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COMARCA DE CONTAGEM

2ª VARA CRIMINAL

PROCESSO N.0079.21.002.648-4
 

Vistos

1-RELATÓRIO

Antônio Márcio Souza dos Santos, devidamente qualificado nos autos, foi denunciado pelo Ministério Público,
lhe sendo imputada a prática do crime previsto no artigo 155, §4º, IV, do Código Penal.

De acordo com a denúncia, no dia 29 de janeiro de 2021, por volta das 12h52min, na avenida Babita
Camargos n.1290, bairro Cidade Industrial, Contagem/MG, agindo com animus furandi, em patente unidade
de desígnios e com divisão de tarefas, o denunciado e a comparsa Ana Carolina Belo da Silva Marcelino
subtraíram coisas alheia móveis, quais sejam, 08 (oito) peças de carne do tipo picanha e 03 (três) peças de
carne do tipo miolo, de propriedade do estabelecimento comercial "Supermercado Apoio Mineiro".

Auto de Prisão em Flagrante Delito (ff.2-6).

Boletim de Ocorrência (ff.15-17).

Auto de Apreensão (f.18).

Termo de Restituição (f.19)

FAC da ré Ana Carolina (ff.23-30).

FAC do réu Antônio Márcio (ff.31-49).

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Laudo de Avaliação Indireta (f.51).

Termo de Depoimento (f.53).

Relatório da Autoridade Policial (ff.55-55v).

CACs das comarcas de Contagem (ff.88-9) e de Belo Horizonte (ff.90-1).

Decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva (ff.97-98v).

Comunicação de Serviço (ff.111-111v).

Auto de Apreensão de DVD (f.115).

Recebimento da denúncia datado de 10.05.2021 (f.118).

Citação (ff.120-1).

Resposta à Acusação (ff.123-5v).

Durante a Audiência de Instrução e Julgamento foram ouvidas duas testemunhas (ff.157-8) e ao final
realizado o interrogatório do réu.

O Ministério Público nada requereu na fase do artigo 402 do CPP.

Em alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação do réu Antônio Márcio Souza dos Santos nas
sanções do artigo 155, §4º, IV, do Código Penal (ff.167-70).

Por sua vez, a Defesa requereu: A) absolvição do réu nos termos do artigo 386, V e VII do CPP;
B) a absolvição do réu nos termos do artigo 386, II e VII do CPP; C) a absolvição do réu nos termos do artigo
397, III, do CPP; D) a absolvição do réu nos termos do artigo 386, III, do CPP; E) a fixação da pena-base no
mínimo legal; F) o reconhecimento das atenuantes dos artigos 65 e artigo 66 do Código Penal; G) o decote da
causa de aumento prevista no artigo 155, §4º, IV, do Código Penal, por ausência de comprovação do liame
subjetivo; H) o reconhecimento da tentativa; I) o reconhecimento da figura do furto privilegiado do artigo 155,

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§2º, do Código Penal, com a aplicação somente da pena de multa; J) a fixação de regime prisional mais
favorável; K) seja desconsiderada a sentença proferida em primeira instância, com a intimação do Ministério
Público para a propositura de acordo de não persecução penal, nos termos do artigo 28-A do CPP; L) a
aplicação dos benefícios previstos na Lei 9.099/95; M) a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direito; N) seja considerado o que preceitua a Lei n. 12.736/2012; O) a concessão do direito de
recorrer em liberdade; P) a manifestação expressa sobre os dispositivos legais e constitucionais supra, para
efeito de prequestionamento; Q) a concessão dos benefícios da Assistência Judiciária; R) a intimação pessoal
do Defensor Público para todos os atos do processo, com a contagem em dobro de todos os prazos
processuais (ff.172-187v).

2-FUNDAMENTAÇÃO

Inicialmente, indefiro o pedido de juntada do laudo de exame de corpo de delito formulado


pela Defesa na f.155, pois não existe nos autos prova de que o réu tenha sido submetido a este tipo de
exame.

Relativamente ao ANPP, em manifestação de f.166, o Ministério Público indicou os motivos


pelos quais não ofereceu tal proposta, não havendo por isso que se falar em remessa dos autos àquele órgão.

Sendo a pena mínima cominada ao crime em questão superior a um ano, não é possível ao
Ministério Público realizar proposta de suspensão condicional do processo.

A materialidade ficou comprovada pelo Auto de Prisão em Flagrante Delito (ff.02-06), Boletim
de Ocorrência (ff.15-17), Auto de Apreensão (f.18 e f. 115), Termo de Restituição (f.19), Laudo de Avaliação
Indireta (f.51), Relatório da Autoridade Policial (ff.55-55v), bem como pelas provas produzidas oralmente em
audiência.

Durante a audiência foram ouvidas duas testemunhas e ao final interrogado o réu.

A testemunha Mônica Márcia Franciso de Matos, quando ouvida em audiência disse que:
trabalhava no monitoramento do estabelecimento comercial; o réu já era conhecido, pois em setembro do ano
anterior teria subtraído várias peças de carne do supermercado; neste primeiro momento o réu não foi
abordado, pois a prática delitiva se consumou na troca de plantão dos vigilantes; na data mencionada na
denúncia, o réu retornou ao supermercado; neste instante o reconheceu; o denunciado entrou no
supermercado acompanhado, pegou o carrinho e colocou alguns produtos; em seguida se deslocou até o
açougue e pegou várias carnes, colocando-as no carrinho; posteriormente o réu caminhou para o setor de
bazar, onde havia uma exposição com tendas e cadeiras de praia; o réu ficou posicionado de modo que
ninguém o visualizasse; por meio das câmeras de segurança, visualizou o réu colocando as carnes dentro da
mochila da sua companheira; o réu e sua companheira passaram pelo caixa, sendo abordados pelo fiscal;
estava fazendo o monitoramento até o momento em que o réu e sua companheira passaram pelo caixa;
informou o ocorrido aos outros fiscais pelo rádio; os fiscais pergutaram ao réu se iria pagar pelos produtos,

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tendo ele ficado calado; os fiscais e os vigilantes ficaram com o réu até a chegada da polícia militar; reconhece
o réu como a pessoa que estava sendo monitorada e que subtraiu os produtos; o fiscal ficava na saída do
supermercado; era praxe o fiscal abordar os suspeitos somente na saída, para então ter certeza de que ele
não efetuaria o pagamento (f.157).

A testemunha Erivaldo Fernandes Peixoto, policial militar, quando ouvido em audiência disse que: não é
parente nem conhecia o réu; não se recorda dos detalhes; participou da prisão; toda a informação contida no
depoimento extrajudicial foi relatada pelas vítimas; visualizou as imagens das câmeras de monitoramento,
constatando que o réu fez a subtração dos produtos; o réu confirmou a subtração e disse que venderia a
carne para comprar drogas (f.158).

O réu Antônio Márcio Souza dos Santos, quando interrogado disse que: os fatos narrados na denúncia são
verdadeiros; quando chegou no caixa do supermercado foi abordado pelo vigilante; foi para o supermercado
com o intuito de subtrair os produtos; não tinha o dinheiro para fazer o pagamento das peças de carne; estava
no caixa, quando apareceu uma mulher com rádio e um segurança do supermercado; o segurança o puxou e
lhe desferiu tapas no rosto; um cidadão impediu a agressão; o segurança o levou para o estacionamento,
enquanto sua companheira ficou no interior do supermercado com a mochila contendo as peças de carne; não
conhece nenhuma das testemunhas arroladas; abandonou o carrinho e foi para o caixa, pois era o local mais
acessível para sair do supermercado; pegaram o carrinho com o intuíto de não levantar suspeitas; estava sob
efeito de entorpecentes; as mercadorias foram apreendidas no caixa do supermercado, ou seja, não saíram do
supermercado.

As provas produzidas nos autos foram suficientes para provar a autoria.

O réu confessou ter entrado no supermercado com sua companheira, com o intuito de subtrair os produtos.
Continuou informando que não tinha dinheiro para pagar pelas peças de carne. Disse também que estava no
caixa quando foi abordado por uma mulher que estava com um rádio e por um segurança do supermercado.

O policial Erivaldo informou que teve acesso às imagens das câmeras de monitoramento, por meio das quais
pôde constatar que o réu subtraiu as mercadorias. Disse ainda que ele confessou a subtração e falou que
venderia a carne para comprar drogas.

Deve ser ressaltado não haver impedimento a que policiais sejam ouvidos como testemunhas, já que nos
termos do artigo 202 do CPP, qualquer pessoa pode ser testemunha.

Além disso, não existe nos autos prova de defeito ou circunstância que tornasse os policiais ouvidos como
testemunhas, suspeitos de parcialidade ou indignos de fé.

Não há como reconhecer a tentativa.

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A teoria adotada pela doutrina e jurisprudência é a da amotio, que exige que haja o
deslocamento físico do bem.

Assim, para a consumação do crime de furto, basta que o agente tenha a posse do bem, ainda
que por um curto espaço de tempo, mesmo que ele venha a ser retomado em seguida pela perseguição
imediata, não sendo necessário que a coisa saia da esfera de vigilância da vítima.

No caso sob análise, de acordo com os depoimentos das testemunhas, o réu foi preso logo
depois de passar pelos caixas juntamente com sua companheira, em cuja mochila ele havia colocado as peças
de carne, sem efetuar o pagamento.

Portanto, ainda que por um curtíssimo espaço de tempo ele teve a posse da res, não havendo
por isso dúvida quanto à consumação do delito.

O reconhecimento da consumação do furto, por si só, afasta a possibilidade de reconhecimento


da prática de crime impossível.

Não há que se falar em atipicidade da conduta em razão da insignificância da lesão ao bem


jurídico tutelado.

A aplicação do princípio da insignificância requisita a mínima ofensividade da conduta do


agente, nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Somente se pode cogitar da aplicação deste princípio, quando a lesão, de tão insignificante,
tornar-se imperceptível.

No caso sob análise, os bens foram avaliados em R$960,00 (novecentos e sessenta reais),
conforme laudo de avaliação indireta de f.51, valor este muito próximo ao do salário mínimo vigente, não
havendo portanto como dizer que o dano resultante da sua subtração seja imperceptível.

Ademais, o comportamento do réu foi reprovável, já que todos tem conhecimento da obrigação
de respeitar o direito de propriedade, havendo também uma grande periculosidade social na prática desta
conduta, que se repetida impunemente, instalará o caos em nossas cidades.

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A dinâmica do crime indica que o réu e sua companheira estavam previamente ajustados e com
unidade de desígnios, devendo por isso ser reconhecida a qualificadora do concurso de pessoas, prevista no
artigo 155, §4º, IV do CP.

Cumpre ressaltar que, além da prova testemunhal, o registro audiovisual constante na f.115 é
prova irrefutável da existência do liame subjetivo.

Sendo o réu primário e o valor da res inferior a um salário mínimo vigente na época do fato,
deve ser reconhecida a causa especial de diminuição de pena prevista no artigo 155, § 2º, do CP.

Tendo o réu confessado a prática da conduta que lhe foi imputada na denúncia, deve ser
reconhecida a atenuante prevista no artigo 65, III, ‘d’, do CP.

Não há como reconhecer a atenuante genérica prevista no artigo 66 do CP.

De acordo com o artigo 66 do CP, a pena pode ser atenuada em razão de circunstância
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Esta norma encontra justificativa no reconhecimento por parte do direito positivo, da


impossibilidade de se prever na lei, com antecipação, as diversas situações nas quais uma circunstância
vinculada ao caso concreto, revela um valor atenuante que não pode escapar ao direito, sem comprometer sua
função de norma adequada e proporcionada à realidade da vida.

Assim, a lei permite ao juiz que identifique situações concretas que possam levar à redução da
sanção, de forma a individualizar a pena e atingir uma censura mais justa.

Analisando os autos, não vislumbro nenhuma circunstância relevante apta a fundamentar a


redução da pena nos termos do artigo 66 do CP.

Provadas a materialidade e a autoria, imperativa é a condenação do réu nas penas do artigo


155, §§ 2º e 4º, IV, observada a atenuante da confissão espontânea.

3- DISPOSITIVO

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Ante o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido formulado na denúncia, para CONDENAR o réu
Antônio Márcio Souza dos Santos, devidamente qualificado nos autos, como incurso nas penas do artigo 155,
§§ 2º e 4º, IV, observada a atenuante da confissão espontânea prevista no artigo 65, III, 'd', todos do Código
Penal.

Revogo as medidas cautelares estabelecidas na decisão de f.159. Oficie-se à UGME.

Em seguida, passo à fixação da pena, observando o disposto nos artigos 59 e 68 do Código


Penal:

Circunstâncias judiciais: 1º) culpabilidade: considerando-a como o juízo de reprovação social


do crime e do autor do fato, tenho-a como normal; 2º) antecedentes: são bons, não havendo nos autos provas
de condenação anterior transitada em julgado; 3º) conduta social: é boa, nada havendo nos autos que a
desabone; 4º) personalidade: não existem nos autos elementos para se fazer um juízo de valor sobre a
personalidade do réu; 5º) motivos: não ficou demonstrada outra motivação senão aquela própria do crime; 6º)
circunstâncias: normais para o crime em questão; 7º) consequências: não houve consequência extrapenal
decorrente da conduta do réu, já que os bens subtraídos foram apreendidos e restituídos; 8º) comportamento
da vítima: não contribuiu para a prática do delito.

Sendo todas as circunstâncias judiciais favoráveis ao réu, fixo a pena-base em 02 (dois) anos
de reclusão.

Embora reconhecida a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do CP), deixo de
proceder à redução da pena, já que fixada no mínimo legal, conforme orientação contida no enunciado 231 da
súmula do STJ.

Não existem agravantes a serem observadas.

Reconhecida a causa especial de diminuição de pena prevista no artigo 155, § 2º, do CP,
observando que o réu responde a outros processos penais, tenho que dentre as opções previstas na norma
antes mencionada, a que melhor se adequa ao caso é a redução da pena em 1/3, já que o valor da res é bem
próximo ao do salário mínimo vigente na época do fato.

Assim, reduzo a pena em 1/3, como mencionado no parágrafo acima, chegando a 01 (um) ano
e 04 (quatro) meses de reclusão.

Não havendo causas de aumento a serem observadas, torno definitiva a pena em 01 (um) ano e
04 (quatro) meses de reclusão.

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No que toca à pena de multa, a reforma penal de 1.984 mudou toda sua sistemática,
desvinculando-a totalmente da pena privativa de liberdade, estabelecendo critérios próprios e especiais, o que
pode ser constatado pela leitura dos artigos 49, 58 e 60 do CP.

Na primeira fase deve ser estabelecido o número de dias-multa, dentro do limite previsto no
artigo 49 do CP, que é de 10 a 360, devendo para a fixação da quantidade, serem levadas em conta a
gravidade do crime, em respeito ao princípio da proporcionalidade, bem como as circunstâncias judiciais do
artigo 59 do CP, as circunstâncias legais e as causas de diminuição ou de aumento, ou seja, todos os aspectos
que se referem propriamente ao crime, tudo na mesma oportunidade.

A título de esclarecimento, relativamente à gravidade do crime, deve ser frisado que não existe
mais cominação individual para cada delito.

Desta forma, observando o princípio da proporcionalidade, a gravidade do crime também deve


ser levada em conta para a fixação da quantidade de dias-multa, pois não é razoável, por exemplo, que a um
crime de latrocínio, seja aplicada pena de multa idêntica ao de um furto simples, quando todas as
circunstâncias judiciais, legais e causas de diminuição e de aumento, forem iguais.

Na segunda fase deverá ser fixado o valor unitário do dia-multa, levando-se em conta
exclusivamente as condições econômico-financeiras do condenado (art. 60 do CP).

A terceira fase somente será cabível se o juiz, mesmo fixando o valor do dia-multa no máximo
previsto no artigo 49, § 1º, do CP, considerar que ela é ineficaz, hipótese na qual poderá aumentá-la até o
triplo, nos termos do artigo 60, § 1º, também do CP.

Pode-se falar também em uma quarta fase, quando houver necessidade da aplicação da norma
relativa ao crime continuado.

Assim, atento aos critérios acima mencionados, considerando a gravidade e a pena cominada
ao crime em questão, que todas as circunstâncias judiciais são favoráveis ao réu, sendo também reconhecidas
a causa especial de diminuição de pena prevista no artigo 155, § 2º, do CP e a atenuante da confissão
espontânea, fixo a pena de multa em 16 (dezesseis) dias-multa.

Não havendo nos autos prova das condições financeiro-econômicas do réu, arbitro o valor do
dia-multa em 1/30 do salário-mínimo vigente à época dos fatos.

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O valor correspondente à pena de multa deverá ser atualizado quando da execução, nos
termos do artigo 49, § 2º, do CP.

A pena privativa de liberdade deverá ser cumprida inicialmente no regime aberto, já que todas
as circunstâncias judiciais são favoráveis ao réu (artigo 33, § 2º, ‘c’ e § 3º, do CP).

Nos termos do artigo 44, § 2º, do Código Penal, presentes os requisitos legais, substituo a
pena privativa de liberdade imposta por duas restritivas de direito, a saber: 1º) prestação pecuniária no
equivalente a um salário-mínimo vigente à época dos fatos, atualizado monetariamente quando do
pagamento, tendo como beneficiária entidade pública ou privada com destinação social, devendo o valor
correspondente ser depositado na conta corrente mencionada no artigo 2º do Provimento Conjunto 27/2013,
da Presidência do Tribunal de Justiça e da Corregedoria Geral de Justiça; 2º) prestação de serviço à
comunidade, à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, em entidade a ser definida pelo juízo da
execução da pena.

Deve ser ressaltado que a pena restritiva de direito converte-se em privativa de liberdade,
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta (§ 4º, do artigo 44 do CP).

A substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, afasta a possibilidade de


concessão do sursis.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Situação prisional:

Considerando que o réu está respondendo ao processo solto, não estando presentes neste
momento os requisitos que dão ensejo à decretação da prisão preventiva, concedo a ele o direito de recorrer
em liberdade.

Bens apreendidos:

Os bens apreendidos foram relacionados no auto de f.18, já tendo sido restituídos conforme
termo de f.19.

Após o trânsito em julgado: a) comunicar a(s) condenação(ões) ao TRE nos termos do artigo 15,
III, da CF/88, bem como aos órgãos de identificação criminal para o fim previsto no artigo 809 do CPP; b)
expeça(m)-se guia(s) de recolhimento da(s) multa(s), que deverá(ão) ser paga(s) no prazo de dez dias

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contados do trânsito em julgado (art. 50 do CP), devendo para a hipótese de falta de pagamento se proceder
da forma determinada no artigo 51 do CP; c) expeça(m)-se guia(s) de execução definitiva(s), que deverá(ão)
ser acompanhada(s) de planilha(s) contendo os cálculos das custas a que o(s) réu(s) vier(em) a ser
condenado(s) a pagar.

Como o réu está sendo assistido pela Defensoria Pública, concedo a ele os benefícios da
Assistência Judiciária.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais.

As questões relativas aos efeitos da Assistência Judiciária deverão ser apreciadas pelo juízo da
execução, a quem cabe fixar as condições de adimplemento, e se for o caso, autorizar o parcelamento do
valor devido, conforme disposto no artigo 169 e §§, da LEP.

P.R.I.

Contagem, 10 de março de 2.022.


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