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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul recebe notícia crime identificada, imputando a
Maria Campos a prática de crime, eis que mandaria crianças brasileiras para o
estrangeiro com documentos falsos. Diante da notícia crime, a autoridade policial
instaura inquérito policial e, como primeira providência, representa pela decretação da
interceptação das comunicações telefônicas de Maria Campos, “dada a gravidade dos
fatos noticiados e a notória dificuldade de apurar crime de tráfico de menores para o
exterior por outros meios, pois o modus operandi envolve sempre atos ocultos e exige
estrutura organizacional sofisticada, o que indica a existência de uma organização
criminosa integrada pela investigada Maria”. O Ministério Público opina
favoravelmente e o juiz defere a medida, limitando-se a adotar, como razão de
decidir, “os fundamentos explicitados na representação policial.”
O juiz da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre – RS, recebeu a denúncia, nos seguintes
termos: “compulsando os autos, verifico que há prova indiciária suficiente da
ocorrência dos fatos descritos na denúncia e do envolvimento dos denunciados. Há
justa causa para a ação penal, pelo que recebo a denúncia. Citem-se os réus, na forma
da lei: “Antônio foi citado pessoalmente em 12.03.2014 (quarta-feira) e o respectivo
mandado foi acostado aos autos dia 17.03.2014 (segunda-feira). Antonio contratou
você como Advogado, repassando-lhe nomes de pessoas (Carlos de Tal, residente na
Rua 1, n. 10, nesta capital; João de tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital;
Roberta de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital, que prestariam relevantes
informações para corroborar com sua versão.
Processo nº _____/____
RESPOSTA À ACUSAÇÃO,
com fulcro nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal,
pelos motivos de fato e de direito que abaixo passa a expor:
I - DOS FATOS:
II - DO DIREITO:
Como é sabido, a petição inicial acusatória deve descrever o fato criminoso, para
possibilitar a defesa do acusado. O réu foi denunciado como incurso nos arts. 239,
parágrafo único do Estatuto da Criança e do Adolescente e no art. 317, § 1º do Código
Penal, na forma do art. 69 do Código Penal. Todavia, ao narrar os fatos criminoso na
inicial, o D. Promotor de Justiça sequer descreveu como se deu a participação do
acusado no tráfico de crianças ao exterior. Pior ainda no crime de corrupção passiva:
o Parquet não especificou no que consistiu o delito de corrupção passiva: se houve
solicitação ou recebimento e que ato de ofício o acusado praticou infringindo dever
funcional. Meras suposições como a apreensão do numerário na residência são
insuficientes para tornar compatível a denúncia. Não existe nenhuma prova
comprovando-se o nexo entre o dinheiro depositado na conta do réu e o tráfico de
crianças praticado por Maria. Assim, a mesma é claramente inepta, e no caso não
deveria ter sido recebida. Dessa forma, é hipótese de anulação de todos os atos
praticados e por consequência decidir pelo não recebimento da denúncia.
Requer a absolvição sumária (1,0 ponto) pela falta de justa causa. O fato do
réu ter simplesmente atendido um telefonema (interceptado), não prova nenhum crime
de corrupção passiva. E ainda o fato do mesmo ter em sua casa a quantia de dinheiro
apreendida também não comprova nenhum crime. Há falta de justa causa quando
inexiste elemento algum a comprovar minimamente o fato criminoso. Em razão disso,
não era hipótese de recebimento da denúncia. Mas se recebida, o juiz de qualquer
forma, pode absolver, com fulcro no art. 395, III do Código de Processo Penal.
Como se dessume dos autos, o dinheiro foi apreendido em razão de apreensão pela
Polícia. Ocorre que tal numerário foi apreendido de forma ilícita, porque não havia
especificação para vasculhar o apartamento 202, pertencente ao acusado. Dessa
forma, reza o art. 157 do Código de Processo Penal que tal material deve ser
desentranhado dos autos, porque se trata de prova ilícita. Pode-se até falar em frutos
da árvore proibida porque tal prova se originou de uma prova originariamente lícita
que era baseada no mandado judicial e depois se tornou ilícita, ao se adentrar em
apartamento, sem ordem judicial específica. Nem se pode alegar aí a teoria da
descoberta inevitável, porque inexistente nenhum fato que inevitavelmente levasse os
policiais a esse local (o apartamento).
e) NO MÉRITO:
III – DO PEDIDO:
Termos em que,
Pede deferimento.
Advogado
Rol de Testemunhas:
1. Carlos de Tal, residente na Rua 1, n. 10, nesta capital;
2. João de tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital;
3. Roberta de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta Capital.