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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E

TERRITÓRIOS

Processo nº 0729262-13.2022.8.07.0001
Apelante: Fredson José Nunes
Apelado: Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
Origem: 4ª Vara de Entorpecentes do DF

Colenda Turma,
Inclitos Julgadores!

Em que pese o ilibado saber jurídico do magistrado a quo, o recorrente


vem perante Vossas Excelências por intermédio da sua patrona infra assinado,
apresentar Razões de Apelação, com base nos fatos e fundamentos jurídicos
que passa a expor:

I – Da Admissibilidade do Recurso
No que tange aos requisitos extrínsecos, trata-se o presente apelo de
recurso cabível e adequado, ante a procedência da pretensão acusatória pelo
magistrado a quo, assim como tem por satisfeita a tempestividade,
considerando que a sentença condenatória foi publicada no dia 19/03/2023 e a
interposição feita em 22/03/2023, ou seja, dentro prazo legal.
Quanto aos requisitos intrínsecos, há interesse por ter havido
condenação do recorrente, bem como está satisfeita a questão da legitimidade,
visto que o apelante é legalmente legitimado para interpor o presente recurso.

I – Breve Resumo dos Fatos:


A denúncia narra que, em 2 de agosto de 2022, o denunciado trazia
consigo as seguintes substâncias entorpecentes: crack, cocaína e maconha.
Com base em informações de terceiros, os policiais se deslocaram ao local
onde o denunciado estava na companhia de outro indivíduo, que
imediatamente evadiu do local, e alegaram, supostamente, que se tratava de
comercialização de drogas.
Em sede de Sentença, o apelante foi condenado, com fulcro no artigo
33, caput, da lei 11.343/2002, à 10 anos de reclusão em regime fechado, bem
como ao pagamento da multa no valor de R$1.000,00. Entretanto, a sentença
proferida, com a máxima data vênia do entendimento do juízo a quo, merece a
mais ampla reforma.

II – Do Direito

a) Da insuficiência probatória
O presente caso não possui as provas necessárias para uma
condenação, ou seja, não detém de elementos que comprovem a atividade
criminosa pela parte do réu, além de que o réu negou a propriedade das
drogas, bem como desconhece as declarações prestadas na delegacia.
O artigo 155 do Código de Processo Penal veda a condenação somente
em elementos colhidos na investigação. E esse foi o ponto ventilado pela
acusação, somente, e unicamente, palavras dos policiais e elementos da fase
inquisitorial.
Nesse sentido entende os tribunais, como exemplo vejamos a o acordão
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e territórios:

APELAÇÃO CRIMINAL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME
DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. AUTORIA. INEXISTÊNCIA DE
PROVAS. FASE INQUISITORIAL. ELEMENTOS
INFORMATIVOS. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. PRINCÍPIO
DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO. SENTENÇA.
MANUTENÇÃO. As provas realizadas em sede de inquérito,
por si sós, não são suficientes para ensejar decreto
condenatório, nos termos do artigo 155, do Código de
Processo Penal. Ante a impossibilidade de se concluir, de
maneira indene de dúvidas, que o adolescente teria concorrido
para o ato infracional análogo à conduta tipificada no art. 121, §
2º, inciso I, do Código Penal, deve ser mantida a sentença de
absolvição, nos termos do artigo 189, inciso IV, do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
(Acórdão 1684288, 07017210320218070013, Relator:
ESDRAS NEVES, 1ª Turma Criminal, data de julgamento:
30/3/2023, publicado no PJe: 12/4/2023. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)
A denúncia consta que os policiais informaram que o acusado estava na
companhia de outro indivíduo que imediatamente fugiu ao perceber a presença
da força policial, o que não encaixa na possibilidade de o apelante ser o dono
das substâncias ilícitas, visto que ele não evadiu do local, e sim o outro.
É possível perceber que a acusação se omitiu de produzir provas
possíveis, por acreditar fielmente que a palavra dos policiais basta. Sem contar
que, em razão do suposto local do crime – CEASA- era plenamente possível a
condução de testemunhas pela polícia, o que não aconteceu.
Em virtude de não ser possível
III – Do pedido:
Requerer o conhecimento da apelação para declarar a nulidade por ...
constante no art. 564, inciso ... e cassar a sentença a quo, que maculou o feito
(alega-se isso quando há alguma nulidade no problema que foi trabalhada em
sua peça). No mérito, pugna-se por seu provimento a fim de que seja
reformada a sentença primeva, absolvendo o réu conforme art. 386, inciso ...
(ou desclassificando o delito... enfim, corroborando a tese da defesa).

Pede Deferimento.
Local, data.

Advogado

OAB.

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