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DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

PARTE ESPECIAL E LEGISLAÇÃO Se praticado por milícia privada, sob


1/3 até a
ESPECIAL o pretexto de prestação de serviço de
metade
segurança, ou por grupo de extermínio

1.  CRIMES CONTRA A PESSOA Se praticado: I - durante a gestação ou


nos 3 meses posteriores ao parto; II -
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contra pessoa menor de 14 anos, maior


1.1.  CRIMES CONTRA A VIDA de 60, com deficiência, ou portadora de
doenças degenerativas que acarretem 1/3 até a
condição limitante ou de vulnerabilidade metade
HOMICÍDIO física ou mental; III - na presença física ou
virtual de descendente ou de ascendente
Conceito (art. 121 do CP): matar alguém (pena:
da vítima e IV – em descumprimento de
reclusão 6 a 20 anos).
medidas protetivas de urgência
Sujeitos: a) ativo: qualquer pessoa (crime comum) e
b) passivo: qualquer pessoa nascida com vida. Homicídio culposo: ocorre quando o agente atua
com negligência, imprudência ou imperícia (pena: 1 a 3
Homicídio privilegiado (§ 1º do art. 121): se o anos de detenção). OBS.: o crime culposo praticado com
agente comete o crime impelido por motivo de relevante veículo automotor não é tratado pelo código penal e sim
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta pelo Código de Trânsito (art. 302 do CTB).
emoção (homicídio emocional), logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
sexto a um terço (OBS.: o privilégio não se comunica aos NO HOMICÍDIO CULPOSO
coautores e partícipes do crime).
Se o crime resulta de inobservância de
Homicídio qualificado (§ 2º do art. 121): considerado regra técnica de profissão, arte ou ofício
crime hediondo, é apenado com pena de reclusão de 12 a 30
anos. Ocorre quando o homicídio é praticado: I - mediante Se o agente deixa de prestar imediato
paga ou promessa de recompensa (homicídio mercenário socorro à vítima
ou assassínio), ou por outro motivo torpe; II - por motivo 1/3
fútil (motivo insignificante e desproporcional em relação Se o agente não procura diminuir as
à conduta adotada); III - com emprego de veneno, fogo, consequências do seu ato
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de Se o agente foge para evitar prisão
emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso em flagrante
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V -
para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a
vantagem de outro crime; VI - contra a mulher por razões morte do agente, ainda que encefálica (crime material). A
da condição de sexo feminino (feminicídio); VII - contra tentativa é plenamente possível.
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
CF/88 (autoridades das forças armadas e da segurança Perdão judicial: no homicídio culposo, o juiz pode
pública), integrantes do sistema prisional e da Força deixar de aplicar a pena (extinção da punibilidade)
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou se as consequências da infração atingirem o próprio
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão desnecessária. OBS.: não há disposição expressa, mas
dessa condição. entende-se que o perdão judicial também se aplica ao
homicídio culposo do CTB.
Feminicídio: o feminicídio (inciso VI) ocorre quando
o homicídio é praticado em virtude da condição de sexo INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO
feminino, ou seja, por razões de gênero. Se o homicídio OU A AUTOMUTILAÇÃO
for praticado contra mulher, mas não ocorrer por razões
de gênero, não será feminicídio, mas sim homicídio. Conceito (art. 122 do CP): innduzir ou instigar alguém
a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe
Homicídio qualificado privilegiado: prevalece o auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6
entendimento que as hipóteses de privilégio, por possuírem (seis) meses a 2 (dois) anos.
natureza subjetiva, são incompatíveis com as qualificadoras
de natureza subjetiva (121, §2°, I, II e V). Entretanto, nada Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
impede aplicação do privilégio com qualificadora de natureza resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima:
objetiva (art. 121, §2°, III e IV). OBS.: o homicídio qualificado Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
privilegiado não é crime hediondo. Se o suicídio se consuma ou se da automutilação
resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
NO HOMICÍDIO DOLOSO Importante: Com a Lei 13.968/19 o crime sob análise
passou a ser formal.
Se praticado contra menor de 14 ou
1/3 Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa.
maior de 60 anos de idade
Apenas na forma dolosa.
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Consumação e tentativa: a consumação do crime que a ajudou responderá pelo crime do art. 126 do CP.
ocorre com o induzimento, instigação ou auxílio ao
suicídio ou automutilação, sendo possível a tentativa. ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O
CONSENTIMENTO DA GESTANTE
Causas de aumento de pena: a pena será duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico e II - se a Conceito (art. 125 do CP): provocar aborto, sem o
consentimento da gestante (pena - reclusão, de 3 a 10
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vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a


capacidade de resistência. anos). Trata-se de crime doloso contra a vida que será
julgado pelo Tribunal do Júri.
A Lei n. 13.968/19 acrescentou os parágrafos 6º e 7º
ao art. 122, estabelecendo que, se o crime for praticado Falta de consentimento: consideram-se as seguintes
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por situações: a) ausência de concordância ou ciência da
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário gestante, b) quando a gestante não é maior de quatorze
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer anos, ou é alienada ou débil mental e c) o consentimento é
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
agente pelo crime de homicídio (art. 121), se resultar
morte, ou de lesão corporal (art. 129 do CP). Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa.

Pacto de morte ou ambicídio: quando duas ou mais Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por
pessoas firmam um pacto para morrerem ao mesmo qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo:
tempo, mediante suicídio. Neste caso, a responsabilidade possui duas vítimas: a gestante e o feto.
de cada envolvido ficará caracterizada pelos atos
praticados por cada um. Consumação e tentativa: consuma-se com a morte
do feto. Admite-se tentativa.
INFANTICÍDIO
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Conceito (art. 123 do CP): matar, sob a influência do
estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo Se em consequência do aborto ou dos meios
após (pena: detenção, de 2 a 6 anos). Trata-se de crime empregados para provocá-lo, a gestante 1/3
doloso contra a vida que será julgado pelo Tribunal do Júri. sofre lesão corporal de natureza grave
Estado puerperal: conjunto de alterações físicas e Se, por qualquer dessas causas, a A pena é
psicológicas sofridas pela mulher em razão do parto. Por gestante morre duplicada
tratar-se de elementar do crime, se comunica aos demais
participantes, que também responderão por infanticídio. ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM
CONSENTIMENTO DA VÍTIMA
Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa.
Se a mãe, culposamente e sob a influência do estado Conceito (art. 126 do CP): provocar aborto com o
puerperal, matar seu filho recém-nascido, deverá consentimento - válido - da gestante (pena - reclusão, de
responder por homicídio culposo (alguns doutrinadores 1 a 4 anos). Trata-se de crime doloso contra a vida que
entendem que o fato é atípico). será julgado pelo Tribunal do Júri.
Sujeitos: a) sujeito ativo: apenas a mãe pode praticar Invalidade da concordância: a concordância dada
infanticídio (crime próprio) e b) sujeito passivo: apenas o por gestante menor de 14 anos, alienada ou débil mental,
filho que está nascendo ou acabou de nascer (se a mãe, sob ou obtida mediante fraude, grave ameaça ou violência,
influência do estado puerperal, mata filho de outra pessoa não é válida. O agente responde como se não houvesse
achando ser seu, responderá por infanticídio putativo). concordância (art. 125 do CP).
Consumação e tentativa: considera-se o crime Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa.
consumado com a morte do nascente ou do neonato.
Admite-se a tentativa. Consumação e tentativa: Consuma-se com a morte
do feto. Admite-se tentativa.
ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM
SEU CONSENTIMENTO Causas de aumento de pena: são as mesmas
aplicáveis ao aborto sem o consentimento da gestante.
Conceito (art. 124 do CP): provocar aborto em si
mesma ou consentir que outrem lhe provoque (Pena: ABORTO LEGAL
detenção, de 1 a 3 anos). Trata-se de crime doloso contra
a vida que será julgado pelo Tribunal do Júri. Conceito (art. 128 do CP): não se pune o aborto
praticado por médico: I - se não há outro meio de salvar
Tipo Subjetivo: não se admite a modalidade culposa a vida da gestante (aborto terapêutico) e II - aborto no
caso de gravidez resultante de estupro, desde que haja o
Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado apenas pela consentimento da vítima (aborto humanitário).
gestante e b) sujeito passivo: produto da concepção, feto.
Feto Anencéfalo: o STF considerou que a interrupção
Consumação e tentativa: consuma-se com a morte da gravidez de feto anencéfalo não é considerado crime
do feto. Admite-se tentativa. (ADPF 54).
Concurso de Agentes: no caso de concurso de agentes
a gestante responderá pelo crime do art. 124 e o terceiro
1.2.  LESÕES CORPORAIS
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LESÃO CORPORAL: ofender a integridade corporal


ou a saúde de outrem. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por Se o crime é praticado contra pessoa
1/3
qualquer pessoa e b) sujeito passivo: em regra, qualquer menor de 14 ou maior de 60 anos
pessoa (salvo nas hipóteses do art. 129, §1º, IV e §2º V, e Se se o crime for praticado por milícia privada,
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art. 129, §§ 9º, 10, 11). 1/3 até a


sob o pretexto de prestação de serviço de
metade
Tipo subjetivo: pode ser doloso, culposo e preterdoloso. segurança, ou por grupo de extermínio

Consumação e tentativa: consuma-se com a efetiva Se a lesão for praticada contra


ofensa à integridade corporal ou a saúde da vítima, é crime autoridades das forças armadas e
material. Admite-se tentativa na modalidade dolosa. da segurança pública, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional 1/3 a
Lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP): pena de de Segurança Pública, no exercício da 2/3
detenção de 3 meses a 1 ano. O crime é configurado por função ou em decorrência dela, ou contra
exclusão, ou seja, será lesão corporal leve quando não seu cônjuge, companheiro ou parente
se tratar de lesão grave (§1º), gravíssima (§2º) ou lesão consanguíneo até terceiro grau.
seguida de morte (§3º).
No caso de lesão corporal grave,
Crime de menor potencial ofensivo. Ação penal gravíssima ou seguida de morte, praticada 1/3
pública condicionada à representação, salvo se a no âmbito doméstico ou familiar
vítima for mulher no âmbito doméstico, hipótese em
o crime será processado mediante ação penal pública Lesão corporal culposa (art. 129, § 6°, do CP) pena:
incondicionada, conforme previsto na Lei Maria da Penha detenção, de 2 meses a 1 ano, pouco importando se a
(Lei n. 11.340/2006). lesão é leve, grave ou gravíssima.

Lesão corporal grave (art. 129, §1º, do CP): a lesão Aumento de pena: a pena é aumentada de 1/3 se
corporal é de natureza grave, com pena de reclusão de 1 o crime resulta de inobservância de regra técnica de
a 5 anos, se resulta: I - incapacidade para as ocupações profissão, arte ou ofício, se o agente deixa de prestar
habituais, por mais de trinta dias (o inciso não se refere imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
a trabalho, mas a ocupações habituais), II - perigo de consequências do seu ato ou se foge para evitar prisão
vida (probabilidade imediata de morte, comprovada por em flagrante.
laudo pericial), III - debilidade permanente de membro,
sentido ou função (redução da capacidade funcional, que Ação Penal: pública condicionada à representação da
deve ser permanente, comprovada por laudo pericial) e vítima, salvo quando se tratar de lesão praticada contra mulher
IV - aceleração de parto (sem acarretar a morte do feto). no âmbito doméstico, em que a ação será pública incondicionada.

Ação Penal: processada mediante ação penal pública Perdão judicial: o juiz pode deixar de aplicar a pena se
incondicionada. Possível aplicar a suspensão condicional as consequências da infração atingirem o próprio agente de
do processo, prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/95. forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Lesão corporal gravíssima (art. 129, §2º, do CP): a Lesão corporal doméstica (§ 9º do art. 129 do CP):
denominação é doutrinária e não legal. Pena de reclusão é a lesão corporal decorrente de violência praticada
de 2 a 8 anos, se resulta: I - incapacidade permanente contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
para o trabalho (trabalho em geral e não especificamente companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido,
o trabalho realizado pela vítima), II - enfermidade ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
incurável, III - perda ou inutilização do membro, sentido domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Pena:
ou função, IV - deformidade permanente (quebra da detenção de 3 meses a 3 anos, aumentada de 1/3 se a
harmonia corporal da vítima de forma permanente) e V lesão for praticada contra pessoa com deficiência.
– aborto (crime preterdoloso, ou seja, o agente atua com
Ação penal: pública condicionada à representação se
intenção de praticar lesão corporal, mas com culpa em
a vítima for homem, e pública incondicionada no caso de
relação ao aborto).
a vítima ser mulher, já que a Lei Maria da Penha veda a
Lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, do aplicação da Lei n. 9.099/95.
CP): crime preterdoloso, apenado com 4 a 12 anos de
reclusão. Ocorre quando o agente possui intenção de
lesionar a vítima, mas, em razão de conduta culposa, 1.3.  LIBERDADE PESSOAL
acaba matando-a.
PERSEGUIÇÃO (STALKING)
Lesão corporal privilegiada (art. 129, §4º, do CP):
trata-se de causa de diminuição da pena de 1/6 a 1/3 Conceito (art. 147-A do CP): Perseguir alguém,
e pode ser aplicada quando o agente comete o crime reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe
impelido por motivo de relevante valor social ou moral a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma,
injusta provocação da vítima. invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade. Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.

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O tipo penal prevê a conduta de “perseguir”, o que


significa importunar constantemente a vítima. O tipo Consumação: quando a ofensa chega ao conhecimento
exige a reiteração da conduta (perseguição reiterada) e de TERCEIRO
estará caracterizado em uma das seguintes formas:
NÃO é punível quando praticada contra os MORTOS
1) ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica: Cabível a RETRATAÇÃO
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é um tipo especial em relação à ameaça (art. 147do CP),


já que exige adicionalmente a perseguição. NÃO admite PERDÃO JUDICIAL
2) restringindo-lhe a liberdade de locomoção: não há
efetiva privação da liberdade, e sim mera restrição, senão INJÚRIA
estaria caracterizado o crime de sequestro ou cárcere
privado (art. 148 do CP).. Honra SUBJETIVA

3) ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando Não há imputação de fato algum


sua esfera de liberdade ou privacidade: como no caso Formas qualificadas: a) injúria REAL e b) injúria
do paparazzi que persegue a vítima invadindo a sua PRECONCEITUOSA.
privacidade, situação típica do stalking.
Nunca cabe exceção da verdade (pois não se refere a
Ação Penal: pública condicionada à representação fatos)
Consumação: quando a ofensa chega ao conhecimento
da VÍTIMA
1.4.  CRIMES CONTRA A HONRA
NÃO é punível quando praticada contra os MORTOS
Honra objetiva: diz respeito à reputação, ou seja, NÃO é cabível a RETRATAÇÃO
refere-se ao juízo de valor feito por terceiros sobre os ADMITE PERDÃO JUDICIAL
atributos de alguém.
Diferenças entre a injúria racial (modalidade de
Honra subjetiva: diz respeito à autoestima, ou seja, injúria preconceituosa) e o racismo:
refere-se ao juízo de valor de determinada pessoa sobre
os seus próprios atributos.
INJÚRIA RACIAL RACISMO
Os crimes de calúnia e difamação atingem a honra objetiva,
enquanto que o crime de injúria atinge a honra subjetiva. Art. 20 da Lei 7.716/89
Art. 138, §2º, do CP
(Lei de Racismo)
CALÚNIA A ofensa é direcionada a
uma pessoa específica ou A ofensa é dirigida a todo
Honra OBJETIVA a um grupo específico de o grupo de pessoas
pessoas
Imputação de FATO definido como CRIME (ou
divulgação dessa informação) Prescritível Imprescritível
Imputação deve ser FALSA Ação pública condicionada
à representação da vítima Ação pública
É cabível EXCEÇÃO DA VERDADE, exceto nos casos previstos
injuriada ou de quem a incondicionada
Consumação: quando a ofensa chega ao conhecimento represente
de TERCEIRO
Injúria contra funcionário público x desacato: no
É punível quando praticada contra os MORTOS desacato a ofensa é feita na presença do funcionário,
enquanto que, na injúria, a ofensa é feita na sua ausência.
Cabível a RETRATAÇÃO
Ação penal: será privada. Existem, entretanto, as
NÃO admite PERDÃO JUDICIAL seguintes exceções:

No caso de injúria real se


DIFAMAÇÃO Ação penal pública
a violência causar lesão
incondicionada.
Honra OBJETIVA corporal.

Imputação de FATO ofensivo à REPUTAÇÃO, que não Quando o crime for cometido
Ação penal pública
seja definido como crime. em face do Presidente da
condicionada à requisição
República ou contra chefe
do Ministro da Justiça.
Imputação falsa ou verdadeira de governo estrangeiro.

Não cabe exceção da verdade, salvo funcionário público


no exercício da função

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1/3, se o crime é praticado durante o repouso noturno


Ação penal pública (período em que a coletividade se recolhe para o descanso
condicionada à de um dia para o outro, o que pode variar de uma cidade
No caso de injúria representação do para outra). Prevalece o entendimento de que a majorante
preconceituosa e no caso ofendido. é aplicada mesmo que a moradia esteja desabitada ou
de crime cometido contra que os moradores não estejam repousando.
Neste caso, o STF entende
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funcionário público, em que o ofendido tem


razão de suas funções. Furto privilegiado (ou furto mínimo): se o criminoso
legitimidade concorrente é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada (não
para oferecer queixa ultrapassa um salário mínimo), o juiz pode substituir a
(Súmula 714 do STF). pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a
2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
2.  CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Prevalece o entendimento de que é possível o furto
qualificado-privilegiado, desde que o réu seja primário e a
FURTO qualificadora seja de ordem objetiva (Súmula n. 511 do STJ).
Conceito (art. 155 do CP): subtrair, para si ou para A ação penal, em regra, é de ação penal pública
outrem, coisa alheia móvel. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, incondicionada. Dependerá de representação, contudo,
e multa. quando cometido o furto em prejuízo I - do cônjuge
desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão,
Situações Especiais : a) coisa móvel: equiparam- legítimo ou ilegítimo e III - de tio ou sobrinho, com quem
se, a energia elétrica ou qualquer outra que tenha o agente coabita.
valor econômico, b) ligação clandestina para obter
sinal de internet ou de televisão: para o STF não á ROUBO
considerada furto, pois o sinal de televisão ou internet
não é considerado energia e c) objeto deve ser alheio: se Roubo próprio (art. 157, caput, do CP): subtrair coisa
determinada pessoa empenha um bem e depois o subtrai, móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
não haverá crime de furto. ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime Pena: reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.
comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa.
Roubo impróprio (art. 157, § 1º): na mesma pena
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Se incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
o agente não tem a intenção de ficar com a coisa ou violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
entrega-la para terceiro, mas apenas usá-la, a conduta assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
será considerada atípico (furto de uso). para si ou para terceiro (ex.: o agente subtrai o relógio da
vítima e depois a agride para garantir que ela não tenha
Consumação e tentativa: o crime se consuma quando tempo para chamar a polícia).
o objeto é retirado da esfera de disponibilidade da vítima,
ainda que por curto espaço de tempo. A tentativa é Formas qualificadas: a) se da violência resulta lesão
possível quando o agente não conseguir ficar, de fato, com corporal grave. Pena: reclusão de 7 a 18 anos, e multa; b)
a posse do bem. se resulta morte (latrocínio). Pena: reclusão é de 20 a 30
anos, e multa.
Formas qualificadas: pena de reclusão de 2 a 8 anos,
e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou
rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com É crime hediondo (lei n. 8.072/90)
abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza; III - com emprego de chave falsa e IV - mediante A competência para o processo e
concurso de duas ou mais pessoas. julgamento do latrocínio é do juiz
singular e não do tribunal do júri
A Lei n. 13.654/18 acrescentou mais duas formas de (Súmula 603 do STF), já que se
furto qualificado, ambas com pena de reclusão de a 4 a 10 trata de crime contra o patrimônio.
anos e multa: 1) se houver emprego de explosivo ou de LATROCÍNIO
artefato análogo que cause perigo comum (ex.: furto de A morte da vítima pode ser
caixa eletrônico) e 2) se a subtração for de substâncias causada por dolo ou culpa.
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Há crime de latrocínio, quando o
homicídio se consuma, ainda que
Furto mediante fraude: o agente emprega fraude para não realize o agente a subtração de
enganar a vítima e subtrair o bem sem que ela perceba (ex.: bens da vítima (Súmula 610 do STF).
agente que se faz passar por técnico de TV a cabo, entra na
casa da vítima e, sem que ela perceba, furta determinado bem). Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
próprio) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa.
A Lei n. 14.155/21 acrescentou o § 4º-B ao art.
155 do CP, prevendo a qualificadora de furto mediante Tipo subjetivo: Apenas na modalidade dolosa.
fraude cometido por meio de dispositivo eletrônico ou
informático. Consumação e tentativa: consuma-se quando o
sujeito ativo consegue a inversão da posse do bem,
Causa de aumento de pena: a pena aumenta-se de mesmo que essa não seja mansa e pacífica (Súmula n.
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582 do STJ). A tentativa é possível quando, mesmo com Tipo subjetivo: apenas a modalidade dolosa. Não
a violência ou grave ameaça, o agente não consegue existe, portanto, crime de dano culposo.
subtrair o bem.
Consumação e tentativa: consuma-se no momento
em que o bem é danificado. Se o agente objetiva destruir,
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA mas apenas danifica o bem, o crime será consumado.
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Tentativa é possível.
1) se há o concurso de duas ou mais
pessoas, 2) se a vítima está em serviço de
transporte de valores e o agente conhece AÇÃO PENAL PÚBLICA
AÇÃO PENAL PRIVADA
tal circunstância, 3) se a subtração for INCONDICIONADA
de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o • Dano simples • Demais hipóteses de
exterior e 4) se o agente mantém a vítima dano qualificado
1/3 até a • Dano qualificado por
em seu poder, restringindo sua liberdade;
metade motivo egoístico ou
5) se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta prejuízo considerável
ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego; 6) se APROPRIAÇÃO INDÉBITA
a violência ou grave ameaça é exercida
Conceito (art. 168 do CP): apropriar-se de coisa alheia
com emprego de arma branca; (Incluído
móvel, de que tem a posse ou a detenção (a entrega do
pela Lei nº 13.964, de 2019)
bem é livre e consciente pela vítima). Pena: reclusão, de
1) se a violência ou ameaça é exercida 1 a 4 anos, e multa.
com emprego de arma de fogo, 2) se há
Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por
destruição ou rompimento de obstáculo 2/3
qualquer pessoa (crime comum), mas é muito comum
mediante o emprego de explosivo ou de
a prática por agiota e b) sujeito passivo: proprietário,
artefato análogo que cause perigo comum
usufrutuário ou possuidor do bem.
Violência ou grave ameaça é exercida
Apropriação indébita contra idoso: haverá o crime
com emprego de arma de fogo de uso Dobro
específico previsto no art. 102 do Estatuto do Idoso.
restrito ou proibido
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. O tipo
Pacote Anticrime: passou a prever as seguintes penal contém o dolo específico do agente de se apropriar
modalidades de roubo como crimes hediondos: a) da coisa para si de forma definitiva, ou seja, a intenção do
circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. agente em não devolver o bem (a “apropriação de uso” é
157, § 2º, inciso V); b) circunstanciado pelo emprego de fato atípico).
arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) (Atenção: roubo
com arma branca não é hediondo) e c) qualificado pelo Consumação e tentativa: consuma-se o crime quando o
resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); agente começa a se comportar como dono do bem que lhe foi
entregue ou quando se recusa a devolver o bem. A tentativa
DANO é possível, salvo na hipótese de recusa de devolução.
Conceito (art. 163 do CP): destruir, inutilizar ou Causas de aumento de pena: a pena é aumentada
deteriorar coisa alheia. Pena: detenção, de 1 a 6 meses, de 1/3 quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito
ou multa. necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico,
liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário
Situações especiais: a) res nullius (coisa que nunca
judicial e III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
teve dono): não pode ser objeto de crime de dano, já que
não é considerada coisa alheia; b) res derelicta (coisa Apropriação indébita privilegiada (causa de
abandonada): idem e c) coisa perdida: como tem dono, diminuição de pena): se o criminoso for primário e de
quem a danificar pode responder pelo crime de dano. pequeno valor o bem apropriado, o juiz pode substituir
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a
Formas Qualificadas: o crime de dano será qualificado
2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
se: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com
emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
não constitui crime mais grave; III - contra o patrimônio
da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município Conceito (art. 168-A do CP): deixar de repassar
ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, à previdência social as contribuições recolhidas dos
sociedade de economia mista ou empresa concessionária contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.
de serviços públicos; IV - por motivo egoístico ou com Pena: reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
prejuízo considerável para a vítima. Pena: detenção, de
6 meses a 3 anos, e multa, além da pena correspondente Formas equiparadas: nas mesmas penas incorre
à violência. quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição
ou outra importância destinada à previdência social
Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser praticado por que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
qualquer pessoa (crime comum) e b) sujeito passivo: segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II –
proprietário do bem. recolher contribuições devidas à previdência social que
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos
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à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar representação, salvo quando a vítima for: I - a
benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou
ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV -
previdência social. maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz (Alterado
pelo Pacote Anticrime).
Sujeitos: a) sujeito ativo: responsável por recolher
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a contribuição à Previdência Social e b) sujeito passivo: RECEPTAÇÃO


Estado (Previdência Social).
Conceito (art. 180 do CP): adquirir, receber,
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir
Extinção da punibilidade: extingue-se a punibilidade para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
o pagamento das contribuições, importâncias ou valores
e presta as informações devidas à previdência social, na Regras Importantes: a) a receptação é considerada
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da um crime parasitário ou acessório, já que depende de um
ação fiscal. crime anterior e b) a receptação exige que a coisa seja
produto de crime (se for produto de contravenção penal
Perdão judicial: facultado ao juiz deixar de aplicar não haverá o crime de receptação).
a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha Formas qualificadas: adquirir, receber, transportar,
promovido, após o início da ação fiscal e antes de conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
social previdenciária, inclusive acessórios; II – o valor utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja atividade comercial (regular, irregular ou clandestina)
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime.
social, administrativamente, como sendo o mínimo para Pena: reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.
o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
ESTELIONATO comum), salvo no caso da receptação qualificada, em que
o sujeito ativo deve ser comerciante (crime próprio) e b)
Conceito (art. 171, caput, do CP): obter, para si ou para sujeito passivo: qualquer empresário.
outrem, vantagem ilícita em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou Tipo subjetivo: único crime contra o patrimônio que
qualquer outro meio fraudulento. Pena: reclusão, de 1 a admite a forma dolosa e culposa.
5 anos, e multa.
Receptação culposa (§ 3º): adquirir ou receber coisa
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor
comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve
presumir-se obtida por meio criminoso. Pena: detenção,
Consumação: consuma-se com a obtenção da de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas.
vantagem ilícita, com prejuízo alheio. A tentativa é possível.
Causas de aumentos: tratando-se de bens e
Regras Importantes: a) crime material: o estelionato instalações do patrimônio da União, Estado, Município,
exige a obtenção da vantagem ilícita para se consumar; empresa concessionária de serviços públicos ou
b) crime de duplo resultado: exige o prejuízo da vítima e sociedade de economia mista, a pena prevista no caput
a vantagem do agente e c) não se confunde com o crime deste artigo aplica-se em dobro.
de furto mediante fraude: no estelionato, a vítima, após
ser enganada, entrega voluntariamente o bem ao agente, Consumação e tentativa: a receptação própria é crime
enquanto no furto mediante fraude o agente emprega material e se consuma com a produção do resultado (adquirir,
fraude para enganar a vítima e subtrair o bem. transportar, etc.), admitindo tentativa. Já a receptação
imprópria é um crime formal, se consuma quando o agente
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. influiu terceiro de boa-fé, e não admite tentativa.

IMUNIDADES
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Imunidades absolutas ou escusas absolutórias (art.
Se o crime é cometido em detrimento de 181 do CP): é isento de pena quem comete qualquer dos
entidade de direito público ou de instituto crimes contra o patrimônio, em prejuízo: I - do cônjuge, na
1/3
de economia popular, assistência social constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou
ou beneficência descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
Dobro da civil ou natural.
Se o crime for cometido contra idoso
pena
Imunidades relativas (art. 182 do CP): somente
se procede mediante representação, se o crime contra
A Lei n. 14.155/21 inseriu o § 2º-A ao art. 171 do CP, o patrimônio é cometido em prejuízo: I - do cônjuge
tratando da qualificadora do estelionato mediante fraude desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão,
eletrônica (pena 4 a 8 anos) legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem
o agente coabita.
Ação: crime de ação penal condicionada à
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Exclusão das imunidades (art. 183): não se aplicam Conceito (art. 215 do CP): ter conjunção carnal ou
as imunidades ora estudadas (absoluta e relativa): I - se praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II manifestação de vontade da vítima. Pena: reclusão, de
- ao estranho que participa do crime e III – se o crime é 2 a 6 anos e, se o crime é cometido com o fim de obter
praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 vantagem econômica, aplica-se também multa.
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anos.
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa.
3.  CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
SEXUAL Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro
(ver tabela acima).

Consumação e tentativa: a consumação ocorre com


3.1.  CRIMES CONTRA A LIBERDADE a conjunção carnal ou com a prática do ato libidinoso.
SEXUAL A tentativa é possível se, apesar da violência ou grave
ameaça, não há a conjunção carnal ou o ato libidinoso.
ESTUPRO IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
Conceito (art. 213 do CP): constranger alguém, Conceito (art. 215-A do CP): praticar contra alguém
mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. Pena: reclusão,
outro ato libidinoso. Pena: reclusão, de 6 a 10 anos. de 1 a 5 anos, se o ato não constitui crime mais grave.
Forma qualificada: I - se da conduta resulta lesão Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa.
ou maior de 14 anos. Pena: reclusão, de 8 a 12 anos, II - se
da conduta resulta morte. Pena: reclusão, de 12 a 30 anos. Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro
(ver tabela acima). Além disso, a pena é aumentada em
Regras Importantes: a) vítima menor de 14 anos: até um terço se a vítima é menor de 18 anos.
configura crime de estupro de vulnerável, mesmo que não
haja emprego de violência ou grave ameaça (violência Consumação e tentativa: A consumação ocorre no
presumida) e b) o crime de estupro, na forma simples ou momento da conduta do ato libidinoso. A tentativa é possível.
qualificada, é considerado crime hediondo.
ASSÉDIO SEXUAL
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa. Conceito (art. 216-A do CP): constranger alguém com
o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
• Se o crime é cometido com o concurso emprego, cargo ou função. Pena: detenção, de 1 a 2 anos
1/4
de 2 ou mais pessoas
Sujeitos: a) sujeito ativo: superior hierárquico da vítima
• Se o agente é ascendente, padrasto (crime próprio) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa.
ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro
companheiro, tutor, curador, preceptor
1/2 (ver tabela acima). Além disso, a pena é aumentada em
ou empregador da vítima ou por
até um terço se a vítima é menor de 18 anos.
qualquer outro título tem autoridade
sobre ela Consumação e tentativa: a consumação ocorre no
• Se do crime resultar gravidez 2/3 momento da conduta do assédio, independentemente do
resultado (crime formal). A tentativa é possível, como no
• Se o agente transmite à vítima doença caso do assédio praticado por bilhete interceptado.
sexualmente transmissível de que sabe
ou deveria saber ser portador, ou se a EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
vítima é idosa ou pessoa com deficiência; Conceito (art. 216-B do CP): produzir, fotografar,
• Se o crime é praticado: a) mediante 1/3 a 2/3 filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com
concurso de 2 ou mais agentes cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter
(estupro coletivo); b) para controlar íntimo e privado sem autorização dos participantes. Pena:
o comportamento social ou sexual da detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa.
vítima (estupro corretivo). Forma equiparada: na mesma pena incorre quem
realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer
Consumação e tentativa: a consumação ocorre com outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
a conjunção carnal ou com a prática do ato libidinoso. nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
A tentativa é possível se, apesar da violência ou grave
ameaça, não há a conjunção carnal ou o ato libidinoso. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa.
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE
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Consumação e tentativa: a consumação ocorre caso o crime se caracteriza quando o agente corrompe
no momento da conduta do registro da cena ou da sua pessoa menor de 18 anos para praticar infração penal.
montagem, na forma equiparada. A tentativa é possível.
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA
DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE
3.2.  CRIMES SEXUAIS CONTRA
Conceito (art. 218-A do CP): praticar, na presença
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VULNERÁVEL de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar,


conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
ESTUPRO DE VULNERÁVEL satisfazer a lascívia própria ou de outrem. Pena: reclusão,
de 2 a 4 anos.
Conceito (art. 217-A do CP): ter conjunção carnal ou
praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. Pena: Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
reclusão, de 8 a 15 anos. comum), b) sujeito passivo: menor de 14 anos de idade.

Forma equiparada: incorre nas mesmas penas quem Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro
pratica as ações descritas no caput com alguém que, por (ver tabela acima).
enfermidade ou doença mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer Consumação e tentativa: A consumação ocorre no
outra causa, não pode oferecer resistência. momento em que o ato é realizado na presença do menor
de 14 anos. A tentativa é possível quando, por exemplo,
Conceito de vulnerável: abrange os menores de 14 o agente induz a vítima a presenciar determinado ato
anos, os que, por enfermidade ou doença mental, não sexual, mas o ato não é praticado por circunstâncias
tem o necessário discernimento para a prática do ato, alheias a sua vontade.
assim como os que, por qualquer outra causa, não podem
oferecer resistência (idade avançada, pessoa desmaiada, FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA
pessoa embriagada completamente, em coma, etc.). FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU
ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL
Consentimento da vítima: o crime de estupro de
vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática Conceito (art. 218-B do CP): submeter, induzir ou
de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual
eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou
experiência sexual anterior ou existência de relacionamento deficiência mental, não tem o necessário discernimento
amoroso com o agente (Súmula n. 593 do STJ). para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que
a abandone. Pena: reclusão, de 4 a 10 anos.
Forma majorada: I - se da conduta resulta lesão
corporal de natureza grave. Pena: reclusão, de 10 a 20 Formas equiparadas: incorre nas mesmas penas: I
anos, II - se da conduta resulta morte. Pena: reclusão, de - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso
12 a 30 anos. com alguém menor de 18 e maior de 14 anos na situação
descrita no caput do artigo (se a vítima for menor de 14
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime anos, haverá o crime de estupro de vulnerável); II - o
comum); b) sujeito passivo: qualquer pessoa vulnerável. proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
que se verifiquem as práticas referidas no caput do artigo
Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro (pune-se, portanto, os envolvidos na casa de prostituição
(ver tabela acima). Além disso, aumenta-se a pena em até ou show).
1/3 se a vítima é menor de 18 anos.
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
Consumação e tentativa: a consumação ocorre com comum) e b) sujeito passivo: menor de 18 anos de idade.
a conjunção carnal ou com a prática do ato libidinoso.
A tentativa é possível se, apesar da violência ou grave Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro
ameaça, não há a conjunção carnal ou o ato libidinoso. (ver tabela acima).

CORRUPÇÃO DE MENORES Consumação e tentativa: a consumação ocorre


quando a vítima passa a ser explorada sexualmente. A
Conceito (art. 218 do CP): Induzir alguém menor de tentativa é possível.
14 anos a satisfazer a lascívia de outrem. Pena: reclusão,
de 2 a 5 anos. DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA
DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime DE PORNOGRAFIA
comum) e b) sujeito passivo: menor de 14 anos de idade.
Conceito (art. 218-C): oferecer, trocar, disponibilizar,
Causas de aumento: as mesmas do crime de estupro transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar
(ver tabela acima). ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio
de comunicação de massa ou sistema de informática
Consumação e tentativa: a consumação ocorre no ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro
momento em que o ato é realizado, mesmo que o terceiro não audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro
tenha ficado sexualmente satisfeito. A tentativa é possível. de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua
prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
ECA: não confundir o crime de corrupção de menores nudez ou pornografia. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, se o
previsto no art. 218 do CP com o crime de corrupção de
menores previsto no art. 244-B do ECA, já que neste último 9
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fato não constitui crime mais grave. Conceito (art. 246 do CP): deixar, sem justa causa,
de prover à instrução primária de filho em idade escolar.
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime Pena: detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.
comum) e b) sujeito passivo: qualquer pessoa, mas, se
a vítima for criança ou adolescente haverá a prática do Sujeitos: a) sujeito ativo: pais do menor (crime próprio),
crime do art. 241 ou o do art. 241-A do ECA. e b) sujeito passivo: filho em idade escolar obrigatória.
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Causas de aumento: pena é aumentada de 1/3 a 2/3 Tipo subjetivo: Apenas na modalidade dolosa.
se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha
mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim Consumação e tentativa: a consumação ocorre quando
de vingança ou humilhação (“revenge porn”). o sujeito ativo, por tempo relevante, deixa de providenciar
a instrução primária do filho. Não cabe tentativa.
Consumação e tentativa: a consumação ocorre no
momento em que um dos atos previsto no tipo é praticado.
5.  CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
Excludente de ilicitude: não há crime quando o
agente pratica as condutas descritas no caput do artigo ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (art. 288 do CP):
em publicação de natureza jornalística, científica, cultural associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim específico
ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a de cometer crimes. Pena: reclusão, de 1 a 3 anos. Se não
identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, houver combinação ou liame subjetivo entre os sujeitos
caso seja maior de 18 anos. que cometeram os crimes, não há que se falar em
associação criminosa.
CARACTERÍSTICAS COMUNS
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum) e b) sujeito passivo: coletividade.
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODOS OS CRIMES
CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. Exige-
se, ainda, o dolo específico consubstanciado na expressão
• todos os crimes contra a dignidade sexual passaram “para o fim específico de cometer crimes”
a ser de ação pública incondicionada
Causa de aumento: a pena aumenta-se até a metade
• os processos correm em segredo de justiça se a associação é armada ou se houver a participação de
• tipo subjetivo de todas as condutas: apenas na criança ou adolescente.
modalidade dolosa Consumação e tentativa: a consumação ocorre no
momento em que três ou mais pessoas se associam para
o fim específico de cometer crimes, não se exigindo que
4.  CRIMES CONTRA A FAMÍLIA o crime de fato ocorra, tratando-se, portanto, de crime
formal. A tentativa não é possível porque a associação
ABANDONO MATERIAL deve ser permanente.
Conceito (art. 244 do CP): deixar, sem justa causa, Regras Importantes: a) a associação de pessoas para
de prover à subsistência do cônjuge, ou de filho menor o fim específico de cometer contravenções penais (jogo
de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente do bicho, por exemplo) não constitui crime de associação
inválido ou maior de 60 anos, não lhes proporcionando os criminosa (prática de crimes), b) para a caracterização
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão das associação criminosa basta a associação estável e
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; permanente para a prática de crimes (crime formal) e c) a
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou associação criminosa não se confunde com a organização
ascendente, gravemente enfermo. Pena: detenção, de 1 criminosa prevista na Lei n. 12.850/2013.
a 4 anos, e multa, de uma a dez vezes o maior salário
mínimo vigente no País.
6.  CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Forma equiparada: nas mesmas penas incide quem,
sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, MOEDA FALSA
inclusive por abandono injustificado de emprego ou
função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente Conceito (art. 289 do CP): falsificar, fabricando-a ou
acordada, fixada ou majorada. alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso
legal no país ou no estrangeiro. Pena: reclusão, de 3 a 12
Sujeitos: a) sujeito ativo: pode ser o cônjuge, genitor, anos, e multa.
ascendente ou descendente (crime próprio) e b) sujeito
passivo: pode ser o cônjuge, o filho enfermo, menor de Forma equiparada: nas mesmas penas incorre quem,
dezoito anos ou inapto para o trabalho, ascendente por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
enfermo, maior de sessenta anos de idade ou inválido. vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na
circulação moeda falsa (§ 1º do art. 289).
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa.
Forma privilegiada: quem, tendo recebido de boa-fé,
Consumação e tentativa: a consumação ocorre com a como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
recusa de prestar assistência. Não cabe tentativa. circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com
detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
ABANDONO INTELECTUAL
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DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

Forma qualificada: É punido com reclusão, de 3 a 15


anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou Se o documento falsificado devia
fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza ter sido emitido por funcionário
a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso público estadual ou municipal, a
inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em competência é da Justiça Estadual
quantidade superior à autorizada. Justiça
Se a finalidade da falsificação é
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prejudicar a previdência social, a Estadual


Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum), salvo na forma qualificada (crime próprio) e b) competência será da Justiça Federal,
sujeito passivo: Estado e pessoas prejudicadas. ao passo que, se a falsificação for para
fins particulares, a competência é da
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa Justiça Estadual (Súmula n. 62 do STJ)

Consumação e tentativa: a consumação ocorre com FALSIDADE DE DOCUMENTO PARTICULAR


fabricação ou alteração da moeda, desde que não haja
erro grosseiro. A tentativa é possível quando o agente é Conceito (art. 298 do CP): falsificar, no todo ou em
pego antes de terminado a falsificação ou alteração. parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e multa
Regras Importantes: a) falsificação grosseira: aquela
imediatamente perceptível pela vítima, configura crime Documento particular: o conceito é obtido por
impossível e b) se a falsificação, mesmo grosseira, exclusão, ou seja, todo documento que não for público
enganar a vítima, a conduta poderá configurar o crime de ou a ele equiparado para fins penais será documento
estelionato (Súmula n. 73 do STJ). particular, inclusive os cartões de crédito e de débito.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime


comum) e b) sujeito passivo: Estado e as pessoas
Conceito (art. 297 do CP): falsificar, no todo ou em prejudicadas.
parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro. Pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Tipo subjetivo: Apenas na modalidade dolosa.

Regras Importantes: a) a falsidade de documento Consumação e tentativa: a consumação ocorre


público também é chamada de falsidade material e b) a com a falsificação ou alteração do documento público,
“falsificação grosseira”, que não é capaz de atingir a fé- independentemente do seu uso (crime de perigo). A
pública do documento e enganar terceiro, não caracteriza tentativa é possível quando o agente é pego antes de
o crime de falsificação de documento. terminada a falsificação ou alteração do documento.

Forma equiparada: pune-se com as mesmas penas quem FALSIDADE IDEOLÓGICA


insere ou faz inserir dados falsos na CTPS ou documento que
deva produzir efeito perante a previdência social. Conceito (art. 299 do CP): omitir, em documento
público ou particular, declaração que dele devia constar,
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
comum), b) sujeito passivo: Estado e pessoas prejudicadas. diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa. juridicamente relevante. Pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e
multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 a 3 anos,
Causa de aumento: se o agente é funcionário público, e multa, se o documento é particular.
e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se
a pena de sexta parte. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum) e b) sujeito passivo: Estado e as pessoas
Consumação e tentativa: a consumação ocorre prejudicadas.
com a falsificação ou alteração do documento público,
independentemente do seu uso (crime de perigo). A Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa.
tentativa é possível quando o agente é pego antes de
terminada a falsificação ou alteração do documento. Causa de aumento: se o agente é funcionário público,
e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a
falsificação ou alteração é de assentamento de registro
COMPETÊNCIA civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Se o documento falsificado é de Consumação e tentativa: a consumação ocorre
atribuição de autoridade federal, a Justiça Federal quando o documento fica pronto com a omissão ou
competência é da Justiça Federal alteração dos seus dados. A tentativa é possível apenas
se a conduta por comissiva.

USO DE DOCUMENTO FALSO

Conceito (art. 304 do CP): fazer uso de qualquer dos


papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts.
297 a 302. Pena: a cominada à falsificação ou à alteração.

ATENÇÃO: a) fazer uso: significa apresentar o


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documento a alguém, sendo que a mera posse do


documento não caracteriza o crime, b) se a pessoa que PROGRESSÃO DE A progressão de regime é
REGIME condicionada à reparação do
falsificou o documento depois o utiliza, responde apenas
pelo crime de falsificação e c) o agente que usa documento dano causado ou à devolução do
falso para cometer estelionato responde apenas pelo produto do ilícito praticado, com
estelionato, uma vez que o uso é considerado apenas os acréscimos legais.
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crime-meio.
PRINCÍPIO DA O princípio da insignificância é
INSIGNIFICÂNCIA inaplicável aos crimes contra a
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum), menos quem praticou a falsificação e b) sujeito Administração Pública (Súmula
passivo: Estado e as pessoas prejudicadas. n. 599 do STJ), salvo no caso de
crime de descaminho.
Tipo subjetivo: apenas na modalidade dolosa.
PECULATO
Consumação e tentativa: a consumação ocorre
com o uso, a apresentação, do documento, ainda que o Conceito (art. 312, caput, do CP): apropriar-se, o
agente não obtenha qualquer vantagem (crime formal). funcionário público, de dinheiro, valor ou qualquer outro
A tentativa não é possível, porque se o agente não bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
apresenta o documento o fato é atípico. em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.

7. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO Peculato próprio: a figura típica do caput do art.


PÚBLICA 312 do CP contempla o peculato próprio, que abrange
o denominado peculato-apropriação (primeira parte do
tipo: “apropriar-se”) e o peculato-desvio (segunda parte
do tipo penal: “desviá-lo”).
7.1.  CRIMES PRATICADOS POR
FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A Peculato impróprio (ou peculato-furto): aplica-se a
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo
a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre
para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
CARACTERÍSTICAS
de funcionário (§ 1º do art. 312 do CP).
CONCEITO Considera-se funcionário público,
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário público
para efeitos penais, quem,
(crime próprio), exceto os prefeitos que respondem pelos
embora transitoriamente ou
crimes específicos do Decreto-Lei n. 201/67 e b) sujeito
sem remuneração, exerce cargo,
passivo: Estado e, em algumas situações, as pessoas
emprego ou função pública;
prejudicadas.
Equipara-se a funcionário público
Tipo subjetivo: admite a modalidade dolosa e culposa.
quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, Peculato culposo: se o funcionário concorre
e quem trabalha para empresa culposamente para o crime de outrem. Pena: detenção,
prestadora de serviço contratada de 3 meses a 1 ano.
ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Regras Importantes: a) se houver reparação do
Pública. dano, antes da sentença irrecorrível, haverá extinção da
punibilidade, b) se a reparação for posterior ao trânsito
CONCURSO DE A condição de funcionário público é em julgado, a pena imposta será reduzida pela metade.
PESSOAS elementar do tipo, ou seja, desde que
conhecida, comunica-se aos demais Consumação e tentativa: a consumação no peculato
particulares envolvidos no delito. próprio ocorre quando o funcionário passa a agir como
proprietário do bem (peculato-apropriação) ou o desvia
EFEITO DA PENA Perda do cargo, função pública ou (peculato desvio), no peculato impróprio quando o
mandato eletivo quando aplicada funcionário retira o bem da esfera de vigilância da vítima
pena privativa de liberdade por e no peculato culposo quando houver a consumação do
tempo igual ou superior a 1 ano, crime do terceiro. A tentativa não é possível apenas na
nos crimes praticados com abuso modalidade peculato culposo.
de poder ou violação de dever
para com a Administração Pública PECULATO ELETRÔNICO
(efeito não automático, devendo
ser motivadamente declarado na Conceito: a Lei nº 9.983/2000 acrescentou os artigos
sentença). 313-A e 313-B ao código penal, que punem a conduta
do funcionário público referente à inserção de dados
falsos, alteração ou modificação de dados no sistema
de informações da administração pública, o que é
denominado pela doutrina de peculato eletrônico.

CONCUSSÃO
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Conceito (art. 316 do CP): exigir, para si ou para caracterização da prevaricação e b) a prevaricação não se
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função confunde com corrupção passiva privilegiada.
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário
público (crime próprio) e b) sujeito passivo: Estado e a
Regras Importantes: a) deve haver “exigência” pessoa eventualmente prejudicada.
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pelo funcionário (uma ameaça, direta ou indireta), b) no


caso de mero pedido, há o crime de corrupção passiva, Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.
c) a vantagem deve ser indevida, se for devida, poderá
caracterizar o crime de abuso de autoridade. Consumação e tentativa: a consumação ocorre no
momento em que o funcionário omite, retarda ou pratica
Excesso de exação (forma qualificada): se o o ato (crime formal). A tentativa é possível na modalidade
funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe comissiva.
ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não Prevaricação imprópria (art. 319-A do CP): prevê a
autoriza. Pena: reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. punição de Diretor de Penitenciária e/ou agente público
que deixar de cumprir seu dever de vedar ao preso o
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
público (crime próprio) e b) sujeito passivo: Estado e a permita a comunicação com outros presos ou com o
pessoa prejudicada. ambiente externo.

Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.


7.2.  CRIMES PRATICADOS
Consumação e tentativa: a consumação ocorre no
momento em que a exigência chega ao conhecimento da
POR PARTICULAR CONTRA A
vítima, mesmo que o funcionário público não consiga a ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
vantagem indevida (crime formal). A tentativa é possível,
como no caso de exigência feita por carta interceptada. CORRUPÇÃO ATIVA
CORRUPÇÃO PASSIVA Conceito (art. 333 do CP): oferecer ou prometer
vantagem indevida a funcionário público, para determiná-
Conceito (art. 317 do CP): solicitar ou receber, para lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Pena:
si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa e b) sujeito
Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. passivo: Estado.
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer funcionário Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.
público (crime próprio) e b) sujeito passivo: Estado e a
pessoa prejudicada. Causa de aumento de pena: a pena é aumentada
de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional.
Causa de aumento de aumento: a pena é aumentada
de 1/3, se, em consequência da vantagem ou promessa, Consumação e tentativa: a consumação ocorre
o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de no momento em que o funcionário público toma
ofício ou o pratica infringindo dever funcional. conhecimento da oferta ou promessa feita pelo agente. A
tentativa é possível na forma escrita.
Forma privilegiada: se o funcionário pratica, deixa de
praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever DESCAMINHO
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. Conceito (art. 334 do CP): iludir, no todo ou em parte,
o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada,
Consumação e tentativa: a consumação ocorre no pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Pena:
momento em que o funcionário solicita, recebe ou aceita a reclusão, de 1 a 4 anos.
vantagem indevida (crime formal). A tentativa é possível
na modalidade solicitar, quando feita por escrito. Já na Forma equiparada: incorre na mesma pena quem:
corrupção passiva privilegiada, o crime se consuma I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
quando o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda permitidos em lei, II - pratica fato assimilado, em lei
o ato (crime material). especial, a descaminho, III - vende, expõe à venda,
mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em
PREVARICAÇÃO proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência
Conceito (art. 319 do CP): retardar ou deixar de praticar, estrangeira que introduziu clandestinamente no País
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento de introdução clandestina no território nacional ou
pessoal. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. de importação fraudulenta por parte de outrem e IV
- adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Regras Importantes: a) satisfazer interesse
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
ou sentimento pessoal: elemento essencial para a
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada
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de documentação legal ou acompanhada de documentos


que sabe serem falsos. Entrada ou saída de Entra e saída de produtos
produtos permitidos, mas vedados por lei (armas,
Regras Importantes: atividade comercial, para que não passaram pelos drogas, etc.).
efeitos do artigo, representa qualquer forma de comércio trâmites burocrático-
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, tributários devidos.
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inclusive o exercido em residências.


Aplica-se o princípio da Não se aplica o princípio
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa e b) sujeito insignificância. da insignificância.
passivo: Estado.

Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. 8.  CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
DA JUSTIÇA
Causa de aumento de pena: a pena aplica-se em dobro
se o crime de descaminho é praticado em transporte DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
aéreo, marítimo ou fluvial.
Conceito (art. 339 do CP): Dar causa à instauração
Consumação e tentativa: a consumação ocorre no de inquérito policial, de procedimento investigatório
momento da passagem alfandegária sem o pagamento criminal, de processo judicial, de processo administrativo
do tributo. A tentativa é possível. disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade
Princípio da insignificância: aplica-se o princípio da administrativa contra alguém, imputando-lhe crime,
insignificância, incidindo, segundo o STJ, para os valores infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe
sonegados até R$ 10.000,00 e, para o STF, para os valores inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020).
até R$ 20.000,00. Imputação de crime, infração ético-disciplinar ou ato
CONTRABANDO ímprobo: Com a nova lei, além da imputação de crime,
poderá também configurar denunciação caluniosa a
Conceito (art. 334-A do CP): importar ou exportar imputação de infração ético-disciplinar ou ato ímprobo a
mercadoria proibida. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos. alguém que se sabe que é inocente.

Formas equiparadas: incorre na mesma pena quem: Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa e b) sujeito
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; passivo: Estado e, em segundo plano, a pessoa inocente.
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que
dependa de registro, análise ou autorização de órgão Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.
público competente; III - reinsere no território nacional O sujeito ativo deve saber que a pessoa a quem o crime é
mercadoria brasileira destinada à exportação; IV - vende, imputado é inocente.
expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer Causa de aumento de pena: a pena é aumentada de
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela nome suposto.
lei brasileira e V - adquire, recebe ou oculta, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou Causa de diminuição de pena: a pena é diminuída de
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. metade, se a imputação é de prática de contravenção.
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa, b) sujeito Consumação e tentativa: a consumação ocorre com
passivo: Estado. a instauração dos procedimentos de investigação. A
tentativa é possível.
Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.
Ação Penal: pública incondicionada.
Causa de aumento de pena: a pena aplica-se em dobro
se o crime de descaminho é praticado em transporte Denunciação Caluniosa com finalidade Eleitoral: o
aéreo, marítimo ou fluvial. agente pratica o crime específico do art. 326-A do CE.
Consumação e tentativa: a consumação ocorre no COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE
momento da passagem alfandegária ou na entrada ou CONTRAVENÇÃO
saída irregular do país. A tentativa é possível.
Conceito: (art. 340 do CP): provocar a ação de
Princípio da insignificância: não se aplica ao crime autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou
de contrabando. de contravenção que sabe não se ter verificado. Pena:
detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.
TABELA COMPARATIVA
Difere da denunciação caluniosa uma vez que não
DESCAMINHO CONTRABANDO se imputa a alguém a prática de crime, mas apenas
comunica-se falsamente a ocorrência de crime ou
Bem lícito Bem ilícito contravenção, provocando a ação de autoridade.

Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa, mas se


for funcionário público pode configurar o crime de abuso
de autoridade e b) sujeito passivo: Estado e, em segundo
plano, a pessoa prejudicada.
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Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Consumação e tentativa: o crime se consuma com o
efetivo prejuízo à vítima (crime material). A tentativa é
Ação Penal: se o crime for praticado sem violência, o possível apenas na forma comissiva.
delito se processa mediante ação penal privada. Se o crime for
praticado com violência, a ação será pública incondicionada. Ação penal: pública incondicionada.

FAVORECIMENTO PESSOAL PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO


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Conceito (art. 348 do CP): auxiliar a subtrair-se à ação Conceito (art. 355, parágrafo único, do CP): advogado
de autoridade pública autor de crime a que é cominada ou procurador judicial que defende na mesma causa,
pena de reclusão. Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Pena:
multa. Se ao crime não é cominada pena de reclusão, a detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa.
pena é de detenção, de 15 dias a 3 meses, e multa.
Mesmo processo: não há necessidade que o
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa, mas se for patrocínio ocorra no mesmo processo, desde que seja
funcionário público pode configurar o crime de abuso de relativo à mesma causa.
autoridade e b) sujeito passivo: Estado.
Sujeitos: a) sujeito ativo: advogado devidamente
Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. inscrito na OAB (crime próprio); b) sujeito passivo: Estado.

Ação Penal: pública incondicionada. Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.

Escusa absolutória: se quem presta o auxílio é Consumação e tentativa: o crime se consuma


ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, quando o agente pratica qualquer ato processual relativo
fica isento de pena. ao patrocínio simultâneo de partes contrárias (crime
formal), não se exigindo o prejuízo. A tentativa é possível.
FAVORECIMENTO REAL
Ação penal: Pública incondicionada.
Conceito (art. 349 do CP): prestar a criminoso, fora
dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado
a tornar seguro o proveito do crime. Pena: detenção, de 1 9.  LEGISLAÇÃO ESPECIAL
a 6 meses, e multa.

Favorecimento real impróprio (art. 349-A do CP): 9.1.  LEI DE DROGAS (LEI N. 11.343/2006)
conduta praticada por quem ingressar, promover,
intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho
telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, Os crimes previstos na Lei de Drogas são
sem autorização legal, em estabelecimento prisional. previstos em normas penais em branco, dependendo
de complementação em relação ao conceito de droga,
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa, mas se for devendo-se utilizar o regramento dado pelas portarias da
funcionário público pode configurar o crime de abuso de Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
autoridade e b) sujeito passivo: Estado.
PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PRÓPRIO
Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.
Conceito (art. 28): quem adquirir, guardar, tiver em
Ação Penal: pública incondicionada. depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido
TABELA COMPARATIVA às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das
drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III -
FAVORECIMENTO FAVORECIMENTO REAL
PESSOAL medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo.
Busca ajudar o autor de Busca tornar seguro o
crime anterior proveito do crime Nos casos II e III, serão aplicadas pelo prazo máximo
de 5 meses, salvo no caso de reincidência em que o prazo
Admite escusa absolutória Não admite escusa máximo poderá ser 10 meses. Não há imposição de pena
absolutória. privativa de liberdade para o crime previsto no art. 28 da
Lei de Drogas.
PATROCÍNIO INFIEL
Formas equiparadas: às mesmas medidas submete-
Conceito (art. 355, caput, do CP): trair, na qualidade se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva
de advogado ou procurador, o dever profissional, ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena
prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é quantidade de substância ou produto capaz de causar
confiado. Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. dependência física ou psíquica.

Sujeitos: a) sujeito ativo: advogado devidamente Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
inscrito na OAB (crime próprio); b) sujeito passivo: Estado. comum) e b) sujeito passivo: coletividade.

Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. Tipo Subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.

Consumação e tentativa: o crime se consuma quando


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o agente adquire ou, no caso de trazer consigo, guardar reinserção social, de unidades militares ou policiais ou
ou ter em depósito, quando o agente obtém a posse da em transportes públicos; IV - o crime tiver sido praticado
droga, prolongando-se no tempo enquanto ele a detiver com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo,
(crime permanente). A tentativa é possível apenas na ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
modalidade adquirir. V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou
entre estes e o Distrito Federal; VI - sua prática envolver
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Regras importantes: a) não é possível a prisão em ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem
flagrante do usuário e b) trata-se de infração de menor tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a
potencial ofensivo, devendo ser submetida ao rito capacidade de entendimento e determinação e VII - o
sumaríssimo previsto na Lei n. 9.099/95, permitindo-se agente financiar ou custear a prática do crime.
a transação penal e a suspensão condicional do processo.
Regra Importante: é desnecessária a efetiva
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS transposição de fronteiras entre Estados da Federação,
sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção
Conceito (art. 33): importar, exportar, remeter, de realizar o tráfico interestadual (Súmula n. 587 do STJ).
preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer Tráfico privilegiado: as penas poderão ser reduzidas
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a de um sexto a dois terços, desde que o agente seja
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, primário, de bons antecedentes, não se dedique às
sem autorização ou em desacordo com determinação atividades criminosas nem integre organização criminosa.
legal ou regulamentar. Pena: reclusão de 5 a 15 anos e
pagamento de 500 a 1.500 dias-multa. Consumação e tentativa: o crime se consuma
quando o agente realiza um as condutas descritas no
Formas equiparadas: nas mesmas penas incorre tipo penal, havendo algumas condutas instantâneas
quem: I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, (vender, adquirir, oferecer, etc.) e outras permanentes
adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em (transportar, guardar, etc.). A tentativa é possível apenas
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que nas condutas instantâneas.
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, Crime Hediondo: o crime de tráfico de drogas é considerado
insumo ou produto químico destinado à preparação hediondo, salvo quando se tratar de tráfico privilegiado.
de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, de plantas que se constituam em matéria- 9.2.  LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS
prima para a preparação de drogas e III - utiliza local ou (LEI N. 9.613/98)
bem de qualquer natureza de que tem a propriedade,
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente
que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem Lavagem de capitais: conjunto de atos destinados
autorização ou em desacordo com determinação legal ou a mascarar a natureza ilícita de determinados bens
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. ou valores, advindos de condutas criminosas, para
reintroduzi-los na economia formal, com aparência lícita.
Pacote Anticrime: acrescentou o inciso IV ao § 1º do
art. 33 da Lei de Drogas, para dispor que se considerada CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS
forma equiparada ao crime de tráfico ilícito de drogas
quem “vende ou entrega drogas ou matéria-prima, Conceito (art. 1º da lei n. 9.613/98): ocultar ou
insumo ou produto químico destinado à preparação dissimular a natureza, origem, localização, disposição,
de drogas, sem autorização ou em desacordo com a movimentação ou propriedade de bens, direitos ou
determinação legal ou regulamentar, a agente policial valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração
disfarçado, quando presentes elementos probatórios penal. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e multa.
razoáveis de conduta criminal preexistente”. Formas equiparadas: nas mesmas penas incorre
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime quem: I – para ocultar ou dissimular a utilização de bens,
comum); b) sujeito passivo: coletividade. direitos ou valores provenientes de infração penal: a) os
converte em ativos lícitos; b) os adquire, recebe, troca,
Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa. negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em
depósito, movimenta ou transfere; c) importa ou exporta
Causas de aumento da pena: a pena pode bens com valores não correspondentes aos verdadeiros; II-
ser aumentadas de 1/6 a 2/3, se: I - a natureza, a utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos
procedência da substância ou do produto apreendido e as ou valores provenientes de infração penal e III - participa
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento
do delito; II - o agente praticar o crime prevalecendo- de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à
se de função pública ou no desempenho de missão prática de crimes de lavagem de capital.
de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; III
- a infração tiver sido cometida nas dependências ou Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou comum); b) sujeito passivo: Estado.
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais,
culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.
locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem Causas de aumento de pena: a pena será aumentada
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de de 1/3 a 2/3, se os crimes definidos nesta Lei forem
serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de cometidos de forma reiterada ou por intermédio de
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DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

organização criminosa. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de


produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
Forma privilegiada (colaboração premiada): a pena 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, do CP)
poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 e ser cumprida em
regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar Favorecimento da prostituição ou de outra forma
de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
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restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º, do CP)
colaborar espontaneamente com as autoridades,
prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
infrações penais, à identificação dos autores, coautores e artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores A). (Pacote Anticrime)
objeto do crime.
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido
Pacote Anticrime: acrescentou o § 6º ao art. 1º da Lei (art. 16 da Lei nº 10.826/ 2003) (Pacote Anticrime)
nº 9.613/98, que passou a permitir a utilização da ação
controlada e da infiltração de agentes para os crimes de Comércio ilegal de armas de fogo (art. 17 da Lei nº
“Lavagem” ou ocultação de Bens, Direitos e Valores 10.826/03); (Pacote Anticrime)

Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou


9.3.  LEI DE CRIMES HEDIONDOS (LEI munição (art. 18 da Lei nº 10.826/03) (Pacote Anticrime)
N. 8.072/90). Organização criminosa, quando direcionado à prática
de crime hediondo ou equiparado. (Pacote Anticrime)
São Crimes Hediondos:
Crimes equiparados a hediondos (“regra do triplo
Homicídio (art. 121 do CP): quando praticado em T”): 1) Tortura (Lei 9.455/97), 2) Tráfico (Lei 11.343/2006)
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que e 3) Terrorismo (Lei n. 13.260/2016).
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art.
121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII). TABELA COMPARATIVA
Regras importantes: a) o homicídio simples será CRIMES HEDIONDOS OU
crime hediondo apenas quando praticado em atividade CRIMES COMUNS EQUIPARADOS
típica de grupo de extermínio, b) não confundir grupo
de extermínio com concurso de pessoas: no grupo de Suscetíveis de anistia, graça NÃO são suscetíveis de
extermínio a vítima é atacada em razão de alguma e indulto anistia, graça e indulto
característica determinada (ex.: ser mendigo, ex-
presidiário, etc.). Admitem, como regra NÃO admitem fiança
geral, fiança
Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129,
§ 2º, do CP) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, §
3º): quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e144 da Constituição Federal, integrantes do A prisão temporária de A prisão temporária de
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, 5 dias, prorrogável por 30 dias, prorrogável por
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu igual período igual período
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
Livramento condicional Livramento condicional
grau, em razão dessa condição.
depende do cumprimento será concedido se
Lesão corporal grave: a lesão corporal grave, ainda que de 1/3 (primário) ou 1/2 o apenado não for
praticada contra agentes de segurança, não é crime hediondo. (reincidente) da pena. reincidente específico
e se a vítima não tiver
Roubo: a) circunstanciado pela restrição de liberdade morrido, e depende do
da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); b) circunstanciado pelo cumprimento de 2/3 da
emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo pena.
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157,
§ 2º-B); c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou A pena do crime de A pena do crime de
morte (art. 157, § 3º) - (Pacote Anticrime) associação criminosa associação criminosa
(art. 288 do CP) é de 1 a (art. 288 do CP) é de 3 a
Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da 3 anos. 6 anos.
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158,
§ 3º) (Pacote Anticrime)
9.4.  TORTURA (LEI N. 9.455/97)
Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada
(art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º, do CP)
Tortura Própria: apenada com reclusão de 2 a 8 anos,
Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º, do CP) ocorre quando o agente praticas as seguintes condutas:
I - constranger alguém com emprego de violência ou
Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
3º e 4º, do CP) a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação
Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º, do CP) ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de
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DIREITO PENAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

discriminação racial ou religiosa (inciso I do art. 1º); II - Regras Importantes: em regra, aplica-se a Lei n.
submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, 9.099/95. Excetuam-se as hipóteses em que o agente
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar substância psicoativa que determine dependência;
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (inciso II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou
II do art. 1º) e III - submeter pessoa presa ou sujeita a competição automobilística, de exibição ou demonstração
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medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por de perícia em manobra de veículo automotor, não
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não autorizada pela autoridade competente e III - transitando
resultante de medida legal (§ 1º do art. 1º). em velocidade superior à máxima permitida para a via
em 50 km/h.
Tortura imprópria: apenada com detenção de 1 a
4 anos, ocorre quando o agente se omite em face das Forma qualificada: a pena privativa de liberdade
condutas da tortura própria, quando tinha o dever de é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das
evitá-las ou apurá-las. Trata-se, portanto, de crime outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz
omissivo e próprio. o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa
que determine dependência, e se do crime resultar lesão
9.5.  CÓDIGO DE TRÂNSITO corporal de natureza grave ou gravíssima.
BRASILEIRO (LEI 9.503/97) Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime
comum); b) sujeito passivo: qualquer pessoa.
HOMICÍDIO CULPOSO NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade culposa,
já que na modalidade dolosa o crime será o previsto no
Conceito (art. 302 do CTB): praticar homicídio culposo art. 129 do CP.
na direção de veículo automotor. Penas: detenção, de 2 a
4 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão Causas de aumento de pena (as mesmas previstas
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. para o crime de homicídio culposo na condução de veículo
automotor - art. 302 do CTB).
Forma qualificada: se o agente conduz veículo
automotor sob a influência de álcool ou de qualquer Consumação e tentativa: a consumação ocorre no
outra substância psicoativa que determine dependência. momento em que a vítima sofre a lesão. A tentativa não é
Penas: reclusão, de 5 a 8 anos, e suspensão ou proibição possível, já que se trata de modalidade culposa.
do direito de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor. Prisão em flagrante: ao condutor de veículo, nos
casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não
Sujeitos: a) sujeito ativo: qualquer pessoa (crime se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se
comum); b) sujeito passivo: qualquer pessoa. prestar pronto e integral socorro àquela.

Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade culposa, Ação penal: pública condicionada à representação,
já que na modalidade dolosa o crime será o previsto no salvo nos casos previstos no § 1º do art. 291 do CTB.
art. 121 do CP.
OMISSÃO DE SOCORRO
Causas de aumento de pena: a pena é aumentada de
1/3 à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Conceito (art. 304 do CTB): deixar o condutor do
Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato
de pedestres ou na calçada; III - deixar de prestar socorro, socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente,
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
acidente; IV - no exercício de sua profissão ou atividade, pública. Penas: detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa, se
estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. o fato não constituir elemento de crime mais grave.

Consumação e tentativa: a consumação ocorre no Regra Importantes: o condutor do veículo responderá


momento da morte da vítima. A tentativa não é possível, por sua omissão, ainda que o socorro seja prestado por
já que se trata de modalidade culposa. terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea.

Prisão em flagrante: ao condutor de veículo, nos Sujeitos: a) sujeito ativo: condutor do veículo que
casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se envolveu em acidente com vítima; b) sujeito passivo:
se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, vítima do acidente.
se prestar pronto e integral socorro àquela (art. 301 do
CTB). Tipo subjetivo: admite apenas a modalidade dolosa.

LESÃO CULPOSA NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO Consumação e tentativa: a consumação ocorre no


AUTOMOTOR momento da omissão. A tentativa não é possível, já que
se trata de crime omisso próprio.
Conceito (art. 303 do CTB): praticar lesão corporal Ação penal: pública incondicionada.
culposa na direção de veículo automotor. Penas: detenção,
de 6 meses a 2 anos e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.

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ALTERAÇÃO IMPORTANTE comerciais; e) interceptação de comunicações telefônicas


e telemáticas, nos termos da legislação específica; f)
A Lei n. 13.804/2019 acrescentou o art. 278-A ao CTB, afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal,
estabelecendo, no caso de condutores de veículos pegos nos termos da legislação específica; g) infiltração, por
praticando contrabando, descaminho, furto, roubo e policiais, em atividade de investigação; h) cooperação
receptação, as seguintes medidas de prevenção: entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e
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municipais na busca de provas e informações de interesse


Cassação do documento de da investigação ou da instrução criminal.
CONDENAÇÃO habilitação ou proibição de obter
JUDICIAL a habilitação para dirigir veículo Pacote Anticrime: a) As lideranças de organizações
DEFINITIVA automotor pelo prazo de 5 anos criminosas armadas ou que tenham armas à
(efeito extrapenal da pena). disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em
estabelecimentos penais de segurança máxima, b)
Suspensão da permissão ou da passou a tratar expressamente do acordo de colaboração
PRISÃO EM habilitação para dirigir veículo premiada e c) tratou da infiltração de agentes.
FLAGRANTE automotor, ou a proibição de sua
obtenção (medida cautelar).
9.7.  LEI MARIA DA PENHA (LEI N.
9.6.  LEI DAS ORGANIZAÇÕES 11.340/2006)
CRIMINOSAS (LEI N. 12. 850/2013)
Violência doméstica e familiar contra a mulher:
Organização criminosa: associação de 4 ou mais qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo e dano moral ou patrimonial, inclusive em qualquer
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas tenha convivido com a ofendida, independentemente de
penas máximas sejam superiores a 4 anos, ou que sejam coabitação (art. 5º, III, da Lei Maria da Penha).
de caráter transnacional.
Alteração Importante: a Lei n. 13.772/2018 alterou o
REQUISITOS inciso II do art. 7º da Lei Maria da Penha, dispondo que a
violação da intimidade da mulher também é considerada
Reunião de ao menos 4 pessoas, estruturada com violência doméstica, na modalidade violência psicológica.
divisão de tarefas, ainda que a divisão seja informal
Aplicação da Lei n. 9.099/95: a Lei dos Juizados
Obtenção da vantagem de qualquer natureza Especiais não se aplica aos crimes praticados no ambiente
doméstico e familiar contra a mulher, independentemente
Prática de duas ou mais infrações penais com da pena do crime. Assim, não se admitem as medidas
penas superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter despenalizadoras de referida lei (composição civil,
transnacional (ultrapassam o território de um país). transação penal e suspensão condicional do processo).

TABELA COMPARATIVA Lesão corporal: todos os tipos de lesão corporal


praticados no ambiente doméstico e familiar contra a
CRIME DE ASSOCIAÇÃO ORGANIZAÇÃO mulher são processados mediante ação penal pública
CRIMINOSA CRIMINOSA incondicionada.

Na associação criminosa Reunião de ao menos Renúncia à representação: nas ações penais públicas
exige-se a reunião de ao 4 pessoas, estruturada condicionadas à representação da ofendida de que trata
menos três pessoas com com divisão de tarefas, a Lei Maria da Penha, só será admitida a renúncia à
intenção de praticar crime. ainda que a divisão seja representação perante o juiz, em audiência especialmente
informal designada com tal finalidade, antes do recebimento da
denúncia e ouvido o Ministério Público.
Obtenção da vantagem de
qualquer natureza Cesta básica: é vedada a aplicação de penas de cesta
básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
Prática de duas ou mais substituição de pena que implique o pagamento isolado
infrações penais com de multa.
penas superiores a 4 anos,
ou que sejam de caráter Medidas Protetivas: com a vigência da Lei nº
transnacional (ultrapassam 13.827/2019, as medidas protetivas devem ser aplicadas
o território de um país). imediatamente se houver risco atual ou iminente à vida
ou à integridade física da mulher ou seus dependentes.
Meios de obtenção de prova: em qualquer fase da Nesses casos, a medida protetiva poderá ser aplicada
persecução penal é possível obter provas pelos seguintes pelo Delegado de Polícia (quando o Município não for
meios: a) colaboração premiada; b) captação ambiental sede de Comarca) ou pelo policial (quando não houver
de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; c) ação delegado disponível).
controlada; d) acesso a registros de ligações telefônicas e
telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de
dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou
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