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Tribunal de Justiça
Comarca de Campos dos Goytacazes
Cartório da 1ª Vara Criminal
Av Quinze de Novembro, 289 CEP: 28035-100 - Centro - Campos dos Goytacazes - RJ e-mail: cam01vcri@tjrj.jus.br
Fls.
Processo: 0005273-25.2014.8.19.0014
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Em 11/01/2016
Sentença
Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO-MPRJ em face de IVAIR DE ALMEIDA ALEXANDRE,
imputando-lhe a prática do crime tipificado no artigo 155, caput, do Código Penal.
"No dia 19 de fevereiro de 2014, por volta das 09h30min, no interior do supermercado
"SuperBom", situado na Avenida Tarcísio Miranda, nesta comarca, o denunciado, de forma livre,
consciente e voluntária, subtraiu, para si ou para outrem, com ânimo de apoderamento definitivo,
08 (oito) desodorantes Rexona Men, 06 (seis) desodorantes Rexona Women, 02 (dois)
desodorantes Nivea for Men e 04 (quatro) desodorantes Dove, conforme Auto de Entrega de fl. 16,
produtos que se encontravam expostos à venda no referido estabelecimento comercial.
Por ocasião dos fatos, o denunciado ingressou no estabelecimento lesado portando uma sacola
plástica. A seguir, apanhou um (sic) cesta, própria para compras no interior do mercado, encheu a
mesma com os desodorantes acima descritos e, posteriormente, transferiu a res furtiva para a
sacola que trazia consigo, retirando-se do local sem passar pelos caixas registradores, portanto,
sem pagamento pelos produtos.
Ocorre que o sistema de vigilância detectou a ação criminosa, sendo possível identificar e deter o
agente do lado de fora, quando a coisa subtraída já tinha passado para o poder do furtador.
Ato contínuo, o denunciado admitiu a subtração e entregou a res furtiva, permanecendo no local
até a chegada da Polícia Militar."
A denúncia às fls. 02a-02b, veio instruída com o Auto de Prisão em Flagrante nº 01506/2014 da
134ª Delegacia de Polícia às fls. 02-28.
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Alegações finais do Ministério Público às fls. 97-101, requerendo a condenação do acusado nos
exatos termos da denúncia.
Inicialmente, cabe destacar que esta magistrada, ainda que não tenha presidido a instrução,
consoante artigo 399, parágrafo segundo do Código de Processo Penal, irá proferir sentença,
aplicando-se analogicamente a regra prevista no artigo 132 do Código de Processo Civil que traz
exceções à regra do princípio da identidade física do juiz, presente no caso concreto.
De acordo com os fatos narrados na inicial acusatória, o réu no dia 19 de fevereiro de 2014
subtraiu para si 08 (oito) desodorantes Rexona Men, 06 (seis) desodorantes Rexona Women, 02
(dois) desodorantes Nivea for Men e 04 (quatro) desodorantes Dove pertencentes ao
estabelecimento comercial "SuperBom" localizado na Avenida Tarcísio Miranda, nesta Comarca.
No mesmo sentido, a autoria também é incontestável, pois o réu foi preso em flagrante do delito.
Ademais, os depoimentos colhidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, somados aos
demais elementos constantes dos autos, não deixam dúvidas acerca da autoria delitiva.
Nessa cadência, a testemunha Leonardo Luis Pereira das Graças, arrolada pela acusação,
afirmou que o acusado entrou no supermercado portando uma sacola plástica e se dirigiu ao setor
de perfumaria, onde subtraiu diversos desodorantes, os quais foram colocados dentro de uma
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cesta e depois transferidos para a sacola plástica portada pelo acusado. Afirma, ainda, que o
acusado saiu do estabelecimento comercial sem pagar pelos desodorantes, sendo que o depoente
seguiu de imediato o acusado abordando-o na saída do estacionamento do supermercado, tendo,
nesta oportunidade, o acusado confessado a subtração das mercadorias.
Outrossim, a testemunha Jefferson Cruz da Silva informou que viu o segurança Leonardo
seguindo e abordando o acusado, o qual admitiu a subtração das mercadorias, entregando a
sacola com os desodorantes e que, em seguida, a polícia militar foi chamada.
Na mesma linha, a testemunha Edson dos Santos Faria, policial militar, em depoimento em juízo
disse que foi acionado para proceder até o supermercado Superbom e que, chegando ao local, foi
informado pelo segurança Leonardo que o acusado havia sido detido por subtrair diversos
desodorantes do estabelecimento. Declarou, ainda, que o acusado confessou a subtração das
mercadorias, razão pela qual conduziu o mesmo à delegacia.
Por fim, o réu, mesmo intimado, o réu não compareceu à audiência de instrução e julgamento, na
qual lhe seria dada a oportunidade de contar sua versão dos fatos, razão pela qual foi decretada
sua revelia.
As provas produzidas durante a instrução processual comprovaram que o réu foi o autor do furto
em questão. Os depoimentos coerentes e harmônicos entre si e as circunstâncias em que se deu
a prisão, quais sejam, pouco tempo após a subtração e tentativa de fuga do local dos fatos,
levam ao juízo de certeza necessário para um decreto condenatório.
Todavia, não assiste razão à defesa, pois de acordo com entendimento do Supremo Tribunal
Federal, o princípio da insignificância pressupõe que a ofensividade da conduta do agente deve
ser mínima, inexpressividade da lesão jurídica provocada, ausência de periculosidade social da
conduta e reduzidíssimo grau de reprovabilidade da conduta, o que não é o caso em tela, pois o
acusado ostenta comportamento voltado para a prática reiterada de crimes, conforme se
depreende de sua folha criminal, que possui diversas anotações, sendo certo que, neste mesmo
mês, foi proferida por este juízo sentença condenatória nos autos do processo nº
0025985-36.2014.8.19.0014 em face do acusado por delito do mesmo tipo.
Inicialmente, sobre o tema, é necessário apontar que tanto a doutrina como a jurisprudência
trabalham com quatro teorias acerca da consumação do crime de furto, quais sejam:
a) a teoria da contrectatio, para a qual a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e
a coisa alheia;
d) a teoria da illatio, que exige, para ocorrer a consumação do delito, que a coisa seja levada ao
local desejado para tê-la a salvo.
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Com efeito, em observância ao delito em tela, entendo que deve ser reconhecida a circunstância
prevista no artigo 14, inciso II do Código Penal, uma vez que não houve a inversão da posse do
bem subtraído, nem de forma temporária, conforme a teoria da amotio.
De acordo com os depoimentos das testemunhas arroladas pela acusação, o acusado foi avistado
subtraindo a res furtiva, sendo preso em flagrante delito logo após subtrair as mercadorias em
decorrência de perseguição imediata.
Restou evidente que o delito de furto não restou consumado, já que nos crimes contra o
patrimônio, conforme dito alhures, a mera inversão da posse dos bens é suficiente para
consumação do delito, o que não ocorreu neste caso.
Ademais, os elementos probatórios colhidos durante a instrução criminal são suficientes para
comprovar a materialidade, autoria e responsabilidade penal do acusado pela imputação descrita
na denúncia, com a ressalva de que foi reconhecida a tese defensiva de crime tentado.
Nessa cadência, infiro que a conduta do acusado amolda-se perfeitamente ao crime tipificado no
artigo 155, caput, cumulado com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, sendo a
condenação medida que se impõe.
Assim, sendo, em consonância aos comandos dos artigos 59 e 68 do Código Penal, passo
estabelecer a dosimetria da pena, observando-se o sistema trifásico:
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3ª fase: Não há causas de aumento de pena a serem analisadas. Foi reconhecida a causa de
diminuição de pena prevista no artigo 14, inciso II do CP, qual seja, a tentativa. Quanto ao patamar
de diminuição a ser aplicado, deve o julgador analisar o iter criminis percorrido, para aferir se o réu
aproximou-se ou não da consumação delitiva.
Desta forma, verifico o réu não se aproximou da consumação, vez que observado o tempo todo
pelo segurança do estabelecimento comercial e capturado imediatamente após à subtração dos
bens, razão pela qual entendo que a pena deve ser reduzida em seu patamar máximo, qual seja,
2/3 (dois terços) sendo fixada definitivamente em 06 (seis) meses de reclusão e ao pagamento de
04 (três) dias-multa, na razão unitária mínima.
O regime de pena será o aberto, nos termos do artigo 33, §2º, alínea "c" do Código Penal.
DISPOSITIVO
Custas pelo acusado, nos termos do artigo 804 do Código de Processo Penal, ressaltando que
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eventual pedido de gratuidade de justiça deve ser requerido Juízo de Execução Penal.
Deixo de fixar valor mínimo para reparação do dano, nos termos do artigo 387, inciso IV do CPP,
pois não houve pedido expresso do Ministério Público, além dos bens subtraídos terem sido
restituídos à vítima.
Anote-se para fins estatísticos e eleitorais, nos termos do artigo 15, inciso III da Constituição da
República de 1988.
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