço penitenciário. Nesses casos, a
11.079/04). cobrança das tarifas pela prestação da atividade será
feita diretamente à Administração que se apresenta
como usuária do serviço.
- ATOS NORMATIVOS: atos gerais e abstratos; produz norma geral; não pode inovar no ordenamento jurídico.
EXEMPLOS: regulamento (materializado por meio de decreto); aviso; instrução
normativa; regimento; deliberações; resolução.
- ATOS ORDINATÓRIOS: atos de ordenação e organização interna que decorrem do poder hierárquico.
EXEMPLOS: portaria; circular; ordem de serviço; despacho; memorando; ofício.
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- ATOS NEGOCIAIS: atos por meio dos quais a administração concede direitos pleiteados por particulares.
EXEMPLOS: autorização; permissão; licença; admissão; aprovação; homologação.
- ATOS ENUNCIATIVOS: estabelecem opiniões e conclusões do ente estatal; verificam e atestam situação de
fato ocorrida que afeta a atuação estatal. EXEMPLOS: atestado, certidão, apostila ou averbação; parecer.
A lei estabelece que essas avenças devem prever a prestação de serviços públicos como objeto
do contrato, ainda que não seja objeto único. Sendo assim, NÃO será possível a celebração de
um contrato de concessão especial somente para a execução de obras públicas ou
fornecimento de bens à Administração (art. 2°, §4° da Lei 11.079/04).
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Autorização Permissão Concessão
ato administrativo ato administrativo contrato administrativo
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remunerada ou não há precariedade não há precariedade
revogável a qualquer tempo (sem sem prazo (em regra) prazo determinado
indenização), salvo se outorgada c/
prazo ou condicionada. remunerada ou não remunerada ou não
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
PREJUÍZO AO ERÁRIO
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perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância
perda da função pública
suspensão dos direitos políticos até 12 (doze) anos
pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano
proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 12 (doze) anos
CONTRA OS PRINCÍPIOS
pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente
proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 4 (quatro) anos
O QUE É: Acordo entre os Entes da Federação e a PJ infratora (não é PF) que colabora com a
investigação.
REQUISITOS:
IMPORTANTE
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Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas que integram o mesmo
grupo econômico, desde que firmem o acordo em conjunto
Quando o acordo se tornará público? após a sua efetivação (salvo no interesse das investigações
e do processo adm.
Art.16, §9°
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da data da ciência
da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
conclusão em 180 dias contados da data da publicação do ato que a instituir (Art. 10.§ 3º) poderá
ser prorrogado, mediante ato fundamentado da autoridade instauradora.
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30 dias para defesa contados a partir da intimação. (Art. 11.)
Ratificação -> correção da competência ou forma se não for competência exclusiva ou desde que
a forma não seja essencial à validade do ato
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