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DIREITOS HUMANOS - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS Revoluções Const. Pós-guerra

HUMANOS liberais Rev. Mexicana
Francesa, Rev. (1917), Const.
CONCEITO Ind. dos EUA de Weimar,
Revolução
Os Direitos Humanos visam garantir direitos mínimos Russa.
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universais (como dignidade e liberdade) e limitar o Poder

Estatal. Suas características são: A doutrina defende ainda a existência de uma 4ª
DIMENSÃO, que compreenderia o direito à democracia,
CARACTERÍSTICAS ao pluralismo, à informação, desarmamento nuclear.
Universalidade: todos os seres humanos, UNIVERSALISMO E RELATIVISMO CULTURAL: com
independentemente de sua condição racial, política, vistas a atualizar e adequar a Declaração Universal,
religiosa e de gênero, merecem a proteção das regras de foram realizadas a Conferência de Teerã (1968) e a
direitos humanos. Conferência de Viena (1993). Ao final desta última,
elaborou-se a Declaração e o Programa de Ação de
Inerência: basta a mera qualidade de ser humano Viena, na qual, de acordo com o item 5, o universalismo
para que ocorra a incidência dos direitos (direitos sobrepõe-se ao relativismo, ou seja, a cultura dos povos
inerentes à condição humana). deve ser respeitada, porém não pode ultrapassar um
direito universalmente reconhecido.
Indivisibilidade: representam um complexo único
e indivisível de proteção, não havendo hierarquia entre
suas dimensões. 2. SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO
Transnacionalidade: o ser humano tem direito à AOS DIREITOS HUMANOS
proteção dos direitos humanos independentemente do
local onde esteja. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU): a
ONU foi criada pela Carta de São Francisco de 1945
Interdependência: os direitos humanos são para substituir a ineficaz Liga das Nações, tendo
interligados, não sendo possível garantir a proteção de como principais objetivos manter a paz e a segurança
uma dimensão sem observar as demais. internacionais, bem como conseguir uma cooperação
internacional para resolver os problemas internacionais
Historicidade: os direitos humanos são frutos de de caráter econômico, social, cultural ou humanitário,
conquistas da humanidade, ou seja, são produtos e e para promover e estimular o respeito aos direitos
evoluem com a história humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem
distinção de raça, sexo, língua ou religião.
Indisponibilidade: são direitos irrenunciáveis, indisponíveis.
Os principais órgãos da ONU são: a) Secretariado,
Vedação ao retrocesso: significa que deve haver um b) Assembleia Geral, c) Conselho de Segurança, d) Corte
progresso dos direitos humanos, de modo que, a partir do Internacional de Justiça, e) Conselho de Tutela.
momento em que um direito é incorporado, não se admite
a sua perda ou retrocesso. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
HUMANOS (1948): formalmente não é um tratado, mas
Imprescritibilidade: os direitos humanos não são uma resolução, que tem caráter de recomendação.
afetados pelo decurso do tempo, ou seja, podem ser Entretanto, no aspecto material (conteúdo), entende-se
reclamados a qualquer tempo, desde que a violação ainda majoritariamente que possui natureza jus cogens, com
esteja ocorrendo. força vinculante, inclusive prevalecendo sobre os demais
tratados internacionais.
Inalienabilidade: os direitos humanos não podem ser
vendidos, trocados ou cedidos. Além da DUDH, somente a Carta da ONU é
reconhecida como jus cogens, já que o seu art. 103 prevê
Inesgotabilidade/Inexauribilidade: não há limite que os Estados-membros devem cumpri-la mesmo que
para que se reconheçam novos direitos humanos. ela colida com outro tratado internacional.
DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS A Declaração Universal dos Direitos Humanos pode
ser dividida em duas partes: do art. 1º ao art. 21 e do art.
1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO 22 ao art. 30, sendo que a primeira parte correspondente a
direitos civis e políticos (primeira dimensão) e a segunda
Direitos a Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (segunda
Direitos Civis e Econômicos, Direitos dimensão).
Políticos Sociais e Difusos
Culturais PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E
POLÍTICOS (1966): trata de direitos de primeira dimensão,
Principais destacando-se os seguintes: direito à vida; proibição
Principal valor: Principal valor: valores: da tortura, de penas e tratamentos cruéis, desumanos
Liberdade Igualdade Fraternidade e ou degradantes, proibição da escravidão e do tráfico de
Solidariedade escravos; direito à liberdade e à segurança pessoais;
tratamento humanitário a toda pessoa privada de sua
liberdade; proibição de prisão pelo descumprimento de
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DIREITOS HUMANOS - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV
obrigação contratual; igualdade entre as pessoas perante os
tribunais e as cortes de justiça e liberdade de pensamento,
de consciência e de religião e liberdade de expressão.
Esse é o núcleo inderrogável, também chamado
pela doutrina de núcleo duro dos direitos humanos, ou
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seja, um rol de direitos absolutos que não podem ser
relativizados nem no caso de grave ameaça da existência
da nação.
PRIMEIRO PROTOCOLO FACULTATIVO AO PACTO
INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
(1966): prevê o sistema de petições individuais,
reconhecendo a possibilidade dos cidadãos dos Estados
Membros formularem petições individuais (denúncias)
ao Comitê de Direitos Humanos, após esgotadas todas as
instâncias nacionais, inclusive jurisdicionais.
SEGUNDO PROTOCOLO FACULTATIVO AO PACTO
INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS: prevê
a abolição da pena de morte. O protocolo é estimulador para
que os países que ainda tenham a pena de morte façam a
sua abolição. Permite a reserva formulada no momento
da ratificação ou adesão prevendo a aplicação da pena de
morte em tempo de guerra em virtude de condenação por
infracção penal de natureza militar de gravidade extrema
cometida em tempo de guerra.
COMITÊ DE DIREITOS HUMANOS: o Comitê dos
Direitos Humanos é o órgão criado pelo artigo 28 do Pacto
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e tem
como finalidade acompanhar a efetivação dos direitos
previstos no Pacto.
SISTEMAS DE CONTROLE DO COMITÊ DE DIREITOS
HUMANOS
Presente em todas as
SISTEMA DE convenções, devendo o Estado
RELATÓRIOS signatário relatórios periódicos,
que são obrigatórios.
Faculdade de um Estado
Membro denunciar outro pelo
COMUNICAÇÕES descumprimento do Pacto. O
INTERESTATAIS Estado não poderá denunciar
se não reconhecer que também
poderá ser denunciado.
Trata-se da possibilidade de
qualquer cidadão dos Estados
PETIÇÕES Membros apresentar petição
INDIVIDUAIS direta ao Comitê de Direitos
Humanos, desde que cumpridos
alguns requisitos.
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS
ECONÔMICOS SOCIAIS E CULTURAIS (1966): os direitos
econômicos são aqueles relacionados à produção,
distribuição e consumo de riquezas. Já os direitos
sociais e culturais versam sobre o estabelecimento de
um padrão de vida adequado, o que inclui a instrução
e a participação na vida cultural da comunidade, além
da proteção contra a fome, o direito à alimentação,
vestimenta, moradia, trabalho, educação, etc., bem como
a manutenção do patrimônio histórico-cultural. O PIDESC
visa a estabelecer as condições sociais, econômicas e
culturais para uma vida digna.
PROTOCOLO FACULTATIVO AO PIDESC: possibilidade
um Estado Parte da Convenção reconhecer a competência
do Comitê criado pelo Protocolo Facultativo para receber
e considerar comunicações por outro Estado. O Brasil
ainda não ratificou o Protocolo Facultativo.
CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E REPRESSÃO
DO CRIME DE GENOCÍDIO (1948): estabelece que o
genocídio, em tempo de paz ou de guerra, é um crime
contra o Direito Internacional, comprometendo-se os
Estados partes a preveni-lo e puni-lo. Além do genocídio
propriamente dito, serão punidos a associação de pessoas
e a incitação direta e pública a cometer o genocídio, bem
como a tentativa e a coautoria.
CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PROTEÇÃO
DE TODAS AS PESSOAS CONTRA O DESAPARECIMENTO
FORÇADO: dispõe que nenhuma circunstância excepcional, seja
estado de guerra ou ameaça de guerra, instabilidade política
interna ou qualquer outra emergência pública, poderá ser
invocada como justificativa para o desaparecimento forçado.
CONVENÇÃO CONTRA TORTURA E OUTROS
TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS E
DEGRADANTES (1984): determina que se considera
tortura qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente
a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa,
informações ou confissões; de castigá-la por ato que
ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita
de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou
outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou
outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua
instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA:
estabelece que os Estados Partes tomarão todas as
medidas apropriadas para assegurar a proteção da
criança contra toda forma de discriminação ou castigo
por causa da condição, das atividades, das opiniões
manifestadas ou das crenças de seus pais, representantes
legais ou familiares.
Além da Convenção Internacional sobre os Direitos
da Criança, há diversos dispositivos da legislação
internacional que também se aplicam ao tema (art. 25 da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, art. 24 do
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, art. 10
do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e
Culturais, dentre outros).
Conceito de criança: no âmbito internacional, criança é
considerada aquela menor de 18 anos de idade, o que inclui
o conceito de criança e adolescente tratados no ECA.
ESTATUTO DE ROMA - TRIBUNAL PENAL
INTERNACIONAL: o TPI foi criado como resposta aos
Tribunais ad hoc de Nuremberg e de Tóquio, ambos
criados para julgamento de crimes cometidos durante
a 2ª Guerra Mundial. Esses tribunais de exceção foram
muito criticados porque afrontavam os princípios da
legalidade e da anterioridade, uma vez que as normas
foram criadas após a ocorrência dos fatos. Eles também
atingiam frontalmente o princípio do juiz natural, visto
que os juízes são escolhidos após o fato, para julgar
determinado caso concreto.
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DIREITOS HUMANOS - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV
De acordo com o princípio da complementaridade, o
TPI atuará apenas de forma complementar à jurisdição
dos Estados. São da competência do Tribunal os seguintes
crimes: a) genocídio, b) crimes contra a humanidade, c)
crimes de guerra e d) crime de agressão.
OAB NA MEDIDA | DIREITOS HUMANOS | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV
É importante ressaltar que o TPI julga indivíduos e
não Estados, prevendo a entrega de pessoas ao TPI, o que
não se confunde com extradição.
ENTREGA EXTRADIÇÃO
Efetiva-se entre um Instituto que se realiza
Estado e o TPI entre Estados
É possível a entrega de Não se permite a extradição
brasileiro nato de brasileiro nato
CONVENÇÃO SOBRE ELIMINAÇÃO DE TODAS AS
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER:
estabelece que a expressão “discriminação contra a mulher”
significa toda a distinção, exclusão ou restrição baseada
no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou
anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher,
independentemente de seu estado civil, com base na
igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico,
social, cultural e civil ou em qualquer outro campo.
Com o fim de examinar os progressos alcançados
na aplicação da, estabeleceu-se um Comitê sobre a
eliminação da discriminação contra a mulher. Pelo
Protocolo facultativo, ainda, previu-se expressamente a
apresentação de denúncias ao Comitê sobre violação dos
direitos por ela consagrados.
3. SISTEMA REGIONAL AMERICANO
Os sistemas regionais são: sistema europeu, sistema
africano e sistema americano, sendo este último o mais
importante para a prova da OAB/FGV.
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS: órgão não jurisdicional com o intuito inicial
conciliatório, responsável pela promoção e a fiscalização
dos direitos humanos nas Américas.
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade
não-governamental legalmente reconhecida em um ou
mais Estados membros da Organização, pode apresentar
à Comissão petições que contenham denúncias ou
queixas de violação desta Convenção por um Estado
Parte. Permite-se, portanto, o peticionamento individual.
O procedimento da petição pode ser resumido da
seguinte forma: a) Petição é encaminhada à Comissão –
juízo de admissibilidade; b) Estado é intimado a prestar
informações; c) a Comissão promove a verificação da
veracidade das informações; d) a Comissão tenta buscar
solução amistosa entre as partes - conciliação; e) caso
não haja acordo, a comissão elabora relatório expedindo,
se for o caso, recomendações ao Estado (1º informe); f)
o Estado tem 3 meses para cumprir as Recomendações,
sendo que o prazo pode ser dobrado; g) se o caso não
for solucionado: a denúncia poderá ser levada à Corte
Interamericana ou as Recomendações podem ser
publicadas no relatório anual da Comissão.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS:
órgão jurisdicional da OEA, tendo competência consultiva
e contenciosa. A Corte não julga pessoas, mas apenas os
países do sistema OEA que reconheçam a sua competência.
A responsabilidade recai sobre a União porque os entes
federados (Estados-membros e municípios) não possuem
capacidade jurídica internacional, aplicando-se, destarte,
a regra da “cláusula federal” prevista no art. 28 da
Convenção Americana de Direitos Humanos.
Desse modo, no âmbito da OEA, apesar de ser
possível o peticionamento individual, este é direcionado
à Comissão Interamericana, que avaliará a procedência
da violação e, se entender positiva, poderá submeter
o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Não é possível, portanto, o peticionamento individual
diretamente para a Corte.
Quando decidir que houve violação de um direito ou
liberdade protegidos pela Convenção, a Corte determinará
que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito
ou liberdade violados. Determinará também, se isso
for procedente, que sejam reparadas as consequências
da medida ou situação que haja configurado a violação
desses direitos, bem como o pagamento de indenização
justa à parte lesada.
A sentença, de natureza cível, é inapelável e definitiva,
mas permite recurso similar aos embargos de declaração,
no prazo de até 90 dias do conhecimento da decisão.
Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando
se fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas,
a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá
tomar as medidas provisórias que considerar pertinentes.
Tratando-se de assunto ainda não submetido ao seu
conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.
Solicitadas pela Comissão
MEDIDAS Interamericana de Direitos
CAUTELARES
Humanos
Determinadas pela Corte
MEDIDAS Interamericana de Direitos
PROVISÓRIAS
Humanos
OBS.: a sentença internacional não se submete à
homologação do STJ.
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS
HUMANOS (PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA):
apesar do conteúdo do Pacto de São José da Costa Rica
ser essencialmente de direitos civis e políticos, o artigo
26 faz menção expressa a direitos sociais. O Pacto de São
José da Costa Rica possui status supralegal, ou seja, está
localizado abaixo da Constituição Federal e acima da lei.
Dentre os principais pontos existentes no Pacto,
destacam-se o reconhecimento da personalidade jurídica
da pessoa, normas sobre a pena de morte, respeito à
integridade física, psíquica e moral do cidadão, proibição da
tortura, escravidão, servidão, tráfico de escravos e tráfico
de mulheres, vedação ao trabalho forçado ou obrigatório,
direito à liberdade e à segurança pessoais, devido processo
legal, proibição de prisão por dívida (salvo em caso de
inadimplemento de obrigação alimentar), dentre outros.
PRIMEIRO PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO
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DIREITOS HUMANOS - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV
AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PROTOCOLO
DE SÃO SALVADOR, 1988): possui como objeto
central os direitos econômicos, culturais e sociais,
estabelecendo que os Estados Partes se comprometem
a adotar as medidas necessárias, tanto de ordem
interna como por meio da cooperação entre os Estados,
OAB NA MEDIDA | DIREITOS HUMANOS | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV
especialmente econômica e técnica, até o máximo dos
recursos disponíveis e levando em conta seu grau de
desenvolvimento, a fim de conseguir, progressivamente
e de acordo com a legislação interna, a plena efetividade
dos direitos reconhecidos no Protocolo.
SEGUNDO PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO
AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS - ABOLIÇÃO
DA PENA DE MORTE - 1990: veda a aplicação da Pena
de Morte, permitindo-se, entretanto, no momento de
ratificação ou adesão, que os Estados-Partes declarem
que se reservam o direito de aplicar a pena de morte em
tempo de guerra, de acordo com o Direito Internacional,
por delitos sumamente graves de caráter militar.
CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR
E PUNIR TORTURA (1985): seu conteúdo se assemelha
muito ao da Convenção contra Tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanas e degradantes,
adotada em âmbito internacional.
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE O três quintos dos membros existentes (ou seja, 3/5 de 81
DESAPARECIMENTO FORÇADO DE PESSOAS: seu conteúdo
se assemelha muito ao da Convenção Internacional para a
Proteção de todas as pessoas contra o Desaparecimento
Forçado, adota no âmbito internacional.
CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA O a nova posição piramidal para os tratados internacionais
RACISMO A DISCRIMINAÇÃO E FORMAS CORRELATAS
DE INTOLERÂNCIA: internalizada com status de norma
constitucional em 2021
A Convenção diferencia Discriminação Racial,
Discriminação Racial Indireta, Racismo e Intolerância.
A Convenção estimula ainda a adoção de medidas
especiais ou ações afirmativas.
4. DIREITOS HUMANOS NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: a dignidade
da pessoa humana consiste em um conjunto mínimo
de direitos considerados fundamentais, essenciais,
indispensáveis para a vida do ser humano, para uma
existência pautada na liberdade e igualdade, com
condições dignas que o permitam se desenvolver a partir
do seu livre arbítrio, produto da sua racionalização.
A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos
da República Federativa do Brasil, previsto no art. 1º, III,
da CF/88. Por se tratar de um fundamento, o seu alcance
será por todo o ordenamento jurídico brasileiro.
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA
DOS ATOS GRAVES VIOLADORES DE DIREITOS
HUMANOS (ou Federalização dos atos violadores de
direitos humanos): nas hipóteses de grave violação de
direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com
a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos
humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.
Cabimento: não basta que os direitos humanos
violados estejam previstos na CF, já que se exige, para o
deslocamento de competência, que estejam previstos em
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o
Brasil seja parte.
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
SOBRE DIREITOS HUMANOS: os tratados podem ser
multilaterais ou bilaterais. No que tange aos direitos
humanos, todos os tratados são multilaterais, possuindo
cláusula de adesão, ou seja, um Estado pode ser parte do
tratado mesmo após a sua assinatura original.
Antes da EC n. 45/04, os tratados internacionais,
sobre quaisquer assuntos, quando incorporados
ao ordenamento jurídico brasileiro, sempre foram
considerados normas infraconstitucionais ordinárias.
Com a edição da EC n. 45/04, criou-se a regra
do art. 5º, § 3º, da CF/88, segundo a qual os tratados
internacionais exclusivamente sobre direitos humanos
que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos de votação, com a maioria qualificada de
senadores e 513 deputados), serão incorporados com
equivalência às emendas constitucionais.
Com o novo dispositivo constitucional, o Supremo
Tribunal Federal alterou o seu posicionamento para considerar
sobre direitos humanos incorporados sem o quórum
qualificado, que passaram a ocupar uma posição supralegal,
ou seja, acima das demais normas infraconstitucionais, mas
ainda abaixo da Constituição Federal.
As normas infraconstitucionais, portanto, estão
sujeitas, além do controle em face da Constituição Federal,
também ao controle em face dos tratados internacionais
(posição supralegal), o que passou a ser denominado de
controle de convencionalidade.
Tratado sobre Tratado Tratados
direitos humanos sobre direitos sobre outros
aprovado com humanos temas
quórum de EC anteriores à EC
45/04
ou aprovados
sem o quórum
de EC
“Força” de EC Norma Lei ordinária
SUPRALEGAL
(abaixo da
Constituição,
mas acima da lei)
5. TEMAS ESPECÍFICOS SOBRE
DIREITOS HUMANOS
PROTEÇÃO AO IDOSO: a proteção ao idoso possui
amparo em vários artigos da Constituição Federal (arts.
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DIREITOS HUMANOS - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV
203, 229, 230, dentre outros), pelos quais tem-se que a
família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar
as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida.
OAB NA MEDIDA | DIREITOS HUMANOS | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV
No plano infraconstitucional destaca-se a Lei n.
8.842/94, que trata da política nacional do idoso e cria
o Conselho Nacional do Idoso, bem com o Estatuto do
Idoso (Lei n. 10.741/2003), destinado a regular os direitos
assegurados ao idoso, assim consideradas as pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos.
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade
e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta
prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer,
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária.
Lei n. 13.466/2017: acrescentou o § 2º ao art. 3 º
do Estatuto do idoso, dispondo que, dentre os idosos,
é assegurada prioridade especial aos maiores de 80
(oitenta anos), atendendo-se suas necessidades sempre
preferencialmente em relação aos demais idosos.
MULHER: no Brasil, o combate às formas de
discriminação contra a mulher ganhou força, no âmbito
infraconstitucional, com a Lei Maria da Penha (Lei n.
11.340/200). Para os efeitos da lei, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica,
compreendida como o espaço de convívio permanente
de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas, sendo que as relações
pessoais ora enunciada independem de orientação sexual.
A violência doméstica e familiar contra a mulher
constitui uma das formas de violação dos direitos
humanos, podendo ser física, psicológica, sexual,
patrimonial e moral (qualquer conduta que configure
calúnia, difamação ou injúria).
Outro diploma muito importante sobre discriminação
contra mulher é a Lei n. 9.029/95, que estabelece como
crime a conduta do empregador de exigir testes ou
qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou
a estado de gravidez; bem como de induzir ou instigar
a empregada à esterilização genética ou de promover
controle de natalidade.
ÍNDIOS: de acordo com a Constituição Federal de
1988, são reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens (art. 231 do CF/88). A defesa
e assistência do índio são feitas pela FUNAI.
Terras ocupadas pelos índios: as terras ocupadas
pelos índios são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos
sobre elas, imprescritíveis.
Remoção: é vedada a remoção dos grupos indígenas
de suas terras, salvo, “ad referendum” do Congresso
Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha
em risco sua população, ou no interesse da soberania do
País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido,
em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse
o risco.
Registra-se ainda a existência da Lei n. 6.001/73, que
dispõe sobre o Estatuto do índio, classificando-o em três
classes: I - Isolados, II - Em vias de integração, e III - Integrados
Índios não integrados: os atos praticados entre
um índio não integrado e qualquer pessoa estranha
à comunidade indígena, quando não tenha havido
assistência do órgão tutelar competente, são nulos, salvo
se o índio revelar consciência e conhecimento do ato
praticado, desde que não lhe seja prejudicial, diante da
extensão dos seus efeitos.
PRESOS: a Constituição Federal de 1988 prevê
diversos direitos ao preso, destacando-se o respeito à
integridade física e moral, normas a serem observadas no
ato da prisão, indenização do condenado por erro judiciário,
vedação à incomunicabilidade do preso, dentre outros.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: a Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência tem status
de emenda constitucional, já que aprovada pelo
procedimento do § 3º do art. 5º. Ela estabelece o Comitê
sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e possui como
objetivo promover, proteger e assegurar o exercício pleno
e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e
promover o respeito pela sua dignidade inerente.
São consideradas pessoas com deficiência aquelas
que têm impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação
com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições
com as demais pessoas.
No âmbito interno, é muito importante registrar que
houve a edição da Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa
com Deficiência), que alterou sensivelmente o sistema
de incapacidade do código civil. Com as alterações
promovidas, a pessoa com deficiência não é considerada
absolutamente incapaz, podendo ser considerada
relativamente incapaz apenas se, como qualquer outra
pessoa, por causa transitória ou permanente, não puder
exprimir sua vontade.
Tratado de Marraquexe: o Decreto nº 9.522/2018
promulgou o Tratado de Marraquexe, que objetiva
facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas,
com deficiência visual ou com outras dificuldades para
ter acesso ao texto impresso. O Tratado de Marraquexe
foi aprovado pelo Congresso Nacional com o quórum do
art. 5º, § 3º da CF/88, tendo sido incorporado ao Direito
brasileiro, portanto, com status de norma constitucional.
REFUGIADOS: apesar de o asilo político e o refúgio
terem genericamente a finalidade de abrigar, legalmente,
estrangeiro em situação de perseguição em seu país
de origem, os institutos podem ser diferenciados pelos
seguintes aspectos:
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DIREITOS HUMANOS - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

ASILO REFÚGIO

Previsão Constitucional Não possui previsão

(art. 4º, X) e na Declaração expressa na CF/88.
Universal dos Direitos Tratado na Lei n. 9.474/97
Humanos. (Estatuto dos refugiados).
OAB NA MEDIDA | DIREITOS HUMANOS | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

Medida concedida de forma O refúgio deve ser

individualizada, em razão de
perseguição devidamente
comprovada decorrente da
prática de crime político.
concedido para um número
maior de pessoas, já que a
perseguição tem natureza
generalizada. O fundado
temor de perseguição é
suficiente para a concessão
do refúgio.

O Asilo possui natureza Natureza humanitária,

política (perseguição em como no caso de temor de
razão de crime político ou perseguição por motivos
de opinião) raciais, de grupos sociais,
religiosos, etc.

Ato unilateral de natureza Ato unilateral de natureza

constitutiva. declaratória.

De acordo com a Lei n. 9.474/97 (Estatuto dos

Refugiados) o ingresso irregular no território nacional
não constitui impedimento para o estrangeiro solicitar
refúgio às autoridades competentes.

Além disso, os efeitos da condição dos refugiados

serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e
descendentes, assim como aos demais membros do grupo
familiar que do refugiado dependerem economicamente,
desde que se encontrem em território nacional (art. 2º da
Lei nº 9.474/97).

O refugiado (i) depende de autorização do Governo para

deixar o país, sob pena de perder a condição de refugiado, (ii)
goza de direitos e está sujeito aos deveres dos estrangeiros
no Brasil, e (iii) poderá exercer atividade remunerada no
Brasil, ainda que pendente o processo de refúgio.