Você está na página 1de 112

DIREITO ADMINISTRATIVO

Critérios para conceituar o Direito Administrativo:


Fonte primária: lei em sentido amplo; qualquer ato normativo caracterizado por impessoalidade
(isonomia), generalidade e abstração (disciplina situações futuras, tese aplicável a situações
indeterminadas).

Jurisprudência: em regra não tem força vinculate pois possui efeitos inter partes, sendo fonte
secundária ou subsidiária. A exceção é para: decisões em controle concentrado de
constitucionalidade e súmulas vinculantes (possuem efeitos erga omnes), que constituem fonte
primária.

Costumes: perderam sua influência em razão do princípio da legalidade. Precisa ser: aplicado
durante longo período de tempo; não contrário à lei; consciência de obrigatoriedade.
1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Sistemas administrativos:

® Sistema francês – ou de contencioso administrativo ou sistema de dualidade de jurisdição


– caracterizase pela existência do Poder Judiciário e da Justiça Administrativa. Dessa forma,
os atos da Administração Pública não são julgados pelo Poder Judiciário, mas sim pelos
tribunais administrativos. Vale mencionar que os tribunais administrativos também decidem
com força de definitividade, fazendo com que suas decisões não possam ser revistas pelo
Poder Judiciário. Portanto, o sistema francês é chamado de sistema de dualidade de
jurisdição, pois existem dois tipos de órgãos com capacidade para decidir com
definitividade: (a) a jurisdição administrativa – com competência para decidir as matérias de
índole administrativa; (b) a jurisdição comum (Poder Judiciário) – com competência para
decidir os demais litígios.

® Sistema inglês ou de jurisdição única – também chamado de unidade de jurisdição, jurisdição


una ou monopólio de jurisdição – todos os litígios, administrativos ou de caráter privado,
serão solucionados com força de definitividade na justiça comum, ou seja, pelos juízes e
tribunais do Poder Judiciário. Assim, somente o Poder Judiciário possui jurisdição em
sentido próprio.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

Sentido amplo: pode ser subjetivo (abrange órgãos governamentais, aos quais incumbe traçar
planos de ação, dirigir e comandar, assim como os órgãos administrativos, subordinados e
dependentes, aos quais cabe executar os planos governamentais) ou objetivo (abrange a função
política e a administrativa).

Em sentido estrito a expressão trata tão somente dos órgãos e entidades administrativos que
exercem função administrativa (responsáveis pela execução dos planos de governo). Nesse
aspecto se divide em:

® Sentido Objetivo/Material/Funcional: atividade concreta e imediata que o Estado


desenvolve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos
interesses coletivos.
• Fomento: incentivo à iniciativa privada de interesse ou utilidade pública (auxílios
financeiros ou subvenções, financiamentos, favores fiscais, repasses, etc.);
• Polícia administrativa: poder de polícia (imposição de restrições, limitações ou
condicionamentos ao exercício das atividades privadas em prol do interesse
coletivo);
• Serviço público: atividade concreta e imediata que a Administração Pública
executa para satisfazer necessidades coletivas;
• Intervenção administrativa: regulamentação e fiscalização da atividade
econômica privada (indireta); atuação direta do Estado no domínio econômico
(empresas estatais); intervenção na propriedade privada (desapropriação,
servidão administrativa, tombamento, ocupação, etc).
® Sentido Subjetivo/Formal/Orgânico: os sujeitos que desempenham a função administrativa,
conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que tenham a incumbência de executar as
atividades administrativas.

Governo:

• Sentido formal: conjunto de Poderes e órgãos constitucionais;


• Sentido material: complexo de funções estatais básicas;
• Sentido operacional: condução política dos negócios públicos.

Atuação do Estado:

• Entidades: com personalidade jurídica;


• Órgãos: sem personalidade jurídica;
• Agentes públicos: pessoas físicas.

ENTIDADES

Conceito da Lei 9.784/99: a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica (aptidão


genérica de adquirir direitos e contrair obrigações em nome próprio).

Entidade política ou primária (centralização): pessoas jurídicas de direito público que recebem
suas atribuições diretamente da CF, integrando a estrutura constitucional do Estado (União,
estados, DF e municípios); possuem órgãos despersonalizados que prestam os serviços; têm
capacidade genérica; possuem autonomia plena/autonomia política:

• Auto-organização (e autolegislação) – organização por meio de constituição estadual ou


lei orgânica, entre outras leis (capacidade de legislar);
• Autogoverno – organizar os Poderes locais;
• Autoadministração – capacidade para prestar os serviços de sua competência.

Entidade administrativa (Administração Indireta/ descentralização): pessoas jurídicas de direito


público OU privado, criadas/autorizadas por lei pelas entidades políticas (lei) para exercício de
parte de sua capacidade de autoadministração (desempenhar determinado serviço de forma
descentralizada). Têm capacidade específica (somente capacidade de autoadministração,
restrita). São: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista.

• Descentralização por outorga, por serviços, técnica ou funcional: o Estado cria uma
entidade com personalidade jurídica própria, por meio de lei (criação ou autorização para
criação), e a ela transfere a titularidade e a execução do serviço > administração indireta
(autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas);
presunção de definitividade / transferência de titularidade + execução / sem
subordinação ou hierarquia (há somente vinculação).

o O órgão central realiza a tutela (administrativa), supervisão (ministerial) ou


controle finalístico (controle limitado e externo de enquadramento da instituição
no programa geral do Governo e adequação das atividades desempenhadas) por
expressa previsão legal). Adm direta à adm indireta.

• Descentralização por delegação ou colaboração, ou negocial: SOMENTE a execução do


serviço é transferida por contrato (bilateral) ou ato administrativo (unilateral) à pessoa
jurídica de direito privado preexistente; submetida a fiscalização do Estado (controle mais
amplo, porém não há realação herárquica) > delegatários por concessão, permissão ou
autorização.

o Por ato administrativo: AUTORIZAÇÃO > não há prazo determinado; precariedade


– pode ser revogado a qualquer tempo, em regra, sem direito a indenização;

o Por contrato administrativo: CONCESSÃO / PERMISSÃO > prazo determinado,


estabelecimento de cláusulas legais e contratuais para sua modificação ou
revogação.

• Descentralização territorial ou geográfica: trata-se da criação de territórios – pessoa


jurídica de direito público com limites territoriais determinados e competências
administrativas genéricas para atuar em diversas áreas dentro do seu limite geográfico.
Não tem capacidade política, somente capacidade administrativa genérica, sendo
chamadas de autarquias territoriais.
CONCENTRAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO

Desconcentração: ocorre dentro da mesma pessoa jurídica; é técnica administrativa para


distribuição de competências e meio pelo qual surgem os órgãos públicos. Ex: organização do
Município em Secretarias, da União em Ministérios, ou de uma autarquia ou empresa pública em
departamentos. Por ser interna, existe relação hierárquica e de subordinação.

• Em razão da matéria: Ministério da Educação, da Saúde, etc...


• Por hierarquia (ou grau): ministérios, superintendências, delegacias, etc.
• Territorial ou geográfica: por região.

Controle hierárquico: poderes de comando, fiscalização, revisão, punição, delegação,


avocação, solução de conflitos de competência, etc.
Concentração: é o caminho inverso > quando a pessoa jurídica integrante da Administração
Pública extingue seus órgãos e reune em um número menor de unidades as respectivas
competências.

2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO.

É a identidade do Direito Administrativo. Diferente do Regime Jurídico da Administração Pública


(direito público e privado em que haja a atuação da administração pública).

Regime Jurídico Administrativo (direito público): prerrogativas (cláusulas exorbitantes;


supremacia do interesse público – conflito entre interesse público e privado, sem violar
garantias) e restrições (princípio da legalidade: poder-dever / indisponibilidade do interesse
público) da Administração.

O regime de direito público é um conjunto de normas jurídicas disciplinando poderes, deveres e


direitos vinculados diretamente à supremacia e à indisponibilidade dos direitos fundamentais,
aplicável no exercício da função pública buscando satisfazer os interesses indisponíveis da
sociedade. Há relação de verticalidade, porquanto o poder público se situa em posição de
superioridade na relação com o particular.

Legalidade administrativa: os agentes públicos sujeitam-se ao princípio da legalidade, somente


podendo fazer aquilo que a lei autoriza ou determina.

A administração pública estará em igualdade de condições com o particular (horizontalidade),


despido de suas prerrogativas ou restrições, quando participar do regime de direito privado (obs:
nunca estará integralmente sujeita ao direito privado, pois ainda haverá aplicação de regras de
direito público).

O Regime Jurídico da Administração são os regimes de direito público e de direito privado a que
se submete a Administração Pública. Já o Regime Jurídico Administrativo é o conjunto de traços
e conotações que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa
posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa, trata-se de prerrogativas e
sujeições, que permitem o alcance da finalidade pública do Estado e a preservação dos direitos
fundamentais e do patrimônio público.

3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

• Normas Regras (objetivas)


Princípios (gerais; postulados básicos)

• Não há hierarquia entre princípios (análise do caso concreto através da


ponderação/proporcionalidade em caso de conflito entre princípios)

• Princípios Expressos: estão assentados na CF; legalidade, impessoalidade, moralidade,


publicidade e eficiência (art. 37, caput, CF). Se aplicam a adm pub direta e indireta
(autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista), e todos os
três poderes e entes da federação.
• Atenção! Não há que se falar em possibilidade de afastamento de um princípio por razões
de interesse público!

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O Estado legisla, porém também se subordina à lei. A administração só atua naquilo que a lei
determina/autoriza (legalidade administrativa), ou seja, não age se não houver lei.

Para o administrado, esse princípio permite fazer tudo que não encontra proibição legal
(autonomia da vontade)

Legalidade em sentido amplo: a atuação deve contemplar todas as normas/ reserva legal:
assuntos que somente podem ser regulados por lei.

Reserva legal: a extinção de órgãos públicos, assim como sua criação, depende de lei específica;
a instituição de autarquias e empresas públicas depende de lei para sua criação ou autorização
por lei para criação; a extinção de cargos comissionados e efetivos vagos depende de lei, PORÉM,
quanto aos cargos públicos vagos, sua extinção poderá ocorrer por meio de decreto autônomo
do Chefe do Executivo (administrativamente).

Exceções ao princípio da legalidade:

• Edição de medidas provisórias;


• Decretação do estado de defesa; e
• Decretação do estado de sítio.

OBS STF: Em face do princípio da legalidade, pode a administração pública, enquanto não
concluído e homologado o concurso público, alterar as condições do certame constantes do
respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie, visto que, antes do
provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de direito à nomeação ou, se for o caso,
à participação na segunda etapa do processo seletivo.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Tem várias aplicações e significados e remetem a outros princípios. Natureza institucional da


atuação da administração pública, porquanto o Estado age como um só.

Þ agente público atua em nome do Estado: validade dos atos praticados por agente de fato.
Ou seja, os atos pertencem ao órgão e não ao agente público.

Þ Finalidade: é o interesse público;

Þ Ideia de igualdade/isonomia (igualdade material);


Þ Vedação à promoção pessoal (a publicidade oficial tem caráter informativo); conectado
ao princípio da moralidade. ATENÇÃO: ofender à publicidade é deixar de dar publicidade
ao ato; a promoção pessoal durante a publicidade, todavia, fere a moralidade.

Þ Imparcialidade (impedimento e suspeição).

Princípio da finalidade: em sentido amplo, o princípio da finalidade é sinônimo de interesse


público, uma vez que todo e qualquer ato da administração deve ser praticado visando à
satisfação do interesse público. Por outro lado, em sentido estrito, o ato administrativo deve
satisfazer a finalidade específica prevista em lei.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE

Þ Exigência de atuação ética/honesta/boa-fé/probidade;


Þ Vale para a administração pública, porém pode também alcançar o administrado;
Þ Juridicidade própria: nem tudo que é lícito é moral; o ato imoral permite a anulação, não
é apenas um desdobramento da legalidade. Súmula Vinculante 13: vedação ao nepotismo
(moralidade e impessoalidade), vale para toda a APU, em cargos de comissão e função de
confiança, bem como o nepotismo cruzado. ATENÇÃO: a vedação ao nepotismo, em
regra, não se aplica aos cargos de natureza política (ministro de estado, secretários
estaduais e municipais), exceto quando o caso concreto foge à razoabilidade.
Þ Moral objetiva: moral da coletividade, não importa a visão individual/intenção da pessoa;
Þ A moralidade independe de lei.
Þ Três sentidos: dever de atuação ética (probidade); concretização dos valores consagrados
na lei; e observância dos costumes administrativos.
Þ A imoralidade surge do conteúdo do ato, não sendo relevante a intenção do agente
público.

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Decorre da ideia de transparência, divulgando informações para o controle social, bem como
requisito de eficácia para certos atos (atos de efeitos gerais com destinatários indeterminados e
de efeitos externos, que alcançam os administrados).

Þ Transparência (sigilo é situação excepcional);


Þ Publicidade difere de publicação, pois esta é a divulgação oficial (diário oficial);
Þ Não é requisito de validade, mas sim de eficácia (para que o ato produza efeitos);
Þ Meios de informação: direito de petição, certidão, transparência ativa (portal da
transparência);
Þ Não é um princípio absoluto, pois há sigilo em função da segurança ou da proteção da
intimidade.
Þ Se manifesta através do direito de peticionar, direito de obter certidões e a divulgação de
ofício de informações.

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

Þ Busca de rendimento, resultados e qualidade (redução de desperdício);


Þ EC 19/98 (Reforma Administrativa);
Þ Deve ser analisado sob o aspecto da organização da APU e dos agentes públicos.

OBS: órgãos externos podem exercer o controle da eficiência e da moralidade.

Exemplos: exigência de avaliação especial de desempenho para aquisição de estabilidade e a


possibilidade de perda de cargo público (flexibilização da estabilidade) em decorrência da
avaliação periódica de desempenho.

Administração gerencial: os controles administrativos deixam de ser por processos para serem
realizados por resultados.

4. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS IMPLÍCITOS/RECONHECIDOS.

Podem advir da jurisprudência ou da doutrina e ainda de outros princípios, embora não


nomeados expressamente na CF, portanto não há rol taxativo, e informam a atuação da
administração pública.

• Supremacia e indisponibilidade do interesse público; razoabilidade e


proporcionalidade; tutela; autotutela; especialidade; motivação, contitnuidade do
serviço público; contraditório e ampla defesa; segurança jurídica.

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

É a própria razão de existir da Administração, porquanto atua voltada aos interesses da


coletividade, e está presente tanto no momento de elaboração da lei como no momento de sua
execução em concreto.

Atenção! Celso Antônio Bandeira de Mello considera a supremacia do interesse público e a


indisponibilidade dos direitos coletivos como pilares do Direito Administrativo. Todavia, a
doutrina moderna vem discutindo a mitigação da supremacia do interesse público sobre o
privado (interesse público primário x interesse público secundário – meramente estatal e não da
coletividade), porquanto é de difícil aferição o que de fato é interesse público (conceito
subjetivo), e por não poder ser superior aos direitos essenciais individuais como a dignidade da
pessoa humana.

Exemplos:

a) Nos atributos dos atos administrativos: presunção de veracidade, legitimidade e


imperatividade;
b) Na existência das cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos: permitem
a alteração ou rescisão unilateral;
c) No exercício do poder de polícia administrativa: impõe condicionamentos e
limitações ao exercício da atividade privada, buscando preservar o interesse geral;
d) Nas diversas formas de intervenção do Estado na propriedade privada:
desapropriação, servidão administrativa, tombamento, ocupação temporária e
etc.

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIADE DO INTERESSE PÚBLICO

Trata das sujeições administrativas: limitações e restrições impostas à Administração com o


intuito de evitar que esta atue de forma lesiva aos interesses públicos ou de modo ofensivo aos
direitos fundamentais dos administrados.

Exemplos: necessidade de licitar, necessidade de concurso público.

OBS: Enquanto o princípio da supremacia do interesse público não se aplica em algumas


situações (exploração de atividade econômica), o princípio da indisponibilidade do interesse
público está diretamente presente em qualquer atuação da Administração Pública.

Relativização: STF entende que é possível que a Administração faça acordos ou transações
quando seja a maneira mais eficaz de beneficiar a coletividade e o ato não seja oneroso para a
Administração.

Sentidos:

a) Poder-dever de agir: sempre que o ordenamento conceder uma competência (poder) aos
agentes públicos, esse poder representará também um dever, não podendo escolher se
deve ou não fazer, mas sim aplicar o Direito.
b) Inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses públicos: impossibilidade de
transferir aos particulares direitos relacionados aos interesses públicos que a lei lhe
encarregou de defender.

PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE

A distinção é inócua, porquanto incerta quando decorrente de estudos do direito comparado.

Þ Limitação ao excesso;
Þ Adequação na relação entre meios e fins;
Þ Limitação à discricionariedade (margem de liberdade do agente público) – não é juízo de
mérito quando o ato está eivado de desproporcionalidade.
Þ Limitação à atividade administrativa, legislativa e judicial.

Elementos a serem observados no caso concreto:

a) Adequação (pertinência, aptidão): o meio empregado deve ser compatível com o fim
desejado. Os meios devem ser efetivos para os resultados que se deseja alcançar.
b) Necessidade (exigibilidade): não deve existir outro meio menos gravoso ou oneroso para
alcançar o fim público, o meio escolhido deve ser o que causa menor prejuízo possível
para os indivíduos.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens a serem conquistadas devem
superar as desvantagens.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

Þ Os serviços públicos devem ser prestados de forma ininterrupta, pois é através deles que
o Estado desempenha suas funções essenciais ou necessárias à coletividade; (princípios
da supremacia do interesse público e da eficiência)
Þ Trata de toda a atividade administrativa (serviços públicos e atividades internas);
Þ Consequências e aplicações: restrição ao direito de greve; uso da substituição e delegação
para promover a continuidade;
Þ Não é absoluto, por exemplo no caso de inadimplência do consumidor (com a vedação
de início do corte em finais de semanas, antes de feriados e etc), bem como para ocasião
de manutenção por ordem técnica ou em razão de segurança das instalações
(necessidade de aviso prévio) ou emergência. Impossibilidade da contratada pela
Administração de invocar cláusula de exceção do contrato não cumprido do contrato
que tenha por objeto a execução de serviço público (exceptio non adimpleti contractus)
por atraso de até 90 dias nos pagamentos devidos.
Þ Reversão dos bens necessários à prestação do serviço público nos contratos de concessão
ou permissão ao fim destes, incorporando-se ao patrimônio da Administração Pública
(com a indenização daqueles ainda não amortizados).
Þ STF: é vedado o direito de greve aos policiais civis e a todos os servidores públicos que
atuem diretamente na área de segurança pública (inclusos os militares por vedação
expressa da CF/88), permitido o desconto dos dias de paralisação ou a compensação por
meio de acordo (sendo a greve, todavia, impulsionada por conduta ilícita do Poder
Público, como atraso no pagamento da remuneração, o desconto é incabível).
Þ OBS: TCU permitiu que se desse continuidade a serviços essenciais à Administração
resultantes de contrato realizado com falha em procedimento licitatório, tão somente
em período necessário para realização de nova contratação.
Þ Deste princípio também decorre a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos
contratos administrativos, pois, embora tenha a Administração Pública o poder de realizar
alterações unilaterais, estas não podem resultar em desequilíbrio do contrato.
PRINCÍPIO DO CONTROLE OU DA TUTELA

Visa assegurar que as entidades da Administração Indireta observem o princípio da


especialidade, representado pelo controle da Administração Direta sobre as atividades das
entidades administrativas, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades
institucionais. Independência x necessidade de controle. A regra é a autonomia, porquanto não
há subordinação entre a Administração Direta e a Indireta, mas tão somente vinculação.

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

Þ Estabilidade das relações jurídicas;


Þ Vedação à aplicação retroativa de nova interpretação;
Þ Preservação ao direito adquirido, coisa julgada e o ato jurídico perfeito;
Þ Súmulas vinculantes (eliminar controvérsias entre os órgãos judiciários ou entre esses e a
administração pública que acarretem grave insegurança jurídica e relevante multiplicação
de processos sobre questão idêntica); Pode haver a revisão do entendimento, porém é
vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.
Þ Temporal: prescrição e decadência;
Þ Aspecto objetivo da segurança jurídica x proteção à confiança legítima (aspecto subjetivo
– da pessoa, boa-fé que os indivíduos possuem ao crer que os atos estatais foram
praticados conforme a lei): traz a ideia da teoria da aparência, pois o administrado
presume a atuação correta e legitimidade do agente;
Þ Terceiro de boa-fé não deve ser prejudicado, podendo o ato ser convalidado com esse
propósito (também se relaciona a impessoalidade).
Þ OBS: art. 54 da Lei 9.784/1999, que dispõe que o “direito da Administração de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. Tal
regra, conjuga simultaneamente o aspecto do tempo e da boa-fé. Primeiro porque a
estabilização jurídica surge pelo decurso do tempo (segurança jurídica), mas também
depende do aspecto subjetivo: a boa-fé do beneficiário do ato (proteção à confiança).
Flexibilização do princípio da legalidade com a convalidação dos atos viciados.
Þ OBS STF: é incabível a devolução de parcelas remuneratórias percebidas de boa-fé pelo
agente público (caso a parcela seja concedida em virtude de errônea ou inadequada
interpretação da lei).

PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA

Þ SÚMULA 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Þ Anular: desfazer ato ilegal / Revogar: desfazer ato legal (inconveniente ou inoportuno;
juízo de mérito);
Þ Pode se dar de ofício ou por provocação;
Þ Afetados direitos, deve-se observar o contraditório e a ampla defesa.
Þ Di Pietro também diz que o princípio da autotutela se refere ao poder que a
Administração Pública possui para zelar pelos bens que integram o seu patrimônio.

PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO

Motivo é a causa; motivação é a demonstração dos motivos. A obrigatoriedade de motivar os


atos é formalidade necessária a permitir o controle de legalidade dos atos administrativos
(segunto o STJ, motivo é requisito necessário à formação do ato administrativo e motivação é
obrigatória ao exame da finalidade e da moralidade administrativa).

• Pressupostos de fato: o que ocorreu;


• Pressupostos de direito: legislação.

OBS: motivação aliunde é realizada pela mera referência, no ato, a pareceres, informações ou
propostas anteriores, que serão parte integrante do ato. Em decisões reiteiradas é possível ser
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não se
prejudique direito ou garantia dos interessados.

Em regra, os atos administrativos devem ser motivados (vinculado ou discricionário).

Exceção: exonaração de servidor público que ocupa cargo de provimento em comissão


(exoneração ad nuntum), por possuir tratamento constitucional diferenciado.

OUTROS PRINCÍPIOS:

Princípio da juridicidade: ampliação do conceito de legalidade, segundo o qual o administrador


não se sujeita apenas à lei, mas também a todo o ordenamento jurídico, resultando em limitação
da discricionariedade administrativa.

Princípio do contraditório e da ampla defesa: CF – aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes. Relação com o princípio do devido processo legal (CF –
ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal).

• Contraditório: tomar conhecimento das alegações da parte contrária e contra elas poder
se contrapor, influenciando o convencimento do julgador;
• Ampla defesa: direito de alegar e provar o que alega, podendo valer-se de todos os meios
e recursos juridicamente válidos (vedação ao cerceamento de defesa). OBS: Súmula
Vinculante 5 – a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição).
Princípio da especialidade: reflete a ideia de descentralização administrativa, com a criação de
entidades para o desempenho de finalidades específicas (princípios da legalidade e da
indisponibilidade do interesse público).

• A criação ou a autorização da criação das entidades da Administração Indireta


(autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista)
depende de lei específica que indique as finalidades da entidade, vedando o exercício de
atividades diversas das previstas, sob pena de nulidade do ato e punição dos
responsáveis.

Princípio da hierarquia: princípio típico da função administrativa; relação de coordenação e de


subordinação na administração. O subordinado deve cumprir ordens emanadas de seus
superiores hierárquicos. Decorre desse princípio a possibilidade de revisão dos atos dos
subordinados, delegar (passar a parcela do exercício de uma competência a outro) e avocar
(atrair para si uma competência originalmente de seu subordinado). Segundo Di Pietro, com o
advendo das súmulas vinculantes, passa a existir uma relação de subordinação hierárquica dos
órgãos do Poder Judiciário ao STF, bem como em decorrência de decisões proferidas nas ADI ou
ADC.

Princípio DA PRECAUÇÃO: prevenção de catástrofes; adoção de conduta preventiva diante da


possibilidade de danos ao ambiente ou ao interesse público. Ex: inversão do ônus da prova diante
de projetos que possam causar riscos à coletividade, cabendo ao interessado provar que seu
projeto é seguro, devendo a Administração avaliar a existência ou não de reais condições de
segurança.

Princípio da sindicabilidade: todo ato administrativo pode se submeter a algum tipo de controle
(abrange o controle jurisdicional e a autotutela).

Princípio da responsividade: o administrador deverá prestar contas, podendo ser


responsabilizado por suas condutas (princípio da indisponibilidade, o agente não é dono da coisa
pública). O agente pode ser responsabilizado por danos.

Princípio da subsidiariedade: a participação do Estado na vida da sociedade será limitada:


a) Exercício de suas funções próprias ou exclusivas;
b) Atuação de forma supletiva em questões sociais e econômicas.

Princípio da intranscendência subjetiva das sanções: a penalidade atinge a pessoa que cometeu
a irregularidade, não prejudicando aquele que não é responsável pelo fato (um administrador
não pode ser prejudicado por ato de outro).

Exemplo: ex-prefeito deixa de prestar contas sobre utilização de recursos federais, sendo
o município considerado inadimplente para receber recursos federais; esta penalidade,
todavia, atinge apenas o mandato do prefeito inadimplente, não se estendendo ao novo
prefeito, que não pode ser prejudicado por ato de outrem.
5. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Poderes administrativos são as prerrogativas da Administração: instrumentos ou mecanismos


para atingir o interesse da coletividade.
• Instrumentos pelos quais os órgãos públicos cumprem seus deveres funcionais.
• Poderes instrumentais: representam o meio para fazer valer a vontade estatal (diferente
de poder estrutural, ou políticos, que dizem respeito à estrutura do Estado).
• Poder-dever: é prerrogativa e representa dever de atuação da autoridade

PODER-DEVER de agir:
® Envolvem simultaneamente uma prerrogativa e uma obrigação de atuação;
® Legalidade e indisponibilidade do interesse público;
® A competência atribuída ao agente público é irrenunciável, sob pena de ilegalidade da
omissão (abuso de poder, responsabilidade civil da administração pública, responsabilização
do agente nas esferas penal, civil e administrativa).
DEVERES ADMINISTRATIVOS:
® Dever de eficiência (qualidade, celeridade, economicidade, atuação técnica, controle, etc);
® Dever de probidade (padrões éticos de comportamento - moralidade);
® Dever de prestar contas (qualquer um que “utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos”; a boa aplicação de recursos públicos deve ser
comprovada por quem o aplicou; alcança todos os atos de governo e de administração).
6. PODERES E DEVERES DOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS.

6.1. PODER VINCULADO X DISCRICIONÁRIO

Poder vinculado: A lei, ao outorgar a competência ao agente público, não deixa margem de
liberdade para seu exercício. Configurando-se a situação prevista na lei, o agente está vinculado
a uma única solução.

® Atenção! Não é o mesmo que ato vinculado, que é uma manifestação do poder vinculado, e
ocorre quando todos os elementos dos atos administrativos são vinculados (competência,
finalidade, forma, motivo e objeto).
® No ato discricionário também alguns elementos são vinculados (competência, finalidade e
forma), assim o poder vinculado se refere a estes elementos, enquanto o poder
discricricionário será em relação aos demais (motivo e objeto).

Poder discricionário: o agente público possui alguma margem de liberdade de atuação, podendo
fazer juízo de conveniência e oportunidade, decidindo com base no mérito administrativo. Os
limites são estabelecidos pela lei, bem como pela razoabilidade e proporcionalidade.

® Conceitos jurídicos indeterminados: caberá ao agente enquadrar a situação ao conceito.


® Limites: lei e princípios, sob pena de se configurar ato arbitrário (passível de anulação).

6.2. PODER HIERÁRQUICO

A hierarquia é relação de subordinação (poder de comando das instâncias superiores sobre as


inferiores, que tem o dever de obediência). O poder hierárquico é a distribuição e o
escalonamento de funções dentro da Administração Pública, numa relação de coordenação e
subordinação, se manifesta no exercício da função administrativa e independe de lei específica,
porquanto decorre da criação da própria estrutura hierárquica. Tem por objetivo:

® dar ordens (em regra são obrigatórias, exceto as manifestamente ilegais e situações
específicas);
® editar atos normativos internos para ordenar a atuação dos subordinados (ato
ordinatório);
® fiscalizar a atuação e rever atos (sentido amplo: legalidade e mérito / poder de controle
para anular ou revogar atos e, ainda, realizar a convalidação em se tratando de vício
sanável);
® delegar competências (atribuir competência a outrem verticalmente, é ato discricionário,
temporário e revogável / não podem ser delegados atos de natureza política); Atenção!
É possível delegar onde não há relação hierárquica por meio de ato bilateral, como o
convênio, mas não será manifestação do poder hierárquico; A subdelegação só é
permitida com a concordância expressa do delegante.
® avocar atribuições (atrair para si certa função originalmente atribuída ao subordinado /
medida excepcional que exige motivo relevante, justificação e tempo determinado, não
cabendo em caso de competência exclusiva de subordinado);
® aplicar sanções (competência indireta/mediata, por não ser a essência do poder
hierárquico, mas tão somente consequência deste, somente em relação aos servidores,
também sendo poder disciplinar).

Não pode delegar: competência exclusiva, atos normativos e decisão de recursos


administrativos.

NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE:

• Pessoas Jurídicas distintas;


• Entes federativos;
• a Administração Direta e Indireta;
• a Adm Pública e os administrados (particulares);
• os Poderes;
• as funções típicas do Legislativo e Judiciário.
6.3. PODER DISCIPLINAR

É poder-dever de punir internamente as infrações funcionais dos servidores (decorrente do


poder hierárquico) e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração
(vínculo especial), após apuração de irregularidade (respeitado o contraditório, a ampla defesa e
o devido processo legal).

Natureza:
® Discricionária: em relação à tipificação da falta e o conteúdo da sanção (gradação), nos casos
em que há margem para tal. Exemplo: quando a lei determina que a pena de demissão deve
ser aplicada não pode ser aplicada outra lei, pois não há margem de discricionariedade.
® Vinculada: em relação à apuração e o dever de aplicar a sanção (quando comprovada a
ocorrência da infração).

6.4. PODER REGULAMENTAR OU NORMATIVO

É a prerrogativa conferida à Administração Pública para editar atos gerais para complementar as
leis e permitir a sua efetiva aplicação. Produz norma secundária que não pode inovar na ordem
jurídica, por ter caráter infralegal. Alguns autores distinguem entre poder normativo e poder
regulamentar:

Decretos regulamentares: ou decretos executivos, tem o objetivo de disciplinar a lei, sendo


competência indelegável do Chefe do Executivo (presidente, governadores e prefeitos). É ato
geral e abstrato cuja finalidade é produzir disposições operacionais uniformizadoras necessárias
à execução de lei administrativa (aquelas que devem ser executadas pela Administração).

• Leis que contenham recomendação de serem regulamentadas não são exequíveis antes
da expedição do decreto reulamentar (condição suspensiva da execução da norma);
• A regulamentação de lei é cabível quando há regramento procedimental a ser observado
pelos órgãos e agentes públicos e quando a norma utiliza expressões genéricas que
dependem de trabalho interpretativo mais acurado.
• Assegura o princípio da isonomia, evitando interpretações divergentes.
• Embora não possa inovar, pode criar obrigações secundárias, subsidiárias ou derivadas.
Decretos autônomos: faz ato normativo primário; exceção à vedação à inovação, cujo
fundamento advem da CF/88. Não se destinam a regulamentar determinada lei, mas sim tratar
de matérias não disciplinadas em lei. Hipóteses do art. 84, VI, CF, de competência privativa do
Presidente (reserva administrativa / simetria aplicável aos chefes do Executivo / delegável aos
Ministros de Estado, PGR ou AGU):

• Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar em


aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (ato normativo);
• Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos (ato de efeitos concretos).

Regulamentos autorizados: ou delegados; suprem lacunas propositalmente deixadas pelo


legislador, que dispõe tão somente sobre linhas gerais do tema.

• Deslegalização: delega competência ao Executivo para editar normas de caráter


eminentemente técnico, ainda que venham a inovar na ordem jurídica.
• É ato normativo secundário;
• Complementação à lei por intermédio de especialistas;
• Não há previsão expressa na Constituição, sendo questionável.
• Não se admite a delegação legislativa em branco, cabendo ao legislador estabelecer
diretrizes gerais.
• Não pode ser utilizado quando a CF exigir lei expressamente.

Controle dos regulamentos:

® Poder Legislativo, Judiciário e da própria Administração.


® Compete ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
do poder regulamentar.
® O Judiciário exerce o controle de legalidade, bem como o controle concentrado da
constitucionalidade de um regulamento (quando ofende diretamente o texto constitucional
– caráter normativo e autônomo).

6.5. PODER DE POLÍCIA

® Atividade fim da administração, para preservação do interesse público.

Conceito: “faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso
e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício ca coletividade ou do próprio
Estado”, Hely Lopes Meirelles.

Objeto: todo bem, direito ou atividade individual que possa afetar a coletividade ou pôr em risco
a segurança nacional, exigindo, por isso mesmo, regulamentação, controle e contenção pelo
poder público.
Finalidade: proteger o interesse público.

® Sentido amplo: toda e qualquer ação restritiva do Estado e relação aos direitos
individuais (Legislativo e Executivo);
® Sentido estrito: apenas a atividade da Administração Pública, que regulamenta as leis
de polícia ou que exerce atividades concretas de limitação e condicionamento
(regulamentação de uma lei de polícia; fiscalização do cumprimento das normas e
edição de atos de controle, como alvarás; e aplicação de sanções por violação das
normas de polícia)

® OBS: o poder de polícia também abrange a edição de normas (administrativas, secundárias,


derivadas das limitações legais)

CTN, Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Aspecto estrito: no âmbito da Administração Pública:


• Regulamentação de leis;
• Controle preventivo (ordens, notificações, licenças ou autorizações);
• Controle repressivo (imposição de medidas coercitivas).
O poder de polícia administrativa se norteia no princípio da supremacia do interesse público
sobre o privado. Pressupões vínculo genérico com particulares (alcança todos os cidadãos
indistintamente – vínculo automático).

Competência: poder exercido em todas as esferas de governo (União, estados, DF e municípios),


cuja competência é prevista na CF com base no princípio da predominância do interesse
(nacional - União, regional – Estados, ou local – regulamentos edilíciose policia administrativa
municipal).

Exemplos:

1) a regulamentação dos mercados de títulos e valores mobiliários, assunto de interesse


nacional, compete à União; a ela cabe, portanto, a respectiva fiscalização, exercida pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
2) a edição de normas pertinentes à prevenção de incêndios compete à esfera estadual;
assim, o poder de polícia relativo ao cumprimento dessas normas será realizado pelos
estados-membros, por meio, entre outros, da expedição de alvarás, da realização de
inspeções e vistorias, da interdição de edificações ou de estabelecimentos comerciais que
se encontram em situação irregular;
3) a competência para o planejamento e o controle do uso e ocupação do solo urbano é dos
municípios (interesse local); a estes cabe, portanto, o exercício das atividades de polícia
relacionadas à concessão de licenças para edificação, localização e funcionamento de
estabelecimentos industriais e comerciais; assim como à aplicação de sanções pelo
descumprimento de normas editalícias, etc.

OBS: A CF atribuiu ao DF as competências dos estados e dos municípios.

Atenção! Súmulas:

STJ, 19: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
STF, vinculante, 38: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.

6.5.1. Polícia administrativa x Polícia judiciária:

Polícia Administrativa:

• bens, direitos e atividades que serão restritas ou condicionadas em prol do interesse


coletivo;
• ação preventiva (embora haja exceções: interdição de estabelecimento, apreensão e
destruição de mercadorias).
• apura e pune ilícitos administrativos;
• Ex: infração de trânsito, descumprimento de requisitos para construir etc;
• Atividade se inicia e se conclui no âmbito administrativo.
• Realizada por diversos órgãos administrativos com competências fiscalizatórias,
envolvendo toda a Administração Pública de direito público.

Polícial Judiciária:

• pessoas envolvidas no cometimento de ilícitos penais;


• ação repressiva (embora haja exceções: monitoramento de atividades);
• apura os ilícitos penais;
• Ex: crimes e contravenções penais;
• Atividade se inicia com atuação administrativa (atividades preparatórias para o processo
jurisdicional penal), porém se conclui no judiciário.
• Realizada por órgãos de segurança (polícias civil e federal ou militar, em alguns casos,
sendo predominantemente polícia ostensiva)

® Discricionariedade: se apresenta no momento da escolha do que se deve fiscalizar e na


escolha de sanção ou medida dentre as previstas em lei (conveniência e oportunidade),
porém em certos aspectos será vinculado (presentes os requisitos em lei, o agente deve
praticar o ato correspondente).

® Autoexecutoriedade: faculdade de a Administração decidir e executar diretamente sua


decisão por seus próprios meios, sem intervenção do Judiciário. Pode ser dividida em
exigibillidade (meios indiretos de coação: multa e impossibilidade de licenciamento eoutros)
e executoriedade (meios diretos de coação: apreensão de mercadorias, interdição e outros),
nesse sentido a autoexecutoriedade não estaria presente em todas as medidas de polícia,
necessitando de autorização expressa da lei ou em se tratando de medida urgente.

® Coercibilidade: o ato é obrigatório independentemente da vontade do administrado. Alguns


atos não gozam de autoexecutoriedade e coercibilidade (atos preventivos, como a obtenção
de licença ou autorização; e atos repressivos como a cobrança de multa não paga
espontaneamente).
® Aspecto negativo: parte da doutrina. O poder de polícia se diferencia do serviço público
(prestação positiva), pois sua finalidade é impedir a prática de atos nocivos ao interesse
púbico (aspecto negativo pela não ocorrência). Todavia, há casos em que o poder de polícia
é positivo, por exemplo quando o Estado exige o cumprimento da função social da
propriedade.

6.5.2. Meios de atuação da Administração:

® Normativos: prescrevem normas gerais, abstratas e impessuais, que regulamentam uma


lei ou disciplinam atuação que trata de um condicionamento ou restrição de direitos ou
atividades (decretos, regulamentos, resoluções, instruções, etc);

® Concretos: atingem indivíduos identificados (multas, atos de consentimento, fiscalização


em estabelecimento específico).

® Atos Preventivos: representam um controle prévio (atos de consentimento), são licenças


e autorizações.
§ Licença: ato administrativo vinculado unilateral (particular preenche os
requisitos legais), relacionado aos direitos individuais.
§ Autorização: ato discricionário (a Adm. Púb. possibilita ao particular a
realização de atividade ou utilização de bem público), o particular possui
interesse porém não tem o direito subjetivo. Pode ser revogado a qualquer
tempo.

® Atos Repressivos: manifestam-se após a ocorrência de uma infração, e objetiva punir o


infrator e evitar a repetição. A autoridade lavra um auto de infração, concede o
contraditório e a ampla defesa e então poderá aplicar a sanção.
® Fiscalização: atividade preventiva (divergência), pois objetiva prevenir a ocorrência de
infração, sendo a aplicação da sanção mera decorrência daquela.

6.5.3. Ciclos ou fases de polícia:

a) Legislação ou ordem de polícia: edição de normas que condicionam ou restrigem direitos;


b) Consentimento de polícia: anuência prévia da Administração para o particular exercer a
atividade (licenças e autorizações); Atenção! Após o consentimento, o particular tem a
faculdade de exercer a atividade.
c) Fiscalização de polícia: fiscaliza o cumprimento das normas na ordem de polícia ou requisitos
previstos no consentimento.
d) Sanção de polícia: imposição de coerções ao infrator das ordens de polícia ou requisitos
previstos no consentimento.

6.5.4. Poder de polícia originário x delegado:


® Originário: exercído diretamente pelas entidades políticas (União, estados, DF e municípios),
Administração Pública Direta.

® Delegado: exercido pela Administração Pública indireta por meio de outorga legal
(descentralização por outorga). Em regra ocorre para as entidades administrativas de direito
público (autarquias e fundações autárquicas), porém o STF admite a delegação de parte do
poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado integrantes do Estado (fases de
consentimento, fiscalização e sanção).

STF: É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social
majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do
Estado e em regime não concorrencial. (tema 532)

Requisitos:

a) Por meio de lei;


b) Entidade integra administração pública indireta;
c) Capital social majoritariamente público;
d) Prestação exclusiva de serviços públicos de atuação estatal em regime não
concorrencial;
e) Somente fases de consentimento, fiscalização ou sanção.

Sanções de polícia e seus limites: espécie de sanção administrativa. A infração administrativa


pode ser disciplinar (infração funcional), ou em contratos administrativos também. Para que seja
sanção de polícia, a infranção deve ocorrer no âmbito do poder de polícia.

® Legalidade: qualquer sanção depende de previsão legal;


® Devido processo legal: concessão do contraditório e da ampla defesa, sob pena de
anulação pelo Judiciário ou pela própria Administração Pública;
® Razoabilidade e proporcionalidade.
® Tipos: multas administrativas; interdição; suspensão do exercício de direitos; demolição;
embargo administrativo de obra; destruição de gêneros alimentícios impróprios para
consumo; apreensão de mercadorias irregularmente entradas em território nacional, etc.
® Sanção de polícia x medidas de polícia: a sanção objetiva punir o descumprimento das
regras de polícia; as medidas são providências que objetivam proteger a coletividade de
mal maior. Difícil distinção, havendo confusão prática dos dois.

® Prescrição: prescreve em 5 anos a ação punitiva da Adm. Púb. federal direta e indireta,
no exercício do poder de polícia, com o objetivo de apurar (não punir, aplicar sanção)
possíveis infrações à legislação em vigor (data da prática do ato ou da cessão da
permanência ou continuidade). Atenção! Constituindo-se a infração crime, rege-se a
prescrição pela lei penal. Após a apuração, o prazo é de 5 anos para a aplicação da sanção
(STJ).

® Taxa de polícia: espécie de tributo, em razão do exercício do poder de polícia (custeia o


poder de polícia) ou utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. Basta a comprovação da
existência de órgão e estrutura competente para realizar a fiscalização.

7. USO E ABUSO DO PODER.

• Exercício (conduta omissiva ou comissiva) ilegítimo das prerrogativas da Administração


Pública, espécie de ilegalidade; é arbitrário (ilícito), que sujeita a autoriade à
responsabilização civil, penal e administrativa. Mecanismos para coibir: direito de petição e
mandado de segurança.

® Excesso de poder: o agente atua fora de sua esfera de competência (sanável em regra);

® Desvio de poder (finalidade): o agente atua dentro de sua competência, porém de forma
contrária à finalidade explícita ou implícita na lei que autoriza o ato (insanável).
8. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI NO 13.869/2019). Não consta do edital TJES!

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de tempo, no caso de negligência do querelante, retomar
autoridade, cometidos por agente público, servidor ou a ação como parte principal.
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo
exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido
de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o
atribuído.
prazo para oferecimento da denúncia.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime
CAPÍTULO IV
de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente
com a finalidade específica de prejudicar outrem ou DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero RESTRITIVAS DE DIREITOS
capricho ou satisfação pessoal.
Seção I
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na
Dos Efeitos da Condenação
avaliação de fatos e provas não configura abuso de
autoridade. Art. 4º São efeitos da condenação:
CAPÍTULO II I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do
DOS SUJEITOS DO CRIME
ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade reparação dos danos causados pela infração,
qualquer agente público, servidor ou não, da considerando os prejuízos por ele sofridos;
administração direta, indireta ou fundacional de
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
Federal, dos Municípios e de Território,
compreendendo, mas não se limitando a: III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III
equiparadas; do caput deste artigo são condicionados à ocorrência
de reincidência em crime de abuso de autoridade e não
II - membros do Poder Legislativo;
são automáticos, devendo ser declarados
III - membros do Poder Executivo; motivadamente na sentença.
IV - membros do Poder Judiciário; Seção II
V - membros do Ministério Público; Das Penas Restritivas de Direitos
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das
privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, públicas;
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a
emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos
perda dos vencimentos e das vantagens;
pelo caput deste artigo.
III - (VETADO).
CAPÍTULO III
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem
DA AÇÃO PENAL
ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
Art. 3º (VETADO).
CAPÍTULO V
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
pública incondicionada.
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública
independentemente das sanções de natureza civil ou
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
administrativa cabíveis.
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do
Lei que descreverem falta funcional serão informadas à condutor e das testemunhas;
autoridade competente com vistas à apuração.
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade,
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida
independentes da criminal, não se podendo mais de segurança ou de internação, deixando, sem motivo
questionar sobre a existência ou a autoria do fato justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
quando essas questões tenham sido decididas no juízo soltura imediatamente após recebido ou de promover
criminal. a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou
legal.
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como
no administrativo-disciplinar, a sentença penal que Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade
necessidade, em legítima defesa, em estrito de resistência, a:
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
direito.
curiosidade pública;
CAPÍTULO VI
II - submeter-se a situação vexatória ou a
DOS CRIMES E DAS PENAS constrangimento não autorizado em lei;
Art. 9º (VETADO). III - (VETADO).
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em III - produzir prova contra si mesmo ou contra
manifesta desconformidade com as hipóteses legais: terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
sem prejuízo da pena cominada à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade
judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: Art. 14. (VETADO).
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão,
pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar
profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
diversa ou de conceder liberdade provisória, quando
manifestamente cabível; Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando Parágrafo único. (VETADO).
manifestamente cabível.’
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha prossegue com o interrogatório:
ou investigado manifestamente descabida ou sem
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao
prévia intimação de comparecimento ao juízo:
silêncio; ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por
Art. 11. (VETADO). advogado ou defensor público, sem a presença de seu
patrono.
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão
em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: Violência Institucional
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a
multa. testemunha de crimes violentos a procedimentos
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
reviver, sem estrita necessidade:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de
I - a situação de violência; ou
prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária
que a decretou; II - outras situações potencialmente geradoras de
sofrimento ou estigmatização:
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de
qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
ou à pessoa por ela indicada; multa.
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e § 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide
quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela a vítima de crimes violentos, gerando indevida
revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
terços). mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes
inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de
violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
pena em dobro.
Adolescente).
Art. 16. (VETADO).
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou imóvel alheio ou suas dependências, ou nele
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: permanecer nas mesmas condições, sem determinação
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista
responsável por interrogatório em sede de no caput deste artigo, quem:
procedimento investigatório de infração penal, deixa de
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça,
identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa
a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
identidade, cargo ou função.
dependências;
Art. 17. (VETADO).
II - (VETADO);
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar
durante o período de repouso noturno, salvo se
após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco
capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente
horas).
assistido, consentir em prestar declarações:
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
socorro, ou quando houver fundados indícios que
multa.
indiquem a necessidade do ingresso em razão de
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o situação de flagrante delito ou de desastre.
envio de pleito de preso à autoridade judiciária
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência,
competente para a apreciação da legalidade de sua
de investigação ou de processo, o estado de lugar, de
prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente
alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado
que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica
sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de
a conduta com o intuito de:
enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa
Art. 20. (VETADO).
por excesso praticado no curso de diligência;
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou
e reservada do preso com seu advogado:
informações incompletos para desviar o curso da
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e investigação, da diligência ou do processo.
multa.
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede funcionário ou empregado de instituição hospitalar
o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pública ou privada a admitir para tratamento pessoa
pessoal e reservadamente com seu advogado ou cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local
defensor, por prazo razoável, antes de audiência ou momento de crime, prejudicando sua apuração:
judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório
além da pena correspondente à violência.
ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma
procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
cela ou espaço de confinamento:
manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso outro procedimento investigatório de infração penal,
de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção
com prévio conhecimento de sua ilicitude. de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de
Art. 26. (VETADO).
diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
procedimento investigatório de infração penal ou
multa.
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de
qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de
ou de infração administrativa: obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer,
sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de
sindicância ou investigação preliminar sumária, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
devidamente justificada. utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição
de agente público para se eximir de obrigação legal ou
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem
para obter vantagem ou privilégio indevido.
relação com a prova que se pretenda produzir, expondo
a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a Art. 34. (VETADO).
imagem do investigado ou acusado:
Art. 35. (VETADO).
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de extrapole exacerbadamente o valor estimado para a
prejudicar interesse de investigado: satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração,
pela parte, da excessividade da medida, deixar de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
corrigi-la:
multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no
Art. 30. (VETADO).
exame de processo de que tenha requerido vista em
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu
ou administrativa sem justa causa fundamentada ou andamento ou retardar o julgamento:
contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. multa.
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, Art. 38. (VETADO).
procrastinando-a em prejuízo do investigado ou
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações,
fiscalizado:
por meio de comunicação, inclusive rede social,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e
multa. formalizada a acusação:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
inexistindo prazo para execução ou conclusão de multa.
procedimento, o estende de forma imotivada,
CAPÍTULO VII
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
fiscalizado. DO PROCEDIMENTO
Art. 32. (VETADO). Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos
delitos previstos nesta Lei, no que couber, as
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou
disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
advogado acesso aos autos de investigação preliminar,
1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de
ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
26 de setembro de 1995.
9. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA = conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas ou federativas


(atividades administrativas do Estado de forma centralizada). Serviços prestados diretamente
pelas entidades políticas. A função administrativa é exercida com predominância pelo Poder
Executivo, porém todos os Poderes tem órgãos da Administração Direta.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA = entidades administrativas de personalidade jurídica própria.


Atividades administrativas executadas de forma descentralizada (autarquias, fundações públicas
e empresas estatais – empresas públicas e sociedades de economia mista). Não possuem
autonomia política, são vinculadas à Administração Direta (atenção! Não é subordinação,
apenas controle finalístico). Atenção! Na prática só existem Administração Indireta vinculada ao
Poder Executivo, embora a CF dê a possibilidade de que haja nos outros Poderes também.
• Empresas públicas e sociedades de economia mista têm o objetivo de explorar atividades
econômicas em sentido estrito, mas integram a Adm. Ind.
• Consórcios Públicos: podem ser de direito público (associações públicas, espécie de
autarquia) ou de direito privado (não integram formalmente a Adm. Púb.).

Características da Administração Indireta:

a) Personalidade jurídica própria (patrimônio e receita próprios, autonomia técnica,


administrativa e financeira);
b) Criação e extinção por lei (lei ordinária cria autarquia > será de direito público; lei autoriza
a instituição > será de direito privado e criada pelo registro do seu ato constitutivo > de
empresa pública, sociedade de economia mista e fundação, que pode ser de direito
público ou privado, cujas áreas de atuação serão definidas por lei complementar, que
nunca foi editada);
c) Finalidade específica definida pela lei;
d) Sujeita ao controle da Administração Direta (supervisão ministerial), geralmente
vinculadas ao ministério da área correspondente (não subordinada).

Atenção! Em tese a extinção se derá por simetria do critério de criação, porém o STF entende
que basta autorização legislativa genérica para extinção de empresas estatais. O Programa
Nacional de Desestatização e o Programa de Parceria de Investimentos exigem: i) a norma deve
estabelecer política pública a ser atingida, estabelecendo objetivos e regras; e ii) não haver
exigência de lei específica para extinção prevista na lei que autoriza a criação.
10. ÓRGÃOS PÚBLICOS.

Conceito: são centros de competências instituídos para desempenho de funções estatais, através
de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica, com objetivo de expressar a vontade
do Estado. Não detém personalidade jurídica própria, pois fazem parte de uma pessoa política
ou administrativa (essas sim detém personalidade jurídica).

Atenção! O Estado (ou seus entes políticos) é pessoa jurídica, ente abstrato, portanto não emite
declarações de vontade por si só e não produz atos jurídicos sozinho, mas atua por meio de seus
agentes públicos, incumbidos de representarem a vontade do Estado. O ato é materialmente
praticado pelo agente, porém sua autoria é atribuída ao Estado ou pessoa jurídica a quem
represente.

• Teoria do mandato: o agente público é mandatário (como se houvesse procuração) da


pessoa jurídica. Não é adotada no Brasil por ser o mandato um contrato e o Estado não
poderia manifestar vontade própria para fazer a outorga.
• Teoria da representação: equipara o agente público à figura do tutor/curador, seria o
representante do Estado por força da lei. Não é adotada por comparar a pessoa jurídica
ao incapaz e de que o próprio Estado confere representantes a si mesmo (inviável na
tutela/curatela) e por não poder o Estado ser responsável quando ultrapassados os
poderes na atuação do agente em face de terceiros.
• Teoria do órgão: fundamentada no princípio da imputação volitiva, a pessoa jurídica
manifesta sua vontade por meio de órgãos, assim os agentes que os compõem
manifestam a sua vontade como se o Estado o estivesse fazendo (Otto Gierke). Teoria da
imputação: a manifestação emanada de um órgão e materializada pelo respectivo agente
público é atribuída externamente à pessoa jurídica a cuja estrutura organizacional
pertence. Sob o prisma jurídico, quando o órgão externa a vontade, é a própria entidade.
O órgão é parte integrante do Estado. Justifica a validade de ato praticado por funcionário
de fato.

Capacidade processual: em regra, por serem figuras despersonalizadas, os órgãos não possuem
capacidade processual para figurar em qualquer dos pólos da demanda, porém,
excepcionalmente, vem sendo admitido que determinados órgãos públicos (de natureza
constitucional – órgãos independentes, ex: presidência da república, câmara dos deputados,
senado federal, STF, STJ, TCU, MPU, outros) impetrem mandado de segurança para a defesa de
suas competências e prerrogativas em face de outro órgão.
• Exemplo: admitiu-se mandado de segurança impetrado por Câmara Municipal contra
Prefeito para obrigá-lo a prestar contas, atendendo ao preceito do art. 31, CF, que atribui
ao Poder Legislativo Municipal o exercício do controle externo do Poder Executivo.

• O CDC também dispõe sobre a legitimidade de entidades e órgãos da administração


pública, direta ou indireta, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos
do consumidor para promover liquidação e execução de indenização.

Criação dos órgãos públicos: ocorre na forma da Constituição, sendo distinta para cada Poder.

Poder Executivo
• A criação/extinção depende de lei em sentido formal , de iniciativa do chefe do Poder
Executivo (presidente, governador, prefeito), devendo ser aprovado pelo Poder
Legislativo.
• Quando NÃO implicar em aumento de despesa ou criação/extinção de órgãos, a
organização e o funcionamento poderão ser realizados por decreto autônomo do Poder
Executivo.

Poder Legislativo
• Compete à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal dispor, por atos próprios de cada
Casa, sobre sua organização, funcionamento, criação e extinção de órgãos.

Poder Judiciário
• Criação, extinção e organização da sua estrutura depende de lei de iniciativa do STF, dos
tribunais superiores e dos tribunais de justiça, conforme o caso; estendendo-se o mesmo
ao Ministério Público e aos Tribunais de Contas, que podem iniciar o processo legislativo
para dipor sobre tal.

Classificação dos órgãos públicos (Hely Lopes Meirelles):

Quanto à posição estatal

a) Órgãos independentes (ou primários): originários da CF, representativos dos Poderes do


Estado; não possuem qualquer subordinação hierárquica ou funcional; predominates
funções políticas, judiciais ou quase judiciais, outorgadas diretamente da CF > agentes
políticos.
Exemplos: Presidência, Câmara, Senado, STF, STJ, tribunais e respectivos simétricos nos entes
da federação.

b) Órgãos autônomos: diretamente subordinados a seus chefes, ampla autonomia


administrativa, financeira e técnica; órgãos diretivos, com funções precípuas de
planejamento, supervisão, coordenação e controle.
Exemplos: ministérios, secretarias, advocacia-geral da união, etc.

c) Órgãos superiores: detêm poder de direção, controle, decisão e comando de assuntos de sua
competência específica, sujeitos à supordinação e ao controle hierárquico de uma chefia
mais alta. Não têm autonomia administrativa nem financeira.
Exemplos: gabinetes, secretarias-gerais, inspetorias-gerais, procuradorias, coordenadorias,
departamentos, divisões, etc.

d) Órgãos subalternos: predominantemente atribuições de execução, com reduzido poder


decisório; subordinados a vários níveis hierárquicos superiores; destinam-se a realização de
serviços de rotina, cumprimento de decisões, atendimento ao público.
Exemplos: portarias e seções de expediente.

Quanto à estrutura

a) Simples ou unitários: um só centro de competência; inexistência de outros órgãos em sua


estrutura (concentração). Exemplo: portarias.

b) Compostos: reúnem diversos órgãos (desconcentração). Exemplo: Ministério da Justiça >


departamento de polícia federal > divisões, coordenadorias, superintendências.

Quanto à situação funcional

a) Órgãos singulares/unipessoais: decidem através de um único agente. Exemplos: presidência,


governadorias, prefeituras;
b) Órgãos colegiados/pluripessoais: atuam ou decidem pela manifestação conjunta de seus
membros, emanadas por meio de deliberações aprovadas pela maioria. Exemplos: congresso,
STF e demais tribunais, etc.
Quanto às funções que exercem (Bandeira de Mello)

a) Órgãos ativos: expressam decisões estatais para o cumprimento dos fins da pessoa jurídica.
Exemplo: ministérios;
b) Órgãos de controle: prepostos a fiscalizar e controlar a atividade de outros órgãos ou
agentes. Exemplo: TCU;
c) Órgãos consultivos: de aconselhamento e elucidação (emissão de pareceres) para que sejam
tomadas as providências pertinentes pelos órgãos ativos.

Quanto à sua estrutura (Di Pietro)

a) Burocráticos: a cargo de uma só pessoa física ou várias pessoas físicas ordenadas


verticalmente (estrutura hierárquica), se equipara aos órgãos unipessoais;
b) Colegiados: formados por uma coletividade de pessoas físicas ordenadas horizontalmente
(relação de coordenação e coligação / não hierarquia).

Quanto à composição (Di Pietro)

a) Singulares: integrados por um único agente;


b) Coletivos: integrados por vários agentes.

11. ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

11.1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

® DIRETA: entidades políticas (União, Estados, Municípios e DF). É o conjunto de órgãos que
integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a competência para o exercício,
de forma centralizada, das atividades administrativas do Estado.
§ Centralizada;
§ Pessoas políticas (capacidade de legislar – entes federativos);
§ Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário + outros);
§ Exemplos: Executivo (Presidência e Ministérios); Legislativo (Congresso, Senado,
Câmara, Assembléias etc); Judiciário (tribunais).

® INDIRETA: endidades administrativas (autarquia, fundação pública, empresa pública,


sociedade de economia mista).
§ Descentralizada;
§ Entidades (personalidade jurídica própria) Administrativas (sem autonomia
política, ou seja não legislam);
§ Consórcios Públicos de Direito Público: faz parte da administração indireta de
todos os entes criadores. Pode ser considerado espécie de autarquia ou uma
quinta categoria.
§ Características comuns: personalidade jurídica; patrimônio próprio;
criação/autorização para criação/extinção por lei; finalidade específica; sem
subordinação à adm. direta; sujeitas ao controle do TC, concurso para
preenchimento de cargo ou emprego público; sujeitas a licitação.

11.2. TERCEIRO SETOR: não é Estado (não fazem parte do Estado) e não é Mercado (pois não
buscam fins lucrativos). São entidades privadas sem fins lucrativos. Podem firmar parcerias com
o Estado para fins sociais, tornando-se entidade paraestatal.

• Paraestatais: ao lado do Estado, mas não faz parte dele.


• Exemplos: Serviço Social Autônomo (Sistema S); organizações sociais; organizações da
sociedade civil de interesse público (OSCIP); entidade de apoio; Organização da sociedade
civil (Lei 13.019).

11.3. CRIAÇÃO DAS ENTIDADES ADMINISTRATIVAS

CF, art. 37, XIX – “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.”

• Princípio da Legalidade (reserva legal);


• Iniciativa reservada (chefe do poder executivo, porém os demais poderes podem
também);
• Lei específica (lei ordinária, matéria correlata à área de atuação da entidade);
• OBS: a lei complementar seria somente para definir a área de atuação das fundações
públicas em geral, porém não existe atualmente e não faz falta, pois já atuam em áreas
de interesse social. Em regra a fundação pública é autorizada a ser criada por lei, porém
o STF admite a criação por lei diretamente.

12. AUTARQUIAS.

Pessoa jurídica de Direito Público de capacidade exclusivamente administrativa, integrante da


Administração Indireta, criada por lei para desempenhar funções que, despidas de caráter
econômico, sejam próprias e típicas do Estado. São a personificação de um serviço retirado da
Administração Direta.

Características:
• Integra a Administração Indireta;
• Criação e extinção por lei específica (iniciativa privativa do Chefe do Executivo);
• Gestão administrativa e financeira descentralizada;
• Capacidade de autoadministração;
• Desempenho de serviço público descentralizado ou serviço autônomo;
• Patrimônio e receita próprios;
• Especialização dos fins ou atividades;
• Sujeição a controle ou tutela (vinculada a pessoa política criadora por intermédio do
ministério da área, NÃO é subordinação hierárquica).
• Serviço público personalizado.
• Direito ao desempenho do serviço nos limites da lei e obrigação de desempenhar a
função.

Tutela ou controle do ente político:

É o controle finalístico ou tutela administrativa ou supervisão ministerial, que ocorre nos limites
expressamente previstos em lei, cujo objetivo é a verificação do enquadramento da instituição
no programa geral do Governo e de seu acompanhamento para garantir o atingimento das
finalidades da entidade controlada.

Regime Jurídico das Autarquias: Regime Jurídico Único: estatutário (Lei 8.112/90).

Nomeação e exoneração dos dirigentes: cabe ao Presidente da República (aplica-se por simetria
aos governadores e prefeitos). A lei de criação disciplinará sua investidura, podendo exigir
aprovação pelo Poder Legislativo (como é o caso do Presidente e dos Diretores do Banco Central
e dos Diretores das agências reguladoras, que devem ser aprovados pelo Senado).

a) a escolha e nomeação dos dirigentes de autarquias e de fundações cabe ao chefe do Poder


Executivo;
b) em casos excepcionais, a escolha do dirigente poderá ser condicionada à aprovação pelo
Poder Legislativo (sabatina), como ocorre com os dirigentes do Banco Central e das agências
reguladoras;
c) no âmbito dos estados, a legislação não poderá condicionar a escolha dos dirigentes à
aprovação do Legislativo, exceto no caso de agências reguladoras;
d) em nenhum caso, a exoneração poderá depender de aprovação do Legislativo nem ser
realizada diretamente por este Poder.

Patrimônio: bens públicos (impenhorabilidade, imprescritibilidade e restrições para alienação).


Seu patrimônio inicial é oriundo de transferência do ente que a criou, sendo reincorporados ao
patrimônio da pessoa política quando da sua extinção.

Prerrogativas:

a) imunidade tributária recíproca (vinculados à finalidade essencial ou decorrente dessa);


b) impenhorabilidade de seus bens e suas rendas (via do precatório);
c) imprescritibilidade de seus bens (não usucapião);
d) prescrição quinquenal;
e) créditos sujeitos à execução fiscal (inscrição em dívida ativa e execução fiscal);
f) processuais: prazo em dobro para manifestação, duplo grau de jurisdição obrigatório,
isenções de custas judiciais (salvo o reembolso das despesas judiciais à parte vencedora),
dispensa de apresentação de instrumento de mandato.

Responsabilidade Civil: objetiva; teoria do risco administrativo.

Juízo competente: se for autarquia federal será a Justiça Federal, em condição de parte,
assistente ou oponente. Se for estadual, será da Justiça Estadual. Se tratar de regime celetista,
será competente a Justiça do Trabalho.

OBS: os conselhos de profissão são autarquias, exceto a OAB, e se submetem a regime híbrido
ou especial, por serem aplicáveis regras de direito público bem como de direito privado. Não se
submetem ao regime de precatórios. Integram a Adm. Ind. e se submetem ao controle externo
dos Tribunais de Contas.

Autarquias sob regime especial: São autarquias regidas por um regime com disciplina específica,
com prerrogativas especiais e diferenciadas, para que tenham maior autonomia em relação ao
ente instituidor. Seus membros tem mandato fixo (colegiado de membros nomeados pelo
Presidente da República, após prévia aprovação do Senado, por prazo de 5 anos), ao contrário
das demais autarquias, cujos dirigentes podem ser exonerados ad nuntum. Exemplo: Agências
Reguladoras, algumas Universidades, e consórcios públicos organizados na forma de associação
pública, e conselhos de fiscalização de atividade profissional.

12.1. AGÊNCIAS REGULADORAS: surgem no bojo da Reforma Gerencial (1995), diminuindo a


atuação direta do Estado na econômia, privatizando empresas estatais – de previsão
constitucional: Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), ANP (Agência Nacional do
Petróleo). As demais são criadas pelo legislador infraconstitucional. Se submetem ao controle
externo dos TC e do Poder Legislativo. Controle Interno da Controladoria Geral da União (CGU) e
vinculação ao Ministério correspondente (supervisão ministerial).

a) de um lado, elas assumem os poderes e encargos do poder concedente nos contratos de


concessão, como os de fazer licitação, contratar, fiscalizar, punir, alterar, rescindir,
encampar, etc.;
b) de outro lado, as agências exercem a atividade chamada de regulação propriamente dita
que, em sentido amplo, abrange a competência de estabelecer regras de conduta,
fiscalizar, reprimir, punir, resolver conflitos, não só no âmbito da própria concessão, mas
também nas relações com outras prestadoras de serviço.
c) Atualmente a Administração Federal possui agências com papel tipicamente de poder de
polícia (sem concessão de serviço público): Anvisa, ANS, ANA.

OBS: algumas entidades exercem o poder de polícia porém não recebem a designação de
agências reguladoras (sentido estrito), como Bacen, CVM, Cade e outros (sentido amplo).

Limites da autonomia das Agências Reguladoras:

a) em relação ao Poder Legislativo – porque dispõem de função normativa, que justifica o nome
de órgão regulador ou agência reguladora;
b) em relação ao Poder Executivo – porque suas normas e decisões não podem ser alteradas ou
revistas por autoridades estranhas ao próprio órgão; (exceção: AGU – Presidente da
República pode avocar e decidir qualquer assunto na esfera federal por motivo relevante de
interesse público, com possibilidade de interposição de recurso hierárquico impróprio,
dirigido ao Ministério, caso a decisão da agência fuja às finalidades ou sejam inadequadas às
políticas públicas do setor).
c) em relação ao Poder Judiciário – porque dispõem de função quase-jurisdicional, no sentido
de que resolvem, no âmbito das atividades controladas pelas agências, litígios entre os
delegatários (empresas/pessoas que prestam serviços mediante concessão, permissão ou
autorização) e entre estes e os usuários dos serviços públicos.

Autonomia administrativa:

I - solicitar diretamente ao Ministério da Economia:


a) autorização para a realização de concursos públicos;
b) provimento dos cargos autorizados em lei para seu quadro de pessoal, observada a
disponibilidade orçamentária;
c) alterações no respectivo quadro de pessoal, fundamentadas em estudos de
dimensionamento, bem como alterações nos planos de carreira de seus servidores;
II - conceder diárias e passagens em deslocamentos nacionais e internacionais e autorizar
afastamentos do País a servidores da agência;
III - celebrar contratos administrativos e prorrogar contratos em vigor relativos a atividades de
custeio, independentemente do valor.
Exoneração dos conselheiros e diretores das agências reguladoras:
a) renúncia;
b) condenação judicial transitada em julgado;
c) condenação em PAD;
d) infringência das vedações da Lei 9.986/200;

OBS: Submetem-se à quarentena (período em que ficam impedidos de exercer atividade ou


prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência por 6 meses contados da
exoneração ou término do mandato, assegurada a remuneração compensatória, sob pena de
crime de advocacia administrativa).

12.2. AGÊNCIAS EXECUTIVAS

® Autarquia ou fundação pública que recebe qualificação jurídica que lhe confere maior
autonomia gerencial, orçamentária e financeira, que se submete a regime de controle
sobre metas de desempenho e prazos. Ex: INMETRO.

Requisitos:

• Contrato de desempenho (antigo contrato de gestão): acordo celebrado entre


órgão/entidade supervisora e órgão/entidade supervisionada, pelo período de 1 a 5 anos.
Estabelece:
a) Metas de desempenho, com prazos de execução e indicadores de qualidade;
b) Recursos necessários;
c) Critérios e instrumentos de avaliação do cumprimento;
d) Flexibilidades e autonomias especiais;
e) Penalidades aplicáveis aos responsáveis em caso de falta pessoal que provoque o
descumprimento injustificado do contrato;
f) Condições para revisão, prorrogação, renovação, suspensão e rescisão do contrato.

• Planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento institucional: instrumentos para


definição das diretrizes, políticas e medidas voltadas para
a) Racionalização de estruturas e do quadro de servidores;
b) Revisão dos processos de trabalho;
c) Desenvolvimento dos recursos humanos e o fortalecimento da identidade
institucional da Agência Executiva.

13. EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.

Conceito: Empresas estatais, entidades administrativas da Administração Indireta, com


personalidade jurídica de direito privado, criação autorizada em lei, exploram atividade
econômica (imperativo da segurança nacional ou relevante interesse coletivo) ou prestam
serviços públicos e sujeitam-se a regime híbrido (público e privado).

Criação: após autorização da criação por lei específica (assunto da lei relacionado as
competências da entidade), é elaborado (em regra por decreto) e registrado o Ato Constitutivo
no órgão competente.

Extinção: basta autorização legislativa genérica em lei de programa de desestatização.


Excepcionalmente exige-se lei específica caso conste da lei autorizativa.

Subsidiárias e participação em empresa privada: depende de autorização legislativa (lei


ordinária, que pode dispor genéricamente sobre as subsidiárias, não precisa mencionar caso a
caso). As subsidiárias são controladas indiretamente pelo Poder Público, porém não integram o
conceito formal de Administração Pública, sendo consideradas empresas privadas. É possível
alienar o controle acionário ou a própria empresa subsidiária sem necessidade de autorização
legislativa ou licitação (como ocorre para a própria empresa estatal) desde que garantida a
competitividade e observados os princípios da administração.

Controle e supervisão ministerial: não é hierarquia, somente vinculação para controle do ente
instituidor. Ademais, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas. O controle externo não
pode reduzir sua autonomia ou implicar em ingerência.

Responsabilidade civil: varia conforme a atividade desempenhada.

® Serviço público: direito público, responsabilidade objetiva (teoria do risco


administrativo);
® Atividade econômica: direito privado, responsabilidade subjetiva.

Regime Jurídico: é híbrido, porém pode haver predominância do direito privado (atividade
econômica) ou público (prestação de serviço público, especialmente em regime de monopólio
ou não competitivo).

Patrimônio: considerados bens privados (sem impenhorabilidade ou imprescritibilidade),


embora, quando prestem serviços públicos (princípio da continuidade), os bens afetados
diretamente à prestação do serviço terão atributos de bens públicos.

Falência: não se sujeitam ao regime falimentar (Lei 11.101/05). As entidades instituidoras podem
responder subsidiariamente.

Privilégios: em regra não deveriam ter, porém há inúmeras exceções.

® Benefícios fiscais: somente quando a empresa atua em regime de monopólio ou se


forem extensivos ao setor privado;
® Imunidade tributária: se prestarem serviço público (caso seja de prestação
obrigatória e exclusiva do Estado, como os Correios; ou se não tem finalidade lucrativa
e o capital é majoritariamente estatal). O STF estabeleceu, ademais, os seguintes
parâmetros:
o Sociedade de economia mista prestadora de serviço público:
Imunidade em relação à propriedade, aos bens e serviços utilizados nos objetivos
institucionais imanentes do ente federado; (se destinado à lucratividade
submetem-se à tributação) e não importar em desequilíbrio da livre concorrência
e exercício da atividade profissional ou econômica lícita.
Vedada a imunidade quando há negociação na bolsa de valores e voltada à
remuneração do capital de seus controladores ou acionistas.

® Prescrição: em regra não se aplica o prazo quinquenal, cabendo as normas do CC (10


anos caso não haja outro termo estipulado). Exceção: “prescreverá em cinco anos o
direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de
direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos”

® Regime de pessoal: emprego público (CLT), a contratação de pessoal permanente


depende de concurso público (sem estabilidade); a dispensa deve ser motivada
(isonomia e impessoalidade, nas empresas que prestam serviços públicos).
o Vale a vedação de acumulação remunerada de cargos, empregos e funções.
o Teto constitucional remuneratório: aplica-se somente quando recebe recursos
do ente instituidor para pagamento de despesas de pessoal/custeio (empresa
estatal dependente).
o Regime geral de previdência social (RGPS);
o Justiça do Trabalho;
o Aplica-se a lei de improbidade administrativa e são equiparados a funcionarios
públicos para fins penais.

Empresa Pública: qualquer forma jurídica adequada a finalidade, capital social público (outras pj
de direito público interno podem participar do capital). Ex: Correios, CEF, BNDES, Serpro, etc.

Sociedade de Economia Mista: forma de sociedade anônima, Poder Público detém o controle
acionário. Ex: Banco do Brasil, Banco da Amazonia e Petrobrás.

Escolha de administradores:
Restrições à escolha dos administradores:

• Representante do órgão regulador (ao qual se submete a entidade), Ministro de Estado


ou Secretário (de estado ou municipal), titular de cargo sem vínculo permanente com o
serviço público de natureza especial ou de direção e assessoramento superior na
administração pública, dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato
no Poder Legislativo (ainda que licenciados do cargo); [extensível aos parentes
consanguíneos ou afins até o 3º grau destes]
• Pessoa que atuou nos últimos 36 meses como participante de estrutura decisória de
partido político ou em trabalho vinculado a organização estruturação e realização de
campanha eleitoral;
• Que exerça cargo em organização sindical;
• Que tenha firmado contrato ou parceria com a pessoa político-administrativa
controladora da entidade ou com a própria em período inferior a 3 anos antes da
nomeação;
• Pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a
controladora da entidade ou com a própria.

Licitações: a Lei 13.303/16 disciplina quase na sua integralidade a aplicação das licitações e
contratações no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia mista, eliminando o
regramento por estatuto próprio. Aplicam-se, ainda, as regras sobre direito penal e algumas
regras de critério de desempate da Lei de Licitações e Contratações.

Dispensada: licitação inaplicável, bem como as exigências da Lei 13.303/16.

• Desempenho de atividades finalísticas da empresa: produtos, serviços ou obras


especificamente relacionados com seus objetos sociais de forma direta pelas empresas
estatais;
• Mercado de capitais: escolha associada a características particulares do parceiro
(vinculada a oportunidades de negócio definidas e específicas), justificada a inviabilidade
do procedimento competitivo.

Dispensável e inexigibilidade: semelhantes ao da lei de licitações; não dispensa a empresa de


cumprir com as formalidades pertinentes (justificativa de preços e razão da escolha).

• Dispensável: opção do agente público (contratações de baixo valor ou desinteresse de


fornecedores);
• Inexigibilidade: inviabilidade de licitação (fornecedor único).
Forma jurídica:

• SEM: obrigatoriamente sociedade anônima S/A.


• EP: qualquer forma admitida em direito (embora algumas formas sejam incompatíveis:
sociedades em nome coletivo, cooperativa e empresa individual de responsabilidade
limitada), podendo a União legislar no sentido de criação sob forma jurídica inédita.

Composição do Capital:

• SEM: capital misto, com controle acionário do ente instituidor.


• EP: capital totalmente público (podendo ser de diversos entes públicos, sendo do
instituidor sua maioria votante)

Foro processual:

• SEM: regra Justiça Estadual (exceto quando a União intervém como assistente ou
oponente, irá para Justiça Federal).
• EP: em regra se federal, Justiça Federal; se estadual ou municipal, Justiça Estadual.
• Relações de trabalho: Justiça do Trabalho.

14. FUNDAÇÕES PÚBLICAS.

Patrimônio personalizado destinado a realizar atividades de caráter social. As fundações públicas


podem ser:

• privadas (instituídas pelo particular, natureza de direito privado, com regime jurídico
híbrido com exigência de concurso público, dever de licitar, contratos administrativos).
Recebem autorização por lei para sua criação, e dependem do registro do ato
constitutivo para adquirir personalidade jurídica. Não podem exercer poder de império.

• públicas (instituídas pelo Estado, que faz dotação patrimonial e destina recursos
orçamentários para o desempenho de atividade de interesse social, natureza de direito
público – autarquia, podendo ser chamadas de fundações autárquicas por essa razão).
Sua criação se dá por lei efetivamente.
Características das fundações públicas:

• Dotação patrimonial;
• Personalidade jurídica própria (pública ou privada);
• Desempenho de atividade atribuída pelo Estado no âmbito social;
• Capacidade de auto administração;
• Sujeição ao controle administrativo ou tutela pela Administração Direta, nos limites da
lei.

Atividades: devem sempre possuir caráter social (assistência social, médica e hospitalar;
educação e ensino; pesquisa; atividades culturais). LC, ainda não editada, deve definir sua área
de atuação.

Regime jurídico:

® Imunidade tributária: a elas se estendem (tanto a de direito público quanto de direito


privado);
® Prerrogativas processuais: prazo em dobro para se manifestar, duplo grau de jurisdição
obrigatório somente para as fundações públicas de direito público.
® Regime de precatórios: somente às fundações públicas de direito público.
® Patrimônio: impenhorabilidade, imprescritibilidade e restrições a alienação somente para
fundações de direito público. No caso das fundações de direito privado, poderão receber
algumas prerrogativas, como a impenhorabilidade, quando empregados na prestação de
serviços públicos, por decorrência do princípio da continuidade dos serviços públicos.
® Licitações e contratos: aplicam-se tanto às fundações de direito público quanto as de direito
privado.
® Regime de pessoal: regime jurídico único para as fundações de direito público (cargo
público); sendo incompatível com as de direito privado, submetendo-se à CLT (emprego
público). As regras de vedação à acumulação de cargos, necessidade de concurso público e
teto constitucional remuneratório, todavia, se aplicam a ambas!
Foro competente:

® Direito público: Justiça Federal;


® Direito privado (federais): STJ entende que é da Justiça Federal (doutrina diverge);
® Direito privado (estaduais e municipais): Justiça Estadual.

15. CONSÓRCIOS PÚBLICOS.

Não está expresso no edital TJES.

16. TERCEIRO SETOR.

Terceiro Setor: designa as atividades privadas surgidas necessariamente no meio privado, que
não possuem fins lucrativos nem econômicos. Formado por entidades privadas da sociedade civil,
que prestam atividade de interesse social, sem finalidade lucrativa, que se sujeitam ao controle
direto ou indireto da Administração (sujeitas ao controle do Tribunal de Contas). Popularmente
conhecidas como ONGs. Não integram a Administração Pública.

Privatização: transfere ao mercado; Publicização: transfere a entidades sem fins lucrativos.

Entidades paraestatais seriam as entidades do terceiro setor que possuem algum vínculo com o
Poder Público (contrato de festão ou termo de parceria por exemplo). São elas:

• Serviços sociais autônomos;


• Organizações sociais (OS);
• Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP);
• Entidades de apoio;
• Organizações da sociedade civil.

16.1. Serviços Sociais Autônomos

® Autorização legal (particular cria);


® Criação se efetiva com o registro do ato constitutivo;
® Assistência ou ensino a certas categoriais sociais ou grupos profissionais;
® Mantidos por dotações orçamentárias ou contribuições parafiscais (repassadas pela Receita
Federal, o que as sujeita à fiscalização do Estado);
® Administração e patrimônio próprios;
® Instituições particulares sem fins lucrativos convencionais;
® Associações civis e fundações privadas.
® Sistema S.
® Costumam funcionar ligadas a entidades privadas de categorias econômicas.
® Vinculadas a órgãos da administração direta (ministério do setor correspondente).
® Foro: Justiça Estadual.

Objeto: atividade social, serviço de utilidade pública que beneficia grupamentos sociais ou
profissionais.

Regime de pessoal: a contratação não exige concurso público, mas sim processo seletivo que
observa os princípios constitucionais; submetem-se à CLT, equiparados a funcionários públicos
para fins penais e agentes públicos para fins de improbidade administrativa.

Licitação: não se submetem a Lei de Licitações, mas devem seguir regulamentos próprios (que
não podem inovar na ordem jurídica) pautados nos princípios gerais do processo licitatório e da
administração pública.

Novos Serviços Sociais Autônomos: a legislação vem permitindo a criação de entidades que não
possuem as características acima. Buscam fugir do regime jurídico administrativo (substituindo a
atuação de autarquias e órgãos públicos).
• Criadas pelo Executivo por autorização legal;
• Presidente da entidade escolhido e nomeado pelo Presidente da República;
• Submetidos à supervisão ministerial;
• Celebram contrato de gestão com o Executivo;
• Podem receber dotações consignadas diretamente no orçamento geral da União.
• Exemplos: extinção da Embratur (ABPIT), APEX-Brasil; ABDI; Anater.
16.2. Organizações Sociais (OS)

• Qualificação jurídica dada a pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, instituída
por particulares, que recebe delegação do Poder Público, mediante contrato de gestão, para
desempenhar serviço público de natureza social. A entidade é criada como associação ou
fundação e se habilita perante o Poder Público. É título jurídico outorgado e cancelado pelo
Poder Público. Conhecidas como entidades públicas não estatais.

• O Programa Nacional de Publicização estabelece que o Executivo poderá qualificar como OS


as pessoas jurídicas sem fins lucrativos com atividades dirigidas às seguintes áreas: ensino,
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio
ambiente, cultura e saúde. Regra de nível federal que vem sendo reproduzida nos demais
níveis da federação.

• Classificadas como entidades de interesse social e utilidade pública, pois atuam em áreas
que trazem benefícios para a sociedade como um todo porém não costuma ser lucrativo para
a iniciativa privada. Buscam a qualificação para receber alguma forma de fomento.

Qualificação: duas etapas (juízo discricionário).


1) Preenchidos os requisitos, o ato de qualificação poderá ser aprovado pelos Ministros de
Estado envolvidos (ou titular de órgão supervisor ou regulador da atividade
correspondente) e também do antigo Ministério de Estado da Administração Federal e
Reforma do Estado (atual Ministério da Economia); que remetem a proposta de
qualificação ao Presidente da República;
Requisitos específicos:
• Natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;
• Finalidde não-lucrativa (obrigatoriedade de investimento de excedentes no
desenvolvimento das próprias atividades);
• Previsão expressa de conselho de administração (não remunerado, salvo ajuda de
custo) e diretoria (com remuneração) definidos no estatuto, asseguradas
composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas na lei;
• Previsão de participação de representantes do Poder Público e membros da
comunidade (de notória capacidade profissional e idoneidade moral) no órgão
colegiado de deliberação superior;
• Composição e atribuições da diretoria;
• Publicação (DOU) anual dos relatórios financeiros e de execução do contrato de
gestão;
• Se associação: aceitação de novos associados na forma do estatuto;
• Proibição de distribuição de bens ou patrimônio líquido (inclusive no
desligamento, retirada ou falecimento de associado);
• Previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou doações e
excedentes ao patrimônio de outra organização social qualificada na mesma área,
ou ao patrimônio de ente da federação (nos limites alocados), em caso de extinção
ou desqualificação;
• Aprovação de sua qualificação (conveniência e oportunidade) pelos Ministros.
2) Presidente da República poderá efetuar a qualificação.

Contrato de gestão: existem dois tipos.

a) Requisito de qualificação de autarquia ou fundação como agência executiva: firmado


dentro da própria Administração Pública para pactuar metas de desempenho entre os órgãos
e entidades públicos em troca de maior autonomia; qualificação de autarquias e fundações
como agências executivas, mediante decreto do Chefe do Executivo.

b) Exigência para qualificação de entidade do terceiro setor como organização social: em sua
elaboração são observados os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, economicidade e os seguintes preceitos:

® Especificação do programa de trabalho;


® Estipulação das metas e os prazos de execução;
® Critérios objetivos de avaliação de desempenho (indicadores de qualidade e
produtividade);
® Limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de qualquer natureza
(dirigentes e empregados);
® Os Ministros de Estados ou autoridades supervisoras definem as demais cláusulas.

Fiscalização e execução do contrato: feita pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação
correspondente à atividade fomentada. A entidade qualificada apresenta relatório com
comparativo das metas com os resultados alcançados, bem como prestação de contas, analisado
por comissão de avaliação, que encaminha relatório conclusivo à autoridade supervisora.

Os responsáveis darão ciência ao TCU sobre qualquer irregularidade ou ilegalidade, sob pena de
responsabilidde solidária.

Se for o caso de suspeita de malversação de bens ou recursos de origem pública os responsáveis


representarão ao MP, AGU ou Procuradoria da entidade para que se decrete a indisponibilidade
dos bens da entidade e o sequestro dos bens de seus dirigentes, de agente público ou terceiro
que possam haver enriquecido ilicitamente causando dano ao patrimônio público.

Fomento às atividades sociais (formas de incentivo):

a) Recursos orçamentários;
b) Bens públicos necessários ao cumprimento da obrigação: permissão de uso, dispensada
licitação;
c) Cessão especial de servidor público, com ônus para o órgão de origem do servidor;
d) Dispensa de licitação com o Poder Público para prestação das atividades no contrato de
gestão;
Desqualificação: constatado o descumprimento das disposições do contrato de gestão, haverá
processo administrativo (ampla defesa), respondendo os dirigentes pelos danos ou prejuízos
decorrentes de sua ação ou omissão. Ao final, haverá a reversão dos bens permitidos e dos
valores entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

16.3. Organizações da sociedade civil de interesse público (OSIP)

• Qualificação jurídica dada a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do
Estado, com incentivo e fiscalização do Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por
meio de termo de parceria.
• Constituídas e em funcionamento regular há pelo menos 3 anos.
• Áreas de atuação:
a) assistência social,
b) cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico,
c) educação,
d) saúde,
e) segurança alimentar e nutricional,
f) defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
g) promoção do voluntariado;
h) desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
i) experimentação de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de
produção, comércio, emprego e crédito;
j) promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria
jurídica gratuita de interesse suplementar;
k) promoção da ética, da paz, da cidania, dos direitos humanos, da democracia e
outros valores universais;
l) estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam
respeito às atividades acima;
m) estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação
de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.

• Pessoas jurídicas vedadas:


a) Sociedades comerciais;
b) Sindicatos, associações de classe ou de representação de categoria profissional;
c) Instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e
visões devocionais e confessionais;
d) Organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
e) Entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um
círculo restrito de associados ou sócios;
f) Entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
g) Instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
h) Escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
i) Organizações sociais;
j) Cooperativas;
k) Fundações públicas;
l) Fundações, sociedades civis ou associações di direito privado criadas por órgão
público ou por fundações públicas;
m) Organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema
financeiro nacional.
Exceção: operações destinadas a microcrédito realizadas com instituições
financeiras.

Qualificação: ato vinculado; verificado o cumprimento dos requisitos legais, requerimento


escrito é enviado ao Ministério da Justiça, que por sua vez o deferirá e expedirá o certificado de
qualificação. Somente poderá indeferir nos casos abaixo:
• Entidade se enquadrar em alguma vedação;
• Não atendimento dos requisitos legais;
• Documentação incompleta.

Termo de Parceria:
17. ATO ADMINISTRATIVO.

• Manifestação ou declaração unilateral (diferente do contrato que é bilateral).


• Da vontade da administração pública (do Executivo principalmente, mas também do
Legislativo/Judiciário na função administrativa).
• Ou de particulares no exercício das prerrogativas públicas (investidos da função pública).
• Com objetivo direto de produzir efeitos jurídicos (causam impacto no direito; exceção de
alguns atos administrativos em sentido formal, mas não material, que não causam efeitos
jurídicos imediatos como certidões e atestados).
• Tendo por finalidade o interesse público (sem o que haverá vício de finalidade, sendo nulo).
• Em regime jurídico de direito público (atenção! Somente na qualidade de Poder Público:
verticalidade e supremacia do interesse público sobre o particular).
• Sujeito ao controle do Poder Judiciário (controle de legalidade, seja vinculado ou
discricionário).

Ato administrativo x Atos DA administração:

a) os atos de direito privado, como a doação, permuta, compra e venda, locação;


b) os atos materiais da administração, que não contêm manifestação de vontade, mas que
envolvem apenas execução, como a demolição de uma casa, a apreensão de mercadoria, a
realização de um serviço;
c) os chamados atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor, que também não expressam uma
vontade e que, portanto, também não podem produzir efeitos jurídicos; é o caso dos atestados,
certidões, pareceres, votos;
d) os atos políticos, que estão sujeitos a regime jurídico-constitucional, como o veto ou sanção
de um projeto de lei;
e) os contratos e os convênios administrativos, que são relações bilaterais.
f) os atos normativos da administração, abrangendo decretos, portarias, resoluções,
regimentos, de efeitos gerais e abstratos;
g) os atos administrativos propriamente ditos.

Fatos Administrativos: pode ter três sentidos.


a) Atividade material: o fato administrativo é a consequência de um ato administrativo, sua
operação material após o Estado manifestar sua vontade (cumprimento da ordem de serviço
da administração); apreensão de mercadorias, demolição de prédio, etc.
b) Atuação da administração que produz efeito jurídico sem que esta seja sua finalidade
imediata: não correspondem a uma manifestação de vontade da administração mas trazem
consequências jurídicas; como a colisão de um veículo por agente público que gera o dever
de indenizar, mas não decorre de uma manifestação da vontade da administração.
c) Evento da natureza: o ato é imputável ao homem e o fato decorre de acontecimentos
naturais (por exemplo a morte de um servidor cujo efeito é a vacância do cargo); se ao fato
corresponde efeito contido em norma legal geral é fato jurídico, se produz efeito previsto no
direito administrativo é fato administrativo (OBS: se não produz efeito no Dir. Adm. será fato
DA administração).

Silêncio administrativo: omissão da administração (quando lhe incumbia o dever de se


pronunciar) que possui efeitos jurídicos seria fato jurídico administrativo. A lei pode prescrever
efeitos do silêncio (anuência tácita ou denegação). Caso a lei não preveja efeitos, o silêncio não
possui efeitos jurídicos diretos, mas sim indireto, podendo a parte recorrer ao Judiciário para
uma decisão.
® Se for ato vinculado: Judiciário fixa prazo para a administração ou defere diretamente o
pedido;
® Se for ato discricionário: Judiciário não pode deferir, somente determinar que a
administração adote decisão motivada.
17.1. ATRIBUTOS

® Presunção de legitimidade e de veracidade:


Legitimidade: ato praticado conforme a lei;
Veracidade: fatos alegados são verdadeiros;
Previsão genérica: presunção de legalidade ou de legitimidade.
Consta em todos os atos.
Presunção relativa;
Inversão do ônus da prova (cabe ao administrado, porém não é absoluta pois em alguns casos
a administração terá o ônus da prova);
Produz efeito mesmo viciado, enquanto não declarada a sua nulidade (que deve ser
provocada).
Pode-se dizer que a autoexecutoriedade é consequência da presunção de
legitimidade/veracidade.

® Tipicidade:
Conduta previamente definida em lei apta a produzir determinados resultados;
Não existe ato totalmente discricionário;
Somente em relação aos atos unilaterais (imposição de vontade da administração).
Atos administrativos não podem ser “inominados”.

® Autoexecutoriedade:
Capacidade de executar diretamente os atos, independente de ordem judicial.
Não afasta o controle judicial (prévio ou posterior).
Decorre da presunção de legitimidade;
Costuma ocorrer no poder de polícia e disciplinar.
Não está presente em todos os atos, somente o expressamente previsto em lei ou quando
se tratar de medida de urgência.
Não está presente em atos contra o patrimônio financeiro do interessado (multas e
desapropriação de imóveis).
Exigibilidade: meios indiretos de coação (multa).
Executoriedade: meios diretos de coação (apreensão de medicamentos vencidos).

® Imperatividade:
Capacidade de impor obrigações a terceiros independentemente de concordância.
Poder extroverso (além da esfera jurídica do emitente para esfera de terceiro, constituindo
obrigações unilateralmente) / princípio da supremacia;
Não consta em todos os atos (que concedem direitos, negociais ou enunciativos), somente
nos que impõem obrigações.
Não consta em atos que concedem direitos, negociais ou enunciativos.
Depende de expressa previsão legal.

17.2. ELEMENTOS DE FORMAÇÃO

Requisitos ou aspectos de validade: pressupostos de validade dos atos administrativos.

a) competência: poder legal (poder-dever obrigatório, irrenunciável, instransferível e


imodificável) conferido ao agente para o desempenho de suas atribuições;
OBS: pode haver delegação (“órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial”).
Impedimentos:
Atos de caráter normativo;
Decisão de recursos administrativos (hierarquia);
Matérias de competência exclusiva.
Ou avocação: somente possível se há hierarquia, e em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados. Somente não é cabível quanto à competência
exclusiva do subordinado (pois ato administrativo não pode se sobrepor à lei).
b) finalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse público (finalidade geral) e ao
objetivo diretamente previsto na lei (finalidade específica); o vício (insanável) de finalidade é o
desvio de poder ou desvio de finalidade.
c) forma: é o modo de exteriorização do ato (sentido estrito: forma como se exterioriza / sentido
amplo: todas as formalidades do processo de formação da vontade da administração); Atenção!
Formalismo moderado: a forma é vinculada porém é somente aquela imprescindível para
proteger o interesse público e os direitos dos administrados, mas sem excessos (vício é sanável).
d) motivo: situação de fato (o que ocorreu) e de direito (previsto em lei) que gera a vontade do
agente que pratica o ato; o motivo pode ser vinculado (lei determina a prática do ato) ou
discricionário (lei autoriza a prática do ato a critério da administração). Atenção! A motivação é
a demonstração do motivo, não é elemento essencial pois em alguns casos pode ser dispensada.
Vício de motivo: motivo falso ou inexistente; vício quanto à forma: ausência de motivação
quando necessária.
Teoria dos motivos determinantes: uma vez motivado o ato, sua validade se vincula aos
motivos indicados; o ato somente será válido se os motivos indicados forem verdadeiros.

e) objeto: também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato determina, é a alteração no mundo
jurídico que o ato se propõe a processar, ou seja, o efeito jurídico do ato. O objeto é o efeito
imediato, enquanto a finalidade é o efeito mediato. Pode ser vinculado ou discricionário, porém
deve ser lícito, possível, certo e moral.

17.3. VÍCIOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Vícios de competência:

(i) Incompetência:

(ii) Incapacidade: impedimento ou suspeição

Vício de finalidade: desvio de poder ou desvio de finalidade (espécie do gênero abuso de poder,
regra de competência, quando o agente pratica o ato com fim diverso do previsto em lei é desvio
de poder ou de finalidade; quando pratica sem competência para exercer é excesso de poder). É
vício insanável (ato nulo não sujeito à convalidação).
Vícios de forma:

a) a forma prevista em lei não foi observada;


b) a formalidade ou procedimento para a tomada de decisão não seguiu o rito definido
em lei.

Se o vício não atinge a esfera de direito do administrado pode ser corrigido por
convalidação. Entretanto, se afetar o ato em seu próprio conteúdo, será insanável.

Vícios de motivo: é insanável e ocorre quando o motivo for

a) falso;
b) inexistente;
c) juridicamente inadequado (ilegítimo): quando não justifica a prática do ato.

Vícios de objeto: em geral é insanável, e ocorre quando o objeto for

a) proibido por lei ou com conteúdo não previsto em lei;


b) diverso do previsto na lei para a situação;
c) impossível;
d) imoral:
e) incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao tempo, ao lugar (não define
exatamente sua aplicação).

17.4. MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO

Vinculado: a lei definiu todos os elementos de formação do ato.


Discricionário: a lei deixa uma margem de liberdade para o agente (motivo e objeto).
17.5. CLASSIFICAÇÃO

17.6. ESPÉCIES

17.6.1. Atos Normativos (ou gerais):


® Caracterizados pela generalidade e abstração.
® Não atingem situações concretas específicas.
® Normatizam situações futuras.
® São impessoais (se destinam a todos os que se enquadrarem nas condições definidas na
norma).
® São atos discricionários.
® Não produzem efeitos jurídicos imediatos, portanto são atos administrativos apenas em
sentido formal.
® Contra ele não cabe recurso administrativo.
® Se submetem às mesmas regras de controle judicial das leis.
® Decretos, regulamentos, resoluções, regimentos, deliberações e instruções normativas.

• Decreto: privativo do Chefe do Executivo (Presidente, governador e prefeito); se


destinam a dar fiel execução às leis (poder regulamentar); natureza geral e abstrata; são
os decretos executivos ou regulamentares; pode ter função específica e individual (ex.
nomeação), nesse caso será ato administrativo em seu sentido típico; decreto autônomo
(ou independente) pode inovar na ordem jurídica para: (i) tratar da organização e
funcionamento da administração federal (quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos) – nesse caso, o decreto autônomo terá função
normativa; ou (ii) para extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos – nesse
caso, o decreto autônomo terá efeitos concretos, pois fará a extinção de um cargo ou
função específico.
• Regulamento: especificar os mandamentos da lei (explicativos e supletivos); inferiores às
leis, com eficácia externa; depende de outro ato para aprová-lo (não produz efeitos por
si só).
• Resolução: expedidos pelas altas autoridades do Executivo (exceto o chefe do Executivo,
que edita decreto), presidentes dos tribunais, órgãos legislativos ou colegiados
administrativos, para disciplinar matéria de competência específica destes. Em regra é
geral, porém pode ter característica individual (ex. aplicar sanção). Atenção! Não se
confundem com resoluções do Legislativo (art. 59, VII, CF). Podem ter alcance interno ou
externo.
• Regimento: de efeitos internos que tratam do funcionamento de órgãos ou corporações
legislativas. Necessitam de documento de aprovação (geralmente é a resolução).
• Instrução Normativa: editados pelos ministros de Estado ou órgãos superiores para
disciplinar a execução de leis, decretos ou regulamentos.
• Deliberações: são atos normativos (gerais) ou decisórios (individuais) adotados por
órgãos colegiados. São inferiores aos regulamentos e regimentos.
17.6.2. Atos ordinatórios:

® Disciplinar o funcionamento da administração e a conduta funcional dos agentes públicos.


® Fundamento no poder hierárquico, pois se destinam do superior para seus subordinados.
® Alcance interno;
® Podem ter alguma natureza normativa (ex. circular).
® Não criam direitos ou obrigações para os particulares (em regra).
® Podem investir servidores subordinados no exercício de determinadas funções (ex.
portarias).
® Exemplos: instruções, ofícios, circulares, portarias, avisos, ordens de serviço e despachos.

17.6.3. Atos enunciativos:

® Declarar um fato pré-existente, proferir opinião ou emitir juízo de valor, sem produzir
consequências jurídicas por si só.
® Não possuem todas as características de um ato administrativo típico (não produzem efeitos
jurídicos imediatos e não constituem manifestação de vontade da administração) – sentido
formal apenas.
® Exemplos: certidões, atestados, pareceres e apostilas.

• Certidão: cópia fiel de registros de atos ou fatos que constam nos registros públicos;
direito de certidão assegurado independentemente do pagamento de taxas; princípio da
publicidade; deve ser expedida em 15 dias (contados do registro do pedido); somente
pode ser exigida mediante expressa previsão legal.
• Atestado: declara um fato ou situação de que o agente teve conhecimento, mas não
registrada em livros, papéis ou documentos.
• Parecer: opiniões, pontos de vistas sobre matéria submetida à apreciação. Não possui
efeitos jurídicos por si só (pode ser facultativo, obrigatório e vinculante). Após aprovação
passa a produzir efeitos internos, é ato ordinatório. Se produzem efeitos externos são
pareceres normativos e vinculam a administração e os particulares na interpretação da
lei.
• Apostila: atos para atualizar, corrigir, complementar ou emendar documento
(averbações).

17.6.4. Atos negociais ou de consentimento:

® A vontade da administração coincide com a do particular (que necessita de anuência ou


consentimento prévio do Estado para exercer alguma atividade).
® Atenção! Não se confundem com os contratos administrativos (bilateral), pois é manifestação
unilateral da administração e dependem de solicitação do particular.
® Geram efeitos individuais, específicos e concretos.
® Não possuem imperatividade (não geram obrigações, reconhece um direito subjetivo:
licenças; ou autoriza a realização de atividade segundo conveniência e oportunidade:
autorizações ou permissões).
® Definitivo: não pode ser livremente revogado (pode ser cassado ou anulado); precário: pode
ser revogados a qualquer tempo, sem direito a indenização (são somente atos
discricionários).
17.6.5. Atos punitivos ou sancionatórios

® Objetivo de punir ou reprimir a prática de infrações administrativas.


® Sanções internas (regime funcional) x sanções externas (administrado infringe norma
administrativa).
® Princípios: legalidade, contraditório e ampla defesa, devido processo legal,
proporcionalidade e motivação.
® Podem ser fundados no poder disciplinar (interna ou externa) ou de polícia (somente
externa).

Resumo:

17.7. EXTINÇÃO

a) cumprimento dos seus efeitos, também denominada de extinção natural: ocorre quando o
ato cumpre o seu papel, extinguindo-se pelo fato de cumprir todos os efeitos esperados. Essa
extinção poderá ocorrer pelos seguintes motivos:
(i) esgotamento do conteúdo jurídico: por exemplo, o servidor gozou integralmente do
período de suas férias;
(ii) execução material: por exemplo, foi dada a ordem para demolir uma casa e ela foi
executada;
(iii) implemente de condição resolutiva ou termo final: por exemplo, o pagamento de
um benefício iria ocorrer até a disponibilização da vacina do Coronavírus. Uma vez
disponibilizada a vacina (condição resolutiva), extingue-se o benefício.
b) extinção subjetiva: refere-se ao desaparecimento do sujeito beneficiário do ato, quanto se
tratar de ato intransferível a terceiros (ato personalíssimo – intuitu personae). Por exemplo: João
obteve autorização para porte de arma de fogo. Se ele falecer, a autorização restará extinta, pois
não se transfere a terceiros.
c) extinção objetiva: ocorre quando o objeto sobre o qual recai o ato desaparece. Por exemplo:
uma permissão de uso para uma banca de jornal em uma praça extingue-se objetivamente se a
praça for destruída para a construção de uma ponte. No mesmo contexto: a interdição de um
estabelecimento comercial se desfaz se o estabelecimento for definitivamente desativado.
d) renúncia: quando o beneficiário do ato abre mão de uma vantagem que desfrutava. Por
exemplo: João renuncia à sua aposentadoria, pois ganhou na mega-sena e ficou muito rico.
e) retirada: ocorre quando o próprio Estado adota uma medida que faz a extinção do ato. Esta
se subdivide em:
(i) caducidade: nova legislação impede a situação anteriormente consentida;
(ii) contraposição: derrubada, novo ato administrativo com efeitos contrários ao ato
anterior (ex. exoneração após nomeação);
(iii) cassação: descumprimento de condições pelo beneficiário; é vinculada e
sancionatória;
(iv) anulação: desfazimento de ato ilegal (viciado ou inválido), com efeitos retroativos; e
(v) revogação: desfazimento de ato válido (discricionário) que não é mais
conveniente/oportuno, somente em relação aos efeitos próprios. Não podem ser
revogados: atos inválidos, vinculados, exauridos ou consumados, quando exaurida a
competência sobre o objeto, meros atos administrativos, atos que compõem um
procedimento e atos que geram direito adquirido. Ab-rogação (total), derrogação
(parcial).

OBS: Atos inexistentes (praticados por usurpadores de função pública, particulares que não
possuem vínculo com a administração mas se fazem passar por agentes públicos) – nunca será
ato administrativo, portanto não está sujeito a prazos prescricionais ou decadenciais para seu
desfazimento. Efeitos impróprios: subsistem mesmo após a revogação.

® Em regra o prazo para desfazimento do ato administrativo é de 5 anos (decadência


administrativa), porém em alguns casos a lei não prevê prazo, entende-se que podem ser
desfeitos a qualquer tempo (atos de que decorrem efeitos desfavoráveis aos administrados
ou flagrantemente inconstitucionais ou de comprovada má-fé).

17.8. CONVALIDAÇÃO

Teoria das nulidades


• Monista: não existe diferente entre as nulidades (ato só é válido ou nulo); não admite a
convalidação.
• Dualista: divide os atos inválidos em nulos (vício insanável) e anuláveis (sanável). É a teoria
adotada.
Convalidação: saneamento ou aperfeiçoamento; objetiva manter os efeitos já produzidos pelo
ato; gera efeitos retroativos, pois corrige o vício desde sua origem. Em regra, a administração
deve convalidar, a exceção é quando se trata de ato discricionário. Condições para convalidação:
• Não acarreta lesão ao interesse público;
• Não causa prejuízo a terceiros;
• Defeito seja sanável de forma (desde que não seja essencial) e de competência (desde
que não seja exclusiva).

Vício de competência: somente caso não seja competência exclusiva ou em razão da matéria.

Vício de forma: só será insanável se a forma for essencial (aplica-se a razoabilidade). A forma é
essencial quando está diretamente relacionada como garantia de respeito aos direitos
individuais, ou definida em lei.

18. LICITAÇÕES EM ARQUIVO SEPARADO

19. PROCESSO ADMINISTRATIVO. LEI NO 9.784/1999.

Das Disposições Gerais § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos


órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o
União, quando no desempenho de função
processo administrativo no âmbito da
administrativa.
Administração Federal direta e indireta, visando,
em especial, à proteção dos direitos dos § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
administrados e ao melhor cumprimento dos fins
da Administração.
I - órgão - a unidade de atuação integrante da XII - impulsão, de ofício, do processo
estrutura da Administração direta e da estrutura administrativo, sem prejuízo da atuação dos
da Administração indireta; interessados;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de XIII - interpretação da norma administrativa da
personalidade jurídica; forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação
III - autoridade - o servidor ou agente público
retroativa de nova interpretação.
dotado de poder de decisão.
Dos Direitos dos Administrados
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, perante a Administração, sem prejuízo de outros
moralidade, ampla defesa, contraditório, que lhe sejam assegurados:
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e
Parágrafo único. Nos processos administrativos servidores, que deverão facilitar o exercício de
serão observados, entre outros, os critérios de: seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
I - atuação conforme a lei e o Direito; II - ter ciência da tramitação dos processos
administrativos em que tenha a condição de
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada
interessado, ter vista dos autos, obter cópias de
a renúncia total ou parcial de poderes ou
documentos neles contidos e conhecer as
competências, salvo autorização em lei;
decisões proferidas;
III - objetividade no atendimento do interesse
III - formular alegações e apresentar documentos
público, vedada a promoção pessoal de agentes
antes da decisão, os quais serão objeto de
ou autoridades;
consideração pelo órgão competente;
IV - atuação segundo padrões éticos de
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por
probidade, decoro e boa-fé;
advogado, salvo quando obrigatória a
V - divulgação oficial dos atos administrativos, representação, por força de lei.
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
Dos Deveres do Administrado
Constituição;
Art. 4o São deveres do administrado perante a
VI - adequação entre meios e fins, vedada a
Administração, sem prejuízo de outros previstos
imposição de obrigações, restrições e sanções em
em ato normativo:
medida superior àquelas estritamente necessárias
ao atendimento do interesse público; I - expor os fatos conforme a verdade;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
direito que determinarem a decisão;
III - não agir de modo temerário;
VIII – observância das formalidades essenciais à
IV - prestar as informações que lhe forem
garantia dos direitos dos administrados;
solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos
IX - adoção de formas simples, suficientes para fatos.
propiciar adequado grau de certeza, segurança e
Do Início Do Processo
respeito aos direitos dos administrados;
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se
X - garantia dos direitos à comunicação, à
de ofício ou a pedido de interessado.
apresentação de alegações finais, à produção de
provas e à interposição de recursos, nos processos Art. 6o O requerimento inicial do interessado,
de que possam resultar sanções e nas situações salvo casos em que for admitida solicitação oral,
de litígio; deve ser formulado por escrito e conter os
seguintes dados:
XI - proibição de cobrança de despesas
processuais, ressalvadas as previstas em lei; I - órgão ou autoridade administrativa a que se
dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular
represente; poderão, se não houver impedimento legal,
delegar parte da sua competência a outros órgãos
III - domicílio do requerente ou local para
ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
recebimento de comunicações;
hierarquicamente subordinados, quando for
IV - formulação do pedido, com exposição dos conveniente, em razão de circunstâncias de índole
fatos e de seus fundamentos; técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
V - data e assinatura do requerente ou de seu Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
representante. aplica-se à delegação de competência dos órgãos
Parágrafo único. É vedada à Administração a colegiados aos respectivos presidentes.
recusa imotivada de recebimento de Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
documentos, devendo o servidor orientar o
I - a edição de atos de caráter normativo;
interessado quanto ao suprimento de eventuais
falhas. II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas III - as matérias de competência exclusiva do
deverão elaborar modelos ou formulários órgão ou autoridade.
padronizados para assuntos que importem
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação
pretensões equivalentes.
deverão ser publicados no meio oficial.
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e
interessados tiverem conteúdo e fundamentos
poderes transferidos, os limites da atuação do
idênticos, poderão ser formulados em um único
delegado, a duração e os objetivos da delegação e
requerimento, salvo preceito legal em contrário.
o recurso cabível, podendo conter ressalva de
Dos Interessados exercício da atribuição delegada.
Art. 9o São legitimados como interessados no § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer
processo administrativo: tempo pela autoridade delegante.
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como § 3o As decisões adotadas por delegação devem
titulares de direitos ou interesses individuais ou no mencionar explicitamente esta qualidade e
exercício do direito de representação; considerar-se-ão editadas pelo delegado.
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e
têm direitos ou interesses que possam ser por motivos relevantes devidamente justificados,
afetados pela decisão a ser adotada; a avocação temporária de competência atribuída
a órgão hierarquicamente inferior.
III - as organizações e associações
representativas, no tocante a direitos e interesses Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas
coletivos; divulgarão publicamente os locais das respectivas
sedes e, quando conveniente, a unidade
IV - as pessoas ou as associações legalmente
fundacional competente em matéria de interesse
constituídas quanto a direitos ou interesses
especial.
difusos.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica,
Art. 10. São capazes, para fins de processo
o processo administrativo deverá ser iniciado
administrativo, os maiores de dezoito anos,
perante a autoridade de menor grau hierárquico
ressalvada previsão especial em ato normativo
para decidir.
próprio.
Dos Impedimentos E Da Suspeição
Da Competência
Art. 18. É impedido de atuar em processo
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce
administrativo o servidor ou autoridade que:
pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria, salvo os casos de delegação e I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
avocação legalmente admitidos.
II - tenha participado ou venha a participar como Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos
perito, testemunha ou representante, ou se tais do órgão ou autoridade responsável pelo processo
situações ocorrem quanto ao cônjuge, e dos administrados que dele participem devem
companheiro ou parente e afins até o terceiro ser praticados no prazo de 5 dias, salvo motivo de
grau; força maior.
III - esteja litigando judicial ou Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo
administrativamente com o interessado ou pode ser dilatado até o dobro, mediante
respectivo cônjuge ou companheiro. comprovada justificação.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se
impedimento deve comunicar o fato à autoridade preferencialmente na sede do órgão,
competente, abstendo-se de atuar. cientificando-se o interessado se outro for o local
de realização.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar
o impedimento constitui falta grave, para efeitos Da Comunicação Dos Atos
disciplinares.
Art. 26. O órgão competente perante o qual
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de tramita o processo administrativo determinará a
autoridade ou servidor que tenha amizade íntima intimação do interessado para ciência de decisão
ou inimizade notória com algum dos interessados ou a efetivação de diligências.
ou com os respectivos cônjuges, companheiros,
§ 1o A intimação deverá conter:
parentes e afins até o terceiro grau.
I - identificação do intimado e nome do órgão ou
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição
entidade administrativa;
poderá ser objeto de recurso, sem efeito
suspensivo. II - finalidade da intimação;
Da Forma, Tempo e Lugar Dos Atos Do Processo III - data, hora e local em que deve comparecer;
Art. 22. Os atos do processo administrativo não IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente,
dependem de forma determinada senão quando ou fazer-se representar;
a lei expressamente a exigir. V - informação da continuidade do processo
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por independentemente do seu comparecimento;
escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua VI - indicação dos fatos e fundamentos legais
realização e a assinatura da autoridade pertinentes.
responsável.
§ 2o A intimação observará a antecedência
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de mínima de 3 dias úteis quanto à data de
firma somente será exigido quando houver dúvida comparecimento.
de autenticidade.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em processo, por via postal com aviso de
cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo. recebimento, por telegrama ou outro meio que
§ 4o O processo deverá ter suas páginas assegure a certeza da ciência do interessado.
numeradas seqüencialmente e rubricadas. § 4o No caso de interessados indeterminados,
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em desconhecidos ou com domicílio indefinido, a
dias úteis, no horário normal de funcionamento intimação deve ser efetuada por meio de
da repartição na qual tramitar o processo. publicação oficial.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem
horário normal os atos já iniciados, cujo observância das prescrições legais, mas o
adiamento prejudique o curso regular do comparecimento do administrado supre sua falta
procedimento ou cause dano ao interessado ou à ou irregularidade.
Administração.
Art. 27. O desatendimento da intimação não Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em
importa o reconhecimento da verdade dos fatos, matéria relevante, poderão estabelecer outros
nem a renúncia a direito pelo administrado. meios de participação de administrados,
diretamente ou por meio de organizações e
Parágrafo único. No prosseguimento do processo,
associações legalmente reconhecidas.
será garantido direito de ampla defesa ao
interessado. Art. 34. Os resultados da consulta e audiência
pública e de outros meios de participação de
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do
administrados deverão ser apresentados com a
processo que resultem para o interessado em
indicação do procedimento adotado.
imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição
ao exercício de direitos e atividades e os atos de Art. 35. Quando necessária à instrução do
outra natureza, de seu interesse. processo, a audiência de outros órgãos ou
entidades administrativas poderá ser realizada em
Da Instrução
reunião conjunta, com a participação de titulares
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a ou representantes dos órgãos competentes,
averiguar e comprovar os dados necessários à lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos
tomada de decisão realizam-se de ofício ou autos.
mediante impulsão do órgão responsável pelo
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que
processo, sem prejuízo do direito dos interessados
tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao
de propor atuações probatórias.
órgão competente para a instrução e do disposto
§ 1o O órgão competente para a instrução fará no art. 37 desta Lei.
constar dos autos os dados necessários à decisão
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e
do processo.
dados estão registrados em documentos
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos existentes na própria Administração responsável
interessados devem realizar-se do modo menos pelo processo ou em outro órgão administrativo, o
oneroso para estes. órgão competente para a instrução proverá, de
Art. 30. São inadmissíveis no processo ofício, à obtenção dos documentos ou das
administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. respectivas cópias.

Art. 31. Quando a matéria do processo envolver Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória
assunto de interesse geral, o órgão competente e antes da tomada da decisão, juntar documentos
poderá, mediante despacho motivado, abrir e pareceres, requerer diligências e perícias, bem
período de consulta pública para manifestação de como aduzir alegações referentes à matéria objeto
terceiros, antes da decisão do pedido, se não do processo.
houver prejuízo para a parte interessada. § 1o Os elementos probatórios deverão ser
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de considerados na motivação do relatório e da
divulgação pelos meios oficiais, a fim de que decisão.
pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante
autos, fixando-se prazo para oferecimento de decisão fundamentada, as provas propostas pelos
alegações escritas. interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,
§ 2o O comparecimento à consulta pública não desnecessárias ou protelatórias.
confere, por si, a condição de interessado do Art. 39. Quando for necessária a prestação de
processo, mas confere o direito de obter da informações ou a apresentação de provas pelos
Administração resposta fundamentada, que interessados ou terceiros, serão expedidas
poderá ser comum a todas as alegações intimações para esse fim, mencionando-se data,
substancialmente iguais. prazo, forma e condições de atendimento.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação,
autoridade, diante da relevância da questão, poderá o órgão competente, se entender
poderá ser realizada audiência pública para
debates sobre a matéria do processo.
relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo
não se eximindo de proferir a decisão. das fases do procedimento e formulará proposta
de decisão, objetivamente justificada,
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos
encaminhando o processo à autoridade
solicitados ao interessado forem necessários à
competente.
apreciação de pedido formulado, o não
atendimento no prazo fixado pela Administração Do Dever de Decidir
para a respectiva apresentação implicará
Art. 48. A Administração tem o dever de
arquivamento do processo.
explicitamente emitir decisão nos processos
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova administrativos e sobre solicitações ou
ou diligência ordenada, com antecedência mínima reclamações, em matéria de sua competência.
de 3 dias úteis, mencionando-se data, hora e local
Art. 49. Concluída a instrução de processo
de realização.
administrativo, a Administração tem o prazo de
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido até 30 dias para decidir, salvo prorrogação por
um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido igual período expressamente motivada.
no prazo máximo de 15 dias, salvo norma especial
Da Decisão Coordenada
ou comprovada necessidade de maior prazo.
Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar
federal, as decisões administrativas que exijam a
de ser emitido no prazo fixado, o processo não
participação de 3 ou mais setores, órgãos ou
terá seguimento até a respectiva apresentação,
entidades poderão ser tomadas mediante decisão
responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
coordenada, sempre que:
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante
I - for justificável pela relevância da matéria; e
deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo
poderá ter prosseguimento e ser decidido com II - houver discordância que prejudique a
sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de celeridade do processo administrativo
quem se omitiu no atendimento. decisório.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo § 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão
devam ser previamente obtidos laudos técnicos de coordenada a instância de natureza
órgãos administrativos e estes não cumprirem o interinstitucional ou intersetorial que atua de
encargo no prazo assinalado, o órgão responsável forma compartilhada com a finalidade de
pela instrução deverá solicitar laudo técnico de simplificar o processo administrativo mediante
outro órgão dotado de qualificação e capacidade participação concomitante de todas as
técnica equivalentes. autoridades e agentes decisórios e dos
responsáveis pela instrução técnico-jurídica,
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá
observada a natureza do objeto e a
o direito de manifestar-se no prazo máximo de 10
compatibilidade do procedimento e de sua
dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.
formalização com a legislação pertinente.
Art. 45. Em caso de risco iminente, a
§ 2º (VETADO).
Administração Pública poderá motivadamente
adotar providências acauteladoras sem a prévia § 3º (VETADO).
manifestação do interessado. § 4º A decisão coordenada não exclui a
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do responsabilidade originária de cada órgão ou
processo e a obter certidões ou cópias autoridade envolvida.
reprográficas dos dados e documentos que o § 5º A decisão coordenada obedecerá aos
integram, ressalvados os dados e documentos de princípios da legalidade, da eficiência e da
terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à transparência, com utilização, sempre que
privacidade, à honra e à imagem. necessário, da simplificação do procedimento e da
Art. 47. O órgão de instrução que não for concentração das instâncias decisórias.
competente para emitir a decisão final elaborará
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos governamentais relativos ao objeto da
processos administrativos: convocação;
I - de licitação; V - posicionamento dos participantes para
subsidiar futura atuação governamental em
II - relacionados ao poder sancionador; ou
matéria idêntica ou similar; e
III - em que estejam envolvidas autoridades de
VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à
Poderes distintos.
matéria sujeita à sua competência.
Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da
§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser
decisão coordenada, na qualidade de ouvintes, os
complementada a fundamentação da decisão da
interessados de que trata o art. 9º desta Lei.
autoridade ou do agente a respeito de matéria de
Parágrafo único. A participação na reunião, que competência do órgão ou da entidade
poderá incluir direito a voz, será deferida por representada.
decisão irrecorrível da autoridade responsável
§ 2º (VETADO).
pela convocação da decisão coordenada.
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário
Art. 49-C. (VETADO).
Oficial da União, do qual deverão constar, além do
Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada registro referido no inciso IV do caput deste artigo,
deverão ser intimados na forma do art. 26 desta os dados identificadores da decisão coordenada e
Lei. o órgão e o local em que se encontra a ata em seu
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é inteiro teor, para conhecimento dos
responsável pela elaboração de documento interessados.
específico sobre o tema atinente à respectiva Da Motivação
competência, a fim de subsidiar os trabalhos e
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser
integrar o processo da decisão coordenada.
motivados, com indicação dos fatos e dos
Parágrafo único. O documento previsto fundamentos jurídicos, quando:
no caput deste artigo abordará a questão objeto
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou
da decisão coordenada e eventuais
interesses;
precedentes.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto
sanções;
da decisão coordenada deverá ser manifestado
durante as reuniões, de forma fundamentada, III - decidam processos administrativos de
acompanhado das propostas de solução e de concurso ou seleção pública;
alteração necessárias para a resolução da
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
questão.
processo licitatório;
Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria
V - decidam recursos administrativos;
estranha ao objeto da convocação.
VI - decorram de reexame de ofício;
Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão
coordenada será consolidada em ata, que conterá VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada
as seguintes informações: sobre a questão ou discrepem de pareceres,
laudos, propostas e relatórios oficiais;
I - relato sobre os itens da pauta;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão
II - síntese dos fundamentos aduzidos;
ou convalidação de ato administrativo.
III - síntese das teses pertinentes ao objeto da
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e
convocação;
congruente, podendo consistir em declaração de
IV - registro das orientações, das diretrizes, das concordância com fundamentos de anteriores
soluções ou das propostas de atos pareceres, informações, decisões ou propostas,
que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
natureza, pode ser utilizado meio mecânico que própria Administração.
reproduza os fundamentos das decisões, desde
Do Recurso Administrativo e Da Revisão
que não prejudique direito ou garantia dos
interessados. Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso,
em face de razões de legalidade e de mérito.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos
colegiados e comissões ou de decisões orais § 1o O recurso será dirigido à autoridade que
constará da respectiva ata ou de termo escrito. proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar
no prazo de 5 dias, o encaminhará à autoridade
Da Desistência E Outros Casos De Extinção Do
superior.
Processo
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de
Art. 51. O interessado poderá, mediante
recurso administrativo independe de caução.
manifestação escrita, desistir total ou
parcialmente do pedido formulado ou, ainda, § 3o Se o recorrente alegar que a decisão
renunciar a direitos disponíveis. administrativa contraria enunciado da súmula
vinculante, caberá à autoridade prolatora da
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou
decisão impugnada, se não a reconsiderar,
renúncia atinge somente quem a tenha
explicitar, antes de encaminhar o recurso à
formulado.
autoridade superior, as razões da aplicabilidade
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
conforme o caso, não prejudica o prosseguimento
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no
do processo, se a Administração considerar que o
máximo por três instâncias administrativas, salvo
interesse público assim o exige.
disposição legal diversa.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso
extinto o processo quando exaurida sua
administrativo:
finalidade ou o objeto da decisão se tornar
impossível, inútil ou prejudicado por fato I - os titulares de direitos e interesses que forem
superveniente. parte no processo;
Da Anulação, Revogação E Convalidação II - aqueles cujos direitos ou interesses forem
indiretamente afetados pela decisão recorrida;
Art. 53. A Administração deve anular seus
próprios atos, quando eivados de vício de III - as organizações e associações representativas,
legalidade, e pode revogá-los por motivo de no tocante a direitos e interesses coletivos;
conveniência ou oportunidade, respeitados os IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos
direitos adquiridos. ou interesses difusos.
Art. 54. O direito da Administração de anular os Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de 10
atos administrativos de que decorram efeitos dias o prazo para interposição de recurso
favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, administrativo, contado a partir da ciência ou
contados da data em que foram praticados, salvo divulgação oficial da decisão recorrida.
comprovada má-fé.
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o recurso administrativo deverá ser decidido no
prazo de decadência contar-se-á da percepção do prazo máximo de 30 dias, a partir do recebimento
primeiro pagamento. dos autos pelo órgão competente.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior
qualquer medida de autoridade administrativa poderá ser prorrogado por igual período, ante
que importe impugnação à validade do ato. justificativa explícita.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de
acarretarem lesão ao interesse público nem requerimento no qual o recorrente deverá expor
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
os fundamentos do pedido de reexame, podendo de responsabilização pessoal nas esferas cível,
juntar os documentos que julgar convenientes. administrativa e penal.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o Art. 65. Os processos administrativos de que
recurso não tem efeito suspensivo. resultem sanções poderão ser revistos, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo
surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes
de difícil ou incerta reparação decorrente da
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
execução, a autoridade recorrida ou a
aplicada.
imediatamente superior poderá, de ofício ou a
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. Parágrafo único. Da revisão do processo não
poderá resultar agravamento da sanção.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente
para dele conhecer deverá intimar os demais Dos Prazos
interessados para que, no prazo de 5 dias úteis,
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da
apresentem alegações.
data da cientificação oficial, excluindo-se da
Art. 63. O recurso não será conhecido quando contagem o dia do começo e incluindo-se o do
interposto: vencimento.
I - fora do prazo; § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o
primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em
II - perante órgão incompetente;
dia em que não houver expediente ou este for
III - por quem não seja legitimado; encerrado antes da hora normal.
IV - após exaurida a esfera administrativa. § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao modo contínuo.
recorrente a autoridade competente, sendo-lhe § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-
devolvido o prazo para recurso. se de data a data. Se no mês do vencimento não
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede houver o dia equivalente àquele do início do prazo,
a Administração de rever de ofício o ato ilegal, tem-se como termo o último dia do mês.
desde que não ocorrida preclusão administrativa. Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso comprovado, os prazos processuais não se
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, suspendem.
total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a Das Sanções
matéria for de sua competência.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste autoridade competente, terão natureza
artigo puder decorrer gravame à situação do pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer
recorrente, este deverá ser cientificado para que ou de não fazer, assegurado sempre o direito de
formule suas alegações antes da decisão. defesa.
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de Das Disposições Finais
enunciado da súmula vinculante, o órgão
Art. 69. Os processos administrativos específicos
competente para decidir o recurso explicitará as
continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-
razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos
súmula, conforme o caso.
desta Lei.
Art. 64-B. Acolhida pelo STF a reclamação
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em
fundada em violação de enunciado da súmula
qualquer órgão ou instância, os procedimentos
vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora
administrativos em que figure como parte ou
e ao órgão competente para o julgamento do
interessado:
recurso, que deverão adequar as futuras decisões
administrativas em casos semelhantes, sob pena I - pessoa com idade igual ou superior a 60
anos;
II - pessoa portadora de deficiência, física ou medicina especializada, mesmo que a doença
mental; tenha sido contraída após o início do
processo.
III – (VETADO)
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa,
benefício, juntando prova de sua condição, deverá
esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase,
requerê-lo à autoridade administrativa
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
competente, que determinará as providências a
grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
serem cumpridas.
anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia
grave, estados avançados da doença de Paget § 2o Deferida a prioridade, os autos receberão
(osteíte deformante), contaminação por radiação, identificação própria que evidencie o regime de
síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra tramitação prioritária.
doença grave, com base em conclusão da

• Súmula 633, STJ: A lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para
a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser
aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente norma local e
específica que regule a matéria.
• Súmula vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a constituição. (não se aplica em PAD para apurar falta grave de preso).
• Prioridade de tramitação: pessoa com 60 anos ou mais; pessoa com deficiência ou portadora
de doença grave.
• Impedimento: interesse direto ou indireto na matéria; participação como perito, testemunha
ou representante (igualmente ao cônjuge/companheiro e parentes e afis até o 3º grau); em
litígio com o interessado ou cônjuge/companheiro.
• Supeição: amizade íntima ou inimizade notória (interessados ou cônjuges/companheiros e
parentes e afis até o 3º grau); o indeferimento pode ser objeto de recurso sem efeito
suspensivo.
• O não comparecimento ou a ausência de manifestação não implicarão renúncia ou
concordância, nem presunção de veracidade. Não há preclusão do direito de defesa.
• Encerrada a instrução o interessado terá direito a manifestação em 10 dias.
• Decisão: prazo de 30 dias (salvo prorrogação expressamente motivada).
• Decisão coordenada: pode ser aplicada quando se exige participação de 3 ou mais setores,
órgãos ou entidades (relevância da matéria ou discordância que prejudique a celeridade),
para simplificar o processo administrativa. Concentração das instâncias decisórias para
padronizar, simplificar e agilizar a decisão. Interessados (legitimados) poderão participar
como ouvintes, por decisão irrecorrível. Vedada para: licitação, poder sancionador e
autoridades de Poderes distintos.
• Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
• Máximo 3 instâncias administrativas para o recurso.
• Se houver violação a enunciado de súmula vinculante, esgotada a via administrativa, caberá
reclamação ao STF.
• Recurso: prazo preclusivo de 10 dias; não tem efeito suspensivo; julgado em 30 dias
(prorrogável por igual prazo por explícita justificativa). Não será conhecido: intempestivo;
perante órgão incompetente; por quem não seja legitimado; após exaurida a esfera
administrativa.
• Permite o agravamento nos recursos administrativos, porém veda no caso de revisão de
processo que resulta em sanção.
• É possível a delegação de competência de órgãos colegiados aos respectivos presidentes.
• Atos praticados antes dessa lei terão prazo decadencial de 5 anos a contar da vigência da lei.

20. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

CF, art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da


União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

• Contábil: lançamentos e escrituração contábil;


• Financeira: arrecadação das receitas e execução de despesas;
• Orçamentária: elaboração e execução dos orçamentos;
• Operacional: desempenho dos programas de governo e dos processos administrativos
(gestão);
• Patrimonial: controle e guarda do patrimônio público.

• Legalidade: obediência às normas legais.


• Legitimidade: complemento à legalidade, atendimento à moralidade e conformação com
valores e princípios do direito, destinado aos objetivos estatais (interesse público,
moralidade, impessoalidade, etc).
• Economicidade: relacionada à eficiência; minimização de custos sem comprometer a
qualidade.

• Subvenções: transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades


beneficiadas; sociais: instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural,
sem finalidade lucrativa; econômicas: que se destinem a empresas públicas ou privadas
de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.
• Renúncias de receitas: redução discriminada de tributos ou contribuições e outros
benefícios que correspondam a tratamento diferenciado; é forma de tratamento
diferenciado que implica a não arrecadação de receitas.

Teoria geral da Administração: Controle é uma das funções administrativas básicas: planejar,
organizar, dirigir e controlar. É a definição de padrões para medir desempenho, corrigir desvios
ou discrepâncias e garantir que o planejamento seja realizado. Sua finalidade é garantir que a
consecução dos resultados daquilo que foi planejado, organizado e dirigido se ajuste aos
objetivos estabelecidos. O controle externo é complementado pelo controle interno.
• Conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder
de fiscalização e revisão da atividade administrativa em qualquer das esferas de Poder.
• Poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com
os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico
• Vai além da legalidade: eficiência, eficácia e efetividade.

Quanto ao fundamento, à existência de hierarquia ou à amplitude:


a) hierárquico – que resulta do escalonamento hierárquico dos órgãos administrativos;
b) finalístico – aquele que não possui fundamento na hierarquia.

Quanto à origem ou ao posicionamento do órgão que o efetua:


a) interno – realizado no âmbito da própria Administração ou por órgão do mesmo Poder que
editou o ato controlado;
b) externo – realizado por órgão independente ou de outro Poder do que efetuou o ato
controlado;
c) popular – efetuado pela sociedade civil ou pelos administrados em geral.

Quanto ao órgão que o exerce:


a) administrativo – aquele que decorre das funções administrativas do órgão;
b) legislativo – é o controle realizado no exercício da função típica do Poder Legislativo de
fiscalizar. Divide-se em controle parlamentar direto (exercido diretamente pelo Congresso
Nacional); e controle parlamentar indireto (exercido pelo Tribunal de Contas da União);
c) judicial – é o controle realizado pelo Poder Judiciário sobre a atuação da Administração
Pública.

Quanto ao momento em que se efetua:


a) prévio – é o controle preventivo realizado antes do início da prática do ato ou antes de sua
conclusão;
b) concomitante – ocorre durante o processo de formação do ato controlado;
c) posterior – também chamado de subsequente, é o controle que ocorre após a conclusão do
ato.

Quanto ao aspecto da atividade administrativa controlada:


a) de legalidade ou legitimidade – procura verificar a conformação do ato ou do procedimento
com as normas legais que o regem;
b) de mérito – tem por objetivo comprovar a eficiência e os resultados do ato, além dos aspectos
de conveniência e oportunidade.

Controle interno:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
Judiciário manterão, de forma integrada, sistema missão institucional.
de controle interno com a finalidade de:
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no tomarem conhecimento de qualquer
plano plurianual, a execução dos programas de irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência
governo e dos orçamentos da União; ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária.
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
quanto à eficácia e eficiência, da gestão § 2º Qualquer cidadão, partido político,
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos associação ou sindicato é parte legítima para, na
e entidades da administração federal, bem como forma da lei, denunciar irregularidades ou
da aplicação de recursos públicos por entidades ilegalidades perante o Tribunal de Contas da
de direito privado; União.
III - exercer o controle das operações de crédito,
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;

Controle da Adm. Direta sobre a Indireta: controvérsia doutrinária; controle externo ou controle
interno exterior, ou, ainda, controle interno.

Controle popular:
• reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a
manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
interna, da qualidade dos serviços;
• acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo,
com exceção das ressalvas previstas no próprio texto constitucional (art. 5º, X e XXXIII);
• disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego
ou função na administração pública.
• Denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o TCU.
• Direito de receber informações de interesse particular ou coletivo ou geral.
• Ação popular (ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade que o Estado participe, à
moralidade, meio ambiente e patrimônio histórico e cultural).
• Divulgação das contas dos municípios durante 60 dias para qualquer contribuinte
questionar a legitimidade.
• Contas do Chefe do Executivo ficarão disponíveis durante todo o exercício para consulta
e apreciaão pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Controle hierárquico: no escalonamento vertical de órgãos (inferiores subordinados aos
superiores); é pleno (mérito e legalidade), permanente (a qualquer tempo), absoluto (independe
de previsão legal), e interno (âmbito da mesma administração).

Controle finalístico: ou por vinculação, é feito pela Adm. Direta sobre a Indireta (vinculação). É
limitado (dentro dos limites da lei) e externo. Teleológico: verifica o enquadramento da
instituição no programa geral de Governo e acompanhamento dos atos dos dirigentes para
garantir atendimento às finalidades da controlada. Também chamado de tutela ou supervisão
ministerial.

Controle político: feito pelo Legislativo sobre mérito das decisões do Executivo; é subjetivo; ex:
aprovação prévia do Senado para indicação de nomes de algumas autirdades, julgamento das
contas do presidente pelo CN, fiscalização pelo CN dos atos do Executivo e da Adm. Indireta.

Controle Administrativo: exercído pela Administração Pública internamente, poder-dever de


autotutela, que pode ser realizado de ofício ou mediante provocação.
• Aquele que o Executivo e os órgãos de administração dos demais Poderes exercem sobre
suas próprias atividades, visando mantê-los dentro da lei, segundo as necessidades do
serviço e as exigências técnicas e econômicas de sua realização (mérito e legalidade).
Autotutela.
• Súmula 473, STF: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
• Atenção! Revogação: ato inconveniente/inoportuno; Anulação: ato ilegal. Porém, no
julgamento do RE 594.296, o Min. Dias Tóffoli assim consignou: “Ao Estado é facultada a
revogação de atos que repute ilegalmente praticados; porém, se de tais atos já
decorreram efeitos concretos, seu desfazimento deve ser precedido de regular processo
administrativo”. Atenção à literalidade desse trecho na prova, que já foi questão
considerada correta, mesmo eivada de atecnia.
• Instrumentos: fiscalização hierárquica, direito de petição, processo administrativo,
arbitragem.
• Atenção! Todos os Poderes exercem controle administrativo quando estiverem no
exercício da função administrativa, portanto não é exclusivo do Executivo.
• Reclamação administrativa: administrado manifesta seu inconformismo com decisão
administrativa, visando a revisão do ato que afeta direito ou interesse próprios.
• Representação: denúncia feita por qualquer pessoa sobre irregularidades ou ilegalidades.
• Pedido de reconsideração: feito à mesma autoridade que emitiu o ato, para que o
reaprecie.
• Recurso hierárquico próprio: pedido de reexame do ato à autoridade hierarquicamente
superior.
• Recurso hieráquico impróprio: recurso dirigido a órgão especializado da apreciação de
recursos específicos, não relacionados hierarquicamente com a autoridade que emitiu o
ato; só é possível mediante previsão legal.
• Revisão: destinado a rever aplicação de sanção pelo surgimento de fatos novos.

Prescrição: doutrina usa o termo amplo para tratar da preclusão, prescrição e decadência.

® Preclusão: perda do prazo para determinada manifestação dentro de um processo


(administrativo ou judicial);
® Prescrição: perda do prazo para reclamar direito pela via judicial (possibilidade de defender
direito por meio da pretensão judicial); admite interrupção e suspensão;
® Decadência: perda do direito em si (é prazo fatal).

O prazo decadencial para Administração anular atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis ao administrado é de 5 anos. Quanto aos demais atos (que não gerem efeitos
favoráveis ou de comprovada má-fé) é de 10 anos o prazo (regra geral do CC).

Controle Legislativo: função típica de fiscalização do Poder Legislativo sobre os demais poderes.
Não é de mérito (economicidade poderia ser um aspecto do mérito que é permitido apreciar).
» Controle político: controle parlamentar direto exercido pelo CN, suas Casas, comissões
parlamentares ou pelos membros do Legislativo.
» Controle parlamentar indireto ou controle técnico: exercido pelo Tribunal de Contas.

1. Controle parlamentar direto:


• Sustar atos normativos do Executivo que exorbitem do poder regulamentar (leia-se
normativo) ou dos limites de delegação legislativa: controle de legalidade e legitimidade, não
adentra o mérito.
• Julgar anualmente contas do Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
execução dos planos de governo: o TC emite parecer prévio e o julgamento é feito pelo CN;
nas demais situações o TC julga as contas.
• Fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta.
• Câmara/Senado ou comissões podem convocar Ministro de Estado ou titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência para prestar pessoalmente informações sobre
assunto previamente determinado + Mesas podem encaminhar pedidos escritos de
informações aos Ministros de Estado ou titulares de órgãos subordinados à PR. A ausência
sem justificação, recusa ou prestação de informações falsas importa crime de
responsabilidade.
• Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da Adm. federal,
mediante controle externo, com auxílio do TCU (política: CN; técnica: TCU; ou em conjunto
pelo TCU e CN: sustação de despesa não autorizada ou de contrato com ilegalidade).
• Senado Federal:
Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (CF, art. 52,
I);
Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de ministros do STF,
de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União, de governador de Território
Federal, do presidente e diretores do Banco Central e do Procurador-Geral da República (CF,
art. 52, III, “a”, “b”, “c”, “d” e “e”);
Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos
chefes de missão diplomática de caráter permanente (CF, art. 52, IV);
Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos municípios (CF, art. 52, V);
• Comissões:
Convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas
atribuições;
Receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos
ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
Apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e
sobre eles emitir parecer.
• Comissões parlamentares de inquérito:
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado
e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público,
para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

2. Controle Técnico (exercido pelo TCU):


• O titular é o Legislativo, as competências são dos tribunais de contas.
• O TC tem competências próprias e privativas e não se subordina ao Legislativo.
• Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
• Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
• Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;
• Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município;
• Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas;
• Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;
• Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
• Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
• Não pode sustar diretamente um contrato (competência do CN), mas se em 90 dias o CN ou
o Executivo não tomarem medidas, o TC decidirá sobre a sustação.
• Decisões do TC que impliquem débito ou multa tem eficácia de título executivo extrajudicial.
• TCU tem o dever de prestar informações solicitadas pelo CN sobre fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas.

Controle judicial: é uma das formas de controle de legalidade e legitimidade de atos


administrativos.
» Mandado de segurança;
» Ação popular;
» Ação civil pública;
» Mandado de Injunção;
» Habeas data;
» Ação de improbidade administrativa;

21. LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI NO 8.429/1992 COM REDAÇÃO DADA PELA LEI
NO 14.230/2021).

CF, Art. 37, §4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Em que pese a CF não dispor expressamente da competência para edição da lei, a LIA versa sobre
assuntos enquadrados na competência legislativa da União:

® Suspensão de direitos políticos: direito eleitoral e cidanania;


® Recomposição patrimonial: direito civil;
® Penalidades: sentido amplo do regime punitivo de infrações contra o Estado (âmbito
penal);
® Tramitação no âmbito judicial: direito processual.

Edição legislativa suplementar de normas específicas pelos entes federados: divergência


doutrinária.

a) A LIA é nacional, de competência legislativa privativa da União;


b) Legislação suplementar dos estados e DF em procedimentos em matéria processual;
c) Legislação concorrente: matérias de processo administrativo (declaração de bens,
representação) por todos os entes federados.

Disposições preliminares da LIA:

Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de entes públicos ou governamentais, previstos no §


improbidade administrativa tutelará a probidade 5º deste artigo.
na organização do Estado e no exercício de suas
§ 7º Independentemente de integrar a
funções, como forma de assegurar a integridade
administração indireta, estão sujeitos às sanções
do patrimônio público e social, nos termos desta
desta Lei os atos de improbidade praticados contra
Lei.
o patrimônio de entidade privada para cuja
§ 1º Consideram-se atos de improbidade criação ou custeio o erário haja concorrido ou
administrativa as condutas dolosas tipificadas nos concorra no seu patrimônio ou receita atual,
arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso,
previstos em leis especiais. à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos
cofres públicos.
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e
consciente de alcançar o resultado ilícito § 8º Não configura improbidade a ação ou omissão
tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não decorrente de divergência interpretativa da lei,
bastando a voluntariedade do agente. baseada em jurisprudência, ainda que não
pacificada, mesmo que não venha a ser
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho
posteriormente prevalecente nas decisões dos
de competências públicas, sem comprovação de
órgãos de controle ou dos tribunais do Poder
ato doloso com fim ilícito, afasta a
Judiciário.
responsabilidade por ato de improbidade
administrativa. Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se
agente público o agente político, o servidor
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade
público e todo aquele que exerce, ainda que
disciplinado nesta Lei os princípios constitucionais
transitoriamente ou sem remuneração, por
do direito administrativo sancionador.
eleição, nomeação, designação, contratação ou
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
na organização do Estado e no exercício de suas mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
funções e a integridade do patrimônio público e referidas no art. 1º desta Lei.
social dos Poderes Executivo, Legislativo e
Parágrafo único. No que se refere a recursos de
Judiciário, bem como da administração direta e
origem pública, sujeita-se às sanções previstas
indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos
nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica,
Municípios e do Distrito Federal.
que celebra com a administração pública
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de convênio, contrato de repasse, contrato de
improbidade praticados contra o patrimônio de gestão, termo de parceria, termo de cooperação
entidade privada que receba subvenção, ou ajuste administrativo equivalente.
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que
que couber, àquele que, mesmo não sendo causar dano ao erário ou que se enriquecer
agente público, induza ou concorra dolosamente ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de
para a prática do ato de improbidade. repará-lo até o limite do valor da herança ou do
patrimônio transferido.
§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os
colaboradores de pessoa jurídica de direito Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que
privado não respondem pelo ato de improbidade trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na
que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo hipótese de alteração contratual, de
se, comprovadamente, houver participação e transformação, de incorporação, de fusão ou de
benefícios diretos, caso em que responderão nos cisão societária.
limites da sua participação.
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de
§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa incorporação, a responsabilidade da sucessora
jurídica, caso o ato de improbidade administrativa será restrita à obrigação de reparação integral do
seja também sancionado como ato lesivo à dano causado, até o limite do patrimônio
administração pública de que trata a Lei nº transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais
12.846, de 1º de agosto de 2013. sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e
de fatos ocorridos antes da data da fusão ou da
Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade,
incorporação, exceto no caso de simulação ou de
a autoridade que conhecer dos fatos representará
evidente intuito de fraude, devidamente
ao Ministério Público competente, para as
comprovados.
providências necessárias.

21.1. Conceito e natureza do ato de improbidade:

Ato de improbidade administrativa: conduta dolosa desonesta e imoral com a coisa pública, cujo
ilícito tem natureza civil e política (não constituindo, por si só, crime), cujo processamento será
no âmbito judicial em ação própria, e que ofende:
i) A probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções; e
ii) A integridade do patrimônio público e social;

Conceito legal: “consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas


tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais”, “violam a
probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do patrimônio
público e social”.

Natureza civil e política, embora seja possível que a conduta também seja crime.
STJ: o ato de improbidade é ilegalidade qualificada, ou seja, ilegalidade causada por impulsos de
desonestidade, malícia ou dolo.

A LIA passou a exigir o dolo específico: vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito.

Espécies:

i) Os que importam enriquecimento ilícito;


ii) Os que causam prejuízo ao erário;
iii) Os que atentam contra os princípios da Administração Pública.

OBS: além dos tipificados na LIA, admite-se que leis especiais definam atos de improbidade (ex.
art. 52, do Estatuto da Cidade que dispõe sobre atos de improbidades cometidos por prefeitos).

Entendimentos pertinentes do STF:

® Necessidade de comprovação da responsabilidade subjetiva (dolo);


® Não retroage a revogação da modalidade culposa (não incide em relação à eficácia da
coisa julgada, ou no processo de execução das penas e seus incidentes);
® As alterações da lei 14.230/21 se aplicam aos atos culposos praticados na vigência do
texto anterior pendente o trânsito em julgado, devendo ser analisado o dolo nestes
casos;
® O novo regime prescricional não retroage.

Sujeito passivo:

a) Administração direta e indireta (em todos os poderes e âmbitos);


b) Entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes
públicos ou governamentais;
c) Entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu
patrimônio ou receita atual (limitado o ressarcimento à contribuição dos cofres públicos).

Sujeito ativo: agente público ou terceiro.

a) Agente político (exceto o Presidente da República por previsão da CF, art. 85, V);
b) Servidor público.
c) Quem exerce função nas entidades listadas (sujeito passivo);
d) Particular (pessoa física ou jurídica) que celebra convênio com a administração pública;
e) Terceiro que induz ou concorre dolosamente para a prática do ato (não responde
isoladamente).

OBS: os sócios, cotistas, diretores e colaboradores de PJ de direito privado não respondem pelo
ato imputado à PJ, salvo sua participação comprovada e benefícios diretos, caso em que
responderão no limite de sua participação.

Atenção! As sanções de IA não se aplicarão à PJ caso o ato seja também sancionado como ato
lesivo à administração pública (Lei Anticorrupção).
Responsabilidade dos sucessores: obrigação de reparar até o limite do valor da herança ou
patrimônio transferido. Aplica-se também na hipótese de alteração contratual, transformação,
incorporação, fusão ou cisão societária.

Espécies de ato de improbidade:

1. Que importam enriquecimento ilícito; (rol taxativo) 2. Que causam dano ao erário;
(exemplificativo) 3. Que atentam contra os princípios da administração (exemplificativo).

1. Que importam enriquecimento ilícito:

em razão do exercício de cargo, de mandato, de


Art. 9º Constitui ato de improbidade
função, de emprego ou de atividade nas entidades
administrativa importando em enriquecimento
referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:
ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso,
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem quantidade, peso, medida, qualidade ou
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem característica de mercadorias ou bens fornecidos
econômica, direta ou indireta, a título de a qualquer das entidades referidas no art. 1º
comissão, percentagem, gratificação ou presente desta Lei;
de quem tenha interesse, direto ou indireto, que
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício
possa ser atingido ou amparado por ação ou
de mandato, de cargo, de emprego ou de função
omissão decorrente das atribuições do agente
pública, e em razão deles, bens de qualquer
público;
natureza, decorrentes dos atos descritos
II - perceber vantagem econômica, direta ou no caput deste artigo, cujo valor seja
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou desproporcional à evolução do patrimônio ou à
locação de bem móvel ou imóvel, ou a renda do agente público, assegurada a
contratação de serviços pelas entidades referidas demonstração pelo agente da licitude da origem
no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; dessa evolução;
III - perceber vantagem econômica, direta ou VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou atividade de consultoria ou assessoramento para
locação de bem público ou o fornecimento de pessoa física ou jurídica que tenha interesse
serviço por ente estatal por preço inferior ao suscetível de ser atingido ou amparado por ação
valor de mercado; ou omissão decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular,
qualquer bem móvel, de propriedade ou à IX - perceber vantagem econômica para
disposição de qualquer das entidades referidas no intermediar a liberação ou aplicação de verba
art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de pública de qualquer natureza;
servidores, de empregados ou de terceiros
X - receber vantagem econômica de qualquer
contratados por essas entidades;
natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
V - receber vantagem econômica de qualquer de ofício, providência ou declaração a que esteja
natureza, direta ou indireta, para tolerar a obrigado;
exploração ou a prática de jogos de azar, de
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu
lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de
patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou
integrantes do acervo patrimonial das entidades
aceitar promessa de tal vantagem;
mencionadas no art. 1° desta lei;
VI - receber vantagem econômica de qualquer
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas,
natureza, direta ou indireta, para fazer declaração
verbas ou valores integrantes do acervo
falsa sobre qualquer dado técnico que envolva
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre
desta lei.

2. Atos que causam lesão ao erário: a lesão é dolosa, bem como efetiva e comprovada. Nesses
casos o agente não recebe a vantagem patriomonial indevida (para si ou para outrem). O
benefício irá para terceiro. O que define o enquadramento da conduta será o agente público.
Aqui o agente não recebe nada, mesmo que terceiro receba.

Atenção! Ainda que não seja punível pela lei de improbidade administrativa, conduta culposa
que cause lesão ao erário poderá ser ressarcida civilmente.

bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º


Art. 10. Constitui ato de improbidade
desta Lei, e notadamente:
administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para
comprovadamente, perda patrimonial, desvio, a indevida incorporação ao patrimônio particular,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, de
verbas ou de valores integrantes do acervo XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
patrimonial das entidades referidas no art. 1º particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
desta Lei; material de qualquer natureza, de propriedade ou
à disposição de qualquer das entidades
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
trabalho de servidor público, empregados ou
valores integrantes do acervo patrimonial das
terceiros contratados por essas entidades.
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
observância das formalidades legais ou XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que
regulamentares aplicáveis à espécie; tenha por objeto a prestação de serviços públicos
por meio da gestão associada sem observar as
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao
formalidades previstas na lei;
ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas XV – celebrar contrato de rateio de consórcio
ou valores do patrimônio de qualquer das público sem suficiente e prévia dotação
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem orçamentária, ou sem observar as formalidades
observância das formalidades legais e previstas na lei.
regulamentares aplicáveis à espécie;
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou para a incorporação, ao patrimônio particular de
locação de bem integrante do patrimônio de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta ou valores públicos transferidos pela
lei, ou ainda a prestação de serviço por parte administração pública a entidades privadas
delas, por preço inferior ao de mercado; mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
locação de bem ou serviço por preço superior ao
de mercado; XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
VI - realizar operação financeira sem observância
valores públicos transferidos pela administração
das normas legais e regulamentares ou aceitar
pública a entidade privada mediante celebração
garantia insuficiente ou inidônea;
de parcerias, sem a observância das formalidades
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
sem a observância das formalidades legais ou
XVIII - celebrar parcerias da administração pública
regulamentares aplicáveis à espécie;
com entidades privadas sem a observância das
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
de processo seletivo para celebração de parcerias à espécie;
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
XIX - agir para a configuração de ilícito na
indevidamente, acarretando perda patrimonial
celebração, na fiscalização e na análise das
efetiva;
prestações de contas de parcerias firmadas pela
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas administração pública com entidades privadas;
não autorizadas em lei ou regulamento;
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou administração pública com entidades privadas
de renda, bem como no que diz respeito à sem a estrita observância das normas pertinentes
conservação do patrimônio público; ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
XI - liberar verba pública sem a estrita irregular.
observância das normas pertinentes ou influir de XXII - conceder, aplicar ou manter benefício
qualquer forma para a sua aplicação irregular; financeiro ou tributário contrário ao que dispõem
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar
terceiro se enriqueça ilicitamente; nº 116, de 31 de julho de 2003 [alíquota mínima
do ISS de 2%].
§ 1º Nos casos em que a inobservância de § 2º A mera perda patrimonial decorrente da
formalidades legais ou regulamentares não atividade econômica não acarretará improbidade
implicar perda patrimonial efetiva, não ocorrerá administrativa, salvo se comprovado ato doloso
imposição de ressarcimento, vedado o praticado com essa finalidade.
enriquecimento sem causa das entidades referidas
no art. 1º desta Lei.

3. Atos que atentam contra os princípios da Administração Pública: independem da ocorrência


de enriquecimento ilícito ou lesão ao erário.

condições para isso, com vistas a ocultar


Art. 11. Constitui ato de improbidade
irregularidades;
administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública a ação ou omissão dolosa VII - revelar ou permitir que chegue ao
que viole os deveres de honestidade, de conhecimento de terceiro, antes da respectiva
imparcialidade e de legalidade, caracterizada por divulgação oficial, teor de medida política ou
uma das seguintes condutas: [rol taxativo] econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
bem ou serviço.
III - revelar fato ou circunstância de que tem
ciência em razão das atribuições e que deva VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
permanecer em segredo, propiciando fiscalização e aprovação de contas de parcerias
beneficiamento por informação privilegiada ou firmadas pela administração pública com
colocando em risco a segurança da sociedade e do entidades privadas.
Estado;
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
razão de sua imprescindibilidade para a segurança terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante
da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
instituídas em lei; em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter
confiança ou, ainda, de função gratificada na
concorrencial de concurso público, de
administração pública direta e indireta em
chamamento ou de procedimento licitatório, com
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido
indireto, ou de terceiros;
o ajuste mediante designações recíprocas;
VI - deixar de prestar contas quando esteja
XII - praticar, no âmbito da administração pública
obrigado a fazê-lo, desde que disponha das
e com recursos do erário, ato de publicidade que
contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da
Constituição Federal, de forma a promover § 3º O enquadramento de conduta funcional na
inequívoco enaltecimento do agente público e categoria de que trata este artigo pressupõe a
personalização de atos, de programas, de obras, demonstração objetiva da prática de ilegalidade
de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos. no exercício da função pública, com a indicação
das normas constitucionais, legais ou infralegais
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas
violadas.
contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº
5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá § 4º Os atos de improbidade de que trata este
improbidade administrativa, na aplicação deste artigo exigem lesividade relevante ao bem jurídico
artigo, quando for comprovado na conduta tutelado para serem passíveis de sancionamento e
funcional do agente público o fim de obter independem do reconhecimento da produção de
proveito ou benefício indevido para si ou para danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos
outra pessoa ou entidade. agentes públicos.
§ 5º Não se configurará improbidade a mera
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a
nomeação ou indicação política por parte dos
quaisquer atos de improbidade administrativa
detentores de mandatos eletivos, sendo
tipificados nesta Lei e em leis especiais e a
necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita
quaisquer outros tipos especiais de improbidade
por parte do agente.
administrativa instituídos por lei.

4. Penalidades

O ressarcimento integral do dano é consequência da responsabilidade civil, não é pena


propriamente dita.

A aprovação ou rejeição de contas por órgão de controle ou Tribunal de Contas não vincula o juiz
e não afasta, por si só, a responsabilidade pelo ato de improbidade, embora possam ser
consideradas na formação da convicção do julgador.

4.1. Penalidades aplicáveis aos atos que importam enriquecimento ilícito

a) Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;


b) Perda da função pública;
c) Suspensão dos direitos políticos (até 14 anos);
d) Multa civil (equivalente ao acréscimo patrimonial);
e) Proibição de contratar com o poder púlico ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente (até 14 anos).

4.2. Penalidades aplicáveis aos atos que causam lesão ao erário

a) Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta


circunstância;
b) Perda da função pública;
c) Suspensão dos direitos políticos (até 12 anos);
d) Multa civil (equivalente ao valor do dano);
e) Proibição de contratar com o poder púlico ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente (até 12 anos).

4.3. Penalidades aplicáveis aos atos atentam contra os princípios da Administração

a) Multa civil de até 24 vezes o valor da remuneração do agente;


b) Proibição de contratar com o poder púlico ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente (até 4 anos).
Sanção de proibição de contratação com o poder público: constará do CEIS (Cadastro Nacional
de Empresas Inidôneas e Suspensas) da Lei Anticorrupção.

Contagem do prazo da sanção: as sanções somente se efetivam com o trânsito em julgado,


porém a contagem do prazo de suspensão dos direitos políticos retroagirá para abranger o
intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença.

Afastamento preventivo: quando necessário à instrução processual ou para evitar a iminente


prática de novos ilícitos, sem prejuízo da remuneração (é medida cautelar), por até 90 dias
(prorrogável uma vez por igual período), mediante decisão motivada.

Efeitos de absolvição civil e penal: somente terão efeitos em relação à improbidade se


concluírem pela inexistência da conduta ou negativa da autoria.

Das Penas III - na hipótese do art. 11 desta Lei [contra os


princípios], pagamento de multa civil de até 24
Art. 12. Independentemente do ressarcimento
vezes o valor da remuneração percebida pelo
integral do dano patrimonial, se efetivo, e das
agente e proibição de contratar com o poder
sanções penais comuns e de responsabilidade,
público ou de receber benefícios ou incentivos
civis e administrativas [duplo regime
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
sancionatório] previstas na legislação específica,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
está o responsável pelo ato de improbidade
qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
sujeito às seguintes cominações, que podem ser
superior a 4 anos;
aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo
com a gravidade do fato: § 1º A sanção de perda da função pública, nas
hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo,
I - na hipótese do art. 9º desta Lei [enriquecimento
atinge apenas o vínculo de mesma qualidade e
ilícito], perda dos bens ou valores acrescidos
natureza que o agente público ou político detinha
ilicitamente ao patrimônio, perda da função
com o poder público na época do cometimento
pública, suspensão dos direitos políticos até 14
da infração, podendo o magistrado, na hipótese
anos, pagamento de multa civil equivalente ao
do inciso I do caput deste artigo, e em caráter
valor do acréscimo patrimonial e proibição de
excepcional, estendê-la aos demais vínculos,
contratar com o poder público ou de receber
consideradas as circunstâncias do caso e a
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
gravidade da infração.
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se
pelo prazo não superior a 14 anos; o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, o valor calculado na forma dos
II - na hipótese do art. 10 desta Lei [lesão ao
incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz
erário], perda dos bens ou valores acrescidos
para reprovação e prevenção do ato de
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
improbidade.
circunstância, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos até 12 anos, pagamento de § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica,
multa civil equivalente ao valor do dano e deverão ser considerados os efeitos econômicos e
proibição de contratar com o poder público ou de sociais das sanções, de modo a viabilizar a
receber benefícios ou incentivos fiscais ou manutenção de suas atividades.
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
§ 4º Em caráter excepcional e por motivos
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
relevantes devidamente justificados, a sanção de
majoritário, pelo prazo não superior a 12 anos;
proibição de contratação com o poder público
pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
improbidade, observados os impactos econômicos de 2013, deverão observar o princípio
e sociais das sanções, de forma a preservar a constitucional do non bis in idem.
função social da pessoa jurídica, conforme
§ 8º A sanção de proibição de contratação com o
disposto no § 3º deste artigo.
poder público deverá constar do Cadastro
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção limitar- (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto
se-á à aplicação de multa, sem prejuízo do de 2013, observadas as limitações territoriais
ressarcimento do dano e da perda dos valores contidas em decisão judicial, conforme disposto
obtidos, quando for o caso, nos termos no § 4º deste artigo.
do caput deste artigo.
§ 9º As sanções previstas neste artigo somente
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a poderão ser executadas após o trânsito em
reparação do dano a que se refere esta Lei deverá julgado da sentença condenatória.
deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias
§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção
criminal, civil e administrativa que tiver por
de suspensão dos direitos políticos, computar-se-
objeto os mesmos fatos.
á retroativamente o intervalo de tempo entre a
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com decisão colegiada e o trânsito em julgado da
base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto sentença condenatória.

5. Procedimento Administrativo

5.1. Representação: qualquer pessoa pode representar à autoridade competente para


instauração de investigação para apurar prática de ato de improbidade. Deverá ser escrita ou
reduzida a termo, contendo:

• Qualificação do representante (vedada a denúncia anônima);


• Informações do fato e autoria;
• Indicação de provas de que tenha conhecimento.

Preenchidos os requisitos, a autoridade está vinculada e deve determinar a imediata apuração


dos fatos, aplicando-se a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao
agente. Dar-se-á conhecimento ao MP e ao Tribunal ou Conselho de Contas sobre o
procedimento administrativo, podendo os órgãos designarem representante para acompanhá-
lo.
Atenção! A LIA prevê a tipificação de crime a representação por ato de improbidade por quem
sabe da inocência do agente em questão (detenção 6-10 meses e multa, cabendo indenização).

5.2. Inquérito Civil ou procedimento investigativo instaurado pelo MP.

Poderá ser: de ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante representação.

O investigado poderá se manifestar por escrito e juntar documentos.

6. Ação de Improbidade

Será proposta pelo MP (STF reconhece a legitimidade da pessoa jurídica interessada) e seguirá o
rito comum do CPC, com as ressalvas específicas da própria LIA.

Foro: local do dano ou da pessoa jurídica prejudicada.

Etapas iniciais:
Competência: juiz de primeira instância, em regra da Justiça Estadual. Será da Justiça Federal se
houver interesse da União, autarquias ou empresas públicas federais.

Não há amparo constitucional para conceder foro especial (que é penal) na ação por improbidade
administrativa.

Indisponibilidade dos bens: poderá ser feito em caráter antecedente ou incidente.

a) Não se admite mais a presunção do periculum in mora, pois a LIA agora exige a
demonstração “no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado
útil do processo”;
b) Da decisão que deferir/indeferir a indisponibilidade cabe agravo de instrumento;
c) Não poderá incidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de multa
civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente da atividade ilícita;
d) Não alcança os bens de família, salvo comprovação de que o imóvel é fruto da vantagem
patrimonial indevida;
e) Vedada a decretação de indisponibilidade de quantia de até 40 salários mínimos em
poupança, outras aplicações ou conta-corrente.
22. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

22.1. Evolução das teorias

• Teoria da irresponsabilidade (ou regaliana): sem responsabilização;


• Teoria civilista: diferenciação entre atos de império (irresponsabilidade) e atos de gestão
(responsabilidade como se fosse particular);
• Teoria da culpa civil: responsabilidade subjetiva do Estado; comprovação de dolo ou
culpa do agente estatal;
• Teorias publicistas: fundamentadas na autonomia do Direito Administrativo.
Teoria da culpa administrativa (culpa do serviço ou culpa anônima): culpa é do serviço,
não do agente, portanto a responsabilidade do Estado independe da culpa subjetiva do
agente (serviço não existiu/funcinou; funcionou mal ou atrasou), cabendo ao particular
comprovar as hipóteses.
Teoria do risco administrativo: basta a relação entre a conduta estatal e o dano sofrido
pelo administrado, desde que não tenha concorrido para o dano (responsabilidade
objetiva ou sem culpa do Estado).
» Atividade estatal gera potencial risco aos administrados;
» É necessário repartir os benefícios e os encargos, pelos danos decorrentes da
atuação (solidariedade social);
» Fundada no princípio da igualdade;
» Culpa presumida; somente se comprova a conduta, o nexo e o dano.
» Pode ser dividida em teoria do risco administrativo (admite excludentes de
responsabilidade) e teoria do risco integral (não admite excludentes; não
dependeria nem do nexo causal).
» A teoria do risco integral só é admitida em hipóteses excepcionalíssimas (ex.
acidentes nucleares, atos terroristas ou de guerra ou correlatos contra aeronaves
brasileiras, dano ambientais – nesse último caso vale até para particulares).

22.2. Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro

CF, art. 37, §6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

» Vigora a responsabilidade objetiva do Estado, na modalidade de risco administrativo; não


alcança os atos decorrentes de omissão, casos em que se aplica a teoria da culpa
administrativa.
» Abrange:
® administração direta, autarquias e fundações públicas de direito público;
® empresas públicas, sociedades de economia mista, quando prestarem serviço público;
® delegatárias de serviço público (por concessão, permissão ou autorização), relativa a
usuário ou terceiro não-usuário.
» Não abrange: empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade
econômica.
» Requisitos para demonstração da responsabilidade do Estado:
1. Conduta de agente público, desde que decorra da qualidade de agente público, sendo
lícita ou ilícita (será antijurídica), não necessariamente no exercício da função (oficialidade da
conduta causal – culpa in eligendo ou in vigilando); pode ser:
a) no exercício das funções públicas;
b) ainda que fora do exercício, proceda como se estivesse exercendo a função;
c) o agente se valeu da qualidade de agente público.
Agente de fato: ensejará responsabilidade do Estado se o poder público consentiu ou,
de algum modo, permitiu a atuação.
Pessoa que se faça passar por servidor público: se não for possível impedir, não haverá
como responsabilizar o Estado.
2. Dano jurídico (direito juridicamente tutelado);
3. Nexo de causalidade entre a conduta e o dano.

22.3. Causas excludentes ou atenuantes da responsabilidade do Estado

Exclusão de responsabilidade: excluem a responsabilidade objetiva, mas admite, em alguns


casos, a demonstração da responsabilidade subjetiva.

• Caso fortuito ou força maior:


Eventos humanos ou da natureza que não se poderia prever ou evitar.
Admite a responsabilização subjetiva decorrente da omissão culposa (deve ser provada
pelo particular).
Se o dano decorrer conjuntamente da omissão culposa do Estado e do fato imprevisível,
há concausas, o que apenas atenua a responsabilidade mas não a exclui.

• Culpa exclusiva da vítima:


Ônus da prova é do Estado.
Se for culpa concorrente, ensejará somente a atenuação.

• Fato exclusivo de terceiro:


Exclui a responsabilidade objetiva, mas não a subjetiva.
Lesado deve comprovar a omissão culposa do Estado.

22.4. Responsabilidade por omissão do Estado

• A responsabilidade será subjetiva.


• Deve haver comprovação da omissão do Estado (deixou de agir quando tinha a
obrigação).
• A omissão deve ser ilícita ou ilegal.
• Atenção! Omissão genérica (imprópria): não havia determinação jurídica específica;
responsabilidade será subjetiva; deve-se considerar que se está tratando dessa
modalidade quando a questão não especificar.
Omissão específica (própria): há determinação jurídica de realizar a conduta mas o Estado
se omite, assim a responsabilidade seria objetiva.

Teoria da culpa administrativa (culpa do serviço, culpa anônima ou faute du service): aplicada
ao ato omissivo do poder público, exige dolo ou culpa (negligência, imperícia ou imprudência),
sem necessidade de individualização, podendo ser atribuída ao serviço público de forma
genérica.

Estado como “garante”: assunção do dever de guarda ou proteção de pessoas ou coisas sob sua
custódia ou guarda, a responsabilidade é objetiva (teoria do risco administrativo), mesmo que
não decorra o dano de atuação de algum agente. É presumida uma omissão culposa do Estado,
diante do dever de garantir a integridade. Se o Estado comprovar que era impossível evitar o
dano (força maior por exemplo), a responsabilidade é elidida.

Atenção! No caso de fuga de preso, a responsabilidade civil do Estado é objetiva somente por
danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional quando
demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.

Atenção! Professor agredido por aluno dentro do estabelecimento educacional:


descumprimento do dever legal do Estado na prestação efetiva do serviço de segurança da
direção e do corpo docente; responsabilidade objetiva.
OBS: má conservação de rodovias sob concessão (responsabilidade da concessionária); rodovia
sob responsabilidade do poder público (responsabilidade do Estado).

22.5. Reparação do Dano

• A ação de indenização deve ser proposta contra a Administração Pública, não contra o
agente público (não é cabível a ação direta, pois o servidor somente responde
administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica à qual se vincula).
• A indenização abrange o que efetivamente se perdeu ou gastou para obter o
ressarcimento, bem como o que deixou de ganhar (lucros cessantes).

Direito de regresso: o Estado deve comprovar o dolo ou culpa do agente público, bem como o
efetivo ressarcimento do dano (condenação). Transmite-se aos sucessores, no limite da herança
e pode ser movida a ação de regresso mesmo após a alteração ou extinção do vínculo entre o
servidor e a Administração Pública. Não é obrigatória a denunciação da lide, devendo analisar-se
se causará prejuízo à economia e à celeridade processuais.
Ação de regresso: é obrigatória (indisponibilidade do interesse público). Os Procuradores da
República devem propô-la em até 60 dias do trânsito em julgado da condenação do Estado.

22.6. Prescrição

• Em face do Estado: 5 anos (divergência jurisprudencial).


Exceção: atos de tortura durante o regime militar de exceção: imprescritível.
• Ação regressiva: era considerada imprescritível a pretensão de reparação ao erário,
porém o STF entende que o prazo prescricional é de 5 anos para ressarcimento de danos
ao erário decorrentes de ilícito civil. No caso de improbidade (dolo específico), é
imprescritível.

Ação Prazo prescricional


Terceiro lesado em face do Estado 5 anos
Ilícito civil 5 anos
Estado em face do agente
Improbidade (dolo) Imprescritível
público causador do dano
Improbidade (culposa) Prescritível
(ação de regresso)
Decisão de tribunal de contas prescritível

22.7. Responsabilidade civil do Estado por atos não administrativos

® Ato Legislativo:
Em regra, não há responsabilidade (poder de império).
Exceções:
a) edição de lei inconstitucional (deve haver declaração da inconstitucionalidade em
controle concentrado, bem como comprovação de que o dano efetivamente decorre de
tal inconstitucionalidade);
b) edição de leis de efeitos concretos (equiparam-se aos atos administrativos);
c) omissão legislativa (nos casos em que há prazo para edição da norma, desde que a
norma já não tenha sido proposta ou que tenha havido reconhecimento da mora pelo
Judiciário e o descumprimento do prazo razoável).
® Ato Jurisdicional:
Em regra, não há responsabilidade.
Exceções:
a) erro judiciário (somente na esfera penal; responsabilidade objetiva);
b) prisão além do tempo fixado na sentença (não cabe na prisão temporária/preventiva
em que o réu venha a ser absolvido posteriormente, mas cabe se a prisão foi ilegal, ex.
recaiu sobre pessoa que não teve relação com o fato criminoso);
c) conduta dolosa praticada pelo juiz, que cause prejuízo a parte ou a terceiro.
Nesses casos a responsabilidade é objetiva.
® Atos de cartórios: responsabilidade objetiva do Estado, com dever de mover ação de regresso
(dolo ou culpa), sob pena de improbidade administrativa.
® Alteração de política econômico-tributária: somente enseja responsabilidade se o poder
público houver se comprometido, formal e previamente, por meio de determinado
planejamento específico.
® Encargos previdenciários: a responsabilidade do Estado é solidária no caso de inadimplência
de empresa terceirizada; com relação aos encargos trabalhistas, a responsabilidade pode ser
subsidiária se evidenciada falha no dever de fiscalização do poder público.
® Excludente de ilicitude penal: não se comunica à responsabilidade civil do Estado.

23. SERVIÇO PÚBLICO.

23.1. Conceito

® Essencialista ou materialista: aqueles que possuem importância crucial para a população.


® Subjetivista: atividade prestada pelo Estado ou suas entidades administrativas.
® Formalista ou legalista: é a adotada no Brasil; é serviço público aquilo que o ordenamento
jurídico determina que seja prestado sob regime jurídico de direito público.

Substrato material: prestação de utilidade ou comodidade fruível singularmente pelos


administratos; e traço formal indispensável, que lhe da o caráter de noção jurídica, consiste em
um específico regime de Direito Público, isto é, numa “unidade normativa”.

23.2. Princípios

• Dever inescusável do Estado de promover-lhe a prestação: o Estado deve obrigatoriamente


prestar os serviços públicos, direta ou indiretamente, senão o administrado poderá mover
ação judicial para compeli-lo a agir ou responsabilizá-lo por danos da omissão.
• Supremacia do interesse público: deve prevalecer o interesse da coletividade.
• Adaptabilidade: a prestação dos serviços públicos deve estar em constante atualização e
modernização.
• Universalidade: serviço aberto à generalidade do público, maior amplitude de usuários
possível.
• Impessoalidade: não pode haver discriminação entre usuários.
• Continuidade: impossibilidade de interrupção e direito de não suspensão (há exceções).
• Transparência: máximo de informações sobre o serviço e sua prestação, decorre da
motivação.
• Motivação: dever de motivar todas as decisões.
• Modicidade das tarifas: a remuneração deve ser módica, avaliado o poder econômico do
usuário para não excluir grande parcela da população, as tarifas devem ser acessíveis e o lucro
deve decorrer da boa gestão e não da exploração indevida da população.
• Controle (interno e externo): a prestação deve ser fiscalizada pelo Estado.

23.3. Classificação
a) Coletivos (gerais, uti universi, prestados a toda a coletividade indistintamente; não é possível
mensurar quanto cada usuário usufrui) e singulares (individuais; é possível mensurar sua
prestação individual): são passíveis de remuneração por meio de taxa a utilização de serviços
públicos específicos e divisíveis (singulares).
b) Delegáveis (podem ser prestados pelo Estado ou por delegação à iniciativa privada) e
indelegáveis (só podem ser prestados pelo Estado ou entidades administrativas de direito
público).
c) Próprios (comodidade material para a população, regime de direito público, se prestados pelo
estado direta ou indiretamente por meio de concessão ou permissão) e impróprios (de
natureza social, podem ser prestados pela iniciativa privada sem delegação, regidos pelo
regime jurídico de direito privado).
d) Execução direta (pela Adm direta e indireta) e execução indireta (por meio de delegação).

23.4. DELEGAÇÃO

Pode ser: concessão, permissão ou autorização.

Concessão:

• Concessão comum (ordinária): remuneração decorre de tarifa paga pelo usuário ou outra
forma decorrente da exploração do serviço.
• Concessão patrocinada: se conjuga a tariga e a contraprestação pecuniária do
concedente (parceiro público) ao concessionário (parceiro privado).
• Concessão administrativa: remuneração básica é a contraprestação feita pelo parceiro
público ao privado.

Exige licitação (concorrência ou diálogo competitivo), celebrada por contrato administrativo,


para serviços que demandam maior investimento. Não pode ser delegada a pessoa física,
somente empresas ou consórcios de empresas. Deve ter prazo determinado.

Se precedida de obra pública, o investimento da concessionária será remunerado e amortizado


por meio da exploração do serviço ou da obra.

Exceção à regra da licitação: para promover a privatização de empresa (pessoa jurídica sob
controle direto ou indireto da União) e, simultaneamente, realizar a outorga de nova concessão
ou prorrogar as concessões existentes (exceto para telecomunicações), a União poderá promover
a venda das quotas ou ações necessárias para transferência do controle societário (leilão).

Permissão: delegação à título precário, mediante licitação, à pessoa física ou jurídica;


formalizada por contrato de adesão; possível a revogação unilateral; serviços públicos de porte
médio.
A delegação por concessão ou permissão deve ser autorizada por lei específica (exceto para:
saneamento básico, limpeza urbana e serviços já previstos como passíveis de prestação por
delegação na CF, constituições estaduais ou leis orgânicas).

Autorização: ato administrativo unilateral, discricionário (somente é vinculado para


telecomunicações) e precário, tem prazo indeterminado; é aplicável em duas situações:
• Serviço prestado a um grupo restrito de usuários, ao invés de ser disponibilizado
amplamente a toda a população, sendo o próprio particular autorizado o seu beneficiário
principal ou exclusivo.
• Nas situações de emergência e transitórias ou especiais.

23.4.1. Regramento da Concessão e da Permissão (seguem as mesmas disposições legais, no que


não houver incompatibilidade para a permissão):

Licitação: será sempre exigida (legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, julgamento por
critérios objetivos e vinculação ao instrumento convocatório). Critérios de julgamento
específicos:
1) o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
2) a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da
concessão;
3) a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos itens 1, 2 e 7 (somente será
admitida quando previamente prevista no edital, inclusive com regras e fórmulas precisas
para a avaliação econômicofinanceira);
4) melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;
5) melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa do
serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;
6) melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela outorga
da concessão com o de melhor técnica; ou
7) melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas.

OBS:
• Preferência por empresa brasileira (se empate).
• Recusa a propostas manifestamente inexequíveis ou financeiramente incompatíveis com os
objetivos da licitação.
• Não terá caráter de exclusividade (salvo inviabilidade técnica ou econômica justificada).
• Publicação prévia de ato justificando a conveniência da outorga (objeto, área e prazo).
• Será desclassificada proposta que necessite de vantagens ou subsídios não previamente
autorizados em lei e à disposição de todos os concorrentes (inclusive tratamento tributário).
• Serviço adequado: satisfaz condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na prestação e modicidade das tarifas.
• Não é descontinuidade: interrupção em situação de emergência ou após aviso prévio quando
motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações e por inadimplemento
do usuário (não pode iniciar sexta, sábado ou domingo, feriado ou dia anterior a feriado).
• Devem ser oferecidas, no mínimo, 6 datas para vencimento.
• A fiscalização pelo poder concedente não atenua ou exclui a responsabilidade da
concessionária.

Direitos dos usuários:

a) receber serviço adequado;


b) receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de interesses
individuais ou coletivos;
c) obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços,
quando for o caso, observadas as normas do poder concedente.
d) levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de que
tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;
e) comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessionária na
prestação do serviço;
f) contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos quais lhes
são prestados os serviços.

Deveres da concessionária:

• Prestar serviço adequado;


• Manter em dia o inventário e registro dos bens vinculados à concessão;
• Prestar contas da gestão do serviço;
• Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e cláusulas contratuais da concessão;
• Permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso;
• Promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo concedente;
• Zelar pela integridade dos bens vinculados;
• Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à prestação do serviço.

Prerrogativas do poder concedente (principais):

a) alteração unilateral do contrato;


b) extinção unilateral do contrato;
c) fiscalização da execução do contrato;
d) aplicação direta de sanções;
e) decretação de ocupação provisória ou temporária.

Intervenção: intituto utilizado pelo concedente para assumir temporariamente a execução do


serviço, com a finalidade de assegurar sua adequada prestação e a fiel execução das normas.
» Decreto do poder concedente (interventor, prazo, objetivos e limites).
» Após declarada a intervenção o concedente terá prazo de 30 dias para instaurar
procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e
apurar responsabilidades (assegurada ampla defesa), com prazo de até 180 dias (sob
pena de ser considerada inválida a intervenção).
» Cessada a intervenção (se não for extinta a concessão) a administração do serviço será
devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor (responde
pelos atos praticados).

Extinção da concessão:

® Advento de termo contratual: também chamado de reversão da concessão. Os bens


reversíveis são incorporados ao patrimônio do poder concedente, com indenização das
parcelas dos investimentos ainda não amortizados ou depreciados.
® Encampação: retomada do serviço durante o prazo da concessão por interesse público,
mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização (não é lucro
cessante, é em relação aos investimentos não amortizados). Não é caso de irregularidade.
® Caducidade: em decorrência da inexecução total ou parcial do contrato; é hipótese de
descumprimento/irregularidade; em regra é discricionário, porém será vinculada no caso de
transferência de concessão ou controle societário sem prévia anuência do concedente.
1. comunicação à concessionária sobre os descumprimentos;
2. após o prazo, se não for corrigido, deve ser instaurado processo administrativo.
3. comprovada a inadimplência, a caducidade será declarada por decreto do concedente,
independentemente de indenização prévia.
® Rescisão: por inadimplência do poder concedente, por iniciativa da concessionária
(judicialmente). Os serviços não podem ser paralisados até a decisão judicial transitar em
julgado.
® Anulação: em decorrência de ilegalidade, possui efeitos retroativos, pode ser em relação à
licitação ou ao contrato.
® Falência ou extinção da concessionária e falecimento ou incapacidade do titular (EI).

Política tarifária:

• Tarifa será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação.


• Permitida a valoração tarifária em função das características técnicas e custos específicos
(atendimento aos distintos segmentos de usuários).
• Valor da tarifa é passível de alteração unilateral pelo concedente (desde que resguardado
o equilíbrio econômico-financeiro do contrato).
• Podem ser previstas fontes complementares de receita visando o favorecimento da
modicidade das tarifas.
• Reajuste: cabe só homologação pois é mera atualização do valor real da tarifa.
• Revisão: alterações para manter o equilíbrio econômico-financeiro (decorre de situações
excepcionais e extraordinárias – teoria da imprevisão).

24. AGENTES PÚBLICOS

® É toda pessoa física que atua como órgão estatal, produzindo ou manifestando a vontade
do Estado.
® Concepção ampla, positivada na lei de improbidade administrativa:

LIA, Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior.

Classificação ou espécies:

• Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os agentes públicos dividem-se em (a) agentes políticos;
(b) servidores públicos, (c) militares; e (d) particulares em colaboração com o Poder Público.
• Por outro lado, José dos Santos Carvalho Filho classifica os agentes públicos em: (a) agentes
políticos; (b) agentes particulares colaboradores; (c) servidores públicos.
• Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, apresenta quatro grupos de agentes públicos:
(a) agentes políticos; (b) agentes honoríficos; (c) servidores estatais – abrangendo servidores
públicos e servidores das pessoas governamentais de Direito Privado; (d) particulares em
atuação colaboradora com o Poder Público.
• Outra classificação muito adotada é a de Hely Lopes Meirelles, que apresenta as seguintes
espécies de agentes públicos: (a) agentes políticos; (b) agentes administrativos; (c) agentes
honoríficos; (d) agentes delegados; e (e) agentes credenciados.

Agentes políticos: componentes do governo em seus primeiros escalões para o exercício de


atribuições constitucionais.
® Atuam com liberdade funcional (prerrogativas e responsabilidades próprias);
® Funções de governo ou função política.
® Normas próprias para escolha, investidura, conduta e processos por crimes funcionais e
de responsabilidade.
® Remuneração por subsídio.
® Chefes do Executivo (Presidente, governador, prefeito), auxiliares imediatos do chefe do
Executivo (ministros, secretários), membros das corporações legislativas (senadores,
deputados e vereadores).
® Hely Lopes Meirelles diz que são também: magistrados, membros do MP, dos tribunais
de contas, representantes diplomáticos e outras autoridades com independência
funcional.
® STF: entende que membros dos tribunais de contas ocupam cargos administrativos
(auxiliam o Legislativo no controle externo), portanto não seriam agentes políticos.

Agentes administrativos: prestam serviços ao Estado e às entidades da Adm. Indireta, com


vínculo empregatício mediante remuneração paga pelos cofres públicos.
® Exercício da atividade como profissão;
® Dentro de estrutura hierarquizada.
® Servidores públicos em sentido amplo.
® Regime da entidade que servem e normas do órgão em que trabalham.
® São considerados funcionários públicos para efeitos penais.
® Servidores públicos: estatutários ou servidores em sentido estrito; titulares de cargo
público, efetivo ou em comissão; vínculo de natureza legal.
® Empregados públicos: servidores empregados ou servidores celetistas; titulares de
emprego público; regidos pela CLT; vínculo de natureza contratual.
® Servidores temporários: contratados por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público; não possuem cargo nem
emprego público, mas exercem função pública; vínculo é contratual mas não é celetista e
sim regime jurídico especial.
® Agentes honoríficos: cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar
transitoriamente serviços relevantes, em razão de sua condição cívica, sua honorabilidade
ou de sua notória capacidade profissional; sem qualquer vínculo empregatício ou
estatutário e, em regra, sem remuneração (podem receber pro labore e contar o período
de trabalho como serviço público); é o munus público; não incidem proibições de
acumulação de cargos; são equiparados a funcionários públicos para fins penais quanto
aos crimes relacionados com o exercício da função.
® Agentes delegados: particulares (pessoa física ou jurídica) que executam determinada
atividade, obra ou serviço público em nome próprio (por sua conta e risco), sob as normas
do Estado e fiscalização do delegante; são colaboradores do Poder Público; são os
concessionários, permissionários, leiloeiros, tradutores, etc.; são funcionários públicos
para efeitos penais; sujeitam-se a responsabilidade objetiva; são autoridade para fins de
MS.
® Agentes credenciados: têm a incumbência de representar a administração em
determinado ato ou atividade específica, mediante remuneração do credenciante.
® Agente de fato: mesmo sem investidura regular, executam função pública em nome do
Estado; deriva de situação excepcional, sem prévio enquadramento legal; em regra seus
atos são considerados válidos; no caso dos putativos podem ser questionados atos do
âmbito interno, porém respeitados os de efeitos externos para evitar prejuízo a terceiro
de boa-fé (teoria da aparência).
» Agentes necessários: atuam em situações excepcionais como se fossem agentes de
direito;
» Agentes putativos: desempenham na presunção de legitimidade, porém a
investidura não seguiu procedimento legal

Cargo público: conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional


que devem ser cometidas a um servidor; criados por lei; podem ser efetivos ou em comissão.

Emprego público: unidade de atribuições em que o vínculo é celetista, de natureza trabalhista


contratual; pessoas administrativas de direito privado: empressas públicas e sociedades de
economia mista (bem como os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às
endemias, que são administração direta), e consórcios públicos.

Função pública: conjunto de atribuições conferidas aos órgãos, aos cargos, aos empregos ou
diretamente aos agentes públicos. Se à função não corresponder cargo ou emprego é chamada
de função autônoma que pode ser função temporária (servidores temporários) ou função de
confiança (exclusiva de servidor público titular de cargo efetivo para direção, chefia e
assessoramento).

Regime Jurídico:

→ Regime Estatutário:
a) decorre diretamente da lei, impondo alterações na situação funcional do servidor
independentemente de sua anuência;
b) prevê alguns direitos sem similar no regime celetista, que visam a conferir ao servidor um
mínimo de autonomia funcional no exercício de suas funções, merecendo destaque a
estabilidade;
c) somente pode ser adotado por pessoas jurídicas de direito público;
d) é o regime obrigatório para as funções típicas de Estado; e
e) é caracterizado pela pluralidade normativa, uma vez que cada ente político goza de
autonomia para editar o estatuto de seus servidores;
Competência da Justiça Estadual ou Federal.
→ Regime Celetista:
a) tem como diploma legal básico a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas sua fonte
normativa indireta é o contrato de trabalho, que só permite alterações na situação jurídica do
empregado público com expressa anuência;
b) não prevê qualquer direito que vise a assegurar a autonomia funcional ao empregado no
exercício de suas funções, uma vez que não impede a dispensa sem justa causa;
c) é caracterizado pela unidade normativa, pois tem por lei básica a CLT, aplicável a todos os
entes da Federação.
OBS: não possuem estabilidade, em regra, porém o STF admite quanto aos empregados
públicos admitidos por concurso antes da EC 19/98.
Competência da Justiça do Trabalho.

Estabilidade: direito de permanência de cargo efetivo, adquirido após 3 anos de estágio


probatório e avaliação especial de desempenho. O cargo será perdido mediante:
» Sentença judicial transitada em julgado;
» Processo administrativo com ampla defesa;
» Insuficiência de desempenho verificada em avaliação periódica;
» Excesso de despesa com pessoal (não tem caráter punitivo, depende redução em 20% de
cargos em comissão e funções de confiança, bem como exoneração dos não estáveis).O
servidor nesse caso fará jus a indenização de 1 mês por ano de serviço e o cargo não
poderá ser recriado por 4 anos (nem assemelhado), já que será extinto.

Efetividade: é atributo do cargo público, concernente a sua forma de provimento.

Vitaliciedade: é garantia de permanência no serviço público, aplicável somente a algumas


carreiras de agentes públicos em razão da sua natureza. Só admite a perda do cargo mediante
sentença judicial transitada em julgado. São para: magistratura, MP, e tribunais de contas.

Concurso público:
É a regra para investidura em cargo ou emprego público.
• Cargos nos conselhos de fiscalização de profissão: são consideradas autarquias federais,
portanto devem fazer concurso (o regime será o celetista). Exceto: OAB, pois possui
características especiais e não faz parte da administração.
• Súmula Vinculante 43 - É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie
ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
• Também é inconstitucional a conversão de cargo temporário em permanente.
• Atividade notorial e de registro: prestada em caráter privado por delegação, seleção feita
por concurso público de provas e títulos.
• Cláusulas eliminatórias: impõem um patamar fixo para que o candidato avance.
• Cláusulas de barreira: estabelece limite de candidatos que poderão avançar.
• Exame psicotécnico: somente por lei e grau mínimo de objetividade, rigor científico e
critérios explícitos (não sigilosos). Deve haver previsão de recurso.
• Exceções à regra do concurso: cargo em comissão e função temporária (em geral há
processo seletivo simplificado); cargos eletivos; ministros de tribunais superiores e de
contas; quinto constitucional (TRF, TJ); ex-combatentes (efetivamente participou de
operação bélica durante a segunda guerra, pode ser aproveitado no serviço público com
estabilidade); agentes comunitários de saúde e agentes de combate à endemias
(processo seletivo público).
• Não estão submetidas à regra do concurso: sistema S, organizações sociais e OAB.
• Prazo de validade: 2 anos, prorrogável uma vez por igual período.
• Candidato aprovado dentro das vagas: possui direito subjetivo à nomeação, somente
podendo ser afastaco em situação excepcionalíssima (fato superveniente, imprevisível,
grave e necessário); não tem direito à indenização (salvo arbitrariedade flagrante, que
poderá ensejar efeitos retroativos da nomeação judicial; não engloba promoções ou
progressões funcionais). Candidato fora das vagas: não possui direito subjetivo, exceto se
houver preterição da ordem de classificação ou se surgirem novas vagas ou for aberto
novo concurso durante a validade do anterior e ocorrer preterição de candidatos de
forma arbitrária e imotivada.

Contratação temporária:
a) os casos excepcionais estejam previstos em lei;
b) o prazo de contratação seja predeterminado;
c) a necessidade seja temporária;
d) o interesse público seja excepcional;
e) a necessidade de contratação seja indispensável, sendo vedada a contratação para os
serviços ordinários permanentes do Estado, e que devam estar sob o espectro das
contingências normais da Administração.
f) A despeito de o vínculo entre o agente temporário e a Administração Pública ocorrer
por meio de um contrato, a ele não se aplica o regime celetista nem o regime jurídico
único, mas apenas um regime especial. Ademais, o contrato firmado possui natureza de
direito público (jurídicoadministrativa).
g) Competência da Justiça Comum.
h) Prazo máximo: 6 meses a 4 anos.

Greve e associação sindical:


• Servidor civil (não se aplica aos militares)
Greve:
» Eficácia limitada, lei não editada, segue a legislação trabalhista
» Princ. continuidade: policiais civis e segurança pública: não podem
Acumulação de cargos:
Regra: vedação Exceção (desde que haja compatibilidade de horários):
• 2 cargos de professor
• 1 professor + 1 técnico ou científico
• 2 profissionais de saúde regulamentada
• outros casos (CF): magistrado ou membro MP + magistério; vereador + cargo; militar
saúde + outro saúde

a) cargo técnico: é aquele que requer conhecimento específico na área de atuação do


profissional, com habilitação específica de grau universitário ou profissionalizante de 2º grau;
b) cargo científico: é o conjunto de atribuições cuja execução tem por finalidade a investigação
coordenada e sistematizada de fatos, predominantemente de especulação, visando a ampliar o
conhecimento humano.
Outras hipóteses de acumulação:
a) vereador poderá exercer também o seu cargo, emprego ou função, quando houver
compatibilidade de horários (CF, art. 38, III);
b) juízes podem exercer um cargo ou função no magistério (professor) (CF, art. 95, parágrafo
único, I);
c) membros do Ministério Público (promotores e procuradores de Justiça) podem exercer
uma função de magistério (CF, art. 128, § 5º, II, “d”);
d) profissionais de saúde das Forças Armadas podem outro cargo ou emprego privativo de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Essa acumulação ocorrerá “na
forma da lei e com prevalência da atividade militar” (CF, art. 142, VIII);
e) militares dos estados e do Distrito Federal se submetem as regras principais de
acumulação dos servidores públicos (que listamos acima), com prevalência da atividade
militar (CF, art. 42, § 3º).

Estabilidade
• somente servidores efetivos (não se aplica empregados e cargo em comissão)
• requisitos: concurso público (cargo efetivo) + 3 anos exercício + avaliação especial
• após estável, só pode perder o cargo:
» sentença judicial transitada em julgado
» PAD com ampla defesa
» avaliação periódica de desempenho (lei complementar)
Aposentadoria
Em regra não é possível acumular proventos custeados pelos cofres públicos, nem proventos com
remuneração. Exceções:
(i) cargos acumuláveis na forma da Constituição;
(ii) cargos eletivos;
(iii) cargos em comissão.

Invalidez permanente:
• Proventos proporcionais (regra);
• Exceto (integrais, na forma da lei): acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável.
Compulsória: 75 anos (proventos proporcionais).
Voluntária:
» 10 anos no serviço público e 5 no cargo
» H 60 idade e 35 contribuição / M 55 idade e 30 contribuição
» Proporcionais: H 65 idade; M 60 idade

Você também pode gostar